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FCE0125 - FUNDAMENTOS DE AUDIOLOGIA 1 - T01

Aula ministrada via Microsoft Teams em 04 de Março de 2022 pela Profª. Dra. I.C.S.

MASCARAMENTO

• Cruzamento auditivo: todo estímulo sonoro que é apresentado em uma orelha passa à outra orelha – sempre,
sem exceção.
• Tal cruzamento auditivo não é o cruzamento que acontece, por exemplo, quando uma pessoa está num
ambiente muito grande e com paredes reflexivas – algo como uma sala de vidro; num recinto como este, o
som que é produzido e emitido vai de encontro ao vidro, nele bate, e retorna para a outra orelha. Isso também
é reflexão, e também acontece quando fazemos escuta em ambientes gerais, porém isso não se configura
como cruzamento auditivo.
• Essa pista de reflexão ajuda na localização sonora.
• Considere um som que incide, por exemplo, na orelha direita; posteriormente, bateu em um vidro, e retornou
à orelha esquerda. Há uma diferença de tempo de chegada, o chamado tempo interaural. É o tempo da
diferença entre as orelhas: diferença de tempo interaural.
• A diferença de tempo interaural auxilia na localização sonora, ou seja, sobre o som que chega primeiro, o som
direto (no exemplo citado, som que chega na orelha direita), é possível identificar de que direção este veio
(isto é, da direita) – apesar da orelha esquerda ouvir o som que foi refletido no vidro, e que à ela retornou.
• Porém, o foco desta aula não é esse, e sim o cruzamento que acontece no crânio; neste caso, o som incide em
uma das orelhas, vibra a orelha média e chega à orelha interna; no entanto, uma vez que o ouvido situa-se
dentro da caixa craniana, todos os ossos do crânio vibram também; tal vibração, então, passa para a outra
orelha.
• Se o fone supra aural (TDH 39, em que o lado direito é vermelho, e o lado esquerdo é azul) estiver sendo
utilizado, este também faz cruzamento; este ajuda no cruzamento porque no arco do fone a informação passa
para o outro ouvido.
• Quando o fone utilizado é o de inserção – cuja sonda é inserida direto no ouvido – este diminui um pouco o
cruzamento da informação auditiva.
• Todo som – apito, fala, mascaramento, etc. – cruza de um lado para o outro.
• Atenuação interaural: é a absorção do som feita pelo crânio; as ondas sonoras não passam de um lado para
outra de modo integral, pois parte delas é absorvida pelo crânio.
• Ao utilizar um fone, por exemplo, ouve-se pelas vibrações de via aérea (são as moléculas de ar que vibram);
para começar a vibrarem o crânio, as moléculas de ar perdem energia. Fisicamente, é impossível que uma
vibração no meio aéreo chegue íntegra para vibrar o meio sólido. Há perda de energia nessa dinâmica.
• Portanto, no cruzamento auditivo todo o som passa de um ouvido para o outro, sempre; porém, durante o
cruzamento há absorção de energia, ou seja, há uma atenuação de tal energia entre as orelhas (interaural).
• Com relação à via aérea, a vibração sonora se dá através das moléculas de ar – o som é passado pelo ar, chega
ao ouvido, começa a vibrar o crânio, e passa para o outro lado. Do meio aéreo para o meio sólido, há uma
perda de energia.
• Com a via óssea, não ocorre o teste da vibração pelo ar; há um vibrador conectado diretamente ao osso; então,
a vibração já não é mais pelas moléculas de ar que chegam e invadem o sistema auditivo; a vibração vai direto
para o crânio. Portanto, por vibrar diretamente no meio sólido, a vibração passa muito mais rápido e com
muito mais perda de energia, do que quando a vibração ocorre do meio aéreo para o meio sólido.
• Então, a atenuação interaural para a via óssea é, teoricamente, zero. Nem sempre é zero, mas considera-se
como sendo zero.
• Ao trabalhar com a pesquisa de via aérea, tons puros, pelo fone, há uma atenuação interaural de 40dB.
• Ao falar, ao realizar a logoaudiometria pelo fone, há também a atenuação interaural de 45dB. Para a fala, vai
haver mais abafamento, pois há frequências muito diferentes; algumas irão passar mais, outras irão passar
menos e, no geral, haverá uma perda de 45dB.
• Toda atenuação interaural muda de pessoa para pessoa.
• Em 1968, Coles e Pride fizeram um estudo populacional, através do qual verificaram que a atenuação
interaural por via aérea modifica de frequência para frequência, e modifica de indivíduo para indivíduo.
• Observe, na tabela ao lado, que na
frequência 250Hz, há uma atenuação
interaural que varia entre 50 e 80dB; na
frequência 500Hz, varia entre 45 e 80 dB; na
frequência 1000Hz, varia entre 40 e 80 dB; na
frequência 2000Hz, varia entre 45 e 75 dB; na
frequência 4000Hz, varia de 50 a 80 dB.
• Isso significa dizer que nem todas as pessoas tem atenuação interaural de 40dB; para efeito prático dos
estudos, trabalhamos com atenuação interaural fixa de 40dB.
• Em alguns serviços, utiliza-se a atenuação interaural mínima para cada frequência. Alguns destes serviços
utilizam os valores mínimos constantes da tabela acima, sendo que para 6000Hz e 8000Hz considera-se 50dB
como atenuação interaural mínima.
• Há serviços que utilizam um outro cálculo de mascaramento: ao não saber qual é a atenuação interaural de
uma pessoa, o procedimento é testar jogando chiado; se um determinado mascaramento modificar o limiar
correspondente, significa que naquela diferença entre o mascaramento e o limiar, a atenuação interaural é
daquele valor.
• Na verdade, o que se faz é aumentar e diminuir o valor de mascaramento para observar o que acontece com
o teste, e então descobre-se qual é o valor de atenuação interaural da pessoa. Neste caso, não há atenuação
interaural fixa.
• Para entender quando se deve mascarar a via aérea, é preciso considerar que, em se conhecendo o conceito
de cruzamento auditivo, e também o conceito de interação interaural – sobretudo o fato de que seu valor fixo
é de 40dB, isto é, de que há a perda de 40dB na passagem do som de um lado do ouvido para o outro – o
mascaramento irá ocorrer sempre que houver uma diferença, entre as duas orelhas, de 40dB ou mais.
• Sabendo o valor da atenuação interaural, e considerando orelhas assimétricas, com uma delas em zero, e a
outra escutando em 20dB, isso quer dizer que há o cruzamento auditivo, ou seja, os 20dB cruza para a outra
orelha, perdendo 40dB e chegando na outra orelha com -20dB; se o limiar da orelha é zero, significa dizer que
a mesma não conseguirá ouvir -20dB; então, a diferença de 20 significa que, depois da atenuação interaural,
vai sobrar uma energia que não estimula a outra orelha; não é preciso, portanto, se preocupar com essa
energia.
• Por outro lado, se houver uma diferença de 40dB, com a orelha direita possuindo limiar em zero e a esquerda
em 40dB; ao sair da direita para a esquerda, perde 40dB, chegando em zero; uma vez que a esquerda ouve
em 0dB (zero), irá perceber o som, porque é exatamente no mesmo limiar em que ela começa a escutar.
Portanto, ela pode começar a ajudar a outra orelha.
• Sá ocorre de haver uma diferença maior que 40dB, o que acontece? Considere, por exemplo, que o limiar da
orelha direita é 80dB, e o da orelha esquerda, zero. Ao sair da direita para a esquerda, perde 40dB, chegando
em 40dB; considerando que a orelha esquerda escuta em zero, então sabe-se que a mesma escuta em 40dB;
portanto, a ajuda da orelha boa – orelha direita – será ainda maior, e a orelha esquerda vai perceber muito
mais claramente os sons.
• Quanto maior a diferença, maior é a possibilidade de a orelha boa ajudar a orelha ruim, pois haverá mais
energia chegando para esta.
• Na audiometria, observam-se os dois lados; se houver uma diferença maior que 40dB entre as duas orelhas,
será preciso mascarar a via aérea, ou seja, será preciso realizar um novo teste, atrapalhando a orelha boa,
para testar a orelha ruim sem a participação da orelha boa (uma vez que esta vai estar ocupada com o barulho
fornecido pelo equipamento).
• Ao ficar ocupada com o chiado, esquece do som que está chegando, porque continua chegando – ao mesmo
tempo que o apito é fornecido à orelha boa, o som continua cruzando e passando para a orelha ruim.
• Portanto, o cruzamento não é impedido; o que é impedido é a sensação do que sobra após a atenuação
interaural.
• Considere o gráfico ao lado, em que se
observa uma orelha direita normal, com limiares em
20, 15dB, mais ou menos; na orelha esquerda, nota-
se uma resposta situada no centro; esta foi feita sem
mascaramento.
• Como há a participação, a ajuda, da orelha
direita (orelha boa), a orelha esquerda vai responder
melhor do que responderia se estivesse sozinha.
• Veja, por exemplo, que em 250Hz, a orelha
esquerda respondeu em 65dB (sem o
mascaramento); ao cruzar e perder 40dB, chega na
orelha direita em 25dB; a orelha direita, que escuta
em 20dB, consegue perceber o que chega em 25dB;
então, os 65dB ficam possíveis da orelha esquerda escutar, pois ela tem a ajuda da audição da orelha direita.
Isso é chamado de curva sombra. Todas as respostas da orelha esquerda são respostas falsas, porque houve
a participação da orelha direita nestas respostas.
• Ao retirar da orelha direita da jogada, ocorrem as respostas reais da orelha esquerda (que aparecem na parte
inferior do audiograma). Essas respostas indicam que há uma perda profunda, e que pareceu, na curva
sombra, como sendo moderadamente severa por causa da ajuda da orelha direita.
• Na clínica, o uso do mascaramento permite identificar o tipo e o grau verdadeiros da perda auditiva, o que
permite ao fonoaudiólogo tratar adequadamente o problema.
• A presbiacusia, por exemplo, é caracteristicamente degenerativa bilateral; as duas orelhas caminham iguais:
têm perdas iguais; se a perda for moderada, então será moderada nas duas; se for neurossensorial, então as
VO’s estarão acopladas para as duas orelhas; neste caso, se for apenas a presbiacusia, não necessita de
mascaramento.
• A perda auditiva induzida por ruído (PAIR), por exemplo: a pessoa é exposta ao ruído nas duas orelhas; a
degeneração será igual nas duas orelhas. As perdas são simétricas, iguaizinhas.
• Portanto, nos casos onde houverem perdas simétricas, iguaizinhas, não será necessário fazer o mascaramento.
• O procedimento do fonoaudiólogo, então, é realizar a VA das orelhas direita e esquerda; em se constatando
diferença, em todas as frequências, maior que 40dB, supõe-se a presença de uma curva sombra e, então,
deve-se reatestar todos os limiares de via aérea com mascaramento na orelha direita.
• O valor do mascaramento mínimo é sempre de 10dB. Teoricamente, não se considera significativa uma
mudança de 5dB do limiar, porque às vezes o paciente boceja dentro da cabine, ou faz uma deglutição dentro
da cabine, e aí perde 5dB – de modo que, ao voltar ao silêncio e ter sido reatestado, consegue melhorar estes
5dB. Então, 5dB é uma variação que pode ocorrer por qualquer motivo.
• Quando ocorre uma variação de 10dB, então esta é considerada uma variação significativa. Deve-se, então,
mudar o limiar em pelo menos 10dB.
• Observe, no gráfico anterior, que há um apito de 65dB, na frequência de 250Hz, na orelha esquerda;
considerando a atenuação interaural de 40dB, o limiar da orelha direita que não a permitiria ouvir este som
seria de 35dB – pois, com este valor a diferença entre as duas orelhas seria de 30dB, e não de 45dB. Outra
resposta poderia ser 30dB (uma vez que a diferença é de 25dB, isto é, 65 – 40 = 25dB) – porém, como
mencionado anteriormente, a diferença de 5dB não é satisfatória para afirmar com toda a certeza que a
pessoa não irá ouvir. É por isso que se utiliza, sempre 10dB a mais.
• Se de 65 perde 40dB, chega em 25dB; a orelha direita pode ouvir 25dB; então, é preciso leva-la ao valor que
considera 10dB a mais que os 25dB que chegaram via cruzamento auditivo.
• Observe, no mesmo gráfico anterior, que na frequência 1000Hz há, para a orelha esquerda, o limiar de via
aérea de 70dB, enquanto para a orelha direita o limiar é de 15dB; ao sair da orelha esquerda para a direita,
perde 40dB, chegando em 30dB - valor que pode ser ouvido pela orelha direita. O valor de mascaramento a
ser utilizado, neste caso, será de 40dB (resultado da soma dos 30dB + 10dB).
TIPOS DE RUÍDO

• Cafeteria é um tipo de ruído que simula, sonoramente, várias pessoas conversando.


• Antigamente, só havia white noise, e este é um ruído de banda larga – vai de 250 a mais ou menos 8000Hz,
isto é, trata-se de um ruído enorme. É mais ou menos como uma estação de TV fora do ar.
• Este ruído enorme não tinha efetividade de 100%. Quando era dado 40dB de chiado, não necessariamente
alterava-se a sensação da orelha para 40dB; era necessário somar a quantidade de não efetividade daquele
ruído, para cada frequência – e era um valor diferente para cada frequência.
• O narrow band é um ruído filtrado de banda estreita. Afina junto com a mudança da frequência. Se estiver na
frequência de 1000Hz, ele faz um determinado chiado; ao mudar para a frequência de 2000Hz, ele fica mais
agudo; para 3000Hz, fica ainda mais agudo, e assim sucessivamente. É possível perceber a afinação de um
chiado. Não é um mesmo chiado o tempo inteiro, pois ele trabalha com a banda, a região da frequência que
estiver sendo testada. Isso aumenta a sua efetividade. Então, se o objetivo é mudar o limiar para 40dB, basta
jogar o narrow band de 40dB; se o objetivo for mudar o limiar para 80dB, basta jogar o ruído de 80dB. Significa
que, a partir daquele momento, com o chiado ligado, o limiar – ao invés de 40dB, ao invés de zero – vai ser
80dB.
• Na via aérea e na via óssea, ao trabalhar com tom puro, utiliza-se sempre narrow band.
• Na logoaudiometria, utiliza-se speech noise – que é o white noise filtrado (não em banda estreita) nas
frequências de fala. Portanto, vai ser, mais ou menos de 500 a 4000Hz.
• Atualmente, há um ruído efetivo; isso significa dizer que a intensidade que se usa de ruído é exatamente a
intensidade para qual foi mudado o limiar do paciente. Então, se o limiar de uma orelha é de 20dB, e objetiva-
se alterá-lo para 90dB, não se acrescenta 70dB, e sim altera-se, no equipamento, diretamente para 90dB.
• O nível de sensação para cada paciente vai depender do limiar da orelha para a qual a alteração será operada;
para um paciente com limiar em 20dB, este irá referir um chiado muito alto quando da mudança para 90dB;
para um paciente com limiar em 70dB, a sensação será mais atenuada, confortável, correspondente apenas a
20dB.
• Considerando a frequência de 6000Hz no
gráfico ao lado, nota-se que os limiares são de 80dB
para a orelha esquerda, e de 20dB para a orelha
direita.
• Ao cruzar da esquerda para a direita, temos
que 80dB – 40dB = 40dB, portanto, a orelha direita,
cujo limiar é 20dB, pode ouvir em 40dB.
• Logo, o valor do mascaramento será de 40dB
+ 10dB (valor do mascaramento mínimo efetivo) =
50dB.
• Para a frequência de 8000Hz, o valor do
mascaramento será de 60dB.

• O paciente escuta por via aérea e por via óssea. Considerando a frequência de 2000Hz no gráfico acima,
observa-se que o limiar da orelha esquerda é de 70dB; ao cruzar para a orelha direita, perde 40dB, chegando,
então, em 30dB – valor que é possível de ser escutado pela via aérea, cujo limiar é 15dB. A via óssea, cujo
limiar é 10dB, também irá escutar (irá escutar mais 5dB em relação à via aérea).
• Neste caso, o valor do mascaramento para a via aérea será de 40dB (30dB do cruzamento + 10dB do valor
mínimo efetivo); então, a via óssea estará em 35dB (considerando a alteração feita no limiar da via aérea).
• Portanto, ao jogar um valor de mascaramento e alterar o valor do limiar da via aérea, e a via óssea vem junto
– mantendo a mesma diferença que tinha antes com relação à via aérea.
• Se o valor que chega do cruzamento é de 30dB, e a via óssea passa a ter limiar em 35dB (após alteração do
limiar de via óssea), este novo valor não pode ser considerado mascaramento de via óssea, pois o valor/a
diferença mínimo(a) efetivo(a) precisa ser de 10dB; entre 30 dB (que chegam do cruzamento) e 35 dB (novo
limiar de VO), há apenas 5dB de diferença. A via óssea precisa, então, ir ao limiar de 40dB.
• Com o novo valor de limiar da via óssea em 40dB, o novo valor de limiar da via aérea é de 45dB; desse modo,
mantém-se a diferença original entre VA e VO, que era de 5dB.
• Considerando, agora, a frequência em 2000Hz, nota-se que o limiar de via aérea para a orelha esquerda é
70dB. Ao cruzar para a orelha direita, perde 40dB e chega em 30dB – valor que pode ser ouvido, pois o limiar
da esquerda é de 15dB. Então, o valor do mascaramento é de 40dB. O limiar da via óssea para esta frequência,
sabe-se, é de 10dB; então, a diferença entre este valor e o valor original da via aérea, 15dB, é de 5dB; conforme
o novo valor do limiar de via aérea (40dB), ajusta-se o novo valor do limiar para via óssea, que passa a ser
35dB; em relação à energia que está chegando, de 30dB, a diferença é de apenas 5dB – portanto, o limiar de
via óssea precisa ser de 40dB – para atender à regra que diz que o valor mínimo da diferença com relação à
energia que chega deve ser de 10dB. Com isso, a via aérea é reajustada para 45dB, em função da necessidade
de manter a diferença de 5dB em relação à via óssea.
• Na frequência de 3000Hz, não ocorre esse cálculo, pois a via óssea encontra-se no mesmo lugar que a via
aérea.
• Para as frequências 250Hz, 6000Hz e 8000Hz, não há valores de limiar de via óssea registrados no gráfico, pois,
nestes casos, não se faz o teste via óssea em tais frequências – embora haja, sim, audição por via óssea nestas
frequências.
• Para realizar o cálculo, procede-se tomando por “empréstimo” o valor do limiar de via óssea da frequência
vizinha.
• Orelha testada é a orelha ruim; orelha mascarada é a orelha boa (ou a melhor orelha).
• Para a frequência de 8000Hz, o valor do mascaramento mínimo efetivo será de 70dB. Considere, então, uma
situação em que, ao ligar o ruído narrow band, na orelha direita, em 70dB – enquanto o apito a 90dB segue
na orelha esquerda – o paciente não mais levanta a mão, justamente porque a ajuda da orelha direita foi
retirada. Retirada tal ajuda, a orelha esquerda não tem mais o antigo limiar detectado, então o fonoaudiólogo
precisará aumentar a intensidade do apito (que era de 90dB). Suponha que, ao aumentar para 100dB, a pessoa
continua a não levantar a mão- configurando ausência em 100dB.
• Portanto, a partir do momento em que foi ativado o mascaramento, há a possibilidade de confirmação do
limiar anteriormente detectado e registrado, o que significa que o paciente não possui atenuação interaural
de 40dB, isto é, que a orelha boa não estava a ajudar a orelha ruim. Então, confirma-se o limiar.
• Por outro lado, se o limiar muda, significa que o profissional acertou em cheio na atenuação interaural – e aí,
deve-se reatestar o limiar.
• Se o paciente não confirmar o limiar originalmente registrado, o fonoaudiólogo deve aumentar a intensidade
do apito. Se, no limiar de 100dB, o paciente não levantar a mão, registra-se resposta ausente em 100dB.
• Pode ocorrer, ainda, uma outra situação: se, por exemplo, na frequência 6000Hz, foi dado 80dB de apito, e o
mascaramento é ligado em 60dB – chiado de 60dB na orelha direita e apito de 80dB na orelha esquerda; o
paciente não vai levantar a mão, pois seu limiar real não era 80dB; ao aumentar para 90dB, o paciente continua
sem levantar a mão; ao aumentar para 100dB, considere a hipótese de que o mesmo tenha levantado a mão;
deve-se realizar, novamente, o cálculo de mascaramento.
• Neste caso, o valor do mascaramento efetivo será de 80dB.
• O mascaramento suficiente de VA ocorre quando há uma mudança do limiar do paciente, faz-se necessário
recalcular em cima dessa ova resposta.

MASCARAMENTO DE LOGOAUDIOMETRIA

• A logoaudiometria é realizada somente após todos os mascaramentos terem sido feitos.


• Considere, para a análise do mascaramento de logoaudiometria, os gráficos de audiometria abaixo:
• Para a realização da
logoaudiometria, e
considerando a orelha
esquerda, é necessário
saber com quantos dB a
fala será enviada ao
paciente – portanto, faz-
se o cálculo da média
tritonal, e o resultado é
acrescido em 40dB.
• Neste caso, então, a
média tritonal da orelha
esquerda tem um valor
maior que 100dB. Uma
vez que o limite do equipamento é de 100dB, então este será o valor com o qual a fala será enviada ao
paciente.
• Se o mascaramento não foi acionado, é provável que o paciente escute, na orelha esquerda, em 100dB –
porque existe cruzamento auditivo.
• A atenuação interaural para fala é de 45dB.
• Então, ao efetuar 100dB -45dB, constata-se que chega à orelha direita em 55dB – valor que é possível ser
ouvido pela orelha direita. Por isso, faz-se necessário fazer o mascaramento, pois, com a intensidade que foi
falada (100dB), esta cruza para o outro lado (direito), estimulando os limiares da orelha boa.
• 55dB é um valor que refere muita energia; é muita energia chegando à orelha direita. Então, é necessário fazer
o mascaramento, porque senão o paciente irá responder – e a resposta precisa ser ausente (no caso acima, o
paciente não tem nenhum limiar em 100dB, são todos acima desse valor).
• Não é precisa fazer teste com monossílabo, dissílabo nem trissílabo – uma vez que o mesmo não irá escutar;
o fonoaudiólogo, avisa, então, que irá falar para ele, por exemplo, “pá pá pá”, e pedir que, em caso de ele
escutar, que levante a mão. Trata-se do teste LDV (aplicado em perdas grandes, onde o paciente não consegue
reconhecer as palavras). O teste objetiva verificar se o paciente consegue detectar a presença da fala, e não o
significado dela.
• Se o fonoaudiólogo enviar a fala “pá pá pá” sem o mascaramento, o paciente ouvirá tudo; o cálculo para
mascaramento utiliza a média do GAP aéreo-ósseo; observando no gráfico da orelha esquerda, percebe-se
que os valores de GAP são 5dB, 10dB e 5dB; a média será, então, 5dB; soma-se este valor de 5dB ao valor que
chega do cruzamento, 55dB, e ao valor de mascaramento mínimo efetivo, 10dB. Isso resulta em 70dB.
• Então, no teste de logoaudiometria, e mais especificamente o LDF, o utiliza-se 100dB de um lado, com 70dB
de mascaramento do outro lado.
• O fonoaudiólogo inicia enviando a fala “pa pá pá”, e constata que o paciente não levantou a mão; ao repetir
e constatar que o paciente não levantou a mão, finaliza-se o teste – uma vez que confirmou-se a resposta
ausente.
• No teste de logoaudiometria, e considerando a aplicação do teste IRF, diminui-se de 45dB a intensidade
utilizada para falar com o paciente, soma-se a 10dB e à média do GAP; para o teste LRF ou LAF, o procedimento
é o mesmo.
• É preciso saber qual é a orelha mascarada e qual é a
orelha testada, para saber de onde será cada intensidade
utilizada nos cálculos.
• A sigla GAPom significa o GAP aéreo-ósseo da orelha
mascarada, ou seja, da orelha boa (ou melhor orelha).
• A intensidade do começo do teste (NAot) é sempre a
da pior orelha – porque mascara-se a pior orelha, tanto na
VA quanto na Logo.
• O GAP utilizado será sempre o da orelha que está
ajudando. Este GAP serve para calcular o quanto a VO está
ajudando a mais, para computar a diferença entre VO e VA.

MASCARAMENTO DE VIA ÓSSEA (VO)

• Para o mascaramento da via óssea (VO), considera-se a atenuação interaural sendo 0 (zero).
• Considere, por exemplo, os valores de VO e de VA, para a orelha direita de um paciente, como sendo de 50dB;
sabe-se que sempre existe cruzamento auditivo; porém, considerando que o valor da atenuação interaural é
zero, que seja, que não há perda de energia, a orelha esquerda ouve 50dB oriundos do cruzamento auditivo.
• Sem mascaramento, não é possível saber qual é a VO que responde: se a da OE ou se a da OD.
• Toda vez que se inicia o teste de VO, se o mascaramento não estiver sendo utilizado, capta-se a melhor VO –
ainda que não se saiba de que lado seja tal melhor VO.
• Há, no entanto, algumas pistas: não é possível ter VO pior que VA; não é possível ter VO melhor do que a
melhor VO.
• Considerando que a melhor VO da OD, no caso acima, foi de 50dB, não há outra possibilidade de valor para a
VO da OD: não pode ser acima de 50dB, pois o valor de VO nunca pode ser pior que o valor de VA; e também
não pode ser menos que 50dB, porque o valor de VO sem mascaramento nunca pode ser melhor do que o
valor de VA. Isso confirma que a VO da orelha direita só pode ser 50dB.
• Nos casos em que há o acoplamento da VO com a VA, a melhor VO só pode ser do lado em que este
acoplamento aparece.
• Considerando uma orelha esquerda com limiar de VA em 70dB, e de VO em 50dB, é possível pensar em outros
valores para a VO: neste caso, o valor pode ser entre 50dB e 70dB, porque mantém a regra de que tal valor
não pode set pior do que o valor da VA; porém, não pode ser menor que 50dB, justamente porque não pode
ser melhor que a melhor VO.
• O mascaramento é aplicado justamente para descobrir se a VO da OE está em 70, 65, 60, 55 ou 50dB. No
diagnóstico, faz diferença saber qual o limiar da VO da orelha do paciente; se estiver em 50dB ou 55dB, é do
tipo mista; se for 60dB, a perda é do tipo neurossensorial.
• Quando mascarar VO? Sempre que precisar descobrir exatamente onde está VO.
• Se o vibrador for posto na orelha esquerda, ao dar o apito considerando a VO 50dB, a OD vai escutar; então,
faz-se necessário eliminar a participação da OD – para fazer isso, mascara-se a OD.
• Para a OD não escutar 50dB – valor que chega do cruzamento auditivo – o valor do mascaramento deve ser
50dB+10dB+0 (GAP aéreo-ósseo da OD) = 60dB. Com isso, a OD não mais escuta em 50dB.
• Ao ligar o mascaramento em 60dB, pergunta-se ao paciente se ele continua ou não ouvindo em 50dB; a
depender do tipo de perda, ele poderá confirmar ou não.

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