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O INCONSCIENTE (1915)

1- Nota do editor inglês

- Artigos sobre a metapsicologia;

- O interesse de Freud sobre o conceito de inconsciente partia do ponto de vista prático e não do ponto de vista filosófico, embora muitas vezes o ponto
de vista filosófico o tenha travessado;

- “(...) isto é, o argumento segundo o qual restringir os fatos mentais aos que são conscientes e entremeá-los de fatos puramente físicos e neurais,
‘rompe as continuidades psíquicas’ e introduz lacunas ininteligíveis na cadeia de fenômenos observados.” P. 166

- Duas formas de superar a questão colocada anteriormente, as lacunas poderiam ser preenchidas com eventos mentais inconscientes ou desprezar os
fatos mentais conscientes e estruturar uma cadeia puramente física, ininterrupta, que abrangeria todos os eventos da observação.

- Inicialmente Freud, se interessou pela segunda proposição;

- Projeto para uma Psicologia Científica – neurônio e quantidade numa condição de fluxo, uma energia física ou química não especificada;

2- O Inconsciente

- “Aprendemos com a psicanálise que a essência do processo de repressão não está pôr fim, em destruir a ideia que representa um instinto, mas em
evitar que se torne consciente. (...) Tudo que é reprimido deve permanecer inconsciente; mas, logo de início, declaremos que o reprimido não abrange
tudo que inconsciente. O alcance do inconsciente é mais amplo: o reprimido não é apenas uma parte do inconsciente.” P. 171

I- Justificação do conceito de inconsciente

-“Ela é necessária porque os dados da consciência apresentam um número muito grande de lacunas; tanto nas pessoas sadias como nas doentes
ocorrem com frequência atos psíquicos que só podem ser explicados pela pressuposição de outros atos, para os quais, não obstante, a consciência não
oferece qualquer prova.” P.172

- “Podemos ir além e afirmar, em apoio da existência de um estado psíquico inconsciente, que, em um dado momento qualquer, o conteúdo da
consciência é muito pequeno, de modo que a maior parte do que chamamos conhecimento consciente deve permanecer, num estado de latência, isto
é, deve estar psiquicamente inconsciente.” P.172
- Consciência – latência – inconsciente;

-“A isso podemos responder que a equivalência convencional entre o psíquico e o consciente é totalmente inadequada. Ela rompe as continuidades
psíquicas, mergulha-nos nas dificuldades insolúveis do paralelismo psicofísico, está sujeita à censura de, sem um motivo óbvio, superestimar o papel
desempenhado pela consciência, forçando-nos prematuramente a abandonar o campo da pesquisa psicológica sem ser capaz de nos oferecer qualquer
compensação de outros campos.” P.173

-“Em primeiro lugar, uma consciência a respeito da qual seu próprio possuidor nada conhece é algo muito diferente de uma consciência pertencente a
outra pessoa, e é discutível que tal consciência, carente, como está, de sua característica mais importante, mereça qualquer exame. (...) Em segundo
lugar, a análise revela que os diferente processos mentais latente que inferimos desfrutam de alto grau de independência mútua, como se não tivessem
ligação um com o outro, e nada soubessem um do outro. (...) Em terceiro lugar – este é o mais convincente de todos os argumentos - , devemos levar
em conta o fato de que a investigação analítica revela alguns, desses processo latentes como possuidores de características e peculiaridades que
parecem estranhas a nós, ou mesmo incríveis, e que vão diretamente de encontro aos atributos da consciência que nos são familiares. Assim, temos
motivos para modificar nossa inferência a respeito de nós mesmo e dizer que o que está provado não é a existência de uma segunda consciência em
nós, mas a existência de atos psíquicos que carecem de consciência.” P. 175 e 176

-“Na Psicanálise, não temos outra opção senão afirmar que os processos mentais são inconscientes em si mesmos, e assemelhar a percepção deles por
meio da consciência à percepção do mundo externo por meio dos órgãos sensoriais.” P. 176

II- Vários Significados de ‘O Inconsciente’ O Ponto de Vista Topográfico

- O atributo de ser inconsciente é apenas um aspecto do elemento psíquico;

- Descobertas positivas da psicanálise – “um ato psíquico passa por duas fases quanto a seu estado, entre as quais se interpõe uma espécie de teste
(censura). Na primeira fase, o ato psíquico é inconsciente e pertence ao sistema Ics; se no teste, for rejeitado pela censura, não terá permissão para
passar à segunda fase, diz-se então que foi ‘reprimido’, devendo permanecer inconsciente. Se, porém, passar por esse teste, entrará na segunda fase e,
subsequentemente, pertencerá ao segundo sistema, que chamaremos de Cs. Mas o fato de pertencer a esse sistema ainda não determina de modo
inequívoco sua relação com a consciência. Ainda não é consciente, embora, certamente, seja capaz de se tornar consciente (para usar a expressão de
Breuer) – isto é, pode agora, sob certas condições, tornar-se um objeto da consciência sem qualquer resistência especial. Em vista dessa capacidade de
se tornar consicente, também denominamos o sistema Cs. de ‘pré-consciente’. Se ocorrer que uma certa censura também desempenhe um papel em
determinar se o pré-consciente se torna consciente, procederemos a uma discriminação mais acentuada entre os sistemas Psc. E Cs [Cf. pág. 196 e
segs.]. Por ora contentemo-nos em ter em mente que o sistema Pcs. Participa da características do sistema Cs., e que a censura rigorosa exerce sua
função no ponto de transição do Ics. para o Pcs. (ou Cs.).” p. 177 e 178

-“Até o momento, tem diferido daquela psicologia devido principalmente a seu conceito dinâmico dos processos mentais; agora além disso parece levar
em conta também a topografia psíquica, e indicar, em relação a determinado ato mental, dentro de que sistema ou entre que sistemas ele se verifica.”
P. 178

-“Mas todas as tentativas para, a partir disso, descobrir uma localização dos processos mentais, todos os esforços para conceber ideias armazenadas em
células nervosas e excitações que percorrem as fibras nervosas, têm fracassado redondamente.” P. 179  Ainda hoje é assim;

-“Nossa topografia psíquica, no momento, nada tem que ver com a anatomia; refere-se não a localidades anatômicas, mas a regiões do mecanismo
mental, onde quer que estejam situadas no corpo.” P.179

III- Emoções Inconscientes

- “Um instinto nunca pode tornar-se objeto da consciência – só a ideia que o representa pode.” P.182

- “Além disso, mesmo no inconsciente, um instinto não pode ser representado de outra forma a não ser por uma ideia. Se o instinto não se prendeu a
uma ideia ou não se manifestou como um estado afetivo, nada poderemos conhecer sobre ele.” P. 182

- “Se restaurarmos a verdadeira conexão, chamaremos o impulso afetivo original de ‘inconsciente’. Contudo, seu afeto nunca foi inconsciente; o que
aconteceu foi que sua ideia sofreu repressão. Em geral, o emprego das expressões ‘afeto inconsciente’ e ‘emoção inconsciente’ refere-se as vicissitudes
sofridas, em consequência da repressão, pelo fator quantitativo no impulso instintual. Sabemos que três dessas vicissitudes são possíveis: ou o afeto
permanece, no todo ou em parte, como é; ou é transformado numa quota de afeto qualitativamente diferente, sobre tudo em ansiedade; ou é
suprimido, isto é, impedido de se desenvolver.” P. 182 e 183

- Suprimir o desenvolvimento do afeto constitui a verdadeira finalidade da repressão.

- “A diferença toda decorre do fato de que ideias são catexias- basicamente de traços de memória – enquanto que os afetos e as emoções
correspondem a processos de descargas, cujas manifestações finais são percebidas como sentimentos.” P. 183

-“É de especial interesse para nós o estabelecimento do fato de que a repressão pode conseguir inibir um impulso instintual, impedindo-o de se
transformar numa manifestação de afeto. Isso mostra que o sistema Cs. normalmente controla não só a afetividade como também o acesso à
motilidade, e realça a importância da repressão, mostrando do que ela resulta não apenas em reter coisas provenientes da consciência, mas igualmente
em cercear o desenvolvimento do afeto e o desencadeamento da atividade muscular. (...) Enquanto que o controle do Cs. sobre a motilidade voluntária
se acha firmemente enraizado, suporta regularmente a investida da neurose e só cessa na psicose, o controle do Cs. sobre o desenvolvimento dos
afetos é menos seguro.” P. 183 e 184

IV- Topografia e Dinâmica da Repressão

- Deve-se tratar de uma retirada de catexia. “A ideia reprimida permanece capaz de agir no Ics., e deve, portanto, ter conservado sua catexia. O que foi
retirado deve ter sido outra coisa. [Cf. págs. 206-7, adiante.] Tomemos o caso da repressão propriamente dita (‘pressão posterior’) [pág. 153], quando
afeta uma ideia pré-consciente ou mesmo consciente. Aqui, a repressão só pode consistir em retirar da ideia da catexia (pré)-consciente que pertence
ao sistema Pcs. A ideia, portanto, ou permanece não catexizada, ou recebe catexia do Ics., ou retém a catexia do Ics. que já possuía. Assim, há uma
retirada da catexia pré-consciente, uma retenção de catexia inconsciente, ou um substituição da catexia pré-consciente por uma inconsciente. Notemos,
além disso, que baseamos essas reflexões (por assim dizer, intencionalmente) na suposição de que a transição do sistema Ics. para o sistema seguinte
não se processa pela efetuação de um novo registro, mas por uma modificação em seu estado, uma alteração em sua catexia. Aqui, a hipótese funcional
anulou facilmente a topográfica. [Ver, acima, págs. 179-180).” P.185

-“Esse outro processo só pode ser encontrado mediante a suposição de um anticatexia, por meio da qual o sistema Pcs. Se protege da pressão que sofre
por parte da ideia inconsciente. Veremos, por meio de exemplos clínicos, como tal anticatexia, atuando no sistema Pcs., se manifesta. É isso que
representa o permanente dispêndio [de energia] de uma repressão primeva, garantindo, igualmente, a permanência da repressão. A anticatexia é o
único mecanismo da repressão primeva; no caso da repressão propriamente ditra (‘repressão posterior’) verifica-se, além disso, a retirada da catexia do
Pcs. É bem possível que seja precisamente a catexia retirada da ideia utilizada para a anticatexia.” P. 186

- Caráter econômico do inconsciente.

- Histeria de ansiedade;

- “Consiste no surgimento da ansiedade sem que o indivíduo saiba o que teme. Devemos supor que determinado impulso amoroso se encontrava
presente no Ics., exigindo ser transposto para o sistema Pcs.; mas a catexia a ele dirigida a partir desse último sistema retrai-se do impulso (como se se
tratasse de uma tentativa de fuga) e a catexia libidinal inconsciente da idéia rejeitada é descarregada sob a forma de ansiedade” p. 186 e 187
- “Por ocasião de uma repetição (caso haja repetição) desse processo, dá-se o primeiro passo no sentido de dominar o desenvolvimento importuno da
ansiedade. A catexia [do Pcs.] que entrou em fuga se apega a uma idéia substitutiva — que, por um lado, se relaciona por associação à idéia rejeitada e,
por outro, escapa à repressão em vista de sua distância daquela idéia. Essa idéia substitutiva um ‘substituto por deslocamento’ [ver em [1]] — permite
que o desenvolvimento, até então desinibido, da ansiedade seja racionalizado. Ela passa a desempenhar o papel de uma anticatexia para o sistema Cs.
(Pcs.), protegendo-o contra uma emergência da idéia reprimida no Cs. Por outro lado, é, ou age como se fosse, o ponto de partida para a liberação do
afeto revestido de ansiedade, que agora se tornou inteiramente desinibida. (...)Na segunda fase da histeria de ansiedade, portanto, a anticatexia
proveniente do sistema Cs. leva à formação do substituto.” P. 187
- “Isto é alcançado pelo fato de que todo o ambiente associado da idéia substitutiva é catexizado com intensidade especial, exibindo, assim, um elevado
grau de sensibilidade à excitação.” P.188
- “Quanto mais distantes do substituto temido as sensíveis e vigilantes anticatexias estiverem situadas, com maior precisão poderá funcionar o
mecanismo destinado a isolar a idéia substitutiva e a protegê-la de novas excitações.(...) Assim, as preocupações não começam a atuar até que o
substituto tenha assumido satisfatoriamente a representação do reprimido, e jamais podem atuar de maneira inteiramente fidedigna. (...)A fuga de
uma catexia consciente da idéia substitutiva se manifesta nas evitações, nas renúncias e nas proibições, por meio das quais reconhecemos a histeria de
ansiedade.” P. 188
- “Devemos também acrescentar que, embora o sistema Cs. só disponha, de início, de uma pequena área na qual o impulso instintual reprimido pode
irromper, a saber, a idéia substitutiva, em última instância esse enclave da influência inconsciente se estende a toda a estrutura externa fóbica. Além
disso, podemos dar ênfase à interessante consideração de que, pondo-se assim em ação todo o mecanismo defensivo, consegue-se projetar para fora o
perigo instintual. O ego comporta-se como se o perigo de um desenvolvimento da ansiedade o ameaçasse, não a partir da direção de um impulso
instintual, mas da direção de uma percepção, tornando-se assim capaz de reagir contra esse perigo externo através das tentativas de fuga
representadas por evitações fóbicas.” P. 188 e 189
- “Grande parte daquilo que verificamos na histeria de ansiedade também é válido para as duas outras neuroses, de modo que podemos limitar nosso
exame a seus pontos de diferença e ao papel desempenhado pela anticatexia. Na histeria de conversão, a catexia instintual da idéia reprimida
converte-se na inervação do sintoma.” P. 189
- “Na histeria de conversão o papel desempenhado pela anticatexia proveniente do sistemas Cs. (Pcs.) é nítido e se torna manifesto na formação do
sintoma. É a anticatexia que decide em que porção do representante instintual pode concentrar-se toda a catexia do último. A porção assim escolhida
para ser um sintoma atende à condição de expressar a finalidade impregnada de desejo do impulso instintual, bem como os esforços defensivos ou
punitivos do sistema Cs. na repressão não precisa ser tão grande quanto a mantida, de ambas as direções, como a idéia substitutiva na histeria de
ansiedade.” P. 189
- “Quanto à neurose obsessiva, só precisamos acrescentar às observações formuladas no artigo anterior [ver em [1] e segs.] que é aqui que a
anticatexia proveniente do sistema Cs. se coloca da forma mais conspícua no primeiro plano. É isso que, organizado como uma formação de reação,
provoca a primeira repressão, constituindo depois o ponto no qual a idéia reprimida irrompe. Podemos aventurar a suposição de que é devido à
predominância da anticatexia e à ausência de descarga que o trabalho de repressão parece muito menos bem-sucedido na histeria de ansiedade e na
neurose obsessiva do que na histeria de conversão.” P.190
V- As características especiais do sistema Ics.
- “O núcleo do Ics. consiste em representantes instintuais que procuram descarregar sua catexia; isto é, consiste em impulsos carregados de desejo.
Esses impulsos instintuais são coordenados entre si, existem lado a lado sem se influenciarem mutuamente, e estão isentos de contradição mútua.
Quando dois impulsos carregados de desejo, cujas finalidades são aparentemente incompatíveis, se tornam simultaneamente ativos, um dos impulsos
não reduz ou cancela o outro, mas os dois se combinam para formar uma finalidade intermediária, um meio-termo.” P.191
- “Não há nesse sistema lugar para negação, dúvida ou quaisquer graus de certeza: tudo isso só é introduzido pelo trabalho da censura entre o Ics. e o
Pcs. A negação é um substituto, em grau mais elevado, da repressão. No Ics. só existem conteúdos catexizados com maior ou menor força.” P.191
- Deslocamento e condensação, processo psíquico primário;
- “Os processos do sistema Ics. são intemporais; isto é, não são ordenados temporalmente, não se alteram com a passagem do tempo; não têm
absolutamente qualquer referência ao tempo. A referência ao tempo vincula-se, mais uma vez, ao trabalho do sistema Cs.” p.192
-“Resumindo: a isenção de contradição mútua, o processo primário (mobilidade das catexias), a intemporalidade e a substituição da realidade externa
pela psíquica — tais são as características que podemos esperar encontrar nos processos pertencentes ao sistema Ics.” p.192
-“Os processos do sistema Pcs. exibem — não importando se já são conscientes ou somente capazes de se tornarem conscientes — uma inibição da
tendência de idéias catexizadas à descarga. Quando um processo passa de uma idéia para outra, a primeira idéia conserva uma parte de sua catexia e
apenas uma pequena parcela é submetida a deslocamento. (...) Além disso, cabe ao sistema Pcs. efetuar a comunicação possível entre os diferentes
conteúdos ideacionais de modo que possam influenciar uns aos outros, a fim de dar-lhes uma ordem no tempo e estabelecer uma censura ou várias
censuras; também o ‘teste da realidade’, bem como o princípio de realidade, se encontram em seu domínio. A lembrança consciente, outrossim,
parece depender inteiramente do Pcs.” P. 193

VI- Comunicação entre os dois sistemas

-“Seria não obstante errôneo imaginar que o Ics. permanece em repouso enquanto todo o trabalho da mente é realizado pelo Pcs. — que o Ics. é algo
liquidado, um órgão vestigial, um resíduo do processo de desenvolvimento. Também é errôneo supor que a comunicação entre os dois sistemas se
acha confinada ao ato de repressão, com o Pcs. lançando tudo que lhe parece perturbador no abismo do Ics. Pelo contrário, o Ics. permanece vivo e
capaz de desenvolvimento, mantendo grande número de outras relações com o Pcs., entre as quais a da cooperação. Em suma, deve-se dizer que o Ics.
continua naquilo que conhecemos como derivados, que é acessível às impressões da vida, que influencia constantemente o Pcs., que, por sua vez, está
inclusive sujeito à influência do Pcs.” P.195
- “Entre os derivados dos impulsos instintuais do Ics., do tipo que descrevemos, existem alguns que reúnem em si características de uma espécie
oposta. Por um lado, são altamente organizados, livres de autocontradição, tendo usado todas as aquisições do sistema Cs., dificilmente distinguindo-
se, a nosso ver, das formações daquele sistema. Por outro, são inconscientes e incapazes de se tornarem conscientes. Assim, qualitativamente
pertencem ao sistema Pcs., mas factualmente, ao Ics.” p. 195
- “Ao ventilarmos o assunto da repressão fomos obrigados a situar a censura, que é decisiva para o processo de conscientização, entre os sistemas Ics. e
Pcs. [ver em [1]]. Agora, passa a ser provável que haja uma censura entre o Pcs. e o Cs. Não obstante, faremos bem em não considerarmos essa
complicação como uma dificuldade, mas em presumirmos que, a cada transição de um sistema para o que se encontra imediatamente acima dele (isto
é, cada passo no sentido de uma etapa mais elevada da organização psíquica), corresponde uma nova censura. Isso, pode-se observar, elimina a
suposição de uma armazenagem contínua de novos registros [ver em [1]].”
- “Por um lado, verificamos que derivados do Ics. se tornam conscientes na qualidade de formações e sintomas substitutivos — em geral, é verdade,
depois de terem sofrido grande distorção em confronto com o inconsciente, embora conservando freqüentemente muitas características que exigem
repressão. Por outro lado, verificamos que numerosas formações pré-conscientes permanecem inconscientes, embora devêssemos esperar que, por
sua natureza, pudessem muito bem ter-se tornado conscientes. Provavelmente, no último caso a atração mais forte do Ics. está-se afirmando. Somos
levados a procurar a distinção mais importante como estando situada, não entre o consciente e o pré-consciente, mas entre o pré-consciente e o
inconsciente. O Ics. é rechaçado, na fronteira do Pcs., pela censura, mas os derivados do Ics. podem contornar essa censura, atingir um alto grau de
organização e alcançar certa intensidade de catexia no Pcs. Quando, contudo, essa intensidade é ultrapassada e eles tentam forçar sua passagem para a
consciência, são reconhecidos como derivados do Ics. e outra vez reprimidos na fronteira da censura, entre o Pcs. e o Cs. Assim, a primeira dessas
censuras é exercida contra o próprio Ics., e a segunda, contra os seus derivados do Pcs. Poder-se-ia supor que no decorrer do desenvolvimento
individual a censura deu um passo à frente.” P.198
-“No tratamento psicanalítico fica provada, sem sombra de dúvida, a existência da segunda censura, localizada entre os sistemas Pcs. e Cs. Pedimos ao
paciente que forme numerosos derivados do Ics., fazemos com que ele se comprometa a superar as objeções da censura a essas formações pré-
conscientes que se tornam conscientes, e, pondo abaixo essa censura, desbravamos o caminho para ab-rogação da repressão realizada pela anterior. A
isso acrescentemos que a existência da censura entre o Pcs e o Cs. nos ensina que o tornar-se consciente não constitui um mero ato de percepção,
sendo provavelmente também uma hipercatexia, um avanço ulterior na organização psíquica.” P.198
- “Nas raízes da atividade instintual, os sistemas se comunicam entre si mais extensivamente. Uma parcela dos processos que lá são excitados passa
através do Ics., como que por uma etapa preparatória e atinge o desenvolvimento psíquico mais elevado no Cs.; outra parcela é retida como Ics. Mas o
Ics. é também afetado por experiências oriundas da percepção externa. Normalmente, todos os caminhos desde a percepção até o Ics. permanecem
abertos e só os que partem do Ics. estão sujeitos ao bloqueio pela repressão.” P.199

VII – Avaliação do inconsciente

- “Nas neuroses de transferência (histeria de ansiedade, histeria de conversão e neurose obsessiva) nada havia que desse especial proeminência a essa
antítese. Sabíamos, realmente, que a frustração quanto ao objeto acarreta a irrupção da neurose e que esta envolve uma renúncia ao objeto real;
sabíamos também que a libido que é retirada do objeto real reverte primeiro a um objeto fantasiado e então a um objeto reprimido (introversão). Mas
nessas perturbações a catexia objetal geralmente é retida com grande energia, e um exame mais pormenorizado do processo de repressão nos obrigou
a presumir que a catexia objetal persiste no sistema Ics. apesar da repressão — ou antes, em conseqüência desta. [ver em [1]] Na realidade, a
capacidade de transferência, que usamos com propósitos terapêuticos nessas afecções, pressupõe uma catexia objetal inalterada.” P. 201
- “O que procuramos parece apresentar-se da seguinte, e inesperada, maneira. Nos esquizofrênicos observamos — especialmente nas etapas iniciais,
tão instrutivas — grande número de modificações na fala, algumas das quais merecem ser consideradas de um ponto de vista particular.
Freqüentemente, o paciente devota especial cuidado a sua maneira de se expressar, que se torna ‘ afetada ‘ e ‘ preciosa ‘. A construção de suas frases
passa por uma desorganização peculiar, que as torna incompreensíveis para nós, a ponto de suas observações parecerem disparatadas. Referências a
órgãos corporais ou a inervações quase sempre ganham proeminência no conteúdo dessas observações. A isso pode-se acrescentar o fato de que, em
tais sintomas da esquizofrenia, em comparação com as formações substitutivas de histeria ou de neurose obsessiva, a relação entre o substituto e o
material reprimido, não obstante, exibe peculiaridades que nos surpreenderiam nessas duas formas de neuroses.” P.202
- “Na esquizofrenia, as palavras estão sujeitas a um processo igual ao que interpreta as imagensoníricas dos pensamentos oníricos latentes — que
chamamos de processo psíquico primário. Passam por uma condensação, e por meio de deslocamento transferem integralmente suas catexias de umas
para as outras. O processo pode ir tão longe, que uma única palavra, se for especialmente adequada devido a suas numerosas conexões, assume a
representação de todo um encadeamento de pensamento. As obras de Bleuler, de Jung e de seus discípulos oferecem grande quantidade de material
que apóia particularmente essa assertiva.” P. 201 e 202
- Traços (LACAN) NeurosE, psicose e perversão
- “AGORA PARECE QUE SABEMOS DE IMEDIATO QUAL A DIFERENÇA ENTRE UMA APRESENTAÇÃO CONSCIENTE E UMA INCONSCIENTE [VER EM [1]]. AS
DUAS NÃO SÃO, COMO SUPÚNHAMOS, REGISTROS DIFERENTES DO MESMO CONTEÚDO EM DIFERENTES LOCALIDADES PSÍQUICAS, NEM TAMPOUCO
DIFERENTES ESTADOS FUNCIONAIS DE CATEXIAS NA MESMA LOCALIDADE; MAS A APRESENTAÇÃO CONSCIENTE ABRANGE A APRESENTAÇÃO DA COISA
MAIS A APRESENTAÇÃO DA PALAVRA QUE PERTENCE A ELA, AO PASSO QUE A APRESENTAÇÃO INCONSCIENTE É A APRESENTAÇÃO DA COISA APENAS.”
P. 206
- p. 208 verificar.
- investimento al. Besetzung; esp. comando, destinación; fr. investissement; ing. cathexis
Termo extraído por Sigmund Freud* do vocabulário militar para designar uma mobilização da energia pulsional que tem por conseqüência ligar esta
última a uma representação, a um grupo de representações, a um objeto ou a partes do corpo. No Brasil também se usa “catexia”. ➢ LIBIDO;
OBJETO, RELAÇÃO DE; PULSÃO.
- Investimento: “O fato de uma determinada energia psíquica se encontrar ligada a uma representação ou um grupo de representações, a uma parte do
corpo, a um objeto, etc.” La planche e Pontalis, p.254
- Energia psíquica  ideia = catexia
- Representações  quantum de afeto de que são investidas;
-“O sistema inconsciente está submetido no seu funcionamento a princípio da descarga das quantidades de excitação; o sistema pré consciente procura
inibir esta descarga imediata ao mesmo tempo que consagra fracas quantidades de energia à atividade de pensamento necessária à exploração do
mundo exterior: “postulo que por razões de eficácia, o segundo sistema consegue manter a maior parte dos seus investimentos de energia em estado
de repouso e empregar apenas uma pequena parte dela, deslocando-a.”” La Planche e Pontalis p. 255
- “Por outro lado, verifica-se que certos objetos de grande valor para o sujeito recebem não uma carga positiva mas uma carga negativa: assim, o objeto
fóbico não é desinvestido, mas fortemente investido “investido” como tendo-de-ser-evitado.” La Planche e Pontalis, p. 257
O INCONSCIENTE
(1915)

I- Justificação do III- Emoções IV- Topografia e V- As VI- VII – Avaliação


II- Vários Significados
conceito de Inconscientes Dinâmica da características Comunicação do inconsciente
de ‘O Inconsciente’ especiais do
inconsciente Repressão entre os dois sistemas
O Ponto de Vista sistema Ics. sistemas
Topográfico

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