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Manual do Formando
Gestão de Micro, Pequenas e Médias Empresas
e Elaboração de Planos de Negócios para
Microempresas e Negócios Informais
Este manual foi desenvolvido pela OIT, escritório de Moçambique, no âmbito do projecto “Melhorar as Com-
petências e a Empregabilidade dos Jovens das Comunidades Rurais” e contou com o apoio da Cooperação da
Noruega.
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Índice
1. Introdução 6
2. Empreendedorismo e Género 7
2.2. As Empresas 9
2.2.1. Tipos de Empresas 10
2.2.2. Registo de Empresas 10
2.3. Empreendedorismo 12
2.4. Questões de Género 13
2.4.1. Dificuldades Relacionadas com a Questão de Género 14
3.5. Contabilidade 25
3.5.1. Ferramentas de Contabilidade 26
3.6. Finanças 30
3.6.1. Acompanhamento do Negócio 31
3.6.2. Necessidade de Financiamento 31
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4.4. Análise de Riscos 37
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1. Introdução
A Formação para o Empoderamento Económico de Zonas Rurais (Training for Rural Economic EmpowerA
finalidade deste manual é de facilitar a formação de jovens nas comunidades rurais, com especial atenção
para jovens e mulheres, aumentando a sua empregabilidade e o acesso a empregos dignos.
Elaborado no âmbito do projecto da OIT “Melhorar as competências e a empregabilidade dos jovens das
comunidades rurais”, apoiado pela Cooperação da Noruega, o Manual tem como público-alvo, em primeiro
lugar, os jovens e mulheres de 15 a 29 anos desempregados ou sub-empregados, das comunidades rurais
seleccionadas dos distritos de Montepuez, Chiúre e Palma, nas quais o projecto está a ser desenvolvido.
É utilizada a metodologia TREE da OIT, que implica um envolvimento muito grande das comunidades
para a escolha das áreas de actuação do projecto. Este desenvolve-se em três etapas: 1) diagnóstico
de oportunidades económicas e de negócio; 2) formação e aprendizagem informal, de acordo com as
oportunidades económicas diagnosticadas e 3) apoio pós-formação aos beneficiários, incluindo apoio à
criação do próprio emprego e empresa e à procura activa de emprego, com base num acompanhamento
personalizado.
É para apoiar a última fase deste processo – iniciar e manter as actividades de geração de rendimento – que
este manual foi concebido e deve ser utilizado na capacitação dos formandos que vão intervir no projecto,
permitindo-lhes de uma forma mais eficaz a preparação de Planos de Negócios que obrigatoriamente
deverão ser elaborados pelos grupos de jovens beneficiários e na sua implementação.
Espera-se que no final da fase da formação os jovens participantes estejam mais familiarizados e
capacitados a lidar com algumas ferramentas básicas de gestão de MPMEs (Micro, Pequenas e Médias
Empresas), elaboração de Planos de Negócios, bem como os respectivos termos técnicos, que em muitos
casos são desconhecidos para a maioria dos formandos.
A igualdade de género, o diálogo social e os empregos verdes são questões importantes em todos
programas da OIT e, sempre que possível serão abordados neste manual.
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2. Empreendedorismo e Género
2.1 Actividades Económicas
A actividade económica é o conjunto de trabalhos que fazemos com o objectivo de produzir bens e
serviços para satisfazer as necessidades humanas. Ela divide-se em 4 actividades principais:
1. Produção
2. Distribuição
3. Repartição de rendimentos
4. Utilização de rendimentos
Dependendo do tipo e tamanho da empresa, uma só pessoa pode ter todos estes papeis ou podemos ter
vários intervenientes a assumir os mesmos.
Transporte – os produtos têm de ser transportados do sítio onde foram produzidos para o sítio onde vão
ser comercializados.
Comércio - permite que os produtos sejam colocados à venda nas lojas e mercados para os consumidores
os comprarem facilmente.
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3. Repartição dos Rendimentos - Da venda dos produtos obtem-se dinheiro que é dividido por todos
os que participaram na actividade económica, os trabalhadores, os empresários, os donos dos imóveis
(oficina, carpintaria, loja, etc.), os bancos, entre outros. Cada um recebe de acordo com a sua participação
na actividade económica. Assim:
• A parte dos trabalhadores são os salários que recebem pelo seu trabalho;
• A parte dos empresários são os lucros com a venda do produto;
• A parte dos proprietários de imóveis são as rendas que recebem por alugarem oficina, carpintaria,
loja ou outro imóvel qualquer;
• A parte dos bancos ou micro-finanças são os juros que recebem por emprestarem o dinheiro
4. Utilização dos rendimentos – o dinheiro dividido por aqueles que participaram na actividade económica
pode ser usado de duas maneiras: para consumo ou para poupança.
Consumo – é quando as pessoas usam o dinheiro que receberam para comprar bens e serviços para
satisfazerem as suas necessidades actuais.
Poupança - é quando as pessoas guardam o dinheiro que receberam para usarem no futuro para comprar
bens e serviços ou para investir em algum negócio.
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Exercícios
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2.2 As Empresas
As empresas podem ser de uma pessoa só, ou podem ser uma sociedade de duas ou mais pessoas.
Um participante das actividades económicas, muito importante nas comunidades do nosso país, são as
associações e cooperativas e falaremos deste assunto mais a frente.
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2.2.1. Tipos de Empresas
As empresas podem várias dimensões, dependendo do número de trabalhadores e das receitas que fazem
por ano. Assim podemos ter:
Para além da classificação das empresas pelo número de trabalhadores e pelo volume de negócios
(receitas), as empresas podem operar na economia formal ou na economia informal.
Assim podemos dizer que empresas informais são aquelas produzem e comercializam bens e/ou
serviços sem estarem registadas nos órgãos governamentais responsáveis pela controle das actividades
económicas no País.
As empresas informais enfrentam várias dificuldades no seu funcionamento, desde difícil acesso a
financiamento, e ao apoio de instituições do Governo e ONGs criadas para apoiar o desenvolvimento
de negócios, entre outros. Porque não estão registadas, estas empresas correm ainda o risco de serem
multadas pelas instituições de fiscalização, o que é um custo para o negócio.
Para evitar multas das instituições de fiscalização, bem como melhorar as condições de funcionamento
do negócio, é aconselhável registar as empresas. Ter uma empresa formal tem várias vantagens, das quais
podemos destacar:
• Facilidade de acesso ao crédito;
• Acesso aos programas do Governos e de algumas ONGs que visam o desenvolvimento das MPMEs;
• Maior credibilidade dos produtos e serviços, os clientes preferem lidar com empresas do sector
formal;
• Fornecer bens e serviços a instituições do Governo e outras empresas que só compram no sector
formal da economia;
• Dar uma maior segurança social ao proprietário e empregados da empresa (via INSS).
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2.2.2.1. Licenciamento Simplificado de Empresas
Este tipo de licenciamento só abrange aquelas actividades económicas que pela sua natureza não
acarretam impactos negativos para o ambiente, saúde pública, segurança e para a economia em geral.
Serve tanto para empresas singulares, como para sociedades e abrange as seguintes áreas de actividade:
• Agricultura; • Cultura;
• Comércio; • Pesca;
• Indústria; • Prestação de Serviços; e
• Construção Civil; • Turismo.
• Comunicações;
Os passos para o licenciamento são os seguintes:
1. Escolher e reservar o nome da empresa, na Conservatória de Registos de Entidades Legais, no
mesmo dia;
2. Preencher formulário de Licença Simplificada e dar entrada no Balcão de Atendimento Único (BAU)
(onde não existe BAU, regista-se no Conselho Municipal ou Governo Distrital). Junto com o
formulário temos de entregar os seguintes documentos:
a. Cópia de documento de identificação (Bilhete de Identidade ou Passaporte ou Carta de
Condução ou Carteira Profissional ou Cartão de Eleitor válidos, ou DIRE ou autorização
precária de residência com validade mínima de 6 meses);
b. Certidão de registo de entidade legal ou cópia da publicação do estatuto no Boletim
da República e prova da qualidade do requerente (pessoas colectivas);
c. Número Único de Identificação Tributária (NUIT).
3. Quem já tem uma licença simplificada, e quiser pedir autorização para uma outra actividade não
necessita de apresentar os documentos dos pontos a, b e c.
Sempre que se pede uma licença, reemissão de licença ou averbamento de uma outra actividade a licença,
devemos pagar uma taxa.
O valor da taxa a ser pago para obter a licença é de cerca de 50% do salário mínimo em vigor na Função Pública.
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e) Não usar frases publicitárias ou desenhos que podem iludir a boa-fé ou induzir em erro os
compradores e ou consumidores, quanto a natureza, conteúdo ou qualidade do produto;
f) Observar as normas de contratação dos trabalhadores nacionais e estrangeiros;
g) Observar as normas de segurança e contra incêndios;
h) Colaborar com todas instituições públicas para o melhor desempenho da actividade;
i) Cumprir com as obrigações fiscais e de segurança social,
j) Não fabricar, manipular, embalar, armazenar ou vender produtos e ou substâncias que sejam
proibidas por lei; e
k) Cumprir com a legislação específica e do ramo da actividade
Durante o seu funcionamento, as empresas podem ser fiscalizadas, pelas seguintes entidades:
a) Inspecção Nacional das Actividades Económicas;
b) Entidades dos Serviços Agrários e Veterinários;
c) Administração Pesqueira,
d) Inspecção do Trabalho;
e) Autoridade Tributária de Moçambique;
f) Fiscalização dos Conselhos Municipais, e
g) Instituto Nacional de Normalização e Qualidade.
A suspensão ou cancelamento da licença pode acontecer se a empresa não cumprir as suas obrigações
(secção 3.2.2.4);
2.3. Empreendedorismo
Um empreendedor tem de ter espírito criativo e pesquisador, estar sempre a procura de novas maneiras
de fazer as coisas, encontrar novas soluções, sempre tendo em vista as necessidades das pessoas. Assim
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as principais características do empreendedor são:
• Procura de oportunidades
• Persistência
• Compromisso com trabalho
• Qualidade e eficiência
• Assumir riscos
• Definir objectivos
• Planeamento e controlo
• Procura de informação
• Estabelecimento de contactos
• Autoconfiança
O importante para ter sucesso é procurar novos negócios e oportunidades, além da preocupação com a
melhoria do produto.
O objectivo global da OIT é a promoção de oportunidades para mulheres e homens obterem emprego
digno e produtivo, em condições de liberdade, equidade, segurança e dignidade humana.
Dependendo dos países, o sexo com que as pessoas nascem (homem ou mulher), pode influenciar as
oportunidades que elas têm na vida de obterem um emprego digno ou serem empresários de sucesso.
O que se pretende não é a igualdade entre os sexos, mas a igualdade de género, assim:
É preciso para que as empregos dignos sejam generalizadas, que não existam
as dificuldades criadas pelos hábitos e costumes, ou papéis em função do
género rígidos, e sem preconceitos (por exemplo, a principal tarefa das
mulheres é cuidar da casa/família, existem profissões que só servem para
homens ou mulheres, homens não auxiliam nas lidas da casa);
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A igualdade de género não significa que mulheres e homens são iguais, mas que os seus direitos,
responsabilidades e oportunidades não vão depender de terem nascido homens ou mulheres.
O emprego assalariado formal é escasso e as mulheres muitas vezes não têm as competências e as
habilitações necessárias, que os empregadores procuram.
Assim, a criação de microempresas e o emprego por conta própria são boas oportunidades de obterem
um rendimento, ao mesmo tempo que é mais fácil para tomarem conta das suas outras responsabilidades
com a casa e com a família.
Algumas das principais dificuldades que as mulheres enfrentam para terem um emprego digno ou serem
empresárias de sucesso podem ser:
1. Nível da escolaridade;
2. Acesso aos recursos produtivos;
3. Questões jurídicas;
4. Constrangimentos sociais, familiares e comportamentais;
5. Constrangimentos ao nível das infra-estruturas;
6. Constrangimentos nos negócios;
7. Constrangimentos no emprego assalariado.
1. Nível da escolaridade
• Níveis de escolaridade mais baixos, porque regra geral, os homens têm mais oportunidades que as
mulheres de aceder à educação estudam que as mulheres;
• Falta de competências técnicas e profissionais, porque também as mulheres têm menos
oportunidades de aceder à formação e educação profissionais.
3. Questões jurídicas
• Para a mulher pedir empréstimos precisa da autorização do homem, mas os homens não necessitam
da autorização das suas mulheres;
• É difícil para as mulheres fazerem contratos de negócios sozinhas e é difícil fazerem queixa no
tribunal se tiverem problemas.
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• Por causa da maneira como foram educadas, muitas mulheres e jovens têm falta de confiança para
saírem das suas casas, adquirirem novas competências e tornarem-se empresárias;
• As mulheres empresárias têm de lutar continuamente contra incertezas internas e externas para
terem sucesso.
Nota: Programas da OIT em vários países indicam claramente que as mulheres das comunidades rurais
são tão capazes e motivadas quanto os homens para conseguir um meio de vida sustentável, faltando-
lhes as oportunidades e apoio para isso.
As mulheres e os homens podem ser e são diferentes, mas devem ter direitos, responsabilidades e
oportunidades iguais e devem ser tratados e valorizados de maneira justa.
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Exercícios
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2. Existem outras dificuldades que conhece que não foram aqui apresentadas? Se sim, quais?
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3. Gestão de Micro, Pequenas e Médias Empresas
Vimos nos pontos anteriores que para o empreendedorismo ser bem-sucedido tem de ser implementado
com uma gestão empresarial. Uma gestão empresarial, entre outras coisas, implica:
• termos planos claros do que vamos fazer;
• objectivos bem definidos;
• sistemas de gestão e controle (contabilidade) para sabermos como a empresa está a trabalhar;
Um passo muito importante para termos uma gestão empresarial é fazermos análises constantes do
mercado, para empresas que já existem, ou estudos de mercado para negócios que vão começar. Esta
análise ajuda-nos a deixar os planos de negócios das empresas mais claros.
Porque as empresas funcionam no mercado, para montarmos um negócio com sucesso é muito importante
fazermos uma análise de mercado muito cuidadosa. Esta análise servirá para recolher informações chave
para planear o negócio a implementar, é aqui que identificamos as oportunidades de negócios existentes,
bem como quais as dificuldades, riscos que o negócio poderá enfrentar.
Estas informações vão ajudar-nos a saber que produtos ou serviços a comunidade precisa, mas que não
existem na comunidade ou não são suficientes, quem é que precisa desses produtos (homens, mulheres,
crianças ou mesmo outras empresas, etc.) e onde vender (lojas, mercado local, estação de comboio/
machimbombo, escolas, instituições do governo, etc.) ou seja, ficamos a saber a procura de mercado.
Podemos também ficar a saber que concorrência vamos ter (empresas que vendem os mesmos produtos),
os desafios e riscos para o negócio.
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É também nesta fase que podemos recolher informação sobre os fornecedores, se existem na comunidade,
se tem de vir de outras regiões, quanto tempo podem demorar a chegar as matérias-primas, etc.
Este deve ser um dos primeiros passos antes de começarmos um novo negócio ou criarmos um novo produto.
Ao tentarmos começar um negócio ou melhorar um já existente podem surgir várias ideias. É necessário
avaliarmos as várias ideias que surgem para ver qual é a melhor a implementar, temos que ver onde
existem mais oportunidades, vantagens e quais são os desafios.
Os principais critérios para seleccionar a ideia mais viável são as competências técnicas existentes, isto é,
o que é que sabemos fazer, mas também os recursos disponíveis e a procura de mercado.
Apresentamos de seguida uma Tabela que permite avaliar as ideias de negócio de acordo com vários
critérios.
Quando estamos a avaliar uma ideia de negócio devemos fazer uma lista das actividades necessárias para
produzir o bem ou o serviço vender. Depois temos de perceber se as pessoas da empresa ou grupo tem
as competências necessárias para as desenvolver.
Caso estas competências não existam na empresa ou grupo, é preciso ver se existem na comunidade, ou
se tem de vir de fora e quanto isso pode custar.
Se todas as competências existirem na empresa, damos uma pontuação alta a este critério e, a pontuação
vai diminuindo à medida que a empresa tem de contratar competências fora, pois os custos com mão-de-
obra vão subindo.
Da mesma maneira, devemos fazer uma lista dos recursos disponíveis na empresa, na comunidade ou
região. Os recursos podem ser:
• Financeiros - poupanças, empréstimos, propriedades agrícolas;
• Humanos – trabalhadores da empresa, membros do grupo ou família, jovens qualificados;
• Equipamentos e ferramentas necessários;
• Matérias-primas – madeira, hortícolas, peixe, bambu, argila, pedra, etc.
Aqui fazemos uma lista de bens ou serviços de que a comunidade precisa, mas não possui, ou então
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quando existem não são suficientes. Aqui pode encontrar bens que a comunidade tem de comprar longe.
Normalmente esta lista identifica as principais oportunidades para o negócio, já que produzimos para
vender. Quanto maior for a procura do bem ou serviço que produzimos, mais alta será a pontuação.
Outro critério a avaliar aqui é a concorrência, quanto menor for a concorrência melhor para a empresa
(pontuação alta) e quanto maior for a concorrência mau para a empresa (pontuação baixa).
Para facilitar a avaliação das ideias e escolher a mais viável podemos usar uma tabela de avaliação como
a que se segue.
Esta tabela apresenta uma proposta de critérios que dependendo do negócio pode variar.
Para fazer a pontuação podemos usar pontuação que vai de 0 à 5, de acordo com o seguinte:
0 – a competência, equipamento, matéria-prima, recurso, procura ou concorrência não existe;
1 – existe muito pouco, difícil de encontrar, muito caro;
2 – existe pouco, relativamente caro;
3 – existe normalmente, os custos são razoáveis, a empresa consegue pagar sem dificuldades;
4 – existe a maior parte das competências, equipamentos, recursos ou procura e, o custo para o
que não existe é baixo para a empresa, a concorrência é baixa;
5 – existem todas competências e recursos, a procura é elevada e não existe concorrência.
Na última coluna da tabela somamos os pontos atribuídos a cada critério e, a ideia que tiver mais pontos
deve ser a escolhida.
Depois de escolhermos que negócio fazer, isto é, que bem ou serviço vamos produzir, é preciso entender
muito bem como funciona a produção do mesmo e quais são os custos para produzir esse bem ou serviço.
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Assim, devemos preparar as seguintes listas:
1. Lista de matérias-primas – fazemos a lista de todos os materiais necessários para produzir o bem ou
serviço que pretendemos fazer ou fornecer. Exemplo:
• Fazer blocos: cimento, areia, água;
• Comerciante: produtos que vamos revender, sacos de plástico para pôr
produtos vendidos;
• Cortar cabelo: Champô, água, creme.
2. Lista de Tempos de Trabalho - é importante sabermos quanto tempo é necessário para realizar cada
uma das etapas. Muitas vezes, as pessoas esquecem-se de calcular o tempo gasto nas actividades de
preparação, por exemplo, falar com fornecedores de matéria-prima, contactar clientes. Exemplo:
• Fazer blocos: comprar matéria-prima, fazer mistura para os blocos, bater
os blocos, arrumar blocos para secar, molhar;
• Comerciante: comprar produtos, arrumar na loja, vender produtos na loja, contar
produtos que ficaram no final do dia;
• Cortar cabelo: cortar o cabelo, lavar, secar e pentear
Lista de Matérias-primas
Atenção, que o custo do tempo é difícil de calcular, mas é importante pensar que “tempo é dinheiro”, o
tempo que gastamos a fazer as tarefas do negócio não podemos utilizar a fazer outra coisa, como por
exemplo, trabalhar noutro sítio, onde poderá ganhar algum dinheiro.
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Lista de Ferramentas e Equipamentos
Ao preenchermos as tabelas anteriores podemos ficar com uma boa ideia de que trabalho e de quanto
dinheiro precisamos para o negócio funcionar.
É importante saber que existe uma ordem a seguir para produzir qualquer bem ou serviço, a esta ordem
chamamos Ciclo de Produção. O ciclo de produção deve seguir as seguintes etapas:
1ª Etapa: Compra - comprar as matérias-primas necessárias para produzir o bem ou serviço. Por exemplo,
comprar cimento que pode ir para o armazém ou directo para a produção;
2ª Etapa: Transformação - juntar as várias matérias-primas e iniciar o processo de produção. Por exemplo,
misturar cimento, areia e água para preparar a massa para os blocos;
3ª Etapa: Montagem – fazer a montagem do produto final. Por exemplo, pôr a massa nos moldes e bater
para fazer o bloco.
4ª Etapa: Acabamento – fazer os últimos trabalhos no produto para este ficar pronto para ser usado. Por
exemplo, molhar os blocos para estes ganharem consistência e não racharem.
5ª Etapa: Embalamento – dependendo do tipo de produto, pode ser necessário embalar (pôr em caixas
ou plásticos) para estarem prontos para a venda. Por exemplo, arrumar os blocos prontos em conjuntos
de 100 blocos cada.
6ª Etapa: Vendas – enviar os produtos para o mercado ou para o armazém para serem vendidos. Por
exemplo, pôr os blocos no estaleiro para serem vendidos.
Um ponto muito importante em todas as etapas do ciclo de produção é o Controle de Qualidade, para
garantirmos que o produto final é de boa qualidade. Por exemplo, é preciso verificar a qualidade do
cimento e da areia que se compra (matérias-primas), depois ver se a mistura da massa está bem feita,
garantir que os blocos estão bem arrumados e são molhados todos dias e depois de prontos ver se os
blocos têm rachas ou não (produto final) e depois de arrumar os blocos no estaleiro verificar se todos
conjuntos tem os blocos certos isto é, 100 blocos. O controle de qualidade é muito importante para
garantir o sucesso do negócio.
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3.4. Determinação de Custos e Fixação de Preços
Os três principais elementos dos custos de produção são os materiais, a mão de obra e as ferramentas/
equipamento. Existem três tipos de custos de produção, eles podem ser fixos, variáveis e de arranque.
Custos Fixos - são os custos que não variam com o número de bens ou serviços produzidos e vendidos
pelo negócio. Alguns exemplos:
• a renda das instalações;
• salário dos trabalhadores regulares da empresa;
• custos mensais das ferramentas e equipamentos (custo de amortização);
• taxas fixas para exercício da actividade económica.
Custos Variáveis - são os custos que variam de acordo com o número de bens ou serviços produzidos
pelo negócio. Alguns exemplos:
• matérias-primas;
• salários de trabalhadores que são pagos por unidade de trabalho realizado;
• custo das horas extraordinárias;
• taxas de importação de matérias-primas
Custos de Arranque – são os custos que surgem apenas quando se inicia o negócio, por exemplo, taxas
para registo da empresa, licenças diversas, etc.
Para calcularmos o custo do produto, alguns tipos de custos fixos têm de ser divididos ao longo do
tempo, como é o caso das ferramentas e das instalações próprias, por exemplo. Para calcular como esses
custos são divididos ao longo do tempo, temos de pegar no valor de custo da ferramenta e dividir pelo
tempo de vida útil da ferramenta, isto é, pelo tempo que a ferramenta pode ser utilizada antes de ser
substituída. Ao valor calculado chama-se custo de amortização.
O tempo que os donos das empresas gastam a produzir ou vender os seus produtos deve ser considerado
também como custo, pois não pode ser usado noutra actividade onde se podia ganhar dinheiro, chama-se
a este custo de oportunidade. Aconselha-se que o proprietário da empresa estipule um salário para si e
trate esse valor como um custo para a empresa.
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A tabela que se segue mostra um exemplo do cálculo dos custos mensais e do custo unitário da produção
de limonada.
Custos Gerais
Transporte 2.000,00
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Exercícios
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Para fixarmos o preço de um produto ou serviço tomamos em consideração vários factores, onde o custo
unitário do produto tem um papel muito importante, pois ajuda-nos a saber qual é o ponto de equilíbrio
do produto, ou seja, o preço a que devemos vender para não perder dinheiro.
O recomendado é usar uma combinação dos três métodos para estarmos de acordo com as expectativas
do mercado, não ficarmos muito longe da concorrência e evitarmos perder dinheiro.
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Exercícios
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2. Para si qual é o melhor método para fixar os preços dos bens ou serviços a vender? Porquê?
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3.5. Contabilidade
Contabilidade significa registar todos os movimentos de dinheiro, bens ou serviços da empresa. Fazer
contabilidade é registar:
• o dinheiro que entra na empresa (vendas, recebimentos);
• o dinheiro que sai da empresa (custos, pagamentos);
• quantas pessoas nos devem dinheiro;
• quanto dinheiro devemos a outras pessoas.
O sistema de contabilidade deve ser o mais simples possível, só deve ter a informação que é necessária
registar para ajudar na gestão financeira e mais nada.
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muitas empresas não conseguem ter empréstimos por não ter registos contabilísticos organizados;
• Ajuda-nos a planear o negócio, pois sabemos o que estava bem e o que estava mal no ano passado
e podemos melhorar no futuro;
• Ajuda-nos a lembrar dos devedores e credores, ajuda-nos a lembrar quanto dinheiro devemos
receber dos clientes, assim como dos nomes deles; também nos ajuda a lembrar quanto dinheiro
temos de pagar aos outros (fornecedores, empréstimos, etc.).
Se a empresa registar todos estes movimentos podemos dizer que tem uma contabilidade simplificada
e, não é necessário nenhum sistema especial para isso, podemos fazer os registos a mão em cadernos
preparados para isso (veremos mais a frente alguns exemplos). Ter uma contabilidade simplificada facilita
o acesso a dinheiro para financiamento do negócio.
Existem algumas ferramentas básicas para ajudar a fazer uma contabilidade simples, mas o principal
factor é a disciplina e organização, ou seja, é importante registarmos todos os movimentos de dinheiro
e bens e serviços da empresa, por mais pequenos que sejam, de maneira a termos toda informação. As
ferramentas que recomendamos são:
1. Livro de Registos;
2. Livro de Armazém;
3. Livro de Clientes;
4. Caderneta do Banco;
5. Relatório de Ganhos e Perdas
• 1/Junho: No início do dia a Joana tinha 25,000.00Mts em dinheiro. Vendeu 10 limões por
10.000,00Mts em dinheiro;
• no mesmo dia, a Joana pagou 3.000,00Mts por sacos de plástico;
• 2/Junho: vendeu 100 limões a um restaurante por 60.000,00Mts. O pagamento será efectuado
dentro de 5 dias;
• 7/Junho: o restaurante pagou os 60 000 à Joana.
Livro de Registos
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Nota: sempre que mudamos de página no caderno, temos de começar com a linha de saldo inicial, que é
o valor do dinheiro que está no saldo do fim da folha.
Normalmente, quando a empresa faz alguma compra ou pagamento (matérias-primas, água, luz, telefone)
recebe uma factura ou recibo de pagamento, a esse documento chamamos comprovativo. Esses
comprovativos devem ser registados no livro dos registos e depois guardados numa pasta por ordem das
datas. São importantes para o caso de termos de fazer alguma reclamação ou comprovarmos que fizemos
o pagamento. É muito importante pedir o comprovativo sempre que fazemos alguma transacção.
2. Livro de Armazém – para produzirmos os bens ou prestarmos os serviços que vamos vender precisamos
de diversos materiais e é importante sabermos quantos materiais temos guardados para produzir, se
chegam para os trabalhos que pretendemos fazer ou se temos de comprar mais (matérias-primas).
De igual modo, depois de produzirmos, temos de saber quanto produto temos para vender (produto
acabado). Sabermos a situação de matéria-prima e produto acabado é muito importante porque para
além de valerem dinheiro são essenciais para o funcionamento da empresa. Para calcular a quantidade
de matérias-primas ou produto acabado que temos de ter em armazém, temos de ter em consideração
o volume de vendas que esperamos ter em cada mês. Abaixo um exemplo de um Livro de Armazém para
um produto específico, cimento :
Saldo Inicial 10
1/Junho 5 5
5/Junho 30 35
8/Junho 5 30
12/Junho 5 25
Nota: sempre que mudamos de página no caderno, temos de começar com a linha de saldo inicial, que é
a quantidade de produtos e o valor do dinheiro que está no saldo do fim da folha.
No Livro de Armazém devemos criar uma página para cada material ou produto para ficar mais fácil de
controlar. Num caso como o exemplo acima, se o cimento for para produzir blocos, depois de registarmos
a saída do cimento, temos registar uma entrada na página de controle de blocos, do número de blocos
que produzimos com o cimento que saiu.
3. Livro de Clientes – no negócio muitas vezes temos devedores e credores. Devedores são aqueles
clientes a quem vendemos a crédito e vem pagar mais tarde. Credores são aqueles a quem devemos
dinheiro, por exemplo, aqueles fornecedores que nos dão matéria-prima para pagar só no fim do mês
são nossos credores. É preciso ter uma atenção muito especial com os devedores por que muitas vezes
eles não pagam as dívidas e são por isso o principal motivo das empresas falirem. Assim para além dos
devedores estarem registados no Livro de Registos, recomendamos ter um registo específico para melhor
controle. Abaixo um exemplo de um caderno de controle de clientes.
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Livro de Clientes
Nota: Porque as vendas a crédito podem ter um impacto no negócio, recomendamos que estas só sejam
feitas para clientes especiais em quem temos confiança, quanto menos clientes a crédito melhor. Assim,
no Livro de Clientes, devemos criar uma página para cada cliente, para ser mais fácil controlar os mesmos.
4. Caderneta bancária - se temos uma conta no banco, necessitamos saber todos os movimentos na
conta bancária, assim, registamos tudo numa caderneta bancária.
Nota: se puser dinheiro do seu negócio na conta do banco, deve anotar isso no livro de registos como
“saídas de dinheiro” e na caderneta bancária como “entradas de dinheiro”.
Caderneta Bancária
Nota: sempre que mudamos de página no caderno, temos de começar com a linha de saldo inicial, que é
o valor do dinheiro que está no saldo do fim da folha.
5. Relatório de Ganhos e Perdas - é um mapa que fazemos para saber como está a correr o negócio, se
estamos a ter lucro ou se estamos a ter prejuízo. Este mapa prepara-se com a informação do Livro de
Registos.
É muito importante sabermos que nem todo o dinheiro das vendas que entra na empresa é lucro. LUCRO
é a quantidade de dinheiro que sobra depois de descontarmos todas despesas e nalguns meses podemos
ter PREJUIZO, isto é, o dinheiro que recebemos das vendas é menor do que os custos de tivemos. A
seguir um exemplo do Relatório de Ganhos e Perdas.
28
Relatório de Ganhos e Perdas
Assim, do dinheiro que recebemos das vendas temos que reservar dinheiro para:
• Compras de matérias-primas;
• Pagamentos de outras despesas como salários, rendas de imóveis, etc.
• Dinheiro equivalente ao custo de amortizações para podermos substituir as ferramenta e
equipamentos quando estes chegarem ao fim da vida útil;
• Dinheiro para qualquer emergência, como por exemplo, reparar alguma ferramenta que se estragou.
Nota: No exemplo acima vemos que nos primeiros 3 meses a empresa não teve lucro, isto pode ser por
vários motivos (ser nova no mercado, serem períodos de baixa procura, etc.). Assim, é importante que o
empreendedor esteja preparado para estes meses de prejuízo, para isso temos de fazer um planeamento
cuidadoso, ou seja, preparar um Plano de Fluxos de Caixa, como iremos ver mais à frente.
Exercícios
Por favor use a tabela abaixo para registar os seguintes movimentos da loja da Joana:
• De manhã cedo, no dia 1/9, a Joana tem 300.000,00Mts na sua mercearia.
• 1/9: A Joana vendeu à Maria 100 artigos por 70.000,00Mts. A Maria pagou 20.000,00Mts em
dinheiro e ficou a dever 50.000,00Mts.
• 2/9: A Joana pagou 150.000,00Mts por 300 kg de rebentos de soja.
2/9: A Joana recebeu 40.000,00Mts da venda de produtos.
• 3/9: Joana vendeu à Maria produtos a crédito, no valor de 35.000,00Mts.
• 4/9: Maria pagou à Joana 70.00000Mts.
Livro de Registos da Joana
Saldo Inicial
29
3.6. Finanças
Porque esta separação muitas vezes não é clara, as pessoas às vezes usam o
dinheiro para as despesas do negócio em despesas pessoais, ficando depois
sem dinheiro para continuar o negócio. Neste ponto, as mulheres têm maiores
dificuldades pois a pressão familiar e social é maior, obrigando muitas vezes a
gastar o dinheiro dos negócios para cuidar de assuntos da família.
Assim, uma regra básica da gestão financeira é a separação clara do dinheiro para as despesas do
negócio do dinheiro para as despesas pessoais/familiares. Um método para fazer esta separação é
usando tabelas, onde fazemos a lista das despesas, como nos exemplos a seguir.
Dinheiro utilizado para diversão, para a compra de mobília para casa, rádio, etc.
Total
Dinheiro para pagar os salários e outras despesas (por exemplo, INSS, taxas
ao município, etc.).
Total
30
3.6.1. Acompanhamento do Negócio
Uma das funções da gestão financeira é comparar se a empresa está a conseguir fazer aquilo que estava
no seu plano. Aqui podemos encontrar que muitas vezes o que estava no plano não é o que está a
acontecer, algumas vezes temos custos mais altos outras temos custos mais baixos, ou até mesmo custos
que não estavam no plano. Alguns dos motivos para essas variações podem ser:
• Desperdício, gastamos mais material que o necessário para produzir os produtos;
• Má gestão do negócio ou roubos;
• Diferenças de preços ao comprar as matérias-primas, em grandes quantidades tem descontos, em
pequenas quantidades mais caro;
• Aumento dos preços da matéria-prima, por causa da inflação, por exemplo;
• Diminuição do preço de venda, tem que fazer descontos porque existe muita concorrência;
• Alterações na produtividade, consegue-se produzir mais com os mesmos recursos ou temos de
aumentar materiais para produzir a mesma quantidade que produzíamos antes.
• O planeamento não foi bem feito.
Com uma boa gestão financeira podemos controlar melhor o dinheiro da empresa e também avaliar melhor
se precisamos de pedir um empréstimo para o negócio, que recursos utilizar, a quem recorrer. Assim,
antes de pedirmos um empréstimo temos de avaliar várias questões, a nível interno e a nível externo.
Aqui temos de avaliar se utilizamos correctamente os nossos próprios recursos, a nível individual, da
família ou do grupo, se for o caso. Temos de ver se:
• Temos dinheiro guardado no banco;
• Temos acesso a empréstimos informais atribuídos pela família e por amigos;
• Os nossos parceiros de negócios ou investidores contribuem financeiramente para o negócio;
• Podemos utilizar a nossa casa, equipamento ou as instalações como garantia para um empréstimo;
• A empresa tem lucros.
Temos de ver que fontes de financiamento externas existem que possam apoiar a empresa com
empréstimos ou outro tipo de fundos para investimento. As duas principais fontes são:
• empréstimo: uma quantia em dinheiro que tem de ser paga com juros aos bancos, a instituições
de micro-finanças, fundos específicos (como FDD, Fundo para o Desenvolvimento Distrital, existem
também fundos específicos para jovens, para mulheres, para pessoas com deficiências, entre outros),
cooperativas de crédito, etc. É importante saber que num empréstimo pode ter:
◦◦ caução/ garantias – temos de ter algum bem como casa, instalações, equipamento que vamos
usar como garantia para podermos receber o empréstimo. Caso não se pague o empréstimo a
instituição fica com o bem;
◦◦ taxas de juro – ao pedirmos um empréstimo há um valor que temos que pagar a instituição
que empresta o dinheiro. Assim, ao devolver o dinheiro que pedimos emprestado temos de
pagar também o dinheiro do juro;
◦◦ período de amortização – é o período de tempo que temos para pagar o empréstimo, podem
31
ser meses, 1, 2, 3 anos, depende de cada caso.
Nota: Num pedido de empréstimo podem existir atrasos na aprovação e demora para entregarem
o dinheiro;
• ajuda não reembolsável: é um valor que é concedido a empresa e que não precisa de ser devolvido.
Embora existam, estas são situações muito raras e cada vez mais difíceis de conseguir, normalmente
de programas específicos através de ONGs ou outras instituições de ajuda ao desenvolvimento.
As pessoas são o recurso mais importante de qualquer empresa ou organização. Dependendo do tipo de
organização em que estivermos, empresa individual, familiar ou grupo, teremos de ter certas competências
de gestão e de liderança para a empresa ser bem-sucedida.
Se estivermos a gerir uma empresa com mais de uma pessoa, a distribuição de tarefas para alcançarmos
um objectivo, trabalharmos como uma equipa partilharmos o trabalho geral, mas com divisão de tarefas
de acordo com o que cada um sabe fazer, é chave para uma boa gestão.
32
atribuir as tarefas adequadas, explicar como funciona o negócio, e mostrar como gerimos a empresa.
Embora também possamos envolver os outros, temos como principais responsabilidades de gestor da
empresa as seguintes:
• Desenvolver ideias, objectivos e planos de acção, com resultados concretos;
• Organizar e motivar as pessoas, para que levem a cabo os planos de acção;
• Certificarmo-nos que os planos são executados, para que os objectivos do negócio sejam
alcançados;
• Tomar decisões, tais como fazer novos investimentos ou contrair empréstimos.
Ao planearmos um novo negócio, temos de pensar nas nossas próprias competências empresariais. Temos
de decidir que tipo de trabalho de gestão iremos fazer e quais as tarefas para as quais não teremos tempo
nem capacidades.
Devemos também desenvolver as políticas de pessoal, tais como horas de trabalho, férias, salários, etc.
Se estivermos a gerir um negócio familiar é muito importante definirmos bem o seguinte:
• Quem faz o quê?
• Quem decide o quê?
• E quem ganha quanto?
• Como são divididos os lucros no final do ano?
Se estas questões não estiverem claramente definidas existe um grande risco de termos problemas na
empresa que podem afectar o seu normal funcionamento ou mesmo acabar fechando a empresa.
A tabela a seguir mostra as vantagens e obstáculos que como gestores poderemos vir enfrentar
dependendo do tipo de empresa que estamos a gerir:
Negócio familiar ou de • Podemos confiar na nossa família/ • A nossa família ou sócios não nos
grupo sócios quando temos de tomar levam a sério, principalmente se
decisões difíceis for mulher
• Quantos mais somos, mais força • As decisões demoram demasiado
temos tempo e muitas vezes não são
• Mais pessoas conseguem fazer aceites por todos os sócios
mais • Não conseguimos tomar nenhuma
• Todos podem contribuir para o decisão porque a nossa família
negócio ou nossos sócios nos acham
demasiado jovens
33
4. Planeamento para a Empresa
O planeamento é muito importante para a empresa pois é onde se define os objectivos que a empresa
quer alcançar e como vai alcança-los. É um processo chave para o sucesso do empreendedorismo.
Planearmos é olhar em frente, pensarmos num objectivo a alcançar e quais os passos necessários para o
atingir, é definirmos como vamos usar os recursos disponíveis da forma mais eficiente.
1. Pesquisa de Mercado
2. O Planeamento Comercial (Marketing)
3. O Planeamento Financeiro
4. Análise de Riscos
5. Plano de Negócios
Nesta etapa devemos avaliar as oportunidades, as dificuldades que existem para vários tipos de negócios,
bem como tentarmos estimar a procura de mercado para os diferentes produtos ou serviços, bem como
a concorrência existente. Aqui tentamos colher o máximo de informação possível no que diz respeito a:
• Oferta, qualidade e quantidade de matérias-primas ou artigos para venda;
• Oportunidades ou custos, tendo em conta a proximidade ou distância (dos terrenos agrícolas, das
matérias-primas e dos clientes);
• Concorrência, que existe ou que poderá vir a existir;
• Mercado, número de habitantes (por idades e sexo), instituições do governo (escolas, hospitais,
escritórios), instituições de apoio empresarial, comunidades religiosas, entre outros.
Esta etapa é chave para definirmos o mercado em que vamos actuar. Podemos usar o modelo da tabela a
seguir para ajudar na análise de mercado
Sacos Loja de retalho A necessidade de sacos • Lojas que vendem A tendência para ser
de compras de compras reutilizáveis sacos de plástico mais ambientalmente
(os sacos de plástico e embalagens de amigável, usar produtos
descartável rasgam com todos os tamanhos mais recicláveis e para
facilidade e não são e modelos reduzir o uso de sacos e
amigos do ambiente) • Lojas que dão recipientes que não são
sacos plásticos bons para o ambiente.
descartáveis para Produtos de boa qualidade
os compradores
34
4.2. Planeamento Comercial (Marketing)
Nesta etapa devemos definir o que produzir, para que mercados, a que preço vender, que estratégias de
vendas e promoções, relacionamento com os clientes entre outros. É aqui onde entram os famosos 5 P’s
do Marketing:
1º P: Produto ou Serviço – é nesta fase que decidimos que produto e/ou serviço vamos vender,
descobrimos se já existem produtos ou serviços semelhantes à venda, descobrimos aquilo de que os
consumidores gostam ou não nesses produtos ou serviços, será que eles vão poder comprar o nosso
produto ao preço que estipularmos?
2º P: Preço – aqui definimos um preço para obter lucro, tendo em consideração os custos e os preços da
concorrência, é aqui que definimos as promoções, tendo em conta as épocas altas e baixas da procura,
bem como preços especiais de lançamento para ganharmos clientes, etc.
O planeamento financeiro ajuda-nos a saber quanto dinheiro é necessário para o negócio, ajuda-nos a
fazer a previsão de receitas e despesas e em que altura do ano (por causa da sazonalidade) e deve definir
onde ir buscar esse dinheiro.
Uma vez identificado o bem ou serviço que vamos vender, calculados os custos desse produto e a
projecção de vendas, devemos fazer um Plano de Fluxos de Caixa, que deverá ajudar-nos a ver em que
períodos a empresa faz lucro ou prejuízo e como preparar-nos para essas situações.
Plano do Fluxo de Caixa é uma previsão que mostra a quantidade de dinheiro que se espera que entre e
saia do seu negócio, todas as semanas ou todos os meses. Ajuda-nos a planear para que o negócio não
fique sem dinheiro. A tabela a seguir mostra um exemplo de um plano de fluxos de caixa.
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Plano de Fluxo de Caixa
Total de dinheiro entrado no mês 14,500 13,900 -11,800 18,200 12,400 15,350
Total de dinheiro saído no mês 9,100 10,100 14,100 15,800 11,050 15,300
Como podemos ver pela última linha da tabela acima, nem todos os meses o negócio tem lucro, isto
é, nem todos meses o dinheiro que se recebe é mais do que o que sai. Isto pode acontecer por vários
motivos, como por exemplo:
• Antes de começarmos o negócio temos de pagar taxas, licenças, materiais, etc., há saídas, mas não
há entradas de dinheiro;
• No início o negócio pode ser pouco conhecido, portanto registam-se poucas vendas, que não
chegam para cobrir os custos fixos;
• Pode haver meses em que há muitas vendas a crédito, portanto poucas entradas de dinheiro;
• Em alguns meses temos de pagar muitos fornecedores (matérias-primas, empréstimos, etc.)
As situações acima são aquelas em que podemos ficar com pouco dinheiro e portanto, no nosso plano
financeiro temos de planear reservas para estas situações.
Outro ponto importante são as poupanças que é necessário fazer para substituir equipamentos e
ferramentas. Vimos na secção de cálculo de custos que as ferramentas têm um tempo de vida útil (anos
ou meses) após o qual têm de ser substituídas, assim, recomenda-se a guardar um valor superior ao do
custo de amortização da ferramenta (ver secção 3.4.1 Determinação de Custos), para quando chegar a
hora de substituição estarmos preparados.
36
4.4. Análise de Riscos
Com o levantamento das oportunidades que uma área apresenta para negócios é necessário também
fazermos o levantamento dos riscos que podem afectar negócio. Um bom plano de negócios para além de
definir os objectivos e os meios para os alcançar, tem também a função de definir estratégias para reduzir
o impacto dos riscos no negócio.
Este são alguns exemplos de riscos, mas a análise tem de ser feita de acordo com cada região, cada
produto, cada caso específico. A tabela abaixo pode ajudar-nos a fazer a análise do risco.
Exemplo 1:
2 2 4 Muito grave
Inundação
Exemplo 2:
1 1 2 Menos grave
Concorrência
Um ponto muito importante ao fazermos a análise de risco é termos em mente que onde há dificuldades
também podem haver oportunidades. Assim, devemos fazer as seguintes perguntas quando estamos a
avaliar os riscos:
• O que pode correr bem?
• Que efeitos secundários positivos pode ter?
• Qual a melhor coisa que pode acontecer?
Ao responder às perguntas acima estamos a precavermo-nos para não perder as oportunidades que
podem surgir com as adversidades.
Nota: é importante lidarmos com um problema enquanto este ainda é pequeno. É mais fácil resolver um
pequeno problema do que um grande problema, e os pequenos problemas podem tornar- se grandes,
quando não são resolvidos.
37
4.5. Plano de Negócios
Elaborar um plano de negócios é uma etapa importante que todos os empresários devem cumprir, é onde
definimos o que a empresa vai fazer, como vai fazer, com quem vai fazer e quando fazer.
Para além de dar uma orientação à empresa, o plano de negócios é útil para várias coisas: é essencial para
pedirmos empréstimos, para conseguirmos apoios de instituições do governo, ONG’s e, sobretudo para
avaliar se o negócio está a correr bem ou se precisa de alguma alteração.
Um bom plano de negócios só pode ser elaborado depois de se passar pelas etapas anteriores definidas
neste capítulo, nas quais recolhemos informações sobre o mercado, avaliamos as oportunidades, os
riscos, calcularmos os custos envolvidos, soubemos quem são os concorrentes, fornecedores, etc. Na
essência o plano de negócios tem de dizer, O QUÊ, ONDE, PORQUÊ E COMO.
_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
Mercado
• Concorrência: ___________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
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Funcionamento do Negócio
• Plano de Produção para um ano (planeamento e quantidades):
◦◦ Diariamente ______________________________________________
◦◦ Semanalmente ___________________________________________
◦◦ Mensalmente _____________________________________________
• O volume total a ser produzido (serviço: horas/dias de serviço aplicados) num ano é de (atenção: ter
em conta os altos e baixos sazonais):
_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
Eu/Nós irei/iremos dividir o trabalho da seguinte forma:
_____________________________________________________________________________________________________________
• As pessoas responsáveis pela gestão do meu/nosso negócio são (director/a, tesoureiro/a, gestor/a de
vendas, etc. – todos os cargos de gestão e respectivas funções):
_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
Despesas do Negócio
• Despesas iniciais (de arranque): Despesas de funcionamento (para um ano):
______________________________________________ ______________________________________________
______________________________________________ ______________________________________________
______________________________________________ ______________________________________________
______________________________________________ ______________________________________________
______________________________________________ ______________________________________________
______________________________________________ ______________________________________________
______________________________________________ ______________________________________________
Volume de vendas
• O preço do produto/serviço é:______________________________________________
• Vendas estimadas (quantidade): por dia __________________ por semana __________________
• Vendas estimadas (quantidade): por mês __________________ por ano __________________
Preços da concorrência por produto (artigo)/serviço: ____________________________________
• Vendas estimadas (quantidade): por dia ________________ por mês _______________ por ano _______________
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• Volume de vendas estimado para um ano: ____________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
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Exemplo de Plano de Negócios
• Precisamos de aumentar a nossa rede de contactos ao nível do distrito para termos mais oportunidades
de vendas e a nível da cidade de Nampula para conseguirmos materiais a preços mais baratos.
• Para fazer a criação a empresa vai alugar um terreno que fica a 2kms da sede do distrito. O terreno já
possui:
◦◦ 2 barracões, que vão ser usados para criação;
◦◦ 1 armazém, para guardar rações e outros materiais
◦◦ 1 quarto, vai servir de escritório
◦◦ tem água e energia
Mercado
• O principal mercado da empresa é a sede do distrito de Palma, onde os hotéis e restaurantes compram
a grande maioria dos seus frangos de Nampula. Os responsáveis das empresas já disseram que se
produzirmos frangos suficientes, regularmente ,eles podem comprar.
• A concorrência que existe no distrito é só da empresa Frangos Abdula, mas mesma essa empresa não
consegue produzir o suficiente para as quantidades que as pessoas querem. Fora do distrito temos os
frangos que vem de Nampula, mas esses muitas vezes demoram a chegar e têm custo de transporte.
Para promover nossos frangos vamos tentar assinar contratos com os restaurantes, hotéis e empresas, pois
podemos fornecer produtos mais frescos e um pouco mais barato. Para além disso as empresas preferem
comprar coisas produzidas no distrito por causa da política local.
41
Funcionamento do Negócio
• Plano de Produção para um ano é de 24000 frangos:
◦◦ Produção mensal é de 2000 frangos
Despesas do Negócio
Transporte 600,000
Volume de vendas
• O preço do produto/serviço é: 250,00Mts/frango.
• Vendas estimadas (quantidade):
◦◦ por mês: 2000 fragos
◦◦ por ano :24000 frangos
• Vendas estimadas (valor por anos): 6.000.000,00Mts
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Oportunidades de Negócio e Desafios
• As oportunidades e vantagens do negócio são:
◦◦ A população de Palma está a crescer por causa dos projectos de gás;
◦◦ O frango produzido no distrito não chega para abastecer o mercado;
◦◦ O frango que vem de Nampula e às vezes de Maputo não é muito fresco e é mais caro;
◦◦ As empresas que estão a trabalhar no gás e as outras empresas preferem comprar produtos
produzidos no distrito para apoiar a política local
• Os riscos e desafios do negócio são:
◦◦ A entrada de mais produtores no mercado pode diminuir o nosso mercado;
◦◦ Mudanças de tempo, com muito calor podem morrer muitos pintos;
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5. A Criação de Grupos ou Associações
Uma das principais dificuldades que os membros das comunidades enfrentam é a falta de recursos
(materiais, financeiros, competências técnicas, contactos comerciais, entre outros) para implementar as
suas ideias de negócios e com isso promoverem um auto-emprego e empreendedorismo produtivos e
sustentáveis.
Associações são sociedades formadas com dinheiro dos membros (sócios) com a finalidade de juntar
esforços para atingir objectivos que beneficiam a todos. As cooperativas podem ser de produção, de
consumo, de crédito ou de serviços.
São formadas com a finalidade de produzir e comercializar os bens produzidos por seus membros.
Estas associações podem ser agrícolas, industriais, artesanato, entre outros. Os membros podem ter
especialidades diferentes, mas o objectivo final é produzir um produto ou serviço que depois é vendido.
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5.1.2. Associações de Consumo
Estas associações são formadas com a finalidade de comprar bens de consumo e/ou matérias-primas que
depois são revendidos aos seus membros a preços mais baratos do que se cada um comprasse sozinho.
Por exemplo, uma cooperativa de carpinteiros pode comprar madeira mais barata para depois revender
aos membros, o mesmo pode acontecer com sementes para a agricultura ou outros produtos.
São associações formadas com a finalidade de fazerem empréstimos de dinheiro para os seus membros.
Os membros fazem poupanças que depois vão emprestando aos sócios que precisam. Em alguns casos
estas associações podem fazer empréstimos a não-membros e, o lucro que ganham é dividido entre os
membros.
São associações formadas com a finalidade prestar serviços, como transporte de carga, abastecimento de
água, entre outros. Normalmente são serviços que para os membros individualmente seriam muito caros.
Como qualquer organização, as associações têm vantagens e desafios que tem de enfrentar para o seu
bom funcionamento.
45
5.2.1. Vantagens das Associações
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5.3.1. Decisão dos Objectivos, Deveres e Regras das Associações
Abaixo alguns factores a ter em consideração na decisão dos objectivos, deveres e regras das associações:
1. Informação Geral
• Nome da associação, grupo ou rede
• Morada
• Tipo de actividade
• Objectivos (por ex.: projecto conjunto de criação de rendimento; grupo para a criação de poupanças;
outro objectivo)
2. Condições de Adesão
• Aberto a… (indicar critérios de inscrição; número máximo de membros)
• Valor da inscrição de… (decidir o valor adequado para a sua situação, localização)
• Contribuição de capital de risco (se considerado adequado)
• Horário de trabalho conjunto (por semana/mês)… (em caso de geração de rendimentos)
• Ausências… (acordar uma regra para as ausências, baixas, etc.)
• Suspensão/expulsão dos membros em caso de não cumprimento das regras
• Desistência da adesão
3. Comissão
• Eleição da comissão de gestão (presidente, vice-presidente, secretário, tesoureiro, membros da comissão).
A eleição pode ser feita por voto maioritário ou por outro meio, e realiza-se anualmente.
• Representante oficial: presidente, secretário ou outro (para acordos oficiais e contratos).
Normalmente, dois membros ou outro sistema que previne a má recta utilização de fundos.
4. Reuniões
• Assembleia-geral anual (AGA)
• Número mínimo ou percentagem de membros necessários para a tomada de decisões na AGA
• Frequência das reuniões da comissão de gestão e dos grupos de trabalho (uma por mês, outra…)
6. Equipamento
• Acordos de compras
• Manutenção e reparações
• Segurança do equipamento do grupo
8. Dissolução
• Como proceder com as obrigações/amortizações em aberto? Pode haver a intervenção de outro
grupo ou pessoa?
• O que fazer ao equipamento? Pode ser entregue a outro grupo? O que fazer ao dinheiro restante,
após o pagamento das dívidas? É possível partilhar o dinheiro restante entre os membros, uma vez
cumpridas todas as obrigações
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5.4. Propriedade da Comunidade
A machamba pode produzir só para vender para os membros da comunidade ou para vender duma
maneira comercial, isto é, para toda gente que quiser comprar. De qualquer das maneiras, produzir só
para a Comunidade ou de uma maneira comercial, é uma boa oportunidade pois podemos comprar
grandes quantidades, conseguindo melhores preços com os fornecedores e depois vender mais barato
aos membros da Comunidade. Ou, permite-nos comprar equipamentos que sozinhos não conseguiríamos.
O conceito de agricultura comunitária é de capacitar as pessoas, principalmente mulheres, que não têm
oportunidade como agricultores individuais de comprar insumos melhorados. Uma vez formado o grupo,
ele pode ser usado para programas de formação em novas tecnologias, divulgação de informações do
mercado, intercâmbio de informações e uma maior oportunidade de obter microcrédito. Este modelo é
crítico para permitir a expansão da empresa familiar.
Exercícios
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_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
2. Acha que existem sectores que poderiam formar associações na sua comunidade? Quais? Que
benefícios espera ter?
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3. Com base na resposta acima, que dificuldades acha que poderiam ter? como acha que se podem
ultrapassar?
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_____________________________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________________________
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6. Termos Empresariais e Financeiros
Amortização
O custo das maquinarias e equipamentos de grande valor não entram de uma só vez para o nosso registo
contabilístico, o custo que entra é o custo de compra dividido pelo número de anos que esperamos que
essa ferramenta vai durar, a esse custo chamamos amortização.
Comprovativos
Os comprovativos são uma prova escrita de uma transacção, mesmo no caso de pequenas quantias, como
a compra de selos de correio ou vendas a dinheiro de pouco valor (também são conhecidos por facturas
ou recibos).
Conta
Um registo de todas as transacções do mesmo tipo, tais como a “Conta à Ordem”, que abrange todas as
transacções relacionadas com “dinheiro que entra” e “dinheiro que sai”.
Credores
Aqueles a quem a empresa deve dinheiro (também denominados “dívidas a terceiros”).
Custos
Despesas iniciais: Custos que só se têm uma vez, para iniciar o negócio.
Despesas de funcionamento: Aquelas despesas necessárias para fazer o negócio funcionar no dia a dia.
Dois tipos principais são:
• custos fixos: Custos que temos sempre que pagar, independentemente do número de produtos ou
serviços que produzimos (por exemplo, a renda do espaço de trabalho; valores mensais para aluguer
de contadores de electricidade ou telefone; salário para empregados fixos).
• custos variáveis: Custos que variam consoante a quantidade produzida (por exemplo, matéria-prima,
quantidade de água consumida, quantidade de electricidade consumida, etc.).
Custos de produção
Matéria-prima; despesas de produção (por exemplo, electricidade para produção, transporte de materiais,
renda do espaço de trabalho, água, etc.), custos de mão de obra.
Custos de gestão
Renda de escritórios e espaço de venda, electricidade para a administração, luz e aquecimento, etc.;
contas de telefone; seguros, etc. Salário da empresária (que cobre as actividades de administração, gestão
e venda). Administração e outras despesas.
Custos de venda
Publicidade, promoção, saldos, comissões, etc.
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Custos Financeiros
Taxas de juro que o banco cobra por um empréstimo. Custos de transacção que a empresa tem quando
se candidata a um empréstimo e recebe fracções mensais.
Custos directos
Custos directos que podem ser atribuídos a uma actividade específica. Por exemplo, os custos directos
da produção de produtos, ou os custos directos da venda desses produtos. Os custos de mão de obra são
custos directos quando são relativos a uma actividade específica da produção ou do serviço.
Custos indirectos
Os custos indirectos referem-se às despesas gerais de funcionamento da empresa, tais como os custos
administrativos. Geralmente, não estão relacionados com as despesas de funcionamento da produção ou
montagem de um produto ou serviço. Os custos de mão de obra são indirectos quando têm a ver com a
gestão ou a contabilidade geral da empresa como um todo.
Despesas
Ver “Custos”; são despesas associadas ao funcionamento de uma empresa. Geralmente, cobrem as
despesas de produção, administração e gestão, as despesas de venda e distribuição, bem como as
despesas financeiras.
Devedores
Aqueles que devem dinheiro a empresa (também denominados “dívidas de terceiros”).
Empreendedor/a Empreendedorismo
Normalmente, qualquer pessoa que quer ter um negócio próprio é considerada uma empreendedora.
É esta pessoa que organiza, gere e assume os riscos de um negócio ou empresa (Dicionário Merriam-
Webster).
Empresa
Ver “Negócio”.
Estudo de viabilidade
Um estudo de viabilidade é uma pesquisa para sabermos se um negócio é viável ou não. Inclui os seguintes
passos:
• escolher um produto ou serviço para produção ou venda (ideia de negócios)
• saber se outras pessoas o quererão comprar, e a que preço (pesquisa de mercado)
• determinar como funcionará o negócio (organização e gestão, tecnologia e produção)
• calcular as despesas do negócio (a parte financeira)
• decidir se a ideia é económica e comercialmente concretizável, se tem hipóteses de ser lucrativa.
Investimento
A compra de um bem é um investimento quando for destinada ao desenvolvimento e expansão a longo
prazo de um negócio. Pode incluir terreno e edifícios; maquinaria e equipamento ou veículos. Investimento
50
também pode significar um “investimento em instrução”, para melhorar as capacidades da pessoa e
aumentar o âmbito do seu crescimento pessoal.
Lucro
Quando o rendimento das vendas de um negócio é superior a custos e despesas, há um “lucro” ou
excedente. Os negócios têm de produzir lucros para poderem desenvolver-se e crescer. O “lucro” pertence
às/aos proprietárias/os do negócio, que pode(m) reinvestir parte do mesmo no negócio, em vez de o
retirar por completo. Lucro não é o mesmo que dinheiro recebido, pois é preciso subtrair as despesas.
Negócio
Um pequeno negócio é um negócio independente e que não é dominante na sua área. Pode ser ou não
registado, formal ou informal, micro ou pequeno. As pessoas montam e gerem negócios para produzir
produtos, fornecer serviços e/ou trocar bens e serviços para conseguir lucro.
Os P do marketing
O marketing é definido por aquilo que a pessoa tem de fazer para chegar aos seus clientes e gerar lucro.
Os 5 P do marketing são:
• o produto ou serviço que vende
• o preço que os clientes estão dispostos a pagar
• o ponto de venda (local) onde melhor consegue chegar aos seus clientes
• a promoção que informa e atrai clientes
• a pessoa, você mesma, a/o proprietária/o do negócio e garante da satisfação da qualidade e serviço.
Plano de Negócios
Um plano de negócios é como um caminho marcado num mapa das estradas: mostra para onde NÓS
queremos que o negócio vá e aquilo de que precisamos, como empresárias/os, para chegar lá. Os planos
de negócios são preparados para fazer o planeamento sistemático de todas as actividades empresariais,
incluindo os volumes de venda esperados (em unidades ou preços de venda); os custos previstos para
compras, processamento e vendas; e os custos relacionados com gestão e financiamento do negócio. O
plano de negócios pode ser preparado para benefício do(s) proprietário(s), mas também para apoiar um
pedido de empréstimo (por exemplo, junto de uma instituição de microfinanciamento ou de um banco
comercial).
Ponto de Equilíbrio
É o ponto em que o negócio não gera prejuízo (défice) mas também ainda não gera lucro (excedente)! Por
outras palavras, os seus custos fixos de funcionamento e as suas receitas (ou seja, o rendimento obtido
das vendas) têm o mesmo valor.
Poupanças
Num contexto de negócios, a poupança é a quantidade de ganhos em dinheiro de que o negócio não
necessita para o seu funcionamento no dia a dia. Todas as poupanças de dinheiro podem ser aproveitadas
para o negócio. Se o dinheiro não for necessário a curto prazo, deverá ser colocado numa conta poupança
(ou semelhante), onde pode render juros. Estes juros serão regularmente adicionados ao rendimento do
negócio. As poupanças também podem ser guardadas em géneros, sob a forma de, por exemplo, cabeças
de gado.
Prejuízos
Quando todos os custos e despesas relacionados com o funcionamento do negócio são maiores do que
o total do seu rendimento e receitas, a diferença é o prejuízo. Nenhum negócio consegue sofrer prejuízos
durante um grande período de tempo.
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Relatório de Ganhos e Perdas (G&P)
O Relatório de G&P é um cálculo para descobrir qual o lucro ou prejuízo que o negócio teve ao longo de
um período de tempo específico.
O custo total é deduzido ao rendimento total, dando o lucro ou prejuízo ao longo de um certo período de
tempo (um mês, seis meses, ou, geralmente, 12 meses).
Remunerações
São os pagamentos efectuados ao pessoal contratado (a tempo inteiro, a tempo parcial e sazonais) pelo seu
trabalho, implicando actividades como a produção, o transporte, a venda, a distribuição e a administração.
Os ordenados também incluem o custo dos seguros, as pensões e outras formas de protecção social para
os trabalhadores. O termo “salários” tem o mesmo significado do que remunerações, mas é mais utilizado
para o trabalho em escritórios.
Rendibilidade
É a “capacidade” de um negócio para gerar “lucro”. Está relacionada com a quantidade de lucro que
o negócio produz com cada produto ou serviço que vende e com a velocidade em que cada negócio
transforma os seus custos em vendas.
Rendimento ou receitas
O rendimento ou as receitas de um negócio é o dinheiro que entra no negócio, sobretudo através das
vendas de produtos e serviços, incluindo o comércio. Rendimento não é igual a lucro!
Saldo
Dinheiro que fica na conta depois de todas as transacções terem sido calculadas.
Transacção
É uma troca de dinheiro (ou valores) por produtos ou serviços. Ver as definições de Contas e Contabilidade.
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Referências
Bibliografia
Guy Tchami, 2007. Handbook on Cooperatives for use by Workers’ Organizations. ILO, Geneva.
OIT, 2009. Formação em Competências Rurais: Um Manual Genérico de Formação para o Empoderamento
Económico das Comunidades Rurais (TREE). Genebra.
SNV, Agritex, DANIDA e HRI Zimbabwe, 2016. Smallholder Horticultural Production and Business:
Trainer’s Manual. Zimbabwe.
Susanne Bauer, Gerry Finnegan e Nelien Haspels, 2013. Género e Empreendedorismo: Um Passo Em
Frente. Mulheres e Empreendedorismo: Manual de Formação e Guia de Recursos. OIT, Lisboa.
UNESCO, 1999. Training Manual For Small Scale Enterprise – For Neo-literates. Bangkok
Sítios da Internet
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