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Nº 10/2023
JUNHO / 2023
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CONSULTORIA
E FORMAÇÃO
ASSESSORIA ÀS ASSEMBLEIAS
PROVINCIAIS E CAPÍTULOS GERAIS
SOLUÇÕES EM
GESTÃO GESTÃO
PATRIMONIAL
SERVIÇOS
COMPARTILHADOS
18 28 36
42 50 60
?
Geral no exterior da Congregação no Brasil
?
pode ser alienado? Como
?
Se sua Instituiçã o, para ins civis, ainda nã o é uma
Organizaçã o Religiosa (OR), saiba mais com o Axis Instituto.
06
“É intrínseco à sociedade humana o direito à
informação sobre aqueles assuntos que
interessam aos homens e às mulheres, quer
tomados individualmente, quer reunidos em
sociedade, conforme as condições de cada um.”2
2 - Concílio Va cano II. Decreto Inter Mirifica sobre os Meios de Comunicação Social, item 5 (1963)
3 - Evangelho de Marcos 16, 15.
4 - Código de Direito Canônico, Cânone 1752 (1983).
07
Sobre a formação de consciência das pessoas no meio,
cabe citar o direito à informação sobre as coisas que
convêm a todos, lembrando que o uso correto deste
direito deve exigir, sempre, que a informação seja
sempre verdadeira e íntegra. E que sejam respeitadas a
jus ça, a caridade, a dignidade e a moral, tanto na
obtenção da no cia como na sua divulgação.
Neste caso, a orientação do Decreto vai de encontro ao
que, frequentemente, tem ocorrido no Brasil,
potencializado de maneira espetaculosa e danosa,
durante o úl mo pleito eleitoral. Assim, para fazer
frente à situação de extrema preocupação e geradora
de violência dado à disseminação de fake news de forma
corriqueira e banal, o país vem se debruçando sobre
importantes discussões legais acerca de marcos que
definam, de forma clara, o que seria permi do e os
limites de tais informações ou desinformações, a
depender da pitada colocada pelo propagador das
mesmas.
O documento Conciliar se preocupa com aqueles que
receberão as mensagens, principalmente os jovens,
chamando-os à moderação e disciplina no seu uso, para
que não se excedam e se tornem ví mas e escravos de
(excesso) dados, redes sociais e um mundo
completamente virtual e desprovido de uma base real,
lógica e localizada. Aqui se coloca a importância dos
educadores, nas escolas e obras em geral, bem como de
todos aqueles que detêm posições estratégicas e de
liderança junto às en dades eclesiás cas para um
devido direcionamento, apoio e envolvimento desses
junto às crianças e jovens (podemos arriscar dizer,
também junto aos adultos) em geral. Denota-se aqui,
nessa perspec va, o imprescindível conhecimento dos
educadores e lideranças para uma efe va orientação e
ponderação quanto às ferramentas de apoio e à
comunicação social em si. Aliás, a boca só falará daquilo
que o coração (e a mente) es ver cheio. Devemos
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08
navegação virtual, a presença em eventos diversos, tais
como shows, espetáculos, baladas e tudo quanto os
envolve e, literalmente, os sufoca, socialmente, no dia a
dia.
Considerando que outras partes também se inserem
nessa relação - sociedade X meios de comunicação -, as
autoridades civis e os responsáveis pela elaboração das
leis têm suas responsabilidades quanto aos aspectos
legais que permeiam o assunto. A esses compete, tal
como afirma o documento do Concílio, 'defender e
tutelar a verdadeira e justa liberdade de que a
sociedade moderna necessita, inteiramente para seu
proveito'. E, ainda, é papel do poder público, 'procurar
de forma justa e zelosa, por meios legais, que não se
cause dano aos costumes e ao progresso da sociedade
através de um mau uso destes meios de comunicação'.
Corroborando o que apresenta o Decreto Conciliar, a
Carta Magna5 brasileira diz, expressamente, que 'a lei
federal deve regular as diversões e espetáculos
públicos, cabendo aos órgãos públicos informar sobre a
natureza deles, as faixas etárias a que não se
re co m e n d e m , l o ca i s e h o rá r i o s e m q u e s u a
apresentação se mostre inadequada'. No entanto, na
prá ca, o que se vê é bem distante da realidade
desejada e prescrita nas letras da lei. Só como exemplo,
uma célebre produção cinematográfica dos anos 80 (A
Lagoa Azul), foi exibida pelo menos 20 vezes na
programação global da 'Sessão da Tarde', e como o
próprio nome indica, em horário aberto e disponível às
crianças e adolescentes. E somente no ano de 2017 (37
anos após o lançamento do filme), o Ministério da
Jus ça entendeu e decidiu que o filme extrapolava
quanto ao conteúdo e classificou-o como impróprio
para menores de 12 anos de idade. Poderiam ser citados
diversos outros exemplos, sem muito esforço para
lembrá-los e relacioná-los, tais como propagandas de
cigarro, bebidas, desenhos animados com extrema
violência ('Pica-pau', 'Papa-léguas e Coiote'...) novelas e
filmes com cenas de nudez, sexo quase explícito,
violência, atos discriminatórios, desvios morais e
an é cos, etc.
09
Dentro deste contexto, cabe citar que, no Brasil, temos um dos mais
concentrados poder de mídia nas 'mãos' de alguns empresários das
comunicações. Poucos grupos de grande penetração audiovisual,
impresso, radiofônico e virtual, comandam todo o país; esse
reduzido grupo é formado, basicamente, por 'Globo', 'Silvio Santos',
'Record', 'Bandeirantes', 'Folha' e 'RBS' (Rede Brasil Sul de
Televisão). Com tamanha concentração, o que se mostra um
verdadeiro oligopólio, muitos divulgam apenas o que lhes convém –
inclusive em acordos de assuntos e 'furos' de reportagens - e
omitem o que é importante para a nação. Porém, como concessões
públicas, deveriam ser meios de informação e de debate de ideias
para toda a população, o que, infelizmente não se percebe em
grande maioria das produções veiculadas pelos meios disponíveis.
A Gaudium et Spes6, também versando sobre o tema, diz que 'novos
e mais perfeitos meios de comunicação social permitem o
conhecimento dos acontecimentos e a rápida e vasta difusão dos
modos de pensar e de sen r o que, por sua vez, dá origem a
numerosas repercussões'. Assim, cabe a todos que usam dos meios
diversos da comunicação a favor das/pelas en dades eclesiás cas
(e, claro, de outras ins tuições), a exploração inteligente e
estrategicamente efe va de tais meios para levar a seu público a
mensagem devida que possa, de fato, agregar valor às pessoas, às
relações e a todas as partes interessadas em questão.
E, externando cuidado, e preocupado com o futuro, o Papa Paulo VI,
na promulgação do Decreto Inter Mirifica, ins tuiu que se
celebrasse o Dia Mundial das Comunicações, para que os fiéis
fossem doutrinados a respeito das suas obrigações no tema,
convidados a orar por esta causa e contribuir com este fim, com
vistas ao sustento e fomento frente às necessidades do orbe
católico, das ins tuições e das inicia vas promovidas pela Igreja no
assunto.
Frente, portanto, a essa incumbência, a Igreja comemorou, no dia
21 de maio úl mo, o 57° dia Mundial das Comunicações. E o Papa
Francisco, na mensagem para este dia, enfa zou que “basta amar
bem para dizer bem”, lembrando o centenário da proclamação de
São Francisco de Sales como padroeiro7 dos jornalistas católicos.
Para este grande Santo da Igreja, a comunicação nunca deveria
reduzir-se a um ar cio, a uma estratégia de marke ng – diríamos
nós hoje –, mas deveria ser o reflexo do ín mo, a super cie visível
dum núcleo de amor invisível aos olhos.
6 - Cons tuição Pastoral Gaudium Et Spes - Sobre A Igreja No Mundo Atual. Item 7 (1965)
7 - Proclamado por Pio XI através da Encíclica Rerum omnium perturba onem (26/01/1923)
10
Por fim, que o tema deste Dia Mundial recém celebrado, “Falar
com o coração. Testemunhando a verdade no amor' (cf. Ef 4,15)”,
possa, de fato, ser apreendido, vivido e u lizado como mote de
transformação da comunicação e, consequentemente, de reflexos
e mudanças em uma sociedade na qual 'basta amar bem para
dizer bem'.
Vamos iniciar?
exactusauditores.com.br
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É de longa data a discussão sobre a possibilidade de de presidente, vice, secretária e tesoureira cujas
remuneração dos dirigentes das ins tuições sem fins funções e atribuições encontram-se descritas no
lucra vos. A legislação veio se aprimorando e tornando estatuto social.
tal hipótese viável e mais segura, no tocante à garan a
da imunidade ou da isenção usufruída no caso das O dirigente não estatutário é aquele que, em geral,
ins tuições que possuem o cer ficado de en dade exerce cargo dire vo de administração e gestão
beneficente de assistência social (CEBAS). execu va, sendo que suas atribuições não são
necessariamente previstas no Estatuto Social e ele,
Cabe esclarecer que entende-se por dirigente dentro de um projeto de governança, não é o centro
estatutário aquele cujas atribuições estão formalmente de estratégias ins tucionais e sim um executor. Em
prescritas no estatuto social e este, membro, faz parte regra, ele possui vínculo emprega cio ou, em
da en dade e do centro estratégico de decisões, sendo alguns casos, apesar de ques onável, à luz da
sua autonomia de fazer ou deixar de fazer limitada pelas legislação trabalhista e tributária, são contratados
prescrições existentes em lei e, especificamente, no como pessoa jurídica em caráter autônomo e
instrumento estatutário. Cita-se, por exemplo, os cargos determinado.2
Lei n° 9.637/98
Legislação que dispõe sobre a qualificação de en dades como organizações sociais; foi o primeiro texto legal que previa a
possibilidade de o dirigente ser remunerado. É um texto jurídico de aplicação no âmbito federal nas relações com as
Organizações Sociais (OSs), sendo necessária a regulamentação nas esferas municipais e estaduais para legalizar tal situação.
Lei n° 9.790/99
Esse texto jurídico disciplina a qualificação da Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP) e em seu inciso VI,
ar go 4°, discorre sobre a “possibilidade de se ins tuir remuneração para os dirigentes da en dade que atuem efe vamente na
gestão execu va e para aqueles que a ela prestam serviços específicos, respeitados, em ambos os casos, os valores pra cados
pelo mercado, na região correspondente à sua área de atuação”.
Lei n° 12.868/13
Alterou o texto da lei referente à filantropia, colocando as condições para o gozo da isenção das en dades cer ficadas, porém,
não impedindo a remuneração dos dirigentes estatutários e não estatutários, tal como exposto nos incisos I e II do ar go 29.
Lei n° 13.151/15
Alterou novamente a lei referente à filantropia, ra ficando que os dirigentes poderiam ser remunerados, desde que atuassem
efe vamente na gestão execu va e respeitados como limites máximos os valores pra cados pelo mercado na região
correspondente à área de atuação da en dade. No caso de associações, os valores a serem definidos para a remuneração dos
dirigentes seriam tomados via decisão do órgão maior de deliberação, no caso, a assembleia geral.
Lei n° 13.204/2015
Alterou a legislação tributária federal (Lei n° 9.532/1997), ra ficando a possibilidade de remuneração dos dirigentes
estatutários e não estatutários, es pulando os critérios de limites máximos referenciais atrelados aos valores de mercado local.
No caso das filantrópicas a remuneração, também, é dos conselheiros, dos benfeitores ou equivalentes,
permi da, não sendo o cer ficado como en dade assim compreendidos os pais, os avós, os bisavós, os
beneficente de assistência social (CEBAS) uma restrição filhos, os netos, os bisnetos, os os, os sobrinhos, os
ou empecilho para a remuneração de dirigentes sogros, os cunhados, etc. Essa exigência legal é
estatutários e não estatutários, certamente, desde que estratégica e necessária para afastar e impedir a
observadas as disposições legais. Tal previsão está possibilidade fá ca do nepo smo nas ins tuições sem
devidamente ra ficada na Lei Complementar fins lucra vos.7 E, finalmente, que o total pago a tulo
187/20213 que subs tuiu a Lei 12.101/20094 que, por de remuneração para o conjunto de dirigentes, pelo
sua vez, já permi a tal remuneração. exercício das atribuições estatutárias, deve ser inferior a
5 (cinco) vezes o valor correspondente ao limite
No livro que trata sobre o “Direito Tributário'”, Baleeiro individual estabelecido.8
(1959)5 já discorria sobre a incoerência e absurdo em
não remunerar os dirigentes, dado que eles são Cabe destacar que, inclusive, não há impedimento à
necessários à uma boa gestão da en dade e têm remuneração de dirigente estatutário ou diretor que,
necessidade quanto à remuneração frente à natural e cumula vamente, tenha vínculo estatutário e
intrínseca subsistência a ser por eles man da. O autor já emprega cio, exceto se houver incompa bilidade de
chamava a atenção para que a quan a remuneratória jornadas de trabalho.9
vesse um balizamento de mercado ou, mais
especificamente, a referência de um valor pago em A legislação das filantrópicas traz duas considerações
iguais condições naquelas empresas. importantes que, por analogia, recomendamos que seja
aplicada a todas as en dades sem fins lucra vos,
Ressalte-se, ainda, no tocante ao dirigente estatutário, independente de terem o CEBAS ou não. A primeira é a
que a lei determina para a preservação do status observância de um limite de mercado para as
tributário da organização, que ele receba remuneração remunerações, devendo estas serem fixadas em
inferior, em seu valor bruto, a 70% do limite observância aos valores pra cados na região, em sua
estabelecido para a remuneração dos servidores do área de atuação. A segunda, extremamente coerente, é
Poder Execu vo Federal.6 que tais remunerações de dirigentes, estatutários ou
não, sejam deliberadas pelo órgão superior da en dade
E mais, para que se garanta a possibilidade de e que tais decisões constem em ata, sendo que, no caso
remuneração, sem restrições a tulações e implicações das Fundações, tais deliberações devem ser
tributárias, o dirigente não pode ser parente até 3° grau comunicadas ao Ministério Público.10
(sanguíneo ou por afinidade), cônjuge dos ins tuidores,
14
Quanto ao assunto, o Prof. Roque Antonio Carrazza É importante lembrar que os documentos estratégicos
(2015) esclarece que “a imunidade somente cai por de governança e os norma vos internos de gestão,
terra quando, sob a aparência de salários (aí dentre eles as cons tuições, regras de vidas, polí cas,
compreendidas todas as demais tributações diretrizes e regimentos internos devem estar alinhados
trabalhistas), os funcionários, dirigentes e gestores com tal permissão (remuneração de dirigentes), sendo
forem alvo de verdadeira distribuição de lucros” e, per nente que sejam visitados, rediscu dos e
assim complementa, “é irrazoável, além de ilógico, repactuados, se for o caso, os termos de parcerias
pretender que diretores execu vos trabalhem numa firmados com entes públicos que, pautados na
en dade, ainda que beneficente, na base do legislação orgânica (municipais ou estaduais), seguem
voluntariado, até porque tal entendimento entra em uma interpretação restri va e contrária à legislação
conflito com diretriz apontada no art. 7º, VII, da federal.
Cons tuição Federal”, sendo esta a transcrição da
citação cons tucional: Art. 7º São direitos dos Cabe enfa zar que, no caso dos religiosos,
trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que
visem à melhoria de sua condição social: (...) VII - religiosas e clérigos, também é plenamente
garan a de salário, nunca inferior ao mínimo, para os legal a remuneração dos dirigentes por
que percebem remuneração variável. exercício de funções, previstas ou não, no
estatuto das en dades vinculadas.
Assim, no nosso entendimento, é de ampla e total
per nência a remuneração dos dirigentes, sejam estes
estatutários ou não estatutários, desde que a en dade No entanto, entendemos que, independentemente
atente para o norma vo legal que se impõe, com vistas à desta opção (remuneração de dirigentes), a separação
uma efe va gestão e potenciais resultados, bem como, das a vidades socioassistenciais (em geral nas
que se mantenha imaculada no tocante à imunidade associações) das a vidades canônicas (nas organizações
tributária e às isenções usufruídas. religiosas) deva ser formal.
15
POR QUE CONTRATAR?
Axis Serviços
Compar lhados
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O Axis Serviços Compar lhados – ASC disponibiliza
sua estrutura e exper se para a execução, de forma
compar lhada e centralizada, das a vidades
administra vas e financeiras de suporte à missão
das En dades Católicas, com transparência,
segurança e eficiência. . .
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Focar os esforços das religiosas e religiosos
na a vidade fim, no carisma e na essência de sua missão.
ÁREA FINANCEIRA:
Contas a receber
Contas a pagar
Conciliação bancária
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Informações gerenciais e indicadores
Documentação contábil
ÁREA FISCAL:
Monitoração da regularidade
fiscal quanto as cer dões nega vas.
GESTÃO DA FILANTROPIA:
Avaliação, monitoramento e apoio à gestão
para manutenção e renovação da cer ficação.
VANTAGENS:
Saiba mais!
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18
Introdução
2 - Para ampliar o conhecimento sobre clima organizacional, sugiro a leitura do livro, de minha autoria, “Gestão de Pessoas em Ins tuições Confessionais”,
disponível na plataforma do Axis. h ps://plataforma.axisins tuto.com.br/categoria-produto/livros/
19
Ambiente de trabalho como provedor de
bem-estar
20
Quanto à segunda questão, se o empregador tem ou
não algum compromisso moral em proporcionar bem-
estar aos empregados, o foco dos estudos, até bem
recentemente, recaía sobre o “interesse” do
empregador: se ele se interessa por melhor
produ vidade, provavelmente vai prover ambientes ou
oportunidades laborais que propiciem bem-estar ao
trabalhador. Nessa abordagem, o bem-estar do
empregado é instrumental em relação à produ vidade,
por ter uma relação proporcional direta com ela. Por
outro lado, hoje, discute-se se, do ponto de vista moral,
ao perceber, o empregador, que 75% do tempo a vo do
funcionário é vinculado, de algum modo, à empresa,
talvez ele, empregador, veja um impera vo moral em
proporcionar ambientes saudáveis, respeitosos, limpos
e pautados por relações interpessoais sadias. Essa seria
a razão intrínseca para proporcionar ambientes de
trabalho saudáveis, ao invés de tantos ambientes
tóxicos como se vê, hoje. Não haveria, neste caso,
nenhuma vinculação direta, ou interessada, com a
produ vidade. Essa seria a empresa é ca, responsável,
madura, justa. Ins tuições católicas maduras e
responsáveis se “encaixam” nesse perfil. Um bom
número de empresas laicas também já se posicionam
desta forma.
Quanto ao terceiro ponto, o contentamento em relação
ao trabalho está, por sua vez, mais diretamente
relacionado a fatores individuais, ao gosto de cada
funcionário e ao seu perfil pessoal e laboral. A área de
seleção de pessoas se preocupa, por exemplo, em
encontrar o candidato certo para a vaga certa, isto é,
procura cruzar os requisitos do cargo com as habilidades
e competências do candidato à vaga. Quando esses
fatores coincidem, aumenta a probabilidade de o
trabalhador ter contentamento com o seu trabalho.
Neste sen do, seu bem-estar pessoal é mais provável. E,
ainda, considerando quantas horas por dia passa
“fazendo o seu trabalho”, e durante tantos anos de sua
vida, esse sen mento de “bem-estar” pode evoluir para
um sen mento eudaimônico com o trabalho, tornando
a pessoa feliz por fazer o que faz, por ser quem é, em
termos profissionais e pessoais, já que uma dimensão
transborda para a outra. O profissional pode a ngir a
sua plenitude, com o trabalho sendo parte essencial
desse “estado de felicidade eudaimônica”.
21
Imagem: Pixabay
22
Mas a ins tuição precisa ter algum “compromisso”
com a felicidade dos seus empregados?
Se pensarmos as ins tuições, mormente as católicas, Esse sen mento de realização contribui para o bem-
como “Obras para pessoas”, construídas por pessoas, estar de cada um e para a sua felicidade profissional e
seria óbvio concebermos essa responsabilidade ou pessoal. Isso, no entanto, no mundo capitalista
compromisso ins tucional com a felicidade ou, no “selvagem” frequentemente não ocorre. Seja por
mínimo, com o bem-estar, também dos funcionários. A miopia empresarial, seja por ganância, seja por
coerência interna começaria por aí, ou seja, se a Obra perversidade ou egoísmo, os ambientes de trabalho
trabalha para a promoção da vida da criança, do jovem, têm se tornado cada vez mais tóxicos. Longe de se
do adolescente, ou de quem quer que seja, coerente preocuparem, de forma genuína e autên ca, com o
seria que também se ocupasse da promoção da vida de bem-estar dos empregados e dos parceiros, muitas
quem contribui com seu propósito ins tucional. Assim, o rga n i za çõ e s c r i a m a m b i e nte s co m p e vo s
seus empregados seriam também “merecedores” de tal desrespeitosos, ambientes egoístas, amorais, “pobres”
promoção humana que, aqui, pode ser entendida, pelo e desqualificadores, reduzindo os empregados, muitas
menos em parte, como o bem-estar pessoal e vezes, a “coisas”, mecanismos, negando-lhes dignidade,
profissional e a felicidade de quem ali labora. respeito e consideração.
Quando se verifica essa coerência entre o interno e o Por conseguinte, tais organizações contribuem para o
externo, entre a elaboração e o resultado, toda a Obra se adoecimento sico e psíquico dos seus empregados.
fortalece. Inúmeras pesquisas de clima realizadas, ao Isso desemboca na infelicidade de muitos. E então, o
longo de mais de duas décadas, pelo Axis Ins tuto, junto mundo do trabalho passa a ser o mundo do sofrimento,
a Obras católicas, mostram que quando se verifica essa da angús a, da perda de autoconfiança, de
coerência, ou seja, quando a Obra trata “bem”, de forma depauperamento da autoes ma. Para além da “quebra”
justa e honesta, os seus funcionários, como trata os seus da produção, “quebram-se” os espíritos, as vontades, as
alunos ou beneficiários ou pacientes (em hospitais), os boas-vontades, os sonhos, as esperanças. E isso,
funcionários se sentem muito “realizados”, com o evidentemente, contribui para o adoecimento social,
sen mento fortalecido de estarem trabalhando para para o esfacelamento das relações interpessoais e
um propósito maior, qual seja, a Missão da Ins tuição comunitárias, para a corrosão e o destroçamento do
Católica. tecido social mais amplo.
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23
Resgatando o humano
nas organizações
24
Como atores sociais importantes, as
organizações precisam “redescobrir o
humano” em seus funcionários; como
“motores da economia” essas ins tuições,
todas elas, precisam resgatar a “economia
humana”, humanizar a economia, como tem
exortado o Papa Francisco, colocando a
economia a serviço da vida, e não esta a
serviço daquela. Ceifar as organizações de
seu caráter humano não é nem inteligente,
nem moralmente aceitável, na medida em
que estarão, caso o façam, ou persistam em
con nuar fazendo-o, criando um mundo
cada vez mais árido, sociedades cada vez
mais insanas e desequilibradas, relações
humanas cada vez mais esvaziadas de seus
conteúdos espirituais, afe vos e é cos.
Sociedades doentes, desajustadas, não
farão a economia florescer. Pelo contrário,
significará o ocaso de toda a vida, para a
qual, então, a economia não fará mais
qualquer sen do.
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25
CURSO
POR
IMERSÃO
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CURSO PRESENCIAL
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Horário:
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12 a 18 Agosto/2023 e terminará na
sexta-feira, 18/08, às 13h. Público-alvo:
Lideranças do meio religioso;
outros interessados/as, religiosos/as,
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Local: 60 ou de preparação para assumir
Hotel Fazenda Retiro das Rosas cargos de liderança.
(Irmãs Salesianas) Carga horária:
Cachoeira do Campo - Ouro Preto/MG 60 horas
Conteúdo Programático
O curso de Gestão de Pessoas tem o intuito de capacitar os participantes,
lideranças atuais e futuros(as) líderes, a agirem corretamente nos diversos
momentos e situações que envolvem pessoas, tanto nas organizações
quanto fora delas. A gestão adequada das pessoas e dos relacionamentos
leva à melhoria do desempenho, a um clima organizacional positivo e a Assessor:
Sebastião V. Castro, Dr
relações profissionais mais verdadeiras e genuínas. (Psicólogo, Biólogo)
• Comunicação
• Gestão por competências
• Planejamento estratégico e gestão de pessoas
(31) 3284-6480
28
Introdução
29
Avaliação e gerenciamento de riscos nas escolas
30
A Importância da Comunicação e Cooperação
entre Escola, Família e Comunidade na
Segurança Escolar
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Treinamento em Gerenciamento de Crises e Preparação para Emergência
32
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A segurança escolar não é um conceito está co, mas sim um processo dinâmico que envolve a
implementação de polí cas eficazes e relevantes. Segundo a Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE, 2009), essas polí cas devem contemplar a prevenção,
intervenção e resposta a situações de risco e emergências.
A implementação de polí cas de segurança escolar deve ser embasada em uma avaliação de risco
abrangente e acurada, considerando a complexidade das ameaças que podem afetar a ins tuição.
Elas devem abranger desde protocolos de segurança sica até estratégias de apoio psicossocial,
passando por planos de gerenciamento de crises e estratégias de engajamento da comunidade
escolar (Thapa et al., 2013).
Todavia, polí cas bem redigidas e abrangentes não são suficientes por si só. A comunicação eficaz
dessas polí cas para todos os membros da comunidade escolar é fundamental para que sejam
compreendidas e seguidas (Cornell & Mayer, 2010). Estudantes, funcionários, professores e pais
precisam estar cientes dos procedimentos de segurança, dos seus papeis e responsabilidades.
Além disso, é essencial que haja um sistema de monitoramento e avaliação con nuos dessas
polí cas de segurança. Dessa forma, será possível iden ficar lacunas, fazer ajustes e melhorar
con nuamente as prá cas de segurança, tornando-as mais eficazes.
A implementação dessas polí cas é uma etapa importante para garan r um ambiente propício ao
aprendizado e isso requer planejamento, comunicação eficaz, monitoramento e compromisso
con nuo de toda a comunidade escolar.
33
Envolvimento dos Alunos na
Promoção da Segurança e Bem-estar
34
Em resumo, a segurança escolar é uma prioridade
e deve ser uma preocupação constante.
Trabalhando juntos, os envolvidos podem
garan r que a escola seja um ambiente seguro,
acolhedor e propício à aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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35
Imagem: Pixabay
36
34
INTRODUÇÃO
2 - OMS-Organização Mundial da Saúde. Ministério da Saúde. Relatório Mundial da Saúde. Saúde mental: nova concepção, nova esperança. 1.ª edição,
Lisboa, Abril de 2002.
37
SAÚDE MENTAL NO PRESBITÉRIO:
UM OLHAR FRATERNO
3 - OLIVEIRA, M. R.; JUNGES, J. R. Saúde mental e espiritualidade/religiosidade: a visão de psicólogos. Rev. Estudos de Psicologia.
Universidade do Vale do Rio dos Sinos. v.17, n.3, p. 469-476. 2012.
4 - PINTO, E. B. Padres em Psicoterapia: esclarecendo singularidades. 5ª ed. São Paulo. Editora Ideias & Letras. SP. 2018.
38
Em carta aberta enviada ao Santo Padre Papa Francisco, em 30
de dezembro de 2020, preocupada com os desfechos da
pesquisa cien fica que ora iniciara para a conclusão de curso,
coloquei em minhas palavras o meu coração e a minha
preocupação com o tema, que tratava da doença mental no
presbitério, e em reposta a esta carta o Santo Padre me agracia
com a seguinte mensagem, citando Madre Tereza de Calcutá; o
Papa Francisco escreve:
“Mas por onde começar? Por e por mim, respondeu
ela”. Tinha vigor aquela mulher! Sabia por onde
começar. Hoje eu roubo a palavra a Madre Tereza e
digo também a você: Começamos? Por onde? Por e
por mim! Cada um, em silêncio, se interrogue: se devo
começar por mim, por onde começo? Cada um abra o
seu coração, para que Jesus lhe diga por onde
c o m e ç a r. S e e s v e r m o s v e r d a d e i r a m e n t e
enamorados de Cristo e sen rmos o quanto ele nos
ama, o nosso coração se “incendiará” de tal alegria
que contagiará quem es ver ao nosso lado.”
39
O IMPACTO DA PANDEMIA NA seja pela força espiritual ou pela fé que têm. Mas os
religiosos são humanos e precisam se fortalecer para
SAÚDE MENTAL DO PREBISTÉRIO con nuar nessa missão de ajuda e acolhimento a
outros. A carga de responsabilidade e a sustentação
para con nuar nessa missão são grandes, e o apoio, por
Não se pode descartar que, com a pandemia, os que não, pode vir de profissionais devidamente
agravamentos relacionados à saúde mental foram preparados para orientá-los a seguir sua missão.
ampliados; a busca por psicólogos ou profissionais da
área foi mais expressiva. Nascimento (2021)6 explica
que, com a pandemia, aqueles com função de cuidador, Assim, refle r sobre a saúde mental tem sido algo atual
ficaram com maior fragilidade mediante os apelos e e necessário para a vida de todos, igualmente para os
sofrimentos da sociedade e, no meio presbiterial, não padres, que precisam se entregar à sua vocação e
foi diferente. Pe Euder7, afirma que: passam a vida lidando com conflitos e enfrentando
"A gente costuma dizer que o padre é um desafios, além das renúncias, para seguir na vida
homem que cura, por causa do cuidado. religiosa e, sobretudo, seguir os caminhos de Cristo.
Mas, o homem que cuida também é ferido,
ele também precisa ser cuidado. E é claro,
ele precisa ser cuidado pela própria Igreja, A vocação para o sacerdócio precisa ser algo
pelos irmãos presbíteros, dentro da sua sacramentado, em que a fé fique acima de todos os
d i o ce s e , te r o c u l vo d a p a sto r a l obstáculos porque, caso contrário, o presbítero não
presbiteral". suportará os desafios a que são subme dos, desde a sua
formação rigorosa até o exercício da profissão, que
coloca sempre à prova sua vocação. O padre é uma
Par ndo dessa afirma va, é importante e necessário referência religiosa dentro da igreja, para os seus fiéis;
que quem cuida esteja melhor, psiquicamente, do que portanto, a sua conduta precisa ser exemplar e isso o
aquele que é cuidado; nesses casos, a saúde mental torna alvo constante frente aos desafios e conflitos que
precisa ser observada e não se pode negar que, na enfrenta, mediante as exigências de sua profissão. "Em
pandemia, a busca por orientação, apoio e acolhimento, muitos casos, a fé pode não ser forte o suficiente para
principalmente dentro dos grupos religiosos, foram superar momentos di ceis", afirma Pinto (2018, p.2)8
mais constantes e isso exigiu mais serenidade e
compreensão daqueles que estão nessa função, como
os sacerdotes, e, ao mesmo tempo, maior equilíbrio Longe de fazer afirmações que atribuem dificuldades
para amparar aqueles que lhes buscavam. em relação à igreja ao lidar com questões de saúde
mental, fica evidente, porém, a necessidade de a igreja
repensar as questões relacionadas à saúde mental dos
A maioria das pessoas busca, através da religião, padres, promovendo um trabalho de prevenção e
soluções para seus problemas e dificuldades pessoais e cuidado, entendendo a singularidade da profissão e da
acreditam que os padres possam solucionar seus atuação dos sacerdotes.
problemas, independentemente do po de problema,
6 - NASCIMENTO, Cléo "Quem cuida precisa de cuidados": o desafio dos padres para cumprir o ministério e manter a saúde mental.
Disponível em: h ps://www.agenciasignis.org.br/no cias/igreja/2021/09/quem-cuida-precisa-de-cuidados-o-desafio-dos-padres-para-cumprir-o-ministerio
-e-manter-a-saude-mental. Acessado em: 06 de jun. 2023.
7 - Presidente da Organização dos Seminários e Ins tutos do Brasil (OSIB) Leste citado por NASCIMENTO, Cléo "Quem cuida precisa de cuidados": o desafio dos
padres para cumprir o ministério e manter a saúde mental. Disponível em: h ps://www.agenciasignis.org.br/no cias/igreja/2021/09/quem-cuida-precisa
-de-cuidados-o-desafio-dos-padres-para-cumprir-o-ministerio-e-manter-a-saude-mental. Acessado em: 06 de jun. 2023.
8 - PINTO, E. B. Padres em Psicoterapia: esclarecendo singularidades. 5ª ed. São Paulo. Editora Ideias & Letras. SP. 2018.
40
34
ESTRATÉGIAS PARA PROMOVER A SAÚDE MENTAL NO PRESBITÉRIO
O importante de tudo isso é dar a devida importância à temá ca sobre saúde mental;
assim, refle r sobre esse assunto tem sido algo atual e necessário para a vida de todos,
e igualmente para os padres, que precisam se entregar à sua vocação e passam a vida
lidando com conflitos e enfrentando desafios, além das renúncias, para seguir na vida
religiosa e, sobretudo, seguir os caminhos de Cristo.
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IMPLEMENTANDO A POLÍTICA DA
QUALIDADE EM INSTITUIÇÕES DE SAÚDE
1 - Mestre em Gerontologia (Portugal); Graduada em Enfermagem; MBA em Gestão da Qualidade e Segurança do Paciente; Avaliadora do Sistema
de Gestão e Qualidade em Saúde ONA. Consultora do Axis Ins tuto.
2 - Especialista em Administração Hospitalar, Gestão Estratégica, Gestão financeira dos serviços de Saúde, Gestão de Processos, Gestão de Projetos,
Controladoria e Auditoria. Consultora do Axis Ins tuto.
3 - Especialista em Gestão Pública, Gestão de Processos, Direito Sanitário, Gestão para Resultados e Melhoria Con nua da Qualidade. Consultora do
Axis Ins tuto.
42
INTRODUÇÃO
A atenção à qualidade nas ins tuições de saúde tem de melhoria da qualidade podem potenciar os cuidados
sido uma premissa cada vez mais discu da e acentuada de saúde, mas devem ser incu das e cumpridas de
no panorama mundial. O maior incen vo à averiguação forma é ca, tanto pelos médicos, enfermeiros e demais
da qualidade apresenta-se como um reflexo de dis ntos profissionais, quanto pelos pacientes (LYNN ET AL.,
fatores, tais como as regulamentações governamentais, 2007).
a influência do papel que os pacientes têm exercido, Dentre as muitas e dis ntas mudanças no setor da
num contexto enquanto clientes, bem como as saúde, reconhece-se que o mercado está em constante
inicia vas da gestão hospitalar (AL-ALI, 2014). desenvolvimento, alternando-se de um serviço
Necessidades de mudança no sistema de saúde têm orientado para o produto ou produtor, para um
acarretado muitas expecta vas por parte dos mercado voltado para o cliente - o paciente (AL-ALI,
profissionais e clientes. Novas metas ambiciosas 2014). Neste sen do, as inves gações realizadas por
buscam elevar o padrão de qualidade das ins tuições de Gautam (2005) afirmam que as estratégias para a gestão
saúde, com o obje vo de produzirem melhores das ins tuições de saúde em prol da implementação da
resultados, maior valor e impacto social. No entanto, qualidade devem incluir: preparação prévia para liderar,
permanecer na trajetória atual não será suficiente para estratégias de autorregulação, par cipação visível em
atender a essas demandas e verificar resultados a vidades da qualidade, esclarecimento dos papeis a
diferentes (KRUK, GAGE, ARSENAULT ET AL., 2018). desempenhar por todos os envolvidos, aumento do
Os inves gadores Lynn et al. (2007) definem as diálogo informal com os médicos e demais profissionais
estratégias de melhoria da qualidade como a vidades de saúde, reforma da equipe médica, criação de um
sistemá cas e guiadas por dados, projetadas para trazer departamento de gestão de qualidade, ins tuição de
melhorias imediatas e de longo prazo na prestação de padrões de alta qualidade e auditoria externa da
cuidados de saúde em ambientes específicos. Para este qualidade.
grupo, a polí ca da qualidade é, ou deveria ser, uma Nimako e Kruk (2021) reiteram que a primordialidade de
parte intrínseca das funções co dianas dos cuidados de estabelecer as bases do sistema de saúde com obje vos
saúde nas ins tuições. claros, recursos adequados, regras bem especificadas e
A qualidade em saúde é composta por espaços de incen vos eficazes é crucial para o fornecimento
cooperação entre o paciente e o profissional de saúde consistente da verificação de uma prá ca, de uma
em um ambiente de apoio, fatores pessoais do provedor polí ca e de um padrão de qualidade, e que estes não
e do paciente, e fatores pertencentes à organização de podem ser subs tuídos por simples intervenções
saúde, e ao sistema de saúde (MOSADEGHRAD, 2014). pontuais de melhoria da qualidade. Para Mosadeghrad
No que concerne às premissas da qualidade, estas estão (2014), a qualidade no sistema de saúde pode ser
englobadas em: (i) qualidade do cuidado técnico, melhorada por uma liderança visionária que
julgada por sua eficácia; (ii) qualidade do proporcione apoio, que garanta o planejamento
relacionamento interpessoal, avaliada em parte por sua adequado, formação e treinamento, que invista na
contribuição para o cuidado técnico, (iii) e qualidade das disponibilidade de recursos e gerenciamento eficaz dos
comodidades ou estruturas, verificada pela parte mais mesmos, funcionários informados e assentes nos
sica - quer material, como estrutural (DONABEDIAN, processos de colaboração e cooperação entre os
1989). Sabe-se que, se bem conduzidas, as estratégias provedores.
43
Em um novo posicionamento em prol de um maior e
melhor acesso à inovação e de verificação da qualidade
nas ins tuições de saúde, bem como a crescente
influência dos pacientes e da pressão pública, verifica-se
que os pacientes têm se tornado clientes e parceiros das
organizações de saúde, par cipando cada vez mais - e
de forma a va, dos processos estratégicos e de tomada
de decisão (AL-ALI, 2014). Assim, com o intuito de
primar por uma relação profissional e humana cada vez
mais colabora va, é ca e de qualidade, este ar go -
apoiado na literatura cien fica atual, visa elencar
estratégias para ins tuir a polí ca da qualidade em
ins tuições de saúde, revisitando as premissas
necessárias para a verificação desta realidade no
contexto brasileiro e apontando alguns dos entraves
mais frequentes.
Palavras-chave: Gestão; Qualidade; Segurança do
Paciente; Ins tuições de saúde.
44
reforçar os fundamentos legais do Sistema Único de
Saúde (SUS) e, consequentemente, as suas atribuições,
que “incluem o Planejamento, o Controle e a Avaliação
das Ações e Serviços de Saúde, que buscam garan r os
princípios e as diretrizes do SUS, e consequente
melhoria das condições de saúde dos indivíduos e da
cole vidade (…) Neste contexto, a avaliação configura-
se como uma das etapas fundamentais para a revisão e
reorientação das trajetórias percorridas na execução
das ações de saúde ” (PNASS, 2015, p. 5).
No contexto dos hospitais privados, por exemplo, a
Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP) foi
criada em 2001, durante o 1° Fórum Top Hospital e tem
como base das suas discussões e ações - a qualidade.
Segundo o Presidente do Conselho de Administração da
ANAHP, Eduardo Amaro (à frente da direção desde
2022), a qualidade é foco central “desde a criação dos
Grupos de Trabalho focados no compar lhamento de
melhores prá cas entre os associados; a publicação de
indicadores focados em qualidade; a criação do portal
“Saúde da Saúde”, direcionado ao paciente; até o
critério crucial de admissão de hospitais-membros, que
está associado à necessidade da acreditação hospitalar”
(ANAHP, 2022, p. 3).
A garan a da qualidade não deve ser fator de
preocupação somente por parte das ins tuições de
saúde eli zadas ou uma aspiração para um futuro
distante. Esta realidade deve fazer parte da base de
todos os sistemas de saúde. Além disso, o direito
humano à saúde não tem sen do sem cuidados de boa
qualidade, porque os sistemas de saúde não podem
melhorar a saúde sem eles (KRUK, GAGE, ARSENAULT ET
AL., 2018).
São inúmeras as barreiras enfrentadas para a
implementação e verificação da qualidade nas
ins tuições de saúde. Dentre elas, podem ser
percepcionadas aquelas nas quais se incluem a
insegurança e falta de informação da liderança, falta de
atenção dos profissionais e colaboradores, má
comunicação entre a liderança da ins tuição, os
profissionais de saúde e os pacientes, a disponibilidade
de informações fragmentadas sobre a qualidade, uma
estrutura tradicional da equipe médica, a falta de gestão
profissional da qualidade e a falta de inves mento neste
âmbito (GAUTAM, 2005).
45
Dentre as principais premissas para a implementação de documental explícita para orientar o desenvolvimento,
uma polí ca da qualidade, encontra-se o papel da avaliação, pesquisa e polí ca de intervenção. Assim, no
equipe de gestão. A sua função é fornecer uma que tange ao processo de documentação mencionado,
estrutura que se baseie nas boas prá cas nacionais e revela-se a necessidade de um sistema de
internacionais, que se debruce nas estratégias que têm gerenciamento da documentação que seja eficaz e
sido validadas e implementadas, mas que, acima de efe vo, principalmente na atenção à gestão
tudo, encare a averiguação do conceito de gestão da documental e à automação de processos por meio das
qualidade como algo compa vel com a realidade Tecnologias de Informação e Comunicação no sistema
estrutural e a cultural local das ins tuições de saúde (AL- e-Saúde, estratégia que tem apontado indicadores e
ALI, 2014). Segundo Kossaify, Raspu n e Lahoud (2013), evidências cada vez mais posi vas (SALOMI & MACIEL,
a qualidade da assistência por parte das ins tuições de 2017). A crescente importância dos programas e
saúde está in mamente relacionada à 'eficiência' ou à polí cas de gestão de riscos nas organizações de saúde
'deficiência' da gestão, sendo que a sua função está fez surgir uma nova figura organizacional, o gestor de
in mamente interligada com as polí cas, protocolos e riscos, responsável pelo gerenciamento de riscos
procedimentos ins tucionais. A relação entre a gestão, ins tucionais (clínicos e não clínicos) cuja função
colaboradores, profissionais e pacientes é essencial centra-se em construir pontes, informar e confiar maior
para a implementação de um programa de saúde bem- autonomia às equipes de profissionais legi mando o
sucedido e para a implementação da qualidade em trabalho de risco e pragma zando intervenções para
contextos de saúde. democra zar as prá cas de gestão de risco nas
A garan a de qualidade protege e melhora a qualidade ins tuições de saúde (LABELLE & ROULEAU, 2017).
por meio do projeto do sistema e do monitoramento de O desenvolvimento e a implementação de diretrizes
desempenho. O monitoramento pode ocorrer cons tuem a base dos sistemas de gestão da qualidade
informalmente no curso da prá ca colabora va para qualquer organização. Assim, o gerenciamento de
(DONABEDIAN, 1989), ou pela gestão das ins tuições de processos, quer por meio de polí cas internas e/ou
saúde, de forma a garan r a supervisão, melhoria e externas, bem como dos protocolos locais é
qualidade do sistema de saúde ins tucional (KOSSAIFY, imprescindível para complementar o desenvolvimento
RASPUTIN & LAHOUD, 2013). No que concerne ao do plano de garan a da qualidade nas ins tuições de
monitoramento formal, este é conduzido por alguns saúde. No entanto, requer que os processos estejam
diferentes métodos: (I) recolha sistemá ca de organizados com rigor (FRANÇOIS, LABARÈRE,
informações sobre o processo e resultado do BONTEMPS ET AL., 1997).
atendimento, (II) iden ficação de padrões de prá ca, Outro aspecto que engloba a busca pela verificação da
(III) explicação desses padrões, (IV) ação para corrigir as qualidade centra-se no gerenciamento de auditorias
principais necessidades e desafios enfrentados e (v) (internas e externas), parte fundamental para a
verificação dos efeitos de ações elencadas. Ao invés de segurança da informação de forma a garan r o rastreio
ser uma a vidade de 'policiamento', o monitoramento do acesso, mas também pode ser u lizado o
implementa a responsabilidade profissional e contribui gerenciamento de canal de denúncias e de
para a gestão da documentação, ao documentar os comunicação, para melhorar a qualidade dos sistemas
processos e os produtos. Importa ressaltar que a de informação de saúde, nomeadamente para avaliar a
eficácia deste passo depende (i) da liderança, (ii) das forma como são u lizados ou mal u lizados (CRUZ-
caracterís cas organizacionais, (iii) das caracterís cas CORREIA, BOLDT, LAPÃO ET AL., 2013), gerenciando de
dos profissionais de saúde, (iv) das caracterís cas do(s) forma eficaz a comunicação organizacional de maneira a
método(s) de monitoramento e (v) dos métodos não acarretar uma sobrecarga de comunicação. Importa
u lizados para influenciar o comportamento dos referir que, segundo Barre , Ford e Zhu (2021) os canais
profissionais e dos colaboradores (DONABEDIAN, de comunicação assíncronos como e-mail e correio de
1989). voz agravam a sobrecarga de comunicação, enquanto
Imagem de aaron-bu ner-unsplash
Sabe-se que é fundamental ter uma estrutura teórica e canais síncronos, como reuniões de equipe, a aliviam.
46
O gerenciamento com as comissões obrigatórias e o elaborar, implementar e avaliar planos estratégicos na
acompanhamento do planejamento estratégico ainda área da saúde (ESFAHANI, MOSADEGHRAD &
são áreas pouco inves gadas no campo cien fico. AKBARISARI, 2018), inclusive na promoção de
Contudo, abordam as capacidades operacionais de estratégias para o acompanhamento das ações do
qualidade, flexibilidade, entrega e controle de custos núcleo de segurança do paciente.
consideradas dentro do processo de planejamento Reconhece-se, assim, que o inves mento em esforços
estratégico (BUTLER, LEONG & EVERETT, 1996). O atuais em prol da implementação da qualidade em
planejamento estratégico tem sido posi vamente ins tuições de saúde só será possível se
relacionado ao desempenho organizacional, incluindo a empreendermos um grande e sistemá co esforço para
sa sfação dos profissionais de saúde, funcionários e revisar a forma como são prestados os serviços de
pacientes, associando-se, inclusive, com a saúde, como os profissionais de saúde são formados e
produ vidade organizacional. Compreender os fatores informados e na maneira como será monitorada,
de sucesso do planejamento estratégico permi rá o avaliada e aperfeiçoada a qualidade (CHASSIN &
desenvolvimento de métodos mais eficazes para GALVIN, 1998).
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47
Adriana Cândido, Me
Mestre em Gerontologia pela Universidade de Aveiro (Portugal); Graduada em Enfermagem pela Universidade de Mogi
das Cruzes; MBA em Gestão da Qualidade e Segurança do Paciente; Auditora dos Serviços de Saúde; Especialista em
Gerenciamentos dos Serviços de Enfermagem; Avaliadora do Sistema de Gestão e Qualidade em Saúde ONA pelo Ins tuto
Qualisa de Gestão (IQG); Consultora de Saúde pelo Axis Ins tuto.
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48
GESTÃO HOSPITALAR
Gestão Financeira:
- Implantação de Controles e Fluxo de Caixa
- Apuração de informações como contas a pagar e receber
- Orçamento Financeiro para exercício
- Gestão do orçamento e fluxo realizado Gestão da Qualidade:
- Análise Financeira e de resultado - Mapeamento e elaboração de Fluxo de processos
- Compara vo entre resultado contábil e financeiro - Elaboração de Projetos das áreas de Suprimentos,
- Análise de Balanço e de Custos Atendimento e Faturamento
- Preparação para Cer ficações de Qualidade
- Implantação de ferramentas como PDCA
Gestão Estratégica:
- Apoio na implantação de Comissões Hospitalares
- Elaboração de Organograma e Quadro de
- Elaboração de Protocolos Hospitalares
Alçadas Ins tucionais
- Revisão de Estatuto Social
- Implantação do Planejamento Estratégico Gestão de RH:
- Gestão de Indicadores - Plano de Cargos e Salários
- Implantação do acompanhamento dos - Apoio na estruturação de Projetos
obje vos e seus desdobramentos - Gestão de Conflitos
- Implantação de Central de Orçamentos com
elaboração de Pacotes
Hospitalares Gerenciados
- Implantação de Gestão de Contratos
- Apoio na implantação de so wares de Gestão
Equipe
altamente
especializada
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50
Igreja Católica Romana: espaço feminino?
2 - BEOZZO, José Oscar (et alli). Tecendo memórias, gestando futuro: história das Irmãs Negras
e Indígenas Missionárias de Jesus Crucificado (MJC). São Paulo: Paulinas, 2009.
51
O princípio petrino se funda nos sucessores de Hans Urs von Balthasar, um dos mais
Pedro, na função do Bispo Romano na missão e no importantes teólogos do século XX
ministério. Sua permanência é atestada pela mais apresentou a polaridade dos princípios
an ga tradição literária da Igreja, contemplando marianos x petrino, que se perpetua nas
uma realidade profunda, que está em relação reflexões até os dias atuais. Pensar esse
essencial com o seu próprio mistério de comunhão papel de mulher sob o princípio Mariano
e de salvação. A Igreja, desde o início, entendeu pode colocar a mulher em um lugar
que assim como existe a sucessão dos Apóstolos secundário, porém, sob outra interpretação,
no ministério dos Bispos, assim também o pensamos a relação de confiança de Deus
ministério da unidade, confiado a Pedro, pertence em Maria, em gestar seu filho, em gerir a
à estrutura da Igreja de Cristo e que esta sucessão família e ser presença.
está fixada na sede do seu mar rio. As alusões no plano figura vo, seja ele um
Contudo, o Papa Francisco vai além, e diz que há apelo simbólico ou de uma metáfora a ser
outro princípio ainda mais importante, do qual seguida, con nuam presentes. Por trás
quase não falamos, que é o princípio mariano, o daquilo que é definido como princípio
princípio da feminilidade na Igreja, da mulher na mariano, há uma compreensão específica da
Igreja, onde a Igreja vê um espelho de si mesma fundamental caracterização “maternal” e
porque é mulher. Segundo Francisco, a Igreja é “domés ca” do papel das mulheres, em
mais do que um ministério. É todo o povo de Deus. estreita vinculação de uma compreensão
A Igreja é, também, “mulher”. Portanto, a antropológica e social da obje ficação
iden dade da mulher é espelhada dessa maneira – feminina em termos de apagamento das
nas palavras do Papa. capacidades de estar à frente de processos.
Não é nosso obje vo refle r sobre o lugar da mulher nas funções eminentemente religiosas,
mas nas funções administra vas. Nesse lugar, há uma esperançosa possibilidade de atuação
quando vemos as ações do Papa Francisco em observância à valorização do feminino.
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A inserção de mulheres nos quadros administra vos tem sido uma decisão inclusiva de Francisco;
ele tem inserido mulheres em quadros de destaque. Dessa forma, elas podem ocupar espaços que,
antes, eram reservados somente aos homens. Até um tempo atrás, isso seria impensável dentro do
organograma de uma ins tuição gerenciada eminentemente por padres. E isso já tem acontecido.
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As ins tuições confessionais estão se abrindo para a
organicidade dos processos gerenciais, contando com
leigos e leigas que se capacitaram para a função na
sociedade. Há aí uma necessidade e uma oportunidade
de novos conhecimentos e prá cas operacionais,
externas ao ambiente religioso. Contudo, para muitos
religiosos, isso ainda soa como processos de
desconfiança, burocrá cos e paralisantes.
Não se trata de paralisar as ações, em especial as
a vidades que são realizadas na sociedade civil, na qual
há outros entes parceiros na prestação de serviços; há,
aí, uma obrigação legal a ser atendida, ou seja,
regulamentada por leis no Código Civil; isso obriga o
economato a se apropriar das exigências e pra cá-las
nas relações.
Na vida religiosa o Código de Direito Canônico também
prevê a racionalidade das ações, bem como a
manutenção e preservação do patrimônio que provê as
obras. Assim, pensar a gestão e administração visando à
profissionalização das prá cas é fundamental e
irreversível. A boa gestão consegue ampliar as
possibilidades existentes de atuação, a par r do
propósito, do planejamento financeiro e da gestão de
pessoas, que tem aí outro grande desafio - construir
esse lugar em uma relação profissional e é ca com
leigos capacitados para essa função, entendendo que
esses também precisam rever e atualizar seus
conhecimentos e, principalmente, respeitar o papel do
religioso na missão e condução dos trabalhos.
Racionalizar, coordenar e viabilizar todos os processos
exige que todos os princípios anteriormente
mencionados sejam considerados. A mulher, nessa
posição, encontra muitos entraves, dentre eles: o
silenciamento de sua autoridade na responsabilidade
Imagem: Pixabay
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A coordenação geral no ICC
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O diretor con nua com o poder de decisão, Não se trata de uma “guerra entre sexos”;
respaldado pelo conhecimento e trata-se da qualificação necessária para
referenciamento das trabalhadoras e desempenhar cargos e funções na ins tuição;
trabalhadores que estão diretamente o que se tem notado, por exemplo, é que as
ligadas/os às ações co dianas; a coordenação mulheres ocupam mais matrículas do que os
faz uma mediação das relações blindando, homens em universidades, o que pode
inclusive, o diretor, em situações em que, por traduzir uma propensão das mulheres a
parte das funcionárias e funcionários, se buscarem formações con nuadas e se
tende a prevalecer o apelo religioso em conectarem com as transformações do
detrimento do profissional. mundo do trabalho.
Até pouco tempo, as noções de lideranças As lideranças femininas tendem a ter outra
reme am às caracterís cas do perfil perspec va em relação à orientação das
masculino. Neste momento, em que a própria pessoas, cooperação, inclusão, empa a,
humanidade está em processo de cria vidade e liderança democrá ca.
transformação, as lideranças precisam abrir Com a consultoria, fomos adentrando nos
espaço ao diálogo e conscien zação para que processos de gerenciamento dos trabalhos
as competências masculinas e femininas sociais, administra vos, patrimoniais,
sejam complementares na construção de contábeis, gestão de pessoas e financeiros,
processos produ vos e com ambientes até o momento que o ICC decidiu que já havia
flexíveis e mais saudáveis, equilibrando ação condições de encaminhar e racionalizar os
social, saúde financeira e bem-estar. processos sem o assessoramento.
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Imagem: h ps://sescmg.com.br/servico/mesa-brasil-sesc-redes-de-arrecadacao/
Assistente social pela UNESP, especialista em administração e gestão eclesial pela FASBAM, mestre e
doutoranda em Serviço Social pela PUCSP. Atuou como secretária municipal de assistência social em
Inconfidentes - MG, foi consultora pela UNESCO no plano decenal de assistência social 2016-2026
da cidade de São Paulo, atualmente é coordenadora geral do Ins tuto Cristóvão Colombo - ICC
"Missão Scalabriniana de Proteção à Criança e Adolescente Migrantes".
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Imagem: Unsplah
GOVERNANÇA E GESTÃO
Seminário Axis em Roma (2023)
O Seminário “Governança e Gestão”, ministrado pelo AXIS em Roma, apresenta importantes discussões
e contribuições para as Congregações, os Ins tutos de Vida Consagrada e outros entes eclesiás cos.
GESTÃO
GOVERNANÇA Gestão Integral e Estratégica
Conceitos-Chave As Orientações Canônicas, as Leis Civis e a Gestão
Princípios O valor social do dinheiro
PROGRAMA
(31) 3284-6480
CENTENÁRIOS FRANCISCANOS
1 - Doutora em Filosofia pela Universitá degli Studi di Roma, Diretora de Teatro e Tradutora.
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O ano de 2023 traz dois importantes centenários ligados a
um dos santos mais amados da cristandade: o oitavo
centenário da Regra Franciscana Bulada, ditada pelo Santo,
em Fonte Colombo, e o oitavo centenário do primeiro
presépio, ins tuído por São Francisco, em Greccio. Estas
localidades se encontram na Sabina, um an quíssimo e
vasto território da Itália central que se estende em boa
parte na região do Lácio e, em medida menor, nas regiões
de Abruzo e Úmbria. Nesta úl ma encontra-se Assis,
cidade natal de São Francisco.
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Tito Lívio e Plutarco assim descrevem um dos momentos mais emocionantes da história de Roma:
Este rapto, sobre cuja veracidade os historiadores ainda não chegaram a um acordo, acontecia por volta
do ano 750 a.C., ou seja, 1973 anos antes que Francisco, em 1223, ditasse a Regra Franciscana Bulada.4
Parece muito tempo, não? Mas o que é o tempo? Uma roda infinita onde corremos inu lmente como
cobaias? Ou um longo caminho cheio de imprevistos do qual conhecemos apenas a invisível meta final?
2 - “Ab urbe condita” [Da fundação da cidade] do filósofo e historiador romano Tito Lívio (Patavium, 59 a.C. – 17, d. C.)
3 - “Vidas Paralelas, vida de Rômulo” – do filósofo, biógrafo e sacerdote grego Plutarco (Queroneia, 46 – Delfos, 120)
4 - Inscrição em argila, metal macio ou lacre posta em documentos como auten cação e proteção contra as violações.
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E qual é o elo que une as mulheres sabinas e São Francisco? Não tenho a mínima ideia,
mas as duas histórias me fascinam e certamente algo em comum devem ter, nem que
seja apenas a mesma terra, a Sabina, da qual saíram, as mulheres e o santo, rumo à
mesma cidade, Roma. Umas para povoar uma Cidade Nova, o outro para aprovar a
Regra de uma Ordem Nova. O amor das mulheres sabinas pôs fim a uma guerra
fratricida. O amor de São Francisco, 1973 anos depois, deu início a um novo es lo de
vida fraterna.
5 - Vulgar ou Vernáculo, língua inicialmente só oral derivada do la m, falada na Europa ocidental e meridional na Idade Média pelo povo (Vulgus)
e de uso familiar (Vernacúlus). Sua evolução levou às atuais línguas neo-la nas.
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Em 1209, uma nova inspiração o fez deixar a vida solitária para
pregar o Evangelho nas cidades. Em todo o lugar onde ele chegava
acorriam mul dões e muitos começaram a segui-lo como
discípulos, que ele chamava frades, ou seja, irmãos.
Especialista
em Entidades Empresa de
assessoria estratégica,
Eclesiásticas e
especializada
Terceiro Setor
em gestão patrimonial
de Arquidioceses, Dioceses,
Províncias/Mantenedoras,
Obras Sociais, Colégios, IES’s,
Hospitais, Casas de Retiro,
Fundações e Associações.
A CAMINHO DE ROMA
Quando Francisco de Assis e seus doze sequazes chegaram em Roma, não encontraram
um Papa disponível ao diálogo e à escuta. Inocêncio III, famoso por ter dado à Igreja a
grandeza e o poder de um sen do polí co, era ainda mais famoso pelo seu caráter
intolerante e violento. O pequeno grupo de frades tocou com mão esta péssima fama,
pois o Papa os deixou quase três meses à espera de uma audiência. Neste longo e
duríssimo período eles dormiram na rua e viveram de esmolas, pois sem a autorização
do Papa os guardas pon cios impediam aos frades o ingresso no Palácio Laterano, a
então residência pon cia adjacente à Basílica de São Giovanni in Laterano11.
9 - Em italiano Porziuncola, pequena igreja nos arredores de Assis, hoje con da na grande Basílica de Santa Maria dos Anjos, construída para proteger e
venerar a pequena igreja, centro do Franciscanismo.
10 - Codex Calix nus, manuscrito atribuído ao Papa Calisto II, mais provavelmente escrito por vários autores entre 1130 e 1160. É considerado a mais an ga
guia para os peregrinos que faziam o Caminho de San ago de Compostela.
11 - São João de Latrão, Catedral da Diocese de Roma e Sé episcopal oficial do Bispo de Roma, ou seja, o Papa.
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Algumas fontes referem que a reação do papa ao ver A riqueza e os excessos do alto clero eram uma
aquele frade e seus companheiros sujos e mal ves dos provocação e uma ofensa à miséria do povo, e a
foi terrível: “Vá embora frade, volta aos teus porcos proliferação de grupos heré cos14, o sinal forte do mal
semelhantes a e entrega a eles tua regra e também tua estar. A reforma da Igreja era urgente e, de alguma
pregação”12. São Boaventura também afirma, na sua forma, aqueles frades maltrapilhos foram interpretados
biografia de São Francisco, que Inocêncio III por Inocêncio III como uma resposta. A Igreja também
inicialmente expulsou com desdém, como um enviaria um sinal claro, mostrando que as coisas
importuno, aquele visitante esquisito. Apesar da começavam a mudar e que mesmo no seio da Igreja era
mediação da cúria, parece que o Papa se convenceu a possível viver aqueles ideais de simplicidade e pobreza
conceder a audiência principalmente graças a um sonho defendidos por alguns grupos de heré cos. Foi esta,
que ele teve: “O Papa via um homem magro e franzino, sobretudo, a chave que abriu aos franciscanos as portas
no qual ele reconheceu o Pobre de Assis, colocar seu da Santa Sé. E assim Papa Inocêncio III, com muitas
ombro sob a Basílica Lateranense para suportá-la e reservas e precauções, sem poupar cortes e ajustes,
impedir que desmoronasse completamente”13. Quando aprovou aquela Proposta de Vida:
o Pon fice recebeu o pequeno grupo de frades,
Francisco soube manter, com insistência e humildade, “Francisco e sua Ordem têm a liberdade de
um profundo diálogo com o Papa. No entanto, atuar sua Regra e licença para pregá-la”.
terminada a exposição do Propositum Vitae, feito de
A primeira Regra estava aprovada, mas sem Bula. Ou
frases evangélicas e normas de vida, o Pon fice ficou
seja, ela podia ser atuada, mas sem a Bula exigida pelo
perplexo, considerando inviável aquela Regra que,
Direito Canônico não nha nenhum valor oficial.
certamente, seria muito mal vista pela Igreja de Roma.
Inocêncio III, porém, além do péssimo caráter possuía Sucessivamente o texto original do Propositum Vitae foi
também uma refinada inteligência polí ca e muita perdido, talvez voluntariamente, durante as diatribes
familiaridade com o poder, visto o grande número de que surgiram na Ordem Franciscana após a morte de
Papas descendentes de sua família. Naqueles dias a São Francisco.
Igreja não estava navegando em boas águas.
Imagem: Acervo da Autora
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A REGRA NÃO BULADA A REGRA BULADA
De volta em Assis, Francisco estabeleceu-se com seus A primeira Regra, Propositum Vitae, é “filha” de um
companheiros na Porciúncula, que se tornou o centro Francisco que se sente, e deseja ser, um reformador. Um
do franciscanismo. O movimento franciscano estava se jovem de 28 anos, forte no sico e na mente, cheio de
alargando até superar os confins da Itália. O santo, o mismo e de entusiasmo pelas suas possibilidades
então, começou a reunir seus frades em Capítulos reformistas, pelos seus sonhos de paz e amor, pelos
Gerais, na Porciúncula, para discu r a organização da sequazes que aumentam dia após dia, prontos a
Ordem. O Capítulo de 1217 foi subdividido em 12 encorajar o santo e reforçar seus propósitos de uma vida
províncias, incluindo também as casas na Pales na e em de fraternidade.
Marrocos. Sucessivamente, em 1221, depois que São
Francisco renunciou ao governo da Ordem Franciscana,
foi convocado um Capítulo Geral que entrou na história Bem diferente é o Francisco da Regra Bulada. Em 1223,
como o Capítulo das Esteiras. Naquela ocasião ocorreu o quando dita a terceira Regra, em vigor ainda hoje,
importante encontro entre Francisco de Assis e Antônio Francisco é um homem de 41 anos, fisicamente cego e
de Pádua, na época ainda frade menor desconhecido cheio de sombras dentro de si. Fraco, doente,
aos demais. Sobre ele sabia-se apenas que era originário decepcionado pelos seus sonhos de paz não realizados,
de Portugal e que uma tempestade misteriosa o havia pela sua experiência nas Cruzadas, que sempre acabam
encalhado nas costeiras da Sicília. Neste capítulo foi mal, pelos seus companheiros, mais preocupados com
redigida a segunda Regra, a Regra não Bulada, que as ambições de comando que com o amor por todas as
nunca foi subme da ao Pon fice. Faltando-lhe o criaturas. Esmagado entre as exigências dos irmãos e a
reconhecimento formal de uma Bula Papal, ela não luta em defesa de sua intuição original.
podia ter a força de Regra Oficial da Ordem.
Imagem: Acervo da Autora
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“[...] aumenta o número de irmãos aos quais já não basta o Evangelho para guiar sua vida.
Querem normas prá cas que possam orientá-la com mais precisão, pedem regulamentos
com os quais cobrir a nudez do Evangelho [...]. As dúvidas pesam em seu coração. Deseja
ver e não pode. Sente que já não tem a força e a lucidez necessárias para guiar os frades.
Francisco renuncia a seu papel de guia espiritual e volta ao ermo. As sombras crescem e
acontece a coisa mais triste: a doçura de viver em fraternidade se faz amargura”16.
A REGRA BULADA
“Observar o Santo Evangelho de Nosso Senhor
Jesus Cristo, vivendo em obediência, sem nada de
próprio e em cas dade. Frade Francisco promete
obediência e obséquio ao Papa Honório III e seus
sucessores canonicamente eleitos e à Igreja
Romana. E os outros frades devem obedecer ao
Frade Francisco e seus sucessores”.
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Imagem: Acervo da Autora
Regra Bulada – Honório III Imagem: Acervo da Autora Ermo dos cárceres
A celebração dos Centenários visa também dirigir o olhar para o futuro e reforçar, de modo
carismá co, a iden dade franciscana e é uma ocasião propícia para apoiar, como Família
Franciscana, a reforma eclesial que o Papa Francisco está levando adiante em seu pon ficado.
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