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AFRICA OCIDENTALSudão

(região), extensa região geográfica da África setentrionaltropical, que se estende desde a


Mauritânia a oeste, até a actualRepública do Sudão a leste. Forma uma área de passagem entrea
zona do Sahel ao norte e a zona equatorial ao sul. A
regiãointegra parte dos actuais estados do Senegal, Guiné-Bissau,Guiné, Mali, Burkina Faso, Níg
er, Nigéria, Camarões, Chade,República Centro-Africana e o Sudão. Região de savana onde
secultiva milho e sorgo. ( In
Enciclopédia Universal )
Actualmente, a Republica do Sudão
,
é o país mais extenso docontinente. Limita-se ao norte com o Egipto; a leste com o
MarVermelho, Eritréia e Etiópia; ao sul com Quénia, Uganda e Zaire;e a oeste com a República
Centro-Africana, Chade e Líbia. Tem2.505.814 km² e Khartum é a sua capital. (
idem)
TERRITÓRIO E RECURSOS
É constituído de três regiões naturais. O deserto, ao norte, queocupa 30% da superfície; o deserto
líbio, uma planície em quese levantam montanhas abruptamente, ocupa a maior parte dopaís ao
noroeste do Nilo; o deserto de Núbia, que se estendeentre a zona oriental do Nilo e do rio Atbara;
o sahel, comestepes e elevações de escassa altitude situadas no centro dopaís; e, no sul, uma
região de ciénagas (As Sudd) e selvastropicais. De especial importância são o rio Nilo, o Nilo
Branco eo Nilo Azul e seus afluentes, como o Atbara. A maior parte
dopaís se constitui de uma imensa depressão com pequenaselevações.
3

 
O clima do Sudão é tropical com traços continentais. Asvariações de estação são mais
acentuadas nas zonas desérticase a precipitação é insignificante. Ao sul o clima é equatorial.
Assecas provocam terríveis
rachaduras.Há vegetação apenas nas zonas desérticas. No vale do Nilo,crescem algumas espécies
de acácias; as zonas com grandesselvas se encontram na faixa central, ainda que o corte
deárvores para a obtenção do combustível e pastos tenha reduzidosua extensão. Entre as espécies
de árvores se encontram o
hashab,
o
talh
e o
heglig
(
Balanites aegyptiaca
). Nos vales doNilo Azul e Branco, são comuns o ébano, o silag, o baobá e acaioba. Espécies
autóctonas são o algodão, o papiro, o rícino eplantas da borracha ou resina.A fauna é abundante
nas regiões equatoriais; os elefantes
forampraticamente exterminados durante a guerra civil; nos rios,abundam crocodilos e hipopóta
mos. Entre os mamíferos detamanho grande encontram-se as girafas e os leopardos.
Outrosanimais são: babuínos e micos, numerosas espécies de pássarostropicais e répteis
venenosos. Entre os insectos encontram-se amosca serot e a mosca tsetsé ― abundantes na faixa
equatorial― e os mosquitos, responsáveis por uma malária endémica noSudão. (
idem)
POPULAÇÃO E GOVERNO
Na região setentrional, a população se compõe de povos daantiga Núbia, descendentes de
africanos e árabes, e das etniasbeja, jamala e nuba. No sul, predominam os grupos nilóticos,
4

 
como o dinka, nuer, shilluk e azande. Tem uma população
de36.080.373 habitantes (2001) e uma densidade de 14habitantes por quilómetro quadrado. A
guerra civil e os conflitossociais têm modificado a distribuição das diferentes
etnias.A cidade mais importante é Khartum, a capital, com 476.218habitantes em 1983, que form
a uma conturbação comOndurmán, com 526.287 habitantes; e com o centro
industrialde Khartum Norte com 341.146 habitantes. Outras cidadesimportantes são Port Sudan,
com 206.727 habitantes; e WadMedani.Cerca de 73% da população é muçulmana, com a maioria
sunitasituada ao norte; 17% pratica as religiões tradicionais; e existeuma minoria de cristãos,
principalmente no sul.As diferenças culturais e religiosas são a base das tensões entreas regiões.
A língua oficial é o árabe, falado por quase metadeda população, e no oeste, no leste e no sul se
fala outras línguasautóctones (
ver 
Línguas africanas).A Constituição de 1973, que estabelecia uma repúblicapresidencialista e
unipartidarista, deixou de vigorar após o golpemilitar de 1985. Novamente um golpe militar, em
1989, fez comque fossem proibidas todas as actividades políticas. Em 1993,Bashir assumiu a
presidência. (
idem)
ECONOMIA
5

 
O produto interno bruto é de 1,1 milhão de dólares, com umarenda per capita de 340 dólares
(1999). A base da economia é aagricultura. A seca e a guerra civil acabaram com os esforçospara
impulsioná-la.Cerca de 60% dos habitantes vivem da agricultura e dopastoreio. Os principais pro
dutos agrícolas são sorgo, milho,trigo, arroz, gergelim, mandioca, batatas e leguminosas, e
oprincipal produto comercial é o algodão.Entre seus recursos florestais destacam-se a goma
arábica, daqual é o maior produtor mundial. Outros produtos são cera
deabelha, tanino, sena e madeira, em especial a caioba. Aindústria se orienta para a transformaçã
o dos produtosagrícolas.A moeda do Sudão até Maio de 1992, quando foi substituídapelo dinar,
foi a libra sudanesa, que ainda está em circulação.(
idem)
HISTORIA
Desde tempos remotos, a faixa norte tem feito parte da regiãoda Núbia. Em 1570 a.C., data em
que começou a XVIII Dinastia,a Núbia era uma província egípcia. Desde o século VIII
a.C.,ocupam o território uma série de reinos independentes; o maispoderoso deles foi o de
Makuria, um estado cristão fundado
noséculo VI, o qual teve fim no início do século XIV comoconsequência da invasão dos
mamelucos egípcios. O reino daAlwa foi destruído em torno do ano 1500 pelos funj,muçulmanos
que fundaram um sultanato em Sennar.
6
 
Próximo ao século XVIII, a falta de entendimento entre as tribosfunj debilitou o reinado que, em
1820, foi invadido pelo Egipto,nessa época uma província do Império Otomano. O
domínioturco-egípcio se manteve durante 60 anos.Mehemet Ali, também Muhammad Ali (1769-
1849), paxáotomano do Egipto (1805-1849). Reformou o país e fundou umadinastia que
governou o país até meados do século XX. De 1820a 1822 Mehemet Ali conquistou regiões no
Sudão e, poucodepois, em 1823, fundou a cidade de KhartumEm 1882, uma revolução aniquilou
o exército egípcio tomando ocontrole da província. Um califa tomou o poder em 1885; o
caoseconómico e social invadiu o Sudão. O Egipto havia passado aser uma possessão britânica.
Em 1896, os governos britânico
eegípcio mandaram uma expedição militar contra o califa efirmaram um acordo para
compartilhar a soberania do Sudão.Na zona meridional, o controle britânico era
menor.O descontentamento com o tratado do Egipto se fez maispatente após a Segunda Guerra
Mundial. Em 1946, os doispaíses iniciaram negociações para revisar os termos do tratado.O
governo egípcio pediu aos britânicos que abandonassem oSudão, enquanto que estes propuseram
modificações no regimede governo.Em 1953, a Grã-
Bretanha e o Egipto firmaram um acordo,mediante o qual se garantia a independência do Sudão
após umperíodo de transição de três anos. Em 1954, o primeiro
governocomposto por sudaneses assumiu o poder e começou umapolítica de
sudanização.
7

 
Esse programa agravou as diferenças geográficas, económicas esociais entre o norte e o sul; os
habitantes do sul se sentiamexcluídos do novo governo. A República do Sudão foioficialmente
declarada em 1956.Em 1958, após as primeiras eleições, o novo governo foiderrotado pelo
tenente-general Ibrahim Abbud, o qual dissolveuo Parlamento, suspendeu a Constituição,
declarou lei marcial ese auto proclamou primeiro-ministro. Em 1964, ele foi derrotadoe assumiu
o poder um Conselho de Estado. A revolta iniciada
nosul, contra o domínio do norte, enquanto Abbud estava nopoder, acabou numa guerra civil
que se prolongou até 1972, anoem que o sul conseguiu certa
autonomia.Em 1969, um grupo de militares dirigido por Yaffar al-Numeiryassumiu o poder e est
abeleceu um novo governo. Numeirynegociou um cessar fogo com os separatistas do sul. Após
váriastentativas de golpes de estado (1976), voltou-se para o Egipto,para os estados árabes
conservadores do Ocidente, aos
quaissolicitou ajuda política e económica. A estabilidade do país,durante o final da década de 19
70, se viu ameaçada pelogrande número de refugiados que chegaram procedentes daEritréia,
Uganda e Chade.O presidente Numeiry ganhou as eleições pela terceira vez em1983. Após a
entrada em vigor da lei islâmica (
sharia
), apareceuum novo grupo, o Movimento para a Libertação do Povo doSudão, com o objectivo
de derrotar Numeiry. Em 1985, um golpede estado acabou com seu governo.
8

 
Um ano depois, foram comemoradas as primeiras eleições livresdepois de 18 anos. A economia
estava paralisada e a guerra civilse agravou no sul do país. Em 1989, o general de brigada
OmarAhmad al-Bahir chefiou um golpe militar, declarou estado deemergência e nomeou um
Conselho de Estado. O regime deBashir enfrentou, no sul, o Movimento para a Libertação do
Povodo Sudão, que havia se fraccionado em dois grupos litigantesentre si. Em Maio de 1998, o
direito à autodeterminação dospovos do sul sudanês foi reconhecido, mas não surtiu efeito.
Oproblema essencial não foi a independência, que asorganizações do sul não reivindicavam form
almente, mas adecisão de aplicar a lei islâmica ao conjunto da população.Ajudado unicamente
pelas organizações não-governamentais, osul sudanês continuou devastado por uma guerra que
não deveterminar enquanto o regime continuar se recusando a levar emconta as reivindicações
dos não-muçulmanos. (
idem)
 
O REINO DE KANENReino de Kanen
, estado africano, na região do lago Chade, queexistiu do século IX ao XIX, cuja capital era
Njimi. Foi fundadopelos Kanuri, uma mistura de povos negróides e
berberes
1
queviviam a leste do lago, e governado por mais (reis) da dinastiaSef (ou Sayfiyya).Sua
prosperidade estava baseada no comércio através do Saara,e, desde o início, o Estado esteve sob
a influência do islamismo,que, no século XI, passou a ser a religião oficial (
idem)
9

 
 Também consta ainda que, nas origens do Kanem encontramoscomo em todos os outros pontos
da bordadura sul do deserto, aconjunção e o casamento dos sedentários e dos nómadas(
  Zaghawas)
também tidos como berberes ou tuaregues povonegro que ate hoje existe, estes que teriam
chegados no séculoIX e tomado a direcção como os primeiros reis do Gana, comoZa Aliamen e
Abu Yezid (
Ki-Zerbo. 1972)
Segundo Ki-Zerbo,J de inicio os Reis deviam tomar mulheresentre Tabus, mas mais tarde, a
partir do século XIII, casar-se-ãoem meio
kanuri
. Os Kanuris apresentam se como povoindividualizado a partir do ano 800, a leste
 ___________________________________________________ 
1
Berberes
, nome que recebe a língua e os habitantes de povos não árabes que habitam extensas regiõesao
norte da África. A língua berbere é um ramo da família linguística afro-asiática e compreende
cerca de300 dialectos. É uma língua falada, pois sua forma escrita é pouco conhecida e raras
vezes utilizada.Os berberes constituem 40% da população do Marrocos, 30% da Argélia e 1% da
Tunísia. A populaçãoberbere diminui lentamente, à medida que muitos adoptam a língua e a
cultura árabes. A ocupaçãotradicional é a criação de gado, porém cada vez mais, os berberes se
dedicam à agricultura.do Chade. Estes negros puros (
complete negrões)
emigraram para a regiao ocidental onde fundaramnumerosos reinos, cujo primeiro dele foi o
de Zagwa situado na zona de Kanem.
 
O primeiro Rei conhecido foi o Dugu Bremi, descendente de Saif,que terá se instalado em Njimi,
a leste do lago Chade, por voltado ano 800, tendo vivido no principio do século IX e sido
mortopelas populações
mbum
do Adamawa, no decurso duma audáciaexpedição para o sul, e depois de ter fundado uma cidade
YeriArbasan.Entre 1085-1097 foi introduzido o Islão no Kanem durante oreinado do Umé. O
filho de Umé, Dunama I, no decorrer do seu
10

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longo reinado ( 1097-1150) tem tempo de fazer duas vezes aperegrinação a Meca. Morre
afogado pelos piratas egípcios nomar Vermelho, ao empreender uma terceira viagem aos
lugaressantos. Na mesma época é estabelecida no Cairo umaestalagem-escola malekita para rece
ber os peregrinos ouestudantes do Kanem.Os Reis seguintes serão sobretudo conquistadores.
Salma (1194-1221), aproveitando-se, sem duvida, do velho parentesco e
dasalianças da dinastia com os Tabus do Tibesti, beneficiou datenacidade e da coragem proverbi
al destes nómadas paraconquistar e controlar as rotas comerciais do Norte ate a Feania,onde a
capital foi se fixar em Njimi. Já por volta de 1221-1259, sob Dunama II, uma expansão para
onorte é selada por uma aliança com os Hafecidas de Tunes(1128-1347). Dunama enviou-
lhes a titulo de presente umagirafa demonstrando assim o êxito desta vedeta das
savanasafricanas.A oeste, a expansão estende-se ate o Níger pela dominaçãosobre os Haúças. A
leste, o Kanem luta contra os Bulalas, gentede pele clara, as vassalas do reino dos Zaghwas.Para
o Sul, a conquista é frenada pelos temíveis Saos, pelasregiões pantanosas do Logone e pelas
montanhas do Adamawa.Os Bulalas, que proclamavam a mesma ascendência que oschefes do
kanem, dominavam os autóctones das redondezas dolago Fitri. Contrariamente dos príncipes do
Kanem que estavamprofundamente presos aos cultos animistas.
11

 
A Dinastia do Kanem conservava um “feitiço” venerado,chamado
muné
ou
moni
que era um espírito dos antepassadossimbolizado numa efigie de carneiro, o que estabelece um
laçocultural prodigioso com a pratica semelhante de méroe, dospaíses
akans( Ghana)
e de
Kuba(Congo).
Para outros era umvaso sagrado que continha relíquias, como o
tribo mossi,
e queninguém devia destapar.O
muné
era um dos elementos essenciais do culto que osKanembus prestavam ao seu rei, considerado um
deus
pelomenos no período pre-islamico. Este rei era responsável pelachuva e pelo bom tempo, assim
como pela saúde dos seussúbditos. Matava a sede com hidromel, mas admitia-se que
nãoprecisava de comer, e ai daquele que visse o camelo a levar emsegredo as provisões reais
para o palácio! Era logo Exterminado.Ora Dunama II ousou descobrir o
mun
é. Este acto sacrílego feriuprofundamente as convicções animista muito vivas nos
meiospopulares
tekas e kanurus.
Seguiram-se revoltas, habilmenteatiçadas pelos rivais bulalas, e exílios ou migrações em
massa,passando numerosos
kanembus
para o oeste do lago Chade,onde foram, em geral atacados e, por vezes massacrados
pelosSaos.Com efeito, no Kanem, a guerra civil entre o clã dos idrisas e dosDauds viera
complicar ainda mais a luta contra os bulalas aleste. Finalmente, os Idrisas levam a melhor, mas
o seu poderpermanece instável. Aumentando a pressão dos bulalas, Omar(1384-
1388) abandona o Kanem e instala-se em Gaga, no
Bornu
. Ai as lutas continuam.
12

 
Ao norte são os chefes de bandos árabes que se entregam aescravatura, como o prova a carta
enviada em 1391 pelo reiBornu,
Biri Ben Idriss,
ao Sultão Al Malik Az Zahir Barquq, aqueixar-se das incursões de Jodam, que, dizia ele, lhe
matou
oirmão e levou numerosos súbditos que, no entanto, erammuçulmanos, homens, mulheres e crian
ças. A luta continuatambém contra os Saos e os Haúças.O maior príncipe desta nova fase da
historia do
Kanem-Bornu
é Ali ibn Dunama, chamado Al-Ghazi ( ou
o Conquistador)
(1472-1504). Este organiza a administraçao e funda
Ngazargamu
,conhecida por
Birnim bornu ( 
fortaleza de Bornu),
na margemdo rio Yo. Submete a tributo as cidades Haúças. Era assim queos escravos trazidos
por
  Zamfara
eram trocados pelo Bornu porcavalos árabes. Os imãs procuraram então que a moral dosnotáveis
fosse pautada pelas prescrições do Alcorão. Um certoMasbarma tentou impor a regra das quatro
mulheres. O soltaoAli conformou-se, mas numerosos notáveis recusaram-se a isso.Sob o seu
sucessor Idriss Katagarmabe (1504-1526), o Kanemfoi conquistado aos Bulalas, cuja capital
estava instalada em
Gaw
, ao norte do lago Fitri. Mas os Bulalas não integradospermaneceram autónomos e constituíram
mais tarde o Reino de
Wadai,
dando Lugar ao reino Kanem
.( Ki-Zerbo. 1972)
Religião:
A religião islâmica predominou na regiao devido a presença
dosárabes, assim, todos hábitos e obrigações estavamfundamentadas no islao. 
Organização do Reino Kanem
 
13

 
O Kanem foi, com o Maly e o Songai, um dos mais vastosimpérios dos grandes séculos
africanos. A organização Politica ea administração são do mesmo género que no Maly e
sobretudono Songay ou seja, uma monarquia feudal descentralizada,tendo no cume o sultão,
reverenciado como um
deus
e que, nodecurso das audiências publicas está sempre oculto por umacortina.O Conselho de
estado (
notiena)
é formado por doze príncipes ouemires, com uma competência territorial ou funcional: assim o
Yerima ( província do Yeri)
ao norte, o
galadima ( 
Província doOeste) o
Futuma
( Governador da Capital) o
Kaigamma ( oGeneralíssimo, ministro  da guerra e da província do Sul)
o
Mestrema
( grande eunuco, chefe do harém e da província deLeste) o
Yiroma
( ao serviço da rainha, sob controlo domestrema). A rainha-mãe (
magira)
era alva de honras especiais.Os assuntos correntes eram tratados por um conselho privado.As
finanças reais eram alimentadas pelos impostos em espécies,pelos tributos pagos com frequência
em géneros e pelo traficodos escravos. A justiça dos Cádis muçulmanos permaneceucircunscrita
sobretudo nos centros e não pode substituir o
direitoconsuetudinário. O Exercito, que compreendia ate 100.000cavaleiros ( Certos contingentes
dos quais eram couraças) e180.000 homens a pé, era uma das maiores forças da época.Era
composto de tropas
Kanembus
, soldados de oficio e guardasdo palácio, a que se dava o nome de
divisões da casa
, às quaisse juntavam corpos recrutados pelos governadores provinciais,chamados
continentes do mato
. Tinha como pontos de apoio
14

 
grandes fortalezas, cujos vestígios se encontram espalhados emlugares hoje solitários.São
construções de tijolos cozidos, devidas talvez à técnica dosferreiros e arquitectos
saos
. Em Njimi, Wadi, Ngazargamu eNguru constituem ainda um testemunho da grandeza do
Kanem.
O reino Bornu
1.
Idriss Alooma
No fim do século XVI e no principio do século XVII, a potenciadominante é incontestavelmente
o Bornu, sobre tudo a partir dogrande reinado de Idriss Alooma(1581-1617). Este, a quem amãe,
Amsa, teve de proteger na infância contra o seu primotornando sultão, enviando-
o ao Kanem, sucedeu, enfim, em1580,a sua irmã, a famosa Aicha. No decorrer da suaperegrinaçã
o pode ele informar-se sobre as técnicas militares doEgipto.Aproveitou estas observações para
comandar caravanas inteirasde mosquetes, assim como instrutores e conselheiros
militaresturcos. Os escravos domésticos foram arregimentados comomosqueteiros. Tal como
Achantia ou, mais tarde, o Daome, ele deverá a suasuperioridade ás armas de fogo.Além disso,
os nobres bornuanos, calçados de botas
escarlates,montavam os cavalos protegidos com couraças de tecidoespesso. Havia também um
corpo de guerreiros armados delanças e protegidos com escudos de pele, aos quais se juntavam
15

 
contingentes de temíveis arqueiros enviados pelas tribosvassalas e animais do sul e que iam ao
combate ataviados comomulheres: com colares, braceletes e diademas de conchas e depenas.A
tribo aliada de Koyam fornecera mesmo uma boa porção
decamelos.Graças a esta formidável maquina de guerra, Idriss Alaomaimpôs -se facilmente. Tom
ou o habito de mandar cercar depaliçadas ou de sebes o acampamento do exercito a fim
deevitar os roubos, as perdas de gado, a imoralidade e assurpresas do inimigo. Construiu grandes
chalupas no Komadugu Yobe o transporte rápido de viveres e de tropas. Assinou
acordoscom os seus vizinhos para fixar as fronteiras, como, porexemplo, com o sultão
de Bulalas: Muitos assuntos foramabordados e foi delimitada a fronteira entre o Bornu e o
Kanem,pela qual obtivemos Kangusti e todo o pais siru. As tropas eraminspeccionadas. Nos dias
fixados, todos os corpos de
exercitoem grande uniforme tomaram lugar um por um em grandenumero sem confusão para que
o sultão os passasse em revista.Venceu as tribos animistas do Sul (Mandaras,
Musgus,Kotokos)no decorrer de batalhas como o a de Amsaka. Atacou o reino deCano sem lhe
conseguir tomar a cidade de Dala. Apoiado peloscameleiros do Koyam lançou operações contra
os Tuaregues eabrigou-os a renunciar a suserania do Sultão de Agades pela deBornu.Foi-lhe
assegurada a aliança dos Tedas de Bilma, cujas as
salinasconstituíam um pólo comercial importante. Foram também
16

 
saqueados os Tabus e mantidos em respeito, ao mesmo
tempoque eram estreitados os laços com a Africa do Norte,apoderando-se das salinas do Kawar.
Atacando o Kanem e osbulalas, transferiu parte dos seus habitantes para o Bornu einstalo-os
como colonos no Sudeste do lado Chade não longe doBahal el-Ghazal.Idriss Alaoma foi um
prosélito do Islão que estendeu e
melhoroua construção das mesquitas substituindo o colmo tradicionalpela arquitectura em tijolo.
Foi também um por itano que lutoucontra o desregramento dos costumes, em particular contra
oadultério, que, segundo Ibn Fartwa, se tornara pratica corrente.Mandou construir em Meca um
albergue para os peregrinos,dotados de uma criadagem composta de escravos. esforçou
sepor substituir nos processos os chefes militares por juízesreligiosos (cades).Durante o seu
reinado a hegemonia
Kanur 
foi incontestada
nabacia do logo Chade e criou um pólo politico religiosoimponente, no quadro do qual os territór
ios vassalosconservavam a sua autonomia mediante um tributo controladopor notáveis da
corte de Ngazargamu.O reino Bornu não tardou a ser contestada e a partir do reinadodo Ali
Omar (1645-1684), os Tuaregues e os Jukuns vem sitiar acapital Ngazargamu. Com efeito o
Bornu só se mantêm porquenão se encontra a sua volta qualquer vizinho poderoso. Eram
umestado onde florescia a escravatura e o trafico negreiroorientado para o Magrebe e o Egipto.
Mas a escravatura localconservava ai um carácter moderado, pois se encontravamantigos
escravos como Governadores de províncias.
17

 
No principio do século XVII, de varias tentativas sem sucesso deocupação pelos reinos dos
povos Bolewas e Kanurs, Katsinatoma a direcção comercial e militar do Sudão central enquanto
oBornu exerce um incomparável influencia cultural e religiosa.No fim do século XVIII por
consequência, duas potencias ocupamuma posição preponderante no Sudão central: Gobir e
Katsina,este ultimo tomando o lugar de Tombucto, brilha pela suairradiação intelectual e pelo
refinamento nos usos e na línguaHaúças.O Bornu domina também pelas suas guias espirituais
versadasno Alcorão. Já em 1790 uma crise abala Zamfara e Kano e os Junkuns de Karorofo são
atacados pelos peule começando umgrande abalo de Usman dan Fodio e no principio do século
XIX oBornu procura reconquistar um pouco da sua Hesmonia passadalançando operações
ofensivas contra o oeste e o Sul e controlanão apenas o Kanu mas também as tribos do planalto
Bauchi eas que habitam entre o Chade e o curso médio do Benue. OBornu era dirigido por uma
dinastia muçulmano, mas ela
foitambém acusada pelos partidários de Usmam dan Fodio decriptopaganismo:
aquele que faz oração, mas se inclina diantede ídolo, destroe assim mil actos de religiao.
2
Os peules atiraram se contra o Bornu estando este doentedepois da morte do seu general.
18

 
  _________________________________________________________________________ 
2
Os partidários de Usman designavam tais muçulmanos como Hipócritas ou
munafiq
emárabe.
 
Gwani Muktar tomou o comando das tropas que se atiraram emdirecção a leste a ponderando se
de Ngazargamu em 1808. Mas,abandonado, logo após a pilhagem, por quase todos os
seuspartidários, nómadas ou não, Gwani Muktar foi surpreendido nacapital Bornuana e
exterminado.
Estado de Darfur 
Segundo Joseph Ki-Zerbo, foi neste estado que se registou
aconfluência racial e étnica desde a mais alta antiguidade,sobretudo depois da queda dos reinos
da Nubia e da chegadados Árabes. Os primeiros habitantes são os
furs e os Dajus
negróides. No século IV da nossa era chegam os
Tondjurs,
semduvida negróides também. Os
Dujus
são repelidos para o oeste.Século XIII, o Kanem-Borno de que me referi anteriormente,exerce
uma grande influencia comercial ( controla dando a
rotado Nilo) e religiosa, como o testemunham as numerosasmesquitas de tijolos encarnado em
  Ain Farah
, assim como ostítulos principescos oriundos do Darfur. Alem disso, o fundocultural negro-
africano reflecte se na importância ritual dostambores e do fogo real, tal como ele existe no
Mossi e emnumerosos reinos da Africa central, oriental e meridional.Suleiman Solon ( 1596-
1637) impõe o reino Darfur, expulsando Tunsan, que vai criar no Cordofão o cla dos Massabaats.
Findoeste reinado, veio o grande reinado do Ahmed Bokor (1682-
19

 
1722) que se espalha o Islão e garante uma segurança relativa. Tendo o Wadai recusado pagar-
lhe tributo de uma jovemprincesa para o seu harem, ataca este estado, e abatidoprimeiro e depois, 
graças a mosquetes encomendados aoEgipto, bate
  Aruss du Wadai
em Kekebra, este, morre, mas o seufilho Abul Kassin (1739-1752) tenta reunir um exercito de
dozemil soldados, porem também fracassa, tendo lhe sucedido
Maohammed Tirab  (1752-1782),
é ao mesmo tempo umintelectual este dividia o seu tempo, sendo as especulaçõesreligiosas, e
o harem ou a bebida.Contudo, em princípios do seculo XIX o Cordofão liberta deDarfur cujo rei
abd ar Rahman funda capital El Fasher. O PríncipeHussein (1839-1874) esclarecido e capaz,
consegue encontrarum equilíbrio nas relacoes com o Egipto e o Wadai, porem, onegreiro Zubeir
Paxa que devasta o sul do Darfur é em brevenomeado governador o que traz consigo a anexação
do paíspelo Egipto ate a sublevação do Mahdi

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