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Título original: Da suspeição e do impedimento do juiz, no exercício de suas
funções em processos de cooperativas agropecuárias e de crédito, das quais é
sócio cooperado.
Copyright © 2023, por Januário Barbosa dos Santos Júnior
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada ou

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reproduzida sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito do autor.
Preparo do original: Januário Barbosa dos Santos Júnior
Revisão: J.B.S.J
Projeto gráfico: J.B.S.J
Capa: J.B.S.J
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Santos Júnior, Januário Barbosa dos


Da suspeição e impedimento do juiz, no exercício
de suas funções em processos de cooperativas
agropecuárias e de crédito, das quais é sócio

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cooperado [livro eletrônico] / Januário Barbosa dos
Santos Júnior. -- Uberaba, MG : Ed. do Autor, 2023.
PDF

Bibliografia.
ISBN 978-65-00-77384-2

1. Cooperativas agrícolas 2. Cooperativas de


crédito 3. Hermenêutica (Direito) 4. Imparcialidade
(Direito) - Brasil 5. Juízes - Brasil 6. Jurisdição -
Brasil 7. Processo civil - Brasil 8. Processos
(Impedimentos) - Brasil 9. Suspeição (Direito)
I. Título.

23-168107 CDU-347.962:726
Índices para catálogo sistemático:

1. Cooperativas : Suspeição : Juízes : Processo


civil 347.962:726

Cibele Maria Dias - Bibliotecária - CRB-8/9427

Todos os direitos reservados no Brasil, por Januário Barbosa dos Santos Júnior.
Autor independente - Uberaba – MG.
E-mail: januariojunioradvocacia@yahoo.com.br

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“Mesmo que as hienas sejam os predadores mais
bem sucedidos da África, atacando sozinhas ou
até mesmo em alcateias, diferentes delas os leões
não fogem do combate e não se acovardam diante

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dos rivais, leões nascem e morrem leões”.

Januário Barbosa dos Santos Júnior


Advogado do interior de Minas Gerais - Brasil

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Dedicatória

E ste livro é a concretização de uma série de estudos e pesquisas


em torno de temáticas ligadas à suspeição e ao impedimento

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de juiz que atua nos processos de cooperativas da qual é sócio coopera-
do. Ao longo desses meses, algumas pessoas foram de grande relevância
para a execução deste trabalho e para a minha vida profissional.
Daqueles que eu guardo com afeto e estima, aproveito esta opor-
tunidade para fazer as devidas referências. Àquele senhor que sempre
acreditou nos meus sonhos e fez com que eu nunca desistisse dos meus
planos. É ele que, há 30 anos, incentivou meus estudos e em nenhum
momento desta batalha pediu para eu desistir de lutar.
Ao pai do Ravel, pois sem a sua parceria, ajuda, paciência, since-
ridade, idealismo, competência e profissionalismo, sem dúvidas, eu já

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teria sucumbido.
Quero prestar uma homenagem ao filho do senhor Joaquim, ho-
mem que é exemplo de retidão, honrado, que resistiu e não se curvou
diante das opressões, injustiças, autoritarismos e ordens ilegais e arbi-
trárias dos seus superiores hierárquicos. Homem corajoso, destemido,
valente, sendo em algumas ocasiões bruto e ignorante, na mais pura es-
sência da palavra, porém, cotidianamente, cortês, gentil, polido e bem-
-educado. Profissional dedicado e decente, talhado pela implacabilidade
das dificuldades da vida. Íntegro, digno, probo, estimado, respeitado e
respeitoso, distinto dos seus pares, de reputação ilibada, duro consigo
próprio, um ser humano à frente do seu tempo, para mim um modelo.
Dedico este compilado de legislação e fundamentações doutriná-
rias a todas as pessoas que se solidarizaram e apoiaram a minha luta e a
todas aquelas que, em algum momento de suas vidas, foram impedidas
de trabalhar, em decorrência da superioridade e poder dos seus adversá-
rios, desafetos e inimigos.

Januário Barbosa dos Santos Júnior

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SUMÁ R IO

Introdução - A aplicação da hermenêutica do direito

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I • A Magna Carta do Rei João Sem-Terra e do Devido Processo Legal. 20
II • As cooperativas do ponto de vista legal ........................................... 26
III • Das sociedades cooperativas e anônimas ........................................ 34
- Da sociedade anônima...................................................... 35
- Da sociedade cooperativa.................................................. 36
IV • Das cooperativas agropecuárias........................................................ 40
V • Das cooperativas de crédito............................................................... 45
VI • Da diferença entre cooperativas de crédito e bancos......................... 56
VII • Dos impedimentos do juiz no NCPC............................................... 63

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- Da conceituação................................................................ 63
- Da fundamentação jurídica dos impedimentos do juiz..... 64
- Da fundamentação jurídica provisória de três ministros do
STF na ADIN...................................................................... 66
- Dos procedimentos a serem adotados após tomar conheci-
mento do impedimento........................................................ 72
- Da aplicação das hipóteses dos impedimentos aos auxiliares
da justiça............................................................................. 73
- Do entendimento doutrinário a respeito do instituto do impe-
dimento............................................................................... 74
VIII • Da suspeição do juiz no NCPC................................................... 79
- Da conceituação............................................................... 79
- Da fundamentação jurídica da suspeição do juiz............. 80
- Dos procedimentos a serem adotados após tomar conheci-
mento da suspeição.............................................................. 81
- Da aplicação das hipóteses da suspeição aos auxiliares da
justiça.................................................................................. 83

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- Do entendimento jurisprudencial a respeito da suspeição do
juiz ...................................................................................... 84
- Do entendimento doutrinário a respeito do instituto da sus-
peição ................................................................................. 84
IX • Da lacuna do regramento do rol taxativo do impedimento ............ 87

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X • Do impedimento do juiz de atuar em processos nos quais figuram
como partes cooperativas sendo ele sócio cooperado .............................90
- Da conceituação de judiciário e juiz ................................ 90
- Dos fundamentos jurídicos do impedimento do juiz nos ter-
mos do inciso V do art. 144 do NCPC ................................. 91
- Das cooperativas ............................................................... 93
- Do método de interpretação da norma .............................. 96
- Da sociedade cooperativa pessoa jurídica ......................... 98
- Da taxatividade do rol de impedimentos do julgador ...... 100
XI • Da suspeição do juiz, de atuar em processos nos quais figuram como

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partes cooperativas sendo ele sócio cooperado .................................... 105
- Dos fundamentos jurídicos da suspeição do juiz nos termos
do inciso IV do art. 145 do NCPC ................................... 105
- Das cooperativas ............................................................. 106
- Do interesse do sócio cooperado no resultado positivo nas
operações realizadas pela cooperativa .............................. 108
- Do entendimento jurisprudencial da suspeição nos termos
do inciso IV ....................................................................... 109
- Do entendimento doutrinário a respeito do instituto da sus-
peição ................................................................................ 117
- Da não equiparação do juiz cooperado de sociedade coo-
perativa com as sociedades anônimas .............................. 122
- Da não equiparação do juiz cooperado de sociedade coope-
rativa com o juiz cliente de banco .................................... 123
- Do descumprimento dos princípios jurídicos ................. 125
- Os princípios jurídicos doutrinários ............................... 132
- Da Imparcialidade .......................................................... 132
- Da Legalidade ................................................................ 136
- Da Verdade Real ............................................................. 138
- Da Boa-Fé Processual ..................................................... 139

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-Da Boa-Fé Objetiva ................................................... 141
- Do Processo Justo e Efetivo ............................................ 143
XII • Da suspeição do juiz, de atuar em processos nos quais figuram como
partes cooperativas, sendo ele sócio cooperado ................................... 146
- Dos fundamentos jurídicos da suspeição do juiz nos termos

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do inciso III do art. 145 do NCPC ................................ 146
- Dos créditos e débitos do sócio cooperado perante a socie-
dade cooperativa .............................................................. 148
- Do entendimento doutrinário a respeito do instituto da sus-
peição ............................................................................... 150
- Da não equiparação do juiz cooperado de sociedade coope-
rativa com as sociedades anônimas .................................. 151
- Da não equiparação do juiz cooperado de sociedade coope-
rativa com o juiz cliente de banco .................................... 151
- Do descumprimento dos princípios jurídicos .................. 151
XIII • Um caso concreto analisado com os fundamentos dos capítulos

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anteriores............................................................................................... 154
XIV • Da responsabilidade civil e criminal dos conselhos de administração
e fiscal da sociedade cooperativa ..........................................................160
XV • Da responsabilidade civil do juiz ............................................... 174
XVI • Da responsabilidade civil do Estado .......................................... 187
XVII • Conclusão.................................................................................. 193
XVIII • Glossário.................................................................................. 196
XIX • Bibliografia.................................................................................. 216

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Agradecimentos

A os que acreditam na justiça e com honradez cumprem


suas atribuições profissionais e pessoais, o meu muito

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obrigado. Os bons exemplos fazem com que tenhamos força para
continuar lutando todos os dias.
Contudo, infelizmente, a sociedade não é feita apenas de pes-
soas que possuem boa conduta. Portanto, aos que não acreditavam
nos meus ideais e tentaram me persuadir a desistir de lutar, muito
obrigado. Graças a vocês, continuo lutando por justiça e pelo direito
de exercer a profissão que eu escolhi, o Direito.
Meu reconhecimento a todas as autoridades que não realiza-
ram seu trabalho, ou que sequer me ouviram, com exceção de duas.

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A todas as autoridades que usaram sua influência e poder, maculan-
do a imagem de suas respectivas carreiras bem-sucedidas, com o
objetivo de concretizar a blindagem necessária para a preservação
daquele que deveria ser exemplo de retidão e conduta apropriada,
mas não é.
E também, e não menos importantes, aos bajuladores que con-
tribuíram para a perpetração das condutas inapropriadas e das arbi-
trariedades, fazendo com que o bajulado tivesse certeza de que era
protegido e perdesse a noção da realidade.
Muito obrigado! Graças a vocês eu continuo de pé e ainda es-
tou aqui.

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Prólogo

P rezados leitores, meu nome é Januário Barbosa dos Santos


Júnior, sou advogado e milito no interior de Minas Gerais,

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com escritórios nas cidades de Uberaba e Iraí de Minas. Nasci em
1971, na cidade de Uberaba, no Triângulo Mineiro. Graduei-me em
Direito, em dezembro de 2000, aos 30 anos de idade.
Sou um advogado simples, sem títulos ou honrarias políticas e
premiações oferecidas pela sociedade. Não tenho título de mestrado
ou doutorado, não ministrei aulas em faculdades e não me atrevi a
prestar concursos para o ingresso em nenhuma das carreiras jurídicas
do Estado. Contudo, mesmo diante dessas características, classifico-
-me como um advogado vocacionado e com uma experiência cons-
truída ao longo dos anos na advocacia prática.

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Cada ser humano, mesmo que inconscientemente, tem um códi-
go moral e de conduta, que define suas ações no decorrer da sua vida.
Avaliando essa frase de maneira clara e objetiva, aproveito para fazer
um comparativo com a minha trajetória.
O meu código de conduta foi desenvolvido ao longo dos anos
e vem sendo aperfeiçoado de acordo com as minhas construções pes-
soais e profissionais e minha concepção do que é correto ou não. Essas
avaliações perpassam pelas responsabilidades de cada um dentro do
núcleo familiar e nas relações com a sociedade de maneira geral, tendo
como base os regramentos legais e os ensinamentos transmitidos pe-
los meus pais e por pessoas que tenho como referência de integridade
moral e ética.
Ao longo de mais de 22 anos do exercício da advocacia, sempre
adotei uma postura respeitosa, elegante e gentil no trato com todas as
pessoas com as quais tive contato profissional. O tratamento respei-
toso com o próximo não significa ser subserviente ou submisso dian-

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te das adversidades com que nos deparamos ao longo dos anos, nem
mesmo fugir das batalhas ou abdicar dos meus direitos ou até mesmo
da justiça.
Há mais de 15 meses, venho travando uma luta jurídica com
um juiz do interior de Minas Gerais. Essa história começou em decor-

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rência de decisões judiciais inconsistentes, arbitrárias e juridicamente
contraditórias.
Quando decidi me contrapor a esse senhor (é importante res-
saltar que tenho grande respeito pelos integrantes do poder judiciário,
entretanto a conduta e postura adotadas por esse juiz são totalmente
diversas dos demais membros do judiciário de primeiro grau que co-
nheço. Por essa razão, decidi, há mais de 11 meses, tratá-lo apenas
pelo pronome de tratamento senhor). Não passava pela minha cabeça
as grandiosas dificuldades as quais eu enfrentaria a partir dessa deci-

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são.
Mesmo diante de todas as incertezas sobre os resultados e o fu-
turo, não titubeei e resolvi lutar em busca de meus direitos. Porém
muito me equivoquei e minimizei as possíveis consequências desse
enfrentamento, afinal se tratava de uma pessoa que, ao que me parece,
goza de grande influência política e conta com a proteção de alguns
de seus pares.
Como nos processos, determinadas decisões podem ser definiti-
vas e, diante de algumas situações, a única opção possível é avançar,
caminhar para a frente, por isso tenho adotado todas as medidas legais
em busca de uma das virtudes que eu mais admiro entre os indivíduos,
a justiça.
Não há dúvida e tenho convicção de que nessa luta não há pari-
dade de “armas”. As diferenças são explícitas e exorbitantes. É como
uma luta entre Davi e Golias. Neste momento, sirvo-me desse exem-
plo e comparação com esse grande guerreiro para lhes dizer que nesta
batalha não tenho nenhuma proteção e armaduras contra um gigante.
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Mas, assim como Golias, eu também confio em Deus e, neste caso,
também confio e acredito na justiça.
Quando tomei a decisão de lutar por justiça, imparcialidade nas
decisões e contra perseguição, em que minha competência jurídica,
honra e moral estavam sendo colocadas em xeque, não poderia abrir

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mão das “armas” que possuía, para me nivelar ao meu oponente. Por
isso aproveitei todos os recursos “bélicos” que a Constituição Federal
me proporciona.
Ignorar os efeitos práticos do Novo Código Cível, em troca da
expectativa de que algum “amigo” lutasse pelos meus direitos, teria
um custo muito alto e sem a garantia de sucesso. Contudo eu me sen-
tiria um covarde e essa palavra não figura no meu código de conduta e
moral, como sendo algo para me orgulhar.
Diante disso, não poderia ainda estar do lado oposto dos Cons-

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titucionalistas, Civilistas, Processualistas, Criminalistas, Doutrinado-
res, Magistrados, Desembargadores, Ministros e membros do Ministé-
rio Público, que prezam por sua honra, corretos, probos, com conduta
moral e ética exemplares e blindados pelo manto da legalidade.
Por todas essas razões, não posso conceder ao meu adversário
a justa paridade de armas, pois cada um fez a opção pelo caminho a
seguir e a quem aliar-se. No meu caso, travo uma batalha solitária,
com pouquíssimos aliados e sem grandes exércitos, mas com a certeza
de ser um guerreiro amparado pela honra e a ética, diferente do meu
oponente. Ele pode tentar buscar equilíbrio, entretanto o custo tem
sido alto para essa tal falsa “calmaria”, pois seu capital político está se
esgotando e adotar uma postura legalista, neste momento da batalha, é
quase impossível para ele, diante do transcorrer desse embate.
Em meados de dezembro de 2022, prossegui minha investiga-
ção em busca de mais provas que pudessem demonstrar a conduta
irregular desse senhor. Realizei pesquisas no site do CRI-MG (Cen-
tral Eletrônica de Registro de Imóveis de Minas Gerais - https://www.
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crimg.com.br/) com o número do cadastro de pessoa física (CPF) do
mesmo (número que aparece nas suas assinaturas eletrônicas) em um
raio de 100 km ao redor da comarca da qual o mesmo é titular de uma
secretaria.
A partir dessas buscas, localizei uma fazenda de sua proprie-

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dade há mais de 12 anos e uma outra fazenda, da qual o mesmo era
arrendatário há mais de 10 anos. Nessas matrículas, havia mais de
20 averbações de cédulas de produto rural (que são títulos de crédito
representando a promessa de entrega de produtos rurais no futuro) e
cédula rural pignoratícia e hipotecárias (que são títulos de crédito vin-
culados a contrato de penhor rural e com garantia do imóvel para o
pagamento) em nome de duas cooperativas, sendo uma cooperativa de
crédito e outra, agropecuária.
Com essas informações, pesquisei no PJE-TJMG processos nos

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quais as referidas cooperativas figuravam como parte, tendo locali-
zado mais de 180 processos virtuais e mais de 50 processos sistema
físico do TJMG. Destaco que uma cooperativa era parte em mais de
220 processos e a outra em 9 processos, que estavam tramitando ou
tramitaram na secretaria da qual ele era o juiz titular. Em face dessa
descoberta, apresentei duas reclamações na Corregedoria do TJMG e
duas no CNJ.
Posteriormente, mesmo não sendo parte ou procurador, proto-
colei, em todos os processos virtuais, uma petição contendo cópias
das matrículas dos imóveis rurais, demonstrando juridicamente que
esse senhor era suspeito para julgar os referidos processos, em razão
de ter interesse na causa, por ser cooperado das cooperativas. Vez que
existem rateio de sobras e prejuízos entre os cooperados de acordo
com a legislação pertinentes e os estatutos respectivos que continham
essa redação.
Após referidos protocolos, ocorreram algumas manifestações,
minimizando a atuação irregular do julgador nos processos, com o
fundamento na tese de que o mesmo era apenas um cliente. E que a
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sua relação nesse caso era semelhante à de um juiz com os bancos dos
quais são titulares ou era semelhante à relação de um juiz com uma
operadora de companhia telefônica etc.
Uma colega do Paraná, Dra. Patrícia Martinha Fabrício de Sou-
za, à qual aproveito para prestar deferência, ao tomar conhecimento

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das petições juntadas nos processos, identificou mais duas situações
de suspeição, apontando que aquele senhor era devedor e credor das
sociedades cooperativas. Avaliei aquela situação e adotei então a con-
clusão da colega e protocolei nova petição nos processos virtuais.
Após esses protocolos, fui contratado por dois cooperados para
ajuizar ação de suspeição contra o juiz em questão e, após 30 dias
do protocolo, o mesmo se manifestou, não reconhecendo a suspei-
ção, com o fundamento de que era apenas um cliente da cooperativa,
que não participava da direção ou administração da mesma, que não

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participava de assembleias e sua situação era semelhante à de outras
empresas das quais ele é cliente. Após essa manifestação, passei a es-
tudar o tema e buscar embasamentos mais sólidos, em jurisprudências,
doutrinas e conceitos dos institutos citados nas peças e nas decisões.
Em razão dos estudos que realizamos a respeito do tema, e da
falta de doutrinas e material com abordagem específica do impedimen-
to e suspeição do juiz de julgar processos de cooperativas das quais
é cooperado, senti-me incentivado e decidi me aventurar e escrever o
meu primeiro livro.
Quando fazemos a leitura de um texto jurídico, é comum a cita-
ção do termo jurista para se referir aos estudiosos do direito; normal-
mente, são mestres e doutores em direito, professores de universida-
des, advogados renomados, membros do Poder Judiciário, Ministério
Público, Procuradorias Municipais, Estaduais e Federais
A doutrina do direito nasce com os estudos que os juristas reali-
zam a respeito de determinado tema, com base na legislação vigente,
nos entendimentos de outros juristas, nas jurisprudências dos tribu-
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nais, no direito comparado e na interpretação e análise de todos esses
elementos, aplicados ao caso concreto ou de forma genérica.
Espero que as horas que estudamos e pesquisamos sobre o tema
desse compilado de legislações, doutrinas e conceitos jurídicos, soma-
das com as correlações das análises e interpretações realizadas por nós

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possam colaborar com leitores e operadores do direito que porventura
se deparam com um caso semelhante.
A todos que se dispuseram a ler algumas páginas deste trabalho,
os meus mais sinceros e cordiais agradecimentos.

Januário Barbosa dos Santos Júnior


Advogado e aprendiz de escriba, general de um exército si-
lencioso de indivíduos que lutam pela justiça e por sua honra.

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Prefácio

A ratificação de um Estado democrático de direitos pressupõe,


necessariamente, a estrita observância das relações de poder e domi-

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nação, que dentro do escopo constitucional, garantem a sobrevida
desse que é, indubitavelmente, o regime de governo mais inclusivo e
abrangente de todos.
O Estado, por si só, é uma figura amorfa, todavia os seus repre-
sentantes, denotados por aqueles que constituem os três poderes (Exe-
cutivo, Legislativo e Judiciário) são responsáveis por dar feição e legi-
timidade às prerrogativas e aos ditames constitucionalmente impostos.
Logo o indivíduo que está disposto a compor quaisquer cargos
de governo deve ter em mente que ele não representa a si próprio,
enquanto um sujeito dotado de direitos e deveres, e sim que simboliza

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uma instituição a qual está para além de sua existência e de seu domí-
nio, e seu poder deve ser aplicado com fins ao bem comum e ao estrito
cumprimento das disposições que constam na Constituição Federativa
de 1988.
Com base nisso, todo poder de decisão conferido a um represen-
te do Estado deve pautar-se na estrita observância da lei, valendo-se da
objetividade e imparcialidade como modus operandi.
Entretanto o extremado acúmulo de poder e influência observa-
do em algumas figuras governamentais suscita uma questão que per-
meia o Brasil há séculos: a impunidade atrelada ao abuso de poder.
A impunidade, infortunadamente, é uma patologia que atenta,
sobremaneira, aos pilares da democracia, haja vista que ela incita e
engendra, no imaginário coletivo, uma deturpação e ressignificação
de conceitos por demais caros à nossa sociedade: justiça e isonomia.

Redigido por um jovem que se inebriou do brilhantismo literá-


rio do escritor Lev Tolstói – autor do clássico – A morte de Ivan Ilitch.
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Introdução
A APLICAÇÃO DA HERMENÊUTICA DO DIREITO

P ara facilitar a compreensão e propiciar aos leitores que es-

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tejam pesquisando a respeito de suspeição e impedimento
de juiz que é sócio cooperado de cooperativa de crédito e agrope-
cuária, utilizaremos, no decorrer do livro, a hermenêutica aplicada
ao Direito. Que na sua concepção clássica, e de forma concatenada,
associa os fundamentos jurídicos, doutrinários, jurisprudenciais e
conceituais ao tema proposto.

A HERMENÊUTICA APLICADA AO DIREITO


Desde o momento em que tomamos a decisão de escrever este
livro, tínhamos a convicção de que o debate desta temática somente

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seria possível se apresentássemos alguma análise ou visão que pu-
desse diferir das já encontradas e consagradas entre os doutrinadores
e as decisões dos tribunais superiores.
A Hermenêutica, sendo o estudo da interpretação das palavras
e de textos, quando aplicada ao direito, é chamada de Hermenêutica
do Direito, que é a interpretação dos termos ou palavras técnicas
jurídicas e dos preceitos legais.
Através deste método de interpretação, combinado com a ar-
gumentação jurídica, que é inerente a todo estudante do Direito, pes-
quisamos a respeito do INSTITUTO DO IMPEDIMENTO DO
JUIZ QUE É SÓCIO DE SOCIEDADE COOPERATIVA.
Após a pesquisa e análise detalhada do tema, concluímos que
a argumentação por nós desenvolvida tem potencial de afastar de
forma definitiva a tese fundada no inciso I, do art. 36 do decreto lei
nº 35/1979, que institui a lei orgânica da Magistratura Nacional, que
“veda ao magistrado de exercer o comércio ou participar de socieda-
de comercial, inclusive de economia mista, exceto como acionista
ou quotista”.
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Como será demonstrado no capítulo IX, inexiste relação, vín-
culo, correspondência, correlação ou simetria entre a permissão
de ser acionista ou quotista de sociedade comercial e o instituto do
impedimento, descrito no inciso V do art. 144 do NCPC, que dispõe
sobre o impedimento do magistrado de exercer suas funções no pro-

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cesso, quando for sócio ou membro de direção ou de administração
de pessoa jurídica parte no processo.
O jurista e Ministro do STF Carlos Maximiliano Pereira dos
Santos (1873-1960) em 1924, lançou o livro Hermenêutica e Apli-
cação do Direito, no qual descreve, já em suas primeiras páginas,
sobre a Hermenêutica Jurídica. Reproduzimos alguns trechos nos
próximos parágrafos. Vejamos:

“A Hermenêutica Jurídica tem por objeto o estudo e a sistema-


tização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o
alcance das expressões do Direito.

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As leis positivas são formuladas em termos gerais; fixam re-
gras, consolidam princípios, estabelecem normas, em lingua-
gem clara e precisa, porém, ampla, sem descer a minúcias. É
tarefa primordial do executor a pesquisa da relação entre o
texto abstrato e o caso concreto, entre a norma jurídica e o fato
social, isto é, aplicar o Direito. Para o conseguir, se faz mister
um trabalho preliminar: descobrir e fixar o sentido verdadeiro
da regra positiva; e, logo depois, o respectivo alcance, a sua
extensão. Em resumo, o executor extrai da norma tudo o que na
mesma se contém: é o que se chama interpretar, isto é, determi-
nar o sentido e o alcance das expressões do Direito.
A Interpretação, como as artes em geral, possui a sua técnica,
os meios para chegar aos fins colimados. Foi orientada por
princípios e regras que se desenvolveu e aperfeiçoou à medida
que evolveu a sociedade e desabrocharam as doutrinas jurídi-
cas. A arte ficou subordinada, em seu desenvolvimento progres-
sivo, a uma ciência geral, o Direito, obediente, por sua vez, aos
postulados da Sociologia; e a outra, especial, a Hermenêutica.
Esta se aproveita das conclusões da Filosofia Jurídica; com o
auxílio delas fixa novos processos de interpretação; enfeixa-os
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num sistema, e, assim, areja com um sopro de saudável moder-
nismo a arte, rejuvenescendo-a, aperfeiçoando-a, de modo que
se conserve à altura do seu século, como elemento de progres-
so, propulsor da cultura profissional, auxiliar prestimosa dos
pioneiros da civilização.

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Do exposto ressalta o erro dos que pretendem substituir uma
palavra pela outra; almejam, ao invés de Hermenêutica, Inter-
pretação. Esta é aplicação daquela; a primeira descobre e fixa
os princípios que regem a segunda. A Hermenêutica é a teoria
científica da arte de interpretar.

A aplicação do Direito consiste no enquadrar um caso con-


creto em a norma jurídica adequada. Submete às prescrições
da lei uma relação da vida real; procura e indica o dispositivo
adaptável a um fato determinado. Por outras palavras: tem por
objeto descobrir o modo e os meios de amparar juridicamente
um interesse humano.

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O direito precisa transformar-se em realidade eficiente, no in-
teresse coletivo e também no individual. Isto se dá, ou mediante
a atividade dos particulares no sentido de cumprir a lei, ou
pela ação, espontânea ou provocada, dos tribunais contra as
violações das normas expressas, e até mesmo contra as sim-
ples tentativas de iludir ou desrespeitar dispositivos escritos ou
consuetudinários. Assim resulta a Aplicação, voluntária quase
sempre; forçada muitas vezes. Verificado o fato e todas as cir-
cunstâncias respectivas, indaga-se a que tipo jurídico perten-
ce. Nas linhas gerais antolha-se fácil a classificação; porém,
quando se desce às particularidades, à determinação da espé-
cie, as dificuldades surgem à medida das semelhanças frequen-
tes e embaraçadoras. Mais de um preceito parece adaptável
à hipótese em apreço; entre as regras que se confundem, ou
colidem, ao menos na aparência, de exclusão em exclusão se
chegará, com o maior cuidado, à verdadeiramente aplicável,
apropriada, preferível às demais.

Busca-se, em primeiro lugar, o grupo de tipos jurídicos que se


parecem, de um modo geral, com o fato sujeito a exame; re-
duz-se depois a investigação aos que revelam semelhança evi-
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dente, mais aproximada, por maior número de faces; o último
na série gradativa, o que se equipara, mais ou menos, ao caso
proposto, será o dispositivo colimado.

Interpretar é explicar, esclarecer; dar o significado de vocá-


bulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras palavras um pen-

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samento exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro de uma
expressão; extrair, de frase, sentença ou norma, tudo o que na
mesma se contém.

Pode-se procurar e definir a significação de conceitos e inten-


ções, fatos e indícios; porque tudo se interpreta; inclusive o
silêncio.

O que se aceita como verdade, quando examinado de um modo


geral, também se verifica em o caso especial a que este livro
se refere direta e imediatamente, isto é, no campo da jurispru-
dência. Entretanto, ainda aí cumpre distinguir entre Interpre-

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tação no sentido amplo e a que se toma na acepção restrita. É
da última que, em rigor, se ocupa a Hermenêutica; porquanto
a primeira abrange a ciência do Direito, inteira; constitui “o
grande e difícil problema cujo conhecimento faz o jurisconsul-
to verdadeiramente digno deste nome”.

Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito. p.


5-9.
A sistematização dos processos aplicáveis para determinar o
sentido e o alcance das expressões do Direito é ferramenta usada por
todos aqueles que são advogados profissionalmente vocacionados, em
que relacionam as legislações, doutrinas, jurisprudências, conceitos
jurídicos, tratados nos quais o Brasil é signatário e interpretações pes-
soais, com o objetivo de obter a fundamentação jurídica, a ser empre-
gada no caso prático ou em uma decisão a ser proferida.

A aplicação da Hermenêutica Jurídica será a mola mestra do


presente livro. Nele utilizaremos os estudos, pesquisas, análises e to-
dos os demais recursos disponíveis, aliados e somados ao nosso enten-
dimento e interpretação a respeito do tema.
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I • A Magna carta do Rei João Sem-Terra e
do devido processo legal

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O conceito e entendimento doutrinário a respeito do Devido
Processo Legal é apresentado neste primeiro capítulo, onde ele é o
mais importante princípio inserto na Constituição Federal, pois dele
se derivam todos os demais, entre eles: Igualdade; Imparcialidade;
legalidade; Juiz Natural; Contraditório e Ampla Defesa
O indivíduo, ao se socorrer perante o Poder Judiciário, espe-
ra que o responsável pelo julgamento da sua demanda tenha uma
conduta de imparcialidade, não apresentando tendência favorável a
qualquer das partes; que ocorra igualdade de tratamento; que sejam
respeitadas e aplicadas as leis que se encontram em vigor; que lhe

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seja concedido o direito ao contraditório e à ampla defesa, com o
fim de que o direito seja aplicado de forma justa pelos operadores
da justiça.
O Devido Processo Legal teve suas raízes na Inglaterra em
1215, quando os nobres e o alto clero impuseram ao Rei João Sem-
-Terra a assinatura da Magna Carta, que limitava o poder real e
criava um parlamento, passando aqueles que derrotaram o Rei a
compor este parlamento.
É importante salientar que a Magna Carta não foi uma de-
claração de direitos universais, foi sim um pacto celebrado entre o
Rei Joao Sem-Terra e os Barões, cujo objetivo era obrigar o Rei a
respeitar os costumes e direitos tradicionais.
O site Vademecumbrasil.com.br apresenta o presente signifi-
cado do Rei João Sem-Terra. Vejamos:
JOÃO SEM-TERRA. Foi rei da Inglaterra do período de
1199 a 1216, e foi absolutamente irascível em seu reinado,
impondo a todo o reino uma política tributária altamente
onerosa cobrando de seus súditos impostos cada vez mais
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elevados. Toda essa política autoritária tinha como obje-
tivo imediato cobrir os gastos na guerra contra a França
em 1204, pois João Sem-Terra almejava proteger as terras
perdidas para a coroa francesa, liderada pelo rei Filipe II.
Como resultado dessa política desastrosa, no entanto, João
Sem-Terra sofreu uma grande derrota e perdeu suas terras

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do norte para a França. Outro ponto negativo do reinado
de João Sem-Terra seria a sua relação conturbada com os
representantes do alto clero, em que após sérias discussões,
chegou a ser excomungado pelo Papa Inocêncio III, consi-
derado pelos historiadores o Papa mais poderoso da histó-
ria. Esse conflitou só foi resolvido em 1213, quando João
Sem-Terra, enfim, se submeteu a hegemonia papal. Poste-
riormente, em 1214, João Sem-Terra entra em uma nova
guerra contra a França, desta vez para reconquistar as ter-
ras que havia perdido outrora.

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Fonte: (https://vademecumbrasil.com.br/palavra/joao-sem-terra).

Os autores Cláudio de Cicco e Álvaro de Azevedo Gonzaga


(Teoria Geral do Estado e Ciência Política, p. 109-110) lecionam a
respeito do Rei João Sem-Terra e Magna Carta de 1215:

“Enquanto, a partir do séc. XIII, em toda a Europa se assis-


tiu ao fenômeno da concentração de poderes pelos monarcas,
em detrimento dos senhores feudais e das corporações de ar-
tífices, na Inglaterra sucedeu o contrário, devido a um fato
histórico importante. Em 1066, a Inglaterra foi conquistada
pelos normandos do norte da França que subjugaram os an-
tigos habitantes anglo-saxões orgulhosos de sua autonomia
desde que ocuparam a antiga Britânia dos Romanos.

Como reação contra o estrangeiro normando, os anglo-sa-


xões se mantiveram em atitude de rebelião e guerrilha até
o advento dos Plantagenetas que pretenderam pacificar a
Inglaterra concedendo cargos para anglo-saxões influentes.
Mas essa política foi interrompida por João Sem-Terra quan-
do carregou o país de pesados tributos para conseguir subsí-
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dios, em sua guerra pelo trono francês. Foi quando se deu o
levante de 1215, que culminou na assinatura da Magna Carta
que limitava o Poder real e criava o Parlamento, com repre-
sentantes do clero e da nobreza (Câmara dos Lordes); e dos
burgueses e artífices (Câmara dos Comuns). Inaugurou-se ali
o regime, ou sistema, do parlamentarismo, que em suas li-

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nhas gerais permanece até hoje, apesar de várias tentativas
de restauração do absolutismo nos sécs. XVI e XVII, que oca-
sionaram revoltas e declarações de direitos em 1648 e 1688
para reforçar e/ou restaurar o regime parlamentarista.”

O eminente jurista e Ministro do STF Alexandre de Moraes


(Direito Constitucional, p. 30) discorre a respeito do Devido Proces-
so Legal:
“A Constituição Federal de 1988 incorporou o princípio do
devido processo legal, que remonta à Magna Charta Liber-

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tatum de 1215, de vital importância no direito anglo-saxão.”

“Igualmente, o art. XI, n° 1, da Declaração Universal dos Di-


reitos do Homem, garante que “todo homem acusado de um
ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que
a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei,
em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas
todas as garantias necessárias à sua defesa.”
Os autores Cláudio de Cicco e Álvaro de Azevedo Gonzaga
(Teoria Geral do Estado e Ciência Política, p. 161-162) dissertam a
respeito da Magna Carta de 1215:
“Magna Charta (1215d.C.) Podemos dizer que a Magna
Carta, também chamada de Magna Carta Libertatum, foi o
primeiro diploma que defendeu os direitos do homem perante
o poder político do Estado. Imposta pelos senhores feudais
ingleses ao despótico Rei João Plantagenet, chamado “o
sem-terra” em 15 de junho de 1215, a Magna Carta visava
reduzir os poderes dos Reis da Inglaterra que, antes desse di-
ploma, eram ilimitados. Tal diploma garante a independência
da Igreja perante o Estado (art. 1.°), a legalidade dos tributos
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(art. 12) e dispõe que ninguém pode ser preso sem prévio
julgamento (art. 39).”

O jurista e magistrado Guilherme de Souza Nucci (Constitui-


ção Federal comentada, p. 234-235) leciona a respeito do Devido
Processo Legal:

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“Embora exista um flagrante vazio na doutrina em relação
ao importante princípio do devido processo legal, a realida-
de demonstra que a sua origem deu-se na Magna Carta de
1215: “Nenhum homem livre será capturado ou aprisionado,
ou desapropriado dos seus bens, ou declarado fora da lei, ou
exilado, ou de algum modo lesado, nem nós iremos contra
ele, nem enviaremos ninguém contra ele, excepto pelo julga-
mento legítimo dos seus pares ou pela lei do país.” Na atual
redação, a expressão final (“pela lei do país”) é substituída
por devido processo legal.”

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“O devido processo legal, segundo temos sustentado, é um
princípio regente, que envolve todos os demais princípios pe-
nais e processuais penais. Para que alguém seja condenado
com justiça, dentro dos legítimos parâmetros constitucionais,
torna-se fundamental o fiel respeito ao devido processo legal.
Trata-se de instituto que remonta à Magna Carta de 1215.
Nenhum homem pode ser preso ou privado de sua proprie-
dade a não ser pelo julgamento de seus pares ou pela lei da
terra” (assim também MORAES, Alexandre de. Direito cons-
titucional. 33a ed. São Paulo: Atlas, 2017, p. 112; BAS-TOS,
Celso. Curso de direito constitucional. São Paulo: Sarava,
1997, p. 226). A célebre expressão by the law of the land (lei
da terra ou do país), que inicialmente constou da redação
desse documento histórico, transmudou-se para due process
of law (devido processo legal). A modificação vernacular não
teve o condão de apartar o significado histórico do princípio:
nasceu como o princípio da legalidade (não há crime sem lei
que o defina, nem pena sem lei que a comine - a lei do país).
Tratou-se de uma garantia aos abusos cometidos pelo sobe-
rano, que mandava prender quem bem entendia; esse signi-
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ficado perdurou por séculos, não se podendo descartá-lo na
atualidade.”

O jurista José Afonso da Silva (Curso de Direito Constitucio-


nal Positivo, p. 431) descreveu a respeito do Devido Processo Legal:

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“O princípio do devido processo legal entra agora no Di-
reito Constitucional positivo com um enunciado que vem da
Carta Magna inglesa: ninguém será privado da liberdade ou
de seus bens sem o devido processo legal (art. 5°, LIV). Com-
binado com o direito de acesso à Justiça (art. 5°, XXXV) e o
contraditório e a plenitude de defesa (art. 5°,LV), fecha-se
o ciclo das garantias processuais. Garante-se o processo, e
“quando se fala em ‘processo’, e não em simples procedimen-
to, alude-se, sem dúvida, a formas instrumentais adequadas,
a fim de que a prestação jurisdicional, quando entregue pelo
Estado, dê a cada um o que é seu, segundo os imperativos da

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ordem jurídica. E isso envolve a garantia do contraditório, a
plenitude do direito de defesa, a isonomia processual e a bi-
lateralidade dos atos procedimentais”, conforme autorizada
lição de Frederico Marques.”

O autor Fredie Didier Jr (Introdução ao Direito Processual


Ci¬vil, Parte Geral e Processo de Conhecimento, p. 102-104, grifo
nosso) disserta a respeito do princípio do Devido Processo Legal:
“O inciso LIV do art. 5° da Constituição Federal prevê que
“ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o
devido processo legal”.

“A locução “devido processo legal” corresponde à tradução


para o português da expressão inglesa “due process of law”.
Law, porém, significa Direito, e não lei (“statute law*”). A
observação é importante: o processo há de estar em confor-
midade com o Direito como um todo, e não apenas em con-
sonância com a lei. “Legal”, então, é adjetivo que remete a
“Direito”, e não a Lei.”

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“O texto constitucional que consagra o devido processo legal
é uma cláusula geral (sobre as cláusulas gerais, ver o capítu-
lo introdutório neste volume do Curso). Exatamente em razão
disso, o significado normativo desse texto foi modificado ao
longo da história.”

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“O texto/fórmula/enunciado devido processo legal (due pro-
cess of law) existe há séculos (nestes termos, em inglês, desde
1354 d. C., a partir de Eduardo III, rei da Inglaterra).”

“A noção de devido processo legal como cláusula de prote-


ção contra a tirania é ainda mais antiga: remonta ao Édito
de Conrado II (Decreto Feudal Alemão de 1037 d. C.)7, no
qual pela primeira vez se registra por escrito a ideia de que
até mesmo o Imperador está submetido às “leis do Império”.

“Esse Decreto inspirou a Magna Carta de 1215, pacto entre o


Rei João e os barões, que consagrava a submissão do rei in-

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glês a law of the land, expressão equivalente a due process of
law, conforme conhecida lição de Sir Edward Coke. A Magna
Carta costuma ser tida como o mais remoto documento nor-
mativo histórico de consagração do devido processo legal,
até mesmo em razão da forte influência que exerceu na for-
mação dos direitos Inglês e estadunidense.”

CONCLUSÃO
O respeito ao Devido Processo Legal é premissa básica dentro
do Estado Democrático de Direito. Aquele que desrespeita quais-
quer dos princípios nele incluídos ou dele derivados atenta contra
todos que depositam no Poder Judiciário a confiança e esperança de
que, independentemente da cor da sua pele, raça, orientação sexual,
condição financeira ou religiosa, os preceitos constitucionais terão a
mesma relevância e peso na balança da justiça ao serem aplicados
ao caso concreto.

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II • As cooperativas
do ponto de vista legal

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m dezembro de 1971, foi sancionada a lei nº 5.764, que
definiu a política nacional de Cooperativismo e instituiu o
regime jurídico das sociedades cooperativas.
A referida lei foi tão bem elaborada que o seu texto continua
em vigor, passando por poucas alterações ao longo dos anos (alterou a
redação do art. 42, pela lei nº 6.981/82; revogou os seguintes dispositi-
vos do texto original: § 3º do art. 10, § 10º do art. 18, art. 84, parágrafo
único do art. 86, art. 88, pela lei complementar nº 130/2009; alterou
a redação do art. 82, pela lei nº 11.076/2004; alterou a redação do art.
88, pela medida provisória nº 2.168-40/2001) e está inserida em todos

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os estatutos sociais das cooperativas criadas desde então.

Dispõe no art. 4º da lei nº 5.764/71:


Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma
e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a
falência, constituídas para prestar serviços aos associados,
distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes carac-
terísticas:
I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados,
salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;
II - variabilidade do capital social representado por quotas-
-partes;
III - limitação do número de quotas-partes do capital para
cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de crité-
rios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o
cumprimento dos objetivos sociais;
IV - incessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros,
estranhos à sociedade;

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V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais,
federações e confederações de cooperativas, com exceção
das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da
proporcionalidade;
VI - quorum para o funcionamento e deliberação da Assem-

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bleia Geral baseado no número de associados e não no ca-
pital;
VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcional-
mente às operações realizadas pelo associado, salvo delibera-
ção em contrário da Assembleia Geral;
VIII - indivisibilidade dos fundos de Reserva e de Assistência
Técnica Educacional e Social;
IX - neutralidade política e indiscriminação religiosa, racial e
social;
X - prestação de assistência aos associados, e, quando previsto
nos estatutos, aos empregados da cooperativa;

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XI - área de admissão de associados limitada às possibilidades
de reunião, controle, operações e prestação de serviços.

O texto legal conceitua as cooperativas como sociedades de pes-


soas e cita que há distinção dessas com as demais sociedades e enumera
essas características nos onze incisos do art. 4º da lei nº 5.764/71. O
legislador foi preciso, ao conceituar cooperativa no corpo da referida
norma, evitando-se assim interpretações subjetivas a respeito do alcance
e responsabilidades desta sociedade.
A jurista e civilista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p.
1038, A-C) conceitua COOPERATIVA nos seguintes termos:
“COOPERATIVA – Associação sob a forma de sociedade com
número aberto de membros, que tem por escopo estimular a pou-
pança, a aquisição e a economia de seus associados, mediante
atividade econômica comum. A cooperativa, urbana ou rural, é
a sociedade de pessoas, sem fins lucrativos, com forma e natu-
reza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeita à falência,
constituída para prestar serviços a seus associados...”

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A jurista e civilista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p. 471,
Q-Z) também conceitua SOCIEDADE COOPERATIVA nos seguintes
termos:
“SOCIEDADE COOPERATIVA – Direito civil. Associação
sob forma de sociedade simples de pessoas e não de capital,

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com fim não econômico, constituída intuitu personae, tanto
no que se refere ao capital como no tocante aos direitos e de-
veres dos sócios. E uma sociedade não-empresarial com nú-
mero aberto de membros, que presta serviços aos associados
sem objetivo de lucro, regendo-se pelo princípio da mutua-
lidade, que requer a conjugação paritária de esforços entre
os associados para, por meio da entidade, obter resultados
comuns, eliminando intermediários na circulação da riqueza.
A cooperativa, sendo sociedade simples, não está sujeita à
falência, e é constituída para prestar serviços aos associados,
de modo que os negócios por ela realizados são de ordem
interna, sendo um prolongamento da economia de cada as-

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sociado. Tem por escopo estimular a poupança, a aquisição
e a economia de seus associados, mediante atividade econô-
mica comum. Constitui uma forma de organização de ativi-
dade econômica, tendo por finalidade a produção agrícola ou
industrial ou a circulação de bens ou de serviços. Vende as
mercadorias por preços módicos apenas a seus associados,
ou lhes consegue fundos sem intuitos lucrativos, repartindo,
no final das atividades exercidas, as bonificações proporcio-
nais às compras ou operações feitas por cada membro. Tem
por caracteres: variabilidade, ou dispensa do capital social;
concurso de sócios em número mínimo necessário a compor
a administração da sociedade, sem limitações de número má-
ximo; limitação do valor da soma de quotas do capital social
que cada sócio poderá tomar; intransferibilidade das quotas
do capital a terceiros estranhos à sociedade, ainda que por
herança; quorum para a assembleia geral funcionar e delibe-
rar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não
no capital social representado; distribuição dos resultados,
proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo
sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao

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capital realizado; indivisibilidade do fundo de reserva entre
os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade.”
Os conceitos acima descritos expõem com clareza as principais
características de cooperativa e sociedade cooperativa. Para agregar aos
ensinamentos da renomada jurista, apresentaremos o entendimento de

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alguns doutrinadores em relação a algumas peculiaridades que tornam
esta sociedade distinta das demais.
A autora Emanuelle Urbano Maffioletti (As Sociedades Coopera¬-
tivas e o Regime Jurídico Concursal na p. 138-139, grifo nosso) descreve
a função dos sócios na sociedade cooperativa nos seguintes termos:
“Cada um dos sócios tem função relevante para a atividade
cooperativa e isso caracteriza o caráter nitidamente pessoal
da sociedade cooperativa, qualificada juridicamente como
sociedade de pessoas. Nela, a figura dos sócios, a participa-
ção deles na vida social e os vínculos pessoais entre o sócio e

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a sociedade cooperativa ocupam o primeiro plano, em detri-
mento da participação financeira do sócio e da remuneração
ao capital investido. Aqui os sócios se fundem para trabalhar,
para prestar serviços, por necessitar de serviços e para forti-
ficar a posição econômica de compradores, trabalhadores e
devedores, e não para obter remuneração máxima do capital
investido.
É um modelo de sociedade democrática estruturada para
valorizar a participação de todos os sócios na gestão e no
desenvolvimento de seu objeto social, na atividade de pro-
dução ou comercialização, bem como no uso ou consumo de
bens ou prestação de serviços. Em virtude da predominância
das pessoas dos sócios sobre o capital, cada sócio tem uma
limitação máxima nas quotas adquiridas e singularidade de
voto, de modo que todos eles têm o mesmo poder decisório. ”
A autora destaca que, na sociedade cooperativa, a união entre
os sócios cooperados é fortalecida pelo interesse mútuo e não o in-
dividual.

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Podemos afirmar que o cooperativismo, em seus princípios e
valores, reforça a importância da união de pessoas com interesses e
objetivos em comum.
A autora Emanuelle Urbano Maffioletti (As Sociedades Coo-
perativas e o Regime Jurídico Concursal na p. 142-143, grifos nos-

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sos) disserta sobre a finalidade da sociedade cooperativa:
“Desse modo, a satisfação dos interesses dos sócios e a causa
que motiva a associação e é a finalidade direta da sociedade
cooperativa, que nada mais é do que intérprete dos sócios.
A cooperativa age diretamente e sem intermediários para
melhor satisfazer às pretensões sociais, culturais e econômi-
cas dos cooperados, lembrando que essa atuação se faz pela
atividade cooperativa que se desenvolve com a participação
deles. A condição de sócios e utentes interfere na organização
da cooperativa, pelo que se permite a realização dos interes-
ses domésticos ou empresariais.

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Enfim, a atividade cooperativa e dirigida pelos sócios para
a satisfação de suas necessidades, que é a finalidade da coo-
perativa. E essa identidade entre os interesses dos sócios e
o fim da sociedade cooperativa implica na função das coo-
perativas como gestora de interesses alheios. Ela recebe os
bens e serviços dos sócios e oferece para terceiros, ou para
os próprios sócios; ou, ao contrário, compra bens e contrata
serviços de terceiros para fornecer aos sócios. Esse recebi-
mento ou fornecimento diz respeito ao intercâmbio de bens
e serviços, ao próprio funcionamento da cooperativa e está
apartado do capital social. Existe, portanto, uma gestão que
se regula pelo regime organizacional próprio da cooperativa
... e os sócios têm o crédito ou débito com a cooperativa de
valores correspondentes.”
Como bem descrito acima, na sociedade cooperativa, elimina-
-se o intermediário, reduzindo os custos e potencializando benefí-
cios financeiros e pessoais entre os sócios cooperados.
A autora Emanuelle Urbano Maffioletti (As Sociedades Coo-

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perativas e o Regime Jurídico Concursal na p. 157-158) discorre so-
bre o regime econômico das cooperativas:
“A atividade econômica cooperativa é estruturada para obter
um melhor resultado econômico e social para os sócios, em
virtude da função intermediadora que exerce. Também não se

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descartam outras finalidades de natureza social decorrentes
da cooperação entre os sócios, futuros sócios, outros agentes
econômicos e a coletividade. Dentre as peculiaridades das
cooperativas, revela-se a existência de uma estrutura própria,
baseada na dupla condição do sócio, que tanto aporta bens,
serviços e fundos como participe da atividade cooperativa e
é usuário, e também na prestação de atividade econômica a
terceiros não-sócios que se relacionam com a cooperativa.
Os princípios e a identidade da cooperativa trazem muitos
conceitos relevantes ao regime econômico, e que particula-
rizaram a sociedade como cooperativa. são exemplos disto:

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a variabilidade do capital social, o tratamento econômico
diferenciado entre os resultados dos negócios internos (atos
cooperativos) e demais negócios, o retorno dos excedentes
e a previsão de regime de fundos e dotações financeiras que
permitem a consecução da atividade econômica da coopera-
tiva com relativa estabilidade independentemente da saída do
cooperado.”
Destacamos, em relação ao posicionamento da autora acima,
a questão relacionada à segurança e confiabilidade econômica, que
este modelo de sociedade oferece aos seus associados.
Emanuelle Urbano Maffioletti, na p. 159, grifo nosso, pondera
a respeito do regime econômico das cooperativas para os negócios
internos nos termos a seguir:
“Para viabilizar o escopo mutualístico, o regime econômico
estabelece regras para traçar o recebimento e a distribuição
de resultados financeiros dos atos cooperativos pela coopera-
tiva, que é a gestora dos interesses dos cooperados. Os sócios
aportam/adquirem bens e serviços para a sociedade coopera-
tiva como usuários e assumem o risco pela atividade econô-
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mica da cooperativa, esperando obter vantagens econômicas
com a prestação desses bens ou serviços pela cooperativa.
Os negócios celebrados internamente, que correspondem ao
ato cooperativo, particulariza o regime econômico da coo-
perativa. Aqui, os sócios contribuem à prática do ato coo-

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perativo e dividem as sobras ou perdas na proporção da
contribuição/uso dos serviços gerados pela cooperativa, com
os descontos das despesas expendidas pela cooperativa para
viabilizar a operação, seja realizar a compra, contratar ser-
viços, complementar a produção e distribuir bens ou serviços
no mercado. ”
Diferente de outras, as sociedades cooperativas não visam a
lucros e, quando bem administradas, geram resultados positivos, que
são revertidos para os sócios cooperados nas denominadas sobras, as
quais são rateadas entre os sócios cooperados na proporção de sua
movimentação na cooperativa.

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Em nota de rodapé, o autor embasa seu texto com os conceitos de
sobras do autor W. Franke, grifo nosso:
“W. FRANKE, Direito das sociedades cooperativas - direito coo-
perativo cit. (nota 140 supra), pp. 20-1, delimita esses conceitos
da seguinte forma: “(..]’As sobras’, tecnicamente, não são lu-
cros, mas saldos de devedores obtidos dos associados para a
cobertura de despesas, e que, pela racionalização ou pela faixa
de segurança dos custos operacionais com que a cooperativa
trabalhou, não foram gastos, isto é, ‘sobraram’, merecendo, por
isso, a denominação de ‘despesas poupadas’ ou ‘sobras. Ora,
corresponde a uma exigência de justiça distributiva que as “so-
bras’ sejam devolvidas aos cooperados na mesma medida em
que estes contribuíram para a sua formação. A ideia de devo-
lução das sobras aos associados na proporção das operações
que tenham feito com a sociedade, deu nascimento ao instituto
jurídico do retorno, o qual, no dizer de GIDE, constitui no qua-
dro das conquistas sociais contemporâneas uma das criações
mais geniais do século XIX, legada ao mundo pelos equidosos
pioneiros de Rochdale.”

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A nota de rodapé acima descrita externa, de forma objetiva, o
significado do termo “sobras”, que é terminologia utilizada com fre-
quência na legislação do cooperativismo e nos estatutos sociais das
cooperativas. Saliente que o referido termo não significa lucros e des-
pesas poupadas serão devolvidas aos cooperados, nas próprias pala-

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vras do autor.
O autor Alfredo de Assis Gonçalves Neto (Sociedades Coope-
rativas. p. 77-90) cita os 13 ramos cooperativos atuantes no Brasil: a)
Agropecuárias; b) Consumo c) Créditos; d) Educacionais; e) Especial
– sociais; f) Habitacional; g) Infraestrutura; h) Mineração; i) Produ-
ção; j) Saúde; k) Trabalho; l) Transporte; m) Turismo e Lazer;
A legislação que regulamenta o cooperativismo se aplica a to-
dos os ramos, havendo algumas particularidades para cada um deles;
entretanto, não é nosso objetivo o aprofundamento na questão do coo-

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perativismo em geral, pois o foco do presente livro está direcionado
a Cooperativas Agropecuárias e de Crédito. Por essa razão, não abor-
daremos os demais ramos cooperativos citados no parágrafo anterior.

CONCLUSÃO
As sociedades cooperativas, por terem como princípio o bene-
fício do coletivo e não primar seu foco para o lucro, trazem diversos
benefícios para os cooperados, principalmente em relação à paridade
do valor do voto, participação no rateio das sobras e sua responsabi-
lidade ser limitada ao capital social de suas quotas.

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III • Das sociedades cooperativas e
anônimas

O Código Civil de 2002 traz, nos art. 981 a 1.195, o regra-

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mento do direito das empresas
De forma didática e de fácil compreensão, o legislador definiu
sociedade no art. 981 do referido diploma legal, com a seguinte re-
dação:
Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que re-
ciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços,
para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre
si, dos resultados.

A brilhante jurista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p.

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470, v. 4 – Q-Z) conceitua sociedade de forma bastante ampla. Ra-
zão pela qual, apresentamos, neste estudo, apenas os termos que se
relacionam com o direito civil e comercial, tanto que nos cingiremos
à transcrição das duas definições a seguir:

“Sociedade – 4. Direito civil. a) Contrato social. b) Con-


venção por via da qual duas ou mais pessoas se obrigam a
conjugar seus esforços ou recursos para a realização de fim
comum. O interesse dos sócios é idêntico, por isso, todos, com
capitais ou atividades, se unem, por meio de contrato, para
lograr uma finalidade, econômica ou não...”

“Sociedade Empresária – Direito comercial. Aquela em que


o capital e o fim lucrativo são essenciais à sua constituição,
por exercer atividade econômica organizada para a produ-
ção e circulação de bens e serviços; como está sujeita à falên-
cia, tem direito à recuperação judicial e extrajudicial; além
disso, pode ter seu contrato de locação renovado compulso-
riamente. ”

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Analisando a legislação que trata do direito empresarial, pode-
mos afirmar que o legislador dedicou uma atenção especial no trato
com as sociedades comerciais. Vez que o texto legal descreve os
conceitos e características de cada uma das sociedades comerciais, o
que facilita o entendimento e reduz a necessidade de interpretações

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que, por vezes, contraria a intenção e alcance que o legislador proje-
tou para determinada norma.
Optamos por não acompanharmos a sequência contida no NCC
de 2015, e assim, limitamo-nos a abordar, neste singelo e despreten-
sioso trabalho, tão somente as sociedades Anônimas e as sociedades
Cooperativas.

DA SOCIEDA DE A NÔNIMA

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O legislador definiu a Sociedade Anônima nos arts. 1.088 e
1.089, nos seguintes termos:
Art. 1.088. Na sociedade anônima ou companhia, o capital di-
vide-se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somen-
te pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir.
Art. 1.089. A sociedade anônima rege-se por lei especial, apli-
cando-se lhe, nos casos omissos, as disposições deste Código.

A jurista e civilista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p.


470, v. 4 – Q-Z) assim conceituou:
“Sociedade Anônima – Direito comercial. Sociedade em que
o capital social é integralmente divido por ações, sendo que
os acionistas responderão pelo valor das que subscreveram
ou adquiriram. É pessoa jurídica de direito privado de natu-
reza comercial, tendo capital dividido em ações, sob uma de-
nominação, limitando-se a responsabilidade dos acionistas ao
preço de emissão das ações subscritas ou adquiridas. Consti-
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tuindo-se uma sociedade de capital com finalidade lucrativa,
a sua denominação pode designar um nome de fantasia ou
a de seu fundador, acompanhado do aditivo S/A. Seu capital
social divide-se em ações, que representam uma fração do ca-
pital social. Três são as espécies de sociedade anônima: a) a
companhia aberta, se os valores mobiliários de sua emissão

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puderem ser negociados em bolsa ou mercado de balcão; b) a
companhia fechada, se não tiver autorização para lançar os
títulos de sua emissão no mercado de capitais, obtendo recur-
sos entre os próprios acionistas; c) a pequena companhia, que
não sendo integrante de grupo de sociedades, deve ter menos
de vinte acionistas e patrimônio líquido inferior ao valor no-
minal de vinte mil BTNs (hoje TR).”

São exemplos de empresas de Sociedade Anônima: TELE-


FÔNICA DO BRASIL S.A; ALGAR TELECOM S.A; TIM S.A;
CLARO S.A; BANCO DO BRASIL S.A; ALLIANZ SAÚDE S.A;

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HAPVIDA PARTICIPAÇÕES E INVESTIMENTOS S.A; AMIL
PARTICIPAÇÕES S.A; BANCO BRADESCO S.A..

DA SOCIEDA DE COOPER ATIVA

O legislador tratou da Sociedade Cooperativa nos arts. 1.093


e seguintes do NCC:
Art. 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto
no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial.
Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa:
I - variabilidade, ou dispensa do capital social;
II - concurso de sócios em número mínimo necessário a com-
por a administração da sociedade, sem limitação de número
máximo;
III - limitação do valor da soma de quotas do capital social

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que cada sócio poderá tomar;
IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros estra-
nhos à sociedade, ainda que por herança;
V - quorum, para a assembleia geral funcionar e deliberar,
fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no

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capital social representado;
VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, tenha
ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor de sua
participação;
VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor
das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, podendo
ser atribuído juro fixo ao capital realizado;
VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios,
ainda que em caso de dissolução da sociedade.
Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos

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sócios pode ser limitada ou ilimitada.
§ 1 o  É limitada a responsabilidade na cooperativa em que o
sócio responde somente pelo valor de suas quotas e pelo pre-
juízo verificado nas operações sociais, guardada a proporção
de sua participação nas mesmas operações.
§ 2 o  É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que
o sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações
sociais.
Art. 1.096. No que a lei for omissa, aplicam-se as disposições
referentes à sociedade simples, resguardadas as característi-
cas estabelecidas no art. 1.094.

A jurista e civilista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p.


471-472, v. 4 – Q-Z) igualmente conceitua:

“Sociedade Cooperativa – Direito civil. Associação sob forma de


sociedade simples de pessoas e não de capital, com fim não eco-
nômico, constituída intuitu personae, tanto no que se refere ao
capital como no tocante aos direitos e deveres dos sócios. E uma
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sociedade não-empresarial com número aberto de membros, que
presta serviços aos associados sem objetivo de lucro, regendo-se
pelo princípio da mutualidade, que requer a conjugação paritá-
ria de esforços entre os associados para, por meio da entidade,
obter resultados comuns, eliminando intermediários na circu-
lação da riqueza. A cooperativa, sendo sociedade simples, não

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está sujeita à falência, e é constituída para prestar serviços aos
associados, de modo que os negócios por ela realizados são de
ordem interna, sendo um prolongamento da economia de cada
associado. Tem por escopo estimular a poupança, a aquisição e
a economia de seus associados, mediante atividade econômica
comum. Constitui uma forma de organização de atividade eco-
nômica, tendo por finalidade a produção agrícola ou industrial
ou a circulação de bens ou de serviços.

Vende as mercadorias por preços módicos apenas a seus asso-


ciados, ou lhes consegue fundos sem intuitos lucrativos, repar-

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tindo, no final das atividades exercidas, as bonificações propor-
cionais às compras ou operações feitas por cada membro. Tem
por caracteres: variabilidade, ou dispensa do capital social;
concurso de sócios em número mínimo necessário a compor a
administração da sociedade, sem limitações de número máximo;
limitação do valor da soma de quotas do capital social que cada
sócio poderá tomar; intransferibilidade das quotas do capital a
terceiros estranhos à sociedade, ainda que por herança; quo-
rum para a assembleia geral funcionar e deliberar, fundado no
número de sócios presentes à reunião, e não no capital social
representado; distribuição dos resultados, proporcionalmente
ao valor das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade,
podendo ser atribuído juro fixo ao capital realizado; indivisibili-
dade do fundo de reserva entre os sócios, ainda que em caso de
dissolução da sociedade.”
São exemplos de empresas cooperativas: Cooperativas de
Crédito, Cooperativas Agropecuárias, Cooperativas de Saúde ...

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CONCLUSÃO
Feitas as considerações acima, constata-se tratar-se as socieda-
des cooperativas e as sociedades anônimas de organismos absoluta-
mente distintos, com exceção dos termos do art. 53 da lei 5.764/71,

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que equiparou os componentes da administração e do conselho fis-
cal, bem como liquidantes, aos administradores das sociedades anô-
nimas para efeito de responsabilidade criminal.

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IV • Das cooperativas agropecuárias

As cooperativas agropecuárias representam um dos mais bem


sucedidos segmentos do ramo cooperativo no Brasil.

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O autor Alfredo de Assis Gonçalves Neto (Sociedades Coope-
rativas. p. 508) registra:
Nessa linha, Schneider (1981, p. 114-198) já afirmava que:

[...] o cooperativismo surgiu, historicamente, como um siste-


ma formal, porém simples, de organização de grupos sociais
com objetivos e interesses comuns, estando o seu funciona-
mento amparado, basicamente, nos princípios da ajuda mútua
e do controle democrático da organização pelos seus mem-
bros. Daí o caráter sui-generis desse tipo de organização, da

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qual os associados seriam, ao mesmo tempo, proprietários e
usuários.

Dentre os ramos de atuação das cooperativas, merece des-


taque o agropecuário, pois, além de ser um dos ramos com
maior número de cooperativa e cooperados no Brasil, o leque
de atividades econômicas abrangidas por ele é enorme e sua
participação na economia em quase todos os países é signifi-
cativa.

No ramo agropecuário, em dados atuais fornecidos pela OCB


(2017), tem-se que esta atividade emprega: 188.777 pessoas,
bem como é composta por 1.555 cooperativas e 1.016.606 as-
sociados, ou seja, mais de um milhão de pessoas encontram-
-se engajadas/associadas em uma cooperativa agropecuária.

Dentre os itens produzidos em cooperativas, destacam-se ar-


roz, feijão, carne, legumes, ovos, leite e café, sendo possível
afirmar que no prato de todo brasileiro tem sempre um ali-
mento produzido por uma cooperativa do ramo agropecuário.
O campo brasileiro é protagonista na produção de alimentos

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e na geração de trabalho e renda no País, contribuindo não
apenas para o desenvolvimento do agronegócio, mas da eco-
nomia brasileira (OCB, 2017).”

As cooperativas agropecuárias, ao reunirem em sociedade pro-


dutores de determinado segmento, seja da agricultura ou da produ-

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ção de proteína animal, reduzem todo o custo da cadeia de produ-
ção. A negociação da produção, realizada de forma concentrada e
em volumes elevados, garante maior valor ao produto final do sócio
cooperado.
As cooperativas agropecuárias se valem de algumas ferra-
mentas de financiamento, de grande importância para os coopera-
dos, as quais possibilitam que eles utilizem a produção ou a pro-
priedade como garantia de financiamentos que, por vezes, não está
relacionada com recursos financeiros diretos, e sim fornecimento de
insumos e equipamentos, adquiridos pelas cooperativas e repassados

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para os cooperados por valores inferiores aos praticados no mercado
comum.
As principais garantias de créditos são: 1) Cédula de Produto
Rural; 2) Cédula de Crédito Rural 2.1) Cédula Rural Pignoratícia;
2.2) Cédula Hipotecária; 5) Penhor Agrícola; 6) Penhor Rural.
Apresentamos abaixo os conceitos descritos pela jurista Maria
Helena Diniz (dicionário jurídico) das garantias reais acima citadas:

1) CÉDULA DE PRODUTO RURAL – (CPR). Direito


agrário e direito cambiário. 1. Título de crédito represen-
tativo da promessa de entrega futura de produtos rurais,
com ou sem garantia cedularmente constituída. Com isso o
agropecuarista pode obter fundos, por meio da venda ante-
cipada de produtos em bolsa de mercadorias com a simples
promessa de torna-los disponíveis de acordo com a quan-
tidade, qualidade e outras condições preestabelecidas, em
local predeterminado. Essa cédula tem por escopo tornar
mais fácil o acesso de produtores rurais e suas associações
a recursos financeiros que lhes possibilitem bancar os custos

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em implantação e manutenção das lavouras e em eventuais
períodos de estocagem dos produtos (Pedro Ramos). 2. Títu-
lo emitido por produtor rural ou suas associações, inclusive
cooperativas, na forma da lei. (V.1 – A-C – p.609).
2) CÉDULA DE CRÉDITO RURAL – Direito civil e di-

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reto bancário. título de crédito civil, líquido e certo, emitido
por banco, tendo por base um empréstimo, para garantir o
pagamento. Trata-se de uma promessa de pagamento em di-
nheiro assegurada ou não cedularmente por uma garantia,
que não precisará ser real, ou melhor, incidente sobre a coi-
sa. As cédulas de credito rural são: pignoratícias, hipote-
cárias ou pignoratícias e hipotecarias. (V.1 – A-C – p.609).
grifo nosso
2.1) CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA – Direito civil,
Título de crédito vinculado ao contrato de penhor rural,
emitido para garantir o pagamento do empréstimo, sendo

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transferível por endosso, de forma que os direitos creditórios
se exercem pelo endossatário em cujo poder se encontra; e
resgatável a qualquer tempo desde que se efetue o respectivo
pagamento. E, na lição de Caio Mario da Silva Pereira, um
título formal, líquido e certo, exigível pela soma ali lançada
e com validade contra terceiro desde que feita sua inscrição
na coletoria ou repartição arrecadadora federal. (V.1 – A-C
– p.610).
2.2) CEDULA RURAL HIPOTECÁRIA. Direto civil. Tí-
tulo de crédito vinculado a uma hipoteca rural, emitido por
uma instituição financeira como garantia do pagamento de
empréstimo feito a quem exerce atividade agrícola ou pecuá-
ria. (V.1 – A-C - p.610).
3) PENHOR AGRÍCOLA. Direito agrário, Direito real
que grava culturas. Podem ser objeto de penhor agrícola:
colheitas pendentes ou em vias de armação; frutos armaze-
nados ou acondiciona. dos para venda; madeiras das matas
preparadas para o corte, em toras ou já serradas e lavradas;
Tenha cortada ou carvão vegetal; máquinas e instrumentos
agrícolas; animais de serviço ordinário de estabelecimento
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agrícola. O prazo do penhor agrícola não pode ser superior
a três ou quatro anos, prorrogável uma vez por igual tempo,
devendo ser mencionada, no contrato, a época da colheita
da cultura empenhada, e, embora vencido, permanece a ga-
rantia enquanto subsistirem os bens que a constituem, sendo
que nos contratos de financiamento de café o prazo máximo

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é de quatro anos. (V.3 – J-P - p.610).
4) PENHOR RURAL. Direito agrário. Direito real de ga-
rantia pelo qual agricultor ou criador gravam sua cultura ou
seus animais para assegurar o cumprimento de seus débitos.
Pode ser agrícola ou pecuário. No penhor rural dispensa-se
a tradição; os bens empenhados continuam em poder de seus
proprietários devedores, que conservam a posse direta na
qualidade de depositários, ficando o credor com a posse in-
direta. O penhor rural deve ser registrado, para ter eficácia
contra terceiros, no registro imobiliário da comarca em que
estiverem situados os bens ou os animais empenhados. Feito

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o assento do contrato de penhor rural, o oficial do registro
expedirá, a pedido do credor, a cédula rural pignoratícia,
com todos os dados e especificações necessárias ao exato co-
nhecimento do negócio garantido pignoraticiamente. Mas,
nada obsta a que o devedor, prometendo pagar em dinheiro
o débito, a emita espontaneamente em favor do credor, na
forma determinada em lei especial. (V.3 – J-P - p.612).

O jurista Arnaldo Rizzardo (Contrato de Crédito Bancário, p.


234) apresenta o conceito da terceira modalidade de cédula de cré-
dito rural, que é a CÉDULA RURAL PIGNORATÍCIA E HIPO-
TECÁRIA, nos seguintes termos:
“Constitui uma garantia real no empréstimo, envolvendo
bens móveis e bens imóveis. Como diz Amador Paes de Al-
meida, o penhor “é o direito real que submete uma coisa mó-
vel ao pagamento de um débito. Hipoteca, ao revés, é direito
real constituído em favor do credor sobre coisa imóvel do
devedor. Assim, se o produtor, para garantia de empréstimo,

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vincula bens móveis, obrigar-se-á por cédula rural pignoratí-
cia; se vincula bens imóveis, obrigar-se-á, todavia, por cédu-
la rural hipotecária. Pode porém, acontecer que a garantia
oferecia pelo emitente do título abranja tanto bens móveis
como imóveis, hipótese em que obrigar-se-á por cédula rural
pignoratícia e hipotecária. Diante do envolvimento das duas

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espécies de bens, a formação da cédula obedecerá os ditames
próprios de cada hipótese (art.26 do Dec. Lei 167), com as
ressalvas que constam no art. 25..”.

CONCLUSÃO
A pujança do agronegócio brasileiro tem relação direta com as
sociedades cooperativas agropecuárias, que possibilitaram a união
dos produtores, em geral, em torno de uma causa comum, que é o
aumento da produtividade por hectare, redução de custos, acesso a

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equipamentos agrícolas de última geração e melhoria da qualidade
do produto final, que impacta de forma real as relações comerciais.
Independentemente de posições político-partidárias, o agrone-
gócio brasileiro tem garantido ao Brasil proteção contra as oscila-
ções que ocorrem com frequência no mercado financeiro mundial,
devido a sua alta produção e competividade, mesmo quando compa-
rado com países mais desenvolvidos do que o Brasil.

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V • Das cooperativas de crédito

As cooperativas de créditos, que são instituições financeiras e


não bancárias, estão presentes em todos os estados do Brasil. Elas

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surgiram para suprir uma necessidade da população, nos locais onde
as instituições bancárias não tinham interesse em abrir postos de
atendimentos.

A jurista e civilista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p.


1040, v. 1 – A-C) conceitua Cooperativas de crédito, nos seguintes
termos:
“São as Cooperativas como forma e natureza jurídica pró-
prias, constituídas para conceder crédito aos associados. O

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Banco Central autoriza o funcionamento de cooperativa de
crédito mútuo e de crédito rural e de cooperativa central de
crédito (Luiz Fernando Rudge). Urge lembrar que: a) con-
sistem em Caixa coletiva constituída com capital dos sócios
para tornar mais fácil a outorga de financiamentos ou em-
préstimos pecuniários a associados ou a outras cooperativas,
cobrando-se juros mínimos, uma vez que não há intermediá-
rio; ....”

Os cooperados ou sócios das cooperativas têm diversos bene-


fícios em relação aos clientes bancários, pois são ao mesmo tempo
sócios e clientes da instituição financeira, que não visa ao lucro e
sim, ao bem comum da sociedade.
A jurista e civilista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p.
481, v. 4 – Q-Z) conceitua sócio, nos seguintes termos:
“1. Aquele que faz parte de uma sociedade simples ou empre-
sária. 2. Membro de uma associação. 3. Aquele que se asso-
cia a outrem para explorar uma atividade econômica ou não.
4. Parceiro.”

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Os cooperados ou sócios das cooperativas, diferentes dos acio-
nistas de outras sociedades comerciais, não possuem ações e sim
quotas.
A jurista e civilista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico,
p. 481, v. 4 – Q-Z) conceitua sócio acionista e sócio cotista, nos

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seguintes termos:
“Sócio acionista – Aquele que possui ações em uma socieda-
de anônima, sociedade em comandita por ações ou socieda-
des de economia mista.”
“Sócio cotista – 1. Sócio de uma sociedade limitada. 2. Aque-
le que participa do capital social ao contribuir com quinhão,
ação ou quota (Waldirio Bulgarelli).”

O autor Alfredo de Assis Gonçalves Neto (Sociedades Coo-


pe¬rativas. p. 404, grifo nosso) conceitua Cooperado:

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“A conceituação de cooperado é bem mais simples e restrita.
São os associados da cooperativa que integralizaram uma
parte do seu capital (há casos, entretanto, de cooperativa
sem capital, conforme autorização do art. 1.094, I, do Código
Civil) e exercem seus direitos e deveres de cooperados, e que
nela ingressaram voluntariamente. Em algumas situações,
podem ser vinculados a determinada atividade ou profissão.”

“Pela legislação de regência, todos os cooperados partici-


pam da administração da cooperativa, por meio de seus ór-
gãos gestores e de fiscalização, elegendo seus representantes
e participando das decisões tomadas em assembleias gerais.
Para que a existência da cooperativa seja possível, os coo-
perados devem contribuir para sua capitalização, integrali-
zando suas cotas, a fim que a cooperativa possa investir e se
fortalecer. De onde se conclui que o fundamento básico da
existência do ente cooperativo está calcado na economia so-
lidária, onde todos os seus integrantes participam dos lucros
e prejuízos advindos das operações, devendo-se buscar, por
óbvio, a obtenção de um desempenho favorável aos coope-
rados.”
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Como bem descreveu o doutrinador, o cooperado é um as-
sociado da cooperativa. Ao se tornar sócio da cooperativa, com a
integralização do capital social, passa a ter direito na participação
em assembleias, com direito a voto em igualdade com os demais
cooperados, tendo em vista que o voto no sistema cooperativo é

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por cabeça, participando assim com os demais cooperados de for-
ma paritária das decisões a serem adotadas. E por ter adesão volun-
tária, o associado ou cooperado, não pode alegar o desconhecimen-
to das normas que regem as sociedades cooperativas.
No inciso IV do art. 4º da lei nº 5.764/71, consta o termo “in-
cessibilidade das quotas-partes do capital a terceiros”.
De acordo com o Dicionário Aurélio, p. 1.140, o termo in-
cessibilidade é qualidade de incessível, que significa “que não se
pode ceder.”

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Pelo teor do inciso acima citado, o cooperado ou associado
da cooperativa não pode vender, transferir ou ceder a terceiros es-
tranhos à sociedade suas quotas-partes.
No inciso VII do art. 4º da lei nº 5.764/71, consta o termo
“retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente, às
operações realizadas pelo associado...”.
O retorno das sobras líquidas, na proporção das operações
realizadas pelo associado/cooperado é um benefício que não en-
contra similaridade em nenhuma das demais sociedades comer-
ciais, o que incentiva o cooperado a realizar o máximo possível de
atos cooperativos com a sociedade, aumentando assim a devolução
das sobras.
A legislação que regulamenta o funcionamento das coopera-
tivas no Brasil tornou obrigatória, além do art. 4º e seus incisos, a
indicação no estatuto da cooperativa dos incisos do art. 21, que é a
devolução das sobras registradas aos associados ou do rateio das
perdas apuradas, descrita no inciso IV.

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Dispõe o art. 44 da lei nº 5.764/71, grifo nosso:
Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao dispos-
to no artigo 4º, deverá indicar:

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IV - a forma de devolução das sobras registradas aos associa-
dos, ou do rateio das perdas apuradas por insuficiência de
contribuição para cobertura das despesas da sociedade;

Nos três primeiros meses de cada ano, é convocada uma As-


sembleia Geral Ordinária, ocasião em que é apresentado demonstra-
tivo das sobras apuradas ou das perdas ocorridas no ano anterior.

É deliberada na referida assembleia a destinação das sobras


apuradas ou rateio das perdas decorrentes da insuficiência das con-

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tribuições para cobertura das despesas da sociedade.

Dispõe o art. 44 da lei nº 5.764/71, grifo nosso::


Art. 44. A Assembleia Geral Ordinária, que se realizará
anualmente nos 3 (três) primeiros meses após o término do
exercício social, deliberará sobre os seguintes assuntos que
deverão constar da ordem do dia:
c) demonstrativo das sobras apuradas ou das perdas decor-
rentes da insuficiência das contribuições para cobertura das
despesas da sociedade e o parecer do Conselho Fiscal.
II - destinação das sobras apuradas ou rateio das perdas de-
correntes da insuficiência das contribuições para cobertura
das despesas da sociedade, deduzindo-se, no primeiro caso
as parcelas para os Fundos Obrigatórios;

Dispõe o art. 80 da lei nº 5.764/71, grifo nosso:

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Art. 80. As despesas da sociedade serão cobertas pelos as-
sociados mediante rateio na proporção direta da fruição de
serviços. Parágrafo único. A cooperativa poderá, para me-
lhor atender à equanimidade de cobertura das despesas da
sociedade, estabelecer:

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I - rateio, em partes iguais, das despesas gerais da sociedade
entre todos os associados, quer tenham ou não, no ano, usu-
fruído dos serviços por ela prestados, conforme definidas no
estatuto;
II - rateio, em razão diretamente proporcional, entre os asso-
ciados que tenham usufruído dos serviços durante o ano, das
sobras líquidas ou dos prejuízos verificados no balanço do
exercício, excluídas as despesas gerais já atendidas na forma
do item anterior.

Dispõe o art. 89 da lei nº 5.764/71, grifo nosso::

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Art. 89. Os prejuízos verificados no decorrer do exercício se-
rão cobertos com recursos provenientes do Fundo de Reserva
e, se insuficiente este, mediante rateio, entre os associados,
na razão direta dos serviços usufruídos, ressalvada a opção
prevista no parágrafo único do artigo 80.

De acordo com o Dicionário Aurélio, p. 1.781, o termo RA-


TEIO significa “Ato ou efeito de ratear (dividir proporcionalmen-
te).”
O rateio dos prejuízos somente alcança as cotas dos coope-
rados, após a utilização da totalidade dos recursos provenientes do
fundo reserva.
O autor Carlos Barbosa Pimentel (Direito Comercial, p. 166,
grifo nosso) leciona:

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“Ao contrário das sociedades em geral, repita-se que a coo-
perativa não tem objetivo de lucro. Isso não significa afir-
mar que deva ter prejuízo. Na verdade, havendo resultado
positivo, este chamado de “sobras líquidas do exercício” e,
conforme a disposição do art. 4º, inciso VII, deve ser rateado
entre os sócios, proporcionalmente às operações realizadas

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por cada um. O mesmo raciocínio deve ser empregado quan-
do o resultado for negativo.”

De acordo com a conceituação acima apresentada, é possível


concluir que a sociedade cooperativa tem características totalmente
diversas das sociedades comerciais: simples, limitada, em nome co-
letivo, em comandita simples, em comandita por ações, anônima e
cota de participação.
A sociedade cooperativa, por ter rateio das sobras apuradas
ou das perdas (prejuízos), com deliberação em assembleia ordinária

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anual, traz um reflexo financeiro real para o cooperado.
Ao se analisar a legislação das sociedades cooperativas, obser-
va-se que o legislador não disciplinou a obrigatoriedade de participa-
ção dos cooperados nas assembleias, e muito menos fixou qualquer
tipo de penalidade ou prejuízo para o cooperado ausente. Também
não fixou nenhum benefício para o cooperado presente, a não ser a
garantia de votar em igualdade com os demais sócios cooperados,
independentemente do capital social integralizado de cada votante.
Nas sociedades cooperativas, não existe a figura do cliente
para os cooperados e sócios.

O autor Marlon Tomazette (Teoria Geral e Direito Societário.


p. 644, grifo nosso) apresenta seu entendimento a respeito da socie-
dade coope¬rativa. Vejamos:
“Como sociedade que é, a cooperativa tem por substrato um
grupo de pessoas que se reúnem para exercer certas ativida-
des. A princípio, nas cooperativas singulares, os cooperados
devem ser pessoas físicas, admitindo-se, apenas excepcio-

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nalmente, a associação de pessoas jurídicas que tenham por
objeto as mesmas ou correlatas atividades econômicas das
pessoas físicas ou, ainda, aquelas sem fins lucrativos. Além
disso, normalmente há condições estabelecidas, no estatuto,
ligadas à área de atuação das cooperativas, sem qualquer
tipo de discriminação. Há um princípio de portas abertas nas

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cooperativas, para o ingresso de novos cooperados.”

“Contudo, o STJ reconheceu que tal princípio não é absoluto,


sendo lícita “a previsão em estatuto social de cooperativa
de trabalho médico de processo seletivo público e de caráter
impessoal, exigindo-se conteúdos a respeito de ética médica,
cooperativismo e gestão em saúde como requisitos de admis-
são de profissionais médicos para compor os quadros da en-
tidade”

“Ingressando nas cooperativas, os sócios assumem obriga-

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ções, responsabilidades e também passam a gozar de certos
direitos decorrentes dessa condição. Entre as principais obri-
gações assumidas pelos cooperados, há o dever de lealdade
para com a cooperativa e para os sócios, bem como o dever
de concorrer para os prejuízos e para a formação das re-
servas. Caso haja capital social, também há a obrigação de
contribuir para esse capital.”

“Em contrapartida aos deveres, o sócio possui o direito de


igualdade, manifestado, essencialmente, nas votações que se
dão por cabeça, independentemente da participação no ca-
pital social. Além disso, há ainda o direito à participação no
rateio das sobras, bem como o direito à livre entrada e saída
da cooperativa.”
A interpretação apresentada pelos autores de obras sobre coo-
perativismo tem em comum o destaque que as cooperativas não têm
por fim o lucro; o voto por cabeça nas assembleias independe do
valor do capital social aportado na aquisição das cotas, do rateio das
sobras e de prejuízos.

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O autor Marlon Tomazette (Teoria Geral e Direito Societário.
p. 646, grifo nosso) apresenta seu entendimento a respeito da distri-
buição das sobras e juros na sociedade cooperativa. Vejamos:
“Embora não tenha fim lucrativo, é certo que o exercício de
atividade econômica pelas cooperativas gera resultados. No

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caso de prejuízos, eles serão repartidos entre os sócios, e no
caso de resultado positivo poderá haver a distribuição des-
sas sobras. Ressalte-se, desde já, que esse resultado positivo,
embora similar, não se confunde com os lucros, que não é
objetivado pelas cooperativas.”

“Havendo resultado positivo, este poderá ser destinado a re-


servas ou fundos, ou, ainda, poderá ser distribuído entre os
sócios, na proporção das operações por eles efetuadas, ou
seja, de acordo com o esforço de cada um é que serão distri-
buídas as eventuais sobras.”

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“Na Lei n. 5.764/71, a assembleia geral poderia atribuir ou-
tro destino aos resultados. Todavia, a dicção do Código Civil
nos leva a crer que esse dispositivo foi derrogado, de modo
que, agora, impõe-se a distribuição dos resultados, não dei-
xando mais esse poder com a assembleia geral.”

“Apesar de não mais poder decidir sobre o destino das so-


bras, é certo que a assembleia geral pode estabelecer o pa-
gamento de juros fixos ao capital realizado pelo cooperado,
isto é, a assembleia geral pode estabelecer uma remuneração
ao capital disponibilizado pelo cooperado. Esse pagamento
de juros tinha um limite máximo, na Lei n. 5.764/71, estipu-
lado em 12% ao ano. Arnaldo Rizzardo entende que o limite
de 12% ao ano continua valendo. Ousamos discordar desse
entendimento, porquanto ao tratar da matéria o Código Civil
não estabeleceu os limites, derrogando o limite anteriormen-
te estabelecido.”
Como bem observou o autor acima, o cooperativismo não tem
fins lucrativos, as atividades das cooperativas geram receitas po-
sitivas, pois, se assim não fosse, não haveria razão para existir. A
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criação e manutenção de uma cooperativa têm custos elevados, que
são cobertos pelas receitas geradas e, em sendo administradas com
responsabilidade, geram sobras que serão destinadas ao fundo de re-
serva e rateio entre os sócios cooperados.

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O autor Alfredo de Assis Gonçalves Neto (Sociedades Coo-
pe¬rativas. p. 153-154, grifo nosso) faz menção a respeito dos deve-
res do cooperado: contribuir com o Rateio das Perdas:
“Além da contribuição para o capital social, aplicável às
cooperativas que não dispensaram a sua formação, há uma
segunda obrigação, de caráter financeiro, relacionada ao ra-
teio das perdas incorridas pela cooperativa na consecução de
suas atividades.”

“Essa obrigação tem sua origem no direito societário geral,


estando consagrada no art. 1.007 do Código Civil: “Salvo

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estipulação em contrário, o sócio participa dos lucros e das
perdas, na proporção das respectivas quotas, mas aquele,
cuja contribuição consiste em serviços, somente participa dos
lucros na proporção da média do valor das quotas.”

“Apurada uma situação de déficit nas operações da coope-


rativa, compete à assembleia geral ordinária deliberar sobre
a destinação das sobras, ou sobre o rateio das perdas de-
correntes da insuficiência das contribuições efetuadas pelos
cooperados, para as despesas da sociedade (art. 44, II, da Lei
n° 5.764/1971). Essas contribuições dos cooperados para as
despesas da cooperativa - é importante destacar - advém, via
de regra, do fluxo financeiro resultante dos atos cooperati-
vos que, como qualquer outra operação financeira, ensejará
resultados positivos ou negativos. Não é por outra razão que
o art. 1.095, § 1°, do Código Civil veio a explicitar o critério
da contribuição do cooperado no rateio das perdas, ou pre-
juízos, quando versou da cooperativa de responsabilidade
limitada, dizendo que “[...] o sócio responde somente pelo
valor de suas quotas e pelo prejuízo verificado nas operações
sociais, guardada a proporção de sua participação nas mes-
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mas operações, ou seja, a obrigação do cooperado de par-
ticipar do rateio de perdas é condição inafastável, mesmo
no caso de cooperativas de responsabilidade limitada. Efeti-
va-se com base em critério semelhante àquele que norteia a
reversão das sobras, qual seja, a participação do cooperado
nas operações da sociedade cooperativa.”

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O rateio das sobras e das perdas, na proporção das ope-
rações realizadas na cooperativa, traz equilíbrio entre os
cooperados e incentiva a prioridade na cooperativa nos
negócios efetuados.

O autor Alfredo de Assis Gonçalves Neto (Sociedades Coo¬pe-


rativas. p. 406, grifo nosso) cita um entendimento a respeito da não
aplica¬bilidade do Código de Defesa do Consumidor nas relações
entre a cooperativa e o cooperado. Vejamos:

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“A esse propósito, confira-se o pensamento de Jane Apareci-
da Stefanes Domingues e Jefferson Nercolini Domingues, II
para quem não se pode perder de vista o aspecto societário
da cooperativa, de quem o associado é o dono e ao mesmo
tempo o tomador do crédito, sendo insustentável o binômio
cliente-fornecedor de serviço, como requisito nato para pro-
teção das relações de consumo. Por isso, sustentam esses au-
tores: “O Código de Defesa do Consumidor, Lei n° 8.078/90,
em seu art. 2°, conceitua o consumidor como ‘pessoa física
ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como
destinatário final’. Ora, in casu, inexiste a possibilidade jurí-
dica de aplicar-se o Código de Defesa do Consumidor às re-
lações entre cooperativa e associados. Todos os cooperados
são, em verdade, os proprietários ou donos da cooperativa,
e nunca consumidores finais DOMINGUES, Jane Apareci-
da Stefanes; DOMINGUES, Jefferson Nercolini. Cooperati-
vas de crédito no direito brasileiro. In: MEINEM, Ênio et al.
(Org.). Não aplicabilidade do código de defesa do consumi-
dor nas relações entre associados e cooperativas de crédito.
Porto Alegre: Sagra Luzzatto, 2002. p. 87.”

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Como bem acentuado pelo autor acima, não há possibilidade
jurídica de aplicação do Código de Defesa do Consumidor às re-
lações entre a sociedade cooperativa e os sócios cooperados, pois
todos são proprietários ou donos da cooperativa e nunca consumi-
dores finais. Não havendo, dessa forma, relação de consumo entre

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as partes.

CONCLUSÃO
A cooperativa de crédito tem por objetivo o atendimento
das demandas da coletividade dos associados, com uma gestão com-
prometida e boas práticas de governança cooperativa, com respon-
sabilidade administrativa, transparência, conduta ética e legal nas
decisões.
No que tange ao cooperativismo de crédito, não se deve
buscar exclusivamente o resultado positivo de operações a qualquer

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custo, principalmente em prejuízo do sócio cooperado, que deposita
sua expectativa de melhoria financeira nesse segmento associativo.

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VI • Da diferença entre
cooperativas de crédito e bancos

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distinção entre cooperativas de crédito e bancos será abor-
dada neste capítulo. É importante ressaltar que as coope-
rativas de crédito são instituições financeiras, o que as diferencia de
forma clara dos bancos que são instituições bancárias.
Os bancos são sociedades de capital. Por essa razão, os acio-
nistas que detêm maior número de ações possuem maior influên-
cia nas tomadas de decisões, em relação às políticas institucionais e
administrativas a serem implementadas. Por serem instituições que
visam a lucro, os correntistas são apenas clientes, aplicando-se nas
relações em que os envolver, o Código de Defesa do Consumidor.

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A Ministra do STJ Nancy Andrighi, no julgamento do REsp
1535888 MG 2015/0130964-4, fundamentando seu voto e o acór-
dão, conceituou a diferenciação de cooperativas de crédito e bancos,
nos seguintes termos:
“Ressalte-se que as COOPERATIVAS DE CRÉDITO são,
dessa forma, cooperativas formadas para a prestação de ser-
viços financeiros, nos termos da regulação vigente. Seu princi-
pal objetivo é eliminar o intermediário – instituição financeira
– entre a captação de recursos e seu investimento na conces-
são de empréstimos.
Para uma definição doutrinária, as cooperativas de crédito
são:
Organizações que têm por escopo desenvolver a chamada mu-
tualidade. No setor creditício, sua finalidade consiste em pro-
piciar empréstimos a juros módicos a seus associados, estan-
do subordinados, na parte normativa, ao Conselho Monetário
Nacional e, na parte executiva, ao Banco Central. (Nelson
Abrão. Direito Bancário. São Paulo: Saraiva, 2002, p. 32)

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Na doutrina especializada, podem ser encontradas outras de-
finições para esse tipo de sociedade:
COOPERATIVAS DE CRÉDITO são sociedades de pessoas,
constituídas com o objetivo de prestar serviços financeiros aos
seus ASSOCIADOS, na forma de ajuda mútua, baseada em

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valores como igualdade, equidade, solidariedade, democracia
e responsabilidade social. Além de prestação de serviços co-
muns, visam diminuir desigualdades sociais, facilitar o acesso
aos serviços financeiros, difundir o espírito de cooperação e
estimular a união de todos em prol do bem-estar comum. (Al-
cenor Pagnussatt. Guia do cooperativismo de crédito. Porto
Alegre: Sagra Luzzatto, 2004. p. 13).
A cooperativa de crédito é um instrumental econômico que
diligencia em desenvolver entre os seus participantes uma
abordagem de eficiência empresarial na operação de suas res-
pectivas realizações. (John T. Croteau. A economia das coo-

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perativas de crédito. São Paulo: Atlas, 1968).
Nesse ponto, cumpre diferenciar as COOPERATIVAS DE
CRÉDITO DOS BANCOS. Em uma primeira análise, a prin-
cipal diferença é a ausência de finalidade lucrativa das COO-
PERATIVAS, o que é presente nas instituições financeiras
tradicionais. Além dessa, muitas outras distinções podem ser
apontadas, como se verifica abaixo:
a) Quanto ao tipo de sociedade: os BANCOS são sociedades de
capital, onde o poder é exercido na proporção do número de
ações, enquanto as COOPERATIVAS DE CRÉDITO são so-
ciedades de pessoas, onde o voto tem peso igual para todos
(uma pessoa, um voto);
b) Quanto às deliberações: nos BANCOS, as deliberações são
concentradas, já nas COOPERATIVAS DE CRÉDITO, as
decisões são compartilhadas entre muitos;
c) Administração: nos BANCOS, o administrador é um terceiro
(homem do mercado), já nas COOPERATIVAS DE CRÉDI-
TO, o administrador é do meio (cooperativado);

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d) Quanto ao usuário: nos BANCOS, o usuário das operações É
MERO CLIENTE e não exerce qualquer influência na defini-
ção do preço dos produtos; enquanto que nas COOPERATI-
VAS DE CRÉDITO, o usuário é o PRÓPRIO DONO (COO-
PERATIVADO) e toda a política operacional é decidida pelos
PRÓPRIOS USUÁRIOS/DONOS (COOPERATIVADOS);

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e) Quanto à distinção: os BANCOS podem tratar distintamente
cada usuário, beneficiando grandes correntistas e investido-
res, oferecendo taxas de juros e prestação de serviços mais ba-
rata; já nas COOPERATIVAS DE CRÉDITO, os associados
não podem ser distinguidos: o que vale para um, vale para
todos (Art. 37 da Lei nº 5.764/71);
f) Propósitos: os BANCOS têm propósitos mercantis, já nas
COOPERATIVAS DE CRÉDITO, a mercancia não é cogita-
da (Art. 79, parágrafo único, da Lei nº 5.764/71);
g) Atendimento: os BANCOS atendem em massa, priorizando

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ademais, o autosserviço / a automação; já as COOPERATI-
VAS DE CRÉDITO visam ao atendimento personalizado/
individual, com o apoio da informática;
h) Resultados: os BANCOS visam ao lucro por excelência, o
resultado é de poucos (acionistas), enquanto nas COOPE-
RATIVAS, o lucro está fora do seu objeto social (Art. 3 da
Lei nº 5.764/71) e o excedente (SOBRAS) é distribuído entre
todos (usuários), na proporção das operações individuais, re-
duzindo ainda mais o preço final pago pelos cooperativados;
i) No plano societário: os BANCOS são regulados pela Lei
nº 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas, enquanto as COO-
PERATIVAS DE CRÉDITO são reguladas pela Lei nº 5.764/71
- Lei Cooperativista. (Ênio MEINEN et al. Aspectos jurídicos
do cooperativismo. Porto Alegre: Sagra Luzatto, 2002, p. 16-17).

Fonte:https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/
stj/464676956/relatorio-e-voto-464676968

O autor Rodrigo Coelho de Lima (Direito Cooperativo, avan-


ços, desafios e perspectivas. p. 444-445) também citou o voto da
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ministra, com a diferenciação de cooperativas e bancos.
O conteúdo do bem elaborado voto da Ministra Nancy An-
drighi, parcialmente acima descrito, demonstra, de forma irrefutá-
vel, que cooperativas de crédito e bancos são entes distintos.

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Pelos fundamentos do acórdão citado, podemos asseverar que
o vínculo contratual de um magistrado cliente correntista com qual-
quer instituição bancária é totalmente diverso da sua condição de
cooperado em uma cooperativa de crédito. Excetuando-se a hipótese
em que um magistrado seja acionista de uma instituição bancária e
possua ações suficientes para influenciar nos resultados das assem-
bleias.
O site do Sicoob apresenta as principais diferenças entre ban-
cos e cooperativas financeiras. Vejamos:
Os  bancos são instituições controladas por acionistas e vi-

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sam ao lucro. Já as cooperativas financeiras são constituídas
pelos próprios cooperados para atender seus interesses em
comum, ou seja: ao se associar a uma cooperativa, você tem
participação econômica na instituição, tornando-se, além de
cliente, dono do negócio.
Uma cooperativa financeira ou cooperativa de crédito é uma
associação formada por pessoas para prestar serviços finan-
ceiros aos seus associados.
A instituição nasceu de uma lógica simples: captar recursos
e realizar empréstimos. Assim, as pessoas adquiriam crédito
para poder realizar suas compras. 
Ao longo dos anos, essa dinâmica evoluiu e se tornou muito
mais completa. Hoje é possível encontrar praticamente todas
as soluções financeiras em uma cooperativa. E isso somado
à vantagem de ter juros e taxas mais baixas do que é pratica-
do no mercado tradicional.
O que diferencia uma cooperativa de um banco tradicional,
no entanto, é que os seus cooperados são, ao mesmo tempo,
donos e usuários dessa instituição.

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Isso significa que toda a gestão e tomadas de decisão são rea-
lizadas em conjunto. Além disso, o destino de parte da sobra
anual, como as cooperativas denominam o montante finan-
ceiro que não é utilizado no ano, é decidido coletivamente em
assembleia, visando o benefício de todos os associados.

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As cooperativas financeiras são autorizadas e supervisiona-
das pelo Banco Central, assim como os bancos comerciais.
Dessa forma, elas também possuem um fundo único, chama-
do FGCoop (Fundo Garantidor do Cooperativismo de Cré-
dito). Esse fundo garante os depósitos e os créditos mantidos
nas cooperativas singulares de crédito e nos bancos coope-
rativos em caso de intervenção ou liquidação extrajudicial
dessas instituições.
Atualmente, o valor limite dessa proteção é de R$250 mil, o
mesmo dos bancos comerciais. Dessa forma, os associados
estão muito mais seguros ao fazerem seus investimentos.

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A cooperativa de crédito utiliza seu capital e patrimônio como
garantia para captar recursos no mercado, seja em bancos
públicos e/ou privados. Para isso, elas podem realizar con-
vênios, cobranças de títulos e realizar operações no mercado
financeiro, por exemplo.
Tudo que é arrecadado é repassado para os cooperados com
juros mais baixos e prazos de liquidação mais interessantes
do que os praticados pelos bancos tradicionais. O princi-
pal objetivo do cooperativismo financeiro é oferecer soluções
adequadas às necessidades dos cooperados e não o lucro.
É um círculo virtuoso que o cooperativismo financeiro pro-
porciona aos associados. A organização oferece produtos e
serviços a preços justos, incluindo a devolução das sobras
aos cooperados.
Os bancos são sociedades de capital e as decisões são toma-
das por quem tem mais ações. O seu objetivo principal é o
lucro e você é apenas um cliente da instituição.
Já as cooperativas financeiras são uma sociedade de pes-
soas nas quais os associados têm direitos de voto equivalen-
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tes. Isso significa que eles também são donos da instituição
e podem tomar as decisões de acordo com o que for melhor
para o coletivo.
Nas COOPERATIVAS, o objetivo é administrar os recursos
dos cooperados de forma vantajosa para todos.

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Os BANCOS definem os preços e taxas dos seus serviços vi-
sando ao lucro e o valor repassado ao cliente é maior.
Já as COOPERATIVAS, por não objetivarem o lucro, conse-
guem cobrar taxas menores dos seus associados pelos mes-
mos serviços e produtos financeiros oferecidos pelos BAN-
COS.
Até 2003, as COOPERATIVAS financeiras eram apenas
para um grupo de profissionais, como advogados, médicos
e produtores rurais. Contudo, após uma mudança na Reso-
lução 3.106/2003, o Banco Central permitiu que as COOPE-

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RATIVAS FINANCEIRAS fossem de livre admissão.
Fonte - Site do Sicoob – https://www.sicoob.com.br/web/
maisqueumaescolha/blog/-/blogs/banco-e-cooperativa-fi-
nanceira-diferenca

CONCLUSÃO
Diante das informações apresentadas neste capítulo, e fundadas
no acórdão citado, e com a conceituação descrita no site do Sicoob
(maior sistema de cooperativas de crédito do Brasil) evidencia-se
que: o vínculo contratual de um magistrado com qualquer instituição
bancária é totalmente diverso da sua condição de cooperado em uma
cooperativa de crédito. Assim sendo, dizer que a suspeição e impe-
dimento em relação à cooperativa de crédito assemelha-se à situação
das instituições bancárias, acarretando desta forma a suspeição e o
impedimento dos magistrados de julgarem quaisquer processos ten-
do como parte (s) instituições bancárias das quais for correntista,
trata-se de um entendimento absolutamente equivocado.

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Melhor esclarecendo, o correntista de uma instituição bancária
não é convocado para participar de assembleias e outras delibera-
ções. Muito menos participa dos lucros auferidos nos períodos defi-
nidos pelo estatuto social da entidade. Daí a diferença entre bancos
e cooperativas.

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VII • Dos fundamentos jurídicos
dos impedimentos do julgador
Dos impedimentos elencados no NCPC

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Abordaremos neste capítulo a conceituação e a fundamen-
tação legal dos impedimentos do juiz descritos no art. 144
do NCPC, alicerçados com entendimentos doutrinários.

DA CONCEITUAÇÃO
Como já ficou evidente no presente trabalho, a conceituação

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do termo jurídico objeto do tópico em análise é de fundamental im-
portância para o entendimento do regramento legal e seu reflexo no
processo.
Apresentamos a conceituação de impedimento, publicada pela
jurista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p. 840, v. 2 – D-I),
nos seguintes termos:

IMPEDIMENTO. 1. Na linguagem jurídica em geral,


significa: a) limitação à liberdade de agir no início
ou no desenvolvimento de alguma atividade funcional
(Bento de Faria e Paulo Matos Peixoto); b) aquilo que
impede ou proíbe a prática de certos atos jurídicos; c)
obstáculo; d) oposição legal, moral ou física que venha
a tolher a execução de um ato. 2. Direito processual. a)
O que impossibilita a realização de certos atos ou dili-
gências dentro dos prazos regulamentados; b) suspei-
ção do juiz que o impede e invalida seus atos, mesmo
que não haja oposição da parte...”

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No conceito acima citado, a jurista utiliza a expressão “circuns-
tância enumerada em lei que impossibilita o juiz de exercer regular e
legalmente sua jurisdição em determinado momento”; porém, quase
na totalidade dos julgados e nas inúmeras referências doutrinárias, o
termo usado é “rol taxativo de hipóteses de impedimento e suspeição

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do juiz”, em razão das mesmas serem restritas, não comportando
interpretação extensiva e por analogia.

DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
DOS IMPEDIMENTOS DO JUIZ

O legislador descreveu, nos nove incisos do art. 144 do NCPC,


as condições ou fatos que tornam o juiz impedido de exercer suas

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funções em processos, que porventura sejam distribuídos para a se-
cretaria da qual é titular, nas ocasiões em que esteja na condição de
juiz plantonista ou em substituição legal.
Dispõe o Art. 144 do NCPC, grifo nosso:
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
suas funções no processo:
I - em que interveio como mandatário da parte, oficiou como
perito, funcionou como membro do Ministério Público ou pres-
tou depoimento como testemunha;
II - de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo profe-
rido decisão;
III - quando nele estiver postulando, como defensor público,
advogado ou membro do Ministério Público, seu cônjuge ou
companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em
linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou
companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha reta
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ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
V - quando for SÓCIO ou membro de direção ou de adminis-
tração de pessoa jurídica parte no processo;
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador
de qualquer das partes;

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VII - em que figure como parte instituição de ensino com a
qual tenha relação de emprego ou decorrente de contrato de
prestação de serviços;
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advoca-
cia de seu cônjuge, companheiro ou parente, consanguíneo ou
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive,
mesmo que patrocinado por advogado de outro escritório;
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado.
§ 1º Na hipótese do inciso III, o impedimento só se

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verifica quando o defensor público, o advogado ou o
membro do Ministério Público já integrava o processo
antes do início da atividade judicante do juiz.
§ 2º É vedada a criação de fato superveniente a fim de
caracterizar impedimento do juiz.
§ 3º O impedimento previsto no inciso III também se
verifica no caso de mandato conferido a membro de
escritório de advocacia que tenha em seus quadros
advogado que individualmente ostente a condição nele
prevista, mesmo que não intervenha diretamente no
processo.

A interpretação jurisprudencial e doutrinária, até o presente


momento, é consolidada, no entendimento de que, para caracterizar
o impedimento do julgador, o mesmo deve estar inserido em uma
das hipóteses descritas nos incisos do art. 144 do NCPC, que é um
rol taxativo, de direito estrito, não admitindo aplicação analógica,
nem interpretação extensiva.

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DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA PROVISÓRIA
DE TRÊS MINISTROS DO STF EM UMA AÇÃO
DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

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Destacamos que tramita atualmente no STF uma ação direta
de inconstitucionalidade, ajuizada pela Associação dos Magistrados
Brasileiros – AMB, em face do inciso VIII, do art. 144 da lei nº.
13.105/2015 (NCPC), que criou o impedimento ao exercício das
funções do juiz, o qual, no entendimento da AMB, é inconstitucional.
O relator Ministro Edson Fachin, no dia 16/06/2023, no plená-
rio virtual, apresentou a minuta do seu voto, pela constitucionalidade
do inciso VIII do art. 144 da Lei 13.105, de 16 de março de 2015, e a
improcedência da ação direta. Constou na minuta do voto:

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“O Plenário deste Supremo Tribunal Federal não teve ain-
da a oportunidade de se manifestar especificamente sobre a
interpretação textual do dispositivo legal impugnado nesta
ação direta, mas, de seus precedentes, deflui o sentido que
deve pautar a avaliação da conduta imparcial, independente
e íntegra do exercício da magistratura.”
Sendo norma sobre impedimento de magistrados, sua finali-
dade é a de garantir um julgamento justo e imparcial, como
assegura do direito ao devido processo legal. Não por acaso,
o direito ao devido processo legal, previsto no art. 5º, LIV, da
CRFB, é definido, pelo Pacto de São José da Costa Rica, da
seguinte maneira:
“Artigo 8 – Garantias Judiciais 1. Toda pessoa terá o direito
de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo
razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente
e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração
de qualquer acusação penal formulada contra ela, ou na de-
terminação de seus direitos e obrigações de caráter civil, tra-
balhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.”

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O juiz não é parte, nem pode tomar partido em favor de qual-
quer uma delas. O juiz não pode, por qualquer atitude sua,
sinalizar, interceder, ou indicar qualquer tipo de inclinação
ou disposição sobre seu posicionamento ou de realizar qual-
quer tipo de pré-julgamento que possa favorecer alguém. Se
tem interesse, não deve participar. Se participar, ofende a ga-

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rantia fundamental de acesso à justiça.
O juiz deve dar o exemplo. Sua conduta, tanto em público
como em privado, deve espelhar a confiança que a população
deposita no direito máximo que se tem em uma democracia,
isto é, o acesso à justiça.
O parâmetro de um observador imparcial deve também nor-
tear a atuação do magistrado quando se cuida de definir a
independência de sua atuação. A independência que o mem-
bro do poder judiciário carrega na condição de representante
do poder judicial não é apenas ter autonomia em relação aos

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demais poderes e em relação à sociedade em geral.
Esses parâmetros, que facilmente se extraem do próprio texto
Constitucional, encontram respaldo nos Princípios de Ban-
galore de conduta judicial. Sobre independência, imparcia-
lidade e integridade, a Resolução do Conselho Econômico e
Social das Nações Unidas prevê que:
“Princípio: A independência judicial é um pré-requisito do
estado de Direito e uma garantia fundamental de um julga-
mento justo. Um juiz, consequentemente, deverá apoiar e ser
o exemplo da independência judicial tanto no seu aspecto in-
dividual quanto no aspecto institucional.”
Aplicação
1.1 Um juiz deve exercer a função judicial de modo indepen-
dente, com base na avaliação dos fatos e de acordo com um
consciente entendimento da lei, livre de qualquer influência
estranha, induções, pressões, ameaças ou interferência, dire-
ta ou indireta de qualquer organização ou de qualquer razão.
1.2 Um juiz deverá ser independente com relação à socieda-
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de em geral e com relação às partes na disputa que terá de
julgar.
1.3 Um juiz não só deverá ser isento de conexões inapropria-
das e influência dos ramos executivo e legislativo do governo,
mas deve também parecer livre delas, para um observador

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sensato.
1.4 Ao desempenhar a função judicial, um juiz deverá fazê-lo
de modo independente dos colegas quanto à decisão que é
obrigado a tomar independentemente.
1.5 Um juiz deve encorajar e garantir proteção para a exone-
ração das obrigações judiciais de modo a manter e fortalecer
a independência institucional e operacional do Judiciário.
1.6 Um juiz deve exibir e promover altos padrões de conduta
judicial de ordem a reforçar a confiança do público no Judi-
ciário, a qual é fundamental para manutenção da indepen-

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dência judicial.
Princípio: A imparcialidade é essencial para o apropriado
cumprimento dos deveres do cargo de juiz. Aplica-se não
somente à decisão, mas também ao processo de tomada de
decisão.

Aplicação
2.1 Um juiz deve executar suas obrigações sem favorecimen-
to, parcialidade ou preconceito.
2.2 Um juiz deve se assegurar de que sua conduta, tanto na
corte quanto fora dela, mantém e intensifica a confiança do
público, dos profissionais legais e dos litigantes na imparcia-
lidade do Judiciário.
2.3 Um juiz deve, tanto quanto possível, conduzir-se de modo
a minimizar as ocasiões em que será necessário ser desquali-
ficado para ouvir ou decidir casos.
2.4 Um juiz não deve intencionalmente, quando o procedi-
mento é prévio ou poderia sê-lo, fazer qualquer comentário

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que possa Plenário Virtual - minuta de voto - 17/04/2020
00:00 6 razoavelmente ser considerado como capaz de afetar
o resultado de tal procedimento ou danificar a manifesta jus-
tiça do processo. Nem deve o juiz fazer qualquer comentário
em público, ou de outra maneira, que possa afetar o julga-
mento justo de qualquer pessoa ou assunto.

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2.5 Um juiz deve considerar-se suspeito ou impedido de par-
ticipar em qualquer caso em que não é habilitado a decidir o
problema imparcialmente ou naqueles em que pode parecer a
um observador sensato como não-habilitado a decidir impar-
cialmente. Tais procedimentos incluem, mas não se limitam a
exemplos em que:
2.5.1 o juiz tem real parcialidade ou prejulgamento com res-
peito a uma parte ou conhecimento pessoal dos fatos de prova
contestados, relativos aos outros;
2.5.2 o juiz previamente atuou como advogado ou foi teste-

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munha material no caso em controvérsia;
2.5.3 o juiz, ou um membro da família do juiz, tem um interes-
se econômico no resultado do problema em debate;
Na condição de que a desqualificação não será requerida se
outro tribunal não puder ser constituído para julgar o caso,
ou devido a circunstâncias urgentes, a não-atuação proces-
sual pode conduzir a uma séria injustiça. Princípio: A inte-
gridade é essencial para a apropriada desincumbência dos
deveres do ofício judicial

Aplicação
3.1 Um juiz assegurar-se-á de que sua conduta esteja acima de
reprimenda do ponto de vista de um observador sensato.
3.2 O comportamento e a conduta de um juiz devem reafirmar a
fé das pessoas na integridade do Judiciário. A justiça não deve
meramente ser feita, mas deve ser vista como tendo sido feita.”
Os Princípios de Bangalore, como já reconheceu esta Cor-
te, são fonte relevante para a definição do alcance dos de-
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veres dos magistrados (MS 33.736, Rel. Min. Cármen Lúcia,
Segunda Turma, DJe 22.08.2017). Há neles um dispositivo
que é diretamente aplicável à questão formulada pela reque-
rente. Com efeito, dispõe o “Código Mundial de Conduta dos
Magistrados” que um juiz deve considerar-se suspeito ou im-
pedido de participar em qualquer caso em que não é habilita-

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do a decidir o problema imparcialmente ou naqueles em que
pode parecer a um observador sensato como não-habilitado
a decidir imparcialmente, tais como quando o juiz, ou um
membro da família do juiz, tem um interesse econômico no
resultado do problema em debate.”
À luz dessa regra, o Código de Processo Civil, em seu art. 144,
VIII, nada mais fez do que presumir um ganho, econômico
ou não, a um membro da família do juiz, materializado na
vitória de cliente do escritório de advocacia. Embora o ganho
possa muitas vezes ser indireto, um observador sensato, ou
seja, uma pessoa justa e informada que pode acreditar que

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o juiz não seja imparcial, recomendaria o afastamento do
magistrado em casos como esse.”

O voto do relator foi acompanhado pelo voto do vogal, Minis-


tro Luís Roberto Barroso, com ressalvas.
O Ministro Gilmar Ferreira Mendes, no dia 16/06/2023, no
plenário virtual, apresentou voto vista, com divergência do relator e
pela inconstitucionalidade do inciso VIII do art. 144 da Lei 13.105,
de 16 de março de 2015, e a procedência da ação direta. Constando
na minuta do voto:

“O cerne da presente controvérsia cinge-se a verificar se a


norma de impedimento que veda o magistrado de exercer fun-
ções no processo “em que figure como parte cliente do escri-
tório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o ter-
ceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado por advogado
de outro escritório”, viola os princípios da razoabilidade e

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da proporcionalidade, bem como o princípio do juiz natural.

Por fim, rememoro que, para se alcançar a finalidade pre-


tendida com o inciso VIII, a imparcialidade do julgador já
seria resguardada pela regra do mencionado inciso III c/c
§ 3º. Essa, sim, é orientada pela ideia objetiva de impedir

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que o magistrado exerça suas funções em processos que atue,
como defensor público, advogado ou membro do Ministério
Público, seu cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente,
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o ter-
ceiro grau, ou, ainda, qualquer outro membro de escritório
de advocacia que tenha em seus quadros algum familiar do
magistrado, mesmo que esse não intervenha diretamente no
processo.

Nessas situações, de fato, torna-se possível aferir o risco de


quebra de parcialidade, o que não se pode presumir a partir
de uma regra geral, que veicula, na prática, uma presunção

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absoluta de impedimento.”

A votação será retomada em agosto de 2023.

É pacifico o entendimento jurisprudencial de que o rol dos


impedimentos, descritos no art. 144 do NCPC até o presente mo-
mento, não obstante o inciso VIII do art. 144 do NCPC, esteja sub
judice no STF (com exceção do inciso VIII do art. 144 do NCPC,
que se encontra em julgamento no STF, e que poderá abrir brechas
para discussão de outras questões referentes à suspeição) continua
incontestável a sua taxatividade, como também o impedimento de
interpretações extensivas ou subjetivas sobre o mesmo.

Contudo, somente após o julgamento da ADIN (Ação Direta


de Inconstitucionalidade) pelo STF, será possível entender o real al-
cance da atual taxatividade do rol de impedimentos.

DOS PROCEDIMENTOS A SEREM


ADOTADOS, APÓS TOMAR CONHECIMENTO
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DO IMPEDIMENTO
O legislador fixou o prazo de 15 dias, para que a parte proto-
cole o pedido de arguição de suspeição, após tomar conhecimento
do fato.

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O juiz tem a oportunidade de se declarar impedido, por moti-
vo de foro íntimo, não havendo necessidade de apresentar nenhuma
justificativa para a declaração.
Dispõe o art. 146 do NCPC:

Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conheci-


mento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição,
em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual
indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com do-
cumentos em que se fundar a alegação e com rol de testemu-
nhas.

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§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber
a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos
autos a seu substituto legal, caso contrário, determinará a
autuação em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze)
dias, apresentará suas razões, acompanhadas de documentos
e de rol de testemunhas, se houver, ordenando a remessa do
incidente ao tribunal.

§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus


efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:

I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;

II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso


até o julgamento do incidente.

§ 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o


incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo,
a tutela de urgência será requerida ao substituto legal.

§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de

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suspeição é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.

§ 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de


manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas
e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz
recorrer da decisão.

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§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal
fixará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado.

§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se


praticados quando já presente o motivo de impedimento ou
de suspeição.

DA APLICAÇÃO DAS HIPÓTESES DOS


IMPEDIMENTOS AOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

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O legislador, no art. 148 do NCPC, estendeu os motivos de im-
pedimento constantes nos incisos do art. 144 do NCPC aos membros
do ministério público, aos auxiliares da justiça e aos demais sujeitos
imparciais do processo.
Dispõe o art. 148 do NCPC:
Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de sus-
peição:
I - ao membro do Ministério Público;
II - aos auxiliares da justiça;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo.
§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a
suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída,
na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
§ 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e
sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de
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15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando
necessária.
§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será
disciplinada pelo regimento interno.
§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de

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impedimento ou de suspeição de testemunha.
O art. 149 do NCPC, por sua vez, classifica todos os auxiliares
da justiça. Sendo eles: o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de
justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tra-
dutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o
contabilista e o regulador de avarias.

DO ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO SOBRE O

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INSTITUTO DO IMPEDIMENTO

O impedimento do juiz está diretamente relacionado ao enqua-


dramento do mesmo, em quaisquer das hipóteses elencadas no art.
144 do NCPC. Hipóteses aquelas que, se fossem desconsideradas,
comprometeriam sem dúvida o seu dever de julgar a lide com im-
parcialidade.
O jurista Daniel Amorim Assumpção Neves (Manual de Direi-
to Processual Civil, volume único, p. 167-168) disserta a respeito da
IMPARCIALIDADE da seguinte forma:

De nada adianta um sujeito investido do poder jurisdicional


se não houver imparcialidade. A ideia de um terceiro impar-
cial, desinteressado diretamente no conflito de interesses que
irá julgar, é essencial para a regularidade do processo.

Trata-se de pressuposto processual de validade do processo,


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e, por mais parcial que seja o juiz no caso concreto, o proces-
so nunca deixará de existir juridicamente?

Registre-se que a indispensável imparcialidade do juiz não


significa que ele deva ser omisso, participando do processo
meramente como espectador do duelo travado pelas partes.

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Um juiz ativo e participativo não gera parcialidade, sendo
inclusive salutar que o juiz participe de forma ativa não só da
condução do processo, mas também de seu desenvolvimento.
Afinal, o chamado “juiz-Olimpo” desde muito deixou de ser
o juiz desejável.

Afirmar que o juiz imparcial é aquele que não tem interesse


na demanda é apenas uma meia verdade. Na realidade, ele
não deve ter, a priori, o interesse em determinado resulta-
do em razão de vantagem pessoal de qualquer ordem. Essa
circunstância naturalmente gera a parcialidade do juiz e a
necessidade de seu afastamento do processo.

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Por outro lado, o juiz deve primeiro ter interesse na solução
do mérito, que é o fim normal do processo, e por isso não
afeta sua imparcialidade a constante tarefa de oportunizar às
partes o saneamento de vícios e correção de erros. E, uma vez
tendo condições de julgar o mérito, é natural que o juiz tenha
interesse que vença a parte que tenha o direito material a seu
favor, o que justifica, por exemplo, a produção de provas de
ofício, tema versado com a devida profundidade no Capítulo
21, item 21.1.8.

Tampouco deve se esperar a neutralidade do juiz, até porque


tal condição é impossível de ser obtida. O juiz neutro é aquele
que não leva para seus julgamentos suas experiências de vida
e que não sofre qualquer influência, licita obviamente, de fora
do processo. Tal juiz robótico, além de não existir, não pare-
ce ser o mais recomendável. Afinal, somos a soma de nossas
experiências pessoais, e carregá-las para os julgamentos tor-
na as decisões mais humanas, proferidas por um magistrado
com mais experiência de vida. Por outro lado, o juiz é um ser
social, e como tal está incluído como membro da coletivida-
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de, sendo inevitável que sofra influências de circunstâncias
extraprocesso em seus julgamentos.

Exigir a neutralidade do juiz, portanto, é negar sua condição


de ser humano ou de ser social, o que não é possível.

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Segundo o art. 146, caput, do CPC, a parte tem um prazo
de 15 dias a partir da ciência do fato que gerou a causa da
exceção para arguir a parcialidade do juiz, sendo tal prazo
preclusivo para as partes, mas não para o juiz. Significa dizer
que o vício da parcialidade tem momento próprio para ser
arguido pelas partes, mas pode ser reconhecido de ofício pelo
juiz a qualquer momento do procedimento, convalidando-se
somente com o trânsito em julgado.

É incompreensível o dispositivo legal prever o prazo de 15


dias para alegação tanto de suspeição como do impedimento
do juiz. A tentativa de tornar homogêneo o tratamento

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procedimental nesse tocante às diferentes espécies de
parcialidade do juiz é lamentável.

A exceção de impedimento não tem prazo para interposição,


até mesmo porque esse vício proporciona o ingresso de ação
rescisória (art. 966, II, do CPC), não havendo nenhum sen-
tido aplicar a preclusão temporal sobre matéria de ordem
pública que gera vício de nulidade absoluta, e que após o
trânsito em julgado torna-se vício de rescindibilidade.

Essas diferentes realidades procedimentais a respeito da sus-


peição e do impedimento levam consagrada linha doutrinária
a defender que somente na hipótese de parcialidade gerada
pelo impedimento tratar-se-ia de pressuposto processual de
validade do processo?, Não compartilho de tal entendimento,
porque os atos praticados pelo juiz suspeito são tão nulos
quanto os atos praticados pelo juiz impedido?, apenas se dis-
tinguindo a forma procedimental de alegação e reconheci-
mento desses vícios.

A imparcialidade não se confunde com a impartialidade, que

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exige antes de mais nada que o juiz seja um terceiro com
relação ao conflito que decidirá. Dessa forma, antes de se
analisar a imparcialidade do juiz deve ser verificada sua im-
partialidade.

Se for parte, está impedido de julgar não porque lhe falte

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imparcialidade - que no caso concreto nem deve ser anali-
sada -, mas impartialidade. A confusão pode ser sentida em
julgamentos que afastam o juiz da decisão de exceção de sus-
peição ou impedimento por ser ele imparcial, quando na rea-
lidade o seu impedimento em julgar decorre de partialidade.

Os juristas Cândido Rangel Dinamarco, Gustavo Henrique Ri-


ghi Ivahy Badaró e Bruno Vasconcelos Carrilho Lopes (Teoria Geral
do Processo, p. 95-96, grifo nosso) dissertam a respeito da IMPAR-
CIALIDADE, NEUTRALIDADE E IMPESSOALIDADE, da

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seguinte forma:

“Imparcialidade não se confunde com neutralidade


nem importa um suposto dever do juiz, de ser ética ou
axiologicamente neutro. A doutrina processual moderna vem
enfatizando que o juiz, embora escravo da lei como tradi-
cionalmente se diz, tem legítima liberdade para interpretar
os textos desta e as concretas situações em julgamento, se-
gundo os valores da sociedade. O bom juiz levará em conta
as realidades sociais, políticas ou econômicas subjacentes à
causa e envolvendo os litigantes e o próprio processo, profe-
rindo decisões compatíveis com esses valores e essas reali-
dades, sem com isso transgredir o dever de imparcialidade.

Em situações como essas, e também em todas áreas do exercí-


cio da jurisdição, o juiz deverá estar consciente de sua con-
dição de intérprete das leis e dos valores que lhes estão à
base, e de sua condição de mero canal de comunicação entre
a ordem jurídica e as realidades postas em julgamento, sem
a liberdade de impor seus próprios valores ou suas preferên-
cias pessoais. Tal é a regra da impessoalidade, essencial a

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todo exercício do poder, a qual parte do indiscutível pres-
suposto de que o juiz, no exercício da jurisdição, não está a
tratar de seus próprios interesses, como se dá nos negócios
jurídicos de direito privado, onde ele, como qualquer outra
pessoa, estaria a exercer a autonomia da vontade, que é uma
projeção da garantia constitucional da liberdade (no caso,

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liberdade negocial).

Nesse quadro sistemático a imparcialidade e a impessoali-


dade são penhores da prática da garantia constitucional da
igualdade, que deve prevalecer em todas as decisões judi-
ciárias - porque, pela experiência comum, se sabe que o juiz
parcial ou personalista teria uma perversa tendência a tratar
as partes de modo desigual.”

O impedimento do juiz está diretamente relacionado ao enqua-


dramento do mesmo, em uma das hipóteses elencadas no art. 144 do

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NCPC, o que o impossibilita de atuar no processo, pois compromete
o dever de imparcialidade.

CONCLUSÃO
Forçoso reconhecer, por todo o expendido acima, que as hipó-
teses colecionadas pela legislação processual pátria, de forma inafas-
tável, proíbem o juiz não somente de julgar processos, mais que isso,
o impedem de atuar em qualquer fase processual, independentemen-
te da sua condição, seja de juiz titular, substituto ou cooperador.
A taxatividade das hipóteses de impedimentos do juiz, descri-
tas nos incisos do art. 144 do NCPC, vedando implacavelmente todo
e qualquer tipo de interpretação subjetiva, extensiva ou analógica.

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VIII • Da suspeição do Juiz no NCPC

A conceituação e a fundamentação legal do instituto jurídico

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da suspeição descrita no art. 145 do NCPC são abordadas
neste capítulo, arrimado no entendimento doutrinário e jurispruden-
cial.

DA CONCEITUAÇÃO
Apresentamos abaixo quatro conceituações da lavra da jurista
Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p. 561-562, Q-Z) nos se-
guintes termos:

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SUSPEIÇÃO. 1. Direito processual. a) Suspeita a respeito
da imparcialidade judicial; b) fato de o magistrado estar im-
pedido de, num determinado processo, exercer sua função;
c) exceção que pode ser oposta contra o juiz que preside à
causa, o órgão do Ministério Público, as testemunhas, os
assistentes técnicos, o perito, o serventuário da justiça e o
intérprete. 2. Na linguagem jurídica, em geral, designa: a)
suspeita; b) opinião desfavorável relativamente a certas pes-
soas; c) imputação de certa qualidade, que gera desconfiança
suscetível de justificar alguma prevenção contra o suspeito
(De Plácido e Silva).

SUSPEIÇÃO DE PARCIALIDADE. Direito processual.


Suspeita de que o magistrado que preside a causa não é im-
parcial, podendo, no julgamento, agir em detrimento de um
dos litigantes. Tal suspeição pode ser argüida quando o juiz,
por exemplo: a) for amigo íntimo ou inimigo capital de qual-
quer das partes; b) for credor ou devedor dos litigantes; c)
for seu cônjuge ou parente em linha reta ou colateral até o
terceiro grau; d) sustentar demanda ou responder a proces-
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so que tenha de ser julgado por qualquer das partes; e) for
herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de uma das
partes; f receber dádivas antes ou depois do início do proces-
so; g) aconselhar uma das partes sobre o objeto da causa ou
subministrar meios para atender às despesas do litígio; h) es-

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tiver interessado no julgamento da causa em favor de um dos
litigantes; i) for sócio ou acionista de sociedade interessada
no processo etc. O juiz que não se declarar suspeito pode ser
recusado pela parte aduzindo suas razões.

SUSCITADO. 1. Direito processual. a) Aquele contra quem


se levanta um impedimento ou oposição; b) juiz contra quem
se argüiu suspeição, incompetência ou conflito de jurisdição
ou atribuição; c) ato impugnado; d) argúido; e) contestado.

SUSCITANTE. 1. Direito processual. a Quem alega a incom-

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petência do juiz para julgar uma causa; b) impugnante; c)
opoente. 2. Nas linguagens comum e jurídica, é o que suscita.

Os conceitos acima apresentados, ao serem combinados com


o regramento legal e o entendimento jurisprudencial e doutrinário,
possibilitarão ao leitor que se interessa pelo estudo do direito o bali-
zamento do instituto da suspeição.

DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA
DA SUSPEIÇÃO DO JUIZ

O legislador descreveu nos quatro incisos o art. 145 do NCPC,


as condições ou fatos que tornam o juiz suspeito de exercer suas fun-
ções em processos, que porventura sejam distribuídos para a secreta-
ria da qual é titular, como também, nas ocasiões em que esse atue na
condição de juiz plantonista ou em substituição legal.

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Dispõe o Art. 145 do NCPC:

I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de


seus advogados;

II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse

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na causa antes ou depois de iniciado o processo, que acon-
selhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que
subministrar meios para atender às despesas do litígio;

III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedo-


ra, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes,
em linha reta até o terceiro grau, inclusive;

IV - interessado no julgamento do processo em favor de


qualquer das partes.

O legislador, ao estabelecer nos incisos do art. 145 do NCPC

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as causas de suspeição, aparentemente, buscou trazer segurança
jurídica para todas as partes envolvidas no processo, não apresen-
tando alternativas para interpretações extensivas.

DOS PROCEDIMENTOS A SEREM ADOTADOS,


APÓS TOMAR CONHECIMENTO
DA SUSPEIÇÃO

O legislador fixou o prazo de 15 dias, para que a parte pro-


tocole o pedido de arguição de suspeição, após tomar conheci-
mento do fato.
O juiz tem a oportunidade de se declarar suspeito, por moti-
vo de foro íntimo, não havendo necessidade de apresentar nenhu-
ma justificativa para a declaração.

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Dispõe o art. 146 do NCPC:
Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conheci-
mento do fato, a parte alegará o impedimento ou a suspeição,
em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual
indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-la com do-

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cumentos em que se fundar a alegação e com rol de testemu-
nhas.
§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao receber
a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa dos autos
a seu substituto legal, caso contrário, determinará a autuação
em apartado da petição e, no prazo de 15 (quinze) dias, apre-
sentará suas razões, acompanhadas de documentos e de rol de
testemunhas, se houver, ordenando a remessa do incidente ao
tribunal.
§ 2º Distribuído o incidente, o relator deverá declarar os seus
efeitos, sendo que, se o incidente for recebido:

Este documento foi assinado digitalmente por Januario Barbosa Dos Santos Junior.
I - sem efeito suspensivo, o processo voltará a correr;
II - com efeito suspensivo, o processo permanecerá suspenso
até o julgamento do incidente.
§ 3º Enquanto não for declarado o efeito em que é recebido o
incidente ou quando este for recebido com efeito suspensivo,
a tutela de urgência será requerida ao substituto legal.
§ 4º Verificando que a alegação de impedimento ou de suspei-
ção é improcedente, o tribunal rejeitá-la-á.
§ 5º Acolhida a alegação, tratando-se de impedimento ou de
manifesta suspeição, o tribunal condenará o juiz nas custas
e remeterá os autos ao seu substituto legal, podendo o juiz
recorrer da decisão.
§ 6º Reconhecido o impedimento ou a suspeição, o tribunal fi-
xará o momento a partir do qual o juiz não poderia ter atuado.
§ 7º O tribunal decretará a nulidade dos atos do juiz, se pra-
ticados quando já presente o motivo de impedimento ou de
suspeição.

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DA APLICAÇÃO DAS HIPÓTESES
DA SUSPEIÇÃO AOS AUXILIARES DA JUSTIÇA

O legislador, no art. 148 do NCPC, estendeu as hipóteses de

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suspeição constantes nos incisos do art. 145 do NCPC aos membros
do Ministério Público, aos auxiliares da justiça e aos demais sujeitos
imparciais do processo.
Dispõe o art. 148 do NCPC:
Art. 148. Aplicam-se os motivos de impedimento e de sus-
peição:
I - ao membro do Ministério Público;
II - aos auxiliares da justiça;
III - aos demais sujeitos imparciais do processo.

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§ 1º A parte interessada deverá arguir o impedimento ou a
suspeição, em petição fundamentada e devidamente instruída,
na primeira oportunidade em que lhe couber falar nos autos.
§ 2º O juiz mandará processar o incidente em separado e sem
suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15
(quinze) dias e facultando a produção de prova, quando ne-
cessária.
§ 3º Nos tribunais, a arguição a que se refere o § 1º será disci-
plinada pelo regimento interno.
§ 4º O disposto nos §§ 1º e 2º não se aplica à arguição de im-
pedimento ou de suspeição de testemunha.

O art. 149 do NCPC, por sua vez, classifica todos os auxiliares


da justiça. Sendo eles: o escrivão, o chefe de secretaria, o oficial de
justiça, o perito, o depositário, o administrador, o intérprete, o tra-
dutor, o mediador, o conciliador judicial, o partidor, o distribuidor, o
contabilista e o regulador de avarias.

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DO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL
A RESPEITO DA SUSPEIÇÃO DO JUIZ
O entendimento jurisprudencial que prevalece atualmen-
te é de que o rol de hipóteses de suspeição, descritos no art. 145 do

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NCPC, é taxativo, não admitindo aplicação analógica, nem interpre-
tação extensiva.

Entendem os julgadores que o simples dissabor gerado


por uma decisão judicial desfavorável em um processo ou inconfor-
mismos com atos jurisdicionais passíveis de recursos próprios, por si
só, não ensejam e muito menos configuram a suspeição do julgador.
Pois é pacífico nos tribunais superiores o entendimento de que o rol
da suspeição é taxativo, sendo imprescindível para o reconhecimen-
to da mesma a presença de quaisquer das hipóteses constantes nos
incisos do art. 145 do NCPC.

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DO ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO
A RESPEITO DO INTITUTO DA SUSPEIÇÃO

A doutrina dominante tem idêntico entendimento a respeito da


suspeição do juiz, ocorrendo poucas variações conceituais apresen-
tadas. Entretanto, é unanime a concepção de que a imparcialidade do
julgador é elemento central para a aplicação da lei no caso concreto,
sem interferência de elementos externos ao processo.
O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG,
HUMBERTO THEODORO JUNIOR, disserta sobre o Princípio
da Garantia de Imparcialidade do juiz, como também descreve
Princípio da Imparcialidade e Disponibilidade, nos seguintes
termos:

“É imprescindível à lisura e ao prestígio das decisões judi-


ciais a inexistência da menor dúvida sobre motivos de or-

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dem pessoal que possam influir no ânimo do julgador. Não
basta, outrossim, que o juiz, na sua consciência, sinta-se ca-
paz de exercitar o seu ofício com a habitual imparcialidade.
Faz-se necessário que não suscite em ninguém a dúvida de
que motivos pessoais possam influir sobre seu ânimo.”

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Na pitoresca comparação de Andrioli, “o magistrado, como
a mulher de César, não deve nunca ser suspeito” (Curso de
Direito Processual Civil, p. 373-374, grifo nosso:),
“O JUIZ mantém-se EQUIDISTANTE DOS INTERESSA-
DOS e sua ATIVIDADE É SUBORDINADA EXCLUSIVA-
MENTE À LEI, a cujo império se submete como PENHOR
DE IMPARCIALIDADE na solução do conflito de interes-
ses.”
“Já no processo judicial, o JUIZ atua em nome de uma entida-
de que não representa o Estado-Administração, mas que tem

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como única função ocupar-se de APRECIAR RELAÇÕES
JURÍDICAS materiais travadas entre estranhos. (Curso de
Direito Processual Civil, p.105, grifo nosso:),

O brilhante e renomado constitucionalista Ministro do STF


Gilmar Ferreira Mendes (Curso de Direito Constitucional, p. 514,
grifo nosso) leciona a respeito da Imparcialidade e mecanismos de
proteção, nos seguintes termos:
“Desse modo, as partes autorizam que a sua vontade seja
substituída pelo que for definido por um terceiro, o julga-
dor, representado pelo Estado na prestação da tutela jurisdi-
cional. O juiz deve ser, portanto, um terceiro, alheio aos
interesses das partes, afastado delas, e só assim poderá
decidir de modo justo, porque imparcial. Na doutrina,
destaca-se que “a imparcialidade e um princípio nuclear
da prestação jurisdicional, um elemento essencial da
justiça, de modo que sem ela não há como se falar pro-
priamente de um processo judicial. (Bachamaier Winter,
lorena. Imparcialidade judicial y Libertada de Expresión de
Jueces y Magistrados).”

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“A imparcialidade judicial é consagrada como uma das
bases das garantias do devido processo legal. Embora não
prevista expressamente na Constituição Federal, afirma-se
que a “a imparcialidade é conditio sine qua non de qual-
quer juiz, sendo, pois, uma garantia constitucional implí-
cita. (Badaró, Gustavo H. Processo Penal 5ª ed. RT, 2018.

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p.46, grifo nosso).”
“A Corte Interamericana de Direitos Humanos define que
“o direito de ser julgado por um juiz ou tribunal imparcial
é uma garantia fundamental do devido processo”, ou seja,
“deve-se garantir que o juiz ou tribunal em exercício de sua
função julgadora conte com a maior objetividade para reali-
zar o juízo”. (Caso Duque Vs. Colômbia, 2016).”

Pelas razões acima, a imparcialidade é condição fundamental


para o alcance da justiça.

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CONCLUSÃO
A simples suspeita de imparcialidade do juiz causa intranquili-
dade às partes e aos procuradores, pois que, ao ajuizarmos uma ação,
fundamentamos nossos pedidos no regramento legal. A convicção
do julgador em relação ao seu entendimento do caso concreto é uma
prerrogativa constitucional do mesmo.
Entretanto, se no nascedouro da ação o mesmo já tiver for-
mado convicção em razão da sua parcialidade, tal situação ferirá de
morte diversos princípios constitucionais, dos quais destacamos o
mais abrangente de todos, qual seja, PRINCÍPIO DO DEVIDO
PROCESSO LEGAL.

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IX • Da lacuna do regramento
do Rol Taxativo do Impedimento

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N este capítulo, apresentaremos o que seria, em nosso en-
tendimento, duas lacunas existentes nas hipóteses elenca-
das no inciso IV do art. 144 do NCPC, que assim dispõe:

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer


suas funções no processo:

IV - quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge


ou companheiro, ou parente, consanguíneo ou afim, em linha
reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive;
O regramento jurídico que trata do impedimento descreve, de

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forma específica e detalhada nos incisos do art. 144 do NCPC, as
circunstâncias de enquadramento do magistrado na condição de im-
pedido.
A jurisprudência pátria é pacífica ao sedimentar a concepção
de que as hipóteses de impedimento são absolutamente taxativas.
Não comportando, por sua vez, extensivo ou analógico.
A jurista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p. 589, v.
4 – Q-Z) conceitua TAXATIVO como sendo:
TAXATIVO. 1. Restrito ao que está enumerado. 2.
Que limita; restritivo. 3. Que não admite réplica. 4.
Que circunscreve um caso a circunstâncias determina-
das. 5. Específico.

A primeira lacuna, que acreditamos deveria ser suprida junto


ao inciso IV do art. 144, acima transcrito, está relacionada à situação
do(a) ex-cônjuge do(a) julgador(a).

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Mormente, se considerarmos que a extinção da sociedade con-
jugal, por si só e obrigatoriamente, não transforma os ex-parceiros em
estranhos ou inimigos. Ainda mais quando existem filhos(a) advin-
dos(a) da relação marital outrora existente. Fato esse que, por vezes,
perpetua e não raramente fortalece os laços afetivos entre o ex-casal.

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Justificando por óbvio que tal figura (ex-cônjuge) fosse inserto no dis-
positivo legal referenciado.
A segunda lacuna que vislumbramos existir, junto ao inciso IV
do art. 144, inobstante não seja corriqueira, está relacionada às pessoas
com as quais o julgador manteve ou mantém relacionamento amoroso,
seja público ou velado. Exemplificação essa que, por óbvio, o atento
leitor terá plena consciência em reconhecer quão maculada seria a tra-
mitação de um processo judicial com essa particularidade.
Os aventados relacionamentos amorosos encontram pouquíssi-
mas barreiras jurídicas a impedi-los. Tanto que o CNJ, recentemente,

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decidiu pelo casamento de pessoas do mesmo sexo. Antes disso, a lei
brasileira legitimava a união estável e reconhecia o concubinato.
É importante destacar que cada indivíduo tem liberdade de se
relacionar com quem bem entender e da forma que lhe convier, pois
não há nenhuma restrição para que determinada pessoa, mesmo sendo
casada, possa manter mais de um relacionamento; entretanto, dentro
do sistema processual, tal situação acarreta a imparcialidade esperada
pelas partes.
O escritor e filósofo Mário Sergio Cortella, em um vídeo pos-
tado no Canal do Cortella, (https://www.youtube.com/watch?v=uz-
3Jg0gv4Mk) faz a seguinte citação e reflexão, a respeito da primeira
carta aos Coríntios, Capítulo 6, Versículo 12:
“Um dos maiores pensadores da teologia, Paulo, que é chama-
do de São Paulo, a partir do momento em que aderiu à mensa-
gem Cristã, ele passou a escrever cartas sobre ética, passou a
redigir o que é chamado hoje de um código de conduta ética...
ele escreveu duas cartas para comunidade de vida de cristãos
em Coríntios, e é essa que eu quero fazer menção....
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Paulo como liderança que se tornou também, começou a di-
zer que as pessoas deveriam se comportar, que ele assim se
comportava, de um modo que respeitasse um princípio, que
aparece na primeira carta aos Coríntios, das duas que ele fez,
tanto faz se você é cristão ou não, se tem religião ou não, esta
é uma escolha tua, mas dê uma olhada um dia, que esse é um

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dos conselhos éticos mais importantes que a gente pode ter,
Paulo escreveu na primeira carta aos Coríntios, Capitulo 6,
Versículo 12, “tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”, já
pensou, “tudo me é lícito, mas nem tudo me convém”, isto é,
eu posso fazer qualquer coisa, tudo me é lícito, mas nem tudo
me convém, eu posso fazer qualquer coisa, mas eu não devo
fazer qualquer coisa, eu posso porque eu sou livre, mas não
devo, por que não devo? Eu não devo fazer nada que manche
a minha trajetória, torne imunda a minha comunidade, que
ofenda o local onde eu trabalho, que agrida os valores da fa-
mília na qual eu estou.”

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O trecho citado e a análise realizada pelo escritor e filósofo são
brilhantes e dispensam qualquer comentário complementar.

CONCLUSÃO
No nosso entendimento, é necessário o debate a respeito da revi-
são, da taxação do rol de hipóteses de pessoas que causam suspeição,
para incluir ex-cônjuge e pessoa com a qual o julgador mantém ou
manteve relacionamento amoroso velado, em razão da configuração
explícita de perda de imparcialidade com relação às pessoas citadas.
A discussão desse tema é inusitada e não se tem notícia de que
tenha sido abordada por juristas, por estudiosos e aplicadores do direi-
to, em função dos tabus que lhe são peculiares e da sua complexidade.
Diante do exposto, cremos na necessidade de um amplo debate
em relação aos temas por nós defendidos, e outrora pelos legisladores,
suprimidos daquele rol taxativo de impedimentos, dado a sua impres-
cindibilidade. Otimizando-se o mecanismo de prevenção à inseguran-
ça jurídica.
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X • Do Impedimento do Juiz de atuar
em processos nos quais figuram
como partes cooperativas de crédito

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e/ou agropecuárias, sendo ele sócio
cooperado das mesmas

O objetivo do presente capítulo é demonstrar, através dos


fundamentos jurídicos, doutrinários, jurisprudenciais e
conceituais, a ausência de imparcialidade de juiz, que sendo associa-
do de cooperativa de crédito e/ou agropecuária, não encontra respal-
do legal para atuar em processos nos quais as referidas sociedades

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integram quaisquer dos polos da ação, nos termos do inciso V do art.
144, do NCPC

DO CONCEITO DE JUDICIÁRIO E DE JUIZ


Apresentamos a conceituação de judiciário e juiz, publicada
pela jurista e civilista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p. 11,
J-P), nos seguintes termos:
“JUDICIÁRIO – 1. Poder incumbido de decidir litígios,
aplicando a lei ao caso concreto. 2. Referente à organização
da justiça ou ao Direito processual. 3. Judicial. 4 Forense.
5 Tudo o que se referir à administração da justiça ou aos
magistrados.”
“JUIZ – a) Membro do poder judiciário. d) aquele que, tendo
autoridade pública, administra a justiça em nome do Estado;
e) aquele que tem poder de julgar, prolatando uma senten-
ça;..”

O conceito de juiz traduz, de forma explícita, que o mesmo,


por ter autoridade pública, administra a justiça em nome do Estado.
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O Estado brasileiro é uma República Democrática, que tem,
em sua Constituição Federal de 1988, o mais importante compilado
de normas jurídicas, e dela ramificam outras legislações, que devem
obrigatoriamente ser seguidas e respeitadas por toda a população
brasileira.

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Se ao cidadão comum se exige cumprimento das leis codifica-
das, ao juiz, como aplicador da lei que é, o conhecimento do regra-
mento legal é o cerne do seu mister, pois nele visualizamos o ator
mais importante na execução dos fins colimados pelo legislador.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DO IMPEDIMEN-


TO DO JUIZ NOS TERMOS DO INCISO V DO ART. 144
DO NCPC
O inciso V do art. 144 do NCPC menciona que há impedi-

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mento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no processo,
quando for sócio ou membro de direção ou administração de pessoa
jurídica parte de processo.
Dispõe o Art. 144 do NCPC, grifo nosso::

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer


suas funções no processo:

V - quando for sócio ou membro de direção ou de administra-


ção de pessoa jurídica parte no processo;
Fundamentaremos nosso entendimento com relação ao impe-
dimento do juiz, que é sócio cooperado de cooperativas de crédito e/
ou agropecuária, de julgar processos em que figuram tais coopera-
tivas como partes. Iniciaremos, apresentando alguns conceitos bási-
cos relacionados ao tema.
A jurista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p. 481
e 471-472, grifo nosso:. Q-Z) conceitua sócio, sócio acionista e
sociedade cooperativa, nos seguintes termos:

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“SÓCIO” - Direito civil e direito comercial. 1. Aquele que
faz parte de uma sociedade simples ou empresária. 2. Mem-
bro de uma associação. 3. Aquele que se associa a outrem
para explorar uma atividade econômica ou não. 4. Parcei-
ro.”

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“SÓCIO ACIONISTA” - Direito comercial. 1. Aquele que
possui ações em uma sociedade anônima, sociedade em co-
mandita por ações ou sociedade de economia mista.”
“SOCIEDADE COOPERATIVA” - Direito civil. Associa-
ção sob forma de sociedade simples de pessoas e não de ca-
pital, com fim não econômico, constituída intuitu personae,
tanto no que se refere ao capital como no tocante aos direi-
tos e deveres dos sócios. E uma sociedade não-empresarial
com número aberto de membros, que presta serviços aos as-
sociados sem objetivo de lucro, regendo-se pelo princípio da
mutualidade, que requer a conjugação paritária de esforços

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entre os associados para, por meio da entidade, obter resul-
tados comuns, eliminando intermediários na circulação da
riqueza. A cooperativa, sendo sociedade simples, não está
sujeita à falência, e é constituída para prestar serviços aos
associados, de modo que os negócios por ela realizados são
de ordem interna, sendo um prolongamento da economia de
cada associado “. ......” Vende as mercadorias por preços
módicos apenas a seus associados, ou lhes consegue fundos
sem intuitos lucrativos, repartindo, no final das atividades
exercidas, as bonificações proporcionais às compras ou
operações feitas por cada membro. Tem por caracteres:
“...”; quorum para a assembleia geral funcionar e delibe-
rar, fundado no número de sócios presentes à reunião, e não
no capital social representado; distribuição dos resultados,
proporcionalmente ao valor das operações efetuadas pelo
sócio com a sociedade, podendo ser atribuído juro fixo ao
capital realizado; indivisibilidade do fundo de reserva entre
os sócios, ainda que em caso de dissolução da sociedade.”

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Os conceitos acima apresentados nos fornecem um norte para
entendermos o funcionamento das sociedades cooperativas.

DAS COOPERATIVAS
A lei nº 5.764/71, que definiu a política nacional de Coopera¬-

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tivismo e instituiu o regime jurídico das sociedades cooperativas, em
seu art. 4º, descreveu algumas características destas entidades, grifo
nosso. Vejamos:
Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma
e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a
falência, constituídas para prestar serviços aos associados,
distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes carac-
terísticas:
I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados,
salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;

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II - variabilidade do capital social representado por quotas-
-partes;
III - limitação do número de quotas-partes do capital para
cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de crité-
rios de proporcionalidade, se assim for mais adequado para o
cumprimento dos objetivos sociais;
V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais,
federações e confederações de cooperativas, com exceção
das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da
proporcionalidade;
VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcional-
mente às operações realizadas pelo associado, salvo delibe-
ração em contrário da Assembleia Geral;

Destacamos algumas peculiaridades constantes no art.


4º, acima transcrito, que são de grande importância. Entre elas: capi-
tal social formado por quotas-partes; limitação do número de quotas-
-partes do capital para cada associado; singularidade de voto e retor-

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no das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às operações
realizadas pelo associado.
O retorno das sobras líquidas, que no art. 21 da mesma lei des-
creve que deve constar no estatuto social, além dos incisos do art. 4º,
dez incisos, entre eles o inciso IV, que trata da forma de devolução

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das sobras registradas aos associados, ou do rateio das perdas apu-
radas por insuficiência de contribuição, para cobertura das despesas
da sociedade.
Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao dis-
posto no artigo 4º, deverá indicar:
IV - a forma de devolução das sobras registradas aos asso-
ciados, ou do rateio das perdas apuradas por insuficiência
de contribuição para cobertura das despesas da sociedade;

A sociedade cooperativa foi tratada na lei nº 10.406/2002, que

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instituiu o Novo Código Civil, capítulo VII, da sociedade coopera-
ti¬va, nos arts. 1.093 a 1096, grifo nosso, nos seguintes termos:

Art. 1.093. A sociedade cooperativa reger-se-á pelo disposto


no presente Capítulo, ressalvada a legislação especial.
Art. 1.094. São características da sociedade cooperativa:
I - variabilidade, ou dispensa do capital social;
II - concurso de sócios em número mínimo necessário a com-
por a administração da sociedade, sem limitação de número
máximo;
III - limitação do valor da soma de quotas do capital social
que cada sócio poderá tomar;
IV - intransferibilidade das quotas do capital a terceiros es-
tranhos à sociedade, ainda que por herança;
V - quorum, para a assembleia geral funcionar e deliberar,
fundado no número de sócios presentes à reunião, e não no
capital social representado;
VI - direito de cada sócio a um só voto nas deliberações, te-
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nha ou não capital a sociedade, e qualquer que seja o valor
de sua participação;
VII - distribuição dos resultados, proporcionalmente ao valor
das operações efetuadas pelo sócio com a sociedade, poden-
do ser atribuído juro fixo ao capital realizado;

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VIII - indivisibilidade do fundo de reserva entre os sócios,
ainda que em caso de dissolução da sociedade.
Art. 1.095. Na sociedade cooperativa, a responsabilidade dos
sócios pode ser limitada ou ilimitada.
§ 1 o  É limitada a responsabilidade na cooperativa em
que o sócio responde somente pelo valor de suas quotas e
pelo prejuízo verificado nas operações sociais, guardada a
proporção de sua participação nas mesmas operações.
§ 2 o É ilimitada a responsabilidade na cooperativa em que o
sócio responde solidária e ilimitadamente pelas obrigações

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sociais.
Art. 1.096. No que a lei for omissa, aplicam-se as disposi-
ções referentes à sociedade simples, resguardadas as carac-
terísticas estabelecidas no art. 1.094.

O Novo Código Civil, através do art. 1.096, apresentou uma


única inovação com relação à lei nº 5.764/71, que definiu a política
nacional de Cooperativismo e instituiu o regime jurídico das socie-
dades cooperativas, o qual dispôs que, em caso de omissão, sejam
aplicadas as disposições referentes à sociedade simples.
A sociedade cooperativa não tem por finalidade o lucro, entre-
tanto também não tem por escopo o prejuízo. Por essa razão, para
que ocorra a devolução das sobras ou o rateio das sobras, é neces-
sário que a sociedade seja bem administrada, devendo ser evitado
qualquer fator que possa acarretar perdas (prejuízos) à instituição.
No caso de não ocorrerem sobras, os associados deverão ratear as
perdas apuradas pela sociedade.
Como descrito nos parágrafos anteriores, as sociedades coope-
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rativas apresentam algumas peculiaridades, entretanto que não lhes
descaracterizam como sociedade.

DO MÉTODO DE INTERPRETAÇÃO DA NORMA:

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GRAMATICAL E RESTRITIVO
Neste tópico, analisaremos, através da hermenêutica jurídica,
o alcance da norma que trata do impedimento do julgador nos termos
do inciso V do art. 144 do NCPC.
Em razão do entendimento doutrinário e jurisprudencial esta-
rem pacificados, com relação à taxatividade das hipóteses impedi-
mentos do juiz, constante no art. 144 do NCPC, ser um rol taxativo,
que, não comportando interpretação extensiva ou analógica, anali-
saremos o inciso V do referido artigo, com base na interpretação

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gramatical e restritiva.
O jurista e Ministro do STF, Carlos Maximiliano Pereira dos
Santos (1873-1960), (hermenêutica e aplicação do direito) conceitua
hermenêutica jurídica:

“Interpretar é explicar, esclarecer; dar o significado de vo-


cábulo, atitude ou gesto; reproduzir por outras palavras um
pensamento exteriorizado; mostrar o sentido verdadeiro de
uma expressão; extrair, de frase, sentença ou norma, tudo o
que na mesma se contém.”

A jurista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p. 972-973


D-I, grifo nosso) conceitua interpretação, interpretação gramatical e
interpretação restritiva, nos seguintes termos:
“INTERPRETAÇÃO” - 1.... 2. Teoria geral do direito. Des-
coberta do sentido e alcance da norma jurídica, procurando
a significação dos conceitos jurídicos.”

“INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL” - Teoria geral do


direito. É a técnica também chamada literal, semântica ou
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filológica, pela qual o hermeneuta busca o sentido literal do
texto normativo, tendo por primeira tarefa estabelecer uma
definição, ante a indeterminação semântica dos vocábulos
normativos, que são, em regra, vagos ou ambíguos, quase
nunca apresentando um sentido unívoco. Procura-se o signi-
ficado da norma pela sua própria construção textual.”

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“INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA” - Teoria geral do di-
reto. Aquela em que o intérprete e aplicador da norma li-
mita a incidência de seu comando, impedindo que produza
efeitos injustos ou danosos, porque suas palavras abrangem
hipóteses que nelas, na realidade, não se contêm. Esse ato
interpretativo não reduz o campo normativo, mas determina
tão-somente os limites ou as fronteiras exatas da norma, com
o auxílio de elementos lógicos e de fatores jurídico-sociais,
possibilitando a aplicação razoável e justa da norma, de
modo que corresponda à sua conexão de sentido.”

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DA INTERPRETAÇÃO DA NORMA QUE TRATA
DO IMPEDIMENTO DO JUIZ, NOS TERMOS DO
INCISO V DO ART. 144 DO NCPC
O impedimento que veda o juiz de exercer suas funções no
processo, descrito no inciso V do art. 144 do NCPC, e que é uma das
hipóteses do rol taxativo, tem a seguinte redação:

Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer


suas funções no processo:

V - quando for sócio ou membro de direção ou de administra-


ção de pessoa jurídica parte no processo;
O conceito de sócio, apresentado pela jurista Maria Helena Di-
niz, é autoexplicativo, não comportando interpretação extensiva ou
analógica. Senão vejamos: Sócio. 1. Aquele que faz parte de uma
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sociedade simples ou empresária. 2. Membro de uma associação. 3.
Aquele que se associa a outrem para explorar uma atividade econô-
mica ou não. ....”
O legislador, ao conceber o inciso V, incluiu a palavra “sócio”
no rol taxativo de impedimentos, em sendo o julgador sócio de qual-

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quer pessoa jurídica, está o mesmo impedido de atuar nos processos
em que referida empresa seja parte.
Se o legislador, ao descrever as hipóteses de impedimento do
julgador constante no inciso V do art. 144, não apresentou nenhuma
exceção ou ressalva, a interpretação gramatical e restrita é no senti-
do de que o julgador, que é sócio de pessoa jurídica, está impedido
de atuar em qualquer processo, em que referida empresa figure em
qualquer dos polos da ação.
Em razão da taxatividade do rol de impedimentos, entendemos

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que somente poderia ocorrer a descaracterização da condição de só-
cio para fins de afastar o impedimento do julgador, caso houvesse
uma exceção expressa no art. 144.
É pré-requisito para integrar qualquer sociedade cooperativa
que o interessado se associe à mesma, como cooperado, tornando-se
sócio cooperado.
Podemos afirmar que não há identidade entre as figuras de só-
cio cooperado e cliente. Haja vista que, para integrar a sociedade
cooperativa, exigisse que o interessado se torne sócio cooperado da
mesma e não cliente.

DA SOCIEDADE COOPERATIVA
PESSOA JURÍDICA
A condição de sócio do cooperado perante a cooperativa ficou
demonstrada no tópico anterior. Necessário se faz neste momento
comprovar a condição de pessoa jurídica da sociedade cooperativa.

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Em razão da sociedade cooperativa estar inscrita no Cadastro
Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, podemos assegurar que a mes-
ma é uma pessoa jurídica.
A jurista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p. 640 J-P
e p. 22-23, grifo nosso) conceitua as expressões abaixo:

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“PESSOA JURÍDICA” - Direito civil. 1. Unidade de pes-
soas naturais ou de patrimônio, que visa à consecução de
certos fins, reconhecida pela ordem jurídica como sujeito
de direitos e obrigações.”

“JUNTA COMERCIAL” - Direito comercial e direito ad-


ministrativo. Órgão administrativo que tem competência para
efetuar o Registro Público das Empresas Mercantis. ... sen-
do-lhes competente: 1. Executar os serviços do registro de
empresas mercantis, neles compreendidos: a) o arquivamen-
to dos atos relativos a constituição, alteração, dissolução e ex-

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tinção de sociedades empresárias, de cooperativas ...”

A sociedade cooperativa é registrada na junta comercial do


Estado respectivo, de acordo com o disposto no art. 17 e seguintes
da lei nº 5.764/71, que definiu a política nacional de Cooperativismo
e instituiu o regime jurídico das sociedades cooperativas:
Da Autorização de Funcionamento, grifo nosso:
“Art. 17. A cooperativa constituída na forma da legislação
vigente apresentará ao respectivo órgão executivo federal de
controle, no Distrito Federal, Estados ou Territórios, ou ao
órgão local para isso credenciado, dentro de 30 (trinta) dias
da data da constituição, para fins de autorização, requeri-
mento acompanhado de 4 (quatro) vias do ato constitutivo,
estatuto e lista nominativa, além de outros documentos consi-
derados necessários.
Art. 18. Verificada, no prazo máximo de 60 (sessenta) dias, a
contar da data de entrada em seu protocolo, pelo respectivo
órgão executivo federal de controle ou órgão local para isso

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credenciado, a existência de condições de funcionamento da
cooperativa em constituição, bem como a regularidade da
documentação apresentada, o órgão controlador devolve-
rá, devidamente autenticadas, 2 (duas) vias à cooperativa,
acompanhadas de documento dirigido à Junta Comercial
do Estado, onde a entidade estiver sediada, comunicando a

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aprovação do ato constitutivo da requerente.
§ 6º Arquivados os documentos na Junta Comercial e feita a
respectiva publicação, a cooperativa adquire personalidade
jurídica, tornando-se apta a funcionar.”

Diante da interpretação gramatical e restritiva realizada


nos tópicos anteriores, podemos afirmar que:

1) Sendo o juiz cooperado, por conseguinte, ele também é só-


cio da sociedade cooperativa, em hipótese alguma apenas cliente

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da mesma.
2) A sociedade cooperativa por, obrigatoriamente, encontrar-
-se registrada na junta comercial do seu respectivo estado e no Ca-
dastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ, tem confirmada a sua
condição de pessoa jurídica.

DA TAXATIVIDADE DO ROL DE
IMPEDIMENTOS DO JULGADOR

O rol de hipóteses de impedimento e suspeição do juiz é taxa-


tivo, ou seja, restrito. Vejamos o conceito:
A jurista Maria Helena Diniz (dicionário jurídico, p. 589, Q-Z)
conceitua TAXATIVO como sendo:
TAXATIVO. 1. Restrito ao que está enumerado. 2. Que limi-
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ta; restritivo. 3. Que não admite réplica. 4. Que circunscreve um caso
a circunstâncias determinadas. 5. Específico.
O rol de hipóteses de impedimento e suspeição é tão restrito
que sequer admite ou comporta interpretação extensiva ou analógi-
ca. Portanto, neste trabalho, adotamos a interpretação gramatical e

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restritiva.
A hipótese de impedimento do juiz, para exercer funções no
processo quando for sócio ou membro de direção ou de administra-
ção de pessoa jurídica parte no processo, nos termos do inciso V
do art. 144 do NCPC, não guarda relação alguma com a vedação
(proibição) imposta pelo art. 36 da lei complementar 35/1979, Lei
Orgânica da Magistratura Nacional que dispõe, grifo nosso:
Art. 36 - É vedado ao magistrado:
I - exercer o comércio ou participar de sociedade co-

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mercial, inclusive de economia mista, exceto como
acionista ou quotista;
II - exercer cargo de direção ou técnico de sociedade
civil, associação ou fundação, de qualquer natureza ou
finalidade, salvo de associação de classe, e sem remu-
neração;
Ao juiz não é vedado ser sócio cooperado de nenhuma coo-
perativa, preenchendo os requisitos estatutários e, desde que não
exerça o comércio ou participe de sociedade comercial, inclusive de
economia mista, exceto como acionista ou quotista (Inciso I, do art.
36 da lei complementar nº 35/1979, que dispõe sobre a Lei Orgânica
da Magistratura Nacional).
A lei complementar nº 35/1979, que instituiu a lei Orgânica da
Magistratura Nacional, foi publicada em 14/03/1979 e permanece
em vigor com pequenas alterações.
Na ocasião em foi sancionada a lei Orgânica da Magistratura
Nacional, vigorava antigo Código de Processo Civil, lei nº 5.869 de
11/01/1973, que foi revogado pelo Novo Código de Processo Civil,
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lei nº 13.105 de 16/03/2015.
A lei nº 5.869 de 11/01/1973, antigo Código de Processo Civil,
grifo nosso, tratava dos impedimentos no art. 134, e aqui destacamos
o inciso VI. Vejamos:

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Art. 134. É defeso ao juiz exercer as suas funções no processo
contencioso ou voluntário:
VI – quando for órgão de direção ou de administração de pes-
soa jurídica, parte na causa.

A lei nº 13.105 de 16/03/2015, Novo Código de Processo Ci¬-


vil, grifo nosso, trata dos impedimentos no art. 144, e aqui destaca-
mos o inciso V. Vejamos:
Art. 144. Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer
suas funções no processo:

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V – quando for sócio ou membro de direção ou de administra-
ção de pessoa jurídica parte no processo;

A redação do novo CPC de 2015 incluiu o termo “SÓCIO”,


que não constava no inciso VI do art. 134 do antigo CPC de 1973.
Por essa razão, é incontestável a condição de impedimento do juiz
sócio de pessoa jurídica, para exercer suas funções no processo em
que a mesma for parte.
Salientamos que, diferente do sócio cooperado de uma coope-
rativa, o acionista de uma empresa não é sócio da mesma. O acionis-
ta é detentor de ações. No nosso entendimento, o impedimento não
se estende para as sociedades por ações das quais é permitido ao juiz
ser acionista.
No caso acima citado, o impedimento deve ser analisado de
acordo com o caso concreto. Para ilustrar, apresentamos quatro
exemplos a seguir:

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1) Em sendo o juiz acionista de uma Sociedade Anônima de
capital aberto, como a Petrobras S.A, que pode ter valor de merca-
do acima de 200 bilhões de reais, somente se o número de ações for
expressivo, terá influência no instituto do impedimento;
2) Em sendo o juiz acionista de uma Sociedade Anônima de

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capital aberto de telefonia, que pode ter valor de mercado acima de
100 bilhões de reais, somente se o número de ações for expressivo,
terá influência no instituto do impedimento;
3) Em sendo o juiz titular de linhas telefônicas de uma So-
ciedade Anônima, a sua condição é de cliente e não de acionista,
não havendo nenhuma relação com o instituto do impedimento;
4) Em sendo o juiz titular de uma conta em um banco de
Sociedade Anônima, a sua condição é de cliente do banco e não de
acionista, não havendo nenhuma relação com o instituto do impedi-

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mento;

CONCLUSÃO
Diante de todos os argumentos apresentados, e sendo taxativo,
inflexível, restrito e rígido o rol de hipóteses de impedimento, não
comportando interpretação extensiva ou analógica, podemos AFIR-
MAR TAXATIVAMENTE que:

1) Ao juiz não é proibido de ser sócio cooperado de sociedade


cooperativa (capital social divido em quotas), amparado no art. 36 da
lei complementar 35/1979, Lei Orgânica da Magistratura Nacional.

2) Ao juiz não é proibido ser sócio de sociedade por quotas de


capital, amparado no art. 36 da lei complementar 35/1979, Lei Orgâ-
nica da Magistratura Nacional.

3) Inobstante ser permitido que o juiz seja sócio de sociedade


por quotas de capital, o mesmo estará impedido de atuar em proces-

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sos nos quais referida sociedade integre qualquer dos polos da ação,
pois a lei orgânica da magistratura nacional não trata do instituto do
impedimento, que somente foi codificado pela lei processual civil.

4) Muito embora ser permitido que o juiz seja sócio coopera-


do de sociedade cooperativa, o mesmo estará impedido de atuar em

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processos nos quais referida sociedade cooperativa integre qualquer
dos polos da ação, pois a lei orgânica da magistratura nacional não
trata do instituto do impedimento, que somente foi codificado pela
lei processual civil.

5) O juiz que é SÓCIO COOPERADO de sociedade coo-


perativa É IMPEDIDO de julgar os processos dos quais a referida
cooperativa é parte, nos termos do inciso IV do art. 144 do NCPC.

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XI • Da suspeição do Juiz de atuar
em processos nos quais figuram
como partes cooperativas de crédito
e/ou agropecuária, sendo ele Sócio

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cooperado das mesmas

O presente capítulo objetiva, através da aplicação da Herme-


nêutica Jurídica, demonstrar ausência de imparcialidade
de juiz, que, sendo sócio cooperado de cooperativa de crédito e/
ou agropecuária, não encontra respaldo legal para julgar processos
em que as cooperativas das quais é sócio cooperado figura como
parte. Sendo suspeito nos moldes do inciso IV do art. 145 do NCPC,
pela simples razão: sendo favorecida na demanda a cooperativa, en-

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sejará em tese uma vantagem econômica que afetará positivamente
o resultado do seu balanço anual, gerando sobras liquidas que serão
rateadas entre os cooperados, dentre eles o próprio juiz. Por outro
norte, em sendo vencida na demanda, a cooperativa será onerada e,
por conseguinte, tal oneração reverterá em prejuízos que serão ratea-
dos entre os associados, por oportunidade do fechamento do balanço
anual, dentre eles o próprio juiz.
Dessa forma, o interesse processual no julgamento dos pro-
cessos é explicito, não havendo sequer necessidade de realização de
análise subjetiva.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA SUSPEIÇÃO


O legislador descreveu, nos quatro incisos do art. 145 do
NCPC, as hipóteses ou fatos que tornam o juiz suspeito de exercer
suas funções em processos, com as características citadas no tópico
acima, razão pela qual nos ateremos no presente tópico ao inciso IV
do Art. 145 do NCPC, que dispõe:

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Art. 145. Há suspeição do juiz:

IV - interessado no julgamento do processo em favor de qual-


quer das partes.

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O interesse no resultado do processo por parte do juiz deve ser
demonstrado de forma precisa e objetiva, não comportando interpre-
tação subjetiva.

DAS COOPERATIVAS
A lei nº 5.764/71, que definiu a política nacional de Coopera¬-
tivismo e instituiu o regime jurídico das sociedades cooperativas,
em seu art. 4º, grifo nosso, descreveu algumas características dessa

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sociedade. Vejamos:

Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma e


natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a falência, cons-
tituídas para prestar serviços aos associados, distinguindo-se das demais
sociedades pelas seguintes características:
I - adesão voluntária, com número ilimitado de associados,
salvo impossibilidade técnica de prestação de serviços;
II - variabilidade do capital social representado por quotas-
-partes;
III - limitação do número de quotas-partes do capital para
cada associado, facultado, porém, o estabelecimento de
critérios de proporcionalidade, se assim for mais adequado
para o cumprimento dos objetivos sociais;
V - singularidade de voto, podendo as cooperativas centrais,
federações e confederações de cooperativas, com exceção
das que exerçam atividade de crédito, optar pelo critério da
proporcionalidade;
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VII - retorno das sobras líquidas do exercício, proporcio-
nalmente às operações realizadas pelo associado, salvo deli-
beração em contrário da Assembleia Geral;

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Destacamos algumas peculiaridades constantes no
art. 4º, que são de grande importância, entre elas: capital social
formado por quotas-partes; limitação do número de quotas-
-partes do capital para cada associado; singularidade de voto e
retorno das sobras líquidas do exercício, proporcionalmente às
operações realizadas pelo associado.
Transcreveremos abaixo o inciso IV do art. 21 da
lei retro referenciada, que trata do retorno das sobras líquidas,
senão do rateio das perdas apuradas:
Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao

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disposto no artigo 4º, deverá indicar:
(...)
IV - a forma de devolução das sobras registradas aos
associados, ou do rateio das perdas apuradas por in-
suficiência de contribuição para cobertura das despesas
da sociedade;

(...)

A sociedade cooperativa não tem por escopo o lucro, também


não tem por objetivo o prejuízo; por essa razão, para que ocorra a
devolução das sobras, ou se evite o rateio de prejuízos, é necessário
que a sociedade seja bem administrada, prevenindo qualquer fator
que possa acarretar perdas (prejuízos) à sociedade cooperativa.
No caso de não ocorrerem sobras, os associados ratearão entre
si as perdas apuradas pela sociedade.
Como descrito nos parágrafos anteriores, a sociedade coopera-
tiva somente apresenta algumas peculiaridades que outras socieda-
107
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des não apresentam, entretanto que não a descaracteriza como uma
sociedade.

DO INTERESSE DO SÓCIO COOPERADO

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NO RESULTADO POSITIVO NAS OPERAÇÕES
REALIZADAS PELA COOPERATIVA
A suspeição do juiz que é sócio de cooperativa de crédito e/ou
agropecuária, fundada no inciso IV do art. 145 do NCPC, está rela-
cionada ao interesse no resultado do processo por parte do julgador.
Vejamos por quais razões:

1) As cooperativas não têm a finalidade do lucro, porém tam-


bém não tem como escopo o prejuízo. Os negócios realizados entre

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cooperados e cooperativa são chamados “ato cooperativo”, que par-
ticulariza o regime econômico das sociedades. Os sócios coopera-
dos, ao darem preferência aos produtos ou serviços disponibilizados
pela cooperativa, geram receitas para esta última, as quais, após o
desconto dos custos operacionais expendidos pela cooperativa, for-
mam as chamadas SOBRAS LÍQUIDAS. Recursos esses que terão
uma parte rateada ou distribuída entre os cooperados na proporção
dos atos cooperativos realizados por cada um;
2) Entretanto, se as receitas geradas pelos atos cooperativos
não forem suficientes para quitar os custos operacionais expendidos
pela cooperativa, surgirão as chamadas PERDAS LÍQUIDAS, as
quais serão rateadas ou divididas entre os cooperados na proporção
dos atos cooperativos realizados por cada um.
Em razão das considerações acima, todos os sócios coopera-
dos têm interesse em que a sociedade cooperativa obtenha resulta-
dos positivos, pois, dessa forma, haverá ganhos financeiros através
do rateio das sobras.
Para cada processo do qual a sociedade cooperativa seja par-
108
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te, e que eventualmente OBTENHA decisão favorável, haverá um
reflexo no valor das sobras líquidas da cooperativa. Após o recebi-
mento do valor da condenação judicial, todos os sócios cooperados
serão beneficiados financeiramente, em decorrência do RATEIO
DAS SOBRAS.

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Para cada processo do qual a sociedade cooperativa seja parte,
e que eventualmente NÃO OBTENHA decisões favoráveis, haverá
um reflexo no valor das sobras líquidas da cooperativa. Após o paga-
mento do valor da condenação judicial, todos os sócios cooperados
serão prejudicados financeiramente, em decorrência do RATEIO
DOS PREJUÍZOS.

DO ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL DA

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SUSPEIÇÃO NOS TERMOS DO INCISO IV DO
ART. 145 DO NCPC, QUE TRATA DO INTERESSE
NO RESULTADO DO PROCESSO

A 14º Câmara Cível do TJMG deu provimento à ação de ar-


guição de exceção de suspeição de juiz de direito cooperado da par-
te autora, por interesse no julgamento da causa configurado. Senão,
vejamos:

EMENTA: EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO. JUIZ DE DI-


REITO COOPERADO DA AUTORA. INTERESSE NO
JULGAMENTO DA CAUSA CONFIGURADO. Deve ser
acolhida a exceção de suspeição do magistrado para jul-
gar a causa em que figura como parte cooperativa rural na
qual figura como associado, pois, por disposição expres-
sa prevista no estatuto social desta, se encontra sujeito a
suportar eventuais prejuízos.(TJ-MG - Incid.Susp.Cível:
10000200792091000 MG, Relator: Cláudia Maia, Data de
109
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Julgamento: 14/08/2020, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 17/08/2020).

ACÓRDÃO

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Vistos etc., acorda, em Turma, a 14ª CÂMARA CÍVEL do
Tribunal de
Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata
dos julgamentos, em ACOLHER A EXCEÇÃO DE SUSPEI-
ÇÃO.

DESA. CLÁUDIA MAIA (RELATORA)

VOTO

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Cuida-se de exceção de impedimento e de suspeição oferta-
da por Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pon-
tas Ltda. em desfavor do Juiz de Direito Aaaaa Aaaaa Aaaa,
investido na 1ª Vara da Comarca de xxx, nos autos da ação
de produção antecipada de provas ajuizada por Cooperati-
va dos Cafeicultores da Zona de xxxx Ltda. - xxxx.
O Excipiente aforou a presente medida sob o fundamento de
que, nos termos do art. 144, V, do CPC, há impedimento do
juiz, sendo-lhe vedado exercer as suas funções no processo
quando for sócio de pessoa jurídica parte no processo. Diz
que a condição de cooperado do magistrado a quo se equi-
para à hipótese prevista no CPC. Salienta que o Estatuto So-
cial da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de xxxx Ltda.
- xxxx veda ao cooperado a prática de atividade que pre-
judique ou colida com interesses e objetivos da sociedade,
salientando ainda que, nos termos do art. 48, II, do mesmo
diploma, todo cooperado deve arcar com os custos adminis-
trativos, de modo que resta patente a possibilidade de o ma-

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gistrado ser impactado na sua esfera patrimonial em virtude
de processo no qual a  cooperativa  figure como  parte. De
maneira subsidiária, alega que, nos termos do art. 145, IV,
do CPC, há suspeição do juiz quando este possuir interes-
se no julgamento do processo, sendo este o caso dos autos
uma vez que a condição de cooperado lhe acarreta direitos e

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obrigações perante tal entidade, de maneira que o resultado
da demanda pela cooperativa pode ensejar em impacto na
sua esfera patrimonial.
O Magistrado, ora Excepto, apresentou suas razões negan-
do a condição de impedido ou suspeito. Assevera que jamais
exerceu qualquer cargo de direção, participou de assem-
bleia, tampouco externou qualquer posicionamento concer-
nente às questões submetidas à assembleia, cingindo-se a
sua participação na qualidade de cooperado à de consu-
midor dos produtos disponibilizados. Diz que, ao contrário
do que ocorre com o sócio, cuja finalidade perante a pessoa

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jurídica é a de auferir lucro, o cooperado não possui tal in-
teresse, pois a atividade da cooperativa é a de lhes revender
gêneros ou mercadorias a preço de custo, revelando a sua
posição de mero consumidor.
Em síntese, é o relatório. O impedimento afirmado no pre-
sente incidente está consubstanciado na vedação prevista no
inciso V do art. 144 do CPC, que se dá quando o magistra-
do for sócio ou membro de direção ou de administração de
pessoa jurídica parte no processo.

Ocorre que, embora a condição de cooperado da Coopera-


tiva dos Cafeicultores da Zona de xxxxx Ltda. - xxxxx seja
incontroversa, fato é que a situação concreta, na qual o ma-
gistrado figura como cooperado, não se equipara àquela dos
sócios perante a sociedade.
Isto porque não há no feito prova de que o Excepto exer-
ça ou tenha exercido cargo de direção, tampouco que tenha
atuado na tomada de decisões da cooperativa participando
de assembleias assim participando de interesses do em-
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preendimento. A situação do magistrado nessa hipótese se
equipara a de mero consumidor, a exemplo do que ocorre
quando possui vínculo contratual com instituições bancá-
rias, empresas de telefonia, planos de saúde, dentre outros.
Inexistindo na qualidade de cooperado qualquer ligação

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do Excepto com o corpo administrativo da cooperativa ou
com o exercício de cargos da sua administração ou direção,
não se revela razoável admitir a alegação de impedimento
afirmada pela ora excipiente, fundada no disposto do inci-
so V do art. 144 do CPC.
A suspeição, por sua vez, caracteriza-se por ter natureza
jurídica de ordem subjetiva. A presunção é relativa (ju-
ris tantum) de parcialidade, pois a imparcialidade do juiz
faz parte de um dos pressupostos processuais subjetivos do
processo, cabendo ao excipiente a prova de sua ocorrência.

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Segundo a doutrina de MOACYR AMARAL SANTOS,
“Na suspeição, há suspeita de parcialidade, que obsta o juiz
de exercer suas funções no processo, quando ele próprio
se reconhecer suspeito ou quando, por denúncia da parte,
através da exceção correspondente, for julgado suspeito”
(Primeiras Linhas de Direito Processual Civil, 2º vol., 10ª
Ed., 1985, Saraiva, São Paulo, p. 197).

As hipóteses de suspeição estão previstas no rol taxativo


previsto no artigo 145 do Novo Código de Processo Civil,
in verbis:
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de
seus advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse
na causa antes ou depois de iniciado o processo, que acon-
selhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que
subministrar meios para atender às despesas do litígio;

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III - quando qualquer das partes for sua credora ou deve-
dora, de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes,
em linha reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de
qualquer das partes.

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De fato, vislumbra-se a presença da situação elencada no
inciso IV do art. 145 do CPC, uma vez que a condição de
cooperado do magistrado a quo, inevitavelmente, enseja a
incidência do disposto no inciso II do art. 48 do Estatuto
Social da Cooperativa, por meio da qual se estabelece que
eventuais custos administrativos serão suportados pelo seu
rateio e em partes iguais entre todos os associados, incluin-
do-se neste rol o juiz de direito que atua no feito.
No mesmo sentido, dispõe o art. 7º, II, d do Estatuto Social
da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de xxxx - xxxx, ao

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prever que o associado tem o dever e a obrigação de con-
correr, subsidiariamente, para a cobertura das despesas da
sociedade, estando estre essas compreendidas valores de-
correntes de eventuais condenações na esfera Judicial.

A declaração contida no documento de ordem n. 5, por meio


da qual a cooperativa informa que a responsabilidade do
ora Excepto se limita ao capital social integralizado, cor-
respondente ao valor de R$ 10.911,54, não altera a con-
clusão ora exarada, pois, ainda assim, as demandas envol-
vendo a aludida cooperativa representam a possibilidade de
prejuízo patrimonial aos cooperados, o que, por si, já eleva
a suspeita de parcialidade do Juiz cooperado para o exer-
cício das suas funções de julgador nos processos nos quais
aquela figure como parte.
A respeito do tema, segue precedente exarado pelo
STJ e caso análogo ao dos autos em que o pe-
rito também ostenta a condição de cooperado:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE


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INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
ERRO MÉDICO.PROVA PERICIAL.IMPEDIMENTO/SUS-
PEIÇÃO DO MÉDICO PERITO CONVENIADO À COOPE-
RATIVA RÉ.ARTS. 134, 135 E 138 DO CPC. PRECLUSÃO.
NÃO OCORRÊNCIA.

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1. As causas de impedimento e suspeição previstas para o
Juiz na norma processual (arts. 134 e 135 do CPC) aplicam-
-se também ao perito (art. 138, parágrafo único, do CPC).
2. Em que pese não estar o julgador adstrito às conclusões
apostas no laudo elaborado pelo expert, é inegável que a
prova pericial contribui para a formação do convencimento
do magistrado, motivo pelo qual é imprescindível que não
contenha nenhum rastro de parcialidade capaz de compro-
metê-la.
3. Reputa-se fundada a suspeição do médico para atuar

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como perito do juízo em ação na qual a cooperativa de tra-
balho de que conveniado figure como parte.
4. O interesse do expert no julgamento da causa em favor
da cooperativa demandada revela-se evidente, no caso, não
só por sua condição de cooperado, mas por constar do esta-
tuto social da referida instituição disposições que, a um só
tempo, asseguram-lhe direito de participação nas sobras lí-
quidas do exercício e sujeitam-lhe à distribuição e ao rateio
de eventuais prejuízos.
5. Arguida a suspeição do perito na primeira oportunidade
em que possível à parte suscitante fazê-lo, não há falar na
ocorrência de preclusão.
6. Recurso especial não provido.
REsp 1524424/ES, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS
CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 17/11/2015, DJe
23/11/2015).
Diante do exposto, com respaldo nos princípios do livre con-
vencimento motivado e da fundamentação dos atos jurisdicio-

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nais, acolho a exceção de suspeição e determino a redistribui-
ção do feito ao substituto legal do magistrado.
Nos termos do art. 146, § 5º, do CPC, custas pelo Excepto.

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DES. ESTEVÃO LUCCHESI.
Acompanho a Douta Relatora para acolher o incidente de sus-
peição, com algumas considerações.
Como se sabe, a imparcialidade do julgador é requisito de vali-
dade de suas decisões. Neste sentido leciona Fredie Didier Jr:
“A imparcialidade é requisito processual de validade; portan-
to, o ato do juiz parcial é ato que pode ser invalidado. Há dois
graus de parcialidade: o impedimento e a suspeição. A parcia-
lidade é vício que não gera a extinção do processo: verificado
o impedimento/suspeição do magistrado, os autos do processo

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devem ser remetidos ao seu substituto legal. Os atos decisórios
praticados devem ser invalidados”. (Curso de Direito Proces-
sual Civil. Volume I. Juspodivvm. Edição 2012. página 534).
Outrossim, nos termos do art. 145 do CPC/15, reputa-se funda-
da a suspeição de parcialidade do juiz, quando:
Art. 145. Há suspeição do juiz:
I - amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus
advogados;
II - que receber presentes de pessoas que tiverem interesse
na causa antes ou depois de iniciado o processo, que acon-
selhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que
subministrar meios para atender às despesas do litígio;
III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora,
de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em linha
reta até o terceiro grau, inclusive;
IV - interessado no julgamento do processo em favor de
qualquer das partes.

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Segundo Luiz Fux a “razão de ser do monopólio da jurisdi-
ção nas mãos do representante do Estado-juiz reside, exa-
tamente, na”equidistância”do julgador, que lhe confere a
‘imparcialidade’ necessária para dar a cada um aquilo que
é seu, com isenção. Ressoa evidente que o juiz, comprome-
tido com uma das partes, não pode julgar. É de” ordem pú-

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blica “essa necessária e indeclinável atuação superpartes
do juiz”. (Curso de Direito Processual Civil. Volume I. 4ª
ed. 2008, p. 564).
No caso, o Ilustre Magistrado de Primeiro Grau é coopera-
do da parte autora, Cooperativa dos Cafeicultores da Zona
de xxxx Ltda. - xxxx, cujo estatuto prevê que eventuais pre-
juízos poderão ser suportados pelos cooperados.
Destarte, há que se reconhecer a potencialidade de o Magis-
trado vir a demonstrar interesse na causa, comprometendo a
sua parcialidade, porquanto o julgamento da ação originá-

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ria poderá atingir diretamente o seu patrimônio.
Diante do exposto, ACOLHO O INCIDENTE DE SUSPEI-
ÇÃO.
DES. MARCO AURELIO FERENZINI - De acordo com o
(a) Relator (a).
SÚMULA: “ACOLHERAM A EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO”
A jurisprudência acima apresentada aborda a maioria dos te-
mas abordados no presente livro.
Destacamos que o único acórdão encontrado nos sites jurí-
dicos, com peculiaridades semelhantes ao título do presente livro,
foi o acima citado, em razão de ser uma questão em tese, de fácil
interpretação objetiva, não comportando no nosso entendimento a
interpretação subjetiva, pois o interesse processual do cooperado de
cooperativa, que está sujeito ao rateio de prejuízos e também ao ra-
teio de sobras líquidas que é um benefício, é evidente.
DO ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO A RESPEITO DO
INSTITUTO DA SUSPEIÇÃO
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O entendimento doutrinário referente ao instituto da suspeição
e do impedimento é pacífico.

O eminente jurista e Ministro do STF Luiz Fux (Curso de Di-


reito Processual Civil, p. 283-284, grifo nosso) leciona, a respeito da

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suspeição e impedimento do juiz:

“Como mencionado anteriormente, há um dever do


juiz que é intrínseco à sua atividade: o dever de impar-
cialidade. De nada adianta a apreciação de um litígio
pelo Judiciário, em processo que sabidamente demanda
tempo e custos, se aquele designado para solucionar o
conflito é naturalmente inclinado a decidir em favor de
uma das partes, seja por relações pessoais ou por quais-
quer outros motivos.

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A imparcialidade do juiz é tão relevante quanto sua in-
vestidura, i.e. a decisão de um juiz parcial vale tanto
quanto a decisão de uma pessoa que não é investida
no cargo.

A inexistência de impedimentos ou suspeições é impres-


cindível para o devido processo legal e para gerar legi-
timidade social na decisão.

Isto posto, cumpre-nos distinguir a suspeição do impe-


dimento. Muito embora parte da doutrina afirme que a
distinção se trata de verdadeira opção legislativa, de-
ve-se verificar que as hipóteses de suspeição encontram
respaldo em um aspecto subjetivo a ser verificado, en-
quanto as hipóteses de impedimento dizem respeito a
situações objetivas, de análise concreta 133.

Sendo assim, a suspeição reputa-se fundada nos casos


previstos legalmente em numerus clausus e reclama de-
núncia pela parte. Superado o prazo da arguição, sana-
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-se o suposto defeito de falta de isenção.

O impedimento é insuperável, sendo defeso ao juiz pra-


ticar atos no processo em que se verifiquem as situações
previstas na lei em função das quais a lei presume jure

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et de jure a parcialidade do magistrado. O impedimento,
pela sua natureza, se não respeitado, torna a sentença
passível de ação rescisória (art. 966, II, do CPC). 

As arguições sub examine visam a afastar o juízo da


causa antes que ele se pronuncie sobre a mesma, razão
por que, acaso a incompatibilidade seja descoberta a
posteriori, o interessado poderá pleitear a nulidade do
ato decisório através de recurso com efeito ex tunc.

O juiz é considerado “suspeito” quando:...; (vi) for in-


teressado no julgamento da causa em favor de uma das

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partes (art. 145, IV);”

O eminente Ministro do STF Luiz Fux destacou, de forma pre-


cisa, que a imparcialidade do juiz é tão importante quanto sua investi-
dura no cargo. Em sendo o juiz parcial, a sua decisão se compara à de
uma pessoa que não está investida no cargo de juiz.
No caso específico das cooperativas de crédito e/ou agropecuá-
ria, todo cooperado estará sujeito a ser devedor e ratear as perdas, en-
tretanto, não havendo prejuízos durante o exercício fiscal, o cooperado
será credor de sobras líquidas, também chamadas dentro do coope-
rativismo de rateio de sobras, que nada mais é do que créditos que
serão repassados para os associados.

O eminente jurista e Ministro do STF Luiz Fux (Curso de Direi-


to Processual Civil, p. 286) leciona a respeito dos atos que devem ser
anulados em caso de decretação de suspeição ou impedimento do juiz:
“Elegante questão erige quanto a quais atos são passíveis de
anulação - se apenas os atos de conteúdo decisório ou todos
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os atos. Parece razoável determinar que todos os atos do juiz
que tenham não apenas conteúdo decisório, mas participa-
ção direta com as partes ou outros agentes do processo e, de
alguma maneira, possam interferir negativamente no regular
curso do processo, devam ser anulados, v.g. inquirir testemu-
nhas em audiência de instrução e julgamento.”

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O nosso entendimento é no sentido de que, a partir da data
fixada pelo tribunal, todos os atos posteriores devem ser anulados,
e possíveis prejuízos devem ser arcados por aqueles que tinham o
dever funcional de se manifestar a respeito do impedimento ou da
suspeição, pois, em sendo o juiz um profundo conhecedor da lei,
não poderá alegar o desconhecimento da mesma, para se abster de
ser responsabilizado, caso fique comprovado que agiu com dolo ou
culpa. É importante destacar que a ação de reparação de danos deve
ser ajuizada contra o Estado, e este deverá ajuizar ação regressiva
contra o juiz.

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O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG El-
pídio Donizetti (Curso de Direito Processual Civil, p. 316, grifo nos-
so) leciona a respeito do impedimento e suspeição:
”O juiz tem o dever de oferecer garantia de imparcialidade
aos litigantes. Não basta ao juiz ser imparcial, é preciso que
as partes não tenham dúvida dessa imparcialidade.

A lei especifica os motivos que podem afastar o juiz da de-


manda, espontaneamente ou por ato das partes. São de duas
ordens: os impedimentos (art. 144), de cunho objetivo, pe-
remptório, e a suspeição (art. 145), cujo reconhecimento, se
não declarado de ofício pelo juiz, demanda prova.

Os impedimentos taxativamente obstaculizam o exercício


da jurisdição contenciosa ou voluntária, podendo ser argui-
dos no processo a qualquer tempo, com reflexos, inclusive,
na coisa julgada, vez que, mesmo após o trânsito em julga-
do da sentença, pode a parte prejudicada rescindir a decisão
(art. 966, II). Por ser o não impedimento requisito de valida-

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de subjetivo do processo em relação ao juiz, ele se consubs-
tancia em autêntica questão de ordem pública, cognoscível
em qualquer tempo ou grau de jurisdição. A suspeição, em-
bora constitua pressuposto processual de validade, se não ar-
guida no momento oportuno, é envolvida pela coisa julgada.

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Além disso, no impedimento há presunção absoluta de par-
cialidade do magistrado, enquanto na suspeição a presunção
é relativa, admitindo-se prova em sentido contrário.”

O respeitado doutrinador apresentou em suas considerações a


respeito do impedimento questão de grande relevância que está rela-
cionada com a questão do não impedimento ser requisito de validade
subjetiva do processo em relação ao juiz. O impedimento se torna
autêntica questão de ordem pública, podendo ser arguida a questão
tempo ou grau de jurisdição.

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O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG El-
pídio Donizetti (Curso de Direito Processual Civil, p. 319, grifo nos-
so) faz referência aos prazos para manifestação das partes a respeito
dos pedidos de impedimento e suspeição:

“Não havendo declaração de impedimento ou suspei-


ção por parte dos impedidos ou suspeitos (juiz, órgão
do Ministério Público, escrivão, perito e qualquer ou-
tro agente cuja atuação deva ser imparcial), eles pode-
rão ser recusados por qualquer das partes.
Essa recusa é manifestada das seguintes formas:
Se o impedimento ou suspeição for do magistrado: a
parte deverá alegar no prazo de 15 (quinze) dias a
contar do conhecimento do fato, em petição fundamen-
tada, que pode ser instruída de documentos e rol de
testemunhas (art. 146, caput).
Com relação ao impedimento, embora a norma “de-
termine” que seja suscitado no prazo de quinze dias,

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não há preclusão, de forma que pode ser arguido em
qualquer tempo, inclusive na fase recursal; passado o
prazo para recurso, pode constituir causa para ajuiza-
mento de ação rescisória.
Tratando-se de impedimento do juiz, se depois de re-

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cebida a petição este reconhecer o impedimento ou a
suspeição, deverá remeter os autos imediatamente ao
seu substituto legal (art. 146, S 1°). Caso contrário,
determinará a autuação do incidente em apartado e,
no prazo de quinze dias, dará as suas razões, acompa-
nhadas ou não de documentos e rol de testemunhas.”

Na análise apresentado pelo renomado jurista, um ponto mere-


ce destaque e observação, que é o prazo de 15 dias concedido ao juiz
para apresentação de suas razões.

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Dispõe o § 1º do art. 146 do NCP de 2015:

Art. 146. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do co-


nhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a
suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do pro-
cesso, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo
instruí-la com documentos em que se fundar a alegação
e com rol de testemunhas.

§ 1º Se reconhecer o impedimento ou a suspeição ao re-


ceber a petição, o juiz ordenará imediatamente a remessa
dos autos a seu substituto legal, caso contrário, determi-
nará a autuação em apartado da petição e, no prazo de
15 (quinze) dias, apresentará suas razões, acompanhadas
de documentos e de rol de testemunhas, se houver, orde-
nando a remessa do incidente ao tribunal.

A interpretação que fazemos do parágrafo acima citado é de


que, caso o juiz não apresente suas razões dentro do prazo de 15 dias,
não mais poderá fazê-lo, devendo remeter o incidente para o tribunal
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somente com as alegações da parte arguente.

DA NÃO EQUIPARAÇÃO DO JUIZ COOPERADO


DE SOCIEDADE COOPERATIVA COM

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AS SOCIEDADES ANÔNIMAS

O legislador, ao conceber o Código Civil, fixou regramentos


para a sociedade cooperativa, que a torna totalmente diversa das de-
mais sociedades. Os conceitos e características constantes no Códi-
go Civil e na legislação das Sociedades Anônimas demonstram que
não há nenhuma relação entre elas.

Abaixo apresentamos as principais características das Socie-


dades Cooperativas e das Sociedades Anônimas:

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As SOCIEDADES COOPERATIVAS têm como principais
características: a) não têm finalidade lucrativa; b) limitação do valor
das soma de quotas do capital social que cada sócio poderá tomar;
c) intransferibilidade das quotas do capital para terceiros estranhos
à sociedade, direito de cada sócio a um voto nas deliberações, inde-
pendentemente do valor da sua participação na sociedade; d) rateios
das sobras líquidas; e) rateio dos prejuízos; f) responsabilidade limi-
tada somente pelo valor de suas quotas; g) ilimitada na cooperativa
que o sócio responde solidariamente pelas obrigações sociais.
As SOCIEDADES ANÔNIMAS têm como principais carac-
terísticas: a) têm finalidade lucrativa; b) capital social integralmente
dividido em ações; c) responsabilidade de cada acionista é limitada
pelo valor das ações que subscreveu ou adquiriu; d) restrita ao valor
de suas quotas, entretanto todos respondem solidariamente pela inte-
gralização do capital social; e) o direito de voto não é estendido a to-
dos os acionistas, dependendo do estatuto social e do tipo de ação do
qual o acionista é titular; f) os acionistas têm direito na participação
dos lucros, através do recebimento de dividendos; g) os acionistas

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têm direito na participação no acervo em caso de liquidação.
Destacamos que as sociedades cooperativas são sociedades de
pessoas conhecidas, portadoras de quotas que não podem ser trans-
feridas, sem fins lucrativos, sujeitas à dissolução e liquidação, en-
tretanto não está sujeita à falência. De forma oposta, as Sociedades

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Anônimas são sociedades de pessoas desconhecidas, portadoras de
ações que podem ser transferidas e negociadas, com fins lucrativas e
sujeitas à falência.
A fundamentação por analogia de que a relação do juiz coope-
rado em uma cooperativa de crédito ou agropecuária é a mesma re-
lação dele com uma empresa de telefonia ou instituições financeiras
(bancos) não encontra embasamento do Direito Pátrio.

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DA NÃO EQUIPARAÇÃO DO JUIZ COOPERADO DE
SOCIEDADE COOPERATIVA COM O JUIZ
CLIENTE DE BANCO
Não há equiparação na relação do sócio cooperado de coope-
rativa de crédito com o correntista de banco público ou particular.
Ao requerer a abertura de uma conta, em uma instituição ban-
cária, o cliente assina um contrato de abertura de conta corrente ou
conta-poupança.
Ao requerer a abertura de uma conta em uma cooperativa de
crédito, o proponente, obrigatoriamente, deve preencher os requisi-
tos do Estatuto Social e, em sendo aprovado, torna-se sócio coope-
rado da cooperativa.
A Ministra do STJ Nancy Andrighi, no julgamento do REsp
1535888 MG 2015/0130964-4, fundamentando seu voto e o acór-
dão, conceituou a diferenciação de cooperativas de crédito e bancos,
que apresentamos parcialmente nos seguintes termos, grifo nosso:

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Neste ponto, cumpre diferenciar as COOPERATIVAS DE
CRÉDITO DOS BANCOS. Em uma primeira análise, a
principal diferença é a ausência de finalidade lucrativa das
COOPERATIVAS, o que é presente nas instituições finan-
ceiras tradicionais. Além dessa, muitas outras distinções

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podem ser apontadas, como se verifica abaixo:
a) Quanto ao tipo de sociedade: os BANCOS são socieda-
des de capital, onde o poder é exercido na proporção do
número de ações, enquanto que as COOPERATIVAS DE
CRÉDITO são sociedades de pessoas, onde o voto tem peso
igual para todos (uma pessoa, um voto);
b) quanto às deliberações: nos BANCOS as deliberações
são concentradas, já nas COOPERATIVAS DE CRÉDITO
as decisões são compartilhadas entre muitos;

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c) administração: nos BANCOS, o administrador é um ter-
ceiro (homem do mercado), já nas COOPERATIVAS DE
CRÉDITO o administrador é do meio (cooperativado);
d) quanto ao usuário: nos BANCOS, o usuário das opera-
ções É MERO CLIENTE e não exerce qualquer influên-
cia na definição do preço dos produtos; enquanto que nas
COOPERATIVAS DE CRÉDITO o usuário é o PRÓPRIO
DONO (COOPERATIVADO) e, toda a política operacional
é decidida pelos PRÓPRIOS USUÁRIOS/DONOS (COO-
PERATIVADOS);
e) quanto à distinção: os BANCOS podem tratar distinta-
mente cada usuário, beneficiando grandes correntistas e in-
vestidores, oferecendo taxas de juros e prestação de serviços
mais barata; já nas COOPERATIVAS DE CRÉDITO os
associados não podem ser distinguidos: o que vale para
um, vale para todos (Art. 37 da Lei nº 5.764/71);
f) propósitos: os BANCOS têm propósitos mercantis, já nas
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COOPERATIVAS DE CRÉDITO a mercancia não é cogi-
tada (Art. 79, parágrafo único, da Lei nº 5.764/71);
g) atendimento: os BANCOS atendem em massa, priorizan-
do ademais, o auto-serviço/a automação; já as COOPERA-
TIVAS DE CRÉDITO visam o atendimento personalizado/

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individual, com o apoio da informática;
h) resultados: os BANCOS visam o lucro por excelência,
o resultado é de poucos (acionistas), enquanto que nas
COOPERATIVAS o lucro está fora do seu objeto social
(Art. 3 da Lei nº 5.764/71) e o excedente (SOBRAS) édistri-
buído entre todos (usuários), na proporção das operações
individuais, reduzindo ainda mais o preço final pago pelos
cooperativados;
i) no plano societário: os BANCOS são regulados pela Lei

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nº 6.404/76 – Lei das Sociedades Anônimas, enquanto que
as COOPERATIVAS DE CRÉDITO são reguladas pela Lei
nº 5.764/71 - Lei Cooperativista. (Ênio MEINEN et al. As-
pectos jurídicos do cooperativismo. Porto Alegre: Sagra
Luzatto, 2002, p. 16-17, grifo nosso).
Fonte:https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/
stj/464676956/relatorio-e-voto-464676968

DO DESCUMPRIMENTO DOS PRINCÍPIOS


JURÍDICOS CONSTITUCIONAIS
Todos os indivíduos, mesmo que de forma inconsciente, carre-
gam consigo vários princípios que norteiam sua vida. Há princípios
de conduta moral, éticos, religiosos, jurídicos etc.

Dentro do estudo do Direito, diversos princípios são aplicados


às mais diversas situações, estando vários deles descritos de forma
explícita ou implícita na Constituição Federal de 1988 e nas demais
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legislações pátrias.
O jurista Sidnei Agostinho Beneti (Da conduta do Juiz – p.229)
cita a frase a seguir em seu livro:
“Um bom Juiz não precisa ser um homem perfeito, mas basta

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que seja um ser humano, com feixe de virtudes a largamente
ultrapassar o elenco de defeitos e que, na atividade jurisdi-
cional, dedique-se com honestidade e afinco à busca da Jus-
tiça”.

O Conselho Nacional de Justiça – CNJ, em 18/09/ 2008, publicou o


Código de Ética da Magistratura Nacional, com princípios que norteiam o
exercício da judicatura. Foram insertos no referido compêndio os denomi-
nados Princípios de Bangalore de Conduta Judicial, que são: INDEPEN-
DÊNCIA, IMPARCIALIDADE, INTEGRIDADE, IDONEIDADE,
IGUALDADE E COMPETÊNCIA (DILIGÊNCIA).

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Citaremos abaixo o texto legal de cada um dos princípios
constantes no Código de Ética da Magistratura Nacional, grifo nos-
so. Fonte: https://www.cnj.jus.br/codigo-de-etica-da-magistratura/
Art. 1º O exercício da magistratura exige conduta compatível
com os preceitos deste Código e do Estatuto da Magistratura,
norteando-se pelos princípios da independência, da impar-
cialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da
transparência, do segredo profissional, da prudência, da di-
ligência, da integridade profissional e pessoal, da dignidade,
da honra e do decoro.

Art. 2º Ao magistrado impõe-se primar pelo respeito à Cons-


tituição da República e às leis do País, buscando o forta-
lecimento das instituições e a plena realização dos valores
democráticos.

Art. 3º A atividade judicial deve desenvolver-se de modo a ga-


rantir e fomentar a dignidade da pessoa humana, objetivando
assegurar e promover a solidariedade e a justiça na relação
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entre as pessoas.

INDEPENDÊNCIA

Art. 4º Exige-se do magistrado que seja eticamente inde-


pendente e que não interfira, de qualquer modo, na atuação

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jurisdicional de outro colega, exceto em respeito às normas
legais.

Art. 5º Impõe-se ao magistrado pautar-se no desempenho de


suas atividades sem receber indevidas influências externas e
estranhas à justa convicção que deve formar para a solução
dos casos que lhe sejam submetidos.

Art. 6º É dever do magistrado denunciar qualquer interfe-


rência que vise a limitar sua independência.

Art. 7º A independência judicial implica que ao magistrado é

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vedado participar de atividade político-partidária.

IMPARCIALIDADE

Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas


provas a verdade dos fatos, com objetividade e fundamento,
mantendo ao longo de todo o processo uma distância equi-
valente das partes, e evita todo o tipo de comportamento
que possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito.

Art. 9º Ao magistrado, no desempenho de sua atividade,


cumpre dispensar às partes igualdade de tratamento, vedada
qualquer espécie de injustificada discriminação.

Parágrafo único. Não se considera tratamento discriminatório


injustificado:

I – a audiência concedida a apenas uma das partes ou seu


advogado, contanto que se assegure igual direito à parte con-
trária, caso seja solicitado;

II – o tratamento diferenciado resultante de lei.

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TRANSPARÊNCIA

Art. 10. A atuação do magistrado deve ser transparente, do-


cumentando-se SEUS ATOS, SEMPRE QUE POSSÍVEL,
MESMO QUANDO NÃO LEGALMENTE PREVISTO, de
modo a favorecer sua PUBLICIDADE, exceto nos casos de

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sigilo contemplado em lei.

Art. 11. O magistrado, obedecido o segredo de justiça, tem


o dever de informar ou mandar informar aos interessados
acerca dos processos sob sua responsabilidade, de forma útil,
compreensível e clara.

Art. 12. Cumpre ao magistrado, na sua relação com os meios


de comunicação social, comportar-se de forma prudente e
eqüitativa, e cuidar especialmente:

I – para que não sejam prejudicados direitos e interesses le-

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gítimos de partes e seus procuradores;

II – de abster-se de emitir opinião sobre processo pendente


de julgamento, seu ou de outrem, ou juízo depreciativo sobre
despachos, votos, sentenças ou acórdãos, de órgãos judiciais,
ressalvada a crítica nos autos, doutrinária ou no exercício do
magistério.

Art. 13.O magistrado deve evitar comportamentos que im-


pliquem a busca injustificada e desmesurada por reconheci-
mento social, mormente a autopromoção em publicação de
qualquer natureza.

Art. 14.Cumpre ao magistrado ostentar conduta positiva e de


colaboração para com os órgãos de controle e de aferição de
seu desempenho profissional.

INTEGRIDADE PESSOAL E PROFISSIONAL

Art. 15. A integridade de conduta do magistrado fora do


âmbito estrito da atividade jurisdicional contribui para uma
fundada confiança dos cidadãos na judicatura.
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Art. 16. O magistrado deve comportar-se na VIDA PRI-
VADAde modo a dignificar a função, cônscio de que o exer-
cício da ATIVIDADE JURISDICIONAL IMPÕE RES-
TRIÇÕES e exigências pessoais distintas das acometidas
aos cidadãos em geral.

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Art. 17.É dever do magistrado recusar benefícios ou vanta-
gens de ente público, de empresa privada ou de pessoa física
que possam comprometer sua independência funcional.

Art. 18. Ao magistrado é vedado usar para fins privados, sem


autorização, os bens públicos ou os meios disponibilizados
para o exercício de suas funções.

Art. 19. Cumpre ao magistrado adotar as medidas necessárias


para evitar que possa surgir qualquer dúvida razoável sobre
a legitimidade de suas receitas e de sua situação econômico-
-patrimonial.

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DILIGÊNCIA E DEDICAÇÃO

Art. 20. Cumpre ao magistrado velar para que os atos pro-


cessuais se celebrem com a máxima pontualidade e para que
os processos a seu cargo sejam solucionados em um prazo
razoável, reprimindo toda e qualquer iniciativa dilatória ou
ATENTATÓRIA À BOA-FÉ PROCESSUAL.

Art. 21. O magistrado não deve assumir encargos ou contrair


obrigações que perturbem ou impeçam o cumprimento apro-
priado de suas funções específicas, ressalvadas as acumula-
ções permitidas constitucionalmente.

§ 1º O magistrado que acumular, de conformidade com a


Constituição Federal, o exercício da judicatura com o magis-
tério deve sempre priorizar a atividade judicial, dispensando-
-lhe efetiva disponibilidade e dedicação.

§ 2º O magistrado, no exercício do magistério, deve observar


conduta adequada à sua condição de juiz, tendo em vista que,
aos olhos de alunos e da sociedade, o magistério e a magis-
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tratura são indissociáveis, e faltas éticas na área do ensino
refletirão necessariamente no respeito à função judicial.

CORTESIA

Art. 22. O magistrado tem o dever de cortesia para com os co-

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legas, os membros do Ministério Público, os ADVOGADOS,
os servidores, as partes, as testemunhas e todos quantos se
RELACIONEM com a administração da Justiça.

Parágrafo único.Impõe-se ao magistrado a utilização de lin-


guagem escorreita, polida, respeitosa e compreensível.

Art. 23. A atividade disciplinar, de correição e de fiscalização


serão exercidas sem infringência ao devido respeito e consi-
deração pelos correicionados.

PRUDÊNCIA

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Art. 24. O magistrado prudente é o que busca adotar COM-
PORTAMENTOS E DECISÕESque sejam o resultado de
JUÍZO JUSTIFICADO RACIONALMENTE, após haver
meditado e valorado os argumentos e contra-argumentos dis-
poníveis, À LUZ DO DIREITO APLICÁVEL.

Art. 25.Especialmente ao proferir DECISÕES, incumbe ao


MAGISTRADO atuar de forma CAUTELOSA, atento às
CONSEQÜÊNCIAS QUE PODE PROVOCAR.

Art. 26. O magistrado deve manter atitude aberta e paciente


para receber argumentos ou críticas lançados de forma cortês
e respeitosa, podendo confirmar ou retificar posições anterior-
mente assumidas nos processos em que atua.

SIGILO PROFISSIONAL

Art. 27.O magistrado tem o dever de guardar absoluta reser-


va, na vida pública e privada, sobre dados ou fatos pessoais de
que haja tomado conhecimento no exercício de sua atividade.

Art. 28.Aos juízes integrantes de órgãos colegiados impõe-se


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preservar o sigilo de votos que ainda não hajam sido proferi-
dos e daqueles de cujo teor tomem conhecimento, eventual-
mente, antes do julgamento.

CONHECIMENTO E CAPACITAÇÃO

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Art. 29. A EXIGÊNCIA DE CONHECIMENTO e de capa-
citação permanente dos magistrados tem como fundamento o
direito dos jurisdicionados e da sociedade em geral à obtenção
de um serviço de qualidade na administração de Justiça.

Art. 30. O MAGISTRADO BEM FORMADO é o que CO-


NHECE O DIREITO VIGENTEe desenvolveu as capacida-
des técnicas e as ATITUDES ÉTICAS ADEQUADAS PARA
APLICÁ-LO CORRETAMENTE.

Art. 31. A obrigação de formação contínua dos magistrados es-


tende-se tanto às matérias especificamente jurídicas quanto no

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que se refere aos conhecimentos e técnicas que possam favore-
cer o melhor cumprimento das funções judiciais.

Art. 32. O conhecimento e a capacitação dos magistrados ad-


quirem uma intensidade especial no que se relaciona com as
matérias, as técnicas e as atitudes que levem à máxima proteção
dos direitos humanos e ao desenvolvimento dos valores cons-
titucionais.

Art. 33. O magistrado deve facilitar e promover, na medida do


possível, a formação dos outros membros do órgão judicial.

Art. 34. O magistrado deve manter uma atitude de colaboração


ativa em todas as atividades que conduzem à formação judicial.

Art. 35. O magistrado deve esforçar-se para contribuir com os


seus conhecimentos teóricos e práticos ao melhor desenvolvi-
mento do Direito e à administração da Justiça.

Art. 36. É dever do magistrado atuar no sentido de que a insti-


tuição de que faz parte ofereça os meios para que sua formação
seja permanente.

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DIGNIDADE, HONRA E DECORO

Art. 37.AO MAGISTRADO É VEDADO PROCEDIMEN-


TO INCOMPATÍVEL COM A DIGNIDADE, A HONRA
E O DECORO DE SUAS FUNÇÕES.

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Art. 38. O MAGISTRADO NÃO DEVE EXERCER ATI-
VIDADE EMPRESARIAL, exceto na condição de ACIO-
NISTA OU COTISTA e desde que não exerça o controle ou
gerência.

Art. 39. É ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DO CARGO


qualquer ATO OU COMPORTAMENTO DO MAGIS-
TRADO, NO EXERCÍCIO PROFISSIONAL, que impli-
que discriminação injusta ou arbitrária de qualquer PESSOA
ou instituição.

A publicação pelo CNJ do Código de Ética da Magistratura

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Nacional, com a inclusão ou incorporação dos Princípios de Banga-
lore, permitiu a todos os operadores do Direito, acesso a um compi-
lado de princípios e condutas, que nos ajuda a entender, de forma fá-
cil, princípios jurídicos que já eram estudados no Direito brasileiro.

OS PRÍNCÍPIOS JURÍDICOS NO ENTENDIMENTO


DOUTRINÁRIO
Apresentaremos a seguir o entendimento doutrinário dos prin-
cípios jurídicos que no nosso entendimento são descumpridos pelo
juiz que atua nos processos de cooperativa de crédito e/ou agrope-
cuária das quais é sócio cooperado.

DA IMPARCIALIDADE
A imparcialidade do julgador é elemento fundamental no trâ-
mite processual, pois sua parcialidade trará prejuízos para a parte e
seu procurador, que mesmo apresentando argumentos fundamenta-
dos na legislação em vigor e nas provas produzidas, não terá a con-

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fiança da aplicação da justiça ao caso concreto.
O autor Fredie Didier Jr (Introdução ao Direito Processual Ci-
vil, Parte Geral e Processo de Conhecimento, p. 458, grifo nosso)
disserta a respeito da imparcialidade do juiz:

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“A imparcialidade é requisito processual de validade; portanto, o
ato do juiz parcial é ato que pode ser invalidado. Há dois graus de par-
cialidade: o impedimento e a suspeição. A parcialidade é vício que não
gera a extinção do processo: verificado o impedimento ou a suspeição do
magistrado, os autos do processo devem ser remetidos ao seu substituto
legal. Os atos decisórios praticados devem ser invalidados.”

O autor Fredie Didier Jr (Introdução ao Direito Processual Ci-


vil, Parte Geral e Processo de Conhecimento, p. 855, grifo nosso)
disserta a respeito do Dever da Imparcialidade:

“O dever de imparcialidade (do juiz, membro do MP e dos

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auxiliares da justiça) decorre dos princípios do devido processo
legal e do juiz natural.
A imparcialidade é um pressuposto para o exercício válido da
jurisdição.
A imparcialidade deve ser investigada não somente a partir de
critérios previstos na legislação ou da sensação subjetiva do juiz,
mas acima de tudo a partir da noção de existência de causa
suficiente para provocar, sob a perspectiva de um observador
sensato, dúvida razoável quanto à isenção do julgador. De-
ve-se tutelar, então, não apenas a imparcialidade em si consi-
derada, como também a aparência de imparcialidade, garantia
merecedora de proteção jurídica específica. Em outras palavras,
“toda e qualquer circunstância que suscite dúvida acerca da
aparência de imparcialidade do órgão julgador pode ensejar
arguição de sua parcialidade e seu afastamento da causa”.
Há, portanto, uma dimensão objetiva da imparcialidade.
Em uma compreensão contemporânea, informada também por
critérios objetivos, o dever de imparcialidade é geral e, assim,
possui conteúdo complexo.
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Especificamente para o juiz, esse dever geral abrange, no míni-
mo, os deveres de:
b) preservar a aparência de imparcialidade dentro e fora do pro-
cesso, abstendo-se de condutas que possam gerar dúvidas razoá-
veis sobre o tema.

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Documentos como os Princípios de Bangalore de Conduta
Judicial, o Código Modelo Ibero-Americano de Ética Judi-
cial e as Guidelines on Conflicts of Interest in International
Arbitration, da International Bar Association (IBA) enume-
ram situações e contextos que podem ser considerados como
causas comprometedoras da imparcialidade, sendo possível
a sua utilização como referências para a análise da conduta
do juiz brasileiro. No âmbito das redes sociais, a Resolução
n. 305/2019 do Conselho Nacional de Justiça arrola diversas
vedações a condutas dos magistrados em ambiente virtual,
muitas delas fundadas no dever de preservação da aparência

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de imparcialidade, a exemplo das previstas em seus arts. 39,
inciso II, alíneas “a” e “e”, e 4º;
c) declarar seu impedimento ou suspeição nas hipóteses
previstas nos arts. 144 e 145 do CPC, bem como em casos nos
quais um observador razoável teria fundados motivos para
dúvida séria a respeito da sua imparcialidade, a ponto de se
considerar que seria desaconselhável a sua atuação no caso;
“Quem está sob suspeição está em situação de dúvida
quanto ao seu bom procedimento. Quem está impedido
está fora de dúvida, pela enorme probabilidade de ter in-
fluência maléfica para a sua função “MIRANDA, Francis-
co Cavalcanti Pontes de. Comentários ao Código de Processo
Civil. 3ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1997, t. 2, p. 420.”

O autor Cassio Scarpinella Bueno (Curso Sistematizado de Di-


reito Processual Civil, p. 150, grifo nosso) disserta a respeito do Prin-
cípio da Imparcialidade:

“O “princípio da imparcialidade” não tem previsão


expressa na Constituição Federal. A doutrina, contudo,
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não deixa de entendê-lo como decorrência do “princí-
pio do juiz natural ou, mais corretamente, como fator
que o complementa, dando destaque ao magistrado que
atuará em cada caso, considerando-o individualmen-
te, como sujeito. O que há na Constituição Federal de

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mais próximo do “princípio da imparcialidade” são as
prerrogativas que seu att. 95 reconhece ao magistrado,
forma garantística de viabilizar a ele o exercício pleno
de suas funções processuais, ao lado das vedações arro-
ladas no parágrafo único do dispositivo.

Não basta, apenas, que o órgão judiciário preexista ao


fato a ser julgado. Isso, por si só, pode não garantir
a realização concreta de todos os valores idealizados
por aquele princípio. Também a pessoa física que ocu-
pa o cargo de magistrado no órgão competente para

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julgamento deve ser imparcial. Imparcialidade, nesse
contexto, significa acentuar que o magistrado (o juiz,
propriamente dito, e não o juízo, que é indicativo do ór-
gão jurisdicional) seja indiferente em relação ao litígio.
Seja, no sentido comum da palavra, um terceiro, total-
mente estranho e indiferente à sorte do julgamento e ao
destino de todos aqueles que, direta ou indiretamente,
estejam envolvidos nele.

...O magistrado é imparcial porque ele não tem (e não


pode ter) nenhum interesse direto, pessoal, na demanda
que julga. Não porque, ao levar em conta os fatos e o
direito a ser aplicado sobre eles, interpreta-os levando
em conta os valores difusos pela sociedade e pelo pró-
prio Estado. A imparcialidade repousa na ideia de que o
magistrado é “terceiro” um verdadeiro “estranho” com
relação àquilo que julga, com relação às partes e aos
sujeitos processuais envolvidos, com o objeto do litígio.
Que ele nada ganha e nada perde com o julgamento.
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Esse elemento do modelo constitucional do direito pro-
cessual civil, destarte, não pressupõe neutralidade no
ato de interpretar e aplicar o direito.”
O autor Fredie Didier Jr. (Introdução ao Direito Processual Ci-
vil, Parte Geral e Processo de Conhecimento, p. 145, grifo nosso)

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disserta a respeito do Princípio da Igualdade Processual (paridade
de armas):

O art. 5°, caput, da CF/1988, é a fonte normativa do princípio


da igualdade processual.

Da primeira parte do art. 7° do CPC decorre, diretamente, em


um plano infraconstitucional, o princípio da igualdade pro-
cessual. A redação é prolixa, mas o propósito é simples: as
partes devem ser tratadas com igualdade.

A igualdade processual deve observar quatro aspectos:

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a) imparcialidade do juiz (equidistância em relação às par-
tes);

DA LEGALIDADE
O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (Curso de Direito Proces-
sual Civil, p. 80, grifo nosso) descreve o Princípio da Legalidade,
nos seguintes termos:
“No Estado de Direito, ninguém é obrigado fazer ou deixar
de fazer alguma coisa, senão em VIRTUDE DA LEI (CF, art.
5º, II). E esse regime não se limita à esfera da atividade pri-
vada, pois a Administração Pública também se acha consti-
tucionalmente sujeita a só agir nos limites da legalidade (CF,
art. 37, caput). Não é novidade, portanto, que o CPC/2015
atribua ao JUIZ O DEVER de “APLICAR O ORDENA-
MENTO JURÍDICO”, deixando expresso que a atuação do
Poder JUDICIÁRIO, no desempenho da função JURISDI-
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CIONAL, tem de observar o princípio da LEGALIDADE
(CPC/2015, art.8º).”
“A LEI que ao JUIZ compete aplicar na solução dos litígios
e à qual as partes se submetem (CF, art. 5º, II), não se con-
funde com lei em sentido estrito. O ORDENAMENTO JURÍ-

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DICO referido pelo art. 8º do CPC/2015 compreende a LEI
e todo e qualquer provimento normativo legitimamente edi-
tado pelo Poder Público. Compreende além das REGRAS,
OS PRINCÍPIOS GERAIS, MORMENTE OS CONSTITU-
CIONAIS. Assim, o ordenamento jurídico (direito positivo)
se compõe de normas que, por sua vez, se desdobram em re-
gras e princípios.”
Dispõe o art. 8º do NCPC de 2015 a respeito do PRINCÍPIO DA
LEGALIDADE:
Art. 8º Ao APLICAR O ORDENAMENTO JURÍDICO, o

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JUIZ atenderá aos fins sociais e às exigências do bem co-
mum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa hu-
mana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a
LEGALIDADE, a publicidade e a eficiência.

Dispõe o art. 37 da Constituição Federal de 1988 a respeito do


PRINCÍPIO DA LEGALIDADE:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos PRINCÍPIOS
DE LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE, MORALI-
DADE, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

Dispõe o inciso II do art. 5º da Constituição Federal de 1988,


que trata do Princípio da Legalidade e da Reserva Legal:

II – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer


alguma coisa senão em virtude de lei;

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Dispõe o art. 3º do Decreto lei nº 4.657/1942, Lei de Introdu-
ção às Normas do Direito Brasileiro, sobre a alegação do desconhe-
cimento da lei, grifo nosso:

Art. 3º - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando

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que não a conhece.
Dispõem os incisos I, II e III do art. 35 da Lei Complementar
nº 35 de 14/03/1979 – Lei Orgânica da Magistratura Nacional,
referentes aos deveres do magistrado:
Art. 35 - São deveres do magistrado:
I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenidade e
exatidão, as disposições legais e os atos de ofício;

DA VERDADE REAL

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O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG El-
pídio Donizetti (Curso de Direito Processual Civil, p. 56-57, grifo
nosso) descreve o Princípio da Verdade Real:
“Decorrente do princípio do dispositivo (no que tange à ini-
ciativa da prova pela parte), do princípio inquisitivo (no que
se refere à possibilidade de complementação da prova e, em
certos casos, à produção de ofício) e da persuasão racional
do juiz, o princípio da verdade real se fortaleceu com a pu-
blicização do processo civil. Hoje, não há dívida de que o ob-
jetivo maior da jurisdição é a pacificação social, que decorre
do império da ordem pública, o qual, por sua vez, advém do
processo justo e eficaz.

Tal princípio prescreve que somente em casos excepcionais


de direitos disponíveis o juiz pode se satisfazer com a ver-
dade formal (aquilo que se mostra verdadeiro conforme as
provas trazidas aos autos), limitando-se a apreciar o que as
partes juntaram ao processo e/ou requereram, cabendo a ele
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sempre zelar pelo descobrimento da verdade real, ou seja,
do que efetivamente ocorreu no caso concreto. Essa atuação
judicial, no entanto, está limitada, por óbvio, pelos princípios
dispositivos da razoabilidade e da imparcialidade.

Embora citado com maior frequência no processo penal, no

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âmbito do processo civil, o STI já considerou que se deve dar
prevalência ao princípio da verdade real, por exemplo, nas
ações de estado, como as de filiação, razão pela qual admi-
te-se a relativização da coisa julgada quando, na demanda
anterior, não foi possível a realização de exame de DNA (STI,
Agint no REsp 1.414.222/SC, DJe 29.06.2018).”
O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (Curso de Direito Proces-
sual Civil, p. 46-47, grifo nosso) descreve o Princípio da Verdade
Real, nos seguintes termos:

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“O JUIZ, operando pela sociedade como um todo, tem até
mesmo interesse público maior na BOA ATUAÇÃO JURIS-
DICIONAL e na JUSTIÇA e efetividade do PROVIMENTO
com que se compõe o litigio. Sob esse aspecto é que, consoan-
te bem assinalou Rui Portanova, “a adoção plena no proces-
so civil do princípio da VERDADE REAL é uma consequên-
cia natural da modernidade publicística do processo”.

DA BOA-FÉ PROCESSUAL - ART. 5°


O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG El-
pídio Donizetti (Curso de Direito Processual Civil, p. 33-34, grifo
nosso) descreve o Princípio da Boa-fé Processual:
“Inicialmente cabe apontar as diferenças entre boa-fé objeti-
va e boa-fé subjetiva. A primeira constitui regra de con-
duta, relacionada aos padrões sociais ou legais de lisura
e honestidade. A segunda expressa um estado psicológico
do sujeito, que pode variar conforme a sua interpretação,
percepção e conhecimento. Em termos simples, o exame
da boa-fé objetiva é externo e tem por objeto a conduta das
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partes (contratantes, litigantes). O exame da boa-fé subjetiva,
por outro lado, é internalizado, porque busca a intenção do
sujeito.

A boa fé processual está intimamente ligada à boa fé objetiva,


comumente tratada no Direito Civil como princípio nortea-

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dor das relações contratuais, mas que no sistema processual
orienta a conduta das pessoas que, de qualquer forma, parti-
cipam do processo. Como exemplo cite-se a situação em que
o juiz verifica a existência de propósito protelatório do réu e,
consequentemente, aplica-lhe a pena por litigância de má-fé
(arts. 80, VII, e 81 do CPC/2015).

A boa-fé processual também deve orientar a atuação juris-


dicional, ou seja, tanto as partes, como o juiz, devem atuar
conforme os princípios éticos, de forma a propiciar a rápida e
efetiva solução da lide. Por esta razão é que o art. 5° enuncia
que “aquele que de qualquer forma participa do processo

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deve comportar-se de acordo com a boa-fé”. A partir dessa
interpretação é que o Fórum Permanente de Processualistas
Civis editou o Enunciado 376, estabelecendo que a vedação
ao comportamento contraditório, decorrente da boa-fé
processual, aplica-se ao juiz. Na prática, isso significa, por
exemplo, que não pode o juiz rejeitar a produção probatória
pretendida pela parte e, ao final, na sentença, julgar impro-
cedente o pedido por ela formulado sob o argumento de que
faltou a prova necessária ao seu convencimento. A propósito,
o referido exemplo é considerado espécie de decisão nula, se-
gundo entendimento do Superior Tribunal de Justiça:”Agravo
interno no agravo em recurso especial. Processual civil. Ação
de indenização. Dano moral. Pedido de produção de provas.
Indeferimento. Julgamento antecipado da lide. Indeferimento
do pedido. Comprovação. Ausência. Cerceamento de defesa.
Configuração. 1.Recurso especial interposto contra acórdão
publicado na vigência do Código de Processo Civil de 2015
(Enunciados Administrativos n°s 2 e 3/STJ). 2. O Superior
Tribunal de Justiça consolidou o entendimento de que há cer-
ceamento de defesa na hipótese em que o magistrado julga
antecipadamente a lide, indeferindo a produção de provas
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previamente requerida pelas partes, e conclui pela improce-
dência da demanda com fundamento na falta de comprovação
do direito alegado. 3. Agravo interno não provido” (AgInt no
AREsp 1.478.713/SP, Rel. Min.Ricardo Villas Bôas Cueva,
3a Turma, j. 09.03.2020, DJe 13.03.2020).

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DA BOA-FÉ OBJETIVA
(PROTEÇÃO À CONFIANÇA) 

O eminente jurista e Ministro do STF Luiz Fux (Curso de Di-


reito Processual Civil, p. 57-28, grifo nosso) discorre a respeito do
Princípio da Boa-fé Objetiva (proteção à confiança):

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“Atento aos aspectos éticos que devem permear a relação pro-
cessual, destaca o Código que os sujeitos nela envolvidos de-
vem se comportar de acordo com a boa-fé (art. 5°).8° Mais
do que a intenção de uma conduta moralmente reta e proba,
assegura, o princípio, um padrão de comportamento esperado
objetivamente das partes e do juiz,o que enriquece a compreen-
são do processo como um locus cooperativo, do qual devem
restar afastados os abusos de direitos processuais.

A proteção à confiança se manifesta como um subprincípio da


segurança jurídica.? Em verdade, a segurança jurídica figura
como um dos valores mais caros ao processo civil, já que é o
elemento responsável por lhe conferir legitimidade. As partes
não se submeteriam a um processo, que, sabidamente, deman-
da tempo e dinheiro, se a decisão proferida não lhe fosse, em
alguma medida, definitiva. Mostra-se fundamental, portanto,
pacificar as discussões - o que só se alcança com respeito à
segurança jurídica.

Mais especificamente quanto à proteção da confiança, a dou-


trina aponta sua decorrência de fato jurídico decorrente de

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quatro elementos: (i) a base da confiança, o ato normativo que
lhe serviu de fundamento; (ii) a confiança no ato, a legitimida-
de da crença no seu cumprimento; (ii) o exercício da confiança,
a atuação propriamente dita em conformidade com a confian-
ça; e (iv) frustração posterior por ato do Poder Público.

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Na seara processual, tal princípio se manifesta em diversos as-
pectos, mas merecem particular destaque a imutabilidade da
coisa julgada e a formação da jurisprudência, consoante o art.
927, $ 4°, do CPC, a qual não deve se modificar de maneira
a surpreender os jurisdicionados e os particulares em geral -
razão pela qual merece particular relevo a técnica de modula-
ção dos efeitos.93 De acordo com a mais acertada doutrina, a
modulação resguarda a proteção da confiança depositada pelo
particular no Estado-juiz,* afigurando-se como uma necessi-
dade quando alterada jurisprudência vinculantes e espécie de
tutela contra esse mesmo Estado.”

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O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG
HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (Curso de Direito Proces-
sual Civil, p. 46-47, grifo nosso) descreve o Princípio da Boa-Fé,
nos seguintes termos:

“Dispõe o art. 5º do atual CPC que “aquele que de qualquer


forma participa do processo deve comportar-se de acordo com
a BOA-FÉ”. A MÁ-FÉ SUBJETIVA (CONDUTA DOLOSA,
com o propósito de lesar a outrem) sempre foi SEVERAMEN-
TE PUNIDA, tanto no âmbito do direito público como no pri-
vado.”
“Consiste, pois, o princípio da BOA-FÉ OBJETIVA em exi-
gir do agente que PRATIQUE O ATO JURÍDICO SEMPRE
PAUTADO EM VALORES ACATADOS PELOS COSTU-
MES, IDENTIFICADOS COM A IDEIA DE LEALDADE
E LISURA. Com isso, confere-se segurança às relações jurí-
dicas, permitindo-se aos respectivos sujeitos confiar nos seus
efeitos programados e esperados.”

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Dispõe o art. 5º do NCPC, grifo nosso, a respeito do
PRINCÍPIO DA BOA FÉ:

Art. 5º - Aquele que de qualquer forma participa do processo

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deve COMPORTAR-SE de acordo com a BOA-FÉ.

DO PROCESSO JUSTO E EFETIVO

O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG


HUMBERTO THEODORO JÚNIOR (Curso de Direito Proces-
sual Civil, p. 75, grifo nosso) descreve o Princípio do Processo
Justo e Efetivo, nos seguintes termos:

“Justiça e efetividade, como metas do processo democrático,

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exigem que o processo assegure o pleno acesso à justiça e a
realização das garantias fundamentais traduzidas nos prin-
cípios da LEGALIDADE, LIBERDADE E IGUALDADE.
Nessa ordem de ideais, o processo, com já visto, consagra
o direito à defesa, o contraditório e a PARIDADE DE AR-
MAS (PROCESSUAIS) entre as partes, a independência e
a IMPARCIALIDADE DO JUIZ, a obrigatoriedade da mo-
tivação dos provimentos judiciais decisórios e a garantia de
uma duração razoável, que proporcione uma tempestiva tute-
la jurisdicional.”

Dispõe o art. 7º do NCPC, a respeito do princípio do processo


justo e efetivo:
Art. 7º É assegurada às partes PARIDADE de tratamento em
relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos
meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de san-
ções processuais, COMPETINDO AO JUIZ ZELAR pelo
efetivo contraditório.

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CONCLUSÃO

Diante de todos os argumentos apresentados e, em sendo a ta-


xatividade do rol de hipóteses de suspeição inflexível, restrito, rígi-

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do, não comportando interpretação extensiva ou analógica, podemos
afirmar veementemente com toda a convicção que:
1) O juiz não é proibido de ser sócio cooperado de sociedade
cooperativa (capital social dividido em quotas), amparado pelo art.
36 da lei complementar 35/1979, Lei Orgânica da Magistratura Na-
cional.
2) Diferente de ser permitido ao juiz ser sócio cooperado de
sociedade cooperativa, não há, na Lei Orgânica da Magistratura Na-
cional, nenhuma ressalva em relação a sua condição de suspeito de
julgar processos de pessoa jurídica da qual é sócio e TEM INTE-

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RESSE NO RESULTADO DOS PROCESSOS, pois as coopera-
tivas não têm a finalidade do lucro, porém também não têm como
escopo o prejuízo. Os negócios realizados entre cooperados e coope-
rativa são chamados “ato cooperativo”, que particularizam o regime
econômico das sociedades. Os sócios cooperados, ao darem prefe-
rência aos produtos ou serviços disponibilizados pela cooperativa,
geram receitas para esta última, as quais, após o desconto dos custos
operacionais expendidos pela cooperativa, formam as chamadas SO-
BRAS LÍQUIDAS. Recursos esses que terão uma parte rateada ou
distribuída entre os cooperados na proporção dos atos cooperativos
realizados por cada um.
3) Entretanto, se as receitas geradas pelos atos cooperativos não
forem suficientes para quitar os custos operacionais expendidos pela
cooperativa, surgirão as chamadas PERDAS LÍQUIDAS, as quais
serão rateadas ou divididas entre os cooperados na proporção dos atos
cooperativos realizados por cada um.
4) Pelas razões descritas nos tópicos 1, 2 e 3, o juiz TEM IN-
TERESSE NO RESULTADO DOS PROCESSOS da sociedade
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cooperativa da qual é sócio cooperado, pois qualquer benefício finan-
ceiro que a cooperativa tenha refletirá em ganhos financeiros para to-
dos os cooperados, através do rateio das sobras, inclusive para o juiz.
5) Pelas razões descritas nos tópicos 1, 2 e 3, o juiz TEM IN-
TERESSE NO RESULTADO DOS PROCESSOS da sociedade

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cooperativa da qual é sócio cooperado, pois qualquer prejuízo finan-
ceiro que a cooperativa tenha refletirá em perdas financeiras para to-
dos os cooperados, através do RATEIO DOS PREJUÍZOS, inclu-
sive para o juiz.
6) Pelos motivos acima elencados, podemos afirmar: o juiz que
é SÓCIO COOPERADO de sociedade cooperativa É SUSPEITO
de julgar os processos dos quais a referida cooperativa é parte, nos
termos do inciso IV do art. 145 do NCPC e, em sendo desconsidera-
das as circunstâncias que caracterizam a suspeição e mantendo-se o
juiz à frente dos processos respectivos, configurado está o dolo por

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ação ou por inação por face de não se declarar suspeito.

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XII • Da suspeição do Juiz de atuar
em processos nos quais figuram
como partes cooperativas de crédito
e/ou agropecuária, sendo ele sócio

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cooperado das mesmas

A través da aplicação da Hermenêutica Jurídica, este ca-


pítulo irá demonstrar a ausência de imparcialidade de
juiz, que, sendo sócio cooperado de cooperativa de crédito e/ou
agropecuária, não encontra respaldo legal para julgar processos em
que as cooperativas das quais é sócio cooperado figura como parte.
Sendo suspeito nos moldes do inciso III do art. 145, do NCPC, pela
simples razão: todo sócio cooperado é CREDOR e DEVEDOR da

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sociedade cooperativa, pois havendo RATEIO DE SOBRAS (LU-
CROS) é CREDOR ou RATEIO DE PERDAS (PREJUÍZO) é
DEVEDOR. E, em sendo o juiz sócio cooperado da cooperativa da
qual é credor e/ou devedor, o mesmo se enquadrará nas condições
descritas no inciso III do art. 145, do NCPC, sendo suspeito de atuar
nos processos das cooperativas das quais é sócio cooperado.
Dessa forma, pode-se dizer que a condição de credor e/ou de-
vedor da cooperativa é condição para ser cooperado, em razão da
determinação legal e estatutária do rateio das sobras ou das perdas,
descritas no inciso VII do art. 4º e no inciso IV do art. 21 da lei nº
5.764/71, que definiu a política nacional de Cooperativismo e insti-
tuiu o regime jurídico das sociedades cooperativas.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS DA SUSPEIÇÃO


O legislador descreveu, nos quatro incisos o art. 145 do NCPC,
as hipóteses ou fatos que tornam o juiz suspeito de exercer suas fun-

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ções em processos, com as características citadas no tópico acima,
razão pela qual nos ateremos no presente tópico ao inciso III do Art.
145 do NCPC, que dispõe:

Art. 145. Há suspeição do juiz:

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III - quando qualquer das partes for sua credora ou devedora,
de seu cônjuge ou companheiro ou de parentes destes, em
linha reta até o terceiro grau, inclusive;
A condição de credor ou devedor por parte do juiz é explicita,
pois a sociedade cooperativa tem obrigação legal e estatutária de
ratear sobras ou perdas entre os cooperados.

DAS COOPERATIVAS
A lei nº 5.764/71, que definiu a política nacional de Cooperati-
vismo e instituiu o regime jurídico das sociedades cooperativas, em

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seu inciso VII do art. 4º, grifo nosso, descreveu as seguintes caracte-
rísticas desta sociedade. Vejamos:
Art. 4º As cooperativas são sociedades de pessoas, com forma
e natureza jurídica próprias, de natureza civil, não sujeitas a
falência, constituídas para prestar serviços aos associados,
distinguindo-se das demais sociedades pelas seguintes carac-
terísticas:
VII - RETORNO das SOBRAS LÍQUIDAS DO EXERCÍ-
CIO, proporcionalmente às operações realizadas pelo asso-
ciado, salvo deliberação em contrário da Assembleia Geral;
Destacamos a peculiaridade constante no inciso VII do art. 4º,
que é de grande importância, pois trata do retorno das sobras líquidas
do exercício, proporcionalmente às operações realizadas pelo asso-
ciado.
Transcreveremos abaixo o inciso IV do art. 21 da lei retro re-
ferenciada, que trata do retorno das sobras líquidas, senão do rateio
das perdas apuradas:

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Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao
disposto no artigo 4º, deverá indicar:
(...)
IV - a forma de devolução das sobras registradas aos
associados, ou do rateio das perdas apuradas por in-

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suficiência de contribuição para cobertura das despesas
da sociedade;
(...)
A sociedade cooperativa não tem por escopo o lucro, também
não tem por objetivo o prejuízo. Por essa razão, para que ocorra a
devolução das sobras, ou se evite o rateio de prejuízos, é necessário
que a sociedade seja bem administrada, prevenindo qualquer fator
que possa acarretar perdas (prejuízos) à sociedade cooperativa.
No caso de não ocorrerem sobras, os associados ratearão entre
si as perdas apuradas pela sociedade.

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Como descrito nos parágrafos anteriores, a sociedade coope-
rativa somente apresenta algumas peculiaridades que outras socie-
dades não apresentam, entretanto que não a descaracterizam como
uma sociedade.

DOS CRÉDITOS E DÉBITOS DO SÓCIO COOPE-


RADO PERANTE A SOCIEDADE COOPERATIVA

A suspeição do juiz que é sócio de cooperativa de crédito e/ou


agropecuária, fundada no inciso III do art. 145 do NCPC, está rela-
cionada ao fato de ser credor ou devedor da sociedade cooperativa.
Vejamos por quais razões:
1) As cooperativas não têm a finalidade do lucro, porém tam-
bém não têm como escopo o prejuízo. Os negócios realizados entre
cooperados e cooperativa é chamado “ato cooperativo”, que parti-
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culariza o regime econômico das sociedades. Os sócios cooperados,
ao darem preferência aos produtos ou serviços disponibilizados pela
cooperativa, geram receitas para esta última, as quais, após o des-
conto dos custos operacionais expendidos pela cooperativa, formam
as chamadas SOBRAS LÍQUIDAS. Recursos esses que terão uma

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parte rateada ou distribuída entre os cooperados na proporção dos
atos cooperativos realizados por cada um;
2) Em razão das considerações acima, todos os sócios coope-
rados são beneficiários de uma parte das sobras liquidas rateadas ou
distribuídas entre os cooperados, na proporção dos atos cooperativos
realizados por cada um, ou seja, CRÉDITOS e quem tem créditos
da sociedade a receber é CREDOR;
3) Entretanto, se as receitas geradas pelos atos cooperativos
não forem suficientes para quitar os custos operacionais expendidos
pela cooperativa, surgirão as chamadas PERDAS LÍQUIDAS, as

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quais serão rateadas entre os cooperados na proporção dos atos coo-
perativos realizados por cada um;
4) Em razão das considerações acima, todos os sócios coo-
perados são devedores de uma parte das perdas liquidas que serão
rateadas entre os cooperados, na proporção dos atos cooperativos
realizados por cada um, ou seja, prejuízo ou dívida a ser partilha-
da e quem tem dívidas da sociedade a pagar é DEVEDOR;
5) Pelas razões descritas nos tópicos 1, 2, 3 e 4, o juiz é CRE-
DOR e DEVEDOR da sociedade cooperativa da qual é sócio coo-
perado, pois, havendo RATEIO DE SOBRAS (LUCROS) ou
RATEIO DE PERDAS (PREJUÍZO) pela cooperativa, o juiz se
enquadrará nas condições de credor ou devedor;
6) Hipoteticamente, pode ainda haver financiamentos concedi-
dos ao sócio cooperado, que será devedor da sociedade cooperativa
e esta, credora do associado.

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DO ENTENDIMENTO DOUTRINÁRIO A RESPEI-
TO DO INSTITUTO DA SUSPEIÇÃO

O entendimento doutrinário referente ao instituto da suspeição

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e do impedimento são pacíficos.

O eminente jurista e Ministro do STF Luiz Fux (Curso de Di-


reito Processual Civil, p. 283-284, grifo nosso) leciona a respeito da
suspeição e impedimento do juiz:
“Como mencionado anteriormente, há um dever do juiz que
é intrínseco à sua atividade: o dever de imparcialidade. De
nada adianta a apreciação de um litígio pelo Judiciário, em
processo que sabidamente demanda tempo e custos, se aquele
designado para solucionar o conflito é naturalmente inclina-

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do a decidir em favor de uma das partes, seja por relações
pessoais ou por quaisquer outros motivos.

A imparcialidade do juiz é tão relevante quanto sua inves-


tidura, i.e. a decisão de um juiz parcial vale tanto quanto a
decisão de uma pessoa que não é investida no cargo.

A inexistência de impedimentos ou suspeições é imprescin-


dível para o devido processo legal e para gerar legitimidade
social na decisão.

(...)

O juiz é considerado “suspeito” quando:...... (v) alguma das


partes FOR SUA CREDORA OU DEVEDORA ou de seu
cônjuge ou companheiro ou seus parentes, em linha reta ou
na colateral até terceiro grau (art. 145, III);

O eminente Ministro do STF Luiz Fux destacou de forma pre-


cisa que a imparcialidade do juiz é tão importante quanto sua inves-
tidura no cargo. Em sendo o juiz parcial, a sua decisão se compara à
de uma pessoa que não está investida no cargo de juiz.
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No caso específico das cooperativas de crédito e/ou agrope-
cuária, todo cooperado estará sujeito a ser devedor e ratear as perdas;
entretanto, não havendo prejuízos durante o exercício fiscal, o coo-
perado será credor de sobras liquidas, também chamadas dentro
do cooperativismo de rateio de sobras, que são créditos repassados

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para os associados.

DA NÃO EQUIPARAÇÃO DO JUIZ COOPE-


RADO DE SOCIEDADE COOPERATIVA COM
AS SOCIEDADES ANÔNIMAS
Os argumentos e fundamentos da não equiparação do juiz coo-
perado de sociedade cooperativa com as sociedades anônimas, são
os mesmos apresentados no capítulo anterior.

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DA NÃO EQUIPARAÇÃO DO JUIZ COOPE-
RADO DE SOCIEDADE COOPERATIVA COM
O JUIZ CLIENTE DE BANCO
Os argumentos e fundamentos da não equiparação do juiz coo-
perado de sociedade cooperativa com o juiz cliente de banco são os
mesmos apresentados no capítulo anterior.

DO DESCUMPRIMENTO DOS PRINCÍPIOS


JURÍDICOS CONSTITUCIONAIS
Os princípios constitucionais que são descumpridos, quando o
juiz atua nos processos de sociedades cooperativas, da quais é socio
cooperado, credor e devedor da mesma, são os mesmos apresentados
no capítulo anterior.
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CONCLUSÃO

Diante de todos os argumentos apresentados e, em sendo a ta-


xatividade do rol de hipóteses de suspeição inflexível, restrito, rígi-

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do, não comportando interpretação extensiva ou analógica, podemos
afirmar com toda a convicção que:
1) O juiz não é proibido de ser sócio cooperado de sociedade
cooperativa (capital social dividido em quotas), amparado pelo art.
36 da lei complementar 35/1979, Lei Orgânica da Magistratura Na-
cional;
2) Diferente de ser permitido ao juiz ser sócio cooperado de
sociedade cooperativa, não há, na lei orgânica da magistratura na-
cional, nenhuma ressalva em relação a sua condição de suspeito de
julgar processos de pessoa jurídica da qual é sócio, CREDOR

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e DEVEDOR, pois as cooperativas não têm a finalidade do lucro,
porém também não tem como escopo o prejuízo. Os negócios rea-
lizados entre cooperados e cooperativa são chamados “ato coopera-
tivo”, que particularizam o regime econômico das sociedades. Os
sócios cooperados, ao darem preferência aos produtos ou serviços
disponibilizados pela cooperativa, geram receitas para esta última,
as quais, após o desconto dos custos operacionais expendidos pela
cooperativa, formam as chamadas SOBRAS LÍQUIDAS. Recursos
esses que terão uma parte rateada ou distribuída entre os cooperados
na proporção dos atos cooperativos realizados por cada um, ou seja,
CRÉDITOS e quem tem créditos da sociedade a receber é CRE-
DOR;
3) Entretanto, se as receitas geradas pelos atos cooperativos
não forem suficientes para quitar os custos operacionais expendidos
pela cooperativa, surgirão as chamadas PERDAS LÍQUIDAS, as
quais serão rateadas entre os cooperados na proporção dos atos coo-
perativos realizados por cada um, ou seja, prejuízo ou dívida a ser
partilhada e quem tem dívidas da sociedade a pagar é DEVEDOR;

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4) Pelas razões descritas nos tópicos 1, 2 e 3, o juiz é CRE-
DOR e DEVEDOR da sociedade cooperativa da qual é sócio coo-
perado, pois, havendo RATEIO DE SOBRAS (LUCROS) ou
RATEIO DE PERDAS (PREJUÍZO) pela cooperativa, o juiz se
enquadrará nas condições de credor ou devedor;

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5) Pelos motivos acima elencados, podemos afirmar: o juiz
que é SÓCIO COOPERADO de sociedade cooperativa É SUS-
PEITO de julgar os processos dos quais a referida cooperativa é
parte, nos termos do inciso III do art. 145 do NCPC, e, em sendo
desconsideradas as circunstâncias que caracterizam a suspeição e
mantendo-se o juiz à frente dos processos respectivos, configura-
do está o dolo por ação ou por inação por face de não se declarar
suspeito.

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XIII • Um caso concreto analisado
com os fundamentos dos capítulos
anteriores

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N o capítulo X, onde abordamos a suspeição do juiz de
atuar em processos nos quais figuram como partes coo-
perativas de crédito e/ou agropecuária, sendo ele sócio cooperado
das mesmas, apresentamos a íntegra de uma jurisprudência da 14º
Câmara Cível do TJMG, que deu provimento à ação de arguição de
exceção de suspeição de juiz de direito cooperado da parte autora,
por interesse no julgamento da causa configurado. Abaixo reprodu-
zimos a ementa do acórdão:

EMENTA: EXCEÇÃO DE SUSPEIÇÃO. JUIZ DE DI-

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REITO COOPERADO DA AUTORA. INTERESSE NO
JULGAMENTO DA CAUSA CONFIGURADO. Deve ser
acolhida a exceção de suspeição do magistrado para jul-
gar a causa em que figura como parte cooperativa rural
na qual figura como associado, pois, por disposição expres-
sa prevista no estatuto social desta, se encontra sujeito a
suportar eventuais prejuízos. (TJ-MG - Incid.Susp.Cível:
10000200792091000 MG, Relator: Cláudia Maia, Data de
Julgamento: 14/08/2020, Câmaras Cíveis / 14ª CÂMARA
CÍVEL, Data de Publicação: 17/08/2020).
Para enriquecer o debate, convido o leitor ao seguinte exercí-
cio de imaginação:
Imaginemos que em um caso fictício, similar ao caso concreto
noticiado no acórdão acima citado que, além do juiz ser sócio coo-
perado da cooperativa, fosse credor...
Imaginemos que, além de ser sócio cooperado, credor, ele
fosse também devedor da cooperativa...

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Imaginemos que, além de ser sócio cooperado, credor e de-
vedor da cooperativa, o juiz fosse casado e a esposa do mesmo tam-
bém fosse sócia cooperada da cooperativa...
Imaginemos que a esposa do juiz, além de ser sócia coopera-

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da, fosse ainda credora e devedora da cooperativa...
Imaginemos um pouco mais que, além de ser sócio coopera-
do, credor, devedor, casado com sócia cooperada, credora e de-
vedora da cooperativa, o juiz estivesse atuando não em apenas um
processo, em que fosse parte a cooperativa, mas em, aproximada-
mente, 200 processos...
Imaginemos que, além de ser sócio cooperado, credor, deve-
dor, casado com cooperada, credora e devedora, titular de, apro-
ximadamente, 200 processos da cooperativa, houvesse ainda pro-

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cessos arquivados que em tese poderiam ser considerados nulos de
pleno direito; em tese, não, de fato são considerados nulos...
Imaginemos o número de pessoas que estão por trás desses
processos, quantas famílias, quantos pais, quantas mães, quantos
filhos, quantos empresários, quantos empregados, quantos sócios,
quantos cooperados, qual seria o prejuízo dessas pessoas?
Imaginemos quantos bens foram penhorados, quantos valores
foram bloqueados e penhorados em contas bancárias, quantas imó-
veis foram a leilão, quantas fazendas foram perdidas...
Imaginemos que o Estado estivesse em pelo menos uma ação
no polo passivo ou ativo onde uma cooperativa da qual o juiz é só-
cio cooperado... Qual seria a responsabilidade do juiz que, mesmo
sabendo do seu impedimento e suspeição, continuasse atuando no
processo?
Imaginemos que um advogado, despretensiosamente, se desse
ao trabalho de juntar, em 18 de janeiro de 2023, em todos esses pro-

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cessos virtuais, em que o juiz está atuando de forma ilegal, ilícita,
indevida, arbitrária e imparcial, noticiando a irregularidade, com a
juntada de matrícula de fazenda de propriedade do juiz e de sua
esposa, comprovando a condição de cooperados dos mesmos e de
matrícula de fazenda arrendada pelo juiz e esposa, onde também

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há a comprovação da condição de cooperados em duas cooperativas,
sendo uma de crédito e outra, agropecuária...
Imaginemos que o mesmo advogado se desse ao trabalho de
juntar, em todos esses processos virtuais, em mais duas ocasiões,
em 30/04/2023 e 04/05/2023, novas informações a respeito dos fa-
tos, inclusive apresentando cópia atualizada da matrícula da fazenda
que, na primeira petição, era de propriedade do juiz, adquirida no dia
29/03/2011, entretanto que HAVIA SIDO VENDIDA pelo juiz na
data de 05/04/2023, por valor abaixo do preço de mercado ou valor

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pífio...
Imaginemos que o juiz, mesmo após o protocolo das peti-
ções em três oportunidades, continuasse despachando nos processos
como se nada tivesse acontecido, inclusive em novos processos dis-
tribuídos após os três protocolos...
Imaginemos que todos os fatos acima citados fossem apresen-
tados perante a corregedoria do TJMG, via PJECOR, uma represen-
tação disciplinar, juntado pelo advogado - POLO ATIVO - ADVO-
GADO em 01/01/2023 00:00:21...
Imaginemos que a corregedoria do TJMG encaminhasse um
e-mail para o advogado no dia 13/01/2023, com um parecer datado
de 22/11/2022: ... Outrossim, há de se destacar que as causas de sus-
peição que recaem sob a autoridade judiciária constam do art. 145
do Código Processual Civil, que estabelece prazo e forma para que
a parte interessada suscite o referido incidente processual. Destarte,
não obstante as alegações do Reclamante, constitui munus da parte,
no caso concreto, alegar a parcialidade do Magistrado em momento
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oportuno e pela via judicial própria, submetendo a questão à aprecia-
ção da autoridade competente.
Da mesma forma, impõe consignar que a conduta funcio-
nal, qualificada como irregular, deve revestir-se de tipicidade e

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antijuridicidade, bem como deve haver indícios de autoria devi-
damente demonstrados e elementos suficientes que comprovem
a materialidade, para que seja revelada justa causa capaz de respal-
dar a eventual atuação disciplinar desta Casa.
No entanto, esse não é o caso em comento, uma vez que au-
sentes elementos mínimos que pudessem sugerir uma conduta ir-
regular por parte do Magistrado ou seus servidores da Unidade
Judiciária. De se destacar que os esclarecimentos prestados pelo
Magistrado e a análise processual realizada pela equipe de fisca-
lização durante a Correição Extraordinária demonstram que, di-

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ferente do alegado, não atua em causas em que sua esposa milita,
sendo que as decisões são proferidas, pelo que se apurou, pela outra
magistrada da comarca.
Ainda, sobre o suposto favorecimento a outros advogados da
comarca, há de se considerar que o Magistrado, tal qual esclareceu,
observa a lista de advogados dativos cadastrados e indicados pela
...ª Subseção, ao nomear advogados dativos. Por fim, merece regis-
tro o fato de que a Vara Cível, Criminal e de Execuções Penais de
... apresenta elevado acervo (superior a 10.000 processos) e grande
distribuição mensal de feitos (média mensal de 306,41 novos feitos),
fatores que prejudicam a celeridade esperada e merecida pelos juris-
dicionados.
Por outro lado, a demora não pode ser imputada ao MAGIS-
TRADO, QUE APRESENTA ALTA PRODUTIVIDADE, con-
forme apurado na última fiscalização realizada na unidade judiciária
(“Destaque-se que, conforme relatório padrão de desempenho, pro-
dutividade e presteza no exercício jurisdicional, o Magistrado apre-
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senta, apenas na Justiça Comum, média de 220,3 sentenças por mês,
das quais 167,1, em média, são de mérito. O número ultrapassa em
muito o mínimo definido pela Resolução nº 495/2006, para fins de
promoção (de 67 sentenças de mérito por mês, podendo ser compu-
tadas neste número 20 sentenças homologatórias”) portanto, entendo

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não haver QUAISQUER INDÍCIOS de irregularidade administra-
tiva a ensejar providência correicional ou disciplinar em face do Ma-
gistrado ou da unidade judiciária.
Por todo o exposto, em virtude do caráter jurisdicional da
presente demanda, e não VISLUMBRANDO PRESENÇA DE
ELEMENTOS APTOS A INDICAR O COMETIMENTO DE
IRREGULARIDADE OU DE FALTA FUNCIONAL, sugiro o
ARQUIVAMENTO DO PRESENTE EXPEDIENTE, com enca-
minhamento de cópia deste parecer e da decisão que porventura o

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aprovar aos interessados, para ciência...
Imaginemos, prezado leitor, que no parágrafo acima não tem
nenhuma referência à representação das cooperativas, não conste em
nenhuma linha do parecer ou decisão qualquer citação ou referência
da representação contra o juiz envolvendo as cooperativas...
Imaginemos que a corregedoria do TJMG, recebendo uma
reclamação contra um juiz no dia 01/01/2023, o processo indo
concluso no dia 09/01/2023, às 16:33, como poderia determinar o
arquivamento com um parecer de 22/11/2022 e uma decisão de
12/01/2023?
Imaginemos que não conste em nenhuma linha do parecer ou
decisão qualquer citação da questão das cooperativas...
Imaginemos que havia outra reclamação disciplinar datada de
16/08/2022, referente a outras irregularidades noticiadas pelo mes-
mo advogado, contra o mesmo juiz, com 5724 folhas de documentos
e provas, entretanto não havia nenhuma citação das cooperativas,

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pois o advogado somente começou a investigar a questão das coope-
rativas no dia 15/12/2022...
Imaginemos, imaginemos, imaginemos...
Senhoras e senhores leitores, parem de imaginar. E pasmem-

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-se, porque todo o acima relatado de fato aconteceu e ainda está
acontecendo. Por essa razão, dediquei os últimos 30 dias na redação
deste livro e, com a graça de Deus, que tem me sustentado nesses
mais de15 meses, protocolarei nos próximos dias cópia integral des-
te arrazoado em todos os processos virtuais que tramitam na secre-
taria em que o meu perseguidor é titular, nos quais as cooperativas
figuram em um dos polos da demanda.

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XIV• Da responsabilidade civil
e criminal dos conselhos de
administração e fiscal da sociedade
cooperativa

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A lei nº 5.764/71, que definiu a política nacional de coo-
perativismo, instituiu o regime jurídico das sociedades
cooperativas e fixou outras providências, não ignorando a necessi-
dade de estabelecer, de forma superficial, as responsabilidades dos
diretores daquelas pessoas jurídicas, evitando assim que a responsa-
bilidade limitada, constante dos estatutos sociais, seja interpretada
como imunidade patrimonial no limite de suas cotas.

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O autor Alfredo de Assis Gonçalves Neto (Sociedades Coope-
rativas, p. 406) comenta a respeito da responsabilidade dos Adminis-
tradores da Cooperativa. Vejamos:
“A eleição de diretores e membros de órgão consultivos, fis-
cais e semelhantes deverá ser comunicada ao Bacen, no prazo
de 15 dias de sua ocorrência (art. 33 da Lei n° 4.595/1964).
Realizada comunicação, o Bacen terá o prazo de 60 dias para
aceitar ou recusar o nome do eleito, caso não atenda aos re-
quisitos previstos nos regulamentos do Conselho Monetário
Nacional (§ 1º).

O regime de responsabilidade dos administradores e mem-


bros do conselho fiscal obedece, além do disposto no art. 49 e
seguintes do Decreto n° 5.764/1971, as regras específicas da
Lei n° 6.024/1974, que dispõe sobre a intervenção e liquida-
ção extrajudicial de instituições financeiras.

Em caso de decretação de intervenção ou liquidação, os bens


dos administradores atuais e daqueles que exerceram a fun-
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ção nos últimos 12 meses ficarão indisponíveis, até a apura-
ção final de suas eventuais responsabilidades. A pedido do
Bacen, o CMN poderá estender a indisponibilidade dos bens
para os gerentes, os conselheiros fiscais e quaisquer outras
pessoas que tenham concorrido para decretação da interven-
ção ou liquidação. Poderão também ser alcançados bens es-

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pecíficos de terceiros, que tenham sido adquiridos a qualquer
título, das pessoas acima referidas, nos últimos 12 meses (art.
36).

As pessoas abrangidas pela indisponibilidade dos bens fica-


rão impedidas de ausentar-se do foro em que se processa a
intervenção ou liquidação, exceto mediante prévia anuência
do Bacen ou do juiz competente (art. 37).

A recentíssima Lei n° 13.506/2017 dispõe sobre o processo


administrativo sancionador na esfera de atuação do Bacen
e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), alterando e

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atualizando, substancialmente, o regime até então vigente.

De acordo com o disposto nos arts. 2° e 5°, os diretores, os


membros do conselho de administração, do conselho fiscal,
do comitê de auditoria e de outros órgãos da cooperativa po-
derão sofrer sanções que variam desde a admoestação públi-
ca, passando por multas, proibição de realizar determinadas
atividades e até mesmo a inabilitação para atuar como admi-
nistrador e para exercer cargos em instituições financeiras e
demais instituições supervisionadas pelo Bacen, pelo prazo
de 20 anos.”

O autor Marlon Tomazette (Teoria Geral e Direito Societário,


p. 647) apresenta seu entendimento a respeito da responsabilidade
dos sócios na sociedade cooperativa. Senão, vejamos:
“No que tange à responsabilidade, há duas possibilidades
que serão definidas pela própria cooperativa no estatuto (Có-
digo Civil, art. 1.095). Um primeiro caminho é a limitação de
responsabilidade, na qual o sócio responde por sua parte no
capital social, bem como pelas perdas sociais na proporção
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da sua participação nas referidas operações. Outro caminho
é a responsabilidade ilimitada, em que o sócio responde soli-
dária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, independen-
temente da sua participação no negócio. Obviamente, se a
sociedade não tiver capital social, esta última opção é a úni-
ca cabível para a responsabilização dos sócios cooperados.”

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O eminente e consagrado jurista Silvio de Salvo Venosa (Obri-
gações e Responsabilidade Civil, p. 359-360, grifo nosso) leciona a
respeito da Responsabilidade Civil e Penal:

“A noção de responsabilidade, como gênero, implica sempre


exame de conduta voluntária violadora de um dever jurídico.
Sob tal premissa, a responsabilidade pode ser de várias na-
turezas, embora ontologicamente o conceito seja o mesmo.

De início há um divisor de águas entre a responsabilidade


penal e a civil. A ilicitude pode ser civil ou penal. Como a

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descrição da conduta penal é sempre uma tipificação restrita,
em princípio a responsabilidade penal ocasiona o dever de
indenizar. Por essa razão, a sentença penal condenatória faz
coisa julgada no cível quanto ao dever de indenizar o dano
decorrente da conduta criminal, na forma dos arts. 91, I, do
Código Penal e 63 do CPP. As jurisdições penal e civil em
nosso país são independentes, mas há reflexos no juízo cível,
não só sob o mencionado aspecto da sentença penal conde-
natória, como também porque não podemos discutir no cível
a existência do fato e da autoria do ato ilícito, se essas ques-
tões foram decididas no juízo criminal e encontram-se sob o
manto da coisa julgada (art. 64 do CPP, art. 935 do Código
Civil). De outro modo, a sentença penal absolutória, por falta
de provas quanto ao fato, quanto à autoria, ou a que reconhe-
ce uma dirimente ou justificativa, sem estabelecer a culpa,
por exemplo, não tem influência na ação indenizatória que
pode revolver autonomamente toda a matéria em seu bojo.

Como visto, o círculo dos atos ilícitos como fatos e atos hu-
manos é muito mais amplo: o ilícito civil nem sempre con-
figurará uma conduta punível, descrita pela lei penal. No
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entanto, a ideia de transgressão de um dever jurídico está
presente em ambas as responsabilidades. Cabe ao legislador
definir quando é oportuno e conveniente tornar a conduta cri-
minalmente punível. Os ilícitos de maior gravidade social são
reconhecidos pelo Direito Penal. O ilícito civil é considerado
de menor gravidade e o interesse de reparação do dano é pri-

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vado, embora com interesse social, não afetando, a princípio,
a segurança pública. O conceito de ato ilícito, portanto, é um
conceito aberto no campo civil, exposto ao exame do caso
concreto e às noções referidas de dano, imputabilidade, culpa
e nexo causal, as quais, também, e com maior razão, fazem
parte do delito ou ilícito penal. Em qualquer dos campos, po-
rém, existe infração à lei e a um dever de conduta. Quando
esse dever de conduta parece à primeira vista diluído e não
identificável na norma, sempre estará presente o princípio
geral do neminemlaedere; ou seja, a ninguém é dado prejudi-
car outrem. Quando a conduta é de relevância tal que exige

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punição pessoal do transgressor, o ordenamento descreve-a
como conduta criminalmente punível.”
Passamos a destacar, a seguir, os principais trechos da lei que
disciplinam a responsabilidade dos administradores das sociedades
cooperativas. E, em ato contínuo, teceremos alguns comentários a
respeito do tema.
Dispõe o art. 11, da lei nº 5.764/71:
Art. 11. As sociedades cooperativas serão de responsabilida-
de limitada, quando a responsabilidade do associado pelos
compromissos da sociedade se limitar ao valor do capital por
ele subscrito.

O proponente a associado de uma cooperativa, ao ter seu nome


aprovado pelo órgão competente, recebe uma cópia do estatuto so-
cial e passa a ter conhecimento do valor que integralizou pelas cotas,
as quais responderão pelos compromissos da sociedade, até o limite
por ele subscrito, desde que respeitadas pelo sócio cooperado as res-
trições constantes na lei.

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Dispõe o art. 12 da lei nº 5.764/71:
Art. 12. As sociedades cooperativas serão de responsabilida-
de ilimitada, quando a responsabilidade do associado pelos
compromissos da sociedade for pessoal, solidária e não tiver
limite.

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O art. 12 trata dos compromissos pessoais do sócio coopera-
do, em relação à sociedade cooperativa. Não havendo que se falar
em confusão em relação às quotas subscritas pelo mesmo, e even-
tuais negociações ocorridas entre cooperativa e cooperado, como,
por exemplo: tomada de empréstimos, fornecimento de insumos e
mercadorias etc.
Dispõe o art. 13 da lei nº 5.764/71:
Art. 13. A responsabilidade do associado para com terceiros,
como membro da sociedade, somente poderá ser invocada

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depois de judicialmente exigida da cooperativa.

O art. 13 protege o sócio cooperado como membro da socieda-


de de possíveis responsabilizações para com terceiros. Direcionan-
do assim para a cooperativa a responsabilidade primária e, somente
após superada essa fase, haverá possibilidade de acionar o sócio pelo
fato ocorrido.

Dispõe o inciso II do art. 21 da lei nº 5.764/71:


Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de atender ao dis-
posto no artigo 4º, deverá indicar:
II - os direitos e deveres dos associados, natureza de suas
responsabilidades e as condições de admissão, demissão, eli-
minação e exclusão e as normas para sua representação nas
assembleias gerais;

O art. 21 determina que o estatuto social da cooperativa, além


de atender o disposto no artigo 4º, deve conter todos os tópicos indi-
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cados no inciso II, que inclui as responsabilidades de todos os inte-
grantes da cooperativa.
Dispõe o art. 36 da lei nº 5.764/71:
Art. 36. A responsabilidade do associado perante terceiros,

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por compromissos da sociedade, perdura para os demitidos,
eliminados ou excluídos até quando aprovadas as contas do
exercício em que se deu o desligamento.
Parágrafo único. As obrigações dos associados falecidos, con-
traídas com a sociedade, e as oriundas de sua responsabili-
dade como associado em face de terceiros, passam aos her-
deiros, prescrevendo, porém, após um ano contado do dia da
abertura da sucessão, ressalvados os aspectos peculiares das
cooperativas de eletrificação rural e habitacionais.

O art. 36 institui que o estatuto social da cooperativa, além de

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atender o disposto no artigo 4º, deve conter todos os tópicos indi-
cados no inciso II, que inclui as responsabilidades de todos os inte-
grantes da cooperativa.
Dispõe o art. 44 da lei nº 5.764/71, grifo nosso:
Art. 44. A Assembleia Geral Ordinária, que se realizará anual-
mente nos 3 (três) primeiros meses após o término do exercí-
cio social, deliberará sobre os seguintes assuntos que deverão
constar da ordem do dia:
I - prestação de contas dos órgãos de administração acompa-
nhada de parecer do Conselho Fiscal, compreendendo:
c) demonstrativo das sobras apuradas ou das perdas decor-
rentes da insuficiência das contribuições para cobertura das
despesas da sociedade e o parecer do Conselho Fiscal.
II - destinação das sobras apuradas ou rateio das perdas de-
correntes da insuficiência das contribuições para cobertura
das despesas da sociedade, deduzindo-se, no primeiro caso as
parcelas para os Fundos Obrigatórios;
§ 2º À exceção das cooperativas de crédito e das agrícolas
mistas com seção de crédito, a aprovação do relatório, ba-

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lanço e contas dos órgãos de administração, desonera seus
componentes de responsabilidade, ressalvados os casos de
erro, dolo, fraude ou simulação, bem como a infração da
lei ou do estatuto.
O § 2º do art. 44 exclui as cooperativas de crédito e as agríco-

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las mistas com seção de crédito da desoneração de seus componentes
de responsabilidade, em caso de aprovação do relatório, balanço e
contas dos órgãos de administração.
Entretanto apresenta uma ressalva para os casos de erro, dolo,
fraude ou simulação, bem como a infração da lei ou do estatuto,
deixando explícito que a aprovação da assembleia não eximirá os
administradores que ali se enquadrarem de suas responsabilidades.
Dispõe o art. 47 da lei nº 5.764/71, referente aos Órgãos de
Administração, grifo nosso:

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Art. 47. A sociedade será administrada por uma Diretoria ou
Conselho de Administração, composto exclusivamente de as-
sociados eleitos pela Assembleia Geral, com mandato nunca
superior a 4 (quatro) anos, sendo obrigatória a renovação de,
no mínimo, 1/3 (um terço) do Conselho de Administração.
Art. 49. Ressalvada a legislação específica que rege as coope-
rativas de crédito, as seções de crédito das cooperativas agrí-
colas mistas e as de habitação, os administradores eleitos ou
contratados não serão pessoalmente responsáveis pelas obri-
gações que contraírem em nome da sociedade, mas respon-
derão solidariamente pelos prejuízos resultantes de seus
atos, se procederem com culpa ou dolo.
Parágrafo único. A sociedade responderá pelos atos a que se
refere a última parte deste artigo se os houver ratificado ou
deles logrado proveito.

A redação do art. 49 não deixa margens para interpretações


subjetivas, com relação à responsabilidade solidária dos administra-
dores eleitos e contratados, em relação aos prejuízos resultantes de
seus atos, em decorrência de culpa ou dolo. Abaixo reproduzimos a
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conceituação da jurista Maria Helena Diniz dos termos culpa e dolo:

CULPA, como sendo: “1. Direito administrativo. Não-cum-


primento do dever pelo agente público, gerando responsabili-
dade civil do Estado. 2. Direito civil. Fundamento da respon-
sabilidade civil, que, em sentido amplo, constitui a violação

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de um dever jurídico imputável a alguém, em decorrência de
fato intencional ou de omissão de diligência ou cautela, com-
preendendo o dolo e a culpa. 3. Direito penal. E aquela come-
tida pelo agente ao deixar de empregar a atenção ordinária a
que estava obrigado, não prevendo o resultado danoso, agindo
com imprudência, negligência ou imperícia. Ocorre, portanto,
quando o agente dá causa ao resultado por imprudência, ne-
gligência ou imperícia, inobservando o dever de cuidado que
se lhe impunha.”(dicionário jurídico, p. 1.131, v. 1 – A-C)

DOLO, como sendo: “Direito penal. Intenção deliberada de

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praticar um ato criminoso, omissivo ou comissivo, com a
disposição de produzir o resultado ou assumindo o risco de
produzi-lo. 2. Direito civil. Emprego de um artificio ou expe-
diente astucioso para induzir alguém à prática de um ato que
o prejudica e aproveita ao autor do dolo ou a terceiro (Clóvis
Beviláqua). 3. História do direito. Espécie de punhal que era
usado na Península Ibérica. 4. Direito administrativo. Vicio
de vontade que pode anular um ato administrativo.”(dicioná-
rio jurídico, p. 249, v. 2 – D-I).
A responsabilidade solidária nada mais é do que ressarcir a
cooperativa dos prejuízos causados, inclusive com o patrimônio par-
ticular, ficando comprovada a culpa ou o dolo dos administradores.
É importante salientar que a sociedade cooperativa, em geral,
será responsabilizada também, nos termos do parágrafo único, caso
tenha ratificado ou logrado proveito dos atos que resultaram em pre-
juízos citados no art. 49.
A extensão do prejuízo e a participação de cada um dos envol-
vidos serão apuradas através de procedimento judicial, com respeito
ao devido processo legal e à ampla defesa.
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Destacamos que a lei nº 12.846/13 regulamentou a responsa-
bilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de
atos contra a Administração Pública, nacional ou estrangeira, esta-
belecendo, de forma explícita, a responsabilidade dos dirigentes ou
administradores por atos ilícitos na medida de sua culpabilidade. Ve-

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jamos:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a responsabilização objetiva ad-
ministrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos
contra a administração pública, nacional ou estrangeira.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto nesta Lei às sociedades
empresárias e às sociedades simples, personificadas ou não,
independentemente da forma de organização ou modelo so-
cietário adotado, bem como a quaisquer fundações, associa-
ções de entidades ou pessoas, ou sociedades estrangeiras, que
tenham sede, filial ou representação no território brasileiro,

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constituídas de fato ou de direito, ainda que temporariamente.
Art. 2º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas objetiva-
mente, nos âmbitos administrativo e civil, pelos atos lesivos
previstos nesta Lei praticados em seu interesse ou benefício,
exclusivo ou não.
Art. 3º A responsabilização da pessoa jurídica não exclui a
responsabilidade individual de seus dirigentes ou adminis-
tradores ou de qualquer pessoa natural, autora, coautora ou
partícipe do ato ilícito.
§ 1º A pessoa jurídica será responsabilizada independente-
mente da responsabilização individual das pessoas naturais
referidas no caput.
§ 2º Os dirigentes ou administradores somente serão respon-
sabilizados por atos ilícitos na medida da sua culpabilidade.
A chamada lei da empresa limpa não deixa margens para dú-
vidas, em relação aos administradores de sociedades cooperativas,
da obrigação de terem retidão em suas condutas, pois, se praticarem
atos ilícitos no exercício de suas respectivas funções, serão respon-
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sabilizados na medida de sua culpabilidade.

Dispõe o art. 50 da lei nº 5.764/71:


Art. 50. Os participantes de ato ou operação social em que
se oculte a natureza da sociedade podem ser declarados pes-

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soalmente responsáveis pelas obrigações em nome dela con-
traídas, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.

A redação do art. 50 descreve o fato de integrantes da adminis-


tração participarem de ato ou operação social com ocultação da na-
tureza da sociedade cooperativa. Isso permite que sejam declarados
pessoalmente responsáveis pelas obrigações contraídas, ou seja, o
patrimônio pessoal dos mesmos responderá pelas obrigações assu-
midas, adentrando ainda na seara criminal.
A lei das cooperativas não cita quais seriam as sanções pe-

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nais; entretanto, entendemos que são todos os crimes tipificados no
código penal e legislação especial referente ao sistema financeiro
nacional, quando se tratar de cooperativas de crédito. Para as demais
cooperativas, o tipo penal que o ato praticado se enquadrar.
Dispõe o art. 192 da Constituição Federal de 1988,
grifo nosso:
Art. 192. O sistema financeiro nacional, estruturado de forma
a promover o desenvolvimento equilibrado do País e a ser-
vir aos interesses da coletividade, em todas as partes que o
compõem, abrangendo as cooperativas de crédito, será regu-
lado por leis complementares que disporão, inclusive, sobre
a participação do capital estrangeiro nas instituições que o
integram. (Redação dada pela EC n. 40/2003).
A lei nº 7.492/86, que trata dos crimes contra o Sistema Fi-
nanceiro Nacional, define no seu art. 1º, instituição financeira, nos
seguintes termos:

Art. 1º Considera-se instituição financeira, para efeito desta


lei, a pessoa jurídica de direito público ou privado, que te-

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nha como atividade principal ou acessória, cumulativamente
ou não, a captação, intermediação ou aplicação de recursos
financeiros (Vetado) de terceiros, em moeda nacional ou es-
trangeira, ou a custódia, emissão, distribuição, negociação,
intermediação ou administração de valores mobiliários.

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Parágrafo único. Equipara-se à instituição financeira:
I - a pessoa jurídica que capte ou administre seguros, câmbio,
consórcio, capitalização ou qualquer tipo de poupança, ou re-
cursos de terceiros;
I-A - a pessoa jurídica que ofereça serviços referentes a opera-
ções com ativos virtuais, inclusive intermediação, negociação
ou custódia;

O legislador, ao incluir as responsabilidades criminais dos ad-


ministradores e do conselho fiscal, no rol dos crimes contra o siste-

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ma financeiro nacional, que está regulamentado na lei nº 7.492/86,
ampliou as obrigações e os compromissos daqueles que se propõem
a ocupar os referidos cargos.

Dispõe o art. 53 da lei nº 5.764/71:


Art. 53. Os componentes da Administração e do Conselho
fiscal, bem como os liquidantes, equiparam-se aos adminis-
tradores das sociedades anônimas para efeito de responsabi-
lidade criminal.

O legislador, no art. 53, equiparou, para fins de responsabili-


dade criminal, os administradores e o conselho fiscal das sociedades
cooperativas com os administradores das Sociedades Anônimas, que
está disposto nos arts. 158 e 159 da lei 6.404/76, que dispõem:

Art. 158. O administrador não é pessoalmente responsável


pelas obrigações que contrair em nome da sociedade e em
virtude de ato regular de gestão; responde, porém, civilmente,
pelos prejuízos que causar, quando proceder:

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I - dentro de suas atribuições ou poderes, com culpa ou dolo;
II - com violação da lei ou do estatuto.
§ 1º O administrador não é responsável por atos ilícitos de
outros administradores, salvo se com eles for conivente, se

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negligenciar em descobri-los ou se, deles tendo conhecimen-
to, deixar de agir para impedir a sua prática. Exime-se de res-
ponsabilidade o administrador dissidente que faça consignar
sua divergência em ata de reunião do órgão de administração
ou, não sendo possível, dela dê ciência imediata e por escrito
ao órgão da administração, no conselho fiscal, se em funcio-
namento, ou à assembleia-geral.
§ 2º Os administradores são solidariamente responsáveis pe-
los prejuízos causados em virtude do não cumprimento dos
deveres impostos por lei para assegurar o funcionamento nor-

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mal da companhia, ainda que, pelo estatuto, tais deveres não
caibam a todos eles.
§ 3º Nas companhias abertas, a responsabilidade de que trata
o § 2º ficará restrita, ressalvado o disposto no § 4º, aos admi-
nistradores que, por disposição do estatuto, tenham atribuição
específica de dar cumprimento àqueles deveres.
§ 4º O administrador que, tendo conhecimento do não cum-
primento desses deveres por seu predecessor, ou pelo admi-
nistrador competente nos termos do § 3º, deixar de comunicar
o fato a assembleia-geral, tornar-se-á por ele solidariamente
responsável.
§ 5º Responderá solidariamente com o administrador quem,
com o fim de obter vantagem para si ou para outrem, concor-
rer para a prática de ato com violação da lei ou do estatuto.
Art. 159. Compete à companhia, mediante prévia deliberação
da assembleia-geral, a ação de responsabilidade civil contra
o administrador, pelos prejuízos causados ao seu patrimônio.

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§ 1º A deliberação poderá ser tomada em assembleia-geral or-
dinária e, se prevista na ordem do dia, ou for consequência
direta de assunto nela incluído, em assembleia-geral extraor-
dinária.
§ 2º O administrador ou administradores contra os quais deva

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ser proposta ação ficarão impedidos e deverão ser substituí-
dos na mesma assembleia.
§ 3º Qualquer acionista poderá promover a ação, se não for
proposta no prazo de 3 (três) meses da deliberação da assem-
bleia-geral.
§ 4º Se a assembleia deliberar não promover a ação, poderá
ela ser proposta por acionistas que representem 5% (cinco por
cento), pelo menos, do capital social.
§ 5° Os resultados da ação promovida por acionista deferem-

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-se à companhia, mas esta deverá indenizá-lo, até o limite da-
queles resultados, de todas as despesas em que tiver incorrido,
inclusive correção monetária e juros dos dispêndios realiza-
dos.
§ 6° O juiz poderá reconhecer a exclusão da responsabilidade
do administrador, se convencido de que este agiu de boa-fé e
visando ao interesse da companhia.
§ 7º A ação prevista neste artigo não exclui a que couber ao
acionista ou terceiro diretamente prejudicado por ato de ad-
ministrador.

Dispõe o art. 54 da lei nº 5.764/71:

Art. 54. Sem prejuízo da ação que couber ao associado, a


sociedade, por seus diretores, ou representada pelo associado
escolhido em Assembleia Geral, terá direito de ação contra
os administradores, para promover sua responsabilidade.

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O art. 54 regulamenta a possibilidade de ajuizamento de ação
de diretores ou associados escolhidos em assembleia geral contra os
administradores, objetivando apurar suas responsabilidades, além de
destacar a ação regressiva dos associados contra os administradores
que causaram os prejuízos.

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CONCLUSÃO

A decisão, ao se candidatar e assumir um cargo no conselho de


administração ou fiscal de uma sociedade cooperativa, é de grande
responsabilidade. O cooperativismo é composto por princípios e va-
lores que estão presentes nas boas práticas de gestão, em que a trans-

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parência, a ética, a justiça financeira e o respeito ao regramento legal
são obrigações impositivas e inegociáveis dentro dos fundamentos
do cooperativismo.
Portanto, quando essas práticas não são empregadas, acarre-
tam várias consequências neste modelo de sociedade. Para a coo-
perativa o seu capital social é colocado em risco, por conseguinte
também as quotas dos sócios cooperados. Com relação aos membros
dos conselhos administrativo e fiscal, as consequências podem ser
ainda maiores, podendo inclusive alcançar seus respectivos patrimô-
nios pessoais.

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XV • Da responsabilidade civil do Juiz

A Constituição Federal, no § 6º do art. 37, regulamentou


as situações em que o Estado responde pelos danos que

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seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o
direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Entretanto, se comprovar que o agente cometeu um ilícito, agindo
com dolo, este também poderá responder civilmente pelos seus atos.
Dispõe o § 6º do art. 37 da Constituição Federal, grifo nosso:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:

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§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei-
ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.
Este livro discorre sobre o impedimento do juiz de atuar em
processos nos quais figuram como partes cooperativas de crédito e/
ou agropecuária, sendo ele sócio cooperado das mesmas.
O impedimento do juiz foi demonstrado no capítulo X, no qual
foi apresentada a seguinte conclusão:
Diante de todos os argumentos apresentados, e sendo taxati-
vo, inflexível, restrito e rígido o rol de hipóteses de impedi-
mento, não comportando interpretação extensiva ou analógi-
ca, podemos AFIRMAR TAXATIVAMENTE que:
1) Ao juiz não é proibido de ser sócio cooperado de sociedade
cooperativa (capital social dividido em quotas), amparado no
art. 36 da lei complementar 35/1979, Lei Orgânica da Magis-

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tratura Nacional.
2) Ao juiz não é proibido de ser sócio de sociedade por quotas
de capital, amparado no art. 36 da lei complementar 35/1979,
Lei Orgânica da Magistratura Nacional.

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3) Inobstante, ser permitido que o juiz seja sócio de sociedade
por quotas de capital, o mesmo estará impedido de atuar nos
processos nos quais referida sociedade integre quaisquer dos
polos da ação, pois a Lei Orgânica da Magistratura Nacional
não trata do Instituto do Impedimento, que somente foi codi-
ficado pela lei processual civil.
4) Muito embora ser permitido que o juiz seja sócio coope-
rado de sociedade cooperativa, o mesmo estará impedido de
atuar nos processos nos quais referida sociedade cooperativa
integre quaisquer dos polos da ação, pois a Lei Orgânica da
Magistratura Nacional não trata do Instituto do Impedimento,

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que somente foi codificado pela lei processual civil.
5) O juiz que é SÓCIO COOPERADO de sociedade coo-
perativa É IMPEDIDO de julgar os processos dos quais a
referida cooperativa é parte, nos termos do inciso IV do art.
144 do NCPC.

O impedimento do juiz de atuar em processos nos quais figu-


ram como partes cooperativas de crédito e/ou agropecuária, sendo
ele sócio cooperado das mesmas. Pelo conhecimento jurídico que
o juiz togado possui, ao ignorar determinação, deixa de cumprir e
fazer cumprir as disposições legais e os atos de ofício nos termos do
art. 35 da lei complementar nº 35/1979, que instituiu a Lei Orgânica
da Magistratura Nacional (LOMAN), que trata dos deveres do ma-
gistrado. Senão, vejamos:

Art. 35 - São deveres do magistrado:

I - Cumprir e fazer cumprir, com independência, serenida-


de e exatidão, as disposições legais e os atos de ofício;

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II - não exceder injustificadamente os prazos para sentenciar
ou despachar;

III - determinar as providências necessárias para que os atos


processuais se realizem nos prazos legais;

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VIII - manter conduta irrepreensível na vida pública e parti-
cular.
O juiz, ao adotar uma postura de descumprimento do Princípio
do Devido Processo Legal, pratica ato ilícito, assumindo a responsa-
bilidade pelo dano causado a outrem.

O eminente jurista e desembargador aposentado do TJMG El-


pídio Donizetti (Curso de Direito Processual Civil, p. 315-316) le-
ciona a respeito das responsabilidades do juiz:

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“A irregular atuação do juiz pode ensejar responsabilidade
criminal, administrativa e civil.

O CPC (art. 143) elenca as seguintes hipóteses que podem


dar ensejo à responsabilidade civil do juiz. São as mesmas da
legislação de 1973:

1 - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou frau-


de;

II _ recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência


que deva ordenar de ofício, ou a requerimento da parte.

As hipóteses do inc. II só se reputarão verificadas depois que


a parte, por intermédio do escrivão, requerer ao juiz que de-
termine a providência e este não aprecie o requerimento den-
tro de dez dias (parágrafo único).

Vale ressaltar que é majoritário o entendimento segundo o


qual não há responsabilidade do magistrado (agente público)
por atos jurisdicionais típicos. Assim, se, por exemplo, o juiz
de primeiro grau profere uma sentença contrária ao Direito, a

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parte prejudicada não pode se valer de ação contra o Estado
para obter o ressarcimento pelos prejuízos que a decisão lhe
causou, pois a lei já lhe confere o direito ao recurso, de modo
a garantir a discussão da causa em outra esfera jurisdicional.
Tal entendimento se fundamenta na garantia do princípio do
livre convencimento motivado e da independência do juiz.

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Além disso, por se tratar de uma parcela da soberania do Es-
tado, a função jurisdicional não se sujeita à responsabilização
geral.

Tal regra deve ser relativizada na hipótese no art. 5°, LXXV,


da CF/1988, ° bem como nas descritas nos incisos do art. 143
do CPC. No caso da norma processual deve-se exigir a com-
provação de dolo, fraude (inc. I) ou culpa (inc. II) por parte
do magistrado.

A ação de responsabilidade, segundo entendimento do STE”


deve ser proposta pelo particular em face do Estado, que po-

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derá se voltar contra o agente público, no caso, o juiz, em ação
regressiva. Da leitura do art. 37, $ 6°, da Constituição Federal,
pode-se concluir que a responsabilização do ente público se
configura objetiva, enquanto a de seus agentes depende da
análise de dolo ou culpa. Assim, inobstante a responsabili-
dade seja atribuída ao Estado, o magistrado deve ressarcir os
prejuízos causados se, comprovadamente, tiver atuado com
dolo, fraude ou culpa no exercício de suas funções. A culpa,
frise-se, não significa a mera interpretação equivocada da lei
ou a prolação de decisão que não denote um eventual entendi-
mento pacífico da doutrina ou da jurisprudência.

Sobre a propositura de ação direta contra o magistrado, Celso


Antônio Bandeira de Mello 12 e o STJ3 entendem pela pos-
sibilidade, isto é, admitem que o particular prejudicado ajuíze
ação de responsabilidade contra a pessoa natural do agente
público causador do dano. Esse não me parece ser o enten-
dimento majoritário. Porém, particularmente, entendo que a
parte pode optar em ajuizar a ação diretamente contra o juiz
ou contra o Estado, sem lhe ser tolhida, ainda, a faculdade de
propor a demanda em face de ambos, em se tratando de dolo
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ou fraude. Todavia, na hipótese em que a ação se fundar ape-
nas na culpa do magistrado, a demanda somente poderá ser
intentada contra o Estado, em decorrência da responsabilida-
de civil objetiva deste (art. 37, § 6°, da CF/1988). Afinal, co-
gitar que o juiz poderia ser condenado por atos culposos po-
deria colocar em risco a sua independência e imparcialidade.

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Lembre-se, contudo, de que em caso de condenação do Esta-
do, poderá este se voltar contra o magistrado que tenha agido
com dolo ou culpa, conforme prevê o art. 37, § 6°, segun-
da parte, da CF/1988, e, atualmente, o caput do art. 143 do
CPC/2015, segundo o qual, o juiz responderá, civil e repressi-
vamente nas hipóteses descritas em seus incisos.”
Dispõe o art. 927 do NCPC, grifo nosso:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187) causar
dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

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Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, inde-
pendentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do
dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de ou-
trem.

Dispõe o art. 186 e seguintes do NCC que trata dos atos ilíci-
tos, grifo nosso,:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negli-


gência ou imprudência, violar direito e causar dano a ou-
trem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito


que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impos-
tos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos
bons costumes.
Ao adotar uma postura de descumprimento Princípio do
Devido Processo Legal e contrário ao regramento pátrio,
o juiz pratica ato ilícito, assumindo a responsabilidade
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pelo dano causado a outrem.
Em consonância com os artigos acima citados do NCC,
a lei complementar nº 35/1979, no seu art. 49, discorreu
sobre a responsabilidade civil do magistrado, grifo nos-

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so. Senão, vejamos:

Art. 49 - Responderá por perdas e danos o magistrado,


quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou
fraude;
Mantendo a mesma redação do art. 49, a lei complemen-
tar nº 35/1979, o NCPC, em seu art. 143, também apre-
sentou regramento a respeito da responsabilidade civil
do magistrado. Senão, vejamos:

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Dispõe o art. 143 do NCPC a respeito da responsabilidade
civil do juiz, grifo nosso:
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por
perdas e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou
fraude;

Ao juiz não é razoável alegar o desconhecimento de uma


lei, para se escusar de cumpri-la, ademais o art. 3º do
Decreto lei nº 4.657/1942, Lei de Introdução às Normas
do Direito brasileiro, dispõe:

Art. 3 o - Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que


não a conhece.

O conselho Nacional de Justiça aprovou o Código de Ética da


Magistratura, do qual transcrevemos alguns dos seus artigos
abaixo:

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O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA, no exercício
da competência que lhe atribuíram a Constituição Federal
(art. 103-B, § 4º, I e II), a Lei Orgânica da Magistratura Na-
cional (art. 60 da LC nº 35/79) e seu Regimento Interno (art.
19, incisos I e II, grifos nosso);

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CONSIDERANDO que a adoção de Código de Ética da
Magistratura é instrumento essencial para os juízes in-
crementarem a confiança da sociedade em sua autoridade
moral; CONSIDERANDO que o Código de Ética da Ma-
gistratura traduz compromisso institucional com a excelência
na prestação do serviço público de distribuir Justiça e, assim,
mecanismo para fortalecer a legitimidade do Poder Judiciário;

CONSIDERANDO que é fundamental para a magistratura


brasileira cultivar princípios éticos, pois lhe cabe também
função educativa e exemplar de cidadania em face dos de-

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mais grupos sociais; CONSIDERANDO que a Lei veda ao
magistrado «procedimento incompatível com a dignidade,
a honra e o decoro de suas funções” e comete-lhe o de-
ver de “manter conduta irrepreensível na vida pública e
particular” (LC nº 35/79, arts. 35, inciso VIII, e 56, inciso
II); e CONSIDERANDO a necessidade de minudenciar os
princípios erigidos nas aludidas normas jurídicas; RESOL-
VE: Aprovar e editar o presente CÓDIGO DE ÉTICA DA
MAGISTRATURA NACIONAL, exortando todos os juízes
brasileiros à sua fiel observância.

Art. 1º O exercício da magistratura exige conduta compatível


com os preceitos deste Código e do Estatuto da Magistratura,
norteando-se pelos princípios da independência, da impar-
cialidade, do conhecimento e capacitação, da cortesia, da
transparência, do segredo profissional, da prudência, da
diligência, da integridade profissional e pessoal, da digni-
dade, da honra e do decoro.

Art. 2º Ao magistrado impõe-se primar pelo respeito à Cons-


tituição da República e às leis do País, buscando o forta-

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lecimento das instituições e a plena realização dos valores
democráticos.
Art. 5º Impõe-se ao magistrado pautar-se no desempenho de
suas atividades sem receber indevidas influências externas e
estranhas à justa convicção que deve formar para a solução

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dos casos que lhe sejam submetidos.

Art. 8º O magistrado imparcial é aquele que busca nas pro-


vas a verdade dos fatos, com objetividade e fundamento,
mantendo ao longo de todo o processo uma distância equi-
valente das partes, e evita todo o tipo de comportamento que
possa refletir favoritismo, predisposição ou preconceito.

Art. 24. O magistrado prudente é o que busca adotar com-


portamentos e decisões que sejam o resultado de juízo justi-
ficado racionalmente, após haver meditado e valorado os ar-
gumentos e contra-argumentos disponíveis, à luz do Direito

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aplicável.

Art. 29. A exigência de conhecimento e de capacitação per-


manente dos magistrados tem como fundamento o direito
dos jurisdicionados e da sociedade em geral à obtenção de um
serviço de qualidade na administração de Justiça.

Art. 30. O magistrado bem formado é o que conhece o Di-


reito vigente e desenvolveu as capacidades técnicas e as ati-
tudes éticas adequadas para aplicá-lo corretamente.

Art. 31. A obrigação de formação contínua dos magistrados


estende-se tanto às matérias especificamente jurídicas quan-
to no que se refere aos conhecimentos e técnicas que possam
favorecer o melhor cumprimento das funções judiciais.

Art. 32. O conhecimento e a capacitação dos magistrados ad-


quirem uma intensidade especial no que se relaciona com as
matérias, as técnicas e as atitudes que levem à máxima prote-
ção dos direitos humanos e ao desenvolvimento dos valores
constitucionais.

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Art. 38. O magistrado não deve exercer atividade empresarial,
exceto na condição de acionista ou cotista e desde que não
exerça o controle ou gerência.

A responsabilidade do juiz é demonstrada em vários regra-


mentos jurídicos, quando o mesmo adota uma postura ilícita e dolosa

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no exercício do seu mister, não havendo espaço em uma democracia,
ainda que jovem, para legitimar como aceitáveis práticas ilegais e
anticonstitucionais, principalmente se originando daquele que toda a
sociedade espera que mantenha uma conduta moral, ética e legal, em
decorrência da relevância do cargo ocupado.
O jurista Flávio Tartuce (Responsabilidade Civil, p. 1070-
1071, grifo nosso) analisa a responsabilidade civil dos juízes descrita
no art. 143 do NCPC de 2015:

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“A responsabilidade civil dos juízes está tratada pelo art. 143
do Código de Processo Civil de 2015, dispositivo que equi-
vale ao art. 133 do Código de Processo Civil de 1973 análise
comparada.
Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por per-
das e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
Duas são as alterações feitas no Estatuto Processual em vi-
gor, em face do seu antecessor, ambas retiradas do caput do
novo comando. A primeira é a indicação expressa no sentido
de que a norma trata da responsabilidade civil do juiz, con-
clusão que já era extraída da anterior menção às perdas e
danos, o que não representa grande mudança prática.

A segunda, mais importante, diz respeito à responsabilidade


regressiva do juiz, que passaria a ser a regra com a entrada
em vigor do Código de Processo Civil de 2015, uma vez que
“a partir da sua entrada em vigor, a parte ou o terceiro pre-
judicado não se acharão mais autorizados a ajuizar demanda

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reparatória direta e exclusivamente contra o juiz, devendo
acionar o Estado, a quem caberá voltar-se em regresso con-
tra o magistrado a quem se atribua a responsabilidade pelo
dano decorrente das condutas indicadas nos incs. I e II do
art.143, combinado com o seu parágrafo único”2 No mesmo
sentido é a posição do magistrado Fernando de Fonseca Ga-

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jardoni, que fala em responsabilidade regressiva e subsidiá-
ria, merecendo transcrição as suas lições:

“Seguindo a tendência jurisprudencial formada a partir da


interpretação antes existente do art. 133 do CPC/1973, e do
art. 49 e incisos da Lei Orgânica da Magistratura Nacional
(art. 49 da LC35/1979), o art. 143 do CPC/2015 explicita que
a responsabilização do magistrado se dá, apenas, de modo
regressivo (STE,2.° I., RE 228.977-2/SP, Rel. Min. Néri da
Silveira, j. 05.03.2002, DJ 12.04.2002). Trata-se de inter-
pretação que objetiva, à luz das garantias constitucionais da

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magistratura (art. 95 da CF), proteger os juízes contra in-
vestidas temerárias das partes e advogados, eventualmente
prejudicados por decisões proferidas. Exigindo-se que, pri-
meiramente, a ação civil de responsabilização seja dirigida
contra a União (magistrados federais e do Distrito Federal)
e Estados (magistrados estaduais), na forma do art. 37, § 6º,
da CF/1988, tem-se um filtro que possibilita aos juízes julga-
rem com independência, cientes de que só serão responsabi-
lizados civilmente caso o Poder Público tenha condições de
afirmar que a conduta se enquadra nas duas situações do art.
143 do CPC/2015. Note-se, assim, que o art. 1.744 do CC
(que responsabiliza o juiz, direta e pessoalmente, quando não
houver nomeado tutor), está superado”.

Essa posição, contudo, não é pacífica. Nelson Nery Jr. e


Rosa Maria de Andrade Nery, por exemplo, continuam a de-
fender a possibilidade de propositura de ação diretamente
contra o juiz: “verificado o procedimento faltoso do magis-
trado de acordo com as hipóteses previstas no CPC 143, de-
verá indenizar os prejuízos que sua atitude causar a parte ou
interessado. A este cabe o direito de ajuizar demanda repa-
ratória autônoma, em face do poder público (CE 37 § 6.°) ou
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do próprio magistrado” Em sentido próximo, Daniel Amorim
Assumpção Neves sustenta que o prejudicado pode ingressar
com ação de indenização e formar um litisconsórcio entre o
juiz e o Estado; caso prefira demandar somente o Estado, a
essa caberá ação regressiva contra o juiz, que só será consta-
tado dolo ou fraude” .

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Parece-me que, de fato, o objetivo do legislador foi de con-
sagrar uma responsabilidade regressiva, subsidiária e excep-
cional do juiz. Entretanto, tal opção é altamente prejudicial
aos direitos das vítimas, diante das comuns dificuldades de
demandar o Estado. Os casos de reconhecimento do dever
de indenizar de magistrados são raríssimos, especialmente
diante da adoção de um modelo fundado em atos dolosos dos
julgadores. Já aplicando a ideia de responsabilidade regres-
siva, cumpre transcrever os seguintes arestos estaduais:

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O jurista Flávio Tartuce (Responsabilidade Civil, p. 1072-
1073) continua a análise da responsabilidade civil dos juízes descrita
no art. 143 do NCPC:

“Como se nota pelos comandos citados e pelos julgados co-


lacionados, foi mantida a premissa indeclinável de somente
responsabilizar o juiz pelos atos de especial gravidade, o que
também visa a proteger a atividade jurisdicional e o próprio
Poder Judiciário. Não se responsabiliza os julgadores por
simples atos culposos, mas apenas quando agirem com dolo
(ato intencional), fraude ou deixar de efetivar medida que foi
expressamente solicitada pela parte.

Conclusão idêntica é retirada de outros dispositivos da Lei


Orgânica da Magistratura (Lei Complementar n. 35/1979),
além do já citado art. 49. Conforme o art. 40, a atividade dos
Tribunais em geral é exercida com o resguardo devido à dig-
nidade e à independência do magistrado, o que igualmente
motiva o afastamento da responsabilidade por simples culpa.
Além disso, prevê o art. 41 da IOMAN que, salvo os casos de
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impropriedade ou excesso de linguagem, o magistrado não
pode ser punido ou prejudicado pelas opiniões que manifestar
ou pelo teor das decisões que proferir. Sobre a aplicação dos
comandos citados, não aplicados no caso concreto, cumpre
colacionar, do Superior Tribunal de Justiça, afastando a res-
ponsabilidade civil do Estado, na forma do art. 37, § 6.°, da

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Constituição Federal, por atos praticados pelo juiz:

Não se olvide, seguindo o estudo do tema, de que o simples


fato de o juiz decidir segundo o seu livre convencimento mo-
tivado, mas contrariando aos interesses de determinada par-
te, não conduz à sua responsabilidade pessoal. Como consta
expressamente de outro aresto estadual, “a responsabilidade
civil do magistrado não é objetiva”, e somente se reconhece
o dever de indenizar se comprovados os requisitos previs-
tos em lei (TJMG, Apelação Cível 1.0024.11.272836-5/002,
Rel. Des. Marcia de Paoli Balbino, j. 07.11.2013, DIEMG

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19.11.2013). O debate nessa demanda referia-se a liminar em
ação de despejo, supostamente concedida de forma descabi-
da, o que não foi reconhecido.”

O jurista Nelson Rosenvald (Direito Civil – Responsabilidade


Civil, p. 737-738, grifo nosso) disserta sobre a possibilidade de ha-
ver responsabilidade civil do magistrado pelos danos:

“Pode haver responsabilidade civil do magistrado pelos danos?


Em regra, o magistrado não responde pelos danos que advie-
rem de sua decisão. Apenas em circunstâncias muito excep-
cionais isso se fará possível. A regra no Brasil é a responsa-
bilidade objetiva do Estado e subjetiva do agente público. O
Estado, depois de indenizar a vítima, deverá propor ação de
regresso contra o agente, provando-lhe a culpa. Há casos,
porém, em que a legislação não se satisfaz apenas com a pro-
va de culpa (negligência, imperícia e imprudência), exigindo
o dolo para que haja responsabilização pessoal do agente
público. O juiz responde pessoalmente por danos (materiais
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ou morais) quando, no exercício de suas funções, proceder
com dolo ou fraude....

O CPC de 2015, porém, a propósito, passou a estatuir no art.


143: “O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas
e danos quando: I - no exercício de suas funções, proceder

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com dolo ou fraude.”

CONCLUSÃO
Quando o princípio básico da imparcialidade é ignorado, o juiz
age com dolo, pratica ato ilícito e se enquadra nos dispositivos legais
que disciplinam a responsabilidade civil, estando sujeito a reparar os
danos causados a terceiros e ao próprio Estado.

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XVI • Da responsabilidade civil
do Estado

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A responsabilidade civil do Estado é abordada neste capí-
tulo. A Constituição Federal, no § 6º do art. 37, regula-
mentou as situações em que o Estado responde pelos danos que seus
agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
Dispõe o § 6º do art. 37 da Constituição Federal, grifo
nosso:
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

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Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impes-
soalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao
seguinte:
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei-
ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável
nos casos de dolo ou culpa.
É do Estado a responsabilidade causada pelos seus agentes.
O jurista Flávio Tartuce (Responsabilidade Civil, p. 789-791)
leciona a respeito da responsabilidade civil do Estado:

“RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO ESTADO E RISCO


ADMINISTRATIVO. A RESPONSABILIDADE SUBJETI-
VA ESTATAL POR NO ATOS OMISSIVOS E SUA ANÁLISE
CRÍTICA - A responsabilidade objetiva dos entes públicos é
realidade que apresenta certo grau de maturação no Brasil.
Conforme outrora exposto, na realidade nacional, a respon-
sabilidade sem culpa do Estado foi introduzida pelo art.194
187
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da Constituição Federal de 1946. Como pode ser retirado
da obra clássica de Amaro Cavalcanti, a responsabilidade
do Estado decorre do seu dever de proteção, eis que há uma
“obrigação inerente ao Estado para com os seus súditos e
corresponde aos deveres específicos de obediência e fideli-
dade e aos ônus ou encargos públicos, aos quais os súditos

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se sujeitam para com o Estado”2 Entre os contemporâneos,
assinala Fernanda Marinela que “as funções estatais rendem
ensejo à produção de danos mais intensos que os suscetíveis
de serem gerados pelos particulares. Isso porque a função es-
tatal é bastante ampla e engloba serviços e ações essenciais à
coexistência pacífica dos seres em sociedade e a sua própria
manutenção, portanto, quanto maior o risco, mais cuidado
deve ser despendido e menor o nível de aceitação nas falhas,
implicando consequente responsabilização”. Desse modo,
nota-se que o art. 37, § 6.°, da Constituição em vigor foi na
mesma esteira, consagrando a teoria do risco administrati-

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vo, segundo a qual haverá dever de indenizar o dano em vir-
tude do ato lesivo e injusto causado ao cidadão pelo Poder
Público. Para tanto, não se deve cogitar a culpa lato sensu
da administração ou dos seus agentes ou prepostos. Como
bem assinala Fernanda Marinela, “quanto à possibilidade
de exclusão da responsabilidade objetiva, duas teorias devem
ser admitidas: a teoria do risco integral, que não admite a
exclusão da responsabilidade, e a teoria do risco administra-
tivo, que admite a sua exclusão. O Brasil adota como regra
a teoria do risco administrativo, em que é possível afastar
a responsabilidade e a sua exclusão ocorre com a ausência
de qualquer de seus elementos definidores. Estando presentes
os elementos definidores da responsabilidade não há evasão
possível’ Como se percebe, não é pacífica a afirmação de si-
nonímia entre risco administrativo e risco integral.”
O jurista César Fiuza (Direito Civil – Curso Completo, p. 741-
743) leciona a respeito da responsabilidade civil do Estado:

“A responsabilidade civil do estado, “é a que impõe ao


Estado a obrigação de compor o dano causado a terceiros,

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por agentes públicos ou prestadores de serviços públicos, no
desempenho de suas funções ou a pretexto de exercê-las.”
Fundamento doutrinário: A aplicação da teoria objetiva se
baseia na teoria do risco administrativo. Tal teoria pressupõe
risco que a atividade pública gera para os administrados e a

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possibilidade de acarretar danos a certos membros da comu-
nidade, não suportados pelos demais. Ou seja, no desempe-
nho de uma atividade que em princípio será benéfica a toda
a comunidade, o Estado causa danos a determinada pessoa.
Não seria justo que apenas ela suportasse o dano, sendo que
todos se beneficiarão. Para compensar, pois, esta desigualda-
de individual, criada pela própria atividade pública, todos os
membros da coletividade devem concorrer para a reparação
do dano, via Erário Público. vemos, portanto, que a teoria
objetiva se funda no risco e na solidariedade social.
Consequências: A teoria do risco administrativo faz surgir

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a obrigação de indenizar o dano do só ato lesivo causado à
vítima pela Administração. Basta o dano. A vítima tem que
provar só o dano e a autoria, para ter direito à indenização.
Disposições legais: art. 37, § 6°, da Constituição Federal:
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
do prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos
que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, as-
segurado o direito de regresso contra o responsável nos casos
de dolo e culpa.
Interpretando o dispositivo constitucional, temos que: a) só
cabe indenização pelos danos causados por agentes. Por
aqueles causados por terceiros (multidões etc.) e por danos
advindos de fatos naturais, a indenização se baseará na teo-
ria subjetiva, ou seja, deverá ser provada a culpa do Estado;
a) o Estado só poderá regressar contra seu agente se provar
ter ele agido com culpa. Segundo Hely Lopes, na ação que
move o particular contra o Estado, não deveria ser necessá-
rio que este denunciasse seu agente da lide para ter direito de
regresso, como preceitua o art. 70, III, do Código de Processo
Civil; por agente deve entender-se todo aquele que exerça

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função para pessoas jurídicas típicas, a qualquer título que
seja.”

O jurista Alexandre Mazza (Manual de Direito Administra-


tivo, p. 416) disserta a respeito da responsabilidade do Estado na
Constituição de 1988:

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“A responsabilidade do Estado é disciplinada pelo art. 37,
§ 6°, da Constituição Federal de 1988: «As pessoas jurídi-
cas de direito público e as de direito privado prestadoras de
serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes,
nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito
de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa».
Inicialmente, pode-se notar que a Constituição Federal ado-
tou, como regra, a teoria objetiva na modalidade do risco ad-
ministrativo. Isso significa que o pagamento da indenização
não precisa de comprovação de culpa ou dolo (objetiva) e que

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existem exceções ao dever de indenizar (risco administrati-
vo). A completa compreensão do referido dispositivo exige o
desdobramento da norma em quatro partes: b) as pessoas ju-
rídicas de direito público responderão pelos danos que seus
agentes causarem a terceiros: União, Estados, Distrito Fede-
ral, Territórios, Municípios, autarquias, fundações e associa-
ções públicas são pessoas jurídicas de direito público e, por
ostentarem natureza pública, respondem objetivamente pelos
danos que seus agentes causem a particulares. Importante
notar que o texto constitucional, quanto às referidas pessoas
jurídicas de direito público, não condiciona a responsabilida-
de objetiva ao tipo de atividade exercida. Por isso, a respon-
sabilidade objetiva decorre da personalidade pública e será
objetiva independentemente da atividade desempenhada:
prestação de serviço público, exercício do poder de polícia,
intervenção no domínio econômico, atividade normativa ou
qualquer outra manifestação da função administrativa;”

O jurista Alexandre Mazza (Manual de Direito Administrati-


vo, p. 417) disserta a respeito do direito de regresso contra o respon-
sável nos casos de dolo e culpa:
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“d) assegurado o direito de regresso contra o responsá-
vel nos casos de dolo ou culpa: a Constituição Federal
prevê a utilização de ação regressiva contra o agente,
mas somente nos casos de culpa ou dolo. Assim, a res-
ponsabilidade do agente público é subjetiva, pois pres-

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supõe a existência de culpa ou dolo.”

O jurista Alexandre Mazza (Manual de Direito Administrativo,


p. 419) disserta a respeito dos fundamentos do dever de indenizar:

“O dever estatal de indenizar particulares por danos cau-


sados por agentes públicos encontra dois fundamentos: le-
galidade e igualdade. Quando o ato lesivo for ilícito, o fun-
damento do dever de indenizar é o princípio da legalidade,
violado pela conduta praticada em desconformidade com a

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legislação. No caso, porém, de ato lícito causar prejuízo es-
pecial a particular, o fundamento para o dever de indenizar
é a igual repartição dos encargos sociais, ideia derivada do
princípio da isonomia. Considera-se dano específico aquele
que alcança destinatários determinados, ou seja, que atinge
um indivíduo ou uma classe delimitada de indivíduos. Por
isso, se o dano for geral, afetando difusamente a coletivida-
de, não surge o dever de indenizar. Exemplo de dano geral:
aumento no valor da tarifa de ônibus. Presentes os dois atri-
butos, considera-se que o dano é antijurídico, produzindo o
dever de pagamento de indenização pela Fazenda Pública.”

CONCLUSÃO
Considerando as informações trazidas no capítulo X, que tra-
tou do impedimento do juiz por ser sócio cooperado de cooperativa
de crédito e/ou agropecuária, o capítulo XI tratou da suspeição do
juiz por interesse processual e o capítulo XII tratou da suspeição do
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juiz por ser credor ou devedor das respectivas cooperativas. Em ha-
vendo participação do juiz que se enquadra em qualquer daquelas hi-
póteses e, portanto, estando ciente do seu impedimento e suspeição,
e mesmo assim aventura-se a continuar atuando como juiz, naqueles
referidos processos. Caracterizado está o dolo por ação, ou por ina-

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ção quando o mesmo deixa de declarar impedido ou suspeito, justi-
ficando, por conseguinte, que o Estado seja acionado para indenizar
os danos eventualmente causados a terceiros de boa-fé.

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XVII • Conclusão

O Direito como ciência humana que é permite aos seus ope-

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radores e estudiosos afirmar, em determinados casos, que este não é
passível de interpretação subjetiva.
O conceito de Direito para Aristóteles está intrinsicamente li-
gado à justiça, pois o direito existe para que se faça prevalecer a
justiça, sendo, portanto, a normatização da realização do que é justo.
O autor Tércio Sampaio Ferraz Jr. (Introdução ao Estudo do
Direito, p. 21) apresenta o seguinte conceito para direito:
“O direito é um dos fenômenos mais notáveis na vida humana.
Compreendê-lo é compreender uma parte de nós mesmos. É saber

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em parte por que obedecemos, por que mandamos, por que nos in-
dignamos, por que aspiramos a mudar em nome de ideias, por que
em nome de ideias conservamos as coisas como estão. Ser livre é
estar no direito e, no entanto, o direito também nos oprime e tira-nos
a liberdade.”
Por serem representantes do povo, os legisladores, ao elabora-
rem uma lei, devem atender aos anseios da sociedade. Há, dentro do
processo legislativo, uma hierarquia das leis, estando a Constituição
Federal no chamado topo da pirâmide, sendo obrigatório que todos
os instrumentos normativos, descritos no art. 59 da CF (Emendas à
Constituição, Leis Complementares, Leis Ordinárias, Leis Delega-
das, Medidas Provisórias, Decretos Legislativos e Resoluções) este-
jam em consonância com a mesma.
Não é permitido a nenhum cidadão alegar o desconhecimento
da lei, para se eximir da culpa. Ninguém está acima da lei, inclusive
as autoridades.

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Ao Estado não basta ser democrático. É imperioso que seja
também de direito, com rigoroso respeito às leis.
Os institutos do direito, que foram objeto do estudo no presen-
te livro, estão ancorados na Constituição e nas demais leis vigentes.

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Após a análise dos fundamentos jurídicos e argumentos apre-
sentados no decorrer deste livro, podemos afirmar que a lacuna do
rol de suspeição, aludido no capítulo IX, merece ser debatido pelo
legislador pátrio.
A revisão da taxação do rol de hipóteses de pessoas que cau-
sam suspeição, para incluir ex-cônjuge e pessoa com a qual o jul-
gador mantém ou manteve relacionado amoroso velado ou espúrio,
em razão da configuração explícita de perda de imparcialidade com
relação às pessoas citadas, otimizando-se o mecanismo de preven-

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ção à insegurança jurídica.
Aprofundando nos temas impedimento e suspeição do juiz, a
Hermenêutica Jurídica aplicada nos permite afirmar:
1) Ao juiz não é proibido de ser sócio cooperado de sociedade
cooperativa (capital social dividido em quotas), amparado no art. 36
da lei complementar 35/1979, Lei Orgânica da Magistratura Nacio-
nal.
2) Ao juiz não é proibido de ser sócio de sociedade por quotas
de capital, amparado no art. 36 da lei complementar 35/1979, Lei
Orgânica da Magistratura Nacional.
3) A respeito da temática abordada no capítulo X, sobre o IM-
PEDIMENTO DO JUIZ, que é sócio cooperado de sociedade coo-
perativa, de atuar nos processos dos quais a referida cooperativa é
parte, pode-se concluir que:

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3.1) Inobstante, ser permitido que o juiz seja sócio de socie-
dade por quotas de capital, o mesmo É IMPEDIDO de atuar nos
processos nos quais referida sociedade integre quaisquer dos polos
da ação, pois a Lei Orgânica da Magistratura Nacional, não trata do
Instituto do Impedimento, que somente foi codificado pela lei pro-

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cessual civil, nos ditames do inciso V do art. 144 do NCPC.
4) A respeito da temática abordada no capítulo XI, sobre a
SUSPEIÇÃO DO JUIZ, que é sócio cooperado de sociedade coo-
perativa, de atuar nos processos dos quais a referida cooperativa é
parte, pode-se concluir que:
4.1) Inobstante, ser permitido que o juiz seja sócio de socie-
dade por quotas de capital, o mesmo É SUSPEITO de atuar nos
processos nos quais referida sociedade integre quaisquer dos polos
da ação, nos ditames do inciso IV do art. 145 do NCPC.

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5) A respeito da temática abordada no capítulo XII, sobre a
SUSPEIÇÃO DO JUIZ, que é sócio cooperado de sociedade coo-
perativa, de atuar nos processos dos quais a referida cooperativa é
parte, pode-se concluir que:
5.1) Inobstante, ser permitido que o juiz seja sócio de socie-
dade por quotas de capital, o mesmo É SUSPEITO de atuar nos
processos nos quais referida sociedade integre quaisquer dos polos
da ação, nos ditames do inciso III do art. 145 do NCPC.

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XVIII • Glossário

Os significados das palavras abaixo transcritas foram extraídos

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do dicionário jurídico de autoria da jurista Maria Helena Diniz. Com
exceção das palavras transcritas que constam o Dicionário Aurélio
da língua portuguesa como fonte.

ACIONISTA. Direito comercial. É o titular da ação integralizada,


ou seja, da cota de capital da sociedade anônima ou da sociedade
em comandita por ações. Se o valor nominal não estiver totalmen-
te pago, seu titular denomina-se “subscritor”, que se converterá em
acionista quando integralizar a ação, mediante o correspondente pa-
gamento, passando a ter o direito de: participar dos lucros sociais;
fiscalizar a administração dos negócios sociais; vender suas ações;

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participar nas reuniões assembleares, discutindo e votando; assumir
cargos administrativos etc.

ACIONISTA CONTROLADOR. Direito comercial. É a pessoa


física ou jurídica ou um grupo de pessoas que, por estarem sob con-
trole comum ou ligados por um acordo de voto, detêm a maioria dos
votos nas deliberações assembleares, o poder de direção das ativida-
des sociais, orientando o funcionamento da companhia, e o poder de
eleger a maioria daqueles que vão administrar a empresa.

ANALOGIA JURIS. Teoria geral do direito. É a que se estriba num


conjunto de normas para extrair elementos que possibilitem sua apli-
cabilidade ao caso sub judice não previsto, mas similar. É o processo
que, com base em várias disposições legais disciplinadoras de um
instituto semelhante ao não contemplado, reconstrói a norma ínsita
no sistema pela combinação de muitas outras.

ANALOGIA LEGIS. Teoria geral do direito. Consiste na aplicação


de uma norma existente destinada a reger caso semelhante ao não
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previsto, importando uma maior vinculação a um determinado pre-
ceito, partindo da similitude entre as hipóteses (prevista e não pre-
vista) quanto a seus aspectos essenciais, chegando assim à conclusão
da igualdade da consequência jurídica.

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ANALOGIA. Teoria geral do direito. É a aplicação, a um caso não
regulado de modo direto ou específico por uma norma jurídica, de
uma prescrição normativa prevista para uma hipótese distinta, mas
semelhante ao caso não contemplado, fundando-se na identidade do
motivo da norma e não na identidade do fato. É um apotegma lógi-
co-decisional, ou seja, um procedimento quase lógico, que envolve:
a constatação de uma semelhança entre fatos-tipos diferentes e um
juízo de valor que venha a apontar a predominância das semelhanças
sobre as diferenças. Se não houver o elemento diferencial, os casos
serão equivalentes, iguais, e não semelhantes, logo, ter-se-á igualda-

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de fática e não similitude. A analogia não é uma técnica interpretati-
va, tampouco uma fonte de direito, mas um procedimento que serve
para integrar lacuna normativa, partindo de um exame comparativo
entre duas situações jurídicas, aplicando à não legislada a solução
dada à que tem característica essencial semelhante. O processo ana-
lógico constitui um raciocínio que, baseado em razões de relevante
similitude, se funda na igualdade jurídica (ratio juris), que é o ele-
mento justificador da aplicabilidade da norma a casos não previstos,
mas substancialmente semelhantes, sem contudo ter por objetivo
perscrutar o exato significado da norma, partindo, tão-somente, do
pressuposto de que a questão sub judice, apesar de não se enquadrar
no dispositivo legal, deverá cair sob sua égide por identidade de ra-
zão.

APATIA. 1. Direito canônico. Indiferença total em relação às coisas


terrenas. 2. Medicina legal. Indolência; ausência de vigor; inércia;
falta de interesse; indiferença. 3. Ciência política. Desinteresse pelos
fenômenos políticos (Sani).

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APLICAÇÃO ANALÓGICA. Teoria geral do direito. Emprego da
analogia.

APLICAÇÃO DA LEI. Teoria geral do direito. Ato pelo qual o po-


der competente, após a interpretação, aplica a lei para criar norma

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individual.

ARBITRARIEDADE. 1. Direito administrativo. Ato unilateral da


vontade da Administração emitido fora das normas legais, ou exor-
bitando o poder que lhe foi concedido, ferindo os direitos dos admi-
nistrados. 2. Ciência política. Despotismo. 3. Direito processual. Ato
judicial não baseado em lei, oriundo de valoração pessoal.

AUDITORIA JURÍDICA. 1. Trabalho desempenhado por advo-


gado, mediante contratação prévia e escrita, para rever processo
de qualquer natureza ou proceder a avaliação de situação concreta

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que lhe for apresentada, para emitir parecer vinculante (Jayme Vita
Roso). 2. Ato de constatar a licitude de títulos jurídicos e das con-
venções da empresa no âmbito de seu funcionamento ou das suas
relações com os fornecedores e clientes (Héctor P. O. Charry e L.
Martel.

BAJULAÇÃO. Ato ou efeito de bajular; adulação, bajulice, bajulis-


mo. Dicionário Aurélio.

BAJULADOR. Que bajula; adulador, adulão, aduloso, babão, cafo-


fa, chaleira, chaleirista, incensador, lambedor, lambeta, lambeteiro,
louvaminheiro, puxa-saco ou puxa-sacos, o sabujo, xereta. Aquele
que bajula; adulador, adulão, aduloso, babão, baba-ovo, banhista,
cafofa, chaleira, chaleirista, cheira-cheira, chupa-caldo, corta-jaca,
engrossador, enxuga-gelo, escova-botas, incensador, lambedor, lam-
be-botas, lambe-cu, lambe-esporas, lambeta, lambeteiro, louvami-
nheiro, puxa-saco ou puxa-sacos, sabujo, xeleléu, xereta. Dicionário
Aurélio.

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BAJULAR. Lisonjear, adular servilmente; sorrabar, sabujar. Dicio-
nário Aurélio.

BANCO AGRÍCOLA. Direito comercial. Estabeleci mento de cré-


dito destinado a auxiliar a agricultura, através do custeio de sua ex-

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ploração, financiando o cultivo de terra e a aquisição de instrumen-
tos para a lavoura, tendo, não raras vezes, como garantia o penhor
dos produtos.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Direito bancário. É uma autar-


quia federal, vinculada ao Ministério da Fazenda, com personalida-
de jurídica e patrimônio próprio que deve cumprir e fazer cumprir
as disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as
normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional... 9. Exercer
a fiscalização das instituições financeiras e aplicar as penalidades
previstas, podendo, inclusive, examinar os livros e documentos das

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pessoas naturais ou jurídicas que detenham o controle acionário de
instituição sob fiscalização.

CÉDULA DE CRÉDITO COMERCIAL – Direito bancário. Tí-


tulo concedido por um banco a comerciante como garantia real do
empréstimo feito.
CLIENTE – 3. Direito comercial e direito consumidor a) Freguês
de estabelecimento empresarial, que habitualmente dele se serve ou
nele adquire mercadorias;

CONCEITO ABSOLUTO. Lógica jurídica. Conceito cujo conteú-


do independe de outro. Por exemplo, terra.

CONCEITO ABSTRATO. Lógica jurídica. Conceito que é relativo


à qualidade considerada separadamente do objeto a que se aplica.
Por exemplo, justiça, conveniência etc.

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CONSTITUCIONALIDADE.1. Qualidade do que está conforme
à Constituição de um país. 2. Conjunto de condições ou requisitos
que devem ser observados para que as normas jurídicas emanadas
dos poderes competentes estejam de acordo com a Carta Magna. 3.
Diz-se da verificação da adequação de um ato jurídico ou norma à

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Constituição. Tal controle da constitucionalidade é feito pelo Poder
Judiciário.

COOPERATIVADO. Direito civil. Diz-se daquele que participa de


uma cooperativa.

CORREGEDOR. Direito processual. Magistrado superior que tem


a incumbência de fiscalizar o andamento dos serviços auxiliares da
justiça, a polícia judiciária, a distribuição da justiça e os presídios,
adotando todas as medidas que forem necessárias para tanto e apli-
cando penas disciplinares cabíveis.

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CORREGEDORIA. Direito processual. 1. Cargo de corregedor. 2.
Area de jurisdição de corregedor. 3. Órgão fiscalizador dos serviços
auxiliares da justiça. 4. Conjunto de atividades de fiscalização sobre
os serviços forenses. 5. Local onde o corregedor exerce suas funções.

CORREIÇÃO. 1. Direito processual. Vistoria ou exame de proces-


sos e livros feito pelo corregedor nos cartórios de sua alçada, proce-
dendo às diligências que forem necessárias para o bom andamento
dos serviços inerentes à justiça. 2. Direito administrativo. a) Vistoria
feita em propriedades, segundo a postura municipal ou o estabeleci-
do em lei, averiguando se tudo está conforme as normas; b) conjunto
dos funcionários da prefeitura encarregados de conduzir, à devida
repartição, os animais que encontrarem nas ruas; c) fiscalização de
órgãos públicos para averiguar sua eficiência e a lisura dos serviços
públicos prestados.

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CORREIÇÃO PARCIAL. Direito processual. Atividade de fiscali-
zação levada a efeito pelo juiz corregedor por ter, mediante denúncia
do interessado, tomado conhecimento de determinado fato onde hou-
ve erro ou abuso do oficial de justiça, escrevente, porteiro etc. Trata-
-se de uma providência disciplinar para corrigir ou sanar tal erro.

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COTA. .. 3. Direito comercial. a) Porção em dinheiro, em bens ou em
efeitos com que cada sócio contribui para a formação do capital so-
cial; b) fração do capital de uma sociedade limitada; c) indicação de
valores negociados; d) sinal identificador de uma cotação; e) fração
de fundo de investimento...

COTA-PARTE. Direito comercial. 1. Fração mínima de capital com


que cada sócio contribui para a formação da sociedade empresária. 2.
Ação de sociedade anônima.

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COTISTA. Direito comercial. Sócio cotista; membro da sociedade
limitada.

COVARDE. Sem coragem; tímido, medroso, poltrão. Fraco de âni-


mo; pusilânime. Desleal, traiçoeiro. Pessoa covarde. Dicionário Au-
rélio.

COVARDIA. Direito penal militar. Fraqueza de ânimo, em decor-


rência da qual o militar deixa de cumprir seu dever funcional, prati-
cando ato punível.

COVARDIA. Falta de coragem; medo, timidez, poltronice. Fraqueza


de ânimo; pusilanimidade. Ânimo traiçoeiro. Dicionário Aurélio.

CULPA CIVIL. Direito civil. 1. Em sentido amplo, é qualquer ação


que venha a violar um dever jurídico, abrangendo o dolo e a culpa.
2. Em sentido estrito, constitui a violação do dever caracterizada por
imperícia, imprudência ou negligência, sem qualquer deliberação de
causar o ato danoso.

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DANO DIRETO. Direito civil. Prejuízo que é consequência ime-
diata de um ato, fato ou violação de um direito. Nele há uma relação
imediata entre a causa destacada pelo direito e a perda sofrida pela
pessoa, por exemplo, o ferimento causado por um disparo de arma
de fogo.

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DANO INDIRETO. Direito civil. Diz-se daquele que, sendo uma
consequência imediata da perda sofrida pelo lesado, repercute em
outros bens que não foram diretamente atingidos pelo fato.

DANO INTENCIONAL. Direito civil. Diz-se daquele em que o


lesante provoca o prejuízo por ação ou omissão voluntária, com a
intenção de violar direito alheio.

DANO MORAL. Direito civil. É a ofensa de interesses não patri-


moniais de pessoa física ou jurídica provocada pelo fato lesivo. A

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reparação do dano moral não é uma indenização por dor, vergonha,
humilhação, perda da tranquilidade ou do prazer de viver, mas uma
compensação pelo dano e injustiça sofridos pelo lesado, suscetível
de proporcionar-lhe uma vantagem, pois ele poderá, com a soma de
dinheiro recebida, procurar atender às satisfações materiais ou ideais
que repute convenientes, atenuando, assim, em parte, seu sofrimen-
to.

DANO PROCESSUAL. Direito processual civil. É o praticado no


processo, por pleitear de má-fé, contra a parte contrária ou a adminis-
tração da justiça. Causa dano processual quem: deduz pretensão ou
defesa contra a lei ou fato incontroverso; altera a verdade dos fatos;
usa o processo para obter fim ilegal; opõe resistência injustificada ao
andamento do processo; procede de maneira temerária em qualquer
ato processual; provoca incidentes infundados. O litigante de má-fé
não só deverá pagar indenização, não superior a 20% sobre o valor
da causa, à parte contrária, correspondente aos prejuízos causados
mais os honorários advocatícios e despesas efetuadas, como também

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uma multa de valor não superior a um por cento sobre o valor da
causa. Tal indenização, em regra, é liquidada por arbitramento.

DEMOCRACIA. Ciência política. 1. Forma de governo em que há


participação dos cidadãos. 2. Influência popular no governo através

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da livre escolha de governantes pelo voto direto. 3. Doutrina demo-
crática. 4. Povo. 5. Sistema que procura igualar as liberdades públi-
cas e implantar o regime de representação política popular. 6. Estado
político em que a soberania pertence à totalidade dos cidadãos.

DESVIO DE PODER. Direito administrativo. 1. Ato administra-


tivo praticado pelo agente público para atender a uma finalidade
alheia à natureza daquele ato (Celso Antônio Bandeira de Mello).
2. Uso indevido da competência pelo funcionário público, na esfera
discricionária, para atingir fim diverso do conferido pela lei. 3. Des-
vio de finalidade que ora aparece como excesso de poder, ora como

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abuso de poder, sendo um vício do ato administrativo suscetível de
invalidá-lo.

DEVER DE VERACIDADE. 1. Direito processual civil. a) Ônus


de verdade, ou seja, de não alterar, intencionalmente, a verdade dos
fatos; b) obrigação de expor os fatos em juízo de conformidade com
a verdade, procedendo com lealdade e boa-fé, sob pena de respon-
sabilidade por dano processual mais consequências jurídicas preju-
diciais, como a de se reputar como verdadeiro fato afirmado pelo
autor se o réu não contestar a ação. É o dever jurídico de exprimir
a verdade no juízo civil (Couture). ...... 3. Direito civil. a Princípio
da boa-fé, objetiva e subjetiva, e veracidade que deve reger os con-
tratos; b) requisito para a validade do negócio jurídico, uma vez que
este é suscetível de invalidação quando há erro, dolo, lesão, estado
de perigo, coação, simulação ou fraude, por serem vícios de consen-
timento ou sociais que têm fundamento no falso.

DEVER DO FUNCIONÁRIO PÚBLICO. Direito administrativo.

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Lealdade que o agente público deve ter para com o Estado. Tal de-
ver inclui os de obediência, dedicação, boa conduta, urbanidade para
com o público, sigilo profissional, assiduidade, pontualidade etc.

DEVER PROCESSUAL. Direito processual civil. É o que abrange

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os deveres de veracidade e lealdade e o de evitar artifícios fraudulen-
tos das partes litigantes e de seus procuradores ad judicia, sob pena
de responder por dano processual.

DEVERES DO ADVOGADO. São os de: 1. Preservar, em sua con-


duta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu
caráter de essencialidade e indispensabilidade. 2. Atua com deste-
mor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dig-
nidade e boa-fé. 3. Velar por sua reputação pessoal e profissional.
4. Empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal
e profissional. 5. Contribuir para o aprimoramento das instituições,

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do direito e das leis. 6. Estimular a conciliação entre os litigantes,
prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios. 7. Acon-
selhar o cliente a não ingressar em aventura judicial. 8. Abster-se de:
a utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; b)
patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advo-
cacia, em que também atue; c) vincular o seu nome a empreendi-
mentos de cunho manifestamente duvidoso; d) emprestar concurso
aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade
da pessoa humana; e) entender-se diretamente com a parte adversa
que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste. 9. Pugnar
pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus
direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade.

DIREITO ESTRITO. Teoria geral do direito. 1. Diz-se do ato in-


terpretativo do órgão judicante que vem a aplicar a norma conforme
o sentido literal de suas palavras. 2. O que está rigorosamente de
conformidade com o texto legal.

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DISCORDAR. 1. Não concordar; estar em desarmonia; ser incom-
patível; divergir. 2. Não concordar; divergir, discrepar;

DISPOSITIVO. 1. Direito processual civil. Elemento estrutural da


sentença de mérito, por se tratar da decisão ou do julgamento pro-

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latado pelo magistrado. 2. Teoria geral do direito. Disposição legal;
preceito legal; artigo de lei.

DISSABOR 1. Desgosto, mágoa, tristeza.2. Contrariedade, aborre-


cimento, desprazer, amolação. 3. Sensaboria, insipidez.

DISSERTAÇÃO. Direito educacional. 1. Exposição escrita ou oral


de um tema doutrinário. 2. Monografia apresentada para obtenção de
título de mestre, defendida perante uma banca examinadora. 3. Mo-
nografia final exigida para a obtenção do grau de bacharel em direito.

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DIVERGÊNCIA. 1. Posição de linhas que se afastam progressiva-
mente. 2. Discordância, desacordo, discrepância, dissensão. 3. Mat.
Ato ou efeito de divergir.

DIVERGIR. 1. Afastar-se progressivamente; desviar-se. 2. Estar


em desarmonia; discordar. 3. Mat. Não ter limite (uma série infinita).
4. Discordar, discrepar, dissentir: Divirio de sua opinião, ainda que
a reconheça honesta. 5. Estar em desacordo; não se harmonizar, não
se coadunar; discrepar.

ENTENDIMENTO. 1. Teoria geral do direito. a) Faculdade de


compreender; intelecção; poder de conhecer objetos; b) função do
espírito de ligar as sensações em sistemas coerentes por intermédio
de categorias (Kant). 2. Lógica jurídica. Faculdade de relacionar en-
tre si as representações intuitivas conforme o princípio da razão, ou
seja, de formar conceitos, combinando-os em juízos e raciocínios
(Schopenhauer).

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ESTADO DEMOCRÁTICO. Ciência política. Diz-se daquele cujo
governo tem como base a democracia, sendo reconhecido pelo con-
senso geral, o qual é demonstrado nas eleições, fundando-se, portan-
to, na vontade do povo.

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ESTATUTO. 1. Teoria geral do direito. a) ...; b) regulamento das
atividades de um corpo coletivo; c) conjunto de normas que regem
determinadas pessoas; d) complexo de normas que, reunidas, disci-
plinam determinada matéria. Direito administrativo. a Regulamento
que fixa os princípios de uma entidade pública; b) lei orgânica ou re-
gulamento do Estado; c) complexo de princípios reguladores das ati-
vidades dos funcionários públicos, civis ou militares. 3. Direito civil.
a Norma reguladora das relações jurídicas incidentes sobre pessoas
(estatuto pessoal) ou sobre coisas (estatuto real); b) regulamento de
uma associação ou sociedade simples. 4. Direito comercial. Pacto

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social que rege a sociedade empresária, impondo obrigações e con-
ferindo direitos aos sócios. 5. ....

INTERPRETAÇÃO. 1.... 2. Teoria geral do direito. Descoberta do


sentido e alcance da norma jurídica, procurando a significação dos
conceitos jurídicos.

INTERPRETAÇÃO AUTÊNTICA. Teoria geral do direito. É a do


órgão aplicador do direito que, mediante norma geral, que lhe está
dirigida, escolhe uma entre as várias possibilidades interpretativas
que lhe oferece aquela norma. Na aplicação do direito por um órgão
jurídico competente, a interpretação cognoscitiva da norma geral a
aplicar combina-se com um ato de vontade pelo qual aquele órgão
efetua uma escolha entre as múltiplas possibilidades reveladas, pro-
duzindo uma norma individual ou inferior. Só esta interpretação da
autoridade competente é autêntica, porque cria direito (Kelsen). É
também chamada “interpretação pública”.

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INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL. Teoria geral do direi-
to e direito constitucional. Ato de desvendar o sentido dos símbolos
lingüísticos contidos na Constituição para obtenção de uma decisão
de problema prático (Canotilho).

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INTERPRETAÇÃO DA LEI. Teoria geral do direito. Ato de escla-
recer a lei, descobrindo seu sentido e alcance, extraindo tudo o que
nela se contém, revelando sua significação apropriada para a vida
real e conducente a uma decisão.

INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA. Teoria geral do direito. E


aquela na qual, ao completar uma norma, se admite que ela abrange
certos fatos-tipos, implicitamente. Com isso, ultrapassa-se o núcleo
do sentido normativo, avançando até o senti do literal possível da
norma. Tal interpretação desenvolve-se em torno da norma, para
nela compreender casos que não estão expressos em sua letra, mas

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que nela se encontram, virtualmente, incluídos, conferindo, assim, à
norma o mais amplo raio de ação possível, todavia, sempre dentro
de seu sentido literal, concluindo que o seu alcance é mais amplo do
que indicam seus termos.

INTERPRETAÇÃO GRAMATICAL. Teoria geral do direito. É a


técnica também chamada literal, semântica ou filológica, pela qual
o hermeneuta busca o sentido literal do texto normativo, tendo por
primeira tarefa estabelecer uma definição, ante a indeterminação se-
mântica dos vocábulos normativos, que são, em regra, vagos ou am-
bíguos, quase nunca apresentando um sentido unívoco. Procura-se o
significado da norma pela sua própria construção textual.

INTERPRETAÇÃO LEGISLATIVA. Teoria geral do direito. É a


interpretação autêntica levada a efeito pelo Legislativo, ao criar uma
norma geral, aplicando a Constituição ou Carta Magna.

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INTERPRETAÇÃO LÓGICA. Teoria geral do direito. É a técnica
que desvenda o sentido e o alcance da norma, estudando-a por meio
de raciocínios lógicos, analisando os períodos da lei e combinando-os
entre si, com o escopo de atingir perfeita compatibilidade. Os pro-
cedimentos desta técnica são, segundo Tércio Sampaio Ferraz Jr.: a)

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atitude formal, que procura solucionar eventuais incompatibilidades
pelo estabelecimento de regras gerais atinentes à simultaneidade de
aplicação de normas, que introduzem os critérios de sucessividade,
de especialidade, de irretroatividade ou retroatividade, e de regras
alusivas ao problema da especialidade, tendo em vista a aplicação de
normas válidas em territórios diversos, mas que, por certas razões,
se cruzam nos seus âmbitos, que introduzem os critérios da lex loci e
da lex persona; b) atitude prática, que visa evitar incompatibilidades
à medida que elas se forem apresentando, repensando as disposi-
ções normativas, atendo-se à situação; c) atitude diplomática, que

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recomenda ao intérprete, tentando evitar incompatibilidade em certo
momento e em determinadas circunstâncias, inventar uma saída que
solucione, mesmo que provisoriamente, apenas aquele conflito. Tais
regras lógicas possibilitam adotar uma solução mais precisa ou justa.

INTERPRETAÇÃO RESTRITIVA. Teoria geral do direto. Aque-


la em que o intérprete e aplicador da norma limita a incidência de
seu comando, impedindo que produza efeitos injustos ou danosos,
porque suas palavras abrangem hipóteses que nelas, na realidade,
não se contêm. Esse ato interpretativo não reduz o campo normativo,
mas determina tão-somente os limites ou as fronteiras exatas da nor-
ma, com o auxílio de elementos lógicos e de fatores jurídico-sociais,
possibilitando a aplicação razoável e justa da norma, de modo que
corresponda à sua conexão de sentido.
JUDICANTE – 1. Aquele que julga por exercer função de juiz. 2.
Órgão que julga ou atividade de julgar. 3. Judicativo.

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JUDICATIVO – 1. Judicante. 2. Que tem o poder de julgar. 3. Que
prolata a sentença. 4 Que decide a demanda.
JUDICATURA – 1. Magistratura. 2. Função do magistrado. 3. Po-
der de julgar. 4 Poder judiciário. 5 Exercício do cargo de juiz. 6. Tem-

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po de duração desse exercício; prazo durante o qual o magistrado
exerce sua função. 7. Tribunal. 8. Local onde se efetua o julgamento.
JUDICIÁRIO – 1. Poder incumbido de decidir litígios, aplicando
a lei ao caso concreto. 2. Referente à organização da justiça ou ao
Direito processual. 3. Judicial. 4 Forense. 5 Tudo o que se referir à
administração da justiça ou aos magistrados.
JUIZ – a) Membro do poder judiciário. d) aquele que, tendo autori-
dade pública, administra a justiça em nome do Estado; e) aquele que
tem poder de julgar, prolatando uma sentença;..

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JUIZ TOGADO. Direito processual. Aquele que, formado em di-
reito, foi aprovado em concurso de provas e títulos ou nomeado para
fazer parte de qualquer tribunal por ser advogado ou membro do Mi-
nistério Público, perfazendo o percentual obrigatório, que consiste
no terço ou no quinto constitucional. Não é togado, por exemplo, o
jurado no tribunal do júri etc.

JURAMENTO JURÍDICO. Promessa solene feita na colação de


grau pelos bacharéis de direito, perante a congregação de professo-
res, que tem o seguinte teor: ......., “eu (...) prometo que, sempre fiel
aos princípios da honestidade, cumprirei os deveres inerentes ao meu
grau, e que a minha atuação no patrocínio da Justiça e na observância
dos bons costumes nunca faltará à causa da Humanidade”.

JURISPRUDÊNCIA. 1. Teoria geral do direito. Ciência do Direito.


2. Direito processual. a) Conjunto de decisões judiciais uniformes ou
não; b) conjunto de decisões uniformes de juízes e tribunais sobre
uma dada matéria.

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JURISTA – 1. Aquele que, por ser profundo conhecedor do direito,
escreve livros ou monografias jurídicas com assiduidade...

LACUNA. 1. Teoria geral do direito. a) Diz-se do possível caso em


que o direito objetivo não oferece, em princípio, uma solução; b) o

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que ocorre quando uma exigência do direito, fundamentada obje-
tivamente pelas circunstâncias sociais, não encontra satisfação na
ordem jurídica (Binder); c) o estado incompleto do sistema jurídico;
d) falha, omissão, insuficiência, falta; e imperfeição insatisfatória
dentro da totalidade jurídica ...

LEGALISTA. Ciência política. 1. Opinião ou ato de legalista. 2.


Quem combate, em época de revolução, apoiando o governo legal
e lutando pela observância da lei e das instituições jurídicas e polí-
ticas.

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LEGISLAÇÃO. Teoria geral do direito e direito constitucional. 1.
Ato de legislar do poder competente; atividade legiferante, que é
considerada a fonte formal estatal. 2. Conjunto de leis de um país, de
um Estado-membro ou Município. 3. Complexo de leis sobre deter-
minado assunto de um ramo jurídico. 4. Ciência das leis. 5. Processo
pelo qual um ou vários órgãos estatais formulam normas jurídicas de
observância geral. 6.Conjunto de atos jurídicos brasileiros, incluindo
a Constituição, leis, decretos, códigos, regulamentos, portarias, reso-
luções e instruções normativas.”

LEGISLAÇÃO CODIFICADA. Teoria geral do direito. Corpo or-


gânico de normas sobre certo ramo do direito, como o Código Civil,
o Código Penal, o Código de Processo Civil etc.

LEGISLAÇÃO ESPECIAL. Teoria geral do direito. Conjunto de


normas concernentes a certa matéria jurídica ou a determinado ramo
do direito. Por exemplo: a lei sobre sociedade anônima; a lei sobre
locação de imóveis urbanos etc.

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LEGISLADOR. Teoria geral do direito e direito constitucional. 1.
Aquele que elabora leis. 2. Membro do Poder Legislativo, como o
vereador, o deputado estadual e o federal, o senador.
LEI COMPLEMENTAR. Direito constitucional. É a alusiva à es-
trutura estatal ou aos serviços do Estado, constituindo as leis de or-

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ganização básica, cuja matéria está prevista na Constituição, e, para
sua existência, exige-se a maioria absoluta nas duas Casas do Con-
gresso Nacional. A lei complementar é muito utilizada, por exemplo,
no setor tributário, por ser o veículo próprio das normas gerais de
Direito tributário.
OFÍCIO. 1. Nas linguagens jurídica e comum significa: a) função;
cargo ou emprego; b) profissão; ocupação habitual; ......; f) o que se
deve fazer por obrigação...... 3. Direito processual. O que deve ser
feito pelo juiz por iniciativa própria, por dever do cargo, ou por ór-

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gão do Poder Judiciário...
OMISSÃO. 1. Direito penal. Abstenção de um ato ou de cumprir
um dever legal; não-realização da conduta exigida pela lei, sem a
qual o resultado não teria ocorrido, gerando a responsabilidade cri-
minal por ter sido a causa de um delito. 2. Teoria geral do direito.
Lacuna. 3. Direito civil. a) Aquilo que se omitiu; b) ato ou efeito de
omitir que, causando dano moral e/ou patrimonial, gera responsabi-
lidade civil.
OMISSO. 1. Nas linguagens comum e jurídica é: a) faltoso; b) ne-
gligente; c) em que há falta; d) Não previsto; e) esquecido. 2. Direito
administrativo. Diz-se do funcionário público que não toma as pro-
vidências necessárias para o bom funcionamento dos serviços públi-
cos.”
OMITIR. 1. Negligência. 2. Deixar de cumprir dever legal. 3. Não
mencionar. 4. Deixar de fazer o que se deve. 5. Esquecer.

PATROCÍNIO INFIEL. Direito penal. 1. Crime contra a adminis-


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tração da justiça perpetrado por advogado ou procurador que, fal-
tando ao dever e à ética profissional, lesa, em juízo, o interesse de
seu constituinte, punido com detenção e multa. 2. Conduta dolosa
e consciente de advogado que consiste em trair dever profissional,
prejudicando o seu constituinte.

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PATROCÍNIO SIMULTÂNEO. Direito penal. Trata-se de tergi-
versação, ou seja, do crime contra a administração da justiça, que
consiste no fato de o advogado ou procurador judicial defender na
mesma causa, simultânea ou sucessivamente, os interesses das par-
tes contrárias, punido com detenção e multa.
PESSOA JURÍDICA. Direito civil. 1. Unidade de pessoas naturais
ou de patrimônio, que visa à consecução de certos fins, reconhecida
pela ordem jurídica como sujeito de direitos e obrigações.
PRERROGATIVA – ...b) privilegio especial pertencente a uma de-

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terminada classe ou categoria de pessoas....

PREVARICAÇÃO. 1. Direito penal. Crime funciona punido com


detenção e multa, consistente no fato de o funcionário público re-
tardar ou deixar de cumprir suas funções para a satisfação de seus
próprios interesses. 2. Direito civil. Adultério; quebra do dever de
fidelidade conjugal. 3. Direito romano. a) Ato daquele que, após ter
acusado alguém, fazia um conluio com ele para obter sua absolvição;
b) ato do advoca-tus que traía a causa, passando para o lado do réu, e
prejudicando o autor, seu constituinte. 4. Na linguagem jurídica em
geral, pode significar: a) não-cumprimento de um dever de ofício por
má-fé ou improbidade; b) afirmação que perverte ou desvia a verda-
de; c) ato de revelar segredo de justiça ou de secretaria; d) abuso de
confiança; e) ato de o magistrado prolatar decisão manifestadamente
injusta; f) conivência de advogado com a parte contrária.

PREVARICADOR. 1. Aquele que prevarica ou comete prevarica-


ção. 2. Quem abusa da confiança que lhe foi dada.
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PREVARICAR. 1. Faltar aos deveres de ofício. 2. Abusar do exer-
cício de funções. 3. Cometer adultério. 4. Violar segredo de justiça
ou de secretaria.

PRINCIPIO CONSTITUCIONAL. Direito constitucional. Nor-

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ma, explicita ou implícita, que determina as diretrizes fundamentais
dos preceitos da Carta Magna, influenciando sua interpretação. Por
exemplo, o princípio da isonomia, o da função social da propriedade
etc.

REGIME JURÍDICO – É o conjunto de princípios, normas e


categorias, que regem o funcionamento de determinado instituto
jurídico (Celso Antônio Bandeira de Mello).

REGRA DE DIREITO. 1. Teoria geral do direito. a) Norma jurídi-


ca, segundo alguns autores; b) princípio geral de direito, no sentido

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de comando normativo. 2. Lógica jurídica. Proposição jurídica for-
mulada pela ciência do direito, sendo um enunciado sobre a norma
jurídica que atesta sua validade, constituindo o sentido de um ato
do pensar. Trata-se da formulação lógica que da norma é feita pelo
jurista enquanto tal.

RESISTIR. 1. Opor resistência. 2. Não ceder. 3. Suportar. 4. Colo-


car obstáculo. 5. Não ser destruído por ato exterior.

SOBRA – 1. O que sobrou; resto. 2. Diferença entre a quantia neces-


sária para solver uma dívida e o valor usado para pagá-la. 3. O que
fica após a retirada do necessário. 4. Excesso verificado depois do
adimplemento de uma obrigação.

SOBRAS LÍQUIDAS – Direito civil. Lucros líquidos ou superavit


entre a receita e a despesa, apurado em balanço feito pelas coopera-
tivas, que deve ser distribuído entre os associados a título de bonifi-
cação, proporcionalmente ao valor dos negócios ou compras por eles
realizadas, salvo se a assembleia as incorporar às reservas.
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SOCIEDADE EMPRESÁRIA – Direito comercial. Aquela em que
o capital e o fim lucrativo são essenciais à sua constituição, por
exercer atividade econômica organizada para a produção e circu-
lação de bens e serviços; como está sujeita à falência, tem direito
à recuperação judicial e extrajudicial; além disso, pode ter seu

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contrato de locação renovado compulsoriamente.

SUCUMBIR. 1. Deixar-se vencer. 2. Ceder. 3. Curvar-se. 4. De-


sanimar. 5. Ser abatido.

SUSPEIÇÃO DE SERVENTUÁRIO DA JUSTIÇA. Direito


processual. Suspeita da não-imparcialidade de serventuário ou
funcionário de justiça argüida pelas partes e decidida pelo ma-
gistrado de plano e sem recurso, à vista do alegado e da prova
imediata.

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SUSPEIÇÃO DO PERITO. Direito processual penal. Suspeita
de parcialidade do perito que pode ser argüida pelo interessado,
decidindo o juiz de plano e sem recurso, à vista da matéria alega-
da e prova imediata. Será arguido suspeito o perito que for, por
exemplo: amigo íntimo de uma das partes; credor ou devedor,
tutor ou curador, de qualquer das partes; sócio acionista ou admi-
nistrador de sociedade interessada no processo etc.

TAXATIVO. 1. Restrito ao que está enumerado. 2. Que limi-


ta; restritivo. 3. Que não admite réplica. 4. Que circunscreve um
caso a circunstâncias determinadas. 5. Específico.

TERGIVERSAÇÃO. 1. Direito penal. Patrocínio infiel de ad-


vogado que simultaneamente defende ambas as partes, no mes-
mo processo ou em ações conexas. 2. Na linguagem comum: a)
evasiva; b) desculpa; c) ato de interpretar, forçando o sentido da
palavra, adulterando-o.

TERGIVERSAR. 1. Na linguagem comum: a) usar de subterfú-


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gio ou evasiva; b) inventar pretexto. 2 Direito penal: Patrocinar
o advogado uma causa, defendendo simultaneamente ambos os
litigantes.

TRÁFICO DE INFLUÊNCIA. Direito penal. 1. Exploração de

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prestígio. 2. Ato de solicitar, exigir, cobrar, obter, para si ou para
outrem, vantagem ou promessa de vantagem, a pretexto de influir
em ato praticado por funcionário público no exercício da função.
Tal crime é punido com reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
A pena é aumentada da metade se o agente alega ou insinua que a
vantagem é também destinada ao funcionário.

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XIX • Bibliografia

BENETI, Sidnei Agostinho – Da Conduta do Juiz –– 3ª ed. São Pau-

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lo - SP: Ed. Saraiva. 2003.

BUENO, Cassio Scarpinella. Curso Sistematizado de Direito Processual


Civil - 12ª Edição. São Paulo - SP: Ed. Saraiva jur. 2022.

DIDIER Jr, Fredie. Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e


Processo de Conhecimento. V.1 - 25ª Edição. São Paulo - SP: Ed. JusPo-
divm. 2023.

DINAMARCO, Cândido Rangel. BADARÓ, Gustavo Henrique Righi


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