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“Identidade nacional brasileira” versus “identidade negra”:

reflexões sobre branqueamento, racismo e construções


identitárias
MARIANA PANTA*
NIKOLAS PALLISSER**

Resumo: O objetivo deste artigo é promover uma revisão teórica acerca da construção da “identidade
nacional brasileira” na transição do século XIX para o século XX - que teve como base a ideologia do
branqueamento – e o seu impacto sobre as construções identitárias da população negra. Busca-se discutir
também, na perspectiva dos movimentos negros contemporâneos, as motivações para a construção de
uma “identidade negra” e seus principais desafios. A análise foi empreendida à luz da bibliografia
significativa sobre o tema, destacando-se as contribuições teóricas de Stuart Hall, acerca da “identidade
cultural”, e Kabengele Munanga, sobre “identidade negra”. Evidencia-se que a mestiçagem, tal como
constituída no pensamento social brasileiro, serviu como etapa transitória para se alcançar o objetivo
maior: o embranquecimento da população do país. Em sua dimensão biológica e cultural, constata-se a
busca infindável pela consolidação de uma sociedade “unirracial” e “unicultural” alinhada ao modelo
hegemônico branco. Dentre as diversas influências que a ideologia do branqueamento exerce na
atualidade, destaca-se a divisão de “negros retintos” e mestiços e a alienação do processo identitário de
ambos, cerceando a construção de uma identidade política mobilizadora em defesa da cidadania plena da
população negra, permanente desafio para os movimentos negros.
Palavras-chave: Identidade Nacional; Identidade Negra; Processos Identitários.
Abstract: The aim of this article is to promote a theoretical review on the construction of the "Brazilian
national identity" in the transition from the nineteenth century to the twentieth century - based on the
bleaching ideology - and its impact on the identity constructions of the black population. It is also
intended to discuss, from the perspective of the contemporary black movements, the motivations for the
construction of a "black identity" and its main challenges. The analysis was undertaken in the light of the
bibliography on the subject, emphasizing Stuart Hall's contributions on "cultural identity" and Kabengele
Munanga on "black identity". It is evident that mestizaje served as a transitional stage to achieve the
greater goal: the whitening of the country's population. In its biological and cultural dimension, one can
see the endless search for the consolidation of a "unirracial" and "unicultural" society aligned with the
white hegemonic model. Among the various influences that the bleaching ideology currently pursues, we
highlight the division of "black retintos" and mestizos and the alienation of the identity process of both,
restricting the construction of a mobilizing political identity in defense of the full citizenship of the black
population, permanent challenge for black movements.
Key words: National Identity; Black Identity; Identity Processes.

*
MARIANA PANTA é doutoranda em Ciências Sociais pela Universidade Estadual Paulista
(UNESP/Marília); pesquisadora do Laboratório de Cultura e Estudos Afro-Brasileiros (LEAFRO/UEL);
Bolsista CAPES.

**
NIKOLAS PALLISSER é mestrando em Sociologia pela Universidade Federal de São
Carlos (UFSCAR); pesquisador do Laboratório de Cultura e Estudos Afro-Brasileiros (LEAFRO/UEL);
Bolsista CNPq.

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Introdução
Ser negro é [...] tomar consciência do processo ideológico que,
através de um discurso mítico acerca de si, engendra uma estrutura
de desconhecimento que o aprisiona numa imagem alienada, na qual
se reconhece. Ser negro é tomar posse dessa consciência e criar uma
nova consciência que reassegure o respeito às diferenças e que
reafirme uma dignidade alheia a qualquer nível de exploração. Assim,
ser negro não é uma condição dada, a priori. É um vir a ser. Ser
negro é tornar-se negro.
Neuza Santos Souza -Tornar-se Negro

Stuart Hall. Imagem extraída do site Independent. Disponível em:


http://www.independent.co.uk/news/obituaries/professor-stuart-hall-sociologist-and-pioneer-in-the-field-of-cultural-
studies-whose-work-explored-9120126.html.

Stuart Hall, em seu livro A Identidade nacionais aparecem como um dos


Cultural na Pós-Modernidade, chama principais alicerces da constituição da
atenção para o fato de que, com o identidade cultural. Como escreve o
advento da modernidade, as culturas teórico pós-colonial, “as identidades

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nacionais não são coisas com as quais “identidade nacional” a partir de
nós nascemos, mas são formadas e referências étnico-raciais.
transformadas no interior da O discurso sobre a “identidade nacional
representação” (HALL, 2006, p. 48-49, brasileira”, produzido por importante
grifo do autor). Mais especificamente, a parcela da elite política e intelectual do
nação é algo que produz sentidos - um
país, de modo mais intenso na primeira
sistema de representação cultural. metade do século XX, profundamente
Partindo desta premissa, uma nação influenciada pelas teorias raciais
seria então uma comunidade simbólica, europeias e norte-americanas, começa a
imaginada, forjada em nível
se estabelecer quando o Brasil deixa de
representacional. ser colônia para se constituir numa
Ao se construírem histórias sobre as nação. A supressão do sistema
nações evidencia-se a busca infindável escravocrata, em 1888, coloca aos
por constituir identidades culturais pensadores do país uma questão
unificadas para representá-las. Hall fundamental: a construção de uma
desconstrói essa ideia de cultura nação e de uma “identidade nacional”.
nacional unificada argumentando, de Esta construção apresentava-se como
modo muito coerente, que uma um desafio frente à nova categoria de
“identidade nacional”1 não pode ser “cidadãos” que surgia: os ex-
única e exclusiva em decorrência das escravizados negros2.
diferenças existentes numa mesma Nesse contexto, o negro foi considerado
nação: raça, etnia e gênero. As nações o principal símbolo de atraso e
são constituídas de diversas culturas que degradação do Brasil, isto é, uma
só são unificadas através de processos ameaça à configuração da nova
de conquista violenta e eliminação sociedade que emergia sucessora da
forçada da diferença cultural. “Cada escravocrata. A solução para esse
conquista subjugou povos conquistados impasse se encontraria numa proposta
e suas culturas, costumes, línguas, eugenista que visava não só o
tradições, e tentou impor uma branqueamento nacional – na sua forma
hegemonia cultural mais unificada” biológica, através da miscigenação –
(HALL, 2006, p. 60). Isso pressupõe mas também o estabelecimento de uma
que a “identidade nacional” seja uma cultura unificada, através da hegemonia
estrutura de poder. O caso do Brasil, cultural em conformidade com os
evidentemente, não escapou a essa
padrões civilizatórios provenientes da
realidade ao tentar constituir uma Europa. Tentou-se absorver membros
de grupos étnico-raciais distintos no
1
Utiliza-se “identidade nacional” entre aspas, segmento étnico-racial socialmente
para enfatizar que essa identidade não significa dominante, buscando-se a
um dado em si da realidade, mas sim se refere a homogeneidade por intermédio da
uma construção social. Se a nação é uma
comunidade simbólica, imaginada, forjada em
miscigenação e da assimilação
nível representacional, como analisa Hall (2006, cultural. Em suma, buscou-se unificar
p. 48-49), pode-se inferir que, no caso diferentes identidades presentes na
específico do Brasil, a construção dessa “identidade nacional”, em construção,
“identidade nacional” foi elaborada por uma
elite política e intelectual brasileira, inserida
2
num contexto específico que, profundamente Para os estudiosos e para o IBGE (Instituto
influenciada pelas teorias raciais europeias e Brasileiro de Geografia e Estatística), a
norte-americanas, buscava forjar uma aparente categoria “negros” representa a somatória de
hegemonia da raça branca sobre todas as outras. pretos e pardos.

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obedecendo-se ao ideário do identidade fixa, mas sim um processo.
branqueamento. O que se almejou foi o Na perspectiva de Hall, poder-se-ia
embranquecimento físico e cultural do dizer que se trata de uma identificação
povo brasileiro e, simultaneamente, a ou de um processo identitário. Para o
extinção do contingente populacional autor, as identidades culturais na pós-
negro3. modernidade são fragmentadas em
Embora este projeto de nação tenha sido função do processo de globalização que
abandonado em meados do século XX, deslocou as estruturas e processos
a ideologia que o influenciou foi centrais das sociedades modernas.
Assim, os quadros de referência, ou as
internalizada pela população brasileira,
acarretando acentuadas repercussões na paisagens culturais, que antes
atualidade, sobretudo no que diz sustentavam o indivíduo no mundo
respeito ao desejo de muitos mestiços social, são deslocadas, fazendo com que
de ingressar na identidade branca, tida, as identidades sejam movidas por
historicamente, como superior. Essa mudanças. Nesse sentido, é
praticamente impossível afirmar que
problemática atuaria então
negativamente sobre a construção de alguém possui uma identidade fixa,
visto que todos passam, no decorrer da
uma identidade política mobilizadora
vida, por uma identificação passível de
em defesa da cidadania plena da
mudança e transformação. Para Hall,
população negra, bem como na sua
toda identidade é móvel e, justamente
marginalização, ou mesmo exclusão,
das esferas mais importantes da vida por isso, ele sugere a utilização da
expressão identificação para o
social.
entendimento das representações que
Nessa perspectiva, o objetivo deste constroem e modificam as culturas, os
artigo é promover uma revisão teórica sujeitos e os espaços (HALL, 2006, p.
acerca da construção da “identidade 39).
nacional brasileira”, tendo como base a
ideologia do branqueamento – Na perspectiva deste trabalho, a
materializada pela mestiçagem – que se “identidade negra” pode ser
manteve como discurso hegemônico compreendida como uma forma de
desde o final do século XIX até meados estabelecer um sentido de
do século XX e o seu impacto sobre as pertencimento ao grupo social negro
construções identitárias da população através de sua história e cultura, com o
negra. Considerando-se a sua acentuada objetivo primordial de mobilizar esta
influência na atualidade, busca-se identidade para fins políticos. De acordo
discutir também, na perspectiva dos com Munanga:
movimentos negros contemporâneos, as
motivações para a construção de uma A identidade é uma realidade
“identidade negra” e seus principais sempre presente em todas as
desafios. sociedades humanas. Qualquer
grupo humano, através do seu
Neste estudo, utiliza-se a noção de sistema axiológico sempre
“identidade negra”, entre aspas, por se selecionou alguns aspectos
reconhecer que esta não é uma pertinentes de sua cultura para
definir-se em contraposição ao
alheio. A definição de si
3
Cf. NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do (autodefinição) e a definição dos
negro brasileiro: processo de um racismo outros (identidade atribuída) têm
mascarado. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978. funções conhecidas: a defesa da

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unidade do grupo, a proteção do âmbito dos estudos sobre relações
território contra inimigos externos, raciais no Brasil e que discute as
as manipulações ideológicas por especificidades do contexto brasileiro
interesses econômicos, políticos, no que diz respeito às identidades
psicológicos, etc.” (MUNANGA, negras.
1994, p. 177-178).
Construindo a “identidade nacional”
Um ponto crucial na obra de Munanga, à luz da ideologia do branqueamento
no que diz respeito à importância da
construção da “identidade negra”, é o A condição social do negro no Brasil
fato dos negros pertencerem a um grupo integra a trajetória do racismo mundial,
social prejudicado devido às perversas que no decorrer da história se
consequências do racismo. Nesse transformou, assumiu diferentes
sentido, no que se refere à identidade configurações, se mostrou multifacetado
atribuída pelo “outro”, a população e multidimensional4. O século XIX foi
negra é marcada por estigmas que marcado pela propagação de teorias
impactam todas as esferas de sua vida racistas que foram utilizadas para
social: trabalho, educação, habitação, legitimar a escravidão, o genocídio e
representatividade, entre outras. A ideia diversas formas de dominação que
que o indivíduo faz de si mesmo, perpassaram toda a história da
porém, revela-se como um processo humanidade. A Ciência, de modo geral,
igualmente complexo, interior e teve um papel fundamental na
exterior, no qual a identidade é hierarquização das Raças.
construída progressivamente, tendo Desde o final do século XIX até meados
como fio condutor as especificidades do século XX, a elite política e
sociais, históricas e culturais de intelectual brasileira esteve
determinado grupo social. profundamente preocupada com a
Nessa perspectiva, este estudo se propõe formação do povo brasileiro. Nesse
a trazer à tona estudiosos período produziram-se discursos
representativos das temáticas abordadas, paradoxais sobre a miscigenação, ora
visando discuti-las e melhor designando-a como vilã contrária ao
compreendê-las. Para pensar a questão progresso nacional e sinônimo de
da “identidade cultural”, de modo geral, degeneração de um povo; ora
focaliza-se a obra “Identidade Cultural aclamando-a como a solução para tornar
na Pós-Modernidade”, de Stuart Hall, a população brasileira mais clara,
devido à notoriedade do autor no campo aproximando-a ao máximo da raça
dos Estudos Culturais contemporâneos. ariana, considerada superior. Mais
Trata-se de uma vertente teórica que tarde, o discurso sobre a miscigenação
contribui amplamente para a discussão assume nova formatação, passando esta
sobre “identidade nacional”, a ser vista como principal mecanismo
globalização, transformações sofridas de um processo que resultaria na
pelas sociedades e pelos sujeitos. Para
pensar a questão da “identidade negra”, 4
Cf. WIEVIORKA, Michel. O Racismo: Uma
em particular, o cerne da discussão introdução. São Paulo: Perspectiva, 2007. Neste
debruça-se, principalmente, sobre a obra livro, o autor analisa as transformações do
“Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil: racismo ao longo dos anos, desde as expressões
clássicas, que se apoiou na ciência, até as
Identidade nacional versus identidade formas contemporâneas, mais associadas à ideia
negra”, do antropólogo Kabengele da diferença e da incompatibilidade das
Munanga, importante referência no culturas.

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democracia racial - um mito - motivo de acreditando assim, na inferioridade das
orgulho nacional num cenário mundial raças não-brancas, principalmente da
repleto de conflitos inter-raciais5. negra, e na degenerescência do mestiço.
Com diferentes enfoques e pontos de “O negro era o componente da raça
vista, a busca de uma identidade étnico- inferior. Na tríade da mestiçagem, o
português, apesar de demonstrar que já
racial para o Brasil tornou-se
preocupação de vários intelectuais, era mestiço, não deixa de ser a raça
desde a Primeira República, entre os superior, aristocrática” (MUNANGA,
mais destacados: Silvio Romero, 2008, p. 56).
Euclides da Cunha, Alberto Torres, Dentre os intelectuais que
Manuel Bonfim, Nina Rodrigues, João disseminavam ideias pessimistas em
Batista de Lacerda, Edgar Roquete relação ao futuro da nação alicerçado na
Pinto, Oliveira Viana, Gilberto Freyre, mestiçagem, destacam-se Nina
entre outros. Todos, de uma forma ou Rodrigues - que considerava negros e
de outra, estavam interessados na índios “espécies incapazes”7 – e
questão da definição do brasileiro como Euclides da Cunha - que considerava o
povo e do Brasil como nação mestiço quase sempre um
(MUNANGA, 2008, p. 48)6. desequilibrado, decaído, sem a energia
Muitos deles, com raras exceções, física dos ancestrais selvagens (negros)
estavam profundamente influenciados e sem a atitude intelectual da raça
pelo determinismo biológico do fim do “superior” (branca)8. Ambos
século XIX e início do século XX, consideravam o mestiço um
degenerado, física e culturalmente.
5
Enquanto alguns intelectuais
O discurso de Gilberto Freyre tornou-se
referência e ideal de relação inter-racial, já que analisavam a mestiçagem com
inspirava a ideia de democracia racial num pessimismo em relação ao futuro da
contexto mundial de guerra no qual o racismo nação, outros enxergavam nela a
foi um componente intrínsico fundamental das possibilidade de diluir as três raças
batalhas ideológicas, militares e civis. Cf. (branca, negra e índia) e suas
FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala.
Rio de Janeiro: Record, 2000. Embora a
respectivas culturas, o que acarretaria a
expressão “democracia racial” não tenha sido homogeneização do povo brasileiro.
criada por Gilberto Freyre, seu livro estabeleceu Silvio Romero, por exemplo, acreditava
as bases para consolidação da ideia de um na predominância biológica e cultural
padrão supostamente harmônico das interações branca e na extinção dos não-brancos.
raciais no país. A hipótese de democracia racial
passa a criticada e refutada com alguns estudos Para ele, a mestiçagem seria uma etapa
desenvolvidos no âmbito do Projeto UNESCO, transitória que levaria a uma nação
sobre as relações raciais no Brasil e, com mais brasileira imaginariamente branca9.
veemência, por Florestan Fernandes em estudos Oliveira Viana (1922, p. 281), que
subsequentes. Para Fernandes, a democracia retrata o mestiço negativamente em
racial brasileira não passa de um mito. Cf.
FERNANDES, Florestan. Significado do
diversas ocasiões, também salientava
Protesto Negro. São Paulo, Cortez, 1989. que este (o mestiço) representaria um
6
Kabengele Munanga revisita e discute as
7
principais ideias disseminadas pelos intelectuais Cf. RODRIGUES, Nina. As raças humanas e
mencionados, no capítulo intitulado: A a responsabilidade penal no Brasil. Salvador:
mestiçagem no pensamento brasileiro (p. 47- Livraria Progresso Editora, 1957.
8
78). Cf. MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo Cf. CUNHA, Euclides da. Os sertões. Rio de
a Mestiçagem no Brasil: identidade nacional Janeiro, Francisco Alves, 1938.
9
versus identidade negra. Belo Horizonte, Cf. ROMERO, Silvio. História da literatura
Autêntica, 2008. brasileira. São Paulo, Cultrix, 1975.

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estágio no caminho da “arianização10”. e assustadoramente feia" (RAEDERS,
Nota-se que o darwinismo social 1988, p. 96).
influenciava amplamente suas reflexões.
João Batista de Lacerda, médico e
Um dos recursos utilizados para o cientista brasileiro, delegado latino-
embranquecimento da nação brasileira americano no Primeiro Congresso
foi à miscigenação seletiva, estimulada Universal das Raças, em Londres, 1911,
através das políticas de povoamento e declarou que em 2012 a raça negra
imigração europeia – subsidiadas pelo desapareceria por completo no Brasil:
Estado brasileiro - partindo-se da “Em virtude desse processo de redução
concepção de que o sangue branco étnica, é lógico esperar que no curso de
purificava, diluía e aniquilava o sangue mais um século os mestiços tenham
negro, considerado infectado e desaparecido do Brasil. Isto coincidirá
geneticamente inferior. O processo de com a extinção paralela da raça negra
branqueamento nacional apoiou-se no em nosso meio” (NASCIMENTO,
estupro da mulher negra pelo homem 1978, p. 72).
branco, dando origem aos produtos de
sangue misto. O tipo miscigenado, No âmbito político, cabe ressaltar que
atualmente definido como pardo ou Getúlio Vargas assinou, em 18 de
“mulato”, estabeleceu o primeiro degrau setembro de 1945, quase no fim do seu
na escada da branquificação do povo governo ditatorial, o Decreto-Lei nº
brasileiro (NASCIMENTO, 1978, p. 7967, que regulava a entrada de
69). imigrantes no Brasil de acordo com “a
necessidade de preservar e desenvolver
Em convergência com a ideologia do na composição étnica da população, as
branqueamento, através da orientação características mais convenientes da sua
da política imigratória como ascendência europeia”
instrumento básico para embranquecer o (NASCIMENTO, 1978, p. 71).
país, Arthur Gobineau, escritor francês
que permaneceu no Brasil durante Contrariando o discurso científico
quinze meses em missão oficial, predominante naquele contexto, no qual
declarou que o Brasil necessitava se disseminava a ideia de inferioridade
“fortalecer-se com a ajuda dos valores racial dos povos mestiços, situa-se
mais altos das raças europeias”. Ele Manoel Bonfim, intelectual, pensador e
esperava que dentro de dois séculos a intérprete do processo de formação do
raça negra não mais existisse povo brasileiro. Sua relevância incide
(NASCIMENTO, 1978, p. 70). sobre a sua originalidade, no
Gobineau descreveu a situação racial distanciamento do pensamento corrente
que observou no país da seguinte forma: entre os interlocutores da época, ao
"Trata-se de uma população totalmente defender, desde o início do século XX,
mulata, viciada no sangue e no espírito que a nação brasileira, multirracial, não
era inferior, como muitos estudiosos
afirmavam, mas sim foi inferiorizada.
10
O conceito de arianização, empregado por Segundo Bonfim, o resultado prático
Oliveira Viana refere-se ao aumento numérico, das teorias das raças inferiores foi
no Brasil, da população branca “pura”, ofuscar todas as noções de justiça a
proveniente da corrente migratória europeia e ponto de inúmeros intelectuais
do melhoramento da população brasileira pelo
processo de mestiçagem, que faria com que, a
consagrados proclamarem com
cada geração o sangue negro e indígena fosse convicção o emprego da força bruta e
diminuído. da opressão como suprema sabedoria. A

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partir desses princípios das teorias Efeitos da ideologia do
oficiais da Europa e dos Estados Unidos branqueamento na atualidade e
que povos indígenas e negros foram impacto sobre as identidades negras
declarados inferiores: Após a descrição do processo histórico
(...) vão os “superiores” aos países acerca da formação da identidade
onde existem esses “povos nacional e toda problemática que
inferiores”, organizam-lhes a vida envolve o processo identitário da
conforme as suas tradições – deles população negra do contexto precedente
superiores; instituem-se em classes ao atual, a questão que fica é: Como o
dirigentes e obrigam os inferiores a sujeito negro é colocado em relação as
trabalhar para sustentá-las; e se suas identidades culturais na atualidade?
estes o não quiserem, então que os Em vista de todas as mudanças
matem e eliminem de qualquer ocorridas – hibridismo cultural,
forma, a fim de ficar a terra para os globalização, entre outras –
superiores (...). Tal é em síntese, a
considerando-se tempo e espaço, poder-
teoria das raças inferiores
(BONFIM, 1996, p. 270). se-ia pensar que a ideologia do
branqueamento, que foi abandonada
Como analisa Munanga (2008), como projeto de nação em meados do
juntamente com Manuel Bonfim, século XX, ainda faz parte do cotidiano
Alberto Torres constitui o pensamento da sociedade brasileira, influenciando as
divergente das doutrinas de seu tempo. construções identitárias?
Para Alberto Guerreiro Ramos, que
Com o enfraquecimento da Alemanha buscou analisar o negro focalizando a
nazista na Segunda Guerra Mundial questão pelo ângulo psicológico11, na
(1939-1945), o eugenismo estava década de 1950, a “superioridade” da
destinado ao “esquecimento”, por ser cultura ocidental mediante as culturas
associado à ideia de intolerância e não-europeias acarreta nessas últimas,
violência, já que a eugenia nazista manifestações patológicas. “O desejo de
propagou a ideologia de pureza racial ser branco afeta, fortemente os nativos
culminando no holocausto (DIWAN, governados por europeus. Entre negros,
2007, p. 121). Além disso, o R. R. Moton registrou o emprego do
silenciamento da história da eugenia no termo <<branco>> como designativo de
Brasil deve-se ao constrangimento excelência e o hábito de dizer-se um
nacional pelo fato de ilustres homem bom que tem um coração
intelectuais e cientistas brasileiros <<branco>>” (RAMOS, 1957, p. 152).
proclamarem com convicção esses Este seria então um dos efeitos da
ideais, como suprema sabedoria.
Contudo, esse esquecimento não 11
Para Guerreiro Ramos, o problema do negro é
significa que suas ideias tenham essencialmente psicológico e secundariamente
desaparecido, ao contrário, essas teorias econômico. Diz o autor: “a condição dos negros
apresentam acentuadas repercussões na no Brasil só é sociologicamente problemática
em decorrência da alienação estética do próprio
atualidade. negro e da hipercorreção estética do branco
brasileiro, ávido de identificação com o
europeu”. Nessa lógica de pensamento, o autor
descortina então o “problema do negro”, tal
como é tratado até então pela sociologia
brasileira e, de outro lado, um “problema do
negro”, tal como é efetivamente vivido
(RAMOS, 1957, p. 157).

123
ideologia do branqueamento. Guerreiro qualquer outra definição próxima da
Ramos descreve esse processo como ideologia dominante12.
desvio existencial, observável nos Como analisa Stuart Hall, “na história
Estados Unidos, no Brasil e em moderna, as culturas nacionais têm
qualquer parte do mundo em que as dominado a ‘modernidade’ e as
populações estivessem sendo
identidades nacionais tendem a se
europeizadas. Nesse processo, o negro sobrepor a outras fontes, mais
tende a negar-se como negro, bem como particularistas, de identificação cultural”
demonstra fortes indícios de desejo de (HALL, 2006, p. 67). Contudo, o
ter outra cor de pele.
próprio autor ressalta que a identidade
cultural nacional tem sido deslocada,
desde o final do século XX, sobretudo
A análise de Guerreiro Ramos reflete em decorrência da globalização. Ao
amplamente a obra Pele Negra, contrário do sujeito do Iluminismo,
Máscaras Brancas, escrita pelo visto como possuidor de uma identidade
intelectual Frantz Fanon, nos anos 40, fixa e estável, o sujeito pós-moderno
do século XX, e publicada em 1952, caracteriza-se por sua identidade aberta,
que compartilha a ideia de que a cultura contraditória, fragmentada, inacabada
europeia (opressora e inferiorizante) (HALL, 2006, p. 46). Ainda assim, no
impôs ao negro um desvio existencial contexto brasileiro, evidencia-se que as
(FANON, 2008). Em seu livro, Fanon bases fundadoras da identidade nacional
denuncia um sério problema observado continuam a influenciar a identidade
na maioria dos estudiosos que cultural de significativa parcela da
examinam questões relacionadas aos
negros, afirmando que, ao invés de
12
estudarem os problemas enfrentados Aqui cabe lembrar que a classificação racial
pelos negros, as próprias pessoas negras no Brasil é de marca (fenótipo) e não de origem
(genótipo), como nos Estados Unidos. Sendo
passam a ser vistas como o problema. assim, o mestiço que fenotipicamente apresenta
Foi justamente essa uma das características brancas poderá ser considerado
importantes críticas de Guerreiro Ramos branco. De acordo com Bastide (in: BASTIDE e
à sociologia brasileira. FERNANDES, 1959, p. 188), a cor age como
estigma social e como símbolo de status social
inferior. Dessa forma, quanto mais o negro se
aproxima do branco pelos traços do rosto, nariz
Embora Guerreiro Ramos e Frantz afilado, cabelos lisos, lábios finos, maiores as
Fanon sejam muito coerentes em seus suas possibilidades de ser aceito, no caso
específico do Brasil. O autor utiliza como
escritos e sirvam como referencial para exemplo os Estados Unidos, onde existe uma
análise da realidade social do negro, é definição sociológica do negro, pois o indivíduo
preciso considerar que essas produções que tiver “uma gota” de sangue negro é negro.
situam-se na década de 1950. No que se Já no Brasil esta definição não existe.
refere ao engendramento da ideologia Compreende-se nessas condições que, de
maneira geral, o mestiço é mais aceito do que o
do branqueamento, seus escritos negro retinto e há indícios de que os obstáculos
permaneceriam atuais? Ao que tudo diminuem à medida que a cor da pele clareia.
indica, sim. No Brasil, percebe-se que Em suma, quanto mais evidentes forem os
os efeitos causados pela ideologia do traços que caracterizem o indivíduo como
branqueamento persistem na atualidade, negro, sobretudo a cor da pele, maiores serão as
barreiras para sua aceitação e ascensão na
sobretudo ao depararem-se com sociedade brasileira. Cf: NOGUEIRA, Oracy.
indivíduos visivelmente negros que se Preconceito de marca: as relações raciais em
identificam como brancos ou recorrem a Itapetininga. São Paulo: EDUSP, 1998.

124
população. Sugere-se assim, que a constituição dessa identidade coletiva
ideologia do branqueamento continua a negra, não haverá no Brasil uma
fazer parte do imaginário social, verdadeira consciência de luta. Nessa
impactando significativamente o perspectiva, o ponto crucial das
processo de construção identitária da dificuldades encontradas pelos
população negra. movimentos negros para a construção
de uma “identidade negra” -
Desafios para construção de uma
fundamental para a mobilização coletiva
“identidade negra” no Brasil
desse grupo social - não está no seu
Munanga (2008, p. 84-85) mostra que, discurso, nem em sua organização.
diferentemente dos Estados Unidos, Como escreve Munanga, a maior
onde não existe pessoa intermediária no dificuldade está:
esquema biológico (ou é preto, ou é
[...] nos fundamentos da ideologia
branco), a maioria da população racial elaborada a partir do fim do
brasileira vive numa “zona vaga século XIX e meados do século XX
flutuante” na qual se constata pela elite brasileira. Essa ideologia,
fortemente o desejo de se passar por caracterizada, entre outros pelo
branco, o que enfraquece o sentimento ideário do branqueamento, roubou
de solidariedade com os negros dos movimentos negros o ditado ‘a
indisfarçáveis. união faz a força’ ao dividir negros
e mestiços e ao alienar o processo
No que se referem aos movimentos de identidade de ambos
negros contemporâneos, estes buscam (MUNANGA, 2008, p. 15).
construir uma “identidade negra” a
partir das particularidades desse grupo Deste modo, o autor reabre a discussão
social. “Essa identidade passa pela sua sobre os fundamentos dessa ideologia,
cor, ou seja, pela recuperação de sua em seu conteúdo simbólico e político,
negritude física e cultural” dentro do contexto atual, que não
(MUNANGA, 2008, p. 14). No entanto, reivindica uma cultura unificada ou uma
apesar do longo processo de identidade homogênea, mas sim
mobilização do povo negro no Brasil, os defende as identidades diversificadas.
movimentos negros ainda não Este é um ponto fundamental. Os
conseguiram mobilizar todas as suas movimentos negros contemporâneos
bases populares e introjetar-lhes o lutam para a construção de uma
sentimento de uma identidade sociedade plural e de identidades
coletiva13. Para Munanga, sem a plurais.
O ideário do branqueamento mina,
13
ainda hoje, a construção identitária
Nesse contexto, a identidade coletiva refere-
se ao resultado do processo de identificação
com determinado grupo social/racial. A noção
de identidade coletiva, no âmbito da discussão
sobre “identidade negra” está relacionada ao Indica traços culturais que se expressam através
processo de construção identitária a partir das de práticas linguísticas, festivas, rituais,
relações sociais, nas quais os indivíduos se comportamentos alimentares, tradições
unem com base em elementos comuns que populares e referências civilizatórias que
podem resultar num sentido de pertença a marcam a condição humana” (GOMES, 2005, p.
determinado grupo. Como analisa Gomes: “A 41). A identidade individual, porém, pode ser
identidade não é algo inato. Ela se refere a um contraditória, visto que um indivíduo pode ter
modo de ser no mundo e com os outros. É um múltiplas identidades (social, étnico-racial, de
fator importante na criação das redes de relações gênero, etc.) que, consequentemente, podem lhe
e de referências culturais dos grupos sociais. impor perspectivas distintas.

125
baseada na negritude14, visto que muitos Considerações finais
mestiços tendem a assumir uma
Ao se discutirem e analisarem os
identidade branca, isto é, há uma imensa
dificuldade em mobilizar pretos e principais fundamentos da construção
da identidade nacional brasileira,
mestiços em torno de uma única
estruturada sobre o ideário do
“identidade negra”. É preciso
branqueamento, por intermédio da
considerar, porém, que nos últimos anos
mestiçagem, conclui-se que esta
têm sido forte a tendência em se
ideologia, amplamente difundida entre o
contestar a identidade nacional por tanto
final do século XIX até meados do
tempo estabelecida, reivindicando-se o
século XX, permanece intensamente
reconhecimento de identidades plurais,
viva na atualidade, acarretando
da alteridade e da diversidade cultural.
profundas desvantagens à população
Nesse movimento, as hierarquias
culturais são postas em questão. negra, sobretudo no que diz respeito a
seu processo de construção de uma
identidade política coletiva.
14
Na década de 1950, muitos intelectuais, No que se refere à importância de
poetas, romancistas, etnólogos, filósofos, construir uma “identidade negra”, os
historiadores, artistas, entre outros pensadores
negros, passaram a discutir amplamente sobre a
movimentos negros contemporâneos,
questão da construção da “identidade negra”. nascidos a partir da década de 1970,
Buscava-se a valorização da cultura africana, entre várias outras demandas, lutam
afirmando-se o valor dessas culturas e pela reconstrução de sua identidade
rejeitando a assimilação cultural, que tanto racial e cultural, que sirvam como base
havia sufocado a sua personalidade. Esse
processo implicou na restituição da África no
para suas mobilizações políticas.
imaginário social, estratégia esta que incluiu a Influenciados pelos movimentos negros
re-identificação com as culturas de origem, norte-americanos, levantam uma
reverenciando-as com orgulho. Dentre os nomes bandeira de luta de um antirracismo
mais representativos nesse processo, cabe diferencialista, baseado no respeito às
ressaltar: Aimé Césaire, Léopold Sédar Senghor
e Cheikl Anta Diop. De uma forma ou de outra,
diferenças. Esse processo identitário
todos eles trabalharam acerca do conceito de poderia contribuir amplamente para
negritude, resultado do contexto colonial. O desencadear o processo de mobilização
conceito agrupa uma série de definições em política do povo negro. Mas, para isso, é
áreas de conhecimento distintas e que mudam preciso desconstruir o ideário do
conforme a dinâmica do mundo negro no tempo
e espaço. De modo geral, a negritude traz a ideia
branqueamento que marcou
de recusa ao embranquecimento cultural e de profundamente o imaginário coletivo e
retorno as suas raízes. Seus objetivos continua a permear as relações sociais.
fundamentais, conforme Munanga (1986: 44),
era a afirmação e a reabilitação da identidade Compreende-se a chamada “identidade
cultural, da personalidade própria dos povos negra” no Brasil, como um processo
negros. E foi por meio da problemática da identitário peculiar, no qual o sujeito
negritude que Munanga, ao longo de diversos torna-se negro. Sua história perpassa
trabalhos, buscou compreender as dificuldades
que os negros encontravam e ainda encontram
pelo sequestro de seu povo, pela
para canalizar sua identidade cultural. captura, pela violência, por uma
“Aceitando-se, o negro afirma-se cultural, identificação deturpada de sua
moral, física e psiquicamente. Ele se reivindica autoimagem, distinguindo-se
com paixão, a mesma paixão que o fazia veementemente da história dos
admirar e assimilar o branco. Ele assumirá a cor
negada e verá nela traços de beleza e de feiura
migrantes europeus, que, por um motivo
como qualquer ser humano “normal” ou por outro (conjuntura econômica,
(MUNANGA, 1986, p. 32). histórica, etc.) decidiram sair de seus

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países de origem e migrar para o Brasil MUNANGA, Kabengele. Identidade, cidadania
em busca de melhores condições de e democracia: algumas reflexões sobre os
discursos anti-racistas no Brasil. In: SPINK,
vida. Embora esses povos, muito Mary Jane Paris (Org.) A cidadania em
provavelmente, tenham sofrido em construção: uma reflexão transdisciplinar. São
decorrência de diversas rupturas, a cor Paulo: Cortez, 1994.
de sua pele jamais foi objeto de MUNANGA, Kabengele. Negritude: usos e
representações negativas. Em sentidos. São Paulo: Editora Ática, 1986.
contrapartida, historicamente, ao negro MUNANGA, Kabengele. Rediscutindo a
foi atribuída uma identidade negativa, Mestiçagem no Brasil: identidade nacional
introjetada e assimilada pelas próprias versus identidade negra. Belo Horizonte,
vítimas do racismo. Conclui-se assim, Autêntica, 2008.
que tornar-se negro é um árduo NASCIMENTO, Abdias. O genocídio do negro
processo identitário. Trata-se de uma brasileiro: processo de um racismo mascarado.
identidade de resistência que está Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.
sempre em construção. Afirmar-se NOGUEIRA, Oracy. Preconceito de marca: as
negro é também um posicionamento relações raciais em Itapetininga. São Paulo:
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