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O ensino médico baseado em problemas: uma experiência construtivista

Article  in  Imagens da Educação · June 2017


DOI: 10.4025/imagenseduc.v7i2.36798

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O ENSINO MÉDICO BASEADO EM PROBLEMAS: UMA


EXPERIÊNCIA CONSTRUTIVISTA
http://doi.org/10.4025/imagenseduc.v7i2.36798

Carlos Roberto Caron*


Maria Augusta Bolsanello**

* Faculdade Evangélica do Paraná – Fepar. crcaron@gmail.com


* Universidade Federal do Paraná – UFPR. mabolsanello@yahoo.com.br

Resumo
Esta pesquisa investiga e analisa as concepções de alunos de um curso de medicina
sobre sua aprendizagem na disciplina de semiologia médica na qual é adotada uma
adaptação do método de Aprendizado Baseado em Problemas (ABP), em uma
perspectiva construtivista piagetiana. A investigação ocorreu por meio de
questionário aplicado a 44 alunos desta disciplina. Após análise qualitativa dos
dados, conclui-se propondo que o ensino em pequenos grupos seja estendido para
outras disciplinas do curso médico tend o em vista seu papel facilitador da
aprendizagem. Sugere-se a necessidade de formação teórica sólida de professores
nesta abordagem de ensino, numa perspectiva do construtivismo piagetiano.
Infere-se, pelos dados obtidos, que o método adaptado da ABP pode ser utilizado
com notável sucesso mesmo em ambientes em que predominam métodos
tradicionais de ensino.
Palavras-chave: educação médica, PBL, construtivismo.

Abstract. The problem based medical learning: a constructivistic


experience. This research investigates the conceptions of medical students of a
medicine course on its learning on physical diagnosis, where an adaptation of the
method of Problem Based Learning (PBL) was adopted in a piagetian
constructivist perspective. The inquiry occurred by means of a questionnaire
applied to forty four students of this discipline. After qualitative analysis of the
data It concludes that education in small groups should be extended for others
disciplines of the medical course in face of its facilitation in the medical learning. It
suggests the necessity of solid theoretical formation of professors who teaches
with problematization methods, in a piagetian constructivism perspective. It is
inferred from the data obtained that the adapted PBL method can be used even in
environments where traditional teaching methods predominate.
Keywords: medical education, PBL, constructivism.

Introdução construtivismo, inspirado nas ideias de Jean


Piaget (1896-1980), afirma que o aluno é artífice
A disciplina de semiologia médica da do seu próprio conhecimento, atribuindo grande
Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR) utiliza importância aos processos de transmissão e
sistematicamente a discussão de casos clínicos interação social, bem como da experiência do
em pequenos grupos como principal recurso de sujeito em relação aos objetos (Piaget, 1964).
ensino e aprendizagem, a partir de uma Para explicar o processo de construção do
adaptação da Aprendizagem Baseada em conhecimento, Piaget desenvolveu um conceito
Problemas, também referida pela sigla PBL (do central em sua teoria, que denominou de
inglês: Problem-Based Learning, sob uma equilibração e que é por ele considerado o
abordagem do construtivismo piagetiano. O verdadeiro motor do conhecimento (Piaget,

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1976). Este mecanismo cognitivo consiste em o sujeito formule diversas hipóteses


uma ação interna que atua compensando os simultaneamente e deduza o valor de cada uma
efeitos das perturbações do meio externo sobre delas, quando confrontadas com sua
o indivíduo e vice-versa, pois a aquisição do probabilidade de ocorrência real. É exatamente
conhecimento se faz por constantes e este o processo utilizado para se elaborar as
permanentes desequilíbrios entre o sujeito e o hipóteses diagnósticas na resolução de um caso
objeto do conhecimento. Esses desequilíbrios se clínico. É um processo desafiante e
manifestam quando surgem as dúvidas e desequilibrador, que facilita enormemente a
incertezas durante o processo de interação com construção do conhecimento. Ensinar os
o objeto do conhecimento, havendo então a estudantes de medicina a resolver problemas
necessidade de uma reequilibração que ocorre clínicos significa torná-los aptos a usar as
por meio da construção de novos estruturas do pensamento formal, o que lhes
conhecimentos pelo próprio sujeito. Piaget faculta uma abordagem metodológica científica
(1976) sustenta que a equilibração possibilita as dos problemas propostos (Piaget, 1976).
relações entre outros dois fenômenos por ele Em medicina, a principal metodologia
descritos, denominados assimilação e problematizadora é o PBL, originalmente
acomodação que possibilitam a manutenção da descrita por Schmidt (1993) como baseando-se
homeostasia cognitiva do sujeito. Segundo este em sete passos:
autor (Piaget, 1987), o fenômeno dito
assimilação implica na incorporação, pelo 1 Esclarecer termos e expressões relacionados ao
sujeito, de novas experiências aos esquemas texto do problema que não sejam inteiramente
previamente estabelecidos, que já faziam parte compreendidos pelos participantes do grupo
do seu patrimônio cognitivo. Já na acomodação, tutorial.
tem-se o consequente processo de modificação
2 Definir o problema, estabelecendo qual é o
dos esquemas pré-existentes do sujeito à nova fenômeno que requer explicação pelo grupo.
situação que lhe é apresentada, pois os mesmos
precisam se adaptar para que possam desta 3 Analisar o problema selecionado,
forma se aperfeiçoar. Em outras palavras, todo o desenvolvendo hipóteses de trabalho. Nesta
conhecimento novo que se apresenta ao sujeito fase procura-se ativar o conhecimento prévio
deve obrigatoriamente se associar aos que os membros do grupo possuem sobre o
conhecimentos prévios, para que possa tema em questão. Os participantes são
efetivamente ser assimilado. estimulados a debater livremente as suas
Outro elemento importante da teoria possíveis explicações para o problema, a partir
de seus estudos e experiências prévias.
piagetiana é a caracterização dos diferentes
períodos de desenvolvimento da inteligência, 4 Sistematizar e analisar as hipóteses para
onde se ressalta o assim chamado estágio das explicação ou solução do problema, tendo por
operações formais ou hipotético-dedutivo objetivo principal estruturar e sintetizar
(Piaget, 1964) que se inicia entre os 11 e 12 anos eventuais explicações para o problema.
de idade em média e se estende pelo resto da
vida. A partir deste estágio o pensamento passa a 5 Formular objetivos de aprendizagem, a partir do
elaborar também hipóteses, não mais se questionamento sobre o que deve ser melhor
determinando diante de situações concretas, o conhecido pelos membros do grupo, para que o
que caracteriza o raciocínio hipotético-dedutivo. problema possa ser mais adequadamente
explicado.
Nesse tipo de raciocínio o sujeito inspeciona
meticulosamente os dados do problema, elabora 6 Identificar recursos de aprendizagem e conduzir
um conjunto de hipóteses relacionado às teorias o estudo individualmente. Nesta fase
ou explicações mais prováveis e deduz a partir habitualmente são associadas outras atividades
delas que determinados fenômenos empíricos curriculares, tais como seminários, aulas
podem ou não ocorrer na realidade, com maior expositivas, atividades de laboratório, entre
ou menor probabilidade. Como etapa final desse outras (Bligh, 1995).
processo, o sujeito pode ser capaz de uma
testagem sistemática das hipóteses levantadas, 7 Apresentar para o grupo os resultados do
verificando se os fenômenos previstos, de fato, estudo individual, revisando e sistematizando
explicações ou proposições finais para o
ocorrem. Esse raciocínio permite, portanto, que
problema. Hipóteses elaboradas no encontro

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anterior são revistas e aprofundadas, Trata-se de uma pesquisa de natureza


objetivando uma explicação final para o exploratória e qualitativa desenvolvida com 44
problema. estudantes de Semiologia do Curso de Medicina
da Faculdade Evangélica do Paraná (FEPAR),
localizada na cidade de Curitiba, Estado do
Percebe-se que em relação a este método Paraná, que se predispuseram voluntariamente a
alguns momentos de aprendizagem ocorrem em relatar, por meio de um questionário, como
grupo tutorial e outros individualmente. Os concebem sua aprendizagem após terem
passos de 1 a 5 ocorrem no grupo tutorial, que vivenciado uma adaptação do método PBL por
se reúne para a análise do problema. O passo 6 é um período de três meses, objetivando analisar a
individual, devendo aqui o aluno procurar as sua viabilidade em um currículo tradicional.
fontes de informação que julgar necessárias. Por Nesta proposta de adaptação do PBL os
fim, no passo 7, o grupo tutorial volta a se estudantes foram postos, no decorrer das aulas,
encontrar para que cada um apresente ao grupo em contato com casos clínicos fictícios ou reais,
os resultados do seu estudo e o grupo possa, elaborados pelos professores da cadeira, sempre
então, interagir, atingindo resultados em comum. em grupos de até 10 alunos. Estes casos foram
Entretanto, segundo Barrows (1998), o PBL não apresentados por escrito no início da aula e
deve ocorrer de forma pontual em um currículo abordaram os temas de semiologia que se
médico tradicional, pois isto poderia desejava estudar, em obediência ao conteúdo
comprometer sua característica de processo programático da disciplina.
centrado no estudante. Os casos clínicos foram analisados e
Deve-se considerar ainda que o PBL discutidos pelo grupo em uma das salas da
privilegia e favorece alguns dos fatores do FEPAR, durante, aproximadamente, 90 minutos.
desenvolvimento mental defendidos por Piaget Os problemas levantados durante a discussão
(1964), tais como a experiência com o objeto do motivaram o aprofundamento no estudo do
conhecimento, aqui caracterizado pelo contato tema em questão e de todo o conhecimento que
que o aluno tem com o paciente e seus pudesse ser elaborada pelos participantes.
problemas, e a transmissão social do A aplicação desse método adaptado se fez
conhecimento, pela interação dos alunos entre si por meio de uma sequência de eventos.
e com o professor. Savery e Duffy (1995), ao Inicialmente, os alunos esclareceram, junto ao
discutirem sobre o ensino médico professor, novos termos e expressões contidos
problematizado em pequenos grupos, na história clínica, para que assim se
mencionam três grandes princípios que possibilitesse o seu perfeito entendimento.
embasam o ensino construtivista, e que podem Em um segundo momento, a partir dos
ser identificados no PBL: a compreensão é dados obtidos pela leitura da anamnese, o grupo
resultado da interação do sujeito com o objeto definiu qual era o problema ou os problemas que
do conhecimento; o conflito sócio-cognitivo deveriam ser enfocados na discussão. Os
possibilita a aprendizagem, determinando a diferentes pontos de vista dos alunos foram
organização e a natureza do que é apreendido; a considerados e quando existiu divergência entre
compreensão é influenciada pelos processos eles o professor procurou fomentar elementos
relacionados à negociação social do significado. de discussão e reflexão. Da mesma forma,
Dessa forma, o PBL parece ser consistente com quando algum aspecto importante foi
a concepção construtivista de ensino, pois negligenciado durante a discussão, foi lembrado
possibilita ao aluno a construção do pelo professor que, quando necessário, fez uma
conhecimento por meio da interação no grupo breve abordagem teórica sobre os conteúdos
tutorial, estimulando os alunos a terem controle mais complexos.
sobre o seu próprio processo de aprendizagem À medida que os problemas foram
por meio da discussão de problemas que, ao levantados pelo grupo, procurou-se uma solução
proporcionar oportunidade de ocorrência de um consensual, utilizando-se dos conhecimentos
conflito cognitivo, estimula o aluno a que os alunos já possuíam, em busca de
reestruturar o seu próprio conhecimento. incompletudes e contradições. Os alunos foram,
um a um, indagados pelo professor a respeito de
Metodologia sua opinião sobre o problema selecionado,
sendo estimulados a falarem tudo o que

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pudessem sobre o assunto em questão. Sempre discutido em sala de aula; a ativação de


quando um aluno fornecia uma resposta, era conhecimentos anteriores e o maior interesse e
solicitado pelo professor a justificá-la motivação que esse método acarreta no aluno. O
verbalmente. método utilizado na disciplina de semiologia
Em sequência, as principais ideias levantadas médica, por ser motivador, auxilia o aluno a
durante a discussão foram sistematizadas e manter a sua atenção no tema em discussão,
analisadas por todos. Foram estabelecidas evitando assim o estabelecimento de conversas
hipóteses de explicação e de solução dos com os colegas sobre outros assuntos que não o
problemas propostos. O professor, nessa abordado em aula e a consequente tendência a
proposta de adaptação, corrigia in loco eventuais dispersão. Essa situação, segundo os alunos,
erros conceituais surgidos durante o debate, também facilita o processo de aprendizagem.
tendo ele o papel de mediador que problematiza A este respeito, segundo as palavras de
constantemente as questões levantadas durante Komatsu (2002), “os estudantes – quando não
as discussões. dormem ou conversam nas aulas expositivas,
Ao término da disciplina, ocorreu a coleta de devem pensar: o que é que isto – a matéria dada
dados por meio de questionário contendo a e a matéria estudada – têm a ver comigo, com as
seguinte solicitação: Faça uma análise outras pessoas (pacientes, familiares,
comparativa entre o ensino em pequenos profissionais de saúde) e com a vida?”. Entende-
grupos, ministrado na disciplina de Semiologia, e se, portanto, como o ensino problematizado em
o ensino tradicionalmente recebido, destacando pequenos grupos propicia o engajamento do
aspectos como: conteúdo, interação com os aluno em relação a aula da qual participa.
colegas, relação professor x aluno, ensino
baseado em casos clínicos e a sua própria Concepções sobre a interação aluno-aluno
aprendizagem. A aplicação dos questionários
obedeceu aos procedimentos éticos Outro elemento mencionado pelos alunos é
estabelecidos para a pesquisa científica. a existência de uma maior interação entre eles
As respostas foram analisadas pela técnica em sala de aula, fato que encontra a sua gênese
de análise de conteúdo, modalidade temática tanto nas discussões em equipe sobre o caso
(Bardin, 1977). clínico apresentado em aula, como na pequena
quantidade de alunos que compõe a equipe.
Resultados e discussão Muito frequentemente, na medida em que os
alunos colaboram com as suas experiências e
Os resultados são relatados considerando as vivências pessoais, surgem novos assuntos que
sete áreas temáticas investigadas: pequenos também se tornam elemento de discussão,
grupos, interação entre aluno e aluno; interação motivando ainda mais a equipe. Os diferentes
entre professor e aluno; controle disciplinar; pontos de vista sobre o tema em questão
ensino baseado em casos clínicos; conteúdo das possibilitam um rico debate. A capacidade crítica
aulas; controle disciplinar e ensino tradicional. dos alunos é posta constantemente à prova,
Estas áreas se complementam entre sí e são devido ao conflito de opiniões divergentes,
descritas e discutidas a seguir. facilitando-lhes não aceitarem passivamente as
informações sugeridas em aula.
Concepções sobre o ensino em pequenos As concepções dos alunos confirmam os
grupos estudos de Piaget (1936), que defende um ensino
que propicie trabalhos em equipe como
Segundo as concepções dos alunos, a oportunidade para que possa ocorrer a troca de
aprendizagem baseada na discussão de casos opiniões e conceitos dos alunos entre si e entre
clínicos em pequenos grupos, tal como utilizado estes e o professor, pois, segundo esse
na disciplina de semiologia médica, tende a ser pesquisador, a cooperação é um elemento
facilitada em decorrência do sinergismo que indispensável à elaboração da razão, sendo a vida
ocorre entre as diferentes características da em grupo o meio natural onde ocorre essa
metodologia, quais sejam: a maior interação atividade intelectual. O trabalho realizado em
entre os próprios alunos e entre estes e o pequenos grupos, no ambiente escolar, favorece
professor, levando todos a uma participação de forma acentuada o processo de ensino e
ativa em aula; a contextualização do conteúdo aprendizagem, tornando-o mais motivador.

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Para Perret-Clermont (1978), no trabalho melhor entendê-los e auxiliá-los em seus


em grupo o sujeito é obrigado a levar em conta a problemas durante o processo de aprendizagem
ação do seu parceiro, elaborando uma em sala de aula.
estruturação que favorece a integração dos Percebe-se a importância do papel exercido
diferentes pontos de vista que ocorrem entre os pelo professor nesse método de ensino, pois ele
pares. As contradições que surgem dessa participa ativamente do processo de
integração acabam por incitar uma coordenação aprendizagem do aluno, utilizando-se para tanto
que permite a ultrapassagem do conflito gerado do seu domínio sobre os temas discutidos em
por essa mesma contradição, acarretando com aula para auxiliar na resolução das dúvidas e
isto uma mudança subsequente na estrutura questionamentos, o que foi considerado pelos
cognitiva do indivíduo. Ainda segundo esta alunos como extremamente positivo. A este
autora, o conflito sociocognitivo desencadeia os respeito Schmidt, Arend, Moust, Kokx e Boon
desequilíbrios que tornam necessária a (1993) afirmam que o grau de conhecimento do
elaboração das operações, conferindo ao fator professor em relação ao tema problematizado
social uma função específica na dinâmica do em pequeno grupo é um fator de grande
crescimento mental. Venturelli (1997) concorda importância na facilitação da aprendizagem do
que o trabalho de ensino em pequenos grupos aluno.
promove a discussão, a compreensão e o Constata-se também que no ensino em
raciocínio em um nível superior, bem como o pequenos grupos existe uma quebra do
espírito de trabalho em equipe, facilitando assim distanciamento hierárquico entre o professor e o
a aprendizagem. aluno, o que aumenta a interação e a troca de
Desta forma, o trabalho em pequenos informações entre ambos, favorecendo com isto
grupos, que foi caracterizado pelos sujeitos desta o processo de aprendizagem. Perret-Clermont
pesquisa como sendo um dos elementos de (1978), ao analisar a questão da interação social
maior relevância na facilitação da sua na perspectiva piagetiana, afirma que um
aprendizagem da semiologia médica, encontra conhecimento não pode ser transmitido por
também o seu apoio em Schmidt (1993), para meio de uma relação coercitiva, o que transposto
quem as atividades educacionais realizadas em para a realidade aqui estudada, implica no fato de
equipe são um elemento fundamental para o professor não se utilizar da sua autoridade para
facilitar o processo de ativação de impor um determinado modelo aos seus alunos.
conhecimentos prévios e de entendimento dos Por outro lado, pode-se inferir também que
problemas pelo grupo, possibilitando assim uma o ensino em pequenos grupos é facilitador da
aprendizagem mais efetiva e motivadora, pois ação docente, uma vez que em pequenos grupos
existe um maior intercâmbio de conhecimentos é mais fácil captar a atenção dos discentes.
dentro do grupo, enriquecendo assim o
conteúdo das aulas. Concepções sobre o controle disciplinar

Concepções sobre interação professor-aluno Curiosamente, alguns entrevistados


afirmaram que uma das grandes vantagens das
As falas dos alunos revelam o papel aulas com um número reduzido de alunos
fundamental que as interações desempenham em consiste na maior possibilidade de controle
sala de aula. A qualidade da interação entre o disciplinar dos alunos pelo professor e pelos
professor e os alunos, propiciado pelo método próprios colegas. Estes resultados sugerem que
utilizado na disciplina de semiologia médica, é os alunos possuem receio de que ações punitivas
um elemento de crucial importância na possam ocorrer, seja pela ocorrência de
facilitação da sua aprendizagem, estimulando a conversas paralelas ao tema em discussão, seja
participação ativa de todos em sala de aula. simplesmente por não participarem de forma
Segundo eles, o maior diálogo com o professor mais atenta ao desenrolar da aula. Essa situação
propicia a troca de experiências e a resposta às remete ao conceito de autonomia intelectual, tal
dúvidas levantadas durante as discussões, sem como exposta por Piaget, pois sugere que os
que haja constrangimento em se questionar o alunos estejam mais habituados, em sua
docente. Os alunos dizem que o professor, nesse experiência escolar, a situações de heteronomia
método, pode estabelecer uma relação individual do que de autonomia, já que o receio de receber
com cada membro do grupo, podendo assim um mau conceito ou avaliação por parte dos

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outros, notadamente pelo professor, faz com entendem ser o caso clínico utilizado em sala de
que possibilitem e facilitem o governo de si- aula o substrato para que diferentes análises
mesmos por outros, caracterizando então uma sejam feitas sobre o problema que se apresenta,
dependência intelectual e sem a capacidade de notadamente por meio de hipóteses diagnósticas.
reflexão crítica. Ainda segundo este autor, outro elemento
Por outro lado, pode-se inferir que o ensino importante, também evidenciado pelos sujeitos
em pequenos grupos é facilitador da ação dessa pesquisa, é a capacidade de tematização
docente, uma vez que em pequenos grupos é desenvolvida pelos alunos que ao interagirem
mais fácil captar a atenção dos alunos. com o objeto do conhecimento (caso clínico)
atuam sobre ele transformando-o, para assim
Concepções sobre o ensino baseado em atingirem um nível superior de conhecimento.
casos clínicos Conforme menciona Piaget (1973), o
conhecimento não se origina nem no sujeito e
Conforme os alunos, o ensino baseado em tampouco no objeto, mas sim da interação
casos clínicos é um importante recurso indissociável entre eles, estabelecendo uma
facilitador da aprendizagem do raciocínio clínico. perpétua relação dialética entre o sujeito e o
Para eles, a utilização de casos clínicos possibilita objeto. Dessa forma, ao trabalharem com casos
o desenvolvimento e a relação entre as diferentes clínicos, os alunos estão interagindo diretamente
hipóteses diagnósticas pertinentes ao problema com o objeto do conhecimento, assumindo uma
clínico em estudo, possibilitando também a postura gradativamente menos empírica e
memorização contextualizada do conteúdo idealista, propiciando a construção do próprio
trabalhado em aula e o estabelecimento de conhecimento. Da mesma forma, Perret-
modelos clínicos como parâmetro para futura Clermont (1978) defende que a origem do
aplicação em pacientes. O exercício do conhecimento está na ação do sujeito sobre o
raciocínio hipotético-dedutivo se demonstra real, o que é privilegiado pelas coordenações
privilegiado com a utilização de métodos interindividuais, permitindo uma reorganização
problematizadores de ensino, segundo cognitiva do sujeito. A ação dos alunos sobre os
demonstra a concepção dos alunos sobre esta casos clínicos apresentados pode, portanto,
questão. Ainda, segundo os alunos, o ensino facilitar a sua aprendizagem, pois estão atuando
baseado em casos clínicos ativa e integra os sobre um dos aspectos mais relevantes que
conhecimentos previamente existentes, compõem a realidade do universo médico: o
pertinentes às diferentes áreas do conhecimento paciente e os seus problemas clínicos. Para
médico, para que se possa, de forma mais Cyrino e Toralles-Pereira (2004), a utilização de
adequada, responder às questões levantadas pelo problemas no processo de ensino e
problema clínico estudado em aula. aprendizagem valoriza a ocorrência de
Fica claro a partir dos depoimentos dos experiências concretas e problematizadoras,
alunos que o exercício constante do raciocínio implicando em forte motivação prática e
hipotético-dedutivo, por meio da análise e estímulo cognitivo, o que possibilita ao aluno
interpretação de casos clínicos, facilita a encontrar soluções e escolhas criativas.
aprendizagem diagnóstica em semiologia médica. Outra vantagem em se realizar discussões
Segundo Dennick (2016), se forem consideradas sobre casos clínicos é o maior interesse e
as características do pensamento formal, fica motivação que estes debates causam, além de
claro a importância de se utilizar um método de aproximar o aluno da realidade clínica em que
ensino que seja adequado às características do futuramente estará imerso, na medida em que os
raciocínio da população que se almeja ensinar, temas abordados em aula simulam o
fomentando assim a motivação para o atendimento a um paciente real, com todos os
aprendizado. problemas de raciocínio clínico a ele inerente e
Utilizando-se da análise construtivista de que estão presentes em uma anamnese. O
Macedo (1994), o ensino deve efetivamente conhecimento se apresenta, portanto,
propiciar ao aluno a produção de interpretações contextualizado, facilitando a sua compreensão.
sobre a realidade, fazendo com que este não a Goulart, Erichsen, Piancastelli, Ribeiro e
aceite como sendo um fato estabelecido e Noronha (2001) constataram ser a utilização de
imutável. Tal situação pode ser evidenciada nos problemas clínicos um elemento de grande
depoimentos dos sujeitos aqui pesquisados, que motivação para fomentar a discussão e

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consequente participação dos alunos nos em relação às condições mais comuns na prática
trabalhos em grupo, bem como para estimular o clínica.
estudo individual, em decorrência Para esses alunos, a maior riqueza de
principalmente da abordagem de aspectos conteúdo nesse método de ensino decorre da
psicossociais que vão além do enfoque biológico valorização que os interesses de aprendizagem
dos temas propostos. Segundo Macedo (1994), do grupo recebe, sendo então o conteúdo
no construtivismo a prática da abstração direcionado e aprofundado conforme as
possibilita ao aluno, mediante sua ação sobre o necessidades manifestadas por meio das dúvidas
real, construir o seu conhecimento. Tal fato expostas em aula, em decorrência da maior
pode ser evidenciado nos sujeitos dessa pesquisa interação existente. A esse respeito, conforme
que em seus depoimentos demonstraram a afirmam Newmann & Peile (2002), o professor
importância para o aprendizado ao trabalharem deve estar ciente das necessidades de
com situações-problema que se assemelham aos aprendizagem do aluno, ouvindo as questões e
fatos encontrados na realidade. Na opinião de problemas colocados por eles, para que possa
Schmidt (1993), o estudo realizado em pequenos promover de forma colaborativa o
grupos propicia a chamada motivação intrínseca enriquecimento dos conteúdos de aprendizagem
ou epistêmica, decorrente da curiosidade que em ambiente de sala de aula.
estimula o sujeito a saber mais a respeito de um Alguns alunos referiram-se a algum grau de
determinado assunto. Nessa situação, as dificuldade em acompanhar o conteúdo das
discussões em grupo ajudam a clarificar o ponto aulas, durante a discussão dos problemas
de vista do sujeito, notadamente ao ser clínicos, apesar de considerarem esse método
confrontado com a perspectiva dos outros, adequado para uma boa aprendizagem. Dentre
favorecendo o desenvolvimento da curiosidade os problemas por eles identificados, consideram
epistêmica. Mann (1999) também destaca alguns que o conteúdo apresenta a tendência de se
elementos que estimulam a motivação, e que tornar desconexo, na medida em que diferentes
podem ser encontrados nos depoimentos dos e variados conhecimentos são associados em
alunos da disciplina de semiologia médica, tal conformidade com a temática levantada pelas
como a confiança que os alunos obtêm em si discussões em sala de aula.
mesmos ao levantarem as hipóteses diagnósticas Em relação a dificuldade em se conseguir
dos casos discutidos, a valorização que as suas associar as informações discutidos na aula em
opiniões recebem no ambiente de sala de aula e pequenos grupos, a respeito dos casos clínicos
o emprego de um aprendizado cooperativo para formar um corpo de conhecimentos eficaz
baseado na utilização de problemas clínicos. e sem lacunas, vale mencionar a posição de
Ainda segundo Kaufman (2003) e Piaget (1936) cujos argumentos atrstam que as
Newmann & Peile (2002), o conteúdo de críticas frequentemente feitas ao trabalho em
aprendizagem deve ser relevante ao adulto, para equipes, quando comparado com as aulas ditas
que seja motivado a estudá-lo. Esse fato pode tradicionais, não são sustentáveis. Para ele, os
ser constatado nos depoimentos analisados que alunos não tendem a apresentar, nessa forma de
demonstram ser a utilização de casos clínicos um ensino, defasagem de conhecimentos do ponto
elemento que aproxima o aluno do seu futuro de vista quantitativo, podendo no mínimo ser
elemento de trabalho, ou seja, do paciente e seus tão bem adquirido pelos alunos em pequenos
diversos problemas, causando motivação para grupos quanto individualmente, desde que o
abordar os problemas propostos. processo de interação dentro do grupo ocorra de
forma adequada.
Concepções sobre o conteúdo das aulas Outro problema destacado pelos alunos é o
fato de ser a disciplina de semiologia médica a
Conforme os sujeitos dessa pesquisa única a utilizar integralmente a problematização
atestam, o conteúdo das aulas tende a ser mais em pequenos grupos, o que também é visto
diversificado e abrangente, pois as discussões como um problema, pois os alunos consideram
geradas nas aulas em pequenos grupos, devido à que isso dificulta a sua adaptação ao método
maior interação existente, facilitam a abordagem utilizado nesta cadeira.
de assuntos correlatos ao tema que está sendo Infere-se que seria mais fácil aos alunos se
debatido, expandindo os conteúdos abordados adaptarem ao ensino problematizador se as
demais disciplinas do curso de medicina também

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adotassem um método semelhante. A este verbal do professor é um elemento que tende a


respeito, Goulart et al. (2001), ao avaliarem a dificultar a aprendizagem do aluno, pois inibe a
opinião de alunos que vivenciaram a adoção sua capacidade de ação e pesquisa. Para Perret-
parcial do PBL em um curso de medicina, Clermont (1978), as aulas meramente expositivas
concluíram que o emprego parcial desse método encontram dificuldade em suscitar a atenção de
em um currículo com outro eixo metodológico todos os alunos, bem como o seu interesse. Este
pode causar dificuldades na organização do tipo de intervenção pedagógica somente tem
processo de ensino e aprendizagem. Venturelli impacto sobre a evolução mental do sujeito,
(1997), ao analisar a questão do PBL, também segundo defende esta pesquisadora, à medida
critica a adoção parcial desse método de ensino que consegue criar nele um conflito
em uma grade curricular organizada em sociocognitivo entre o seu próprio ponto de
disciplinas com limites bem definidos. Dessa vista e aquele que lhe é exposto. Para tanto, deve
forma, apesar de o método empregado na haver uma comunicação real entre o professor e
disciplina de semiologia médica ter a sua o aluno, permitindo uma interação social no
inspiração no PBL, possuindo características plano cognitivo.
distintas deste, os dados coletados com os Da mesma forma, Angeli & Loureiro (2001)
alunos sugerem que estender essa metodologia criticam os modelos pedagógicos tradicionais no
para outras disciplinas facilitaria o seu processo ensino médico, afirmando que “nessa forma de
de aprendizagem. ensino, a integração de conhecimentos e
A falta de familiaridade que alguns habilidades é dificultada, uma vez que as
professores possuem em relação ao método de informações são absorvidas de maneira
ensino problematizado pode também dificultar a dissociada da prática clínica, sem um foco ao
aprendizagem do aluno. Deduz-se, portanto, que redor do qual se organize o conhecimento”.
seria importante um maior preparo dos É interessante frisar, porém, que segundo a
professores em relação ao método de ensino opinião de nove alunos, o ensino baseado em
problematizado, para que pudessem facilitar casos clínicos torna-se enriquecido quando
ainda mais o processo de ensino e aprendizagem associado à abordagem teórica dos temas
da disciplina de semiologia médica. Segundo discutidos em sala de aula, propiciando um
Holmes & Kaufman (1994) é importante que os maior embasamento sobre os temas e uma
professores envolvidos com o método de consequente facilitação da aprendizagem. A
problematização recebam uma formação que grande vantagem desta associação, afirmam os
lhes possibilite o uso adequado desse método de alunos, é a possibilidade de maior domínio sobre
ensino, para se obter os melhores resultados o conteúdo a ser estudado que, de outra forma,
possíveis. Ainda segundo Kaufman e Holmes torna-se muito amplo e difícil de ser
(1998), professores que abordam um problema integralmente abrangido.
que esteja dentro da sua área de maior Percebe-se, portanto, que na opinião desses
conhecimento podem ter a tendência em alunos é importante a realização de uma
discorrer sobre ele, negligenciando o seu papel abordagem teórica em pequenos grupos sobre os
de facilitador no processo de problematização temas discutidos em aula, pois isso possibilitaria
em pequeno grupo. o estabelecimento da relação entre a teoria e a
prática, tornando-as interdependentes e
Concepções sobre o ensino tradicional enriquecendo-as mutuamente. A esse respeito,
conforme afirmam Echeverria & Pozo (1998), é
Ao abordarem a questão da aprendizagem importante que durante o processo de resolução
no ensino denominado tradicional, caracterizado de problemas seja sempre considerado o
por se constituir de aulas eminentemente conteúdo deles, propiciando ao aluno
expositivas, a principal crítica dos alunos se faz conhecimentos específicos sobre o domínio do
em relação à dificuldade de interação existente conhecimento em questão com a consequente
dentro do grupo, englobando aqui o professor, facilitação da sua aprendizagem.
os alunos e o próprio conteúdo a ser abordado. Segundo Piaget (1936), o ensino baseado
Essa situação, na opinião dos alunos, são exclusivamente na expressão verbal do professor
elementos que dificultam a aprendizagem. é um elemento que tende a inibir a ação do
A este respeito, Piaget (1936) argumenta que aluno. Considera, porém, este pesquisador, que
o ensino baseado exclusivamente na expressão as aulas expositivas possuem o seu papel no do

Caron, C. R., & Bolsanello, M. A. Imagens da Educação, v. 7, n. 2, p. 54-63, 2017.


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ensino, desde que direcionadas a fornecer Barrows, H. S. (1998). The essentials of


respostas às questões que o aluno a si próprio problem-based learning. Journal of Dental
propõe. Da mesma forma, Kamii (1995), ao Education, 62(9), 630-633.
analisar a questão da autonomia na educação,
utilizando-se dos pressupostos piagetianos, Bligh, J. (1995). Problem-based learning in
afirma que as tradicionais aulas expositivas medicine: an introduction. Postgraduate Medicine
podem ser úteis, desde que não inibam as Journal, 71(836), 323-326.
soluções e repostas produzidas autonomamente
pelo aluno. Cyrino, E. G., & Toralles-Pereira M. L. (2004).
Trabalhando com estratégias de ensino-
Considerações finais aprendizado por descoberta na área da saúde: a
problematização e a aprendizagem baseada em
O método de ensino em pequenos grupos é problemas. Cadernos de Saúde Pública, 20(3), 780-
concebido pelos alunos como facilitador de 788.
maior interação, tanto com o professor quanto
com os colegas durante as aulas, facilitando-lhes Dennick, R. (2016). Constructivism: reflections
a troca de ideias e opiniões por meio do diálogo, on twenty-five years teaching the constructivist
com o consequente enriquecimento do processo approach in medical education. International
de ensino e aprendizagem. Tal fato se demonstra Journal of Medical Education, 7, 200-205.
compatível com a perspectiva do construtivismo
piagetiano sobre as interações sociais. Os alunos Echeverria, M. P. P., & Pozo, J. I. (1998).
consideram que a utilização de casos clínicos é Aprender a resolver problemas e resolver
um elemento de facilitação para a aprendizagem problemas para aprender. In J. I. Pozo (Ed.). A
do raciocínio hipotético-dedutivo, facilitando solução de problemas: aprender a resolver, resolver para
assim a construção do conhecimento, em aprender (pp. 13-42). Porto Alegre: Artes Médicas.
conformidade com a teoria do desenvolvimento
de Jean Piaget. A aprendizagem foi, dessa forma, Goulart, L. M. H. F., Erichsen, E. S.,
facilitada pela adoção de um método Piancastelli, C. H., Ribeiro, C. M. P., &
problematizador de ensino, tendo isto sido Noronha, F. S. M. (2001). Aprendizagem
consequência das diferentes características do baseada em problemas em microbiologia no
método empregado nessa disciplina, quais sejam: curso de medicina da UFMG. Revista Brasileira de
a maior interação existente em sala de aula e a Educação Médica, 25(3), 22-27.
utilização de problemas clínicos que possibilitam
a contextualização do conhecimento. O Holmes, D.B., & Kaufman D. M. (1994).
Aprendizado Baseado em Problemas em sua Tutoring in problem-based learning: a teacher
forma adaptada, tal como demonstrado nesse development process. Medical Education, 28(4),
trabalho, pode ser um método motivador e 275-83.
estimulante tanto para professores como para
alunos, podendo ser aplicado mesmo em um Kamii, C. (1995). A criança e o número. Campinas:
ambiente onde predominem os métodos Papirus.
tradicionais de ensino.
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