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NEOCLASSICISMO AO FUNCIONALISMO
MAPA DE ILUSTRAÇÕES
Figura I - Axonométrica Explodida do Bloco B.…………………………………………....……...…..Pág. 5
<https://images.adsttc.com/adbr001cdn.archdaily.net/wp-content/uploads/2012/03/1332002263_11.jp
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Figura VII - Conjunto JK, perspectiva da fachada posterior, 1951. Foto divulgação [Luiz Mauro do
Carmo Passos, Edifícios de Apartamentos Belo Horizonte (1939-1976)]....................................Pág. 12
<https://vitruvius.com.br/media/images/magazines/grid_9/14c373381ce4_junqueira_jk02.jpg>
Figura VIII - Conjunto Governador Kubitschek sem o relógio, foto aérea, 2020…………….….Pág. 13
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Conjunto_Governador_Kubitschek#/media/Ficheiro:Conjunto_JK_.jpg>
Figura XIII - Montagem de um gato preto entre as torres do Edifício JK, 2021………………….Pág. 18
<https://www.instagram.com/p/CMVFw6wsV-5/?utm_source=ig_web_copy_link>
Figura XIV - “Vovó e Vovô, amamos vocês! Saudades♥ De: Manu e Mig; Para: Vovó e Vovô”, por
Guilherme Barros, 2020………………………………………………………………………………...Pág. 18
<https://www.instagram.com/p/B-fyNFjljgF/?utm_source=ig_web_copy_link>
Figura XVI - Pedido de casamento na fachada de Edifício JK, por Guilherme Barros, 2020.….Pág. 19
<https://www.instagram.com/p/B-fzArclO6o/?utm_source=ig_web_copy_link>
2
RESUMO
Este breve artigo busca destrinchar a criação, o contexto e os reflexos que o Edifício
JK trouxe para a paisagem urbanística de Belo Horizonte ao longo das décadas,
suas transformações de valor pela posterior visão dos moradores, sua pluralidade e
potência explicitada por diferentes formas de ocupação e também seus
inconvenientes e infortúnios. Assim, primeiramente nos debruçaremos sobre os
diversos significados que a obra colossal de Niemeyer trouxe, para depois entender
sua competência social e arquitetônica como um complexo habitacional e por último,
os impactos e consequências do prédio, em uma maior escala, na cidade e na vida
de seus residentes.
INTRODUÇÃO
Com seus 1,6 mil metros quadrados de área total, o prédio possui 1.086
apartamentos, de 9 tipologias diferentes, com capacidade de ocupação para mais
de 5 mil habitantes -mais populoso que 222 cidades mineiras- o que o torna não
somente uma complexa rede habitacional mas um projeto audacioso ainda nos dias
de hoje.
4
Ainda, o espanto é legitimado pela forma como que a vida citadina na época se
dava (ora, ainda o é) associada a valores tradicionais muito arraigados no interior do
estado. Ainda que Belo Horizonte fosse planejada no final do século XIX de forma a
ser fortemente baseada no urbanismo parisiense, muitos de seus costumes
continuavam provincianos. A relação de uma Belo Horizonte metropolitana com seu
entorno, como um atrativo pólo econômico das mais diversas atividades, esteve
presente desde sua gênese. Junto de toda essa teia sócio-econômica vieram para o
centro urbano diversos grupos, dentre eles operários, trabalhadores liberais,
comerciantes, e mais ainda nos meados do anos 50, pessoas buscando melhores
qualidade de vida pelo êxodo rural. Dessa forma, mesmo que o formato urbano
imposto fosse pautado nos moldes europeus, a população viu, usufruiu e ocupou a
cidade do modo mais mineiro possível, e qualquer coisa fora disso seria visto como
um choque, seja de forma positiva ou negativa.
Além disso, o impacto visual massivo que o Complexo JK traz, pelo seu
descomunal contraste altimétrico, está não somente diretamente relacionado com a
tendência modernista de se projetar megaestruturas mas também com a produção e
disseminação de um discurso monumentalista pelas forças políticas da época.
Porém, antes de tudo, é necessário diferenciar a ideia de megaestrutura e
monumento e entender como e onde esses conceitos relacionam a obra de
Niemeyer com o espaço urbano, o tempo histórico e a sociedade belo-horizontina.
3
BANHAM, Reyner. Megaestructuras. Futuro urbano del passado reciente. Barcelona: Gustavo Gilli,
2001. p. 9. ( citação do texto de Ralph Wilcoxon de 1968, traduzido por Silvana Nicolli)
4
NICOLLI, Silvana. “Formas Vazias na arquitetura: a existência precede a essência.” 2014, pág 24.
9
uma fachada marcante do prédio, diferente de qualquer outra da região, ela também
revela o quão reduzidas são as moradias.
6
PEDROSO & DIAS. “Aproximações Teóricas: A Semiótica na análise de monumentos”, 2018, pág.
5.
7
JUNQUEIRA, Thais & LOPES, Myriam.“Edifício JK: A monumentalidade da arquitetura moderna”
2019.
8
Segundo Junqueira & Lopes, tais atribuições foram dadas “Em uma nota, provavelmente paga pelo
Estado, publicada em vários jornais da cidade” como Diário de Minas, Diário da Tarde e Folha de
Minas, todos de 21 nov. 1951.
11
9
REVISTA DO SERVIÇO PÚBLICO, jan. 1939. Apud CAVALCANTI, Lauro Pereira. Moderno e
brasileiro: a história de uma nova linguagem na arquitetura (1930-1960). Rio de Janeiro, Jorge Zahar,
2006, p. 19.
12
Fig. VII - Conjunto JK, perspectiva da fachada posterior, Belo Horizonte MG Brasil, 1951.
Fig. VIII - Conjunto Governador Kubitschek sem o relógio. Foto aérea, 2020.
10
HUYSSEN, Andreas. Sedução monumental. In Seduzidos pela memória: arquitetura, monumentos,
mídia. Rio de Janeiro, Aeroplano, 2000, p. 52.
11
Unidades de Habitação nesse contexto, como as idealizadas por Le Corbusier, se ancoram em um
modelo de morar cuja ideia central é a otimização e o senso de coletivismo gerado no edifício, com
intuito de criar um ambiente receptivo, harmônico e plural.
12
JUNQUEIRA, Thais; LOPES, Myriam.“Edifício JK: A monumentalidade da arquitetura moderna”
2019
14
13
CASTRIOTA, Leonardo Barci. Edifício JK - MG. Habitação Social - Projetos de um Brasil [Seriado
documental]. Produção de André Manfrim. Espírito-Santo: Pique-bandeira Filmes, 2019.
16
Sua construção foi longa, se estendendo de 1951 até 1975, colocado por
Thais Velloso Pimentel em A Torre Kubitschek:Trajetória de um Projeto em 30 Anos
de Brasil (1989) como “um balão de ensaio para a tragédia e glória dos anos 90”, o
que desvalorizou o empreendimento. A queda maior se deu, porém, a partir dos
anos 70, já após o fim das obras, com tal intensidade que, principalmente devido à
falta de manutenção adequada, o prédio se tornou acessível à população de muita
baixa renda e viabilizou sua transformação em um grande conjunto de habitação
popular em uma área central da cidade.
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Conta do Instagram que exibe montagens de fotos de gatinhos e construções brutalistas, ou, como
eles mesmos colocam em sua página, “uma dose diária de gatos e concreto”
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Fig. XIII - Montagem de um gato preto entre as torres do Edifício JK, 2021
Figura XIV - “Vovó e Vovô, amamos vocês! Saudades♥ De: Manu e Mig; Para: Vovó e Vovô”,
por Guilherme Barros, 2020
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Figura XVI - Pedido de casamento na fachada de Edifício JK, por Guilherme Barros, 2020
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De fato, o produto final pode não fazer jus aos croquis do catálogo
promocional, nem com os usos idealizados, como museus, hotéis e restaurantes,
nem com o público alvo, mas não se distancia tanto quanto já foi pensado. Pode
não ter sido um meio de propaganda de sucesso, mas é inegável que tanto a
mega-arquitetura quanto a monumentalidade marcam o horizonte da capital tal qual
o Empire State Building em Nova Iorque, e se consolidou como parte da identidade
belo-horizontina. O Conjunto Governador Kubitschek passou por um longo período
construindo os estigmas que hoje carrega, e seus moradores sabem que ainda há
uma longa jornada para a consolidação de uma nova visão sobre este ousado
projeto, mas parecem estar dispostos a enfrentá-la.
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REFERÊNCIAS