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RIO DE JANEIRO, 26 DE MAIO DE 2023.

A REGULAÇÃO E JUNÇÃO DA ACADEMIA AO CORPORATIVO


PARA OFERECER SUSTENTABILIDADE A EMPRESA.

FABIANA BESSA DOS REIS


MATRÍCULA: 201851335838
CURSO DE BACHAREL EM DIREITO
AUMENTO DAS STARTUPS A PARTIR DE AÇÃO GOVERNAMENTAL
E MEDIDAS NECESSÁRIAS PARA SUSTENTABILIDADE NOS
NEGÓCIOS.

Segunda avaliação – AP2

apresentada para a disciplina de

Startups e Novos Negócios da faculdade Ibmec –

Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais.

Docente: Rafael Viola

Rio de Janeiro

2023
Sumário
1. Resumo.................................................................................................página 1.
2. Introdução....................................................................................página 2 até 3.
2.1 Debate dual na regulação da empresa................................................página 2.
2.2 O Poder Público parceiro das Startups e a viabilidade da
regulação....................................................................................página 2 até 3.
3. Desenvolvimento............................................................página 4 até página 11.
3.1 Contexto nacional................................................................................página 4.
3.1.1 Características de uma Startup.......................................................página 4.
3.1.2 O Poder Executivo do Rio de Janeiro como parceiro da
inovação....................................................................................página 4 e 5.
3.1.3 A inevitabilidade da evolução..........................................................página 5.
3.1.4 A tutela jurídica nos negócios....................................................página 5 e 6.
3.1.5 A Uberização do trabalho......................................................página 6, 7 e 8.
3.2 A proteção de dados e a necessidade de investimentos para as
startups......................................................................................... página 8 e 9.
3.3 Natureza preventiva da LGPD...........................................................página 10.
3.3.1 Exemplos de violação de dados............................................página 10 e 11.
3.4 Negócios de Impacto.........................................................................página 11.
4. Conclusão...........................................................................................página 12.
5. Bibliografia..........................................................................................página 13.
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1. Resumo.
A presente obra se destina a apresentar as características de um negócio inovador e
de impacto, as demais pautas que serão mencionadas possuem como ponto em
comum as consequências do ingresso dessa tipologia de empresa no mercado. As
pautas escolhidas são direito regulatório, proteção de dados e sustentabilidade do
empreendimento a partir de um negócio de impacto.

De maneira sucinta as discussões são relevantes para proteger os indivíduos e o


mercado, viabilidade captação de recursos para ideias inovadoras que naturalmente
necessitam de quantidade significativa de dinheiro e para que o empreendimento
possua sustentabilidade. Tais necessidades se perpetuam nas seguintes
inquietações: Quem será afetado? Como se estabelecer para fazer parceiros na fase
inicial? Como atravessar o tempo e não ser uma ideia que cessou tão
precocemente?

O Brasil carece de negócios que possuem empreendimentos de tecnologia, no


entanto, como mencionado pela palestrante Paula Esteban do Valle Jardim, não
falta oportunidades para empreendimentos já que se trata de país com inúmeros
problemas socioambientais e ambientais. Para a mudança desse cenário é preciso
divulgação dos conhecimentos técnicos, vantagens legais (exemplo SandBox
Regulatório), Hub Tecnológico, mão de obra qualificada e “networking”
(compartilhamento de informações).

A captação de recursos é pauta em qualquer empreendimento, e para se eleger


para investimentos além de ter uma ideia com possibilidade de ofertar lucro muito
maior do que o capital inicial investido, é preciso mitigar e reduzir riscos para o
investidor. Maneiras de demonstrar maturidade do negócio para o público externo é
demonstrar política e estrutura no tratamento de dados e sustentabilidade da
empresa a partir de adoção de boas práticas e adesão da agenda “ESG” (na
tradução é Ambiental, Social e Governança).

Através da aproximação da academia e o ambiente corporativo, unidos em prol de


negócios detentores de tecnologia, infraestrutura com polos, mão de obra qualificada
e colaboração do poder público no âmbito Executivo e Legislativo, é possível
viabilizar o surgimento de negócios que além de deterem inovação,
consequentemente, valor de mercado de alto margem, a redução dos impactos
socioeconômicos.

O papel do Estado é de facilitador para empresas com inovação, no entanto,


também possui papel de fiscalização ao passo que deve proteger o mercado de
possíveis desequilíbrios. Em síntese, a presente obra oportuniza refletir o que
normalmente o empreendedor brasileiro só costumava fazer intuitivamente.
Empreender é ciência.
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2. Introdução.

2.1 Debate dual na regulação da empresa.


A princípio se faz necessário compreender os potenciais que uma Startup oferece
para uma sociedade. Com o intuito de garantir equilíbrio entre o lucro e os impactos
para todos, é preciso superar o discurso dual entre Estado intervencionista e Estado
liberal. Tal situação é possível quando a regulação do negócio é acompanhada com
medidas ofereçam sustentabilidade para o empreendimento.

Na palestra do professor Gustavo Flausino Coelho, houve uma frase pertinente para
compreender um dos impactos que as Startups geram na sociedade. Segue:

“O surgimento das startups é o destruimento das tecnologias conhecidas”.

É salutar a viabilização de empreendimentos que tornem os processos menos


morosos, mais baratos e que agreguem mais valor. No entanto, não é possível
permitir de qualquer forma. É nesse momento que o papel do Estado se faz
necessário através de alvarás, órgãos reguladores e licenças, como formas de
controlar a atividade empresarial. No Brasil utiliza-se o instituto da função social para
a propriedade, contrato e empresa.

Tratando-se da empresa é perceptível os inúmeros benefícios do sucesso de um


empreendimento, dentre eles: geração de riqueza, carga tributária, oferta de
empregos diretos e indiretos, sustentabilidade dos negócios etc. Logo, não basta
que a empresa oferte lucro, caso ameace o mercado ou consumidor, é necessário
intervenção do Estado para que se objetive equilíbrio. O órgão regulador visa
proteger o mercado, sua necessidade ganha visibilidade com as crises de 1929 e de
2008, momentos que a economia americana que ficou nítido que o mercado sozinho
não é capaz de gerar riqueza.

A situação em tela coloca em conflito a livre iniciativa e o Estado intervencionista,


mas em uma sociedade complexa é necessário a superação de uma discussão
dualista, e optar-se pelo diálogo colaborativo. A palestrante Carina de Castro Quirino
menciona a dificuldade de regular negócios inovadores, pelo fato de a tecnologia
disruptiva apresentada não ser conhecida pelo Poder Público. A resposta de Carina
Quirino é que deve haver trabalho conjunto das startups e o Estado. A seara política
influência a opinião pública acerca se as regulações dos mercados são necessárias
ou se refletem autoritarismo que condenam as empresas ao insucesso.

2.2 O Poder Público parceiro das Startups e a viabilidade da


regulação.
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A presente obra irá demonstrar que a regulação do mercado é viável para oferecer
segurança jurídica dos contratos, qualidade da prestação do serviço, direito de
propor ação do consumidor, segurança dos direitos trabalhistas, responsabilidade
objetiva da pessoa jurídica, sustentabilidade para os empreendimentos e capacidade
de compra para formação do mercado. Como demonstrado desde as primeiras aulas
ficou claro movimento advindo do Poder Público carioca de diálogo e oferta de
capital humano, infraestrutura e tecnologia que oportunizem desenvolvimento das
startups.

Tal posicionamento revela o público como parceiro da atividade empresarial, e não


meramente a figura de reter e aplicar tributo. A postura colaborativa da esfera
pública advém de posteriores legislações que são benéficas para aquele que
ingressa no intento de formatar um negócio. A lei de franquias é um exemplo de
legislação benéfica para o empreendedor. A antiga lei de falências teve seu nome
mudado, demonstrando que o objetivo também foi modificado. Anteriormente era
visado liquidar a empresa, com a lei 11.101/2005 o objetivo é recuperar a empresa
desde que ela possua viabilidade econômica a honrar seus débitos e somente falir
em caso de inviabilidade.

Logo, tais mudanças legislativas e ações governamentais demonstram a superação


do discurso dualista entre Estado liberal e Estado interventor. Torna-se
inquestionável o incentivo pela esfera pública na geração de riqueza oportunizadas
por empreendimentos, em especial as startups, cabendo discussão acerca das
consequências do ingresso das novas tecnologias e as medidas a serem tomadas.
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3. Desenvolvimento:

3.1 Contexto nacional.

O Brasil diferente dos países em desenvolvimento carece de empresas com


inovação. Tal cenário é fortalecido pelo baixo estudo do empresariado, baixo capital
social (maioria dos brasileiros possui como investimento renda fixa em poupança e
empréstimos que comprometem seu patrimônio, o histórico inflacionário, falta de
conhecimento financeiro e a cultura do “fear” (medo) o tornam incapaz em
incrementar o capital social de uma Startup), aversão ao risco (lucro advém da
resolução de uma dor do cliente, que gera para a pessoa jurídica conviver com
riscos) e falta de tecnologia acessível são alguns motivos que formam um Brasil com
poucas Startups.

3.1.1 Características de uma Startup.


Construir uma Startup é trabalhar em prol de uma promessa. A afirmação da frase
anterior é pelo fato de a Startup inicialmente necessitar de um capital muito alto para
que haja prosseguimento. O tempo de vida de uma Startup é curto por se tratar de
ser uma ideia a ser comercializada. Engana-se quem limita a Startup aos produtos e
serviços, o requisito é inovação (quebra disruptiva de como é feito algo, não se trata
de uma mera mudança ou incremento, trata-se de uma mudança significativa).
Há seis formas de ocorrer uma Startup: novos produtos ou serviços, melhorias nos
produtos, marketing, reposicionamento (produtos que já existem colocados em
novos mercados), organizacionais e processo. As fases consistem em Ideação
(descoberta), Tração (já há um caminho a ser percorrido e a meta é crescer e se
preparar), Operação (buscar clientes no mercado e expandir o negócio) e “Scale Up”
(perde a nomenclatura de “Startup” e a empresa cresce em grande volume e com
constância).
Nenhum sócio ou investidor desistiria de receber dividendos por um longo período e
injetar volume de capital em uma empresa, caso não houvesse motivo plausível. No
lapso temporal sua formatação é de natureza temporária que busca por uma receita
desproporcional ao custo inicial em favor daqueles que aderiram a ideia. Definir
Startup é compreender que a sua natureza é temporária, inovadora e com
capacidade de crescimento grande de maneira rápida. Exemplos são Facebook,
Microsoft e até mesmo o Instagram que colaborou fortemente com a Kodak ter falido
(a câmera digital não conseguiu se adequar ao âmbito digital).
Com a compreensão do que se trata o tipo de negócio e o papel da lei em regular as
relações comerciais, torna-se possível permear os tópicos escolhidos tocados em
sala de aula.

3.1.2 O Poder Executivo do Rio de Janeiro como parceiro da


inovação.
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O Poder Executivo do Estado do Rio de Janeiro atento a necessidade de
empreendimentos com as características mencionadas, criou o “Hub Tecnológico
Porto Maravalley”, tal projeto visa solucionar várias lacunas que tornam os negócios
da cidade menos tecnológicos.
Medidas oferecidas pelo Hub Tecnológico são cruciais para viabilidade de negócios
com tecnologia, as ferramentas disponíveis são centros para formação de
programação, fomento e discussão da Lei de Liberdade Econômica e Sandbox
Regulatório, aceleração de obtenção de licenças em obras, grandes eventos e
networking por ser o primeiro polo de nômades digitais da América Latina.
Na palestra de Chicão Bulhões ficou claro que o objetivo dessa medida
governamental é aumentar o número de Startups na cidade carioca, educar os
empreendedores com suporte acadêmico, criação de um ponto de encontro da
comunidade e geração de mão de obra em tecnologia. A ação do Estado é bastante
salutar quando pensa em tecnologia e impacto social, ao passo que oferece bolsas
de estudo e ajuda de custos para jovens que se formem em cursos de tecnologia.
A adesão ao programa gera inúmeros saldos positivos como espaço para eventos,
seminários e reuniões (consequentemente redução de custos), estar atento a
tecnologia e o que está ocorrendo no mercado, acesso aos profissionais talentosos
etc. O programa valoriza também áreas escassas de mão de obra nacionalmente
como “data science” (ciência de dados), ciência da computação e matemática.
Observando a baixa adesão por negócios inovadores, a lei cria mecanismos para a
modificação desta conjuntura. O Sandbox Regulatório é um ambiente de teste que
suspende obrigações legais, para que a empresa cumpra com tais previsões legais
em momento mais oportuno. A adoção dessa medida oferece sustentabilidade para
que o negócio consiga atravessar as barreiras iniciais que são mais árduas.

3.1.3 A inevitabilidade da evolução.


“O destino é implacável”

A mencionada frase é do filme “Código de Conduta”, a qual, faz sentindo quando se


pensa na evolução das tecnologias na história da civilização. A tentativa de
inviabilizar esse processo a qualquer custo é reduzir a qualidade de vida da
população. No entanto, é indispensável que o Estado seja figura de coação para que
ocorra o cumprimento de regimento interno e externo da corporação. A evolução de
uma startup possui como ponto máximo tornar-se unicórnio, trata-se quando
empresa possui valor de mercado definido em um bilhão de dólares americanos.

Com o ingresso de novas tecnologias, ocorre o processo natural da extinção,


superação ou aperfeiçoamento de tecnologia pretérita, exemplo é a “Kodak” que
teve sua máquina fotográfica engolida pelo Instagram. O material físico que apenas
fazia fotografias foi superado por celular que tira foto, “reels”, comunica, meio de
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informações e outros atributos que tornam o Instagram líder de plataforma acessada


no mundo.

3.1.4 A tutela jurídica nos negócios.


A livre iniciativa e os encargos para empreender fazem parte da rotina daquele que
assume e mitiga riscos, faz parte do processo eventual impacto da concorrência, tal
impacto sob a égide da lei, em caso de concorrência desleal é viável intervenção
estatal.

Mencionar a proteção por meio de tutela jurídica é necessária para que fique claro
que a segurança jurídica é ofertada para todos de forma equânime. Os impactos na
seara trabalhista e previdenciária são questões da contemporaneidade, os
unicórnios “Ifood” e “Uber” modificaram a forma de comer e se locomover. As
necessidades anteriormente eram supridas com outras tecnologias, porém com o
ingresso dessas empresas foi perceptível para o cliente redução da morosidade,
ampliação de leque de diversidade e economicidade.

3.1.5 A Uberização do trabalho.


O consumidor ter suas satisfações atendidas de forma eficiente é o ideal de um
mercado salutar, no entanto, devesse lembrar que antes de ter capacidade de renda
para consumir, é necessário que possua emprego. A uberização do trabalho possui
como prejuízo violação do Código de Defesa do Consumidor, Código Civil, direitos e
garantias trabalhistas.

A uberização do trabalho consiste em teoria flexibilizar o trabalho, o estruturando


com base na demanda e sem vínculos empregatícios. O que se oferta nessa
tipologia é que quanto mais se trabalha, mais é recebido. No entanto, há variáveis
que devem ser observadas para preservar o mercado de trabalho e o consumidor
final. Na presente obra será utilizado o caso do serviço “Uber” e da plataforma
“Ifood” que são líderes no segmento que atuam.

Exemplo 1: Um indivíduo realiza uma compra em um restaurante presente no


portfólio do “Ifood”, o qual, possui como parceiro de entrega o “Uber Entregas”, este
contrata João, que contrata a “Bike Itaú” para ter meio de transporte para
comercializar o seu serviço.

Na uberização o João é tido como autônomo, no entanto, o exemplo em tela que


reflete a realidade de inúmeros entregadores, colide com legislação trabalhista e o
domínio do risco como justificativa do lucro pelo empresário. Para que seja possível
discutir a temática, é necessário a compreensão de alguns institutos. O empresário
renúncia garantias para que consiga alcançar o lucro. Não possui 13° salário, férias
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e entre outros benefícios daquele que figura como trabalhador. Seu lucro advém do
risco, que o mitiga para que possa gerar receita.

As empresas eliminam riscos que são contrários aos seus interesses, mitigam os
que devem conviver para prosseguimento do negócio e os suportam em situação de
adversidades. Um tipo de risco é o operacional, no exemplo ilustrado seria o meio de
transporte da entrega quebrar em ofício. São encargos que justificam o lucro, no
caso o “Ifood” é a segunda empresa da América Latina referência no ramo que
pertence.

No caso de João, ele assume riscos que são de titularidade da empresa, tal
circunstância é injustificável porque o lucro não é compatível com o volume de riscos
assumidos. Além de que a lógica de quanto mais entregas, maior o lucro, afeta o
sistema público de saúde, aumentando os riscos de acidentes que recaem no
sistema único de saúde. O sistema de avaliação do serviço é unilateral, a depender
do volume de reclamações o indivíduo é descartado do mercado.

Exemplo 2: segundo regimento do “Ifood” os entregadores não são obrigados a


entrarem em prédio para fazer a entrega, a obrigação se limitando a portaria. No
entanto, conflitos são recorrentes e avaliação negativa infundada é suficiente para
inviabilizar a atuação do trabalhador na atividade. O que acaba acontecendo é a
retirada daquele que reluta ou o trabalhador realizando atividade pelo qual ele não é
remunerado.

Ocorre transferências de papéis e ônus distribuído de forma desproporcional. A


atividade empresarial requer que o empresário assuma riscos, que possuem mais de
uma tipologia, além dos mencionados riscos operacionais, há a questão de figurar
em uma lide judicial no polo passivo. A legitimidade é do empresário, cabendo a ele
tratá-los e mitigá-los são transferidos para o trabalhador, incumbindo o trabalhador o
provimento dos equipamentos de trabalho, como internet, bicicleta e motocicleta.

O trabalhador provê o material de transporte, a internet, a capa de chuva e em caso


de acidentes não goza de nenhum direito trabalhista enquanto lesionado e utiliza do
Sistema Unificado de Saúde (SUS). O questionamento que fica é: qual o risco o
empresário assume que justifique o lucro na operação realizada?!

Tal circunstância não é benéfica também para o consumidor, que acredita ter
vantagem por usufruir de serviço barato, no entanto, em caso de dano na prestação
do serviço a quem responsabilizar? A responsabilidade objetiva das empresas
positivadas no Código de Defesa do Consumidor e no Código Civil é ignorada, ao
invés da empresa estar na frente da prestação de um serviço de qualidade e
somente posteriormente exercer o direito de reingresso, o trabalhador é colocado
em primeira pessoa em um risco que não lhe cabe assumir.
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A Constituição Federal não difere o trabalhador rural para o da cidade, a relação de


trabalho é formal no exato momento que é exercida. Exemplo que materializa essa
realidade é o recebimento de pensão de trabalhadores rurais que nunca tiveram
carteira assinada, mas que foram trabalhadores rurais durantes anos. As relações
de trabalho foram feitas para serem longínquas, a uberização do trabalho torna o
contínuo em bico.

Inviabilizando que o trabalhador possa construir uma carreira de ascensão e o


descartando a partir de uma avalição negativa unilateral. O sistema é estruturado em
tornar a tarefa do trabalhador veloz, já que quanto mais serviços prestados, maior o
lucro, no entanto, quem busca lucro é empresário, trabalhador busca salário.
Quando não há infraestrutura para prestar serviço sem comprometer a subsistência
e atividade prestada é estritamente o serviço manual, é necessário regularizar tal
situação porque trata-se de trabalhador e não empreendedor.

Há linhas que questionam a presença de órgãos reguladores nas atividades


empresariais, no entanto, regular a atividade é proteger o próprio mercado a nível de
qualidade de viabilidade de poder de renda que fomente mercado consumidor. Sem
consumidor não há mercado, e sem trabalho não há consumo. A nível de princípios
é nítido a violação do princípio da primazia da realidade, de fato trata-se uma
relação com vínculo empregatício, no entanto, é tratado como sistema de metas
(quanto mais trabalha, mais ganha).

O segundo princípio percebido é o de continuidade da relação de emprego, as


avaliações feitas de forma unilateral e trabalho estressante viabilizam que o
trabalhador seja descartado e substituído. No que trata acerca dos direitos, por ser
uma relação trabalhista não reconhecida, a lista é mais extensa, a título de exemplo
a CTPS, 13° salário e descanso semanal remunerado. O anterior mencionado não
sendo taxativo.

A discussão de regulação desses serviços inovadores é uma pauta mais avançada


no exterior. Não é objetivado a vedação do serviço, tal cenário também é prejudicial
para o mercado em geral. Apenas é a formalização de um regimento que proteja os
indivíduos e o próprio mercado quando permite a empresa maior sustentabilidade.

3.2 A proteção de dados e a necessidade de investimentos para


as startups.
O palestrante que elucidou acerca da proteção de dados foi Pedro Gueiros, que em
sua apresentação minuciou acerca da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). A
discussão é relevante para todos as tipologias de negócios, no entanto, para
negócios inovadores há particularidades,

O professor Rafael Viola iniciou a palestra com a seguinte frase:


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“Se faz o que se pode e não o que se quer”.

Essa frase é importante para ser criada sinergia entre o capital necessário para uma
startup e a importância da proteção de dados em um negócio. Como mencionada
anteriormente, essa tipologia requer significativa quantidade de capital, no entanto, a
criação de um negócio inovador nem sempre está acompanhada com
disponibilidade de recursos. Na falta de dinheiro é preciso ir ao mercado para optar
por investidor anjo, “crowdfunding” (financiamento coletivo), “private equity” (capital
privado) e “venture capital” (capital de risco).

A escassez de recursos não é a única falta suprida pelas formas de buscar


investimentos anteriormente mencionadas, é possível também buscar “smart money”
(dinheiro inteligente), quando faltasse dinheiro e expertise de gestão de negócios.
Logo, quando se oferta algum benefício ou parte da empresa é necessário
reconhecer que o mercado exige padrões como políticas de conformidade e
proteção de dados. A empresa que não possui um sistema de tratamento e de
prevenção em caso de violação do dado, é um risco para o investidor.

Empreender e gerir uma carteira de investimentos é conviver com riscos, no entanto,


a empresa que está em consonância com ANPD (Autoridade Nacional de Proteção
de Dados) é mais atrativa para os investidores. A legislação acerca da proteção de
dados é recente, mas diferente do Marco Legal da Internet, seu alcance é para
qualquer tratamento de dados em ambiente analógico e digital. A lei visa proteger
pessoa natural de pessoas físicas e jurídicas de direito privado e público que tutelem
dados da pessoa humana.

A LGPD visa proteger os direitos da personalidade, que são proteção dos direitos
fundamentais de liberdade e de privacidade, livre desenvolvimento da personalidade
da pessoa natural, proteção do Estado de direito, liberdade de informação e
expressão e segurança jurídica dos mercados. A lei dá ordem de comando e sus
diretrizes para os agentes de tratamento que são Controlador e Operador (atua
apoiando as orientações do Controlador).

Um ponto frequente de dúvidas é a diferenciação de dado pessoal e dado sensível e


as minucias sobre os dados de crianças e adolescentes. Dado pessoal é aquele de
pessoa natural identificada ou identificável. O dado sensível revela potencial de
vulnerabilidade da pessoa, dentre eles consta questões raciais, filiação política,
orientação sexual, convicção religiosa, diagnóstico de saúde e entre outros. O dado
da criança e adolescente por si só não é dado sensível, porém possuem
pressupostos próprios.

Esclarecida essa fase introdutória de tipologia é possível adentrar mais


profundamente na legislação. A lei é bastante salutar quando não apenas prevê
maneira de agir do Controlador e Operador no tratamento dos dados, mas também
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dá ordem de comando para adoção de estrutura e procedimentos em casos de


tentativa de violação dos dados. É a lei atuando de maneira preventiva em combate
as violações de dados da pessoa natural.

3.3 Natureza preventiva da LGPD.


É perceptível que a lei atua em sentido preventivo a partir de análise alguns dos
seus princípios. O princípio da segurança visa proteger dado acessado sem
autorização acidentalmente ou ilegalmente e o princípio da prevenção determina
estrutura que proteja o dado em eventuais desvios do correto tratamento. Ambos
tutelam conduta preventiva em fase de eventual dano e demonstram que o
tratamento de dados deve ser preocupação desde a concepção da empresa.

Não ocorre a transferência da titularidade do dado e seu uso deve ser expresso e
respeitar o legítimo interesse estabelecido na lei. A qualquer momento permitido e
facilitado a revogação do dado. Quando se menciona o legítimo interesse, que não
possui natureza taxativa, trata-se que o dado deve ser requerido apenas ser
fundamental para a prestação de produto ou serviço. É permitido a concessão do
dado desde que seja necessário.

Caso não acate orientações da Lei Geral de Proteção de Dados, a empresa pode
ser submetida as sanções administrativas e Ação de Responsabilidade Civil ajuizada
por titular de dados.

3.3.1 Exemplos de violação de dados.


Com o intuito de facilitar o entendimento da necessidade da LGPD, o professor
Rafael Viola mencionou alguns exemplos pertinentes. Menciona que a geração que
nasceu em um mundo que já existia computadores e outras tecnologias que há
pouco tempo não existiam, possuem como hábito ceder os próprios dados muito
facilmente sem questionar a finalidade dessa concessão.

O professor menciona a biometria concedida em academias como algo a ser


pensado. É claro que há outras formas de acesso a academia, porque códigos e
carteirinhas podem ser modificados, mas biometrias não, O professor seguiu sua
fala mencionando de quadrilha criminosa que marcou ponto com biometrias de
médicos e a comercialização de dados a partir de pesquisa de pessoa natural.

No último caso mencionado trata-se de caso de jovem de 16 anos que pesquisava


itens para o bebê e maternidade, em tempo curto posteriormente recebeu kit
promocional em sua residência. O pai insatisfeito com o envio e imaginando que tal
oferta seria prejudicial para sua filha jovem, entendendo como incentivo a
maternidade precoce procurou a empresa e descobriu por ela que sua filha estava
grávida. No caso concreto, é inegável a violação de dado sensível de adolescente.
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3.4 Negócios de impacto.


A palestrante Paula Esteban do Valle Jardim menciona o negócio de impacto, que
difere de uma ong no sentido que o primeiro requer retorno financeiro. Medir o
impacto e socioambiental não é tão fácil como é medir o retorno financeiro
desejável. O negócio de impacto trata-se de além da oferta de produto ou serviço, é
a atenção e a mensuração de problemas que estejam entorno do produto ou serviço
oferecido. É necessário indicadores que identifique esse ambiente, possui natureza
subjetiva, mas é fundamental para analisar se o negócio tem função social e
realmente a geração de impacto real.

O consumidor mais crítico avalia o impacto das empresas na sociedade, logo, tal
preocupação torna tal êxito nas questões ambientais e socioambientais diferencial
competitivo. O professor Rafael Viola menciona que para a efetividade da agenda
“ESG”, é necessário de recompensas financeiras e legislações que favoreçam quem
age em a favor dessa agenda. Se não for interessante para os agentes econômicos,
tal agenda se resume a um papel.

A palestrante menciona o constante “tradeoff” (escolha de uma opção em detrimento


de outra) na vida do empreendedor, não sendo raro a ética se opondo na ampliação
de receitas. Outro ponto que a Paula questiona é que o empreendedor não conhece
indicadores e outras ferramentas capazes de mensurar e viabilizar modelo de
negócios capaz de solucionar questões da pauta ambiental e social. Nenhum
empreendimento possui estabilidade, no entanto, o cumprimento da agenda ESG
oferta sustentabilidade para a empresa.
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4. Conclusão:
Dessa forma, para ampliação da quantidade startups e para que a ocorrência de
sucesso seja ampliada, é necessário tecnicidade ao tema. No Brasil há a dificuldade
de conscientizar que empreender requer estudo. Por isso o modelo carioca de hub
tecnológico carioca adotado supre inúmeras barreiras de entrada enfrentadas por
empreendedores. A partir de ambiente que promova networking, mão de obra
qualificada e infraestrutura tecnológica o empreendedor pode focar na atividade do
negócio.

A regulação do mercado é necessária para que novas tecnologias ingressem sem


ameaçar o próprio mercado. Proteger o consumidor, trabalhador e o
empreendimento que coaduna com determinações legais, inviabiliza que infrações e
ilegalidades sejam cometidas através do pretexto de empreender sem intervenção
governamental. A intervenção da esfera pública oferece segurança jurídica para os
contratos, de forma sucinta, permite que as partes sejam satisfeitas de acordo com o
que foi acordado.

Na história recente brasileira já é inegável que a não regulação da atividade e a não


fiscalização do mercado pode gerar prejuízos para a sociedade. Exemplo dessa
realidade é o caso da empresa GAS Consultoria de titularidade de Glaidson Acácio
dos Santos, que deixou grande quantidade de investidores sem os seus
investimentos aplicados. Por se tratar de processo em curso a menção é utilizável
para questionar quando a empresa exerceu atividade financeira sem autorização do
órgão regulador CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

O percurso de uma startup é marcado por poucos recursos, para solucionar esse
problema é necessário demonstrar diferenciais competitivos para investidores. Na
presente obra foi pautado a questão da proteção de dados para empresas que
possuam na atividade o tratamento dos dados como atrativo e o negócio de impacto
como demonstração de sustentabilidade da empresa. Em um mercado cada vez
mais competitivo a captação de recursos requer se destacar.

Em um país com inúmeras mazelas sociais, a parceria pública e privada se mostra a


única forma de reduzir as disparidades sociais e econômicas. A redução da pobreza
funciona através da constatação do indivíduo de ganho em atividade econômica de
impacto.
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5. Bibliografia:
https://www.youtube.com/watch?v=eZfdM16ORY0;

Palestra de Carina de Castro Quirino;

Palestra de Paula Esteban do Valle Jardim;

Palestras de Pedro Gueiros;

Palestra de Gustavo Flausino Coelho.

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