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EM GESTÃO DE
PESSOAS
Introdução
Uma organização desenvolve as suas atividades em um contexto externo,
que impacta a sua atuação direta e indiretamente. Integram esse contexto
aspectos relacionados com o ambiente da tarefa que a empresa realiza
(clientes, fornecedores, concorrentes), bem como elementos relativos ao
ambiente geral externo (economia, política, cultura, legislação), que devem
ser conhecidos e monitorados pelos gestores organizacionais. Cabe à
gestão de pessoas, em particular, conhecer os aspectos que envolvem
as relações trabalhistas e manter-se atualizada em relação às leis que
regulam o trabalho e as obrigações dos empregadores e empregados.
Neste capítulo, você vai conhecer os possíveis efeitos que o ambiente
externo produz nas organizações. Também vai conhecer a história da
legislação trabalhista no Brasil, seus avanços e retrocessos. Além disso,
você vai verificar a importância da gestão de pessoas para as relações
trabalhistas existentes nas organizações.
Esses fatores que compõem o ambiente externo das organizações não cos-
tumam ser controláveis pelos gestores. Logo, os gestores devem manter seus
esforços de mapeamento de cenários, diagnóstico, análise e monitoramento
das mudanças que podem afetar os resultados da organização, para que ela
possa se ajustar às alterações do mercado. Bateman e Snell (2012, p. 29), ao
se referirem à importância desse monitoramento, afirmam o seguinte:
(Continua)
4 Ambiente externo e gestão de pessoas
(Continuação)
Essas questões comentadas pela autora ainda hoje merecem atenção por
parte dos gestores de pessoas, sobretudo pelo discurso da diversidade. Nesse
contexto, nenhum tipo de colaborador deve ser discriminado por questões
étnico-raciais ou de qualquer outra ordem.
O surgimento de uma noção de direitos trabalhistas no Brasil está associado
ao desenvolvimento de uma classe operária organizada. Cabe destacar que o
Brasil teve um desenvolvimento industrial tardio quando comparado ao das
nações europeias, pois a sua industrialização de base passa a ocorrer somente
no início do século XX. Veja o comentário de Giannotti (2007, p. 47):
Ambiente externo e gestão de pessoas 7
A crise econômica de 1929 se iniciou nos Estados Unidos, com o declínio da produção
industrial e a quebra da Bolsa de Valores de Nova York. No período anterior à crise, os
Estados Unidos tiveram um crescimento industrial muito significativo, aproveitando-se
do enfraquecimento das nações europeias por ocasião da Primeira Guerra Mundial.
Assim, com a recuperação do mercado europeu, houve uma diminuição brusca
das importações dos produtos norte-americanos, o que iniciou a crise. A indústria
americana se viu sem possíveis compradores para as suas mercadorias, que lotavam os
estoques das fábricas. Uma dessas fábricas era a montadora de automóveis de Henry
Ford, por exemplo. A recessão financeira atingiu o mundo inteiro e, no caso do Brasil,
especialmente o setor cafeeiro, uma vez que os Estados Unidos eram os principais
compradores desse produto base da economia nacional na época.
vale-transporte;
aviso prévio;
adicional noturno;
licença-maternidade (CLT, 2019).
Além desses direitos presentes na CLT desde a sua primeira versão, outras
leis correlatas complementaram tal norma trabalhista. Veja alguns exemplos:
Acesse o link a seguir para conhecer os direitos dos trabalhadores presentes na Cons-
tituição Federal de 1988 (art. 7º). Repare como tais direitos servem de apoio para a
CLT e suas normas correlatas.
https://qrgo.page.link/1R1eL
trabalho;
emprego;
contrato;
empregador;
empregado;
negociação.
Uma relação de trabalho é uma relação jurídica que envolve toda e qualquer
prestação de serviço realizada por alguém para uma empresa ou ainda entre
empresas. Gorz (2004), ao analisar as tendências de precarização do mundo
do trabalho, define de forma objetiva que o trabalho é aquilo que alguém
realiza para outra pessoa. Por exemplo: você contrata um encanador para
resolver um problema hidráulico em sua casa e, após o final do serviço, você
o paga conforme combinado. Perceba, porém, que para realizar um trabalho
são necessárias competências. Assim, o conceito de relação de trabalho é mais
amplo, pois pode envolver tanto os serviços prestados pelos autônomos quanto
aqueles realizados como fruto das relações empregatícias.
A CLT define, em seu art. 2º, o empregador como a “[...] a empresa,
individual ou coletiva, que, assumindo os riscos de atividade econômica,
admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de serviços” (BRASIL, 2019,
documento on-line). Conforme salienta Almeida (2014, p. 38), “[...] o primeiro
fato que se extrai do artigo supracitado é a impossibilidade de o empregado
incorrer no risco do negócio”. Isso significa que os riscos e ônus de exercer
a atividade empresarial organizada são exclusivos do empregador, que, para
isso, estabeleceu-se como empresa.
A relação de emprego procura ainda atender a premissas específicas que
se encontram no art. 3º da CLT: a pessoalidade, o serviço não eventual, a
subordinação e o salário. De acordo com a CLT, “Considera-se empregado toda
pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob
a dependência deste e mediante salário” (BRASIL, 2017, documento on-line).
Logo, em uma organização, costumam existir mais relações de emprego do
que demais relações de trabalho possíveis. Em decorrência disso, a expressão
“relações de trabalho” abrange toda e qualquer forma como as pessoas realizam
as suas atividades nas organizações.
Almeida (2014) destaca ainda que, entre as características da relação de
emprego, a subordinação do empregado pode se dar por:
Fernando foi selecionado para uma vaga de operador de máquinas em uma indústria
metalúrgica. Para isso, assinou um contrato de experiência de 90 dias, que, caso seja
bem-sucedido, vai se converter em um contrato por tempo indeterminado, conforme
a CLT e a conduta que a organização costuma adotar para esse tipo de cargo. Para
estipular o salário de Fernando, a empresa precisa obrigatoriamente atender a um piso
da categoria e seguir as convenções coletivas negociadas junto ao sindicato, que são
revalidadas a cada ano, por ocasião do dissídio da categoria.
Assim, Fernando tem algumas concessões que são garantidas pela negociação
coletiva, como se ausentar em alguns dias do ano para acompanhar familiares em
consultas médicas e para tratar de sua própria saúde. Da mesma forma, atualmente,
a empresa pode sujeitar os colaboradores a tirarem férias coletivas em períodos de
baixa produção, ou ainda reduzir a sua jornada de trabalho e, proporcionalmente, os
seus salários, por meio de acordos coletivos realizados. Essa atitude, embora pareça
num primeiro momento desfavorecer os trabalhadores, por outro lado evita demissões
em massa e maiores problemas sociais.
https://qrgo.page.link/bC5BB
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