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Resumos Psicologia da saúde

I - Definição – O que é a Psicologia da Saúde

   A Psicologia da Saúde foi definida por Matarazzo (1980) como a contribuição


psicológica para:
  1) a promoção e manutenção da saúde,  
2) a prevenção e tratamento da doença,  
3) a identificação dos fatores associados à saúde e à doença, e  
4) a melhoria dos cuidados de saúde e da política de saúde.

II. Os conceitos de saúde e doença e a sua relação

   Definição de doença
 Disease, ter uma doença, pode ser visto como um acontecimento
biológico, caracterizado por mudanças anatómicas, fisiológicas,
bioquímicas, ou por sua combinação (Barondess, 1979).
 Illness, sentir-se doente, é um acontecimento humano, i.e., consiste
numa configuração de desconforto e desorganização psicossocial,
resultante da interação do indivíduo com o seu meio (Barondess, 1979)
 Sickness (illness behavior), comportar-se como doente – é vista como
uma identidade social, um estatuto ou um papel assumido por pessoas
que foram rotuladas como não saudáveis (Thorensen & Eagleston,
1985).
 Relação entre Saúde e Doença
Wellness continuum: Trata-se de um contínuo – saúde óptima versus doença
grave ou morte – representando dois pólos imaginários.

 Dois eixos (Downie, Fyfe, & Tannahill, 1990):


   O contínuo bem-estar elevado versus bem-estar baixo representa-se
num eixo cruzado por outro eixo representando um contínuo saúde
versus doença.
   O sistema de eixos de referência define quatro quadrantes:
Posição 1 – seria um indivíduo sem nenhuma doença e bem-estar elevado.  
Posição 2 – teria uma doença grave e um nível correspondente de mal-estar.
Posição 3 – não teria nenhuma doença mas, por qualquer razão, teria um
sentimento de mal-estar;  
Posição 4 – apresenta um elevado nível de bem-estar coexistente com uma
doença grave.
Stress
  b) A relação entre factores psico-sociais e a doença.
  1. A relação entre o Stress e a Doença: Definição, modelos e fisiologia do
stress;
  2. O stress e o sistema imunológico. Psiconeuroimunologia.

 A relação entre factores psicosociais e a doença   História


   W. Cannon: resposta de fuga-luta
 Hans Selye: síndrome geral de adaptação  
3 fases: 1. alarme
2. resistência
3. exaustão

 A relação entre o Stress e a Doença   Definição:


   Stressor: estímulo com o potencial de desencadear uma resposta de
fuga-luta.
 Reactividade de stress: reacção fisiológica ou psíquica.

 Hans Selye – descreve as respostas do organismo a uma variedade de


estímulos físicos e emocionais, incluindo dor, condições ambientais
extremas, medo, raiva ou frustração.
  Reacção de alarme – chama atenção para o alarme dos mecanismos de
defesa do corpo, seguindo-se o estádio de resistência, de exaustão e
morte.
   Síndrome de adaptação geral - resposta com três fases.
   Stress - “Resposta inespecífica do corpo a qualquer exigência para
mudar” (H. Selye)
  Doenças da adaptação – hipertensão, úlcera péptica, artrite e doença
da artéria coronária.
 Stress:
  “Desequilíbrio entre as exigências do meio e os recursos disponíveis do indivíduo”
(combinação stressor- reatividade).
 Stress é uma resposta interna a um estímulo ou situação externo (stressor).
  Tipos de stressores:  
 Biológicos – infeção, trauma físico, doenças, fadiga;  
 Psicológicos – ameaça física, ataques à auto-estima, geração de sentimentos de
culpa;  
 Sociais – superpopulação, demasiado barulho, pressões económicas, guerra.
Modelos
  I. Modelo de Cannon de luta ou fuga

 II. Modelo GAS (General Adaptation Syndrome)  
 1. Alarme  
 2. Resistência/coping  
 3. Exaustão  

 III. Descompensação Psicológica (Brady, 1975)  


 1. Descompensação  
 2. Tentativa de resolução  
 3. Adaptação descompensada

 IV. Modelo de Mudanças de Vida de Holmes e Holmes (1970)


   Acontecimentos do dia-a-dia podem agir como stressores e a acumulação
de pequenas mudanças podem ser tão importantes como grandes
stressores.
 Crítica:
1) acontecimentos positivos e negativos não tem o mesmo impacto;
2) as características do indivíduo e interpretações pessoais afetam o
impacto.

 V. Modelo de Interacção (Transaction Model) (Lazarus, 1969)


   O stress não reside só no indivíduo ou situação, é uma interação dos dois.
   Importância da definição subjetiva que a pessoa tem do acontecimento.

 Lazarus e Folkman (1984) – descrevem como as interacções com o ambiente


geram emoções e como estas podem produzir respostas corporais de stress.

 Avaliações 1ªs e 2ªs:  


1º Avaliamos os acontecimentos pelo seu valor de ameaça;  
2º Avaliamos as nossas opções para coping com as presumíveis ameaças
usando avaliações secundárias.

 Elementos principais da avaliação primária:


   As nossas crenças acerca de como o mundo deveria funcionar e o nosso
compromisso a determinados cursos de ação.
  Crenças e os compromissos - explicam as diferenças entre indivíduos: o
mesmo acontecimento tem significados diferentes.

Processos de Avaliação: o papel da avaliação no stress  


 Acontecimentos ambiental (stressor)

 Avaliação primária (crenças e compromissos)  


 Ameaça/desafio  Av. secundária  
 Benigna/irrelevante – ignora

 Avaliação secundária (recursos, opções e eficácia)


 Comportamentos de coping

 Comportamentos de coping
 Resposta comportamental: alterar o ambiente.  
 Resposta psicológica: alterar defesas, cognições.  
 Respostas biológicas: autonómicas, endócrinas e imunológicas.

 Modelo de stress psicológico


   Processo:
1.  Avaliação primária do valor da ameaça
2. Avaliação secundária da eficácia das opções de coping disponíveis

O Stress como mudanças psicofisiológicas


  Excitação do sistema simpático e aumento da libertação de hormonas de
stress;
  Aumento dos fatores físicos (e.g., ritmo cardíaco);
  Mudança nos fatores psicológicos (e.g., ansiedade).
Auto-controlo e Stress
  Auto-eficácia: sentimento individual de confiança na capacidade de realizar
uma ação desejada.
  Robustez: reflexo de uma sensação pessoal de controlo e um desejo aceitar
desafios, e comprometimento.
  Domínio: reflete o controlo de um indivíduo sobre a sua resposta ao stress

A relação entre o Stress e a Doença

  O bem-estar emocional e a capacidade de lidar (cope) com o stress são


altamente preditoras de boa saúde.

  Muitas vezes é mais importante saber que tipo de paciente tem a doença do
que que tipo de doença o paciente tem.

 Stress e aparecimento de doenças: o stress provoca aumentos das


catecolaminas e corticosteróides, o que afeta o sistema imunológico, tornando
o indivíduo mais susceptível a infeções;

  Stress e progressão da doença: sofrer de stress durante a doença pode


exacerbar a doença através de mudanças fisiológicas.

 Estudos mostram que o stress emocional poderia produzir estragos


cardiovasculares e morte súbita.

  Walter Cannon – via o bem-estar ou a sobrevivência do organismo como


contingente da capacidade de manter constância desse estado, ao qual ele deu
o nome de homeostase.

 Efeito no coração
 Cannon era familiar com o fenómeno de “morte por prescrição” em certas
tribos aborígenas.
 Explicou que o mecanismo de ação era devido a uma cheia do sistema com
substâncias como adrenalina que causaram distúrbios sérios e letais no
ritmo cardíaco.
 Causas de morte súbita devido a medo, arritmias fatais, morte súbita
induzida pelo stress.
 O trabalho de Rosenman e Friedman - O comportamento tipo A coronário de
predisposição na doença cardiovascular
 Síndrome comportamental associado com níveis elevados de
circulação de catecolaminas e respostas hiperativas ao stress;
 Sabe-se que é um fator de risco tão poderoso como o colesterol,
cigarros e hipertensão;
 Exibem impaciência, atividade muscular aumentada, mexer
rítmico de uma extremidade, padrões de respiração irregulares,
responsividade ou impulsividade hiperativa geral que resulta na
procura de várias linhas de pensamento ou ação simultânea;
 Competitividade aumentada – conduz à típica raiva e hostilidade
do K tipo A;
 Mudar o K tipo A tem sido eficaz para reduzir acontecimentos
coronários recorrentes.

 Acontecimentos de mudança de vida - Contribuições para o stress:


 Adolph Meyer – os indivíduos pareciam ficar doentes em relação com
mudanças de vida.
 Holmes – escala para verificar quem se torna doente.
 Dunbar introduziu o termo “psicossomático” e identificou vários tipos
de personalidade e características comportamentais que se
correlacionam com doença do coração, hipertensão e úlcera péptica.
 Caroline Thomas e John Hopkins: certas características da personalidade
ou comportamentos podem demonstrar predispor não só a doenças
coronárias, mas também à hipertensão, suicídio, doença metal, cancro,
etc.

 Mecanismos da doença induzida pelo Stress


   Psiconeuroimunologia e declínio do sistema imunológico.
   Distress – pode deprimir a competência imunológica mas também
podem existir emoções opostas como a fé, amor, criatividade, e humor
que representam bom stress (eustress) e tem efeitos opostos.

 A resposta ao stress envolve todo um repertório de secreção hormonal


incluindo endorfinas, melatonina e uma variedade de mensageiros ainda por
serem descobertos.

 A resposta ao stress nos humanos é altamente personalizada e varia em cada


um de nós ou mesmo no mesmo indíviduo em tempos diferentes.

 O stress é um sentimento de “estar fora de controlo” pelo que é necessário


restaurar o sentido de controlo nos indivíduos que sofrem de queixas
relacionadas com o stress.
 Efeitos do stress
 Os stressores físicos ou mentais podem causar doença físíca tal
como problemas mentais ou emocionais.

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