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FACULDADE DE MÚSICA DO ESPÍRITO SANTO (FAMES)

Curso: Licenciatura em Música Matutino


Disciplina: História da Música
Data: 31/03/2023
Nome: Michelly da Penha Oliva dos Santos

FICHAMENTO DE VÍDEO https://www.youtube.com/watch?v=-9_5tAhD7wc

Graduada em Música pela Universidade de Brasília em Licenciatura


Plena em Educação Artística, Licenciatura em Música, Bacharelado em
Música, Mestrado em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Paraíba
e Doutorado em Linguística pela Universidade Federal de Pernambuco,
Maura Penna em seu livro Música(S) e seu Ensino, reuni diversos artigos no
campo da música e da educação musical.
O segundo capítulo “Musicalização: tema e reavaliações”, Penna aborda
conceitos básicos sobre a música e sobre musicalizar. Explica que musicalização
apenas em termos de música é permanecer no nível da subjetividade conceitual,
tornando a música uma pressuposição dada, incontestável e imaculada que não
provém dos atributos físicos do som e sim da ligação do homem com ele, levando a
reflexões do ponto de vista sociológico, um novo olhar para a musicalização e
responder aos problemas vinculados ao musicalizar e a realidade brasileira.

1ºA música como linguagem socialmente construída


A música é uma forma ancestral de expressão e em seu progresso histórico, o
homem, a situou como uma linguagem artística sistematizada tendo o som como
material primo. Desse modo, organizacional, consolidou-se na Europa o sistema
tonal demarcando possibilidades sonoras com regras para a manipulação do som,
assim como outras culturas consolidaram seus próprios modelos para sistematizá-lo.
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Com base nessa diversidade de sistemas, é de claro entendimento que a
música respeita um padrão cultural construído socialmente e que o indivíduo
sensível a ela, se trata, de um indivíduo que adquiriu uma sensibilidade em um
processo conforme suas vivências, percepções e cultura.

2º O acesso socialmente diferenciado a música, a arte, e a cultura


É fato que nem todos possuem, socialmente, ingresso à imensurável riqueza
musical no tempo atual, sob formas diversas de manifestações.
Visto que essas manifestações musicais diferenciadas carregam significações
sociais diversas, cabe indagar qual é a música que nos serve de referência para
musicalizar.
A música erudida tem se estabelecido como padrão de educação musical nas
escolas brasileiras, e sua base tonal é bastante presente na música popular de hoje.
Vale evidenciar Edgar Willems, que se refere ao sistema tonal como "o atual
estágio de desenvolvimento de nossa raça".
Segundo Gainza, a música clássica, sem dúvida, tem um caráter complexo
que requer uma quantidade significativa de elementos mentais para ser percebida.
Entretanto historicamente, a música erudita, adequou-se a uma elite, por isso
é um padrão respeitável ao mesmo tempo que um ideal inatingível e a teria o papel
escola democratizá-la, levando acesso a tais práticas musicais as classes
desfavorecidas.

3ª Reavaliação: a escola e seus limites


A escola, apresenta um constante paradoxo: formas uns e exclui outros, e
com o ensino musical não é diferente. Alguns mecanismos contribuem para a
segregação de indivíduos das classes sociais mais pobres.
No nível do processo pedagógico propriamente dito, a escola valoriza
e reforça os padrões culturais expressos no vocabulário, na estrutura
das frases, nas maneiras de se relacionar vigentes nas amadas
médias, segregando os alunos que não os possuem. A ação
pedagógica se baseia e se utiliza desses padrões (a linguagem,
comportamentos, interesses), sendo de difícil assimilação para
aqueles que não os vivenciam em casa. Esses mecanismos agem de

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tal forma que dissimulam a discriminação que produzem, e o aluno
que é levado a fracassar interioriza... (PENNA, p.40)
Já no ensino da música:
Além da incorporação da culpa pelo fracasso como falta de talento,
aptidão ou musicalidade, quando a realidade mostra um processo de
ensino que, preso a determinados padrões (e mesmo a certos métodos
que a eles correspondem), é incapaz de atender às necessidades do
aluno?
O que dizer de alguém com uma experiência prática no campo da
música popular, que toca de ouvido, improvisa e até mesmo compõe, e
que procura uma escola especializada para aprofundar seus
conhecimentos e ampliar suas possibilidades e sai de lá desiludido, para
nunca mais voltar, por vezes deixando até de tocar? Foi excluído; sua
vivência não foi valorizada ou mesmo considerada; pior: a sua
musicalidade não era "a musicalidade" que norteava o ensino ali...
(PENNA, p. 40)
Por isso é necessário reconhecer os sistemas de exclusão, repensar as
práticas articulando planos de ação que busquem coletivizar o ensino musical.

Musicalização: Tema Redescoberto


Conforme Penna a musicalização deve ser concebida como uma metodologia
educacional orientada e destina a todos.
A realidade, experiência e vivência do aluno não deve ser negado. Precisa ser
o primeiro ponto da ação musicalizadora, seguida de uma abordagem crítica
conduzido o aluno ao entendimento de suas riquezas e limites.
A partir desse entendimento, o processo de musicalização deve apropriar-se
da música erudita deselitizando seu acesso.
Cabe também a musicalização conduzir o aluno a externa-se de forma criativa
por meio de elementos sonoros.
Com base nos fatos apresentados, musicalizar é um processo educacional
que, através de uma participação ampla na cultura social, promove o
desenvolvimento de percepções, expressões e reflexões necessárias a
compreensão da linguagem musical, de maneira que o individuo seja capaz de

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ajusta-se criticamente as diversas manifestações musicais acessíveis em seu
ambiente, tendo como objetivo final o desenvolvimento pleno do aluno.

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