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A Gestão da Propriedade Rural – Um estudo de caso no município do Arroio

do Tigre, RS
Etges, Juliane Cecília1
Marques, Cláudia Brazil2

RESUMO
Este trabalho tem como objetivo de identificar oportunidade de diversificação produtiva na
propriedade rural, como específico: a) verificar quais as culturas desenvolvidas na
propriedade e os canais de comercialização; b) conhecer os indicadores que mostram o
percentual de retorno na comercialização da produção; c) analisar os resultados da gestão
através dos indicadores que apresentem a eficiência da propriedade; d) sugerir estratégias de
gestão que possam atender a resultados de eficiência da propriedade rural. A metodologia
usada foi o usado o estudo de caso, exploratório descritivo e de análise quantitativa. Conclui-
se que para que a propriedade possa buscar ampliar suas metas de sustentabilidade,
conquistando novas oportunidades com eficácia e servindo-se de novas alternativas rentáveis
se faz necessário planejar o seu negócio de acordo a estrutura do mercado e os recursos
disponíveis.

ABSTRACT
This work has like objective to identify opportunity of productive diversification in the rural
property, I eat specifically: a) check which the cultures developed in the property and the
channels of marketing; b) to know the indicators that show the percentage of return in the
marketing of the production; c) to analyse the results of the management through the
indicators that present the efficiency of the property; d) to suggest strategies of management
that could pay attention to results of efficiency of the rural property. The worn-out
methodology was the used one the case study, explore descriptively and of quantitative
analysis. It is ended that so that the property can look to enlarge his marks of sustentabilidade,
conquering new opportunities with efficiency and serving of new profitable alternatives if it
does necessarily his business of agreement plans to structure of the market and the available
resources.
1 INTRODUÇÃO

O Brasil é considerado um dos principais produtores de alimentos do mundo e, com o


crescimento da população mundial e principalmente da migração das pessoas para cidades
vem fazendo com que haja aumento no consumo de alimentos, mas para que ocorra o
abastecimento dos mercados consumidores é necessário produzir alimentos. Assim, se fez
necessário a prática da agricultura, mas com gestão dos recursos empregados para buscar uma
maior eficiência no aproveitamento da produção.
Mas, para que o produtor consiga desenvolver as suas atividades de maneira rentável,
ele precisa conduzir suas atividades utilizando as práticas de gestão da propriedade rural

1
Aluna do curso de Administração da Faculdade Dom Alberto- Santa Cruz do Sul, RS
2
Professora Mestre orientadora do trabalho de conclusão do Curso de Administração da Faculdade Dom
Alberto- Santa Cruz do Sul, RS
2

métodos administrativos, tais como: planejamento, controle, direção e organização, caso


contrário poderá comprometer a eficiência e a eficácia do negócio. Pois qualquer propriedade
que seja de pequeno, médio ou grande porte sofre com as oscilações que ocorrem no mercado
econômico o fornecimento de insumos agrícolas para o plantio das culturas ou no momento
da comercialização da produção, pois sempre é feito investimentos, e sem poder saber o
retorno que o mesmo poderá apresentar, torna-se um negócio com muitas incertezas.
Diante disto, também se destaca a importância da rotação de culturas nas áreas
plantadas para que haja uma maior diversificação, evitando que uma propriedade tenha uma
total dependência da cultura que está sendo cultivada, pois com isso a propriedade pode
amenizar muitas vezes os riscos da monocultura. Pois, a produção está sujeita a sofrer riscos
climáticos, riscos operacionais, ou seja, algum problema durante o desenvolvimento da planta,
riscos econômicos e financeiros, que também, sempre está atrelado às taxas de câmbio, juros,
e ao valor que o produto será vendido no mercado.
Em virtude disso, faz-se necessário perceber a importância do emprego dos princípios
de gestão do agronegócio, e o quanto ele pode ser favorável para obter resultados de
excelência, por isso, que, o trabalho aqui apresentado procurar mostrar a relevância do
emprego das técnicas administrativa na gestão da pequena propriedade rural.
Assim sendo, deseja-se saber: Quais são os fatores que devem ser considerados para
que a gestão da pequena propriedade rural possa ser eficiente?
Para auxiliar a resolução da questão problema têm-se como o objetivo geral:
identificar quais as oportunidades de diversificação na propriedade rural; e como específicos:
a) verificar quais as culturas desenvolvidas na propriedade e os canais de comercialização; b)
conhecer os indicadores que mostram o percentual de retorno na comercialização da
produção; c) analisar os resultados da gestão através dos indicadores que apresentem a
eficiência da propriedade; d) sugerir estratégias de gestão que possam atender a resultados de
eficiência da propriedade rural.

2 REVISÃO DA LITERATURA

Através do referencial buscou-se identificar e discutir a atividade agrícola, e a


importância da sua gestão.
2.1 A GESTÃO DA PROPRIEDADE RURAL

Percebe-se que as cadeias de produção do país estão vivendo uma nova expansão
financeira e econômica, o que de modo geral também estimula os produtores a se lançar
novamente aos investimentos, sejam eles para comprar máquinas e equipamentos, buscando
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reduzir a obsolência tecnológica, ou para reinvestir em ativos imobilizados, normalmente


novas áreas de plantio (HAMER, 2011).
Logo a atividade rural apresenta uma tendência a maiores riscos se comparada a outros
negócios em razão de suas especificidades, pois, está sujeita a sazonalidade da produção,
variações climáticas, tipos de solos e formas de manejo. Além disso, os preços dos produtos
agrícolas, em geral, oscilam muito em função de pequenas variações na oferta (NANTES,
2001).
A questão, que emerge diante de novas tecnologias de manejo das culturas, técnicas e
políticas de controle e de desenvolvimento da propriedade, muitas vezes, os preços praticados
no mercado comprador não permite recuperação do negócio para uma efetiva capacidade de
investimento em função das malogradas situações financeiras anteriores, devido ao acumulo
de dívidas e postergação de pagamento de aquisições, e logo, algumas retorno duvidoso, ou
seja, sem grandes possibilidades de novos investimentos. Contudo, é importante realçar que
alguns produtores, mesmo em épocas de saldos não tão animadores, têm se mantido capazes
de sustentar investimentos, os quais são potencializados em épocas onde o poder aquisitivo
tende a se restabelecer (HAMER, 2011).
Por isso, sempre é pertinente momentos de recuperação financeira: como o produtor
organiza a distribuição do seu patrimônio nas diferentes épocas, de escassez e de fartura, pois
em épocas de bons preços e produtividade adequada ele procura se expandir, realizando
investimentos, principalmente em ativos imobilizados. Na sequência, quando surgem os
momentos não tão favoráveis, os produtores normalmente se encontram sem capacidade de
reação, à mercê de elevados custos financeiros, tornando-os reféns dos demais agentes da
cadeia (tradings, bancos e agroindústrias, principalmente), normalmente mais organizados,
executando estratégias mais coerentes e cujas atividades possuem risco menor. Essa medida
entre capacidade de investimento e o investimento em si ainda não está equalizada pela
maioria dos produtores, de outro modo, quando os preços estão bons o mercado já espera
naturalmente que os produtores efetuem compras, sem um critério muito claro que não seja a
aquisição em si. Esse comportamento colabora para que os preços sejam majorados assim que
o menor sinal de prosperidade surja no horizonte (HAMER, 2011).
Mas, é necessário considerar o risco sempre, o que se esquece com facilidade é que o
mercado anda muito mais rápido, e sempre à frente, em comparação a execução do processo
produtivo. Todos os produtores devem lembrar que a atividade agrícola é um negócio de alto
risco. Devem estar cientes de que plantar bem não é garantia de colheita farta, uma boa
colheita não garante margens de lucro satisfatórias, assim como a venda pode parecer boa
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agora e não ser mais tarde. A atividade agropecuária mantém estreita relação com os
mecanismos públicos, mas é cada vez mais dependente de sua própria eficiência. Desse modo,
o risco precisa ser considerado um elemento inerente à atividade em si (HAMER, 2011).
Na abordagem teórica, tudo se mostra evidente, mas a prática diária do produtor
aconselha-se aproveitar os anos mais favoráveis para armazenar e posteriormente aproveitar
anos menos exitosos para executar investimentos a custos menores, tornando o resultado mais
atraente, fugindo do efeito coletivo. Sendo que nos anos de prosperidade é perceptível às
extravagâncias ocorram com frequências. Porém pensar estrategicamente é entender que estes
são momentos de criar musculatura para os anos problemáticos e neles crescer, não o
contrário. Percebe-se que muitos produtores empreendem exatamente nos anos em que todos
também estão dispostos a investir (HAMER, 2011).
Em contrapartida os negócios requerem que os gestores sejam eficientes na tomada de
decisão. Os avanços na gestão da propriedade rural têm sido conquistados ao longo do tempo,
mas, a atividade agrícola ainda mantém prolixos gerenciais inaceitáveis para o nível de
competitividade que paira sobre o setor. Muitos indicadores de desempenho do negócio, ainda
são utilizados frequentemente para atender necessidades legais, ao invés de auxiliares nos
processos de decisão, para estes, o feeling tem sido um aliado importante (HAMER, 2011).
Em virtude disso, é necessário desenhar estratégias gerais, principalmente de longo
prazo, faz toda a diferença. Até porque secas e excesso de chuvas, maus preços sempre
existiram na atividade desde que ela se tornou uma atividade econômica integrada e relevante
(HAMER, 2011).
Portanto, entende-se que a oscilação de preços é apenas um dos fatores a serem
considerados, mas que precisa ser fortemente considerada. Porque ao observar a agitação do
preço de um produto em uma quinzena, diferenças essas que chegam a oscilar em 50% nos
preços sendo bem comum, mantendo-se muitas vezes o mesmo custo de produção. O grande
mérito dos produtores é exatamente este. Pois, outras atividades urbanas de fabricação e
vendas, tomando como exemplo poderia substituir o preço do produto se ele fosse reduzido
em 50%, uma verdade inconstante, está na hora do produtor considerá-la na elaboração de
suas estratégias e pensar mais na saúde financeira do seu negócio em longo prazo
principalmente em função dos investimentos (HAMER, 2011).
Por conseguinte, a funcionalidade do negócio, principalmente para os médios e
pequenos produtores está em manter uma boa musculatura, tanto nos períodos de super safras
e também nos períodos que ocorrem estiagens ou desvalorização dos preços e isto, significa
armazenar recursos financeiros nos momentos favoráveis e não cair na tentação de realizar
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investimentos exagerados para que, quando a crise chegar para os demais, outras
oportunidades possam ser aproveitadas. A regra é bastante simples, mas de difícil
implantação, pois requer dedicação de monge e emoção contida nos negócios. Até porque há
somente duas maneiras de aproveitá-las: chegar antes dos demais ou esperar a redução do
fluxo para então aproveitar a criação de valor (HAMER, 2011).

2.2 O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DA EMPRESA RURAL

A evolução da economia, sobretudo com os avanços tecnológicos, mudou totalmente a


fisionomia das propriedades rurais, sobretudo nos últimos 50 anos [...] o avanço tecnológico
foi intenso, provocando saltos nos índices de produtividade agropecuária (ARAÚJO, 2007).

Sendo que a tecnologia é um dos principais indicadores que fez com que a agricultura,
modifique os padrões de produção, e assim possibilitando novas oportunidades para o
mercado agrícola. No Brasil, têm-se a agricultura como uma atividade empresarial, pois o
agribusiness (agronegócio) já foi incorporado ao cotidiano de muitas lavouras.

Porém, a agricultura familiar passa ser reconhecida como categoria social e,


principalmente passa a ocupar um espaço estratégico no novo processo de desenvolvimento
rural brasileiro (COPETTI, 2008). Para, entender o agronegócio, com os seus componentes e
inter-relações, pode tornar-se uma ferramenta indispensável a todos os tomadores de decisão,
sejam autoridades públicas ou agentes econômicos privados, para que formulem políticas e
estratégias com maior previsão e máxima eficiência. É fundamental compreender o
agronegócio dentro de uma visão de sistemas que engloba os setores denominados “antes da
porteira”, “dentro ou durante a porteira” e “após a porteira”, ou ainda, significando a mesma
coisa “a montante da produção”, “produção agropecuária propriamente dita” e a “jusante da
produção agropecuária” (ARAÚJO, 2007).

Ainda, de acordo com Araújo (2007) para compreender os processos produtivos da


propriedade rural, pode-se entender as seguintes denominações: a) Antes da porteira ou a
montante da produção agropecuária, são compostos basicamente pelos fornecedores de
insumos e serviços, como: máquinas, implementos, defensivos, fertilizantes, corretivos,
sementes, tecnologia, financiamento; b) Dentro da porteira ou produção agropecuária é o
conjunto de atividades desenvolvidas dentro das unidades produtivas agropecuárias (as
fazendas), ou produção agropecuária propriamente dita, que envolve preparo e manejo de
solos, tratos culturais, irrigação, colheita, criações e outras; c) Após a porteira ou a jusante da
produção agropecuária refere-se às atividades de armazenamento, beneficiamento,
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industrialização, embalagens, distribuição e consumo de produtos alimentares, fibras e


produtos energéticos provenientes da biomassa.

A agricultura familiar tem grande importância estratégica na produção de alimentos e


teve, recentemente, seu reconhecimento através da Lei 11.326/2006, que veio ao encontro das
necessidades da agricultura familiar e estabelece algumas características e princípios de
formulação das políticas públicas para este público (DEVES, 2009). Algo que se pode
considerar fundamental para a agricultura familiar é o incentivo que o governo proporciona
aos agricultores de poderem financiar a safra, onde existem várias modalidades de
financiamentos conforme a renda da família.

É partir do início da década de 1990, que as discussões ao seu respeito ganham


respaldo teórico e político, passando a fazer parte das reflexões estabelecidas nos respectivos
campos. Começam-se, então a definir o novo marco teórico-analítico que busca trazer a
discussão à necessidade da superação de algumas noções atribuídas às formas familiares de
trabalho presentes no meio rural tais como “pequena produção”, “produção de subsistência”,
“agricultura tradicional”, trabalhadores rurais, entre outras. O debate estabelecido foi
importante não somente por desmistificar a compreensão existente até então sobre as formas
familiares de trabalho no campo, mas, também por evidenciar o significado da noção de
agricultura familiar para a economia e a sociedade brasileiras. A institucionalização do debate
procurou trazer a tona não apenas a importância econômico-produtiva, mas questões como as
de gênero, organização políticas publicas como foi o caso do Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) (CONTERATO, 2004).

Porém há necessidade, então de mudar o paradigma de “adoção de tecnologia” para


“gestão de tecnologia” e algumas variáveis têm de ser levadas em consideração, como:
economia de escala; adequação às características locais, regionais e culturais; análise da
viabilidade econômica e financeira do investimento; acompanhamento permanente de custos e
resultados das atividades agropecuárias; treinamento dos usuários; estabelecimento de
parcerias e uso compartilhado; coordenação da cadeia produtiva; treinamento em
administração rural; e mercado consumidor (ARAÚJO, 2007).

Sendo que, “a nova realidade impõe a mudança de gestão que viabilizem estratégias
alternativas”. Onde ainda existem agricultores [...] que por força até da dificuldade de custear
sua produção reduzem o custo diminuindo o emprego de tecnologia. (MOREIRA, 2001).
Cabe ressaltar que a grande maioria dos agricultores possui máquinas e implementos
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eficientes e realizam um ótimo trabalho no cultivo da cultura, porém muitas vezes não
possuem um controle diante dos gastos que obtêm, ou seja, não possuem controles de suas
entradas e saídas.

O agricultor necessita buscar informações, sobre o meio em que está inserido, mas,
sobretudo, precisa aprender a interpretar estes acontecimentos para dar horizonte às suas
decisões. O produtor não interpreta a palavra “tendência”, que é probabilidade, não é o que
vai acontecer, ele precisa de formação pra interpretar os fatos. Ele precisa aprender a
comercializar sua safra com estratégia. O mercado já propicia mecanismos de
comercialização que auxiliam em muito a garantir um preço decente e justo. Ou mesmo
atenuar nas épocas de cotações aviltantes. Os mecanismos são diversos e a aplicação varia
muito conforme a commodity, pois muitos não têm operações no mercado de futuros, outros
não têm sequer operações de trava no mercado físico (MITTMANN, 2010).

2.3 OS FATORES INTERVENIENTES NO PROCESSO DA GESTÃO DA


PROPRIEDADE RURAL

O agronegócio está associado à maneira pela qual sua gestão tem incorporado diversas
práticas tradicionalmente relacionadas às organizações urbanas. Sendo assim, há um conjunto
de ações de decidir o que, quando e como produzir, sem contar os fatores internos e externos
que envolvem a gestão de uma propriedade. Porém o Proprietário não tem controle sobre
certos fatores principalmente externos assim sendo o mesmo deve tomar decisões que lhe
permitam ajustar-se quando necessário e aproveitando ao máximo as condições favoráveis
(Sauresing, 2012).
O monitoramento operacional da propriedade rural refere-se ao acompanhamento do
ambiente produtivo antes, durante e depois de uma operação com o objetivo de caracterizar o
comportamento dos elementos que influenciam nos resultados. Por sua vez, o controle
operacional é um instrumento de averiguação da efetividade das atividades e pode ser
entendido como coleta e avaliação de informações em tempo real com a finalidade de corrigi-
los caso necessário. O controle de qualidade operacional tem a finalidade de manter as ações
dentro de padrões, regras ou diretrizes preestabelecidas. A qualidade operacional pode ser
definida como o resultado que atende as expectativas criadas em função das recomendações
técnicas e da tecnologia utilizada (Penche Filho e Storino, 2012).
O bom planejamento operacional prevê tempo e recursos para avaliar o estado das
máquinas e as condições dos ambientes necessárias para seu pleno funcionamento. Ao
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estabelecer um plano para recondicionar as máquinas para uma nova jornada de trabalho, o
administrador dá condições para que a operação ocorra livre dos efeitos de desgastes e fadigas
das peças. As substituições que por ventura são realizadas necessitam de tempo para serem
ajustadas e testadas no contexto funcional para que não ocorram surpresas no momento da
operação (Penche Filho e Storino, 2012).

3 METODOLOGIA

A pesquisa é um estudo de caso exploratório descritivo de análise quantitativa. Sendo


que de acordo com o Collis (2005) a pesquisa descritiva é a pesquisa que descreve o
comportamento dos fenômenos. É usada para identificar e obter informações sobre as
características de um determinado problema ou questão. Os dados compilados costumam ser
quantitativos e técnicas estatísticas são geralmente usadas para resumir as informações, a
pesquisa descritiva vai além da pesquisa exploratória ao examinar um problema, uma vez que
avalia e descreve as características das questões pertinentes.
A análise dos dados tem sua importância, pois ele implica que esse grupo de técnicas
só diz a respeito à descrição de dados, enquanto ele também é útil para resumir e apresentar os
dados em tabelas, quadros, gráficos e outras formas diagramáticas, o que permite que padrões
e relações que não são aparentes nos dados não analisados sejam discernidos (COLLIS,
2005).
Os dados analisados neste trabalho, após a aplicação do questionário foi realizado
através da utilização do software SPHINX, para a compilação dos resultados.

3.1 APRESENTAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

A propriedade em estudo, situa-se no interior do município de Arroio do Tigre, na


região do vale do Rio Pardo. A propriedade familiar conta com 52 hectares, destes 32 hectares
são cultivados soja, milho, trigo, feijão e tabaco sendo que os mesmos são comercializados
com empresas da região, 5 hectares de benfeitorias e onde são produzidas as culturas para
consumo próprio da propriedade (tais como: verduras, frutas, suínos, bovinos entre outros), 2
hectares com eucaliptos e 13 hectares de mata permanente, onde nestes locais encontram-se
diversas espécies de árvores, além da preservação das margens dos rios respeitando o espaço
sem que seja feito algum desmatamento que possa estar provocando erosões no solo. Também
são arrendados 3 hectares da propriedade vizinha para o plantio de soja, milho e trigo.
A propriedade atualmente conta com a colaboração de quatro pessoas que são as
responsáveis pela produção de todas as culturas. Porém a propriedade vem desenvolvendo as
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suas atividades desde, de 1960, sempre apostando na agricultura que por sinal se comparado
com os anos anteriores, percebe-se que ocorreu muitas modificações principalmente com o
desenvolvimento do Plantio Direto e a modernização dos equipamentos para o cultivo o que
diminuiu o emprego de mão de obra.

3.2 ANÁLISE DO OBJETO DE ESTUDO

É importante salientar que, caso os custos de produção sejam muito elevados e a


tendência de venda da produção não seja otimista, opta-se por orçar outra cultura que possa
ter uma maior rentabilidade. E diante deste quadro vemos a importância de se ter o controle
dos gastos para termos uma prévia dos investimentos a serem realizados e o quanto isso
repercute na determinação de quais recursos serão utilizados e são de extrema relevância.
No Quadro 1 as informações referentes à última safra e a rentabilidade, pode-se
perceber os resultados que favorecem aos proprietários continuar ou deixar de dedicar-se a
determinada cultura, sendo que as estimativas são baseadas em tendências e perspectivas
climáticas e do mercado consumidor, tanto que planejar a próxima safra de soja, milho, tabaco
ou trigo, antes é feito um levantamento dos custos necessários para a sua produção.

Quadro 1 - COM INFORMAÇÕES PERTINENTES A PRODUÇÃO SAFRA


2011/2012.

Produtos Hectares Custo Total de Quantidade Preço de Rentabilidade


Cultivados Produção venda

Milho 13 Hec. R$ 17.477,20 1091 R$ 28,00 42,79%

Soja 17 Hec. R$ 16088,47 790 R$ 55,00 62,97%

Tabaco 2 Hec. R$ 5481,04 450 arrobas R$ 80,00 84,77%

Trigo 12 Hec. R$ 9187,87 615 R$ 24,00 37,75%

Fonte: Propriedade Rural – Daniel Jorge Etges, 2011.

Os dados coletados foram informados pelo proprietário através de suas planilhas de


orçamentos, a mesma é arquivada e todos os anos são feitos comparativos de rentabilidades e
custos da propriedade para analisar as diferenças encontradas.
Conforme o quadro 1, alguns aspectos importantes são considerados como: à questão
da valorização do preço da soja sendo que por este motivo a cultura é considerada a mais
rentável na propriedade, conforme o questionário aplicado em para coleta de dados junto ao
gestor da propriedade pode-se entender que os seus relatos mostram: que a justificativa para a
produção de determinada cultura deve-se à sua valorização do preço e pelo os insumos não
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terem acompanhado esse aumento, logo a planilha de orçamento é importante no momento da


compra de insumos de produção para melhor entender a viabilidade produtiva no período. E
também o gestor relata que se tem plena convicção que a diversificação deve ser realizada
dentro da Propriedade.
Porém, mostra na sua exposição que, os proprietários planejam e orçam preços para o
cultivo das plantas, já que ocorrem orçamentos de preços e são feitos comparativos com
outras safras, isso, mostra o planejamento realizado para avaliar o quanto, determinada cultura
pode ser lucrativa ou não. Também, constatou com o gestor, que planos implantados através
de aquisições que serão realizadas dentro de longos e curtos prazos e pela comunicação que
ocorre entre os envolvidos. Além disso, os proprietários estocam os produtos nas cooperativas
ou cerealistas para uma venda posterior quando os preços estiverem mais valorizados. E por
fim, o proprietário afirma que ocorre a preservação do meio ambiente através da vegetação e
mata sem cortes ou desmatamentos. Mas, para concluir ele enfatiza que de extrema
importância para o gestor da propriedade rural no contexto atual participar de cursos e
treinamentos para melhorar o desempenho das atividades do negócio.
Sendo assim o proprietário compreende a importância de muitos aspectos
administrativos ligados ao agronegócio, e o quanto isso, pode melhorar o desempenho e
lucratividade da propriedade mesmo que ela seja pequena.

3.3 DISCUSSÃO DOS DADOS

Para, relacionar as informações referentes ao custo de produção de quatro das


principais culturas cultivadas na propriedade com o resultado, para poder proporcionar um
controle dos gastos e dos insumos adquiridos. E desta forma mensurar o retorno da produção
também, poder realizar comparativos entre um ano e outro, avaliando quanto o custo de
produzir determinada cultura e se ocorreu aumentou ou redução tanto na sua produção como
no seu lucro.
Pois isso, é muito relativo avaliar somente um fator em cada safra, pois a cada ano
poderá haver incidências de problemas de diversas origens como: a manutenção de peças ou
equipamentos e em outros não, sendo que isso está ligado à gestão da manutenção que o
produtor faz em seu cotidiano, ou seja, reflete diretamente aos custos de produção totais no
fim da safra. Diante disso, também têm os fatores climáticos de cada ano, pois em anos
promissores geralmente temos custos menores de produção, anos não favoráveis temos custos
maiores de produção, pois geralmente investimos mais para que mesmo assim tenhamos uma
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safra garantida. Custos de frete e entre outros também são importantes para avaliar realmente
as vantagens de mantermos alguns serviços terceirizados.

O gráfico 1 mostra os valores que cada cultura representa para a propriedade. Tem que
levar em consideração também que cada ano, os valores da saca ou a arroba vendida é muito
variável, ou seja, o ano atual pode ser positivo, mas o próximo ano por algum fator pode não
ser um ano de grandes expectativas.

Porém, esta questão varia principalmente com relação aos preços de comercialização,
quando a produtividade de outros países produtores é inferior por condições climáticas entre
outros fatores, interferem diretamente nos preços de venda da produção nacional. Desta forma
podemos analisar o gráfico onde mostra os valores e a rentabilidade que cada produto agrícola
representa.
Gráfico 1- Produção total da propriedade- 2010-2011

Fonte: Propriedade Rural – Daniel Jorge Etges, 2011.

Conforme o gráfico 1 mostra as culturas que mais produzem, porém precisa levar em
consideração diversos fatores que podem influenciar o bom desempenho como: a) condições
climáticas; b) valores da saca ou arroba do produto; e c) a quantidade de hectares plantados.

Gráfico 2 – Total de despesas de produção da Propriedade – 2010 - 2011

Fonte: Propriedade Rural – Daniel Jorge Etges, 2011.


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Porém, o Gráfico 2 apresenta às despesas ocasionadas em cada produção, levando em


consideração que todos os valores sofrem oscilações em cada ano por haver anos mais
favoráveis e outros não com relação ao uso de defensivos agrícolas entre outros itens.

Percebe-se que, o total de despesas, apresenta informações que podem mostrar que
determinada cultura ainda poderá ter viabilidade de produção ou ser substituída por outra mais
rentável, pois dependendo dos preços dos insumos e o valor pago no mercado pelo produto
produzido, poderá mostrar maio rentabilidade ou não diante dos fatores do mercado de
produtos ou de insumos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que à agricultura familiar e o agronegócio são desafios encontrados pelos


produtores rurais, pois, devido às mudanças, os avanços constantes dos processos de cultivo
fazem com que os proprietários agrícolas tenham necessidade de se adaptar as mudanças, e
buscarem novas informações. Porém, os produtores ainda tem a preocupação com o custo da
lavoura, do que com seu rendimento econômico, e para isso fez necessário organizar o
negócio e realizar as suas metas de forma e acompanhar as tendências tecnológicas.
Com isso, percebe-se que a propriedade rural que tiver planejamento pode melhorar o
seu desempenho econômico e poderá também expandir seus negócios para oportunidades
inovadoras e diversificadas e tornar o negócio competitivo e sustentável.
Portanto, a diversificação é uma forma que a propriedade rural busca benefícios para
uma maior rentabilidade, e logo, o produtor não fica dependente de apenas um produto,
possibilitando assim, melhor estabilidade de produção e a menos riscos devido à instabilidade
climática durante a safra, além disso, quanto à diversificação de espécies, menor incidência de
doenças, consequentemente o consumo de defensivos pode ser reduzido, aumentando o
aproveitamento da água disponível no solo e insumos agrícolas, sendo que, e as fraquezas de
um cultivo pode ser suprida pelos pontos fortes de outro cultivo e também a maior otimização
de máquinas e de mão de obra.
Portanto, a propriedade deve procura tomar todas as medidas cabíveis para o melhor
controle das finanças, pois como poderá o agricultor avaliar seu processo produtivo sem o
registro das informações, ou seja, as informações não serão confiáveis para fins de avaliação
dos resultados. Por fim, os produtores precisam continuar investindo em tecnologias que
facilitam o trabalho diário de cada produtor trazendo para o seu cotidiano ferramentas de
extrema necessidade e que obtenham resultados satisfatórios, sem contar que todos os
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agricultores precisam estar conscientes da importância de termos a tecnologia como nossa


grande aliada para enfrentar os trabalhos mais difíceis de serem executados.
Pois, o planejamento agrícola deve atender á anomalias da gestão da propriedade rural
é algo de grande interesse por todos aqueles que acreditam que a agricultura é uma grande
fonte de renda e resultados. Porém, uma propriedade para obter sucesso tem que acompanhar
as tendências, procurar informações nos mais diversos meios de comunicação e acima de tudo
trabalhar em prol do negócio, pois, só assim, poderá obter resultados positivos na cadeia de
produção.
Por fim, nota-se que fazer a gestão da empresa agrícola, envolve uma serie de
assuntos administrativos, pois a mesma deve gerenciar todas as atividades da propriedade
como: planejar o que plantar; a viabilidade de cada produção são fatores de extrema
importância e fatores para um bom empreendimento, mas não somente isso está em planejar
diariamente as tarefas a serem executadas. Também, é importante o agricultor manter-se
atualizado participando de cursos e palestras, sobre o manejo dos diversos insumos utilizados
em cada cultura, pois a maioria desconhece as quantidades necessárias e as condições
climáticas ideais de aplicação dos insumos.
Por conseguinte, a gestão financeira faz-se é necessário cautela, pois, as instituições
financeiras têm critérios e exigências de garantias, no momento que o produtor busca recursos
financeiros para incrementar a sua produção, pois, o agricultor que não conseguir ter uma
organização adequada dos dados da propriedade poderá não ter o controle do seu grau de
endividamento, assim comprometer o desempenho do seu negócio e além, do que poderá não
conseguir honrar os seus compromissos com o banco e seus credores, pois ainda, juros
praticados no mercado financeiro são elevados, desta forma o proprietário que conseguir
organizar uma estrutura que possibilite ter uma rentabilidade com os resultados e efetuar
novos investimentos com recursos disponibilizados pelo resultado do negócio, pode se tornar
uma vantagem competitiva, pois assim, não dependerá de recursos de terceiros.
Por fim, observou que o fator preços e tempo para comercialização da produção,
buscando um estudo para atingir uma maior lucratividade, pois geralmente os preços de venda
logo após a colheita são menores, então o interessante para obter lucros é a venda tardia do
produto, mas sempre dentro das possibilidades de cada propriedade.
Entretanto, identificou que o agricultor também está preocupado a preservação do
meio ambiente, em evitar o desmatamento, os processos de erosões no solo provocado pelo
desmatamento das margens, enfim, vários aspectos importantes que auxiliam na preservação
do ambiente para as futuras gerações. Portanto, os proprietários buscam manter um equilíbrio
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em suas atividades procurando investir em tudo que realmente pode ser viável. Pesquisando,
fazendo negócios com muito diálogo observando todos os detalhes, analisando as tendências
de mercado pelos meios de comunicação para saber quais as expectativas.
Chama atenção que, é necessário investir em qualidade e não quantidade, pois no
momento da venda percebe-se que isso influência na negociação, acatando novas ideias sobre
o manejo de cada cultura e suas inovações, além do planejamento entre os mesmos para que
toda e qualquer decisão tomada seja por consentimento de todos os envolvidos no processo.
Porém, a mão de obra de pessoas terceiras, está com valores elevados para a contratação, os
proprietários procuram realizar as tarefas diárias sem auxílio de outras pessoas, eliminando
gastos e também possíveis ações judiciais.
Sendo que, existem diversas maneiras de obter melhores resultados de produção,
quanto à eficiência dos processos produtivos, mas, para isso é necessário que ocorra um
planejamento adequado, com controles adequados, possibilitando o estudo de estratégias que
permitam o desenvolvimento potencial da propriedade, tais como: a) o acompanhamento das
tendências de cada cultura; b) critérios adequados nas negociações de tomada de crédito
bancário; e c) realização de pesquisa de mercado, quanto ao ponto, preço, distribuição e
comercialização dos produtos produzidos.
Concluiu-se que, estar atento ao comportamento do mercado fornecedor de nutrientes,
sementes e tecnologia para o melhoramento da produção, poderá refletir diretamente no bom
desempenho da propriedade, tornando-a competitiva, mas, deve ser continuamente este
processo de gerenciamento, não apenas aleatório ou esporádico, para que, então os bons
resultados possam ser contínuos.
Ao finalizar, percebeu-se que o assunto desenvolvido neste trabalho, é muito amplo
por apresentar diversos aspectos importantes, desta forma, deve-se discutir em novas
pesquisas, pois é um assunto que trata de aspectos pertinentes ao desenvolvimento e a
sustentabilidade dos recursos produtivos. Um dos aspectos negativos encontrado durante a
realização do trabalho foi à deficiência em referencial bibliográfico que trata do assunto do
gerenciamento da pequena propriedade.

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