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eram encarrados como positivas. Uma vez que estavam construindo uma nova e melhor
forma de organização social, ainda que tenha sido indispensável o uso de violência para
efetua-las.
Bomfim (2008, p.5) afirma “E a Europa, que já não comporta o número de
habitantes, e cuja avidez e ganância mais se acendem à proporção que a população se
engrossa – a Europa não tira os olhos do continente legendário”. Assim, observamos
que a Europa percebe os países da América Latina como uma possivel mão de obra,
local com inúmeras materias primas, como um espaço que pode ser anexo a Europa
onde podem ser encontradas uma série de riquezas e que estas serviram para alimentar
as necessidades deles.
Vemos ainda um carater psicológico dessa manipulação, quando Bomfim (2008)
aponta que a Europa, os Estados Unidos, nos colocam em uma posição semelhante a de
uma criança a qual escuta constantemente que não terá futuro, não terá esperança, e que
por isso para nada servirá. E por meio dessa repetição ocorre a introjeção dessas falas e
passamos a nos considerar um povo, uma nação que é irresponsável, incapaz de se
autogerir. E formando o entendimento de que os países desenvolvidos são superiores a
nós enquanto nação.
Dentro desse prisma surge a questão da soberania nacional, a qual segundo
Bomfim (2008) é anulada quando um país necessita da proteção de outro/s país/es.
Assim sendo, percebemos que a soberania nacional dos países da América Latina é
constantemente posta em cheque. Uma vez que somos vistos como um povo
desorganizado, instável politicamente, somos violentos, pois, fazemos levantes,
revoluções que por vezes duram anos e por conta disso precisamos do gerenciamento
dos países desenvolvidos.
A partir desses apontamentos percebemos que Bomfim (2008) tem por tônica em
seu texto nos orientar a respeito das reais intenções da Europa e dos Estados Unidos no
que diz respeito aos países que compõe a América Latina. Contudo, observamos ainda
que existe também uma compreensão acerca dos problemas dos países latinos, assim,
nos é dito que sim, estamos atrasados em várias questões se comparados aos países
desenvolvidos, é nótorio que temos problemas políticos, sociais, econômicos. Mas,
ainda assim devemos estar atentos aos objetivos das nações que apresentam um discurso
de solidariedade para conosco.
Dentro deesse contexto temos a colaboração de outros autores que estudaram o
funcionamento da América Latina, como o peruano Mariategui (2017), que assim como
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Bomfim (2008) foi um intelectual que teve a oportunidade de conhecer alguns países
europeus, em comum, ambos conheceram e estudaram na França, porém Mariategui se
atentou mais aos estudos na Itália.
O fato é que os dois estudaram sociedades ditas desenvolvidas, e começaram a
fazer um paralelo com a realidade de seus países de origem. Mariategui (2017) estava
interessado em estudar a crise da democracia liberal, o significado do facismo, a
impotância do marxismo para romper com o imperialismo, capitalismo e também o
facismo. Nesse sentido se considerava um marxista, acreditava na ltuta de classes, e na
necesssidade de uma revolução socialista que propusesse a libertação nacional dos
povos explorados.
Mariategui (2017) morreu no período em que no Peru estava explodindo
conflitos sociais que foram acumulados desde o ínicio do século, sendo um impacto
local de crises que estavam acontecendo internacionalmente. Após sua morte suas
contribuições politicas e intelectuais foram esquecidas propositalmente por quase trinta
anos devido a presença das ditaduras militares no Peru.
O mesmo aconteceu com as obras do uruguaio Galeano (1976) que se dedicou a
analisar a história da América Latina, sob as lentes da exploração econômica e da
dominação política, a partir da colonização europeia até o período contemporaneo. Este
autor se interessou em estudar as ditaduras militares, e sendo um intelectual de esquerda
foi excluído da Argentina, Chile, Brasil e Uruguai durante as ditaduras militares que
estavam vigentes nesses países. O intelectual chegou até mesmo a ser preso no Uruguai
e posteriormente foi obrigado a se exilar na Argentina e depois na Espanha.
E ainda dentro dessa conjuntura temos as contribuições de Marini (2017) um
intelectual e ativista de convicção politica marxista que estudou os processos de
dependência e super exploração dos países da América Latina, criando a teoria da
dependência, apontando que esses países se desenvolveram intimamente conectados ao
capitalismo internacional. Visto que os países latinos contribuiram para o crescimento
da economia capitalista com a entrega de matéria prima, mão de obra, para os países
europeus e estadunidenses.
Nesse sentido Galeano (1976) aponta que a relação estabelecida entre Portugal e
sua colônia, o Brasil, era totalmente desigual, visto que o país europeu retirou uma
grande parte da matéria prima brasileira para conseguir se industrializar e respaldar seus
negócioss com a Inglaterra. Uma frase que exemplifia claramente esssa situação é dita
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por Galeno (1976, p.57) em Veias Abertas da América Latina “Não era com vinho que
seriam pagos os tecidos ingleses, mas com ouro, o ouro do Brasil”.
Assim, podemos compreender que a industrialização moderna seria muito
prejudicada se não tivesse o contato com os paises dependentes. A partir disso vem a
tona a super exploração dos países em desenvolvimento, com a presença da mais valia
absoluta e relativa, estando está última relacionada ao aumento de produtividade do
trabalhador gerando uma desvalorização da força de trabalho (MARINI, 2017).
Em contrapartida com essas visões ditas nacionalistas temos a concepção de
Anderson (2008) que traz a ideia de que o nacionalismo pode ser considerado negativo.
Porque quando nos detemos a investigar determinado país e nos sentimos pertencentes a
um só povo, o que é interpretado pelo autor como uma utopia, pois, muitas vezes não
conseguimos sequer ter contato com todas as pessoas de uma mesma nacionalidade, e
ainda assim devemos nos considerar parte desse todo homogêneo, prejudicamos o
desenvolvimento da moderno.
Diante do exposto é observado que vários estudiosos se concentraram em
entender a realidade dos países da América Latina, principalmente quando tiveram a
chance de conhecer a conjuntura a política, social e econômica dos países considerados
desenvolvidos. E através disso puderam refletir sobre a nossa produção de
conhecimento, sobre nossas dificuldades enquanto país, e como somos muitas vezes
inferiorizados injustamente, à medida em que até mesmo os países desenvolvidos
apresentam problemas estruturais. E no caso dos países latinos podemos perceber que
de certo modo isso é até justificavel, já que enfrentamos um processo de exploração de
recursos e mão de obra por parte dos países europeus e pelos Estados Unidos.
E observamos que existem concepções que contrariam o ollhar nacionalista
como o apontado por Anderson (2008) que compreende que quando nos focamos em
analisar nossos problemas enquanto nação, estamos dificultando o avanço do todo, do
nível mundial. E que essa ideia de nacionalidade na realidade pode não existir, já que
estamos lidando com uma ficção, pois, o que entendemos por nacional, ou seja,
conjunto de crenças, homogeneas, cultura, é uma criação, que não existe
necessariamente na realidade.
Referência
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BOMFIM, Manuel. América Latina, males de origem. Rio de Janeiro: Centro
Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008.
GALEANO, Eduardo. As veias abertas da América Latina, São Paulo, Ed. Paz e
Terra, 1976.