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Educacao No Renascimento
Educacao No Renascimento
A EDUCAÇÃO NO RENASCIMENTO
Relações ideológicas entre a educação e a igreja
RESUMO
O Renascentismo surgiu com a crise do século XIV, que abalou o sistema feudal, e a partir do que,
aconteceram diversas alterações muito relevantes na maneira de pensar das pessoas, e
principalmente nos burgueses, manifestadas na literatura, nas artes e na ciência do período. Esse é o
aspecto histórico, mas junto a este, tem também o aspecto educacional, isto é, o que teve de
alterações para a Educação da época e, em que medida o Renascimento contribuiu para este
processo educacional vigente. Nesse sentido, qual teria sido o papel da Igreja Católica em toda essa
abordagem? Todos estes são temas discutidos neste paper.
1 INTRODUÇÃO
2 A EDUCAÇÃO NO RENASCIMENTO
O termo Renascimento não foi casual; sua origem está associada ao resgate de valores
humanistas da Antigüidade greco-romana. Para melhor compreender a realidade, gregos e romanos
voltavam sua atenção para a vida terrena e não para a vida após a morte, dedicando-se aos estudos
matemáticos, científicos, filosóficos e históricos.
2
Assim como os gregos, os romanos representavam seus deuses com forma, personalidade e
sentimentos humanos, como raiva, ódio, ciúme, vingança; portanto, na Antigüidade, os deuses não
eram vistos como seres perfeitos.
Depois de ajudar na transição para o renascimento, sem levar a Renascença até o seu final,
a universidade praticamente se recusou a ser instrumento do salto que o final do século XVII
representou, com o Iluminismo e a tecnologização do projeto humano. “Depois de ser o centro de
geração do pensamento novo, a universidade ficou marginalizada da inovação técnica”.
(BUARQUE, p. 30).
A Bíblia passou a ser interpretada de forma diversa daquela tradicionalmente imposta pela
Igreja Católica. Isso representava uma tentativa de restabelecer contato com as fontes originárias do
cristianismo.
Pra falar a verdade, quando Durkheim trata explicitamente da educação, o consenso social
se revela muito pouco consensual. Isso pode ser facilmente assimilado pelo próprio conceito de
educação dado pelo autor:
A educação é a ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações que não se
encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objetivo suscitar e desenvolver, na
criança, certo número de estados físicos, intelectuais e morais, reclamados pela sociedade
política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se destine.
(DURKHEIM2, 1968, p. 41).
Quer dizer, essa ‘preparação para a vida social’ trata exatamente do quê? O maior prepara
o menor para que este obedeça sempre ao maior, e assim sucessivamente? É esse o tipo de processo
pelo qual a educação precisa realmente passar? A criança versus o adulto!
Sendo assim, pode-se entender que as relações fundamentais que se estabelecem entre as
classes são relações de oposição. Amarram-se por um emaranhado de poder, cuja dominação manda
e a sociedade obedece sem ter a quem recorrer.
Maritain foi um pensador católico liberal, não via na educação um ato político. Dizia ele:
“o fim último da educação refere-se à pessoa humana na sua vida pessoal e progresso espiritual, não
nas suas relações com o meio social”. (MARITAIN, 1968, p. 42).
1
DURKHEIM, E..As regras do método sociológico. São Paulo: Nacional, 1968. Capítulo I.
2
DURKHEIM, E. Education et sociologie. Paris: PUF, 1968.
5
pertence e conservando a herança secular das gerações. De acordo com o pensamento do autor, o
aspecto utilitário da educação, que quer tornar a criança apta a exercer mais tarde um ofício e
ganhar sua vida, não deve ser menosprezado, pois, o filho do homem não forma feitos para o ócio
aristocrático.
Maritain advogava o ensino facultativo da religião nas escolas: a formação religiosa deve
se tornar possível - não a título obrigatório, mas como matéria de livre escolha - à população
estudantil de acordo com os seus desejos e os de seus pais, e deve ser ministrada por representantes
dos diversos credos. “Não compreendemos como se pode admitir que Deus tenha menos direito de
ocupar um lugar na escola, do que os elétrons ou então Bertrand Russell”. (MARITAIN, 1968, p.
230).
Assim, a partir da década de 20, um grupo de educadores aparece ao primeiro plano para,
durante muitos anos, batalhar pela modernização da educação no Brasil, introduzindo, em várias
unidades da Federação, reformas que foram julgadas revolucionárias. Fernando Azevedo, Lourenço
Filho, Anísio Teixeira, Carneiro Leão e os demais que, em 1932, se apresentaram como signatários
do “Manifesto dos Pioneiros” e constituíam os propugnadores da Escola Nova.
Para compreender a Igreja, é preciso partir da idéia que dela faziam seus opositores no
momento da elaboração da LDB. (...) Referindo-se ao debate escola particular x escola pública,
Anísio Teixeira3 (1969, p. 47) assim codificava a posição da Igreja:
Os interesses em jogo, que se cobririam com essa estranha versão de ‘liberdade de ensino’,
eram os dos colégios particulares inidôneos, que não lograriam servir à classe abastada
capaz de retribuir adequadamente os serviços de educação a seus filhos, e os dos colégios
mantidos pela Igreja, que passariam, em uma sociedade pobre, a ser colégios somente das
classes ricas. Como a Igreja em fase de renovação e expansão desejava servir a toda a
sociedade, o sistema de ‘concessão pública’ do ensino muito lhe convinha.
3
TEIXEIRA, A. Educação no Brasil. São Paulo: Nacional, 1969.
7
Com efeito, situada ao nível onde se elaboram as explicações ético-religiosas que definem
o comportamento dos seus fiéis, a Igreja pode ser, normalmente, considerada uma instituição cujos
controles são tradicionalistas, conservadores, e também autoritários.
A conclusão do estudo de Thomas Bruneau4 (1974, p. 72) sobre a mudança dos objetivos
da influência da Igreja no Brasil:
De fato, muitos dos ideólogos da ‘Educação Nova’ nunca tomaram consciência de que a
sua ‘revolução copernicana’ tinha tudo de uma ‘aparente revolução’, no sentido que servia
a uma sociedade burguesa que pretendia modernizar a formação de sua elite. Quando a
‘Educação Nova’ pensava abrir os caminhos para uma sociedade mais democrática e mais
justa, não via que, de fato, só estava favorecendo a parte mais privilegiada da sociedade,
que se podia permitir, econômica e socialmente, experiências novas.
4
BRUNEAU, T. O catolicismo brasileiro em época de transição. São Paulo: Loyola, 1974.
5
FURTER, P. Educação e vida. Petrópolis: Vozes, 1970.
8
Ora, até então no Brasil, a Religião era a fonte quase inquestionável da legitimação do
processo educacional. E os critérios da legitimação eram controlados pela Igreja Católica. A
descoberta e a tomada de posse da terra se fez em nome da Cruz. Os processos de colonização, em
sua maioria, aceitos e consagrados pelas autoridades eclesiásticas. “Estas, tolhidas nas relações
impostas pelos privilégios do Padroado, faziam corpo com a instituição política, de modo que tudo
se passava em nome de Deus”. (LIMA, 1978, p. 74).
No que se relacionava à Educação em sua forma de processo escolar, a Igreja foi desde o
princípio – através das ordens religiosas e, especialmente dos jesuítas – a primeira, e por muito
tempo a única instituição educacional no Brasil. Seu modo de fazer impunha-se, pois, como o
processo válido e transmitia-se, de geração a geração, legitimado e legitimando-se no preceito que
Cristo havia dado à sua Igreja de ensinar a todo mundo.
Lima8 (1978) acaba uma parte de seu estudo confirmando que em relação à Educação no
Brasil duas versões da ideologia liberal se defrontavam antes mesmo de começar a gestação da
LDB. Nas palavras dele, os Pioneiros e educadores da Escola Nova, representantes de uma
modernização da educação como forma de adaptação ao processo industrial pelo qual o Brasil se
6
Op. Cit.
7
SERRANO, J. Pedagogia Católica. Anais do 1º Congresso Católico de Educação. Rio, CCBE, 1935.
8
LIMA, A. A. Pelo humanismo ameaçado. São Paulo: Tempo Brasileiro, 1965.
9
vinculava, em nova posição, ao capitalismo internacional, e de outro lado, os católicos, catalisando
as aspirações tradicionalistas dos grupos agroexportadores até então dominantes e decididos a
manter suas posições graças a um processo educacional elitista.
5 CONCLUSÃO
6 REFERÊNCIAS
DURKHEIM, E..As regras do método sociológico. São Paulo: Nacional, 1968. Capítulo I.