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matemática e linguagens
(1° dia)
interpretante
Representante objeto
O triângulo de Gottlob Fregue[1848-1925], publicado em 1892:
Sentido
Expressão denotação
Símbolo referente
8.2 Linguagem e linguagens
Aquilo que denominamos “entender uma linguagem”, muitas
vezes, é da mesma espécie que a compreensão de um cálculo, a que
chegamos quando aprendemos a conhecer a história de sua origem ou
de sua aplicação prática. E também aqui aprendemos um simbolismo
fácil e transparente, em lugar de outro simbolismo que nos é estranho.
● Como língua, sistema semiótico com um funcionamento próprio (o
italiano, o espanhol, por exemplo);
● Como diferentes formas de discurso produzidas usando uma língua
(uma narração, uma conversação, uma explicação, por exemplo);
● Como função geral de comunicação entre indivíduos da mesma
espécie (entre abelhas, por exemplo);
● Como uso de um código qualquer, mais ou menos conhecido e
compartilhado socialmente (por exemplo, usa-se dizer: a linguagem das
flores).
Pergunta fundamental: o uso do sistema semiótico
de uma língua é ou não necessário ao funcionamento
lógico e ao desenvolvimento científico?
É preciso distinguir quatro períodos relativos ao desenvolvimento
dos trabalhos sobre o pensamento de Piaget:
● Período naturalista (1907-1921);
● Período clínico (1921-1936);
● Período experimental e operatório (1936-1956);
● Período construtivista (1956-1980).
A respeito da linguagem oral espontânea:
● Para Piaget: esse é um meio para estudar a lógica do sujeito, uma vez
que a língua implica um funcionamento lógico e só nesse sentido; essa,
aliás, é a única ligação entre pensamento e linguagem;
● Para Vigotsky: uma vez que a criança vive, desde o início de sua
vida, numa relação como adulto, ela se encontra imersa em um
ambiente “falante”: a comunicação verbal com adulto é, portanto, um
instrumento de estímulo para o pensamento da criança.
Piaget, na mesma obra (1923), estabelece duas definições diferentes:
● Uma relativa às funções meta-discursivas da linguagem, que poderia
simplesmente ser explicada com a pergunta: fala-se apenas para
comunicar? Com base nessa posição, o egocentrismo seria a
característica do discurso no qual, quem fala, ou não leva em conta a
presença de um interlocutor, ou não pretende fazer-se entendido (em
todo caso, esse não é o objetivo da comunicação);
● Uma relativa à função ontológica da crença que é inerente a cada
consciência individual, e que poderia se explicar simplesmente com a
pergunta: acredita-se que as coisas sejam como aparecem para cada
indivíduo ou este está disposto a admitir que possa existir outra
perspectiva, outra maneira de ver as coisas (etnocentrismo)? Com base
nessa posição, o egocentrismo seria a característica individual de
consciência e conhecimento.
Vigotsky privilegia a primeira e quase não examina a segunda
maneira de entender o egocentrismo e é precisamente com base nessas
considerações que desenvolve as duas noções distintas de:
● Linguagem externa (com função de comunicação e, portanto,
destinada a outra pessoa que se deseja fazer entender);
● Linguagem interior (com função diferente da de comunicação e
perceptível apenas para si mesmo e para mais ninguém).
O discurso egocêntrico seria simplesmente uma forma de discurso
interior. Agora, o discurso que cada um faz de si mesmo tem um papel
fundamental na organização das próprias ações, inclusive intelectuais,
especialmente em casos de dificuldades.
8.3 - A linguagem da matemática
na sala de aula
“Os exemplos anteriormente mencionados mostram como não
somente os estudantes encontram dificuldades no momento de
trabalhar com a representação de fatos ou idéias matemáticas. Também
as encontram os autores de livros didáticos e os próprios professores.
De todo modo, a Matemática desenvolveu uma espécie de língua
particular para transmitir o seu pensamento, independentemente de
qualquer influência. Em particular, em nosso século, essa língua foi
muito formalizada e, por esse motivo, não pode ser aplicada, durante as
aulas de matemática, como base para a comunicação entre o professor
e os alunos, ou entre os próprios alunos.”