ILMO. SR. AUDITOR FISCAL DO TRABALHO SR.

DANIEL PEREIRA
FERREIRA.

Notificação n° E-109811577-RJ/2021

INOVA AMBIENTAL ASSESSORIA E COMÉRCIO S/A .,

devidamente notificado para complementar a cota legal de contratação de Pessoas
Portadoras de Deficiência, vem, expor e requerer Vossa Senhoria o que se segue:

Na data de 22/06/2021, através de e-mail, o Nobre Auditor

Fiscal do Trabalho notificou a ora peticionante para complementar seu quadro de
funcionários com pessoas portadoras de deficiência até se chegar ao número de 53
empregados com necessidades especiais.

Tal número foi calculado considerando os documentos enviados

anteriormente e as informações constantes no sistema E-social da empresa, onde se
constatou através da base CAGED 04/2021 a quantidade total de 1.085 (mil e oitenta e
cinco) empregados.

Não se pode deixar de considerar que a lei é taxativa, aplicando

apenas números e porcentagens, não tendo analisado o legislador a particularidade de
cada ramo de atuação, bem como a atividade desenvolvida, ou até a estrutura do Estado
para qualificar um profissional com deficiência, o mesmo não se espera do fiscalizador,
vez que este tem a possibilidade de verificação “in loco” possuindo, portanto, condições
de análise para cada concreto.

No caso em tela, a empresa tem como atividade principal a

coleta de resíduos urbanos, assim, considerando sua área de atuação, é notória a
dificuldade de preenchimento da cota prevista na lei, isto porque cerca de 90% das
funções realizadas por seus funcionários exigem audição, mobilidade e visão
praticamente perfeitas, logo, o que lhe cabe é a obrigação legal de proceder à reserva
do percentual de postos de trabalho para pessoas portadoras de deficiência, desde que as
mesmas estejam aptas para o desempenho da função exigidas aos seus funcionário.

Não é crível exigir da empresa que contrate um portador de

deficiência de locomoção, visão ou audição para laborar como coletor de lixo, tendo que
se deslocar atrás do caminhão de coleta por quilômetro ao dia ou tendo que laborar na
varrição das ruas da cidade em áreas com grande movimentação de veículos e
transeuntes, pois, tal fato seria atentar contra a vida destas pessoas, contrariando o
princípio máximo constitucional de respeito a vida.

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 Data a máxima vênia, quanto a isso, parece existir por parte do
órgão fiscalizador, senão intransigência, pelo menos uma grande dose de
incompreensão acerca do caso concreto.

Como dito anteriormente, a lei apenas fixa a cota ou o

percentual de empregados portadores de deficiência a serem admitidos nos quadros da
empresa e o percentual a que lhe cabe empregar até pode ser aquele indicado, porém,
trata-se de espécie de reserva legal, tanto quanto as hoje famosas cotas de afro-
descendentes nas universidades.

Esclarece a Vossa Senhoria que as vagas reservadas serão

ocupadas, sim, desde que haja no mercado trabalhadores em condições especiais aptos a
ocupa-las, o que infelizmente não parece o caso já que temos incessantemente buscado
portadores de necessidades especiais no mercado de trabalho anunciando vagas no
quadro de avisos posto na frente da entrada principal da empresa, consultando
frequentemente os Órgãos oficiais em busca de portadores de deficiência aptos ao
trabalho desenvolvido pela empresa, sem contudo obter êxito.

Corrobora a situação apontada acima a existência junto a

Procuradoria do Ministério Público do Trabalho de Nova Iguaçu do Procedimento
Promocional nº 000415.2011.01.004/5, que segue em anexo, onde se busca uma solução
para o problema da contratação de pessoas portadoras de necessidades especiais neste
município.

Protesta pela juntada dos documentos em anexo, bem como de

documentação suplementar, se necessário, requerendo a Vossa Senhoria, o
arquivamento da presente fiscalização, até resolução do Procedimento Promocional
acima citado em curso junto a Procuradoria do Ministério Público do Trabalho de Nova
Iguaçu.

Nova Iguaçu, 30 de julho de 2021.