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PSICONEUROIMUNOLOGIA

INE EAD – INSTITUTO NACIONAL DE ENSINO


PSICONEUROIMUNOLOGIA

SUMÁRIO

Introdução .............................................................................................................. 2

1.Sistema Imune................................................................................................... 4

2. Sistema Nervoso Central (SNC) e Sistema Imune (SI) ................................ 5

3. Stress e Sistema Imune ................................................................................. 7

4.O Sistema Nervoso .......................................................................................... 9

4.1. O Sistema Nervoso Central ........................................................................ 9

4.2.O Telencéfalo ............................................................................................ 11

4.3. O Diencéfalo (Tálamo e Hipotálamo) ....................................................... 13

4.4.O Tronco Encefálico .................................................................................. 15

4.5.O Cerebelo ................................................................................................ 16

4.6.Algumas Estruturas do Encéfalo e Suas Funções .................................... 16

4.7.O Sistema Nervoso Periférico ................................................................... 20

4.8.O Álcool E Os Neurotransmissores ........................................................... 31

4.9.Depressão, Ansiedade E Neurotransmissores .......................................... 32

4.10. Os Atos Reflexos.................................................................................... 33

5.Sistema Endócrino ........................................................................................ 34

5.1.Alguns dos Principais Órgãos Produtores de Hormônios ..................... 35

5.1.1.Hipófise ou Pituitária .............................................................................. 36

5.1.2.Hipotálamo ............................................................................................. 38

5.1.3.Tireóide .................................................................................................. 41

5.1.4.Paratireóides .......................................................................................... 41

5.1.5.As Glândulas Endócrinas E O Cálcio ..................................................... 42


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5.1.6.Adrenais Ou Supra-Renais .................................................................... 42

5.1.7.Pâncreas ................................................................................................ 43

6. Sistema Imunológico ................................................................................... 44

6.1.Propriedades Do Sistema Imune............................................................... 48

6.2. Resposta Específica ................................................................................. 49

7. Sistema Linfático .......................................................................................... 53

7. Estresse......................................................................................................... 57

7.1Definição Estresse ..................................................................................... 60

7.2. O Estresse na Vida Moderna ................................................................... 62

7.4.Fatores Estressantes ................................................................................ 66

7.5. A Força dos Estressores .......................................................................... 70

7.6.Efeitos Pessoais dos Estressores ............................................................. 71

7.7.Tipos e Origens dos Estressores .............................................................. 73

7.8. Estresse e Imunidade ............................................................................... 74

8. Cérebro e Violência ...................................................................................... 79

9. Sistema Límbico: O Centro das Emoções.................................................. 82

9.1.O Cérebro e a Regulação Emocional ........................................................ 90

9.2.O Impacto Do (Bom) Humor Sobre O Estresse E A Saúde ...................... 91

9.3. Estresse, Adaptação e Risos ................................................................... 94

10. O Sono e o Sistema Nervoso ..................................................................... 96

11. Considerações finais ............................................................................... 101

12. Bibliografia ................................................................................................ 102

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INTRODUÇÃO

Entender sobre Ciência da Religião é entender sobre o ser humano, sobre seus
sentimentos, suas dores, o ambiente em que convive e suas emoções. Diante disso, é
importante que façamos um estudo sobre os alguns dos sistemas como o nervoso,
endócrino e imune e suas interrelações nos diferentes tipos de emoção e nos estados
alterados de consciência, durante o sono.

O conceito de uma interrelação entre sistema imune e fatores psicológicos tem


sido traçado ao longo da história. Escritos básicos de medicina indiana que datam de
dois mil anos atrás já contavam com conceitos de imunidade natural e adquirida. Esses
escritos enfocam o tratamento e recuperação através de um equilíbrio das forças vitais
e por uma reintegração com o meio ambiente.

Marques e Michellini (2000) fizeram um estudo nesta área e verificou que, por
volta do século II, Galen escreveu que mulheres melancólicas são mais suscetíveis
para câncer de mama do que mulheres otimistas. Propondo, assim, a ideia de uma
relação entre temperamento e doença.

Verificaram também que, em 1902, na maratona de Boston foi usado um


experimento em exercícios físico excessivo para demonstrar leococitose (stress
imunológico) pós-exercícios. Dezessete anos depois, 1919, foi feita a primeira
observação científica da possível relação entre distúrbios emocionais e resistência do
hospedeiro, publicada por Ishigami.

O mais significativo desenvolvimento dessa área ocorreu em 1950, com a


publicação de Alexander, propondo que fatores psicológicos causavam ou
predispunham para vários estados patológicos. Este pensamento influenciou muitas
pesquisas posteriores para a compreensão da função dos fatores emocionais no
câncer, infecções e doenças autoimunes.

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Outro marco histórico foi em 1951, George Day, do British Phthisiologist, citou a
tristeza como sendo a causa da baixa resistência em pacientes com tuberculose
pulmonar ativa crônica. Estudos realizados na década de 60-70 demonstraram que
parâmetros entre funções de imunidade celular e humoral tendem para ser
significativamente deprimidos em animais submetidos a um stress emocional
comparados com animais não estressados. Bartrop e colaboradores (1977) examinou o
efeito do stress resultando de esposo(a) com doenças terminais e encontrou que esse
stress reflete na imunocompetência de linfócitos T . Semelhantes pesquisas
relacionando stress com sistema imune foram realizadas por Greene e colaboradores
(1978), Dorian e colaboradores (1980), Palmblad e colaboradores (1981) e Monjan
(1981).

E as autoras (Marques e Michellini (2000) ) também verificaram que, em 1981


Ader marcou o início de uma nova abordagem multidisciplinar com seu artigo entitulado
"psychoneuroimmunology" (psiconeuroimunologia).

No campo interdisciplinar, de psiconeuroimunologia, o estudo das interações


entre comportamento, sistema neuronal e endócrino e processo imune de adaptação,
existe a pouco mais de dez anos. Durante essa década passada crescentes evidências
têm sustentado a hipótese do papel ativo de fatores psicológicos na saúde e no
desenvolvimento da doença. Stress, luto, distúrbios afetivos e esquizofrenia estão
sendo reportados para uma associação com alterações imune.

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1.SISTEMA IMUNE

O sistema imune é uma complexa máquina de sobrevivência que determina a


distinção entre o próprio e o não próprio.

A reação imune é ativada em resposta a exposição para antígenos externos,


num esforço para manter a homeostase corporal (ou equilíbrio orgânico).

As respostas imunes são categorizadas em não específicas (neutrófilos, e


reações inflamatórias) ou específicas (humoral, mediada por anticorpos, e imunidade
mediada por células ).

Funções imune não específicas são atribuídas para células fagocíticas


(neutrófilos, monócitos e macrófagos) e sistema imune do complemento (conjunto de
proteínas no sangue), essas também chamadas de imunidade natural, não têm
memória.

Tratando-se da resposta imune específica, a imunidade humoral refere-se à


interação do antígeno com o anticorpo e a imunidade mediada por células consiste na
ação direta do linfócito com antígenos.

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2. SISTEMA NERVOSO CENTRAL (SNC) E SISTEMA IMUNE (SI)

A existência de uma íntima relação entre o cérebro e o sistema imune tem sido
demonstrada com base em resultado de numerosos estudos. Mediadores autônomos
específicos, neuroendócrinos e neuropeptídios formam a base biológica deste inter-
relacionamento, como tem sido extensamente demonstrado.

Recentemente a visão de que a interação entre o cérebro e o sistema imune é


bidirecional tem sido preferida àquela onde a direção da comunicação é exclusivamente
do cérebro para o sistema imune (SI), com uma variedade de estudos mostrando que o
SI é apto para enviar mensagens para o Sistema Nervoso Central (SNC) e influenciar
suas funções.

Pesquisas recentes também têm estabelecido que órgãos linfóides, primário e


secundário, são inervados. A estimulação ou o bloqueio de determinadas áreas do
cérebro influenciam na resposta imune e, vice-versa, a produção de anticorpos é
acompanhada por mudanças químicas e elétricas no cérebro. Linfócitos são capazes
de responder a neurotransmissores e sinais neuroendócrinos com demonstrável
propriedade imunomoduladora e, vice-versa; linfócitos ativados podem liberar fatores
neuroendócrinos e citoquinas, os quais são sinais moleculares capazes de ser
percebidos pelo sistema nervoso; também fatores comportamentais, principalmente
condicionamento clássico pavloviano e stress podem influenciar a reação imunológica
e, vice-versa, o estado imunológico do organismo tem consequências no
comportamento.

Esta relação entre sistema nervoso central e sistema imune tem sido investigada
usando dois diferentes enfoques:

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1o - A modulação ou regulação da função imune investigada através de uma


seletiva estimulação ou lesão de áreas específicas do cérebro.

2o - Investigação de aspectos funcionais de uma forma mais específica através


de estudos de condicionamento da resposta imune.

Trabalhos estudando condicionamento mostraram que a resposta imune pode


ser condicionada segundo o modelo clássico de condicionamento.

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3. STRESS E SISTEMA IMUNE

Temos evidência de que a forma de perceber o stress e lidar com fatores


estressantes é individual e as diferentes percepções de stress têm diferentes
conseqüências psicológicas; diferentes caminhos para lidar com o stress resulta em
diferentes conseqüências na imunidade. A diferença individual na resposta para
perturbações reflete uma disposição individual no estilo de reagir.

A estrutura fundamental e comportamental que faz a diferença individual é


primeiramente emocional e não cognitiva.

Essa estrutura individual é congruente com a construção do temperamento. Uma


definição original de temperamento foi caracterizada por nove fatores: ritmo, humor,
atividade, adaptabilidade, distratibilidade, persistência, limiar, intensidade e enfoque.
Três adicionais fatores baseados nos nove originais tem sido sugerido: aversão a
comida, inibição e sociabilização.

Também devemos considerar que eventuais alterações no sistema imune não


são isoladas, mas pertencem a um contexto de complexas e articuladas modificações
do organismo exposto ao stress. Estas modificações não são somente
neuroendócrinas, mas também autônoma, muscular, comportamental e ambiental.

A medula óssea e órgãos linfóides, incluindo o timo, baço e linfonodos, recebem


uma densa rede de fibras do sistema nervoso autônomo. Igualmente em outros órgãos
viscerais, essas fibras contêm noradrenalina e neuropeptídios assim como substância P
e peptídio intestinal vasoativo. Fibras do nervo simpático entram nos órgãos linfóides
viajando pelos vasos sanguíneos e vão diretamente para o parênquima, terminando
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junto as células do sistema imune. Isso implica que a composição química do


microambiente em que as células imunes se submetem a proliferação, diferenciação e
maturação é dependente da atividade do sistema nervoso autônomo. Células imunes
levam receptores de membrana para um número de neurotransmissores. Estes
receptores são similares àqueles localizados na membrana de células nervosas e sua
ativação tem conseqüências funcionais.

A crescente sofisticação nos métodos usados para estudar o impacto do stress e


de fatores emocionais na imunidade e os mecanismos que são envolvidos nestes
efeitos deixa intacta a questão do significado fisiológico nas mudanças observadas.

Estudos clínicos e experimentais demonstram amplamente que estressores, em


laboratório e natural, tem profunda influencia na resposta imune.

Kiecolt-Glaser e colaboradores (apud Marques e Michellini (2000)), mostraram


que estudantes que ficaram de exame tiveram uma significativa diminuição na atividade
de células NK. A mais severa depressão de atividades de NK foi apresentada ligada a
um alto nível de stress sobre a vida.

Segundo as autoras Marques e Michellini (2000) , é evidente que a forma de


responder ao stress, assim como, outras diferenças comportamentais são importantes
variáveis que influenciam o grau de imunossupresão induzida pelo stress. Se essa
resposta diferenciada subentende uma predisposição para o desenvolvimento de
doenças mais severas é uma questão interessante deve ser investigada.

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4. O SISTEMA NERVOSO

O Sistema Nervoso é formado pelo Sistema Nervoso Central (SNC) e o Sistema


Nervoso Periférico (SNP).

O Sistema Nervoso Central recebe, analisa e integra informações. É o local onde


ocorre a tomada de decisões e o envio de ordens. O Sistema Nervoso Periférico
carrega informações dos órgãos sensoriais para o Sistema Nervoso Central e do
Sistema Nervoso Central para os órgãos efetores (músculos e glândulas).

4.1. O Sistema Nervoso Central

O SNC divide-se em encéfalo e medula. O encéfalo corresponde ao telencéfalo


(hemisférios cerebrais), diencéfalo (tálamo e hipotálamo), cerebelo, e tronco cefálico,
que se divide em: bulbo, situado caudalmente; mesencéfalo, situado cranialmente; e
ponte, situada entre ambos.

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No SNC, existem as chamadas substâncias cinzenta e branca. A substância


cinzenta é formada pelos corpos dos neurônios e a branca, por seus prolongamentos.
Com exceção do bulbo e da medula, a substância cinzenta ocorre mais externamente e
a substância branca, mais internamente.

Os órgãos do SNC são protegidos por estruturas esqueléticas (caixa craniana,


protegendo o encéfalo; e coluna vertebral, protegendo a medula - também denominada
raque) e por membranas denominadas meninges, situadas sob a proteção esquelética:
dura-máter (a externa), aracnóide (a do meio) e pia-máter (a interna). Entre as
meninges aracnóide e pia-máter há um espaço preenchido por um líquido denominado
líquido cefalorraquidiano ou líquor.

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Fonte: McCRONE, JOHN. Como o cérebro funciona. Série Mais Ciência. São
Paulo, Publifolha, 2002.

4.2. O Telencéfalo

O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa


aproximadamente 1,4 kg. O telencéfalo ou cérebro é dividido em dois hemisférios
cerebrais bastante desenvolvidos. Nestes, situam-se as sedes da memória e dos
nervos sensitivos e motores. Entre os hemisférios, estão os ventrículos cerebrais
(ventrículos laterais e terceiro ventrículo); contamos ainda com um quarto ventrículo,
localizado mais abaixo, ao nível do tronco encefálico. São reservatórios do líquido
céfalo-raquidiano, (líqüor), participando na nutrição, proteção e excreção do sistema
nervoso.

Em seu desenvolvimento, o córtex ganha diversos sulcos para permitir que o


cérebro esteja suficientemente compacto para caber na calota craniana, que não
acompanha o seu crescimento. Por isso, no cérebro adulto, apenas 1/3 de sua
superfície fica "exposta", o restante permanece por entre os sulcos.

Fonte: McCRONE, JOHN. Como o cérebro funciona. Série Mais Ciência. São
Paulo, Publifolha, 2002.

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O córtex cerebral está dividido em mais de quarenta áreas funcionalmente


distintas, sendo a maioria pertencente ao chamado neocórtex.

Fonte: McCRONE, JOHN. Como o cérebro funciona. Série Mais Ciência. São
Paulo, Publifolha, 2002.

Cada uma das áreas do córtex cerebral controla uma atividade específica.

1. hipocampo: região do córtex que está dobrada sobre si e possui apenas


três camadas celulares; localiza-se medialmente ao ventrículo lateral.
2. córtex olfativo: localizado ventral e lateralmente ao hipocampo; apresenta
duas ou três camadas celulares.
3. neocórtex: córtex mais complexo; separa-se do córtex olfativo mediante
um sulco chamado fissura rinal; apresenta muitas camadas celulares e várias áreas
sensoriais e motoras. As áreas motoras estão intimamente envolvidas com o controle
do movimento voluntário.
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Fonte: McCRONE, JOHN. Como o cérebro funciona. Série Mais Ciência. São
Paulo, Publifolha, 2002.

4.3. O Diencéfalo (Tálamo e Hipotálamo)

Todas as mensagens sensoriais, com exceção das provenientes dos receptores


do olfato, passam pelo tálamo antes de atingir o córtex cerebral. Esta é uma região de
substância cinzenta localizada entre o tronco encefálico e o cérebro. O tálamo atua
como estação retransmissora de impulsos nervosos para o córtex cerebral. Ele é
responsável pela condução dos impulsos às regiões apropriadas do cérebro onde eles
devem ser processados. O tálamo também está relacionado com alterações no
comportamento emocional; que decorre, não só da própria atividade, mas também de
conexões com outras estruturas do sistema límbico (que regula as emoções).

O hipotálamo, também constituído por substância cinzenta, é o principal centro


integrador das atividades dos órgãos viscerais, sendo um dos principais responsáveis
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pela homeostase corporal. Ele faz ligação entre o sistema nervoso e o sistema
endócrino, atuando na ativação de diversas glândulas endócrinas. É o hipotálamo que
controla a temperatura corporal, regula o apetite e o balanço de água no corpo, o sono
e está envolvido na emoção e no comportamento sexual. Tem amplas conexões com as
demais áreas do prosencéfalo e com o mesencéfalo. Aceita-se que o hipotálamo
desempenha, ainda, um papel nas emoções. Especificamente, as partes laterais
parecem envolvidas com o prazer e a raiva, enquanto que a porção mediana parece
mais ligada à aversão, ao desprazer e à tendência ao riso (gargalhada) incontrolável.
De um modo geral, contudo, a participação do hipotálamo é menor na gênese
(“criação”) do que na expressão (manifestações sintomáticas) dos estados emocionais.

Fonte: ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora.


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4.4. O Tronco Encefálico

O tronco encefálico interpõe-se entre a medula e o diencéfalo, situando-se


ventralmente ao cerebelo. Possui três funções gerais; (1) recebe informações sensitivas
de estruturas cranianas e controla os músculos da cabeça; (2) contém circuitos
nervosos que transmitem informações da medula espinhal até outras regiões
encefálicas e, em direção contrária, do encéfalo para a medula espinhal (lado esquerdo
do cérebro controla os movimentos do lado direito do corpo; lado direito de cérebro
controla os movimentos do lado esquerdo do corpo); (3) regula a atenção, função esta
que é mediada pela formação reticular (agregação mais ou menos difusa de neurônios
de tamanhos e tipos diferentes, separados por uma rede de fibras nervosas que ocupa
a parte central do tronco encefálico). Além destas 3 funções gerais, as várias divisões
do tronco encefálico desempenham funções motoras e sensitivas específicas.

Fonte: ATLAS INTERATIVO DE ANATOMIA HUMANA. Artmed Editora.

Na constituição do tronco encefálico entram corpos de neurônios que se


agrupam em núcleos e fibras nervosas, que, por sua vez, se agrupam em feixes
denominados tractos, fascículos ou lemniscos. Estes elementos da estrutura interna do
tronco encefálico podem estar relacionados com relevos ou depressões de sua

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superfície. Muitos dos núcleos do tronco encefálico recebem ou emitem fibras nervosas
que entram na constituição dos nervos cranianos. Dos 12 pares de nervos cranianos,
10 fazem conexão no tronco encefálico.

4.5. O Cerebelo

Situado atrás do cérebro está o cerebelo, que é primariamente um centro para o


controle dos movimentos iniciados pelo córtex motor (possui extensivas conexões com
o cérebro e a medula espinhal). Como o cérebro, também está dividido em dois
hemisférios. Porém, ao contrário dos hemisférios cerebrais, o lado esquerdo do
cerebelo está relacionado com os movimentos do lado esquerdo do corpo, enquanto o
lado direito, com os movimentos do lado direito do corpo.

O cerebelo recebe informações do córtex motor e dos gânglios basais de todos


os estímulos enviados aos músculos. A partir das informações do córtex motor sobre os
movimentos musculares que pretende executar e de informações proprioceptivas que
recebe diretamente do corpo (articulações, músculos, áreas de pressão do corpo,
aparelho vestibular e olhos), avalia o movimento realmente executado. Após a
comparação entre desempenho e aquilo que se teve em vista realizar, estímulos
corretivos são enviados de volta ao córtex para que o desempenho real seja igual ao
pretendido. Dessa forma, o cerebelo relaciona-se com os ajustes dos movimentos,
equilíbrio, postura e tônus muscular.

4.6. Algumas Estruturas do Encéfalo e Suas Funções

Córtex Cerebral:

A palavra córtex vem do latim para "casca". Isto porque o córtex é a camada
mais externa do cérebro. A espessura do córtex cerebral varia de 2 a 6 mm. O lado
esquerdo e direito do córtex cerebral são ligados por um feixe grosso de fibras nervosas
chamado de corpo caloso. Os lobos são as principais divisões físicas do córtex
cerebral. O lobo frontal é responsável pelo planejamento consciente e pelo controle

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motor. O lobo temporal tem centros importantes de memória e audição. O lobo parietal
lida com os sentidos corporal e espacial. o lobo occipital direciona a visão.

Funções do Córtex Cerebral: Pensamento, Movimento Voluntário, Linguagem,


Julgamento, Percepção.

Cerebelo:

A palavra cerebelo vem do latim para "pequeno cérebro”. O cerebelo fica


localizado ao lado do tronco encefálico. É parecido com o córtex cerebral em alguns
aspectos: o cerebelo é dividido em hemisférios e tem um córtex que recobre estes
hemisférios.

Funções do Cerebelo: Movimento, Equilíbrio, Postura, Tônus muscular.

Tronco Encefálico:

O Tronco Encefálico é uma área do encéfalo que fica entre o tálamo e a medula
espinhal. Possui várias estruturas como o bulbo, o mesencéfalo e a ponte. Algumas
destas áreas são responsáveis pelas funções básicas para a manutenção da vida como
a respiração, o batimento cardíaco e a pressão arterial.

Bulbo: recebe informações de vários órgãos do corpo, controlando as funções


autônomas (a chamada vida vegetativa): batimento cardíaco, respiração, pressão do
sangue, reflexos de salivação, tosse, espirro e o ato de engolir.

Ponte: Participa de algumas atividades do bulbo, interferindo no controle da


respiração, além de ser um centro de transmissão de impulsos para o cerebelo.

Serve ainda de passagem para as fibras nervosas que ligam o cérebro à medula.

Funções do Tronco Encefálico: Respiração, Ritmo dos batimentos cardíacos,


Pressão Arterial
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Mesencéfalo:

Funções do Mesencéfalo: Visão, Audição, Movimento dos Olhos, Movimento do


corpo

Tálamo:

O tálamo recebe informações sensoriais do corpo e as passa para o córtex


cerebral. O córtex cerebral envia informações motoras para o tálamo que
posteriormente são distribuídas pelo corpo. Participa, juntamente com o tronco
encefálico, do sistema reticular, que é encarregado de “filtrar” mensagens que se
dirigem às partes conscientes do cérebro.

Funções do Tálamo: Integração Sensorial, Integração MotoraSistema Límbico:

O Sistema Límbico é um grupo de estruturas que inclui hipotálamo, tálamo,


amígdala, hipocampo, os corpos mamilares e o giro do cíngulo. Todas estas áreas são
muito importantes para a emoção e reações emocionais. O hipocampo também é
importante para a memória e o aprendizado.Funções do Sistema Límbico:
Comportamento Emocional, Memória, Aprendizado, Emoções, Vida vegetativa
(digestão, circulação, excreção etc.).

A Medula Espinhal

Nossa medula espinhal tem a forma de um cordão com aproximadamente 40 cm


de comprimento. Ocupa o canal vertebral, desde a região do atlas - primeira vértebra -
até o nível da segunda vértebra lombar. A medula funciona como centro nervoso de
atos involuntários e, também, como veículo condutor de impulsos nervosos.

Da medula partem 31 pares de nervos raquidianos que se ramificam. Por meio


dessa rede de nervos, a medula se conecta com as várias partes do corpo, recebendo
mensagens e vários pontos e enviando-as para o cérebro e recebendo mensagens do

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cérebro e transmitindo-as para as várias partes do corpo. A medula possui dois


sistemas de neurônios: o sistema descendente controla funções motoras dos músculos,
regula funções como pressão e temperatura e transporta sinais originados no cérebro
até seu destino; o sistema ascendente transporta sinais sensoriais das extremidades do
corpo até a medula e de lá para o cérebro.

Fonte: AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de


Biologia. São Paulo, Ed. Moderna, 2001. vol. 2.

Os corpos celulares dos neurônios se concentram no cerne da medula – na


massa cinzenta. Os axônios ascendentes e descendentes, na área adjacente – a
massa branca. As duas regiões também abrigam células da Glia. Dessa forma, na
medula espinhal a massa cinzenta localiza-se internamente e a massa branca,
externamente (o contrário do que se observa no encéfalo).

Fonte: AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de Biologia.


São Paulo, Ed. Moderna, 2001. vol. 2.
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Durante uma fratura ou deslocamento da coluna, as vértebras que normalmente


protegem a medula podem matar ou danificar as células. Teoricamente, se o dano for
confinado à massa cinzenta, os distúrbios musculares e sensoriais poderão estar
apenas nos tecidos que recebem e mandam sinais aos neurônios “residentes” no nível
da fratura. Por exemplo, se a massa cinzenta do segmento da medula onde os nervos
rotulados C8 for lesada, o paciente só sofrerá paralisia das mãos, sem perder a
capacidade de andar ou o controle sobre as funções intestinais e urinárias. Nesse caso,
os axônios levando sinais para “cima e para baixo” através da área branca adjacente
continuariam trabalhando. Em comparação, se a área branca for lesada, o trânsito dos
sinais será interrompido até o ponto da fratura.

Infelizmente, a lesão original é só o começo. Os danos mecânicos promovem


rompimento de pequenos vasos sangüíneos, impedindo a entrega de oxigênio e
nutrientes para as células não afetadas diretamente, que acabam morrendo; as células
lesadas extravasam componentes citoplasmáticos e tóxicos, que afetam células
vizinhas, antes intactas; células do sistema imunológico iniciam um quadro inflamatório
no local da lesão; células da Glia proliferam criando grumos e uma espécie de cicatriz,
que impedem os axônios lesados de crescerem e reconectarem.

O vírus da poliomielite causa lesões na raiz ventral dos nervos espinhais, o que
leva à paralisia e atrofia dos músculos.

4.7. O Sistema Nervoso Periférico

O sistema nervoso periférico é formado por nervos encarregados de fazer as


ligações entre o sistema nervoso central e o corpo. NERVO é a reunião de várias fibras
nervosas, que podem ser formadas de axônios ou de dendritos.

As fibras nervosas, formadas pelos prolongamentos dos neurônios (dendritos ou


axônios) e seus envoltórios, organizam-se em feixes. Cada feixe forma um nervo. Cada
fibra nervosa é envolvida por uma camada conjuntiva denominada endoneuro. Cada
feixe é envolvido por uma bainha conjuntiva denominada perineuro. Vários feixes

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agrupados paralelamente formam um nervo. O nervo também é envolvido por uma


bainha de tecido conjuntivo chamada epineuro. Em nosso corpo existe um número
muito grande de nervos. Seu conjunto forma a rede nervosa.

Fonte: AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de


Biologia. São Paulo, Ed. Moderna, 2001. vol. 2.

Os nervos que levam informações da periferia do corpo para o SNC são os


nervos sensoriais (nervos aferentes ou nervos sensitivos), que são formados por
prolongamentos de neurônios sensoriais (centrípetos). Aqueles que transmitem
impulsos do SNC para os músculos ou glândulas são nervos motores ou eferentes,
feixe de axônios de neurônios motores (centrífugos).

Existem ainda os nervos mistos, formados por axônios de neurônios sensoriais e


por neurônios motores.

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Fonte: AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de


Biologia. São Paulo, Ed. Moderna, 2001. vol. 2.

Quando partem do encéfalo, os nervos são chamados de cranianos; quando


partem da medula espinhal denominam-se raquidianos.

Do encéfalo partem doze pares de nervos cranianos. Três deles são


exclusivamente sensoriais, cinco são motores e os quatro restantes são mistos.

I-OLFATÓRIO (sensitivo): Percepção do olfato

II-ÓPTICO (sensitivo): Percepção visual

III-OCULOMOTOR (motor): Controle da movimentação do globo ocular, da pupila


e do cristalino

IV-TROCLEAR (motor): Controle da movimentação do globo ocular.

V-TRIGÊMEO (misto): Controle dos movimentos da mastigação (ramo motor);


Percepções sensoriais da face, seios da face e dentes (ramo sensorial).

VI-ABDUCENTE (motor): Controle da movimentação do globo ocular.

VII-FACIAL (misto): Controle dos músculos faciais – mímica facial (ramo motor);
Percepção gustativa no terço anterior da língua (ramo sensorial).

VIII-VESTÍBULO-COCLEAR (sensitivo): Percepção postural originária do labirinto


(ramo vestibular); Percepção auditiva (ramo coclear).
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IX-GLOSSOFARÍNGEO (mista): Percepção gustativa no terço posterior da


língua, percepções sensoriais da faringe, laringe e palato.

X-VAGO(misto): Percepções sensoriais da orelha, faringe, laringe, tórax e


vísceras. Inervação das vísceras torácicas e abdominais.

XI-ACESSÓRIO(motor): Controle motor da faringe, laringe, palato, dos músculos


esternoclidomastóideo e trapézio.

XII-HIPOGLOSSO (motor): Controle dos músculos da faringe, da laringe e da


língua

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Fonte: AMABIS, José Mariano; MARTHO, Gilberto Rodrigues. Conceitos de Biologia.


São Paulo, Ed. Moderna, 2001. vol. 2.

Os 31 pares de nervos raquidianos que saem da medula relacionam-se com os


músculos esqueléticos. Eles se formam a partir de duas raízes que saem lateralmente
da medula: a raiz posterior ou dorsal, que é sensitiva, e a raiz anterior ou ventral, que é
motora. Essas raízes se unem logo após saírem da medula. Desse modo, os nervos
raquidianos são todos mistos. Os corpos dos neurônios que formam as fibras sensitivas
dos nervos sensitivos situam-se próximo à medula, porém fora dela, reunindo-se em
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estruturas especiais chamadas gânglios espinhais. Os corpos celulares dos neurônios


que formam as fibras motoras localizam-se na medula. De acordo com as regiões da
coluna vertebral, os 31 pares de nervos raquidianos distribuem-se da seguinte forma:

 oito pares de nervos cervicais;


 doze pares de nervos dorsais;
 cinco pares de nervos lombares;
 seis pares de nervos sagrados ou sacrais.

Fonte: LOPES, SÔNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002.

O conjunto de nervos cranianos e raquidianos forma o sistema nervoso


periférico.

Com base na sua estrutura e função, o sistema nervoso periférico pode ainda
subdividir-se em duas partes: o sistema nervoso somático e o sistema nervoso
autônomo ou de vida vegetativa.

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As ações voluntárias resultam da contração de músculos estriados esqueléticos,


que estão sob o controle do sistema nervoso periférico voluntário ou somático. Já as
ações involuntárias resultam da contração das musculaturas lisa e cardíaca,
controladas pelo sistema nervoso periférico autônomo, também chamado involuntário
ou visceral.

O SNP Voluntário ou Somático tem por função reagir a estímulos provenientes


do ambiente externo. Ele é constituído por fibras motoras que conduzem impulsos do
sistema nervoso central aos músculos esqueléticos. O corpo celular de uma fibra
motora do SNP voluntário fica localizado dentro do SNC e o axônio vai diretamente do
encéfalo ou da medula até o órgão que inerva.

O SNP Autônomo ou Visceral, como o próprio nome diz, funciona


independentemente de nossa vontade e tem por função regular o ambiente interno do
corpo, controlando a atividade dos sistemas digestório, cardiovascular, excretor e
endócrino. Ele contém fibras nervosas que conduzem impulsos do sistema nervoso
central aos músculos lisos das vísceras e à musculatura do coração. Um nervo motor
do SNP autônomo difere de um nervo motor do SNP voluntário pelo fato de conter dois
tipos de neurônios, um neurônio pré-ganglionar e outro pós-ganglionar. O corpo celular
do neurônio pré-ganglionar fica localizado dentro do SNC e seu axônio vai até um
gânglio, onde o impulso nervoso é transmitido sinapticamente ao neurônio pós-
ganglionar. O corpo celular do neurônio pós-ganglionar fica no interior do gânglio
nervoso e seu axônio conduz o estímulo nervoso até o órgão efetuador, que pode ser
um músculo liso ou cardíaco.

O sistema nervoso autônomo compõe-se de três partes:

 Dois ramos nervosos situados ao lado da coluna vertebral. Esses ramos


são formados por pequenas dilatações denominadas gânglios, num total de 23 pares.
 Um conjunto de nervos que liga os gânglios nervosos aos diversos órgãos
de nutrição, como o estômago, o coração e os pulmões.

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 Um conjunto de nervos comunicantes que ligam os gânglios aos nervos


raquidianos, fazendo com que os sistema autônomo não seja totalmente independente
do sistema nervoso cefalorraquidiano.

Fonte: LOPES, SÔNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002.

O sistema nervoso autônomo divide-se em sistema nervoso simpático e sistema


nervoso parassimpático. De modo geral, esses dois sistemas têm funções contrárias
(antagônicas). Um corrige os excessos do outro. Por exemplo, se o sistema simpático
acelera demasiadamente as batidas do coração, o sistema parassimpático entra em
ação, diminuindo o ritmo cardíaco. Se o sistema simpático acelera o trabalho do
estômago e dos intestinos, o parassimpático entra em ação para diminuir as contrações
desses órgãos.

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O SNP autônomo simpático, de modo geral, estimula ações que mobilizam


energia, permitindo ao organismo responder a situações de estresse. Por exemplo, o
sistema simpático é responsável pela aceleração dos batimentos cardíacos, pelo
aumento da pressão arterial, da concentração de açúcar no sangue e pela ativação do
metabolismo geral do corpo.

Já o SNP autônomo parassimpático estimula principalmente atividades


relaxantes, como as reduções do ritmo cardíaco e da pressão arterial, entre outras.

Uma das principais diferenças entre os nervos simpáticos e parassimpáticos é


que as fibras pós-ganglionares dos dois sistemas normalmente secretam diferentes
hormônios. O hormônio secretado pelos neurônios pós-ganglionares do sistema
nervoso parassimpáticoé a acetilcolina, razão pela qual esses neurônios são chamados
colinérgicos.

Os neurônios pós-ganglionares do sistema nervoso simpático secretam


principalmente noradrenalina, razão por que a maioria deles é chamada neurônios
adrenérgicos. As fibras adrenérgicas ligam o sistema nervoso central à glândula supra-
renal, promovendo aumento da secreção de adrenalina, hormônio que produz a
resposta de "luta ou fuga" em situações de stress.

A acetilcolina e a noradrenalina têm a capacidade de excitar alguns órgãos e


inibir outros, de maneira antagônica.

Efeito da estimulação Efeito da estimulação


Órgão
simpática parassimpática
Olho: pupila Dilatada Contraída

Músculo ciliar nenhum Excitado


Glândulas
vasoconstrição Estimulação de secreção
gastrointestinais

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Glândulas sudoríparas sudação Nenhum

Coração: músculo
Atividade aumentada Diminuição da atividade
(miocárdio)
Vasodilatação Constrição
Coronárias
Vasos sanguíneos
sistêmicos:
Constrição Nenhum
Abdominal
Dilatação Nenhum
Músculo
Constrição ou dilatação Nenhum
Pele
Pulmões: brônquios Dilatação Constrição

Vasos sangüíneos Constrição moderada Nenhum


Diminuição do tônus e da Aumento do tônus e do
Tubo digestivo: luz
peristalse peristaltismo
Esfíncteres
Aumento do tônus Diminuição do tônus
Fígado Liberação de glicose Nenhum
Diminuição da produção
Rim Nenhum
de urina
Bexiga: corpo Inibição Excitação

Esfíncter Excitação Inibição


Ato sexual masculino Ejaculação Ereção

Glicose sangüínea Aumento Nenhum

Metabolismo basal Aumento em até 50% Nenhum

Atividade mental Aumento Nenhum


Secreção da medula
Aumento Nenhum
supra-renal(adrenalina)

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Em geral, quando os centros simpáticos cerebrais se tornam excitados,


estimulam, simultaneamente, quase todos os nervos simpáticos, preparando o corpo
para a atividade.

Fonte: LOPES, SÔNIA. Bio 2.São Paulo, Ed. Saraiva, 2002.

Além do mecanismo da descarga em massa do sistema simpático, algumas


condições fisiológicas podem estimular partes localizadas desse sistema. Duas das
condições são as seguintes:

 Reflexos calóricos: o calor aplicado à pele determina um reflexo que passa


através da medula espinhal e volta a ela, dilatando os vasos sangüíneos cutâneos.
Também o aquecimento do sangue que passa através do centro de controle térmico do
hipotálamo aumenta o grau de vasodilatação superficial, sem alterar os vasos
profundos.
 Exercícios: durante o exercício físico, o metabolismo aumentado nos
músculos tem um efeito local de dilatação dos vasos sangüíneos musculares; porém,
ao mesmo tempo, o sistema simpático tem efeito vasoconstritor para a maioria das
outras regiões do corpo. A vasodilatação muscular permite que o sangue flua facilmente

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através dos músculos, enquanto a vasoconstrição diminui o fluxo sangüíneo em todas


as regiões do corpo, exceto no coração e no cérebro.

Nas junções neuro-musculares, tanto nos gânglios do SNPA simpático como nos
do parassimpático, ocorrem sinapses químicas entre os neurônios pré-ganglionares e
pós-ganglionares. Nos dois casos, a substância neurotransmissora é a acetilcolina.
Esse mediador químico atua nas dobras da membrana, aumentando a sua
permeabilidade aos íons sódio, que passa para o interior da fibra, despolarizando essa
área da membrana do músculo. Essa despolarização local promove um potencial de
ação que é conduzido em ambas as direções ao longo da fibra, determinando uma
contração muscular. Quase imediatamente após ter a acetilcolina estimulado a fibra
muscular, ela é destruída, o que permite a despolarização da membrana.

4.8. O Álcool E Os Neurotransmissores


O etanol afeta diversos
neurotransmissores no cerébro, entre eles o
ácido gama-aminobutirico (GABA). Existem dois
tipos de receptores deste neurotransmissor: os
GABA-alfa e os GABA-beta, dos quais apenas o
primeiro é estimulado pelo álcool, o que resulta
numa diminuição de sensibilidade para outros
estímulos.

O resultado é um efeito muito mais inibitório no cérebro, levando ao relaxamento


e sedação do organismo. Diversas partes do cérebro são afetadas pelo efeito sedativo
do álcool tais como aquelas responsáveis pelo movimento, memória, julgamento,
respiração, etc.

O sistema glutamatérgico, que utiliza glutamato como neurotransmissor, também


parece desempenhar papel relevante nas alterações nervosas promovidas pelo etanol,
pois o álcool também altera a ação sináptica do glutamato no cérebro, promovendo
diminuição da sensibilidade aos estímulos.
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4.9. Depressão, Ansiedade E Neurotransmissores

A ação terapêutica das drogas antidepressivas tem lugar no Sistema Límbico, o


principal centro cerebral das emoções. Este efeito terapêutico é conseqüência de um
aumento funcional dos neurotransmissores na fenda sináptica, principalmente da
noradrenalina, da serotonina e/ou da dopamina, bem como alteração no número e
sensibilidade dos neuroreceptores. O aumento de neurotransmissores na fenda
sináptica pode se dar através do bloqueio da recaptação desses neurotransmissores no
neurônio pré-sináptico ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase, enzima
responsável pela inativação destes neurotransmissores.

A vontade de comer doces e a sensação de já estar satisfeito com o que comeu


dependem de uma região cerebral localizada no hipotálamo. Com taxas normais de
serotonina a pessoa sente-se satisfeita com mais facilidade e tem maior controle na
vontade de comer doce.

Havendo diminuição da serotonina, como ocorre na depressão, a pessoa pode


ter uma tendência ao ganho de peso. É por isso que medicamentos que aumentam a
serotonina estão sendo cada vez mais utilizados nas dietas para perda de peso.

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4.10. Os Atos Reflexos

Os atos reflexos ou simplesmente reflexos são respostas automáticas,


involuntárias a um estímulo sensorial. O estímulo chega ao órgão receptor, é enviado à
medula através de neurônios sensitivos ou aferentes (chegam pela raiz dorsal). Na
medula, neurônios associativos recebem a informação e emitem uma ordem de ação
através dos neurônios motores (saem da medula através da raiz ventral). Os neurônios
motores ou eferentes chegam ao órgão efetor que realizará uma resposta ao estímulo
inicial. Esse caminho seguido pelo impulso nervoso e que permite a execução de um
ato reflexo é chamado arco reflexo.

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5. SISTEMA ENDÓCRINO

Dá-se o nome de sistema endócrino ao conjunto de órgãos que apresentam


como atividade característica a produção de secreções denominadas hormônios, que
são lançados na corrente sangüínea e irão atuar em outra parte do organismo,
controlando ou auxiliando o controle de sua função. Os órgãos que têm sua função
controlada e/ou regulada pelos hormônios são denominados órgãos-alvo.

Constituição dos órgãos do sistema endócrino

Os tecidos epiteliais de secreção ou epitélios


glandulares formam as glândulas, que podem ser uni ou
pluricelulares. As glândulas pluricelulares não são apenas
aglomerados de células que desempenham as mesmas

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funções básicas e têm a mesma morfologia geral e origem


embrionária - o que caracteriza um tecido. São na verdade
órgãos definidos com arquitetura ordenada. Elas estão
envolvidas por uma cápsula conjuntiva que emite septos,
dividindo-as em lobos. Vasos sangüíneos e nervos penetram
nas glândulas, fornecendo alimento e estímulo nervoso para
as suas funções.

Os hormônios influenciam praticamente todas as funções dos demais sistemas


corporais. Freqüentemente o sistema endócrino interage com o sistema nervoso,
formando mecanismos reguladores bastante precisos. O sistema nervoso pode fornecer
ao endócrino a informação sobre o meio externo, ao passo que o sistema endócrino
regula a resposta interna do organismo a esta informação. Dessa forma, o sistema
endócrino, juntamente com o sistema nervoso, atuam na coordenação e regulação das
funções corporais.

5.1.Alguns dos Principais Órgãos Produtores de Hormônios

Alguns dos principais órgãos produtores de hormônios no homem são a hipófise,


o hipotálamo, a tireóide, as paratireóides, as supra-renais, o pâncreas e as gônadas.

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5.1.1.Hipófise ou Pituitária

Fonte: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica.


Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997.

Situa-se na base do encéfalo, em uma cavidade do osso esfenóide chamada tela


túrcica. Nos seres humanos tem o tamanho aproximado de um grão de ervilha e possui
duas partes: o lobo anterior (ou adeno-hipófise) e o lobo posterior (ou neuro-hipófise).

Fonte: AVANCINI & FAVARETTO. Biologia – Uma abordagem evolutiva e ecológica.


Vol. 2. São Paulo, Ed. Moderna, 1997.
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Além de exercerem efeitos sobre órgãos não-endócrinos, alguns hormônios,


produzidos pela hipófise são denominados trópicos (ou tróficos) porque atuam sobre
outras glândulas endócrinas, comandando a secreção de outros hormônios. São eles:

 Tireotrópicos: atuam sobre a glândula endócrina tireóide.


 Adrenocorticotrópicos: atuam sobre o córtex da glândula endócrina
adrenal (supra-renal)
 Gonadotrópicos: atuam sobre as gônadas masculinas e femininas.
 Somatotrófico: atua no crescimento, promovendo o alongamento dos
ossos e estimulando a síntese de proteínas e o desenvolvimento da massa muscular.
Também aumenta a utilização de gorduras e inibe a captação de glicose plasmática
pelas células, aumentando a concentração de glicose no sangue (inibe a produção de
insulina pelo pâncreas, predispondo ao diabetes).

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Fonte: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002

5.1.2.Hipotálamo
Localizado no cérebro diretamente
acima da hipófise, é conhecido por exercer
controle sobre ela por meios de conexões
neurais e substâncias semelhantes a
hormônios chamados fatores
desencadeadores (ou de liberação), o
meio pelo qual o sistema nervoso controla
o comportamento sexual via sistema
endócrino.

O hipotálamo estimula a glândula hipófise a liberar os hormônios gonadotróficos


(FSH e LH), que atuam sobre as gônadas, estimulando a liberação de hormônios
gonadais na corrente sanguínea. Na mulher a glândula-alvo do hormônio gonadotrófico
é o ovário; no homem, são os testículos. Os hormônios gonadais são detectados pela
pituitária e pelo hipotálamo, inibindo a liberação de mais hormônio pituitário, por
feedback.

Como a hipófise secreta hormônios que controlam outras glândulas e está


subordinada, por sua vez, ao sistema nervoso, pode-se dizer que o sistema endócrino é
subordinado ao nervoso e que o hipotálamo é o mediador entre esses dois sistemas.

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Fonte: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002

Fonte: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002

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Fonte: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002

O hipotálamo também produz outros fatores de liberação que atuam sobre a


adeno-hipófise, estimulando ou inibindo suas secreções. Produz também os hormônios
ocitocina e ADH (antidiurético), armazenados e secretados pela neuro-hipófise.

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5.1.3.Tireóide

Localiza-se no pescoço, estando apoiada sobre as cartilagens da laringe


e da traquéia. Seus dois hormônios, triiodotironina (T3) etiroxina (T4),
aumentam a velocidade dos processos de oxidação e de liberação de energia
nas células do corpo, elevando a taxa metabólica e a geração de calor.
Estimulam ainda a produção de RNA e a síntese de proteínas, estando
relacionados ao crescimento, maturação e desenvolvimento. A calcitonina,
outro hormônio secretado pela tireóide, participa do controle da concentração
sangüínea de cálcio, inibindo a remoção do cálcio dos ossos e a saída dele
para o plasma sangüíneo, estimulando sua incorporação pelos ossos.

Fonte: CÉSAR & CEZAR. Biologia 2. São Paulo, Ed Saraiva, 2002

5.1.4.Paratireóides

São pequenas glândulas, geralmente em número de quatro, localizadas


na região posterior da tireóide. Secretam o paratormônio, que estimula a
remoção de cálcio da matriz óssea (o qual passa para o plasma sangüíneo), a
absorção de cálcio dos alimentos pelo intestino e a reabsorção de cálcio pelos
túbulos renais, aumentando a concentração de cálcio no sangue. Neste
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contexto, o cálcio é importante na contração muscular, na coagulação


sangüínea e na excitabilidade das células nervosas.

5.1.5.As Glândulas Endócrinas E O Cálcio

Fonte: AMABIS & MARTHO. Conceitos de Biologia Volume 2. São Paulo,


Editora Moderna, 2001.

5.1.6.Adrenais Ou Supra-Renais
São duas glândulas
localizadas sobre os rins,
divididas em duas partes
independentes – medula e
córtex - secretoras de
hormônios diferentes,
comportando-se como duas
glândulas. O córtex secreta três
tipos de hormônios: os
glicocorticóides, os
mineralocorticóides e os
androgênicos.

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5.1.7.Pâncreas

É uma glândula mista ou anfícrina – apresenta determinadas regiões


endócrinas e determinadas regiões exócrinas (da porção secretora partem
dutos que lançam as secreções para o interior da cavidade intestinal) ao
mesmo tempo. As chamadas ilhotas de Langerhans são a porção endócrina,
onde estão as células que secretam os dois hormônios: insulina e glucagon,
que atuam no metabolismo da glicose.

Fonte: AMABIS & MARTHO. Conceitos de Biologia Volume 2. São Paulo,


Editora Moderna, 2001.

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6. SISTEMA IMUNOLÓGICO

O sistema imunológico ou sistema imune é de grande eficiência no


combate a microorganismos invasores. Mas não é só isso; ele também é
responsável pela “limpeza” do organismo, ou seja, a retirada de células mortas,
a renovação de determinadas estruturas, rejeição de enxertos, e memória
imunológica. Também é ativo contra células alteradas, que diariamente surgem
no nosso corpo, como resultado de mitoses anormais. Essas células, se não
forem destruídas, podem dar origem a tumores.

Células do sistema imune são altamente organizadas como um exército.


Cada tipo de célula age de acordo com sua função. Algumas são encarregadas
de receber ou enviar mensagens de ataque, ou mensagens de supressão
(inibição), outras apresentam o “inimigo” ao exército do sistema imune, outras
só atacam para matar, outras constroem substâncias que neutralizam os
“inimigos” ou neutralizam substâncias liberadas pelos “inimigos”.

Além dos leucócitos, também fazem parte do sistema imune as células


do sistema mononuclear fagocitário, (SMF) antigamente conhecido por sistema
retículo-endotelial e mastócitos. As primeiras são especializadas em fagocitose
e apresentação do antígeno ao exército do sistema imune. São elas:
macrófagos alveolares (nos pulmões), micróglia (no tecido nervoso), células de
Kuppfer (no fígado) e macrófagos em geral.

Os mastócitos são células do tecido conjuntivo, originadas a partir de


células mesenquimatosas (células de grande potência de diferenciação que
dão origem às células do tecido conjuntivo). Possuem citoplasma rico em
grânulos basófilos (coram-se por corantes básicos). Sua principal função é
armazenar potentes mediadores químicos da inflamação, como a histamina,
heparina, ECF-A (fator quimiotáxico – de atração- dos eosinófilos) e fatores
quimiotáxicos (de atração) dos neutrófilos. Elas participam de reações alérgicas
(de hipersensibilidade), atraindo os leucócitos até o local e proporcionando uma
vasodilatação.

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O nosso organismo possui mecanismos de defesa que podem ser


diferenciados quanto a sua especificidade, ou seja, existem os específicos
contra o antígeno ("corpo estranho") e os inespecíficos que protegem o corpo
de qualquer material ou microorganismo estranho, sem que este seja
específico.

O organismo possui barreiras naturais que são obviamente


inespecíficas, como a da pele (queratina, lipídios e ácidos graxos), a saliva, o
ácido clorídrico do estômago, o pH da vagina, a cera do ouvido externo, muco
presente nas mucosas e no trato respiratório, cílios do epitélio respiratório,
peristaltismo, flora normal, entre outros.

Se as barreiras físicas, químicas e biológicas do corpo forem vencidas, o


combate ao agente infeccioso entra em outra fase. Nos tecidos, existem células
que liberam substâncias vasoativas, capazes de provocar dilatação das
arteríolas da região, com aumento da permeabilidade e saída de líquido. Isso
causa vermelhidão, inchaço, aumento da temperatura e dor, conjunto de
alterações conhecido como inflamação. Essas substâncias atraem mais células
de defesa, como neutrófilos e macrófagos, para a área afetada.

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Fonte: CRUZ, Daniel. O Corpo Humano. São Paulo, Ed. Ática, 2000.

A vasodilatação aumenta a temperatura no local inflamado, dificultando


a proliferação de microrganismos e estimulando a migração de células de
defesa. Algumas das substâncias liberadas no local da inflamação alcançam o
centro termorregulador localizado no hipotálamo, originando a febre (elevação
da temperatura corporal). Apesar do mal-estar e desconforto, a febre é um
importante fator no combate às infecções, pois além de ser desfavorável para a
sobrevivência dos microorganismos invasores, também estimula muitos dos
mecanismos de defesa de nosso corpo.

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Fonte: CRUZ, Daniel. O Corpo Humano. São Paulo, Ed. Ática, 2000.

Por diapedese, neutrófilos e monócitos são atraídos até o local da


inflamação, passando a englobar e destruir (fagocitose) os agentes invasores.
A diapedese e a fagocitose fazem dos neutrófilos a linha de frente no combate
às infecções.

Outras substâncias liberadas no local da infecção chegam pelos vasos


sangüíneos até a medula óssea, estimulando a liberação de mais neutrófilos,
que ficam aumentados durante a fase aguda da infecção. No plasma também
existem proteínas de ação bactericida que ajudam os neutrófilos no combate à
infecção.

A inflamação determina o acúmulo de fibrina, que forma um envoltório


ao redor do local, evitando a progressão da infecção.

Caso a resposta inflamatória não seja eficaz na contenção da infecção, o


sistema imune passa a depender de mecanismos mais específicos e
sofisticados, dos quais tomam parte vários tipos celulares, o que chamamos
resposta imune específica.
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6.1.Propriedades Do Sistema Imune


Diversidade
Especificidade

O sistema imunológico é capaz


O organismo reconhece e de reconhecer milhares de tipos de
reage com a produção de microorganismos, bastante
anticorpos específicos contra diferentes uns dos outros, e de
determinado agente infeccioso. desencadear contra cada tipo uma
resposta adequada.

Sensibilidade
Aquisição de memória

As células têm uma grande


Uma vez que o sistema
sensibilidade diante de substâncias
imunológico tenha entrado em
estranhas que invadem o corpo.
contato com um agente infeccioso,
Mesmo diante de pequenas
poderá desenvolver células
quantidades de antígenos, as
capazes de reconhecer esse
células se excitam e desencadeiam
agente, mesmo depois de várias
uma intensa mobilização da nossa
décadas.
defesa.

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6.2. Resposta Específica

A resposta imune é um dos mais importantes mecanismos adaptativos,


pois permite a sobrevivência em ambientes potencialmente lesivos. A
batalha contra a infecção se processa em duas frentes: a imunidade
humoral, mediada por anticorpos, e a imunidade celular,mediada por
células.

Em função da inflamação, aumenta a drenagem de líquido e de


materiais pelos vasos linfáticos e a chegada desses materiais aos gânglios
linfáticos da região, onde existem muitos macrófagos.

Entre as células que normalmente são encontradas nos gânglios


linfáticos destacam-se os linfócitos e as células apresentadoras de
antígenos, que reconhecem substâncias estranhas ao corpo (macrófagos).
Essas estimulam os linfócitos T4 ou auxiliadores a produzirem inúmeras
substâncias capazes de estimular outros linfócitos T e outras importantes
células de defesa. Essas substâncias são as interleucinas e os
interferons.

Algumas interleucinas estimulam os linfócitos B, que se transformam


em plasmócitos, células produtoras de anticorpos (ou imunoglobulinas),
proteínas presentes no plasma sangüíneo. A resposta dependente de
anticorpos é chamada imunidade humoral. Os anticorpos apresentam
diversos mecanismos de ação, dos quais podemos destacar como mais
importantes:

Alguns anticorpos, quando se ligam à superfície de uma bactéria, têm


capacidade própria de destruí-la.

Existem bactérias dotadas de cápsulas, que são capazes de escapar


da fagocitose executada por neutrófilos e macrófagos. Entretanto, quando
estão recobertas pelos anticorpos, passam a ser fagocitadas.

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Os anticorpos que recobrem as mucosas, como as das vias aéreas e


as do tubo digestório, podem impedir que os agentes infecciosos as
atravessem.

A ligação entre o anticorpo e o antígeno tem elevada especificidade,


ou seja, cada anticorpo se liga a um antígeno específico. A resposta
humoral desencadeada contra um antígeno não é eficaz contra outro.

Em segunda exposição a um determinado antígeno, a produção de


anticorpos é mais rápida e intensa, ao que chamamos resposta imune
secundária.

Os anticorpos são bastante ativos contra patógenos extracelulares,


como a maioria das bactérias. Parasitas intracelulares, como os vírus,
oferecem maior dificuldade para serem destruídos e a ação dos anticorpos é
menos eficaz. Nesses casos, as células de defesa (linfócitos T8 e linfócitos
NK – Natural Killer, que possuem importante ação citotóxica) atacam e
destroem as células que estão sendo parasitadas ou atacam os vírus no
momento em que deixam as células parasitadas. Como o ataque às células
infectadas é feito por outras células e não por anticorpos, chamamos
imunidade celular. É desencadeada quando as interleucinas ativam os
macrófagos, que aumentam sua capacidade fagocitária, além de gerar
radicais livres com intensa ação destruidora sobre agentes infecciosos.

Ao mesmo tempo em que aparecem células de memória da linhagem


B, também algumas células da linhagem T adquirem “memória
imunológica”, podendo desencadear uma resposta celular do tipo citotóxica
com mais rapidez e intensidade.

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Fonte: CRUZ, Daniel. O Corpo Humano. São Paulo, Ed. Ática, 2000.

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7. SISTEMA LINFÁTICO

Sistema paralelo ao circulatório, constituído por uma vasta rede de


vasos semelhantes às veias (vasos linfáticos), que se distribuem por todo o
corpo e recolhem o líquido tissular que não retornou aos capilares
sangüíneos, filtrando-o e reconduzindo-o à circulação sangüínea.

É constituído pela linfa, vasos e órgãos linfáticos.

Os capilares linfáticos estão presentes em quase todos os tecidos do


corpo. Capilares mais finos vão se unindo em vasos linfáticos maiores,
que terminam em dois grandes dutos principais: o duto torácico (recebe a
linfa procedente da parte inferior do corpo, do lado esquerdo da cabeça, do
braço esquerdo e de partes do tórax) e o duto linfático (recebe a linfa
procedente do lado direito da cabeça, do braço direito e de parte do tórax),
que desembocam em veias próximas ao coração.

Linfa: líquido que circula pelos vasos linfáticos. Sua composição é


semelhante à do sangue, mas não possui hemácias, apesar de conter
glóbulos brancos dos quais 99% são linfócitos. No sangue os linfócitos
representam cerca de 50% do total de glóbulos brancos.

Órgãos linfáticos: amígdalas (tonsilas), adenóides, baço, linfonodos (


nódulos linfáticos) e timo (tecido conjuntivo reticular linfóide: rico em
linfócitos).

Amígdalas (tonsilas palatinas): produzem linfócitos.

Timo: órgão linfático mais desenvolvido no período prenatal, evolui


desde o nascimento até a puberdade.

Linfonodos ou nódulos linfáticos: órgãos linfáticos mais numerosos


do organismo, cuja função é a de filtrar a linfa e eliminar corpos estranhos
que ela possa conter, como vírus e bactérias. Nele ocorrem linfócitos,
macrófagos e plasmócitos. A proliferação dessas células provocada pela
presença de bactérias ou substâncias/organismos estranhos determina o
aumento do tamanho dos gânglios, que se tornam dolorosos, formando a
íngua.
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Baço: órgão linfático, excluído da circulação linfática, interposto na


circulação sangüínea e cuja drenagem venosa passa, obrigatoriamente,
pelo fígado. Possui grande quantidade de macrófagos que, através da
fagocitose, destroem micróbios, restos de tecido, substâncias estranhas,
células do sangue em circulação já desgastadas como eritrócitos, leucócitos
e plaquetas. Dessa forma, o baço “limpa” o sangue, funcionando como um
filtro desse fluído tão essencial. O baço também tem participação na
resposta imune, reagindo a agentes infecciosos. Inclusive, é considerado
por alguns cientistas, um grande nódulo linfático.

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Fonte: CRUZ, Daniel. O Corpo Humano. São


Paulo, Ed. Ática, 2000.

Origem dos linfócitos: medula óssea (tecido conjuntivo reticular


mielóide: precursor de todos os elementos figurados do sangue).

 Linfócitos T – maturam-se no timo.

 Linfócitos B – saem da medula já maduros.


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Os linfócitos chegam aos órgãos linfáticos periféricos através do


sangue e da linfa.

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8. ESTRESSE

Há autores que definem a era moderna como a Idade da Ansiedade,


associando a este acontecimento psíquico a agitada dinâmica existencial da
modernidade; sociedade industrial, competitividade, consumismo desenfreado
e assim por diante.

Diz-se que a simples participação do indivíduo na sociedade


contemporânea já preenche, por si só, um requisito suficiente para o
surgimento da Ansiedade. Portanto, viver ansiosamente passou a ser
considerado uma condição do homem moderno ou um destino comum ao qual
todos estamos, de alguma maneira, atrelados.

Nas últimas décadas, a expressiva mudança em todos os níveis da


sociedade passou a exigir do ser humano uma grande capacidade de
adaptação física, mental e social. Muitas vezes, a grande exigência imposta às
pessoas pelas mudanças da vida moderna e, conseqüentemente, a
necessidade imperiosa de ajustar-se à tais mudanças, acabaram por expor as
pessoas à uma freqüente situação de conflito, ansiedade, angústia e
desestabilização emocional.

O endocrinologista canadense Hans Selye (1907-1982) foi o primeiro a


pesquisar seriamente o estresse na década de 1930. Ele observou que
organismos diferentes apresentam um mesmo padrão de resposta fisiológica
para estímulos sensoriais ou psicológicos. E isso teria efeitos nocivos em
quase todos os órgãos, tecidos ou processos metabólicos. fungos, etc.

O estresse patológico surge como uma conseqüência direta dos


persistentes esforços adaptativos da pessoa à sua situação existencial.

Seria impossível e, ao mesmo tempo, extremamente indesejável eliminar


completamente todos os tipos de Estresses. Fisiologicamente, a ausência total
de Estresse equivale à morte. O que devemos tentar fazer é reduzir, nas
pessoas, os efeitos danosos do Estresse que sociedade proporciona e

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sensibilizá-las para os meios capazes ajudar a administrar melhor os


estressores do cotidiano.

Devemos buscar uma postura onde o Estresse seja um acontecimento


positivo e não um empecilho ao desempenho pessoal, à saúde e à felicidade.
O ideal seria adquirirmos habilidades para melhorar física e mentalmente nossa
resistência ao Estresse, bem como eliminar o Estresse desnecessário. Atitudes
assim baseiam-se na modificação de alguns aspectos no estilo de vida nas
atitudes.

Aproximadamente 50 a 75% de todas as consultas médicas estão direta


ou indiretamente relacionadas ao Estresse. A medicina não deve ter apenas
um papel importante no tratamento das doenças ligadas ao Estresse, mas
também e principalmente, deve dar ao assunto uma conotação preventiva e
educacional. Conhecer o Estresse, suas causas, sinais e sintomas, é de
fundamental importância para aprendermos a lidar com ele.

Procurando significados para a palavra Estresse (stress, em inglês),


vamos entender que estar estressado significa "estar sob pressão" ou "estar
sob a ação de estímulo persistente".

Na realidade, estar estressado não significa apenas estar em contato


com algum estímulo mas, sobretudo, significa um conjunto de alterações
acontecidas num organismo em respostas à um determinado estímulo capaz
de colocá-lo sob tensão. Sem esse tal "conjunto de alterações" não se pode
falar em Estresse. Mas essa reação do organismo aos agentes estressores tem
um propósito evolutivo. É uma resposta que a natureza dotou os animais
superiores ao perigo.

Hans Selye dividiu toda reação de Estresse em três estágios. O primeiro


estágio como verá mais adiante, é a chamada Reação de Alarme, durante a
qual o organismo reconhece o estressor e começa ativando o sistema
neuroendócrino.

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No Sistema Endócrino as glândulas supra-renais são as mais


prontamente ativadas e produzem os hormônios típicos do Estresse, ou seja, o
cortisol, a adrenalina e a noradrenalina. Por causa disso, notadamente por
conta da adrenalina, os batimentos cardíacos aceleram, há dilatação das
pupilas, aumenta a sudorese e aparece hiperglicemia (aumento dos níveis de
açúcar no sangue).

Concomitantemente a digestão é paralisada, o baço se contrai para


expulsar mais glóbulos vermelhos para aumentar o fornecimento de oxigênio
aos tecidos e interrompe a atividade imunológica (imunossupressão), por conta
do cortisol. Depois dessa primeira reação de alarme existem mais duas fase
fisiológicas no Estresse, a adaptação e o esgotamento, vistas mais adiante.

A função de toda essa revolução orgânica é preparar o organismo para a


ação, para adaptação imediata à situação causadora do Estresse para, em
essência, favorecer a sobrevivência. Portanto, o Estresse não implica,
obrigatoriamente, numa alteração patológica e doentia.

Longe de considerarmos o Estresse uma armadilha da natureza, esse


conjunto de alterações fisiológicas tem como principal objetivo adaptar o
indivíduo à situação proporcionada pelo estímulo estressor. O estado de
Estresse está, então, intimamente relacionado com a capacidade de adaptação
do indivíduo à circunstância atual. Ele contribui para a sobrevivência das
espécies, incluindo a nossa.

Imagine como estaria seriamente comprometida a sobrevivência e um


gato, caso permanecesse totalmente apático ao aparecer-lhe um cachorro pela
frente. Da mesma forma, imaginemos um ser humano enfrentando uma
tempestade com a mesma lassidão que sente depois de comer uma pesada
refeição. No esporte, no trabalho ou na vida social o Estresse "normal" deve
desempenhar uma função adaptativa e, sobretudo, sadia.

Há quem compare o Estresse com o susto e, de fato, há semelhanças


entre as alterações fisiológicas que acontecem durante um susto com aquelas

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do Estresse. Assim, podemos dizer que o Estresse seria como um estado de


susto crônico e continuado. O Estresse envolve o organismo como um todo e,
assim como o aumento de adrenalina e cortisona possam ser considerados
componentes endócrinos do Estresse, a ansiedade seria, igualmente, um dos
componentes psíquicos.

Nenhuma alteração do organismo terá início se não houver, antes, a


presença de um estímulo estressor. Podemos chamar de Estímulo Estressor
ou Agente Estressor, qualquer estímulo capaz de provocar num organismo,
esse complexo conjunto de respostas orgânicas, mentais, psicológicas e/ou
comportamentais definidas como Estresse.

Embora haja uma vasta série de modificações na composição química e


na estrutura funcional do organismo diante do Estresse, estas podem ser
consideradas fisiológicas e necessárias à adaptação do indivíduo à situação
atual, porém, sendo muito intensas ou muito duráveis, tais modificações podem
resultar em dano ou lesão. Nesse caso, ao invés de contribuírem para a
adaptação farão exatamente o contrário.

A própria classificação internacional das doenças (CID.10), agrupa num


mesmo capítulo as Reações Agudas ao Estresse Grave e os Transtornos do
Ajustamento (adaptação), sugerindo assim que uma pode levar ao outro.

Na década de 30, o pesquisador canadense Hans Selye, quem estudou


pela primeira vez e profundamente essa questão, denominou o conjunto das
modificações orgânicas resultantes do contacto do organismo com um
determinado estímulo desencadeador de tensão de Sindrome Geral de
Adaptação (SGA).

8.1Definição Estresse

Ao se deparar com o Agente Estressor, que pode ser interno ou externo,


o organismo desenvolve um processo fisiológico, que consiste no somatório de
todas as reações sistêmicas, conhecido como Síndrome Geral de Adaptação.
Assim, podemos entender que essa Síndrome Geral de Adaptação ou Estresse
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é a alteração global de nosso organismo para adaptar-se à uma situação nova


ou às mudanças de um modo geral.

O Estresse é, portanto, um mecanismo normal necessário e benéfico ao


organismo, pois faz com que o ser humano fique mais atento e sensível diante
de situações de perigo ou de dificuldade. Mesmo situações consideradas
positivas e benéficas, como é o caso por exemplo das promoções profissionais,
casamentos desejados, nascimento de filhos, etc., podem produzir Estresse.

Na adaptação do organismo (e da mente) aos estímulos estressores,


devemos entender que mesmo as situações que requerem pequenas
mudanças ou adaptações, podem gerar um grau discreto de estresse, variável
de pessoa a pessoa, conforme as características pessoais de reagir aos
estímulos.

Em termos científicos, o estresse é a resposta fisiológica e de


comportamento de um indivíduo que se esforça para adaptar-se e ajustar-se a
estímulos internos e externos. Como a energia necessária para esta adaptação
é limitada, se houver persistência do estímulo estressor, mais cedo ou mais
tarde o organismo entra em uma fase de esgotamento.

Sabendo que cada pessoa reage de forma diferente aos estímulos da


vida, elas também terão limiares diferentes de esgotamento por estresse.
Segundo a sensibilidade afetiva da pessoa, portanto, segundo a "visão" que
cada um tem da realidade, da valorização do passado ou das perspectivas do
futuro, as reações de estresse podem ser mais favorecidas ou menos. Uma
representação pessimista da realidade pode favorecer estas reações, enquanto
a representação positiva produze amenizar os efeitos estressores.

Uma "dose baixa" de Estresse é normal, fisiológico e desejável. Trata-se


de uma ocorrência indispensável para nossa saúde e capacidade produtiva. As
características desse Estresse positivo são: aumento da vitalidade,
manutenção do entusiasmo, do otimismo, da disposição física, interesse, etc.
Por outro lado, o Estresse patológico e exagerado pode ter conseqüências

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mais danosas, como por exemplo, o cansaço, irritabilidade, falta de


concentração, depressão, pessimismo, queda da resistência imunológica, mau-
humor etc.

Do ponto de vista pessoal, mudanças ocorrem em nossas vidas


continuamente e temos sempre de nos adaptar a elas. Nesses casos o
Estresse funciona como um mecanismo de sobrevivência e adaptação,
necessário para estimular o organismo e melhorar sua atuação diante de
circunstâncias novas.

Do ponto de vista social e cultural as mudanças cotidianas, em si, não


são novidade na civilização humana, elas são, na realidade, a base da
evolução de nossa espécie. O que, talvez, seja novo ao ser humano e perigoso
à sua saúde, é a velocidade sem precedentes com a qual essas mudanças e
as exigências que elas propiciam acontecem na vida moderna. Essas
mudanças estão em toda a parte; mudanças importantes na tecnologia, na
ciência, medicina, ambiente de trabalho, nas estruturas organizacionais, nos
valores e costumes sociais, na filosofia e mesmo na religião. Há,
continuamente, uma enorme solicitação de adaptação às pessoas em geral,
tanto para os jovens como para os mais velhos.

8.2. O Estresse na Vida Moderna

A Ansiedade, que é a mola propulsora do Estresse, é um sinal de alerta


que adverte sobre a necessidade de mudar e adaptar-se, ou sobre eventual
perigo iminente, e capacita a pessoa para medidas eficientes nesse sentido. O
indivíduo ansioso age, coloca-se em posição de alerta, física e psiquicamente;
dilata as pupilas, acelera o coração, diverge o sangue para musculatura
voluntária, aumenta a glicose circulante, dilata os brônquios.

A Ansiedade, originalmente fisiológica e indispensável à vida normal,


passou a ser objeto de distúrbios quando o ser humano colocou-a não a
serviço de sua sobrevivência, como fazia antes, mas a serviço de sua
existência, com o amplo leque de circunstâncias quantitativas e qualitativas
desta existência. Assim, o Estresse passou a ser o representante emocional da
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Ansiedade, sua correspondência psíquica e determinada de acordo com


características pessoais.

O fato de um evento ser percebido como estressante não depende


apenas da natureza do mesmo, como acontece no mundo animal, mas do
significado atribuído a este evento pela pessoa, de seus recursos, de suas
defesas e de seus mecanismos de enfrentamento. Isso tudo diz respeito mais à
personalidade que aos eventos do destino em si.

Arqueólogos consideram que homem primitivo trabalhava muito menos


que nós, cerca de vinte horas semanais. Sua jornada diária correspondia à
caça e colheita de frutos. O ser humano primitivo manifestava sua ansiedade
de maneira muito próxima ao sentimento de medo, um medo especificamente
dirigido a um objeto ou situação específicos e delimitados no tempo e no
espaço, ou seja, a situação, o perigo e a ameaça estavam de fato ali, nesse
determinado lugar e nesse determinado momento.

Em nossos ancestrais o mecanismo do Estresse foi destinado à


sobrevivência diante dos perigos concretos e próprios da luta pela vida, como
foi o caso das ameaças de animais ferozes, das guerras tribais, das
intempéries climáticas, da busca pelo alimento, da luta pelo espaço geográfico,
etc.

No ser humano moderno, apesar dessas ameaças concretas não


existirem mais em sua plenitude, tal como existiram outrora, o equipamento
biológico do Estresse continuou existindo. permaneceu em nossa natureza
como capacidade para reagirmos ansiosamente diante das ameaças.

Com a civilidade do ser humano, outros perigos apareceram e ocuparam


o lugar daqueles que estressavam nossos ancestrais arqueológicos.
Atualmente, a maioria dos estímulos desencadeadores desta emoção são
inespecíficos, não podem ser localizados no tempo e no espaço. Hoje em dia,
tememos a competitividade social, a segurança social, a competência
profissional, a sobrevivência econômica, as perspectivas futuras e uma

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infinidade de ameaças abstratas, mas reais para nós, enfim, tudo isso passou a
significar a mesma ameaça de perigo que ameaçavam a sobrevivência de
nossos ancestrais. O ser humano moderno coloca-se em posição de alarme
diante de um inimigo abstrato e impalpável, mas, não obstante, que dorme e
acorda com ele.

Se nas sociedades primitivas e neolíticas nossos ancestrais


experimentavam estresse diante dos perigos objetivos da sobrevivência física,
hoje em dia o Estresse surge quando a pessoa julga não estar sendo capaz de
cumprir as exigências da sobrevivência social, quando sente que seu papel
social está ameaçado. Diante disso o organismo reage através da Síndrome
Geral de Adaptação a fim de tentar se adequar às exigências que lhe são
impostas.

Mesmo na Idade Média o ser humano ainda trabalhava pouco em


comparação ao homem moderno. Havia o descanso obrigatório aos domingos
e cinquenta feriados por ano, sendo braçais a maioria dos trabalhos, os quais
sempre terminavam ao pôr-do-sol. Também, em termos de estimulação e de
necessidades de conhecimentos para o simples cotidiano, o que se exigia de
um cidadão comum da Idade Média era infinitamente menor que precisa hoje
uma criança de 12 anos.

Tudo leva a crer que o ser humano começou, de fato, a padecer por
Estresse excessivo depois da Revolução Industrial. Talvez o que a vida passou
a exigir das pessoas nesses últimos 80 a 50 anos tenha sido imensamente
maior que o desenvolvimento da capacidade neuro-psicofisiológica de
adaptação, resultando, pois, nas dificuldades em conciliar harmonicamente as
necessidades adaptativas da vida social e nossos recursos orgânicos.

Durante uns 40 anos do Século XX o êxodo rural levou milhões de


pessoas a trocar a vida do campo pela agitação das cidades, com suas
características competitivas, agressão urbana, desafios profissionais e de
sobrevivência. O ritmo frenético da vida moderna talvez tenha exigido

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demasiadamente do corpo humano e até a possibilidade de adoecer passou a


ser uma ameaça potencial ao sucesso social da pessoa.

Nossos conturbados tempos modernos não têm sido favoráveis ao


equilíbrio e ao desenvolvimento pleno e sadio do corpo humano, apesar de
todo o progresso da medicina, das conquistas científicas, técnicas e sociais
que sempre têm objetivado isso. Hábitos alimentares inadequados, a poluição
do ar e da água, a agressão sonora e visual do ambiente, a insegurança social
e no trabalho, a violência urbana, as crises econômicas e muitas outras fontes
de estresse importantes acabam esgotando a capacidade adaptativa da
pessoa.

Assim sendo, a maioria dos autores acredita que parte expressiva das
razões para o estresse é determinada pelo modo como nossa sociedade está
organizada, pela industrialização, pelo consumo e pela concorrência, específica
os tipos de relações que serão mantidas e as exigências que deverão ser
cumpridas, gerando condições mais ou menos estressantes de trabalho, das
estruturas familiar e social.

Outro agravante do estresse, em seu aspecto cultural, está na


"liberdade" que a pessoa tem de expressar os comportamentos e atitudes
fisiologicamente próprias do estado de tensão. No mundo moderno não é
socialmente aceitável que a pessoa manifeste comportamentos típicos de fuga
ou luta, que era a função natural e o objetivo biológico original do estresse.

Assim, o ser humano moderno, ao se confrontar com estímulos


estressores do cotidiano, do trabalho, da vida social e pelas ruas é impedido de
manifestar reações de agressão ou de medo sincero, sendo obrigado a
apresentar um comportamento emocional ou motor politicamente correto,
porém, incongruente com sua real situação neuroendócrina. Se a situação
estressante persiste indefinidamente pode sair muito caro, organicamente, o
custo de desempenhar um papel social incompatível com a natureza biológica
do estresse. Haverá um elevado desgaste do organismo, predispondo certas
doenças psicossomáticas.
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Entre os estressores de peso social temos o fracasso, a carga, a


manutenção, monotonia e a satisfação com o trabalho, a pressão para corrida
contra o tempo, as ameaças sociais e financeiras, indução do medo através da
violência urbana, as situações involuntárias de competição, os trabalhos em
condições de perigo, a submissão involuntária aos tabus, a contestação e
contrariedade com certos valores, a contrariedade ou privação de vida social e
submissão contrariada às normas.

7.4.Fatores Estressantes

Em tese, Estresse é a resposta fisiológica, psicológica e comportamental


de um indivíduo que procura se adaptar e se ajustar às solicitações internas
e/ou externas. Essas solicitações capazes de levar ao Estresse são chamadas
de Fatores Estressantes ou Agentes Estressores.

Assim sendo, Fator Estressor é um acontecimento, uma situação, uma


pessoa ou um objeto capaz de proporcionar suficiente tensão emocional,
portanto, capaz de induzir à reação de Estresse.

Os fatores estressantes podem variar amplamente quanto à sua


natureza, abrangendo desde componentes emocionais, como, por exemplo, a
frustração, ansiedade, perda, até componentes de origem ambiental, biológica
e física, como é o caso do ruído excessivo, da poluição, variações extremas de
temperatura, problemas de nutrição, sobrecarga de trabalho, etc.

Podemos ainda considerar os estressores como tendo origem interna ou


externa ao indivíduo. Se colocarmos um gato junto de um cão feroz, depois de
algum tempo o gato estará esgotado; primeiro ele terá muita ansiedade, entrará
em Estresse e, se o estímulo estressor persistir (presença do cão), ele se
esgotará.

Tendo em vista o fato do gato representar para o cão uma ameaça


menos agressiva que o cão representa para ele, o cão ficará esgotado depois
do gato. Nesse caso o cão representa para o gato um estímulo estressor

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externo, por estar fora do gato e, inato, por fazer parte da natureza biológica de
todos os gatos.

Assim sendo, nos animais os estímulos para desencadear a ansiedade


podem ter duas naturezas e uma só origem: quanto à natureza eles podem ser
inatos, como vimos, do tipo gato tem medo de cachorro ou, por outro lado,
condicionados por treinamento e experiência.

Quanto à origem serão predominantemente externos, partindo do


pressuposto que os animais não têm condições para alimentarem conflitos
intrapsíquicos. Mesmo assim, podemos dizer que alguns estímulos estressores
para animais têm origem interna quando provém de comportamentos inatos.

No ser humano, dito civilizado, esses estímulos costumam ter duas


origens; podem ser externos e, principalmente, internos. Os estímulos internos
são oriundos dos conflitos pessoais os quais, em última instância, refletem
sempre a tonalidade afetiva de cada um. Os estímulos externos, por sua vez,
representam as ameaças concretas do cotidiano de cada um.

Nossa capacidade de perceber o mundo individualmente proporciona


uma representação pessoal da realidade. Essa percepção pessoal da
realidade, diferente em cada um de nós, é chamada de procepção da
realidade. O principal conhecimento que devemos ter disso é que a realidade
será sempre representada intimamente e de acordo com os filtros afetivos de
cada um (para entender melhor veja a sugestão no quadro ao lado).

Nos Animais No Ser Humano


Origem Natureza Origem Natureza
Externos Condicionados Externos Adversidades, conflitos
Internos Inatos Internos Transtornos afetivos, traços
de personalidade

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Portanto, por causa da percepção individual que temos da realidade não


é totalmente lícito dizer que esse ou aquele determinado fato são estressores,
pois alguns fatos podem representar estressores para alguns e não para
outros.

A percepção pessoal da realidade engloba toda a realidade ou toda


nossa maneira de ver e sentir o mundo. Engloba não apenas a concepção que
temos das coisas que estão fora da gente como os conceitos que temos dentro
da gente. Isso inclui também a Fonte que nós temos de nós mesmos, ou seja,
inclui nossa própria auto-estima.

Nossa auto-estima, por exemplo, pode ser representada mais


negativamente ou mais positivamente, de acordo com a tonalidade afetiva de
cada um. Algumas pessoas se vêem ótimas, outras se vêem péssimas. Assim
sendo, a idéia que nós temos de nós mesmos pode ser um estímulo agressivo
e estressor, causador de ansiedade, se representar uma idéia ruim e que nos
perturba constantemente.

É por causa desses estímulos internos é que a ansiedade humana tem


sido constante e, às vezes, patológica. As ameaças externas não costumam
ser constantes, mas as internas sim. Vejamos o caso das ameaças concretas
acerca de nossa segurança pessoal, por exemplo: a ameaça de sermos
assaltados, agredidos, mortos, etc.

A possibilidade até existe, nos grandes centros, mas não é continuada.


Há situações onde podemos nos sentir seguros, racionalmente falando.
Entretanto, o estímulo interno não é racional, é emocional. Isso quer dizer que
podemos estar ansiosos devido ao medo de sermos assaltados e agredidos,
embora essa possibilidade prática seja mínima.

Da mesma forma, podemos dizer que ficar doente seja uma ameaça
séria, um estímulo ameaçador importante. É claro que é. Entretanto, podemos
experimentar uma grande ansiedade devido ao fato de pensarmos que
podemos ficar doentes. Esse estímulo é interno e não externo. Seria externo

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caso houvesse, de fato, sinais de que nossa saúde está abalada. Enquanto
houver apenas o medo de passar mal, de poder ficar doente, isso será uma
ameaça interna.

Ora, enquanto nos animais os agentes estressores (estímulos


estressores externos) aparecem periodicamente, no ser humano a presença
dos estímulos estressores (internos) pode ser continuada. Havendo, pois, uma
afetividade problemática, uma insegurança ou pessimismo, vamos sentir
ameaças internas continuamente. Vamos dormir com essas ameaças e acordar
com elas. Portanto, nessas circunstâncias podemos ter o esgotamento.

De modo geral, no ser humano a afetividade é a moduladora da


percepção que temos do mundo (procepção), e será essa afetividade a maior
responsável por percebermos os estímulos como sendo agressivos e
ameaçadores (estressores) ou não. Mesmo se tratando de um estímulo
externo, proveniente do mundo objetivo, sua eventual natureza agressiva
poderá ser mais traumática ou menos traumática, dependendo da conotação a
ele atribuída por nosso afeto.

Assim sendo, os estímulos ambientais se tornarão estressores não


apenas de acordo com a sua natureza objetiva, mas, sobretudo, de acordo
avaliação subjetiva que a pessoa faz deles, atribuindo-lhes ou não importância.
O mesmo podemos dizer em relação aos estímulos internos, ou seja, aos
conflitos, frustrações, medos, sentimentos de perda, etc. Dependendo de nosso
afeto essas emoções e sentimentos podem significar uma ameaça maior ou
menor.

A existência dos conflitos pode ser considerada fisiológica na espécie


humana, ou seja, eles existem em todos nós. Porém, é muito importante saber
da capacidade desses conflitos determinarem uma ansiedade patológica, isso
sim merece uma dedicação especial. Determinarão ansiedade na proporção
que significarem ameaça para nós.

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7.5. A Força dos Estressores

Vários autores tentaram estabelecer alguma espécie de graduação de


importância para os vários estímulos estressores possíveis no cotidiano.
Embora algumas listas possam dar a idéia de grau ou da força variável dos
estressores, como por exemplo, o caso da separação conjugal que seria mais
estressante que mudança de emprego e menos do que a morte do filho, tais
tabelas perdem o valor quando consideramos que as pessoas são muito
diferentes quanto à sua forma de reagir aos desafios impostos pela vida.

Algumas pessoas podem superar perfeitamente alguma perda


importante, enquanto outros podem desenvolver um transtorno emocional
como resposta aos acontecimentos estressantes de menor importância. As
variáveis pessoais desempenham um papel decisivo na maneira de reagir aos
eventos de vida.

De um modo geral, pelo menos é bom termos em mente que existem


categorias de estressores que nos impõem grandes esforços adaptativos,
como por exemplo, a morte de um ente querido, uma grande perda, severos
revezes econômicos, constatação de doença séria, etc., e, ao lado desses,
existem os pequenos acontecimentos estressantes do cotidiano que
acontecem com maior frequência na vida das pessoas e, finalmente, existem
ainda a influência dos conflitos íntimos pessoais.

Mas, além dos acontecimentos considerados eventualmente


estressantes para o desencadeamento e manutenção do Estresse, há
imperiosa necessidade de uma vulnerabilidade pessoal à ansiedade.

Vulnerabilidade pessoal é uma espécie de tendência constitucional a


reagir mais ansiosamente aos estímulos. Algumas pessoas reagem com uma
ativação fisiológica maior aos acontecimentos estressantes.

Um exemplo médico que pode se prestar à analogia com o Estresse


seria, novamente, o da reação alérgica. Se, dentro de um mesmo ambiente
impregnado de bolor, existirem 10 pessoas e 3 delas reagirem com espirros,
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coriza e lacrimejamento, enfim, com sinais de uma rinite alérgica ao mofo, não
se pode, medicamente falando, atribuir ao fungo do bolor a causa exclusiva
para tal rinite.

De qualquer forma é fundamental ter em mente que a força dos


estressores depende mais da sensibilidade do sujeito do que do valor do
objeto, ou seja, depende de como e com que peso a pessoa valoriza o evento
(interno ou externo), mais do que o evento em si. Há pessoas que vivenciam as
mesmas experiências que outros e reagem diferentemente, experimentando
estresse de grau variado ou, às vezes, nem se estressando. É por isso que
estudamos, a seguir, o aspecto pessoal dos estressores.

7.6.Efeitos Pessoais dos Estressores

Nossa capacidade de conhecer o mundo decorre de nossa percepção


pessoal da realidade. Essa percepção pessoal da realidade, diferente em cada
um de nós, é chamada de procepção da realidade.

O principal conhecimento que devemos ter disso, é que a realidade será


sempre representada intimamente e de acordo com os filtros afetivos de cada
um, ou seja, de acordo com a sensibilidade (afetiva) de cada um.

A percepção pessoal da realidade engloba toda a realidade ou toda


nossa maneira de ver e sentir o mundo e só essa realidade (única para nós)
nos interessa. Nossa percepção pessoal da realidade engloba não apenas a
concepção que temos das coisas que estão fora da gente, como os fatos,
eventos, objetos, pessoas, etc., mas também os conceitos que cultivamos
dentro da gente, nossas escalas de valores, nossos conflitos e complexos.
Dentro de todo esse material interno ou intra-psíquico inclui-se, também, a
Fonte que nós temos de nós mesmos, ou seja, inclui nossa auto-estima.

Nossa auto-estima, por exemplo, poderá ser representada mais


negativamente ou mais positivamente, de acordo com a tonalidade afetiva de
cada um. Algumas pessoas se vêem ótimos, outras se vêem péssimos. Assim
sendo, a idéia que temos de nós mesmos pode, por si só, ser um estímulo
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agressivo e causador de ansiedade, caso seja uma idéia de nós seja uma idéia
ruim e que nos perturba constantemente.

Mesmo em se tratando de um eventual estímulo externo, proveniente do


mundo objetivo e concreto, sua natureza agressiva poderá ser mais traumática
ou menos traumática, ou seja, mais estressante ou menos estressante,
dependendo da conotação mais agressiva ou menos agressiva à ele atribuída
por nossa sensibilidade (afetiva). Ter que falar em público, por exemplo, pode
representar uma ameaça maior ou menor, dependendo das circunstâncias
pessoais.

Vendo uma antiga fotografia de algum ente querido já falecido, algumas


pessoas experimentam sentimentos tenros, suaves, saudosos e até
agradáveis, outras, por sua vez, podem experimentar sentimentos de angústia,
tristeza, sensação de perda, pesar, enfim, sentimentos desagradáveis. O que,
realmente, dentro das pessoas faz com que essa foto seja valorizada
(Representada) dessa ou daquela maneira é a Afetividade.

A Afetividade é, pois, quem dá valor e Representa nossa realidade. Essa


Afetividade também é capaz de Representar um ambiente cheio de gente como
se fosse ameaçador, estressante, e é capaz de nos fazer imaginar que pode
existir uma cobra dentro do quarto ou ainda, é capaz de produzir pânico ao nos
fazer imaginar que podemos morrer de repente.

A Afetividade valoriza tudo em nossa vida, tudo aquilo que está fora de
nós, como os fatos e acontecimentos, bem como aquilo que está dentro de nós
(causas subjetivas), como nossos medos, nossos conflitos, nossos anseios,
etc. A Afetividade valoriza também os fatos e acontecimentos de nosso
passado e nossas perspectivas futuras.

O melhor exemplo que podemos referir para entender a Afetividade é


compará-la a óculos através dos quais vemos o mundo. São esses hipotéticos
óculos que nos fazem enxergar nossa realidade desse ou daquele jeito. Se
esses óculos não estiverem certos podemos enxergar as coisas maiores ou

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menores do que são, mais coloridas ou mais cinzentas, mais distorcidas ou


fora de foco. Tratar da Afetividade significa regular os óculos através dos quais
vemos nosso mundo.

7.7.Tipos e Origens dos Estressores

Existem 3 tipos básicos de estressores:

1-Estressores sensoriais,em contato direto com o organismo. Ex: subir


escadas, correr uma maratona, mudanças e temperatura extrema, esportes
radicais, etc

2 -Estressores psicológicos, quando o somos acometidos por


exigências emocionais. Ex: falar em público, perdas, mudanças, provas,
exames, etc.

3 -Estressores toxi-infecciosos e traumáticos (físicos). Ex: cirurgias,


parto, vírus, bactérias, fungos, etc.

Origem dos Estressores

No ser humano, dito civilizado, esses estímulos costumam ter duas


origens; podem ser externos e, principalmente, internos. Os estímulos internos
são oriundos dos conflitos pessoais os quais, em última instância, refletem
sempre a tonalidade afetiva de cada um. Os estímulos externos, por sua vez,
representam as ameaças concretas do cotidiano de cada um.

O estresse se manifesta em três fases:

1- Reação de Alarme. O sistema visceral simpático (SVS) é ativado.

2 - Adaptação. Quando essa estimulação é repetitiva o organismo se


equilibra dentro do próprio estresse e;

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3 - Esgotamento. Quando o estressor é constante, e a ativação do SVS


torna-se prejudicial ao organismo, uma vez que não permite o relaxamento e o
retorno ao equilíbrio das vísceras. Isso leva à uma exaustão emocional e física,
que pode até ser lenta e quase imperceptível.

7.8. Estresse e Imunidade

No estresse, os hormônios hipofisários também atuam sobre o sistema


imunológico, através de receptores específicos nas células linfóides.

Por isso é importante saber sobre Imunidade e Estresse.

Estresse e Alterações Imunológicas

É no Sistema Límbico que tem início a função psíquica de avaliação da


situação vivida, dos fatos e eventos de vida. Essa avaliação depende sempre
de vários elementos, tais como, a personalidade prévia, a experiência vivida, as
circunstâncias atuais e as normas culturais.

Acontecem também a partir do Sistema Límbico, as diversas interações


entre os sistemas nervoso, endócrino e imunológico, promovendo as interações
das percepções córticocerebrais com o hipotálamo.

O Estresse, como dissemos, seja ele de natureza física, psicológica ou


social, é um termo que compreende um conjunto de reações fisiológicas, as
quais, quando exageradas em intensidade e duração, acabam por causar
desequilíbrio no organismo, freqüentemente com efeitos danosos.

As primeiras constatações do Estresse emocional foram relatadas em


1943, ao se comprovar um aumento da excreção urinária dos hormônios da
Glândula Suprarrenal em pilotos e instrutores aeronáuticos em vôos
simulados e, alguns anos antes essas alterações já haviam sido suspeitadas
em competidores de natação, momentos antes das provas.

O conceito original de Estresse foi apresentado antes (1936) pelo


pesquisador canadense de origem francesa Hans Selye a partir de

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experimentos, onde animais eram submetidos a situações agressivas diversas


(estímulos estressores), e cujos organismos respondiam sempre de forma
regular e específica.

Selye descreveu toda ocorrência do Estresse sob o nome de Síndrome


Geral de Adaptação, a qual comportava três fases sucessivas: alarme,
resistência e esgotamento. Após a fase de esgotamento, observava o
surgimento de algumas doenças, tais como a úlcera péptica, a hipertensão
arterial, artrites e lesões miocárdicas.

Existe uma sensibilidade (afetiva) pessoal e particular em cada um de


nós, constituindo um conjunto de mecanismos dos quais o organismo lança
mão quando reage aos agentes particularmente tidos como estressores,
caracterizando a forma como cada pessoa avalia e lida com estas situações.
Essa sensibilidade pessoal à realidade explica por que avaliamos desta ou
daquela forma as situações tidas como desafiadoras, enfrentando-as ou não, e
reagindo a elas de maneiras particulares e pessoais, "permitindo" assim que
elas exerçam maior ou menor repercussão sobre o organismo.

Entre 1970 e 1990 foram muito expressivos os experimentos de


laboratório que tentavam comprovar a relação entre Sistema Nervoso Central e
Sistema Imunológico. Nessas duas décadas, chegou-se constatar o
despovoamento celular do timo em ratos, através da indução de lesões no
hipotálamo. Também se demonstrou que lesões destrutivas no Hipotálamo
dorsal levavam à supressão da resposta de anticorpos. Isso tudo sugeria que o
hipotálamo seria uma espécie de base de integração entre os sistemas nervoso
e imunológico na resposta ao Estresse.

A partir de 1990 constata-se também que alterações ocorridas na


hipófise (pituitária) também poderiam determinar modificações imunológicas,
visto que a extirpação dessa glândula ou mesmo seu bloqueio farmacológico
impedia a resposta imunológico no animal de laboratório.

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Uma alteração precoce que se observa durante o Estresse é o aumento


nos níveis dos hormônios corticoesteróides (cortisona) secretados pelas
Glândulas Suprarrenais. Parece que estes níveis se acham em proporção
inversa à eficácia dos mecanismos de adaptação, ou seja, nos casos com
capacidade adaptativa adequada os níveis de cortisona não são muitos
elevados, mas no caso de pessoas deprimidas, portanto, com severas
dificuldades adaptativas, esses níveis são maiores.

A Glândula Suprarrenal parece ter um desempenho mais ou menos


seletivo no Estresse. Em estados de agressão, enquanto a córtex secreta
cortisona, a medula da glândula também participa, liberando noradrenalina
(norepinefrina). Nas situações estressoras de tensão e ansiedade a liberação
medular privilegia a adrenalina (epinefrina).

Mello Filho reviu esse experimento de 1976, em macacos submetidos a


Estresse que apresentavam um aumento dos níveis de 17 hidroxicorticóides,
catecolaminas (adrenalina e noradrenalina), Hormônio Estimulador da Tireóide
(TSH) e Hormônio do Crescimento (GH), enquanto se observava um
decréscimo dos hormônios sexuais, invertendo-se essa situação à medida que
o animal se recuperava.

As catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) afetam as reações


imunológicas, seja por reação fisiológica, como, por exemplo, a contração do
baço, seja por estímulo celular através de receptores específicos
(adrenérgicos) na membrana celular. O certo é que o aumento das
catecolaminas inibe as respostas de anticorpos.

As catecolaminas também podem ter sua liberação condicionada a


fatores neuropsicológicos. Num estudo clássico, conseguiu-se
experimentalmente a supressão da função imunológica pelo uso de uma
substância imunosupressora (ciclofosfamida). Mas essa substância era sempre
administrada associada a uma bebida de gosto muito particular e forte, a
sacarina.

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Depois de algum tempo conseguia-se a supressão imunológica


administrando apenas a bebida com sacarina. O organismo associava, assim,
o gosto da sacarina com a imunosupressão, caracterizando portanto uma
alteração imunológica importante e desencadeada por condicionamento, já que
a sacarina não é imunosupressora.

Portanto, como vimos até agora, as células do sistema imunológico


encontram-se sob uma complexa rede de influência dos sistemas nervoso e
endócrino. Seus mediadores (neurotransmissores e hormônios diversos) atuam
sinergicamente com outros produtos linfocitários, de macrófagos e moléculas
de produtos inflamatórios na regulação de suas ações.

Experiências dessa natureza sugerem grande variedade de hipóteses


sobre a influência das emoções na imunidade. Será a crença no remédio tão
importante quanto o próprio remédio? Será que isso ajuda a explicar o efeito
dos placebos e da medicina alternativa? Seriam, essas hipóteses, capazes de
estabelecer relações entre os estados de ânimo positivos e o aumento da
sobrevida de pacientes portadores de AIDS, ou de câncer?

Alguns estudos, elaborados a partir de experiências com primatas,


mostram que o apoio social pode ser um importantíssimo modificador dos
efeitos deletérios do estresse. Isso sugere a importância do apoio ambiental na
saúde da pessoa estressada. Quando o tipo de resposta do indivíduo ao
estresse se caracteriza por uma postura de derrota e pessimismo, que são
valores culturais, o Sistema Imunológico corre sérios riscos.

Todos os hormônios hipofisários mobilizados no Estresse atuam sobre o


sistema imunológico, através de receptores específicos situados nas células
linfóides. Mas para compreender melhor os mecanismos hormonais do
Estresse, é importante saber que esses hormônios são também produzidos,
em pequenas quantidades, por linfócitos.

Outras substâncias produzidas por linfócitos e que participam ativamente


das reações de Estresse são as linfocinas e monocinas. Estas substâncias são

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secretadas por células linfóides e macrófagos, e são dotadas da capacidade de


amplificar a inflamação produzida pelas reações imunológicas. Algumas destas
linfocinas e monocinas podem influenciar glândulas na liberação de alguns
hormônios, como é o caso da Interleucina 1, que volta a estimular a hipófise na
liberação de ACTH.

Diversos outros produtos inflamatórios, tais como prostaglandinas,


leucotrienos, tromboxanes, etc., produzidos nas mais variadas células, sejam
elas linfóides ou não, desempenham alguma influência sobre o sistema
imunológico. Na reação ao Estresse eles atuam sobre os Linfócitos T e
Macrófagos, estimulando-os ou inibindo-os.

O estresse agudo em humanos, cuja fisiologia é semelhante às reações


de luta que se vê no reino animal, geralmente aumenta o numero e a atividade
das Células NK. Porém isso só ocorre numa primeira fase dessa atitude de
defesa.

O estresse da vida cotidiana, principalmente nas situações mais


exaustivas, tensas e crônicas, pode afetar uma série elementos imunológicos.
Entre essas alterações estão as funções de Células T, a atividade de Células
NK, a resposta de anticorpos, a função dos macrófagos, a reativação de vírus
latentes (como o Herpes Simples), entre outras, com severas implicações na
saúde global da pessoa (Glaser). As relações entre o estresse e infecções são
bastante antigas e, inúmeras vezes, constatados por trabalhos experimentais,
alguns bastante rigorosos.

Segundo Cohem (1991), existe uma grande variedade de vírus


intranasais capazes de desenvolver alterações imunológicas, tanto através da
produção de anticorpos, quanto de infecções, como uma forma de resposta aos
aumentos no grau de tensão psicológica. Cada vez mais trabalhos científicos
confirmam efeitos danosos do estresse sobre infecções virais e bacterianas.

Também os hormônios respondem ao estresse, incluindo a adrenalina,


os corticoesteróides e as catecolaminas. Esses hormônios têm variadíssimos

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efeitos na regulação da resposta imune (Buckingham). Em níveis anormais,


altos ou baixos, os hormônios afetam a imunidade.

A atividade intergrada entre o Hipotálamo, a Hipófise e as glândulas


Suprarenais, conhecido por Eixo Hipotálamo-Hipófise-Suprarenal, é ativado por
eventos psicológicos, regulando assim a secreção de hormônios produzidos na
Hipófise e destinados às Suprarenais, como é o caso da corticotrofina (CRF) e
do hormônio adrenocorticotrofico (ACTH). Esses, por sua vez, terão efeitos
diretos na imunidade.

O hormônio do crescimento, também estimulado por eventos psíquicos,


pode aumentar as funções dos Linfócitos T e NK em animais de experiência.
Os hormônios sexuais também afetam a imunidade. A atividade da Célula NK é
mais alta na fase lútea de ciclo menstrual e é também estimulada pelos
hormônios da tireóide.

9. CÉREBRO E VIOLÊNCIA

Durante um relacionamento agressivo, geralmente o cérebro (eixo


hipotálamo-hipofisário) envia um sinal às glândulas supra-renais determinando
a liberação de adrenalina na corrente sangüínea. Tal como acontece na
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Reação de Alarme da Síndrome Geral de Adaptação. Há, rapidamente, um


aumento da excitação fisiológica e do nível de vigilância do organismo.
Simultaneamente, também procedente das supra-renais, os níveis sangüíneos
de cortisol livre aumentam, numa clara demonstração da interação entre os
estímulos externos e a fisiologia interna.

Experimentalmente, o inverso da seqüência acima parece ser também


verdadeiro, de acordo com o que sugere os experimentos de Raynes (1970)
com peixes lutadores. O pesquisador estimulou a agressividade nestes peixes
colocando álcool na água, enquanto a mesma coisa foi feita com noradrenalina.
Outros experimentos demonstram que a agressividade pode ser alterada
modificando-se a taxa metabólica de certos neurotransmissores do sistema
nervoso central, mais precisamente da noradrenalina, serotonina e dopamina.
Parece ser também de importância fundamental o papel dos hormônios
sexuais no perfil da agressividade do indivíduo.

Existe, inegavelmente, uma sólida inter-relação entre estímulos externos


e a fisiologia interna no mundo animal. Mais importante ainda é a relação entre
a fisiologia interna e a resposta comportamental. Vimos que um estímulo
estressor pode determinar um aumento na secreção de substâncias químicas
do tipo adrenalina, hormônios e neurotransmissores, colocando o indivíduo
numa posição de alarme, pronto para a luta ou para a fuga. Por outro lado, esta
posição de alarme também pode ser determinada a partir do aumento
(experimental) destas substâncias sem, necessariamente, a presença do
agente estressor vivencial.

Os neurotransmissores alterados na agressão são fisiologicamente


encontrados no Sistema Límbico, e isso dirigiu a atenção dos pesquisadores
para esta área do Sistema Nervoso Central. E é aí que entra o elemento
topográfico e anatômico da agressão. O Sistema Límbico é fisiologicamente
relacionado ao controle e elaboração da maioria dos comportamentos
motivados.

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Em relação aos hormônios sexuais, durante séculos o conhecimento


geral atesta o fato de um garanhão selvagem castrado tornar-se muito mais
dócil. Da mesma forma que a castração de um touro selvagem transforma-o
num boi trabalhador e submisso. Nos seres humanos a castração terapêutica
foi institucionalizada nos países escandinavos, particularmente na Dinamarca,
e seu uso restringe-se praticamente aos criminosos sexuais.

A legislação desses países coloca a castração terapêutica como uma


opção voluntária do prisioneiro, cuja não concordância implica em reduzidas
chances de sair da prisão. Baseado nas poucas centenas de casos estudados
pode-se dizer que a castração proporciona uma pacificação geral nestes
prisioneiros e há um número relativamente pequeno de recidivas, segundo
Johnson.

Psicopatologicamente, a violência e a agressão não podem ser


consideradas características de nenhum estado psicopatológico particular. É
sabido que existem relações entre a Epilepsia do Lobo Temporal e crises de
furor e agressividade extremada. Também os casos de Embriagues Patológica,
são exemplos de agressividade exagerada e responsável por inúmeros crimes
de agressão. Este estado se caracteriza por uma mudança abrupta e profunda
na personalidade motivada pela ingestão de bebida alcoólica (mesmo em
pequena dose).

Psicodinamicamente, a agressão deve ser considerada à luz da


conjuntura sócio-cultural. Há inúmeras reflexões filosóficas acerca do natural
(ou não) potencial agressivo e violento do ser humano. Rousseau teimava em
reconhecer certa bondade natural do indivíduo, o qual, colocado diante de uma
sociedade corruptora transformaria sua boa natureza em atuação social
condenável. Thomas Hobbes, por outro lado, afirmava ser vil e má uma
condição natural do ser humano. Sua sociabilidade aceitável e meritosa devia-
se à atuação modeladora da sociedade, normalmente através dos mecanismos
de coerção e gratificação (valores).

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Entre estas duas correntes principais e opostas devemos entender todos


os casos de nossa observação de forma individualizada, considerando as
peculiares circunstanciais de cada um, lembrando sempre que
comportamentos, atitudes, sentimentos e emoções costumam ultrapassar os
conhecimentos que temos dos neurotransmissores, da topografia e fisiologia
cerebrais.

Enfim, a fisiopatologia da agressão e violência é um vasto campo por


onde deverão desfilar infindáveis hipóteses e pesquisas. Além disso, as
circunstâncias existenciais a que se submete o indivíduo durante sua trajetória
de vida tendem a inviabilizar uma sistematização mecanicista acerca deste tipo
de comportamento motivado.

10. SISTEMA LÍMBICO: O CENTRO DAS EMOÇÕES

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Organicamente, o comportamento agressivo e violento pode ser


determinado tanto por fatores químicos quanto anatômicos, ou seja, tanto
microscópicos, incluindo os elementos atrelados à eletrofisiologia cerebral,
quanto macroscópicos, atrelados à integridade anatômica do órgão.

O Sistema Límbico inteiro pode ser considerado o substrato neural para


o comportamento relacionado à motivação e à emoção.

Filogeneticamente o cérebro humano poderia ser dividido em 3


unidades:

1. cérebro primitivo (autopreservação, agressão)

2. cérebro intermediário (emoções)

3. cérebro racional (tarefas intelectuais)

O Cérebro Primitivo é
constituído pelas estruturas do
tronco cerebral, ou seja, pelo
bulbo, cerebelo, ponte e
mesencéfalo, pelos bulbos
olfatórios e pelo mais antigo
A figura mostra a
evolução núcleo da base cerebral, o
filogenética do Sistema Nervoso Central. chamado Globo Pálido. Esse
Pela falta do Sistema Límbico os répteis (e cérebro, anatomicamente
inferiores) não mostram sinais de delimitado da forma descrita,
emoções. corresponde ao cérebro dos
répteis.

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O Cérebro Intermediário,
que aparece inicialmente nos
primitivos mamíferos, já é formado
pelas estruturas do Sistema
Límbico e corresponde ao cérebro
dos mamíferos inferiores.

O Cérebro Superior, encontrado filogeneticamente nos atuais mamíferos


superiores, tais como nos primatas, golfinhos e seres humanos, compreende a
maior parte dos hemisférios cerebrais, formado por um tipo de córtex mais
recente e denominado neocórtex e por alguns grupos neuronais subcorticais.

Essas três camadas cerebrais vão aparecendo, uma após a outra,


durante o desenvolvimento do embrião e do feto (ontogenia), representando
cronologicamente, a evolução (filogenia) das espécies, do lagarto até o Homo
Sapiens.

Observou-se na superfície medial do cérebro dos mamíferos uma região


constituída por células cinzentas (neurônios) que foi chamado de Lobo Límbico.
Uma vez que ela forma uma espécie de borda ao redor do tronco encefálico.

Como vimos então, a parte de nosso cérebro mais primitiva é herança


evolutiva dos répteis, e abriga os mecanismos neuronais básicos da
reprodução e da autoconservação, o que inclui o ritmo cardíaco, circulação
sanguínea e respiração. Num anfíbio, este é quase todo Sistema Nervoso
Central que existe.

Os elementos comportamentais comuns entre seres humanos e répteis,


supostamente relacionados a essas estruturas primitivas, seriam a seleção do
lugar (do lar), a territorialidade, o envolvimento na caça, o acasalamento, cuidar
da cria e a formação de hierarquias sociais e seleção de líderes. Tem origem
aqui também a participação nos comportamentos ritualistas.

Salvo algumas exceções, parece que estes comportamentos formam


parte das condutas burocráticas e políticas do ser humano atual. Talvez,
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conforme diz Eduardo A. Mata, quando falamos que "matou a sangue frio",
estamos fazendo uma didática metáfora ao sangue frio dos répteis.

O Sistema Límbico já se encontra em torno desse cérebro de réptil


primitivo, sob a forma de rudimentos do Sistema Límbico que existe no ser
humano. O comportamento dos mamíferos, desde as classes mais inferiores,
até as mais desenvolvidas, incluindo os humanos, difere dos répteis não só na
maior quantidade de comportamentos possíveis, mas também na qualidade
desses comportamentos, surgindo nos mamíferos mais evoluídos a emoção.

É muito importante saber que as expressões da fúria, gerenciadas por


este Sistema Límbico, são notavelmente similares entre um gato, um cão e
um ser humano submetidos à mesma situação. Isto significa que esse tipo de
reação não sofreu mudanças na escala filogenética evolutiva dos mamíferos.

Chama atenção também, para a importância do Sistema Límbico, o fato


da quase totalidade dos psicofármacos atuarem exatamente nesse local. Os
sistemas neuroendócrino, neuroimune, neurovegetativo e os ritmos
circadianos, todos têm no Sistema Límbico sua sede e, por isso, são todos
fortemente influenciados pelas emoções.

A Amígdala é uma parte importantíssima dessa região límbica e tem um


papel transcendente na agressividade. Também existem motivos para acreditar
que a base do comportamento altruísta se encontra no Sistema Límbico. O
amor, que pode corresponder ao instinto de vida, parece ser uma aquisição
deste Sistema Límbico. Muitas investigações documentam que as emoções
são patrimônio dos mamíferos e de algumas aves. Precisamente as espécies
que, fora os insetos sociais, cuidam de sus crias.

As regiões cerebrais mais primitivas da agressão, precisamente da


agressão predatória, têm sido amplamente estudadas e numerosas estruturas
filogeneticamente mais primitivas têm sido implicadas nesse tipo de agressão.
Essas estruturas incluem o hipotálamo, o tálamo, o mesencéfalo, o hipocampo
e o núcleo amigdalino. A Amígdala e o Hipotálamo trabalham em estreita

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harmonia, e o comportamento de ataque pode ser acelerado ou retardado


segundo a interação entre estas duas estruturas.

Por último, aparece o Neocórtex, que se apresenta em estado


rudimentar nos mamíferos inferiores, sofre uma modificação impressionante
nos primatas e, finalmente, tem um desenvolvimento explosivo nos hominídeos
e nos grandes mamíferos aquáticos.

A agressão e seu subproduto perverso, a destrutividade, requerem a


participação das estruturas cerebrais primitivas. Sem elas não haveria a
verdadeira agressão. A verdadeira força da agressão reside num conjunto de
"assembléias neuronais" ou "armazéns neuronais" e na emoção processada
pelo Sistema Límbico.

Assim, o cérebro humano traz em si reflexos da história da evolução,


tanto em sua função quanto em sua anatomia. Possivelmente tenha começado
na água, quando os peixes desenvolveram um tubo para transportar os nervos
de partes distantes de seu corpo para um lugar central de controle.

O Sistema Límbico atua no controle de nossas atividades emocionais e


comportamentais, assim como nos impulsos motivacionais. Em 1978, o
neurologista francês Paul Broca observou que na superfície medial do cérebro
dos mamíferos, logo abaixo do córtex, existe uma região constituída por
núcleos de células cinzentas (neurônios) a qual ele deu o nome de lobo
límbico, que traduz a idéia de círculo, anel, em torno de, etc.

Uma vez que ela forma uma espécie de borda ao redor do tronco
encefálico esse conjunto de estruturas mais tarde foi denominado Sistema
Límbico. É esse sistema que comanda certos comportamentos necessários á
sobrevivência de todos os mamíferos.

A destruição experimental das Amígdalas (são duas, uma para cada um


dos hemisférios cerebrais) faz com que o animal se torne dócil, sexualmente
indistinto, afetivamente descaracterizado e indiferente às situações de risco. O

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estímulo elétrico agindo nessas estruturas provoca crises de violenta


agressividade.

Em humanos, a lesão das Amígdalas faz, entre outras coisas, com que o
indivíduo perca o sentido afetivo da percepção de uma informação vinda de
fora, como por exemplo, a perdavaloração de uma pessoa conhecida. Ele sabe
quem está vendo mas não sabe se gosta ou desgosta da pessoa em questão.

Localizada na profundidade de cada lobo temporal anterior, a Amígdala


funciona de modo íntimo com o Hipotálamo. É o centro identificador de perigo,
gerando medo e ansiedade e colocando o animal em situação de alerta,
preparando-o para fugir ou lutar.

O Hipocampo é envolvido com os fenômenos da memória de longa


duração. Quando ambos os hipocampos (direito e esquerdo) são destruídos,
nada mais é gravado na memória.

Um Hipocampo intacto possibilita ao animal comparar as condições de


uma ameaça atual com experiências passadas similares, permitindo-lhe, assim,
escolher qual a melhor opção a ser tomada para garantir sua preservação.

As lesões ou estimulações do dorso medial e dos núcleos anteriores do


Tálamo estão correlacionadas com a reatividade emocional do homem e dos
animais. A importância dos núcleos na regulação do comportamento
emocional, possivelmente não decorre de uma atividade própria do Tálamo,
mas das conexões com outras estruturas do Sistema Límbico.

O núcleo dorso-medial do Tálamo se conecta com as estruturas corticais


da área pré-frontal e com o hipotálamo. Os núcleos anteriores ligam-se aos
corpos mamilares no Hipotálamo e, através destes, via fórnix, com o
hipocampo e com o giro cingulado.

O Hipotálamo é uma das áreas mais importante do Sistema Límbico.


Além de seus papéis no controle do comportamento, essa área também
controla várias condições internas do corpo, como por exemplo, a temperatura,
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o impulso para comer e beber, etc. Essas funções internas são, em conjunto,
denominadas funções vegetativas do encéfalo, e seu controle está relacionado
com o comportamento. O Hipotálamo mantém vias de comunicação com todos
níveis do Sistema Límbico.

O Hipotálamo desempenha, ainda, um papel nas emoções.


Especificamente, as partes laterais parecem envolvidas com o prazer e a raiva,
enquanto que a porção mediana parece mais ligada à aversão, ao desprazer e
à tendência ao riso (gargalhada) incontrolável.

De um modo geral, contudo, a participação do Hipotálamo é mais


importante na expressão e manifestações somáticas dos estados emocionais
do que na gênese destes. A via ou trajetória dos estímulos emocionais se faz
em dois sentidos, tomando-se o Hipotálamo como ponto de referência. Passam
pelo Hipotálamo, vindo do Sistema Límbico (Amígdala) e se dirigem aos
órgãos efetores (glândulas), porém, retornam ao Sistema Límbico, vindos do
próprio Hipotálamo aos centros límbicos e, destes, aos núcleos pré-frontais,
aumentando, por um mecanismo de feed-back negativo, a ansiedade, a qual
poderá até um estado de pânico.

O Giro Cingulado está situado na face medial do cérebro entre o sulco


cingulado e o corpo caloso, que é um feixe nervoso que liga os 2 hemisférios
cerebrais.

Há ainda muito por conhecer a respeito desse giro, mas sabe-se que a
sua porção frontal coordena odores e visões com memórias agradáveis de
emoções anteriores. Esta região ainda participa da reação emocional à dor e
da regulação do comportamento agressivo. A ablação do giro cingulado
(cingulectomia) em animais selvagens,domestica-os totalmente. A simples
secção de um feixe desse giro (cingulomia), interrompendo a comunicação
neural do circuito de Papez, reduz o nível de depressão e de ansiedade pré-
existentes.

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O Tronco Cerebral também é a região responsável pelas reações


emocionais, porém, de forma mais primitiva. Na verdade, apenas respostas
reflexas, de vertebrados inferiores, como répteis e os anfíbios.

O Tronco Cerebral se compõe da Formação Reticular e do Locus


Ceruleus, que é uma massa concentrada de neurônios secretores de
noradrenalina. É importante assinalar que, até mesmo em humanos, essas
estruturas primitivas continuam participando, não só dos mecanismos de alerta,
vitais para a sobrevivência, mas também da manutenção do ciclo vigília-sono.

A Área Tegmental Ventral se compõe de um grupo de neurônios


localizados em uma parte do tronco cerebral que secreta dopamina. A
descarga espontânea ou a estimulação elétrica dos neurônios da região
dopaminérgica mesolímbica produzem sensações de prazer, algumas delas
similares ao orgasmo.

Indivíduos que apresentam, por defeito genético, redução no número de


receptores das células neurais dessa área, tornam-se incapazes de se
sentirem recompensados pelas satisfações comuns da vida e buscam
alternativas "prazerosas" atípicas e nocivas como, por exemplo, alcoolismo,
cocainomania, compulsividade por alimentos doces e pelo jogo desenfreado.

O Septo é uma estrutura situada à frente do Tálamo, por cima do


Hipotálamo. A estimulação de diferentes partes desse septo pode causar
muitos efeitos comportamentais distintos. Na frente do Tálamo, situa-se a área
septal onde estão localizados os centros do orgasmo (quatro para mulher e
um para o homem). Certamente por isto, esta região se relaciona com as
sensações de prazer, mormente aquelas associadas às experiências sexuais.

A Área Pré-Frontal não faz parte do circuito límbico tradicional, mas suas
intensas conexões com o tálamo, amígdala e outras áreas sub-corticais,
explicam o importante papel que desempenha na expressão dos estados
afetivos.

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Quando o córtex da Área Pré-Frontal é lesado, o indivíduo perde o


senso das responsabilidades sociais, bem como a capacidade de
concentração e de abstração. Em alguns casos, a pessoa, mantém intactas a
consciência e algumas funções cognitivas, como a linguagem, mas não
consegue resolver problemas mais elementares.

Quando se praticava a lobotomia pré-frontal, para tratamento de certos


distúrbios psiquiátricos, os pacientes entravam em estado de "tamponamento
afetivo", e não demonstravam mais quaisquer sinais de alegria, tristeza,
esperança ou desesperança. Em suas palavras ou atitudes não mais se viam
quaisquer resquícios de afetividade.

9.1.O Cérebro e a Regulação Emocional

O cérebro humano possui sistemas de regulação naturais que controlam


as emoções negativas e alterações nesses sistemas parecem aumentar
dramaticamente o risco de comportamento impulsivo violento, conforme
pesquisas da Universidade de Wisconsin-Madison.

Essas pesquisas são baseadas fortemente nas imagens funcionais


cerebrais (possíveis depois do advento do SPECT), em pessoas violentas ou
predispostas à violência, ou seja, em pessoas que preenchem os critérios para
diagnóstico de Transtorno Explosivo da Personalidade, bem como aquelas
com lesões cerebrais ocorridas na infância e assassinos condenados.

Uma pesquisa publicada na revista Science (28/07/2000), mostrou a


existência de elementos neurológicos comuns em 500 pessoas consideradas
com dificuldades em regular impulsos agressivos apropriadamente. Este
estudo avaliou várias regiões interconectadas do córtex pré-frontal do cérebro,
áreas estas relacionadas ao controle das emoções negativas e o autor da
pesquisa, o psicólogo Richard Davidson, acha que essas conexões recém-
encontradas entre violência e tais disfunções cerebrais abrem um novo
caminho para a compreensão e o tratamento da violência e agressão.

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Uma das constatações de Davidson se refere ao inter-relacionamento


entre áreas distintas da região cerebral, tais como o córtex frontal orbital, o
córtex cingulado anterior e a tonsila cerebelar. O Córtex Frontal Orbital, por
exemplo, tem um papel crucial no refreamento da explosão impulsiva enquanto
que o Córtex Cingulado Anterior ativa outras regiões para responder ao
conflito. A Amígdala estaria envolvida na produção de uma resposta ao medo
e outras emoções negativas.

As pesquisas de Davidson e colegas encontraram atividade anormal ou


falta de atividade nas regiões orbital e anterior em vários grupos de estudo,
enquanto que a Amigdala mostrava uma atividade normal ou aumentada. Os
pesquisadores encontraram disfunções em regiões cerebrais comuns em
estudos com base em imagens cerebrais de 41 assassinos pertencentes a um
grupo de estudo que sofria de Distúrbio da Personalidade Impulsiva Agressiva
(na CID.1O, fazendo parte da Personalidade Borderline) e a outro grupo
diagnosticado com Distúrbio da Personalidade Anti-social.

Também foram reavaliadas informações sobre dois indivíduos que


sofriam de dano precoce em duas importantes regiões do cérebro, os quais
apresentavam histórias de abuso físico e verbal e explosões intermitentes de
ira.

9.2.O Impacto Do (Bom) Humor Sobre O Estresse E A Saúde

Não fumar, alimentar-se equilibradamente, evitar carnes vermelhas e


gordurosas, praticar exercícios físicos regularmente, dormir número satisfatório
de horas, ter a vida regrada, não cometer exageros e excessos, e outras tantas
recomendações espartanas já está provado: talvez você não viva mais, mas
sua vida vai parecer uma eternidade.

Essa brincadeira sugere, singelamente, que as atitudes necessárias


para um modo de vida politicamente correto, podem ser medidas que fazem
viver mais, mas nem sempre, melhor. Viver mais não significa viver melhor,
automaticamente, ou seja, quantidade não é sinônimo de qualidade.

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Há alguns anos, afirmar que existia uma vinculação direta entre o humor
e a boa saúde era quase uma heresia para a ciência. Hoje em dia, a medicina
em geral e a psiquiatria, em particular, estudam muito a importância do bom
humor, dos bons sentimentos e da afetividade sadia na qualidade de vida e na
saúde global da pessoa. Sobretudo, na prevenção de doenças e como fator de
melhor recuperação de moléstias graves, entre as quais o câncer.

Patch Adams é o nome de um filme, protagonizado por Robin Williams,


que conta a história de um estudante de medicina esforçado, de todas as
maneiras possíveis, em mostrar a importância de humanizar a profissão
médica, bem como a importância do humor como meio para atingir o bem-estar
dos doentes.

Não existe dúvida nenhuma sobre a relação que existe entre o estresse,
seja ele físico ou emocional, e a saúde orgânica, incluindo o funcionamento do
sistema imunológico e o desenvolvimento de alguns tipos de câncer.

As investigações sobre as contribuições do bom humor para a saúde


são mais recentes e menos numerosas que os estudos sobre os efeitos
danosos da tristeza, da angústia e da raiva.

Um recente estudo sobre a atividade das células tipo “natural Killer”,


importantes na imunidade contra tumores, mostrou os efeitos de programas
que estimulam o riso e o bom humor no aumento da atividade desses
componentes imunológicos, ao mesmo tempo em que os estados depressivos
enfraqueciam esse aspecto da defesa orgânica.

Nesse sentido, Berk e colaboradores (2001) também puderam estudar a


modulação neuroimunológica durante e depois de pacientes serem sido
submetidos a programas associados ao bom humor e ao riso. Concluíram que
o riso e o bom humor podem ter efeitos benéficos na saúde, recomendando
esse tipo alternativo de terapia para melhora do bem estar e como coadjuvante
ao tratamento médico formal.

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Os efeitos do bom humor sobre a saúde física são tão evidentes que
uma boa e sincera risada pode ter a importância de uma sessão de ginástica.
Na psicossomática a medicina se preocupou, até agora, em mostrar os
mesmos resultados de maneira inversa, ou seja, mostrando as relações entre
determinadas emoções e a ocorrência de doenças cardíacas.

Na década de 1940, Flanders Dumbar já descrevia algumas


características de humor e comportamento do paciente coronariano. Dizia que
existia, entre os pacientes coronarianos, grande número de pessoas
compulsivas, com tendência ao trabalho contínuo, hiperativos, que
desprezavam as férias e não dividiam responsabilidades, além de negarem
estar eventualmente emocionadas ou depressivas.

Mas, quando se fala em risos e risadas não estamos falando da pessoa


que conta anedotas, que ri a toa. Às vezes um comportamento assim pode ser
uma exigência profissional ou uma conveniência social. O bom humor, na
realidade, diz respeito a rir-se das coisas em geral, das incongruências do
cotidiano, da comédia da vida diária, das brigas, dos pequenos problemas do
dia-a-dia e, até mesmo, dos tempos difíceis que passamos.

Fazer “piadinhas” de tudo é muito mais eficiente que assistir um show de


humorismo sofisticado, para o qual tenhamos que disputar a vaga do
estacionamento aos berros. Trata-se de levar a vida forma mais leve, mesmo
diante de um trabalho mais sério, trata-se de rir mais e com maior frequência
do que de costume.

Alguns trabalhos são encomendados por órgãos de saúde, com o


propósito de avaliar a viabilidade econômica dos programas de aumento da
qualidade de vida e promoção do bem estar que utilizam técnicas de estimular
o bom humor e o riso. Todos os estudos de Watt, Verma e Flynn, da Queen's
University (1998), revelaram alguns resultados positivos que se seguem à
intervenção de técnicas de bom humor, ressaltando que, embora as evidências
fossem ainda inconclusivas, tais programas podem ser economicamente
compensadores (relação custo-benefício).
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Estudando a autobiografia manuscritas de 180 freiras católicas, pode ser


possível estabelecer uma associação inversa fortemente estabelecida entre o
índice emocional positivo e a longevidade. Foram considerados relatos de
emoção positiva aqueles com maior quantidade de palavras ligadas a
sentimentos agradáveis, tais como "felicidade", "amor", “alegria”,
"generosidade" e "esperança".

Além de esse grupo ser em média de 6 a 10 anos mais longevo, as


freiras positivas haviam chegado com mais saúde à velhice do que as que
costumavam usar grande número expressões com significados negativos, do
tipo "tristeza", "indecisão", “medo”, “pecado” e "vergonha". O grupo considerado
com índice emocional positivo exibiu ainda, menor grau de demência senil.

9.3. Estresse, Adaptação e Risos

Atualmente, a risada tem sido objeto de estudos, por se tratar da


expressão mais explícita do bom humor e da positividade (Macaluso MC.
1993). Segundo pesquisas de Hassed (2001), o riso tem um importante papel
na redução dos hormônios envolvidos na fisiologia do estresse, melhorando a
intensidade e realçando a criatividade das respostas, reduzindo a dor e,
sobretudo, melhorando a imunidade e reduzindo a pressão de sangue. As
pessoas que sabem se divertir e rir são, geralmente, mais saudáveis e mais
capazes de sair de situações de estresse com mais facilidade.

A redução da liberação dos hormônios associados ao estresse,


notadamente do cortisol e da adrenalina é ocorrência desejável, já que, como
se sabe, estando eles em excesso, podem enfraquecer as defesas do
organismo e elevar a pressão arterial, criando condições para o
desenvolvimento de infecções e doenças cardíacas, tais como o infarto e a
insuficiência cardíaca.

John Morreall afirma que "A pessoa que tem sentido de humor, não só é
mais descontraída perante situações potencialmente estressantes, como
também as compreende de forma mais flexível. Mesmo aquele em cujo
ambiente não ocorram muitas coisas, a sua imaginação e criatividade vão
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afastá-lo da rotina mental permitindo desfrutar de si mesmo, evitar o


aborrecimento e a depressão."

As relações entre emoções e imunidade já vêm sendo estudadas há


algum tempo. Um dos objetivos desses estudos é examinar o relacionamento
entre fatores psicológicos, atividade regional do cérebro e a atividade dos
leucócitos NT (Natural Killer). Nos trabalhos de Tashiro houve significativa
correlação entre as atividades dessas células da defesa imunológica,
ansiedade e estresse, e atividade do córtex pré-frontal infero-lateral, córtex
orbito-frontal e córtex temporal anterior.

Esse trabalho (Tashiro, 2001), no qual foram estudados 8 pacientes com


doenças malignas e submetidos à provas de função cerebral (PET), ofereceu
dados que podem servir de suporte para uma hipótese de que a interação
psico-imune pode ser mediada também pelo córtex cerebral e pelo Sistema
Límbico.

São mais ou menos recentes as pesquisas conduzidas por K. Shibata,


da Universidade do Centro Médico de Rochester, New York, sobre as
localizações cerebrais da região predominantemente relacionada ao humor
(bom ou mau) das pessoas. Shibata começou, originalmente, usando a
imagens de Ressonância Magnética Funcional (SPCT e PET) estudar o
processamento cerebral de incongruências verbais.

Durante a pesquisa, quando observava a reação do cérebro à


incongruências verbais engraçadas, encontrou alguns dados sugestivos da
área do cérebro capaz de processar o bom humor. A estimulação das pessoas
se dava às custas de gracejos verbais, cartoons e sons de gargalhadas.

O riso parece ser associado, primeiramente, com o córtex motor


suplementar, uma observação constatada também por resultados da
estimulação elétrica desta área durante a cirurgia do cérebro. O córtex direito
do pré-motor pode também estar envolvido no riso. O sentimento emocional

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agradável que acompanha o riso parece ser associado com o núcleo


acumbens, como são muitos outros estados emocionais positivos.

Por outro lado, a apreciação dos gracejos e dos cartoons parece estar
relacionada ao lóbulo frontal ventro-medial, uma área que mostra relativamente
pouca atividade nos pacientes com depressão e em pessoas portadoras de
lesões capazes de destruir o sentido de experimentar o humorismo.

Uma proposta terapêutica que resulta dessas hipóteses é a seguinte: se


o Sistema Nervoso Central e sua função emocional podem influenciar
diretamente nosso sistema imunológico, então tem que ser possível o
restabelecimento do bom funcionamento imunológico transformando nossas
emoções negativas em positivas.

Como novas e alternativas terapias surgem a cada momento, a


chamada risoterapia se baseia nas propriedades do riso para melhorar pessoas
imunodeprimidas. A risoterapia trata das chamadas emoções negativas,
procurando fazer esquecer a dor ou o medo que caracterizam alguns
pacientes. De fato, os pensamentos humorísticos fazem maravilhas no
organismo, principalmente se levarmos em conta que o riso e a alegria
estimulam a produção de endorfinas e regulam os níveis hormonais.

Segundo alguns adeptos mais entusiasmados da alegria em doses


terapêuticas, aparentemente o riso não melhora apenas as condições do
sistema imune. Conforme com o psiquiatra da Universidade de Stanford,
William F. Fry (1992), rir cem vezes durante o dia tem os mesmos efeitos
cardiovasculares que fazer exercícios de remo durante 10 minutos.

10. O Sono e o Sistema Nervoso


O estudo do sono tem despertado interesse desde a antiguidade,
suscitando diversos documentos escritos acerca deste assunto.

Até o presente momento, a função do sono ainda não está


completamente esclarecida, mas, sabe-se que serve para restaurar os níveis
normais de atividade e o “equilíbrio” normal entre as diferentes partes do

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sistema nervoso central, além de estar envolvido com a conservação do


metabolismo energético, com a cognição, com a termorregulação, com a
maturação neural e a saúde mental.

Embora represente um período de descanso, o sono parece não ser


um indicador de estado passivo do sistema nervoso, correspondendo então
a um fenômeno ativo, com fases distintas e bem caracterizadas.

Considerando o aspecto científico, foi a partir da década de 30 que


avanços notáveis acerca do estudo do sono possibilitaram um maior
progresso e compreensão do assunto.

Berger (1930, apud Albertini (2008)) obteve um grande avanço no


estudo dos mecanismos de sono e vigília quando registrou a atividade
elétrica encefálica, por meio de eletrodos de agulhas introduzidos no couro
cabeludo (eletroencefalograma, ou EEG). Nos primeiros EEGs registrados
durante o sono, Berger descreveu os fusos e as ondas delta, que
caracterizam as fases II, III e IV do sono humano, descritas mais adiante.

O sono apresenta estágios alternantes, e cada estágio possui padrões


eletroencefalográficos característicos, segundo freqüência e amplitude das
ondas, que são distintos daqueles observados durante a vigília.

Rimbaud e cols. (1955, apud Albertini (2008)) observaram a


ocorrência de curtas fases dessincronizadas no EEG durante o sono natural
de gatos, que eram semelhantes ao padrão típico de atividade elétrica no
hipocampo (ritmo teta). Essas fases constituem um estado de sono
inteiramente distinto daquele com padrão sincronizado e foram denominadas
de “sono dessincronizado” ou também “sono paradoxal”, pois possui padrão
eletroencefalográfico análogo ao da vigília, porém associado à ausência do
tônus muscular. O sono paradoxal passou a ser extensamente estudado, em
especial devido aos movimentos periódicos rápidos dos olhos na espécie
humana (por esse motivo, esse estágio também pode ser denominado sono
REM – “Rapid Eye Movements”).

Esta fase também se caracteriza pela presença de sonhos, pelos


eventos fásicos (que incluem os movimentos oculares rápidos, e também
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abalos musculares ou mioclonias, e ondas ponto-genículo-occipitais - PGO)


e tônicos (as já citadas atonia muscular esquelética e dessincronização do
eletroencefalograma cortical, ou seja, ondas de baixa amplitude e alta
freqüência, e flutuações cardio-respiratórias).

Estudos demonstram que o tronco encefálico, particularmente a


formação reticular pontina lateral e bulbar medial, é a área responsável pela
geração do sono REM, conforme revisado por Vertes (1984, apud Albertini
(2008)) e Siegel (1994, apud Albertini (2008)).

Em contrapartida ao sono REM, existe o sono NREM (“Non-Rapid


Eye Movements”), que também pode ser denominado sono sincronizado,
pois um potencial elétrico rítmico inibitório-excitatório, gerado por neurônios
talâmicos e corticais, forma ondas sincronizadas de alta amplitude e baixa
freqüência. Esta fase do sono pode ainda ser subdividida em quatro estágios
conforme o aumento de sua profundidade:

Estágio 1: o indivíduo se encontra numa transição entre o estado de


vigília e o sono, com ondas no EEG de baixa voltagem;

Estágio 2: presença de ondas no EEG de baixa voltagem, sendo


interrompido por fusos e complexo K, que são ondas de alta amplitude;

Estágio 3: presença de ondas delta, que possuem baixa freqüência e


alta amplitude;

Estágio 4: predominância de ondas delta, lentas. Juntamente com o


estágio 3, é denominado também como ‘Sono de Ondas Lentas’.

De modo geral, o sono NREM apresenta baixa atividade neuronal,


taxa metabólica baixa, temperatura encefálica baixa, declínio da atividade
simpática e aumento da atividade parassimpática, pouca atividade muscular
e a regulação da temperatura está presente.

Durante o período de sono em seres humanos normalmente ocorrem


de 4 a 6 ciclos bifásicos (Figura 1) com duração de 90 a 100 minutos cada,
sendo cada um dos ciclos composto pelas fases do sono NREM, com

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duração de 45 a 84 minutos, e pela fase do sono REM, que dura de 5 a 45


minutos.

Em indivíduos adultos normais, o sono NREM encontra-se


principalmente distribuído na primeira metade do período de sono, enquanto
o sono REM predomina na segunda metade deste período.

A função do sono é restaurar. E um dos motivos pelos quais precisamos


restaurar nossas energias é o fato de que, quando o corpo está descansado,
sua imunidade aumenta. Logo, o cansaço e a fadiga favorecem o aparecimento
de doenças relativas à baixa defesa do organismo.

Um estudo norte-americano traçou um paralelo entre o aparecimento do


resfriado e as poucas horas de sono. Os pesquisadores concluíram que os
indivíduos que dormem menos de sete horas por dia estão três vezes mais
suscetíveis ao vírus causador da doença do que aqueles descansados por uma
noite completa de restauração.

Há dois fatores que podem favorecer o aparecimento da doença: o


número insuficiente de horas e a má qualidade do sono.

A privação do sono diminui a quantidade e a função das células


responsáveis pela imunidade, os linfócitos, monócitos e macrófagos. Isso leva
ao aparecimento de doenças infecciosas, câncer e diminuição do efeito das
vacinas e tratamentos imunizantes.

Doenças decorrentes da deficiência de imunidade podem estar


relacionadas às poucas horas de sono. Alguns exemplos são o lúpus, a artrite
e os problemas na glândula tireóide. A diabetes e o câncer também podem
aparecer com maior facilidade em indivíduos que negligenciam na importância
das noites bem-dormidas e trocam as horas de descanso do organismo por
outras atividades, como trabalho e diversão.

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Um estudo da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, mostrou


que as pessoas que dormem menos têm maior quantidade de glicose no
sangue. Além disso, o nível do hormônio insulina, que é responsável pela
redução da taxa de glicemia, fica abaixo do normal. Isto porque a privação do
sono promove aumento de estresse o que leva à resistência da ação da
insulina e aumento da glicose.

Pesquisadores do Allen Institute for Brain Science e SRI International,


concluíram um estudo que relaciona a má qualidade do sono a um menor ritmo
das funções cerebrais. O estudo, publicado na Frontiers in Neuroscience, criou
um extenso e detalhado mapa da atividade genética dentro do cérebro,
conhecida como expressão genética, e mostrou cinco condições
comportamentais incluindo dormir, acordar e privar-se do sono. A atividade, de
aproximadamente 220 genes, respondendo a essas condições foi examinada
detalhadamente, até o nível celular ( apud Albertini (2008)).

Trata-se da primeira pesquisa a descrever a "assinatura anatômica


molecular" da privação do sono. Através da comparação sobre quais genes
ficaram "ligados" e onde se localizavam no cérebro nas diferentes condições,
os pesquisadores descobriram que a maioria dos neurônios são afetados de
diversas maneiras com a falta de sono. As áreas cerebrais prejudicadas
incluem o neocórtex, a amídala e o hipocampo são responsáveis por comandar
as funções de cognição, emoção e memória que são afetadas com a privação
do sono.

De acordo com os cientistas, a privação do sono conduz uma série de


déficits na cognição, atenção e nas emoções, incluindo maior irritabilidade,
além de afetar a memória, coordenação e concentração. Esses efeitos são
comuns naqueles que trabalham durante muitas horas seguidas, e que sofrem
cronicamente por dormir menos.

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11. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Nessa disciplina, entendemos sobre o ser humano, sobre seus


sentimentos, suas dores, o ambiente em que convive e suas emoções. Diante
disso, é importante que façamos um estudo sobre os alguns dos sistemas
como o nervoso, endócrino e imune e suas interrelações nos diferentes tipos
de emoção e , agora refletirmos sobre o ser humano como um ser completo de
emoções regido por vários sistemas e hormônios.

Reflitamos agora, como esse ser humano se sente perante o mundo, e as


pessoas que estão se aprofundando nessa importante área, irá entender
melhor como o ser humano se comporta em diversas situações e poderá saber
ajudá-lo juntamente com outros especialistas de outras áreas.

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