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ROTEIRO DE AULA
A avaliação audiológica tem por objetivo não apenas verificar quanto e como um indivíduo ouve
mas, também, ajudar a direcionar o diagnóstico nos casos de lesão do sistema auditivo, tanto no
tocante ao local quanto à causa da lesão.
Teste de Weber – toca-se o diapasão e coloca-se no vértex ou na fronte do paciente que deve
ouvir o som igualmente com ambas as orelhas. Caso o paciente ouça melhor com uma das
orelhas dizemos que o Weber está lateralizado. Ele pode lateralizar para melhor orelha no caso de
perda neurosensorial ou para pior orelha na perda condutiva.
2. AUDIOMETRIA
A audiometria é o teste que quantifica a audição do indivíduo. Via de regra, ela deve ser
executada em um ambiente acusticamente isolado para não sofrer interferência do ruído externo.
Este ambiente pode ser uma cabine acústica ou uma sala com isolamento acústico. O
equipamento mais utilizado é o audiômetro, que emite tons puros e permite também a emissão da
voz do examinador. Geralmente a pessoa avaliada recebe o estímulo sonoro através de fones,
porém, também poderão ser utilizadas caixas acústicas com alto-falantes (audiometria em campo).
Pode ser realizado a partir de 4 anos de idade, desde que o paciente tenha compreensão
suficiente para executar as respostas.
Audiometria tonal
Utilizado na detecção dos limiares auditivos da via aérea e óssea. Para testar a via aérea utiliza-
se um fone de ouvido sendo emitidos tons puros nas freqüências de 250, 500, 1000, 2000, 3000,
4000, 6000 e 8000 Hz, e cada freqüência é testada separadamente com intensidades decrescentes
de 120 a –5 dB . O paciente deve sinalizar com a mão ou apertar um botão cada vez que ouvir o
tom. Já para a via óssea é utilizado um vibrador colocado na região mastóide, avaliando-se
somente as freqüências de 500, 1000, 2000, 3000 e 4000 Hz até a intensidade máxima de 70 dB
devido às limitações do audiômetro. Testa-se uma orelha de cada vez Quando se suspeita de
perdas assimétricas, utiliza-se um ruído tipo chiado denominado mascarante para impedir a
interferência da melhor orelha na pior.
Crianças entre 3 e 6 anos podem necessitar de aparatos (brinquedos) que as estimulem a executar
a tarefa de ouvir e responder aos sons. Um artifício bastante usado é um boneco de palhaço com
botão no nariz. Cada vez que a criança ouve o som e aperta o botão corretamente aparece um
desenho em uma TV a sua frente.
Limiares entre 0 e 25 dB NA são considerados normais. Limiares maiores são considerados como
perda auditiva. De acordo com a média dos limiares nas freqüências de 500, 1000 e 2000 Hz a
perda auditiva pode ser classificada em graus:
Leve 26 – 40 dB NA
Moderada 41 – 70 dB NA
Severa 71 – 90 dB NA
Profunda > 90 dB NA
Como já foi dito, quando os limiares estão anormais dizemos que há perda auditiva. Se a curva
dos limiares aéreo e ósseo estiverem acopladas,isto é, se os limiares das duas vias forem iguais,
dizemos que a perda é neurosensorial. Quando somente o limiar da via aérea estiver aumentado
significa que temos alteração na via condutiva, havendo então, uma diferença entre o limiar da via
aérea e o da via óssea denominada gap. Caso haja gap e os limiares da via óssea também
estejam aumentados teremos uma perda mista ( condutiva e sensorial).
Audiometria vocal
3. IMITANCIOMETRIA
Timpanometria
Curva da timpanometria:
Tipo A = curva normal com pico próximo ou igual a 0 daPa
Tipo As = pico em 0daPa mas com amplitude reduzida; sinal de rigidez do conjunto tímpano-
ossicular
Tipo Ad = pico em 0 daPa mas com amplitude muito aumentada; sinal de flacidez, desarticulação
Tipo B = ausência de pico; sinal de líquido na orelha média
Tipo C = pico deslocado para pressões negativas; sinal de disfunção tubárea.
Este reflexo tem a função de proteger a cóclea quando o ouvido é exposto a um som de
intensidade muito elevada. Quando a via do reflexo é ativada o músculo do estapédio de ambas
orelhas se contrai, enrijecendo a cadeia ossicular, o que leva a uma mudança na imitância. Esta
via é composta pela cóclea, o VIII nervo, o núcleo coclear ventral, o complexo olivar superior, o
núcleo motor do facial e o ramo motor do nervo facial.
Neste teste detectamos a intensidade sonora mínima para qual ocorre o reflexo nas freqüências de
500, 1000, 2000 e 4000 Hz. Um tom puro é emitido com a pressão no pico de compliância
máxima. Em indivíduos normais o reflexo é desencadeado com intensidade entre 70 e 100 dB
NA acima do limiar auditivo. Quando a diferença entre o limiar do reflexo e o limiar auditivo é
menor que 60 dB NA dizemos que há recrutamento, o que é sugestivo de lesão coclear.
A ausência de reflexo significa que o paciente tem perda auditiva em grau intenso o suficiente
para inibir o reflexo ou que a orelha média apresenta alteração ou que há lesão na via do reflexo.
4. OTOEMISSÕES ACÚSTICAS
São sons de baixíssima intensidade que resultam do mecanismo ativo de recepção do som pela
cóclea no qual as células ciliadas externas desempenham o papel principal. Estes sons percorrem
o caminho reverso ao do som que entra pelas nossas orelhas, sendo imperceptíveis ao homem
mas podendo ser captados por microfones muito sensíveis colocados no meato acústico externo.
Rápido e de fácil aplicação este teste tem ganhado espaço na triagem auditiva de recém-nascidos
e crianças pequenas, auxiliando ainda no reconhecimento de simuladores. Uma sonda conectada a
um computador é colocada no ouvido do paciente com oliva igual ao da imitanciometria. O exame
dura cerca de 3 minutos e não depende da cooperação do paciente quanto a atenção e
compreensão para sua execução; exige apenas que não haja alteração na orelha externa ou
média. O exame deve ser programado no computador que se encarrega de emitir os sons que
servem de estímulo para as orelhas e de analisar a otoemissão que surge em resposta a esse som.
De acordo com o estímulo sonoro usado o exame de otoemissão pode ser do tipo transiente
evocada quando o estímulo são clicks ou por produto de distorção quando o estímulo são pares de
tons puros. Quando a amplitude das otoemissões está diminuída ou não há otoemissões podemos
dizer que há alteração no funcionamento das células ciliadas externas ou na via auditiva eferente.
Também nestes casos o limiar auditivo costuma estar aumentado, situando-se geralmente acima
de 30-40 dB NA.
São potenciais elétricos que surgem através de um estímulo acústico (geralmente click fornecido
através de fones)e que refletem a atividade do sistema auditivo. Estes potencias podem ser de
curta, média ou longa latência dependendo do tempo que a onda leva para ser captada. Quanto
mais distante o sítio gerador, maior é o tempo de latência da onda que representa o potencial.
Assim, os potenciais gerados na cóclea têm curta latência e os gerados no córtex, longa latência.
Estes potenciais dependem do limiar auditivo do paciente. Quanto pior o limiar, menor amplitude
eles tendem a apresentar, podendo inclusive não ser visualizados. .Na prática do dia-a-dia do
otorrinolaringologista, os únicos potenciai são os de curta latência, obtidos em 2 exames: a
eletrococleografia e as respostas auditivas de tronco encefálico.
Eletrococleografia
É o exame que confirma o diagnóstico de hydrops endolinfático. Os eletrodos são colocados nas
orelhas sendo que o mais importante deles deve ser colocado o mais próximo possível da
membrana timpânica da orelha testada ou, melhor ainda, transfixar a membrana (eletrodo em
agulha). São medidos 2 potenciais: o de somação(SP) que parece relacionar-se à a excursão da
membrana basilar em direção à escala média e o potencial de ação (AP) que representa a
despolarização das células ciliadas internas e das células do gânglio espiral ou de Corti. A
amplitude dos dois potenciais é medida e comparada. Uma relação SP/AP maior que 30-35% é
considerado como sinal de hydrops endolinfático.
Mais conhecida pela antiga designação BERA – brainstem evoked response audiometry – termo
inadequado pois não se trata de uma audiometria, este exame é de grande utilidade
principalmente na avaliação auditiva de crianças pouco cooperantes pois pode ser realizado sob
sedação ou anestesia geral. Os eletrodos são colocados geralmente nas orelhas, vertex e fronte.
As ondas obtidas correspondem a despolarização no nervo auditivo ( onda I e II), núcleo coclear
(onda III), complexo olivar superior e leminisco lateral ( onda IV) e colículo inferior ( onda V). O
aumento da latência das ondas acima dos valores padrões pode significar alteração patológica
nesta via; daí a sua grande indicação que é o diagnóstico de neurinoma do acústico. É normal que
com a redução da intensidade dos estímulos a latência das ondas aumente e a amplitude diminua.
A última onda a desaparecer com a redução do estímulo é a onda V. Desta forma podemos obter
o limiar auditivo para click , que corresponderá a menor intensidade onde a onda V é visualizada.
Este limiar é muito próximo do limiar audiométrico ao redor de 4000 Hz.
AVALIAÇÃO DO PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL
Existem indivíduos que queixam-se de ouvir mal mas, quando submetidos a audiometria mostram
resultados normais. Isto é possível devido a problemas no processamento auditivo central, ou
seja, o indivíduo escuta bem mas a informação auditiva ouvida não é bem interpretada. Muitas
vezes este tipo de alteração também ocorre concomitantemente a alteração de limiares auditivos
com redução da discriminação vocal. O local de disfunção não necessariamente tem de estar no
córtex cerebral, podendo localizar-se em qualquer parte da via auditiva central a partir dos núcleos
cocleares no tronco encefálico. Indivíduos com alteração de processamento auditivo central
comumente têm dificultade em conversar em ambiente ruidoso, com várias pessoas ao mesmo
tempo ou ao telefone. No caso de crianças, podem apresentar dificuldade de aprendizado na
escola, geralmente relacionado a leitura e escrita. A avaliação é feita em cabine acústica, com
fones. Os testes são padronizados, apresentados através de CD ou fita cassete. São diversos, na
maioria com palavras ou frases, podendo ou não ter estimulação auditiva contralateral simultânea
ou alternada. As alterações encontradas podem indicar o sítio de lesão da via auditiva, mas é
mais conveniente interpretá-los com relação ao tipo e grau de disfunção.