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Um século de Ray Harryhausen


Coluna discute o legado do mestre dos efeitos visuais Ray Harryhausen,
responsável por criar imagens que impactaram gerações em lmes como 'O
Monstro do Mar', 'Jasão e os Argonautas' e 'Fúria de Titãs'.
por Rodolfo Stancki — 19 de agosto de 2020 em Espanto

Cena do lme 'Jasão e os Argonautas'. Imagem: Reprodução.

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E
m 2020, o gênio dos efeitos visuais Ray Harryhausen completaria 100 anos. Morto
desde 2013, o profissional desbravou o caminho do stop motion no cinema norte-
americano e criou imagens memoráveis em gerações de espectadores por mais de meio
século. Seu legado influenciou diretores como Steven Spielberg, James Cameron e Peter
Jackson.

Profundamente impactado aos 13 anos, depois de ver o trabalho de Willis O’Brien em King Kong
(1933), Harryhausen passou o restante da adolescência criando maneiras de dar vida às esculturas
que cozinhava no fogão de casa. No início da vida adulta, mostrava os filmes amadores que rodada
em casa ao amigo escritor Ray Bradbury.

A primeira chance no cinema surgiu, justamente, na vaga de assistente de O’Brien, em um filme


chamado O Monstro de um Mundo Perdido (1949). O enredo era uma releitura mais otimista e
simpática da história de um gorila gigante que se afeiçoa a uma jovem loira, com efeitos especiais
ainda mais impressionantes do que no clássico de 1933.

A primeira grande criação de Harryhausen no cinema


viria quatro anos depois, com a animação de O Monstro
Harryhausen era um sujeito do Mar (1953). No enredo, baseado num conto escrito
com obsessão em materializar por Bradbury, um lagarto marinho gigante invadia as ruas
aquilo que imaginava e de Nova York destruindo tudo o que via pela frente. Reza
rejeitava efeitos práticos e a lenda que o filme deixou uma marca tão forte no
pouco convincentes. imaginário de Ishirô Honda, que acabou se tornando uma
das principais influências para a criação de Godzilla
(1954).

Nos anos seguintes, Harryhausen criaria polvos gigantes, vilões para as histórias de Simbad e muitos
dinossauros. Produções como A Invasão dos Discos Voadores (1956), Jasão e os Argonautas (1963)
e O Vale de Gwangi (1969) nunca são lembradas pelo elenco ou pelos diretores. As estrelas são
sempre os monstros.

No documentário Ray Harryhausen: Special Effects Titan (2011), de Gilles Penso, o cineasta John
Landis defende que Harryhausen foi um dos artistas mais completos no campo dos efeitos visuais.
Além de escultor, fotógrafo e diretor, o principal nome por trás de Fúria de Titãs (1981) ainda era
capaz de ter uma assinatura visual, facilmente reconhecida ao longo de diferentes filmes.

Ele era um sujeito com obsessão em materializar aquilo que imaginava e rejeitava efeitos práticos e
pouco convincentes. No mesmo documentário, o próprio Harryhausen conta que só aceitou participar
da refilmagem de Mil Séculos Antes de Cristo (1966) para a Hammer pela possibilidade de ver na tela
os dinossauros escondidos por trás dos arbustos na versão de 1940, conhecida no Brasil como O
Despertar do Século (1940).

Foi o trabalho de Harryhausen que permitiu que uma geração de cineastas que cresceu entre as
décadas de 1950 e 1960 percebesse que era possível criar diferentes monstros para seus próprios
filmes. Era nos filmes dele que Spielberg foi buscar inspiração para tirar do papel os dinossauros de
Jurassic Park (1994). Inicialmente, Phil Tippett, um dos responsáveis pelos efeitos visuais do
blockbuster queria que os animais pré-históricos fossem criados por meio de stop motion. A ideia foi
deixada de lado pelo CGI, que traria mais realismo ao visual.

Ao ser questionado em uma entrevista sobre o uso de computação gráfica em filmes com criaturas
fantásticas, Harryhausen defendeu a técnica pela qual ficou conhecido: “quando atribuímos muita
realidade à fantasia, ela perde um pouco da sua qualidade de pesadelo e deixa de parecer um
sonho.” Seus monstros eram estranhos, impossíveis e fascinantes.

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