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Normas, produtos internos e métricas

1. Seja 0 À ‘8 Ä ‘ que a ÐB" ß ÞÞÞß B8 Ñ faz corresponder lB" l â lB8 l. Mostre


que 0 é uma norma.
Resposta: Uma aplicação é uma norma se verificar os seguintes axiomas:
i) lBl   ! e (lBl œ ! se e só se B œ !)
ii) l-Bl œ l-l † lBlß a- − ‘ß aB − ‘8
iii) lB C l Ÿ lB l lC lß aBß C − ‘8 .
A função 0 definida verifica trivialmente todos os axiomas anteriores, tendo em
conta as seguintes propriedades do módulo:
Dados +ß , − ‘
i) l+l   !ß ii) l+,l œ l+l † l,lß
iii) l+ ,l Ÿ l+l l,lÞ 

2. No espaço das funções contínuas G ÐÒ+ß ,ÓÑ mostre que a função 1 definida por

1Ð0 Ñ œ max l0 Ð>Ñl


> − Ò+ß ,Ó

é uma norma.
Resposta: Axioma i) a condição 1Ð0 Ñ   ! é consequência imediata de se ter l0 Ð>Ñl   !ß
a> − Ò+ß ,Ó.
Se 1Ð0 Ñ œ max l0 Ð>Ñl œ ! então l0 Ð>Ñl œ !ß a> − Ò+ß ,Ó, pelo que 0 ´ !Þ É óbvio que
> − Ò+ß ,Ó
1Ð!Ñ œ !Þ
Axioma ii) Tem-se:

1Ð-0 Ñ œ max l-0 Ð>Ñl œ max l- ll0 Ð>Ñl œ l- l max l0 Ð>Ñl œ l- l1Ð0 Ñ.
> − Ò+ß ,Ó > − Ò+ß ,Ó > − Ò+ß ,Ó

A terceira igualdade resulta do facto de l-l † l0Ð>Ñl é máximo quando |0Ð>Ñl é máximo.
Axioma iii) Para a terceira condição, notemos que Ð0" 0# ÑÐ>Ñ œ 0" Ð>Ñ 0# Ð>Ñ donde

lÐ0" 0# ÑÐ>Ñl œ l0" Ð>Ñ 0# Ð>Ñl Ÿ l0" Ð>Ñl l0# Ð>Ñl


Ÿ max l0" Ð>Ñl max l0# Ð>Ñlß a> − Ò+ß ,Ó.
> − Ò+ß ,Ó > − Ò+ß ,Ó

Então
max lÐ0" 0# ÑÐ>Ñl Ÿ max l0" Ð>Ñl max l0# Ð>Ñl,
> − Ò+ß ,Ó > − Ò+ß ,Ó > − Ò+ß ,Ó

isto é,
1Ð0" 0# Ñ Ÿ 1Ð0" Ñ 1Ð0# Ñ. 

3. Considere o espaço vectorial real T# dos polinómios reais : de grau menor ou


igual a # com as operações usuais da adição de polinómios e multiplicação de um
polinómio por um número real. Mostre que fica definida uma norma em T# fazendo
1Ð:Ñ œ maxÖl:Ð!Ñlß l:Ð"Ñlß l:Ð#Ñl×ß : − T# Þ

Resposta: Axioma i) Como l:Ð!Ñlß l:Ð"Ñlß l:Ð#Ñl   ! deduz-se que 1Ð:Ñ   !Þ


Se : œ !, isto é, :ÐBÑ œ !ß aB − ‘, então :Ð!Ñ œ :Ð"Ñ œ :Ð#Ñ œ ! e portanto 1Ð:Ñ œ !.
Reciprocamente se 1Ð:Ñ œ !, isto é, maxÖl:Ð!Ñlß l:Ð"Ñlß l:Ð#Ñl× œ ! então :Ð!Ñ œ :Ð"Ñ œ
:Ð#Ñ œ !. Um polinómio de 2º grau que se anula em três pontos é obrigatoriamente
identicamente nulo (verifique).
Axioma ii). Tem-se
1Ð-:Ñ œ maxÖl-:Ð!Ñlß l- :Ð"Ñlß l- :Ð#Ñl×
œ maxÖl-ll:Ð!Ñlß l-ll:Ð"Ñlß l- ll:Ð#Ñl×
œ l-l maxÖl:Ð!Ñlß l:Ð"Ñlß l:Ð#Ñl× œ l- l1Ð:Ñ,

a terceira igualdade resulta do facto de que maxÖl-ll:Ð!Ñlß l-ll:Ð"Ñlß l- ll:Ð#Ñl× é atingido


quando l:Ð!Ñlß l:Ð"Ñlß l:Ð#Ñl for máximo.
Axioma iii)

1Ð:" :# Ñ œ maxÖlÐ:" :# ÑÐ!Ñlß lÐ:" :# ÑÐ"Ñlß lÐ:" :# ÑÐ#Ñl×


Ÿ maxÖl:" Ð!Ñl l:# Ð!Ñlß l:" Ð"Ñl l:# Ð"Ñlß l:" Ð#Ñl l:# Ð#Ñl×
Ÿ maxÖl:" Ð!Ñlß l:" Ð"Ñlß l:" Ð#Ñl× maxÖl:# Ð!Ñlß l:# Ð"Ñlß l:# Ð#ÑlÑ×
œ 1Ð:" Ñ 1Ð:# ÑÞ

A segunda desigualdade vem do facto de se ter


l:" Ð!Ñl l:# Ð!Ñl Ÿ maxÖl:" Ð!Ñlß l:" Ð"Ñlß l:" Ð#Ñl× maxÖl:# Ð!Ñlß l:# Ð"Ñlß l:# Ð#ÑlÑ× 
l:" Ð"Ñl l:# Ð"Ñl Ÿ maxÖl:" Ð!Ñlß l:" Ð"Ñlß l:" Ð#Ñl× maxÖl:# Ð!Ñlß l:# Ð"Ñlß l:# Ð#ÑlÑ×
l:" Ð#Ñl l:# Ð#Ñl Ÿ maxÖl:" Ð!Ñlß l:" Ð"Ñlß l:" Ð#Ñl× maxÖl:# Ð!Ñlß l:# Ð"Ñlß l:# Ð#ÑlÑ×.

4. Considerando as normas da soma, do máximo e euclidiana em ‘# represente as


bolas centradas em ! e de raio ".
Resposta:
Os conjuntos considerados são, respectivamente, os seguintes
Fsoma œ ÖÐBß CÑ − ‘# À lBl lCl "×,
Fmáximo œ ÖÐBß CÑ − ‘# À maxÖlBlß lCl× "×,
Feuclidiana œ ÖÐBß CÑ − ‘# À ÈB# C# "×.
Identifiquemos o Fsoma . Pretende-se determinar os pares ÐBß CÑ tais que lBl lCl "Þ
Suponhamos que Bß C   !Þ Para estes valores de Bß C a condição anterior toma a forma
B C ". Trata-se do triângulo no 1º quadrante limitado pelos eixos coordenados e
pela recta B C œ " (a hipotenusa do triângulo não pertence ao conjunto).
Supondo agora que B Ÿ ! e C   !, a condição toma a forma ! B C " que
corresponde ao triângulo situado no 2º quadrante, limitado pelos eixos coordenados e
pela recta ! B C œ " (a hipotenusa do triângulo não pertence ao conjunto).
Os casos B Ÿ !ß C Ÿ ! e B   !ß C Ÿ ! estudam-se de forma semelhante.
O conjunto em causa é o quadrado aberto com centro no ponto Ð!ß !Ñ e vértices nos
pontos Ð!ß "Ñß Ð"ß !Ñß Ð!ß ! "Ñ e Ð ! "ß !ÑÞ
Identifiquemos o Fmáximo . Pretende-se determinar os pares ÐBß CÑ tais que
maxÖlBlß lCl× "Þ Para cada B fixo pertencente a Ó ! "ß "Ò, C varia no intervalo Ó ! "ß "Ò.
Fazendo B percorrer todos os pontos no intervalo Ó ! "ß "Ò obtemos o quadrado aberto
com centro no ponto Ð!ß !Ñ e vértices nos pontos Ð"ß "Ñß Ð"ß ! "Ñß Ð ! "ß "Ñß Ð ! "ß ! "ÑÞ
O conjunto Feuclidiana é obviamente o círculo aberto centrado na origem e de raio "Þ 

5. No espaço das funções contínuas G ÐÒ!ß "ÓÑ mostre que a aplicação definida por
: À G ÐÒ+ß ,ÓÑ Ä ‘ que a Ð0 ß 1Ñ faz corresponder Ð0 ± 1Ñ œ ( 0 ÐBÑ1ÐBÑ.B é um
"
#
!
produto interno. Justifique que fica definida uma norma em G ÐÒ!ß "ÓÑ fazendo

3Ð0 Ñ œ Ë( 0 ÐBÑ# .B.


"

!
Resposta: As propriedades do produto interno
i) Ð0 ± 0 Ñ   !, ii) Ð0 ± 1Ñ œ Ð1 ± 0 Ñ,
iii) Ð-0 ± 1Ñ œ -Ð0 ± 1Ñß - − ‘, iv) Ð0 1 ± 2Ñ œ Ð0 ± 2Ñ Ð1 ± 2Ñ.
são todas de verificação trivial. Fica definida uma norma 3 definida por

3Ð0 Ñ œ È0 ± 0 œ Ë( 0 ÐBÑ# .BÞ


"

Alternativamente, poderíamos provar todos os axiomas que definem uma norma.


Provemos, por exemplo, a desigualdade triangular: provar que se tem
3Ð0" 0# Ñ Ÿ 3Ð0" Ñ 3Ð0# Ñ

é equivalente a provar
Ð3Ð0" 0# ÑÑ# Ÿ Ð3Ð0" Ñ 3Ð0# ÑÑ# Þ

Provemos então esta segunda desigualdade

0# ÑÑ# œ ( Ð0" ÐBÑ


"
Ð3Ð0" 0# ÐBÑÑ# .B
!

œ ( Ð0" ÐBÑÑ# .B ( Ð0# ÐBÑÑ .B #( 0" ÐBÑ0# ÐBÑ.B


" " "
#
! ! !

#Ë( 0"# ÐBÑ.B Ë( 0## ÐBÑ.B


" "
Ÿ Ð3Ð0" ÑÑ# Ð3Ð0# ÑÑ#
! !
# #
œ Ð3Ð0" ÑÑ Ð3Ð0# ÑÑ #3Ð0" Ñ3Ð0# Ñ œ Ð3Ð0" Ñ 3Ð0# ÑÑ# .

Usou-se a desigualdade de Cauchy-Schwarz

¹0" ± 0# ¹ Ÿ È0" ± 0" È0# ± 0# œ Ë( 0"# ÐBÑ.B Ë( 0## ÐBÑ.B


" "

! !

e o facto de que 0" ± 0# Ÿ ¹0" ± 0# ¹Þ 

6. Seja † ± † um produto interno em ‘8 e considere a norma induzida por este


produto interno. Mostre que:
(a) B ± C œ "% ÐlB Cl# ! lB ! Cl# Ñß

(b) lB C l# lB ! Cl# œ #ÐlBl# lCl# Ñß


(c) ÐB ± CÑ œ ! sse lB C l# œ lB l# lC l# .
Resposta: Provemos por exemplo (a) e (b).
(a) "% ÐlB C l# ! lB ! C l# Ñ œ "% ÐÐB CÑ ± ÐB CÑ ! ÐB ! CÑ ± ÐB ! CÑÑ
œ "% ÐÐB ± BÑ ÐC ± CÑ #ÐB ± CÑ ! ÐB ± BÑ ! ÐC ± CÑ #ÐB ± CÑÑ œ B ± CÞ
(b) lB C l# lB ! C l# œ ÐÐB ± BÑ ÐC ± CÑ #ÐB ± CÑ ÐB ± BÑ ÐC ± CÑ ! #ÐB ± CÑÑ
œ #ÐÐB ± BÑ ÐC ± CÑÑ œ #ÐlBl# lCl# ÑÞ 

7. Verifique que a função . definida em ‘8 ‚ ‘8 por

.ÐBß CÑ œ œ
", se B Á C
!, se B œ C

é uma métrica. Mostre que fazendo .ÐBß CÑ œ lB ! Cl não fica definida uma norma
em ‘8 .
Resposta: Mostrar que . é uma métrica (ou distância), isto é, que verifica os axiomas:
i) .ÐBß CÑ   !ß ii) .ÐBß CÑ œ ! Í B œ Cß
iii) .ÐBß CÑ œ .ÐCß BÑ e iv) .ÐBß DÑ Ÿ .ÐBß CÑ .ÐCß DÑ
não apresenta qualquer dificuldade.
Se a aplicação .ÐBß CÑ œ lB ! Cl fosse norma, ter-se-ia, por exemplo, tomando - œ #
e B Á C:
" œ .Ð#Bß #CÑ œ l#B ! #Cl œ #lB ! C l œ #Þ 

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