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Competência metagenérica: um

aspecto relevante para o ensino

Anais do VII Congresso Internacional da Abralin Curitiba 2011


de leitura
Tamara de Oliveira
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP)
tamaraoliveir@yahoo.com.br

Resumo: O presente trabalho foca possíveis estratégias de leitura de textos


híbridos por meio da investigação do funcionamento da intertextualidade
intergenérica para que se possa refletir sobre o desenvolvimento da
competência metagenérica no ensino de leitura. Ao considerar que tal
competência facilita a construção de sentidos do texto e, tendo como corpus
textos que apresentam hibridização genérica, a metodologia realizada
possibilitou analisar como a intertextualidade intergenérica atua no processo de
interação entre leitor e texto. A partir dessa análise buscou-se refletir sobre a
necessidade de o professor oferecer aos alunos um ensino de leitura que
viabilize a percepção da dinamicidade e flexibilidade dos gêneros textuais.
Palavras-chave: gêneros; competência metagenérica; intertextualidade;
ensino de leitura.

Introdução
A realização desta pesquisa partiu da observação de que mesmo estando em
alta os estudos sobre gêneros, ainda há muitas lacunas ao que diz respeito à
competência metagenérica e à intergenerecidade no ensino de língua.
Essa observação se deve à reflexão sobre os objetivos apresentados pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (PCN), que evidenciam o
ensino de gêneros textuais, além disso, constata-se, de acordo com exames
realizados pelo SARESP (Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de
São Paulo) e pelo ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), que a competência
leitora em nosso país está em baixa,
Isto posto, é objetivo deste trabalho analisar três grupos de textos
constituídos por diferentes gêneros, que apresentam intertextualidade
intergenérica, a fim de verificar como a competência metagenérica propicia a
interação entre texto e leitor. Consequentemente, a reflexão sobre a importância
da intervenção do professor no ensino de leitura se configura como fator de
destaque para a realização dessa pesquisa.
Ressalta-se que o objetivo desse trabalho não é prescrever estratégias
eficazes de leitura para os diferentes gêneros intertextuais. Antes, visa-se
investigar a importância de um ensino de leitura em que predomine a articulação
entre a teoria e a prática, ou melhor, a relevância da intertextualidade genérica
transposta na prática docente, levando os alunos a compreender a relativa
estabilidade presente nos gêneros textuais e consequentemente, ampliando sua
capacidade leitora.

Uma breve abordagem sobre gêneros textuais e


competência metagenérica

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Atualmente é grande a quantidade de livros e estudos sobre os gêneros
textuais. Trata-se de um tema muito debatido por estudiosos que enfatizam a
importância de o ensino de língua centrar-se em gêneros.1

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Marcuschi (2005), ao abordar as questões referentes aos gêneros textuais,
apoia-se nos postulados de Bakhtin definindo-os como práticas comunicativas que
ordenam e estabilizam as atividades cotidianas.
Essa afirmação recai sobre o fato de os textos serem entendidos como
produtos da atividade de linguagem que funcionam permanentemente nas
formações sociais, desta forma, entende-se que:

[...]em função de seus objetivos, interesses e questões específicas, essas formações


elaboram diferentes espécies de textos que apresentam características relativamente
estáveis. (BRONCKART, 1999, p. 137)

Essas características sobre os gêneros tratam-se de fenômenos constituídos


de acordo com a necessidade sócio-comunicativa de determinado grupo de sujeitos,
em determinado contexto sócio-histórico e cultural.
Nesse sentido, é possível afirmar que os gêneros são textos materializados
em situações comunicativas recorrentes, presentes na vida diária. Por esse motivo,
Schneuwly (2004, p. 52), partindo da perspectiva bakhtiniana, os define como
mega-instrumento que constitui as situações comunicativas.
Os aspectos constitutivos de práticas sociais que envolvem alguma forma de
ação em situações comunicativas revelam que ―quando dominamos um gênero
textual, não dominamos uma forma linguística, e sim uma forma de realizar
linguisticamente objetivos específicos em situações sociais particulares‖
(MARCUSCHI, 2005, p. 29).
Em vista das especificações aqui apontadas é pertinente observar que a
abordagem sobre gêneros, a partir de uma concepção de língua como atividade
social, histórica e cognitiva, privilegia aspectos funcionais e interativos, ou seja,
não concebe a língua somente em seu aspecto formal e estrutural.

[...] os gêneros não podem nunca ser objeto de uma classificação racional, estável e
definitiva. Primeiro, porque, do mesmo modo que as atividades de linguagem de que
procedem, eles são tendencialmente ilimitados; segundo porque os parâmetros que
podem servir de critério de classificação (finalidade humana geral, questão social
especifica, conteúdo temático, processos cognitivos mobilizados, suporte mediático,
etc.) são, ao mesmo tempo, pouco delimitáveis e em constante interação; enfim, e
sobretudo, porque uma tal classificação não pode se basear no único critério
facilmente objetivável, a saber nas unidades linguísticas que neles são empiricamente

1
Convém destacar que existem teorias que abordam os gêneros de formas distintas – gêneros textuais
e gêneros do discurso. Segundo Lajolo (2005) as teorias sobre os gêneros textuais centram-se na
descrição da materialidade textual e as teorias sobre os gêneros do discurso nos estudos das condições
de produção dos enunciados/textos e seus aspectos sócio-históricos. Porém, vale ressaltar que, para a
realização desta pesquisa, será adotada a denominação gêneros textuais, uma vez que ambas as
perspectivas sobre gênero advêm das teorias bakhtinianas e, mesmo havendo via metodológicas
diversas, todas recaem sobre a observação de enunciados e textos pertencentes a um gênero. Torna-se,
portanto, irrelevante diferenciar aqui gêneros textuais de gêneros do discurso. Portanto, será assumido
o termo gêneros textuais, mantendo a nomeação de alguns autores referenciados neste trabalho como,
por exemplo, Scheuwly (2004).

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observáveis. Qualquer que seja o gênero a que pertençam, os textos, de fato, são
constituídos, segundo modalidades muito variáveis, por segmentos de estatutos
diferentes (segmentos de exposição teórica, de relato, de diálogo, etc.). E é
unicamente no nível desses segmentos que podem ser identificadas regularidades de

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organização e de marcação linguísticas. (BRONCKART, 1999: 138)

Certamente, a competência metagenérica destaca-se no processo de


compreensão e produção dos gêneros textuais, uma vez que o produtor do texto
conta com o conhecimento prévio dos seus leitores a respeito do gênero em
questão. Logo, o domínio de gêneros, compreendidos como práticas sociais,
contribui para a produção de sentidos.

A questão da intertextualidade
O surgimento da intertextualidade se deu, segundo Fiorin (2006), devido à
obra de Julia Kristeva ao realizar uma notável discussão acerca das teorias
bakhtinianas. Para ela, seus estudos demonstram que o discurso literário seria um
cruzamento de superfícies textuais, revelando que a noção de intersubjetividade
encontra-se atrelada à intertextualidade.
Concomitantemente, Koch, Bentes e Cavalcante (2007, p.17) afirmam que a
intertextualidade ocorre quando ―em um texto está inserido outro texto (intertexto)
anteriormente produzido, que faz parte da memória social ou de uma coletividade
ou da memória discursiva dos interlocutores‖, ou seja, é quando um texto se
remete a outros ou a fragmentos de textos, estabelecendo certo tipo de relação.
Desse modo, as autoras ressaltam que diversos tipos de intertextualidade têm
sido apresentados: temática, estilística, explícita, implícita, autotextualidade,
intertextualidade intergenérica e intertextualidade tipológica. Sendo assim,
brevemente, seguem as definições de cada uma delas, conforme as concepções das
autoras.
A intertextualidade temática pode ser entendida como a comunhão de temas
em textos distintos, ou seja, textos que apresentam a mesma área de
conhecimento ou saber, por exemplo, matéria da mídia em geral, que durante certo
período trata o mesmo assunto, textos científicos que abordam a mesma área de
saber, entre outros.
Já a intertextualidade estilística está ligada a imitação, paródia de certos
estilos e variedades linguísticas – de acordo com os propósitos do produtor do
texto. Entre eles destacam-se: um dialeto, reprodução da linguagem bíblica, jargão
profissional etc.
No que diz respeito à intertextualidade explícita, as autoras afirmam que ela
ocorre quando encontra-se no texto menção à fonte do intertexto, isto é, quando
outro texto ou fragmento é citado diretamente. Exemplo disso são referências,
menções, resumos, resenhas, discurso de autoridade em textos argumentativos.
Observa-se intertextualidade implícita quando é introduzido, no próprio texto,
um intertexto alheio sem qualquer menção da fonte. Neste caso, o produtor espera
que o leitor/ouvinte seja capaz de identificar ou reconhecer o intertexto. O
intertexto torna-se indispensável para a construção de sentidos. Um exemplo de
intertextualidade implícita são as paráfrases.
A intertextualidade tipológica é entendida como a possibilidade de observação
de determinadas sequências ou tipos textuais, em um conjunto de características
comuns ao que se refere à estruturação, seleção lexical, uso de tempos verbais,
advérbios e outros elementos dêiticos.

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Deste modo, ao retomar as afirmações de Van Dijk (1983), as autoras
afirmam que é possível a construção de modelos mentais tipológicos específicos
que o estudioso denomina de superestruturas.

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Esse modelo possibilita a construção e o reconhecimento de diversos tipos
textuais. As sequências mais frequentes são narrativas, descritivas, injuntivas,
expositivas, preditivas, explicativas e argumentativas. Cada uma delas apresenta
suas especificidades e é o gênero que vai determinar a mais pertinente para a sua
constituição.
Diante da incumbência do gênero em eleger a sequência tipológica mais
pertinente para sua constituição, verifica-se que essas estão situadas em um
conjunto mais amplo que evidenciam a complexidade e organização da
textualidade.

A intertextualidade intergenérica
Bazerman (2007), ao discorrer sobre intertextualidade, enfatiza que os textos
não surgem isoladamente, mas sempre em relação a outros. Sendo assim, a
compreensão de como se utiliza a intertextualidade – como leitores e escritores –
possibilita um aperfeiçoamento das práticas sociais, sejam elas individuais ou
coletivas.
Essas práticas, segundo as autoras, determinam os gêneros textuais em sua
forma composicional, conteúdo temático, estilo, circunstâncias de uso e estilos
próprios. As autoras também afirmam que:

Os exemplares de cada gênero, evidentemente, mantêm entre si relações intertextuais


no que diz respeito à forma composicional, ao conteúdo temático e ao estilo,
permitindo ao falante, devido à familiaridade com elas, construir na memória um
modelo cognitivo de contexto (Van Dijk, 1994; 1997), que lhe faculte reconhecê-los e
saber quando recorrer a cada um deles, usando-os de maneira adequada. (KOCH,
BENTES, CAVALCANTE, 2007, p.63)

São esses modelos que monitoram os eventos comunicativos justamente por


representarem as intenções, propósitos, objetivos, perspectivas, opiniões,
propriedades do contexto, tais como tempo, lugar, circunstâncias, condições,
objetos e outros fatores situacionais (KOCH; BENTES; CAVALCANTE, 2007).
Justamente por isso têm fundamental importância na produção e
compreensão de textos, uma vez que configuram o conhecimento sócio-interacional
mobilizado em diversas situações comunicativas para o reconhecimento de diversos
gêneros textuais, sendo assim, ainda não se obteve, com precisão, uma
classificação e levantamento sobre gêneros. Haja vista que existem em grande
quantidade, em parte porque, ―como práticas sociocomunicativas, são dinâmicos e
sofrem variações na sua constituição, que, em muitas ocasiões, resultam em outros
gêneros, novos gêneros‖ (KOCH; ELIAS, 2006, p. 101).
A esse respeito, Marcuschi (2008) assevera que não se deve considerar que o
gênero tem uma relação biunívoca com as formas textuais, citando como exemplo
o caso da epígrafe, que aparece em vários lugares, no entanto, pode ser constituída
por diferentes gêneros tais como um poema, uma frase, um conto breve ou
qualquer outro gênero.
Nesse sentido, é preciso salientar que o local em que o texto se apresenta é
que possibilita a determinação de qual gênero se trata. Com base nessas ideias,
Marcuschi (2008, p.164) propõe alguns critérios que nos permitem nomear os

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gêneros. São estes: forma estrutural; propósito comunicativo; conteúdo; meio de
transmissão; papéis dos interlocutores e contexto situacional.
Vale ressaltar que esses critérios atuam em conjunto, visto que os nomes

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encontrados para os mais variados gêneros admitem, em sua constituição, mais de
um critério. Logo, o ponto fulcral não se encontra na nomeação dos gêneros, mas
sim na sua identificação, pois naturalmente ocorre uma mescla de suas formas e
funções (Marcuschi, 2008).
Essa mescla entre os gêneros é apontada por Marcuschi (2005) ao mencionar
a definição intergenerecidade ou intertextualidade (inter) genérica apresentada por
Ursula Fix (1997), a qual é entendida pelo autor como a configuração híbrida dos
textos, ou seja, quando um gênero assume a função de outro, evidenciando sua
dinamicidade e plasticidade.
Para tanto, o que permite a compreensão e produção de gêneros textuais é a
competência metagenérica (KOCH; FÁVERO, 2005). Desta forma, o produtor do
texto conta com o conhecimento prévio dos seus leitores a respeito do gênero em
questão. Essa competência possibilita também que se denomine um gênero, pois
norteia a produção das práticas sociais, acarretando a efetiva e significativa
produção de sentidos. Nesse sentido, cabe observar que:

[...] todos os nossos enunciados dispõem de uma forma padrão e relativamente


estável de estruturação de um todo. Possuímos um rico repertório de gêneros do
discurso orais (e escritos). [...] Esses gêneros nos são dados quase como nos é dada a
linguagem materna, que dominamos com facilidade antes mesmo que lhe estudemos a
gramática. [...] Aprendemos a moldar nossa fala às formas do gênero e, ao ouvir a
fala do outro, sabemos de imediato, bem nas primeiras palavras pressentir-lhe o
gênero. (BAKHTIN, 2000, p. 301-302)

Ao partir dessa noção, é possível enquadrar os gêneros como formas de vida,


pois é através deles que os sujeitos interagem para criar ações comunicativas
inteligíveis uns com os outros de forma eficaz. Portanto, a competência meta-
genérica promove a construção de cada um dos enunciados.

Contextualizando a pesquisa

Propriedades e características comuns dos textos


intergenéricos
Antes de iniciar a análise, faz-se necessário apresentar os textos que
constituem o corpus de pesquisa. Os textos selecionados se dividem em três grupos
de acordo com suas propriedades formais e características comuns. Esse foi o
recurso utilizado para melhor identificação dos procedimentos de leitura e
organização da análise.
Diante disso, observa-se o grupo A, constituído por dois poemas: texto 1
Receita, de Nicolas Behr e texto 2 Carta Poema, de Manuel Bandeira. O grupo B
apresenta duas crônicas: texto 4 Comportamento do turista, de Carlos Eduardo
Novaes, texto 5 Receita para tirar o cavalo da chuva, de Carlos Heitor Cony e o
grupo C é caracterizado por duas propagandas: texto 6 Cartão Visa, panfleto
publicitário e texto 7 Condomínio Riviera de São Lourenço, presente no Jornal O
Estado de São Paulo.

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O traço comum, presente nos textos que constituem o grupo A, se
caracteriza pelo fato de o poema ser um gênero literário estruturado, geralmente,
por versos e estrofes. Além disso, a forma de expressão linguística se encarrega de

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evocar sensações, expressões e emoções através de vocábulos essencialmente
metafóricos.
Posto isso, as características comuns entre esses textos se revelam por meio
de diferentes recursos, tais como: sonoros, imagísticos, semânticos, temáticos e
morfossintáticos.
Já o grupo B, traz como traço comum o humor, possibilitando ao seu leitor
recuperar a capacidade crítica e, simultaneamente, se divertir, sem perder o
caráter de leveza próprio da crônica.
Esse gênero é característico do jornal, porém ―o jornal nos dá noticias da vida
e da morte; a crônica nos faz compreender a coexistência desses dois elementos
que se opõem, mas não se excluem‖ (SÁ, 2007:24).
Por isso, a linguagem utilizada nas crônicas literárias é leve e se aproxima da
oralidade. Geralmente apresentam narrativas de fatos do cotidiano, muitas vezes
de modo humorístico ou irônico. Desta forma, não oferecem simples reprodução de
fatos, mas reflexões ou críticas à realidade.
As características presentes no grupo C, constituído por duas propagandas,
apresentam como traço comum o discurso regulado por uma ideologia capitalista,
visando ao lucro, logo atende a um propósito comunicativo que justifica sua
veiculação.
Neste sentido, a propaganda apresenta a linguagem publicitária, a qual é
apelativa, pois se utiliza do recurso da ambiguidade. De acordo com Nagamini
(2004: 42) podemos afirmar que ―a linguagem da propaganda é essencialmente
persuasiva, pois sua finalidade é vender imagens, serviços, ideias‖.
Para isso, a propaganda além de utilizar a linguagem persuasiva também recorre a
recursos visuais, verbais, sonoros e técnicos. Sendo assim, é a articulação desses
recursos que permitirá a construção de uma rede de significações cujo efeito
produzido será de caráter consumista ou ideológico.
Convém ressaltar que a propaganda explora o universo dos desejos, visto
que, a fim de persuadir, busca sempre o efeito de identidade através da
materialidade verbal, não-verbal, remissão a memórias (sociais), expressões de
linguagem coloquial, estereótipos, preconceitos, entre outras.

Estratégias de leitura: a intertextualidade genérica


A intertextualidade genérica ocorre quando, em determinada situação
comunicativa, um gênero assume a função do outro. Pode ser entendida como uma
mescla de gêneros. São relações intertextuais entre o conteúdo temático, estilo ou
forma composicional.
No caso do texto 1, a intertextualidade ocorre no âmbito do conteúdo
temático, visto ser um poema devido a sua forma estrutural – versos e estrofes – e
seu propósito comunicativo: sensibilizar.

(1)texto: poema

Receita
Ingredientes
2 conflitos de gerações
4 esperanças perdidas

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3 litros de sangue fervido
5 sonhos eróticos
2 canções dos Beatles
Modo de preparar

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Dissolva os sonhos eróticos
Nos 2 litros de sangue fervido
e deixe gelar seu coração
leve a mistura ao fogo
adicionando 2 conflitos
de gerações às esperanças perdidas
corte tudo em pedacinhos
e repita com as canções dos Beatles
o mesmo processo usado com
os sonhos eróticos mas desta vez
deixe ferver um pouco mais e
mexa até dissolver
parte do sangue pode ser
substituído por suco de
groselha mas os resultados
não serão os mesmos
sirva o poema simples ou com ilusões.2

O texto apresenta uma receita para ensinar a preparar/compor poemas e não


alimentos, como é culturalmente conhecido. Encontra-se no poema Receita a
intertextualidade entre a forma composicional da receita e o conteúdo temático da
poesia, ambos se sobrepondo. Logo, para tal entendimento, é preciso que o
professor explore, junto ao aluno a estrutura composicional, o estilo e o conteúdo
temático de ambos os gêneros para que o sentido pretendido pelo autor possa se
estabelecer.
É justamente a intenção do poeta que deve ser enfatizada, pois revela uma
estratégia de produção de um gênero literário, o poema, em relação a uma receita,
recorrendo ao estilo dessa última para instaurar a mescla dos gêneros.
Nesse sentido, o ensino de gêneros híbridos se concretiza desde que o
professor leve o aluno a perceber a correlação entre os textos e as atividades
sociais que eles desempenham, ou seja, se texto apresenta tal forma, o professor
deve ressaltar que isso se deve a sua função, pois o gênero não está isolado de
uma esfera de ação.
Por sua vez, o texto 2, conforme a designação do próprio autor, pode ser
entendido como um poema-carta, que traz o propósito de se dirigir ao prefeito para
reivindicar melhoras na infra-estrutura das vias públicas.
Constata-se a intertextualidade (inter)gêneros através do conteúdo temático,
pois o texto mantém a forma estrutural, entretanto, toma o conteúdo temático
utilizado em cartas formais, destinada às autoridades no gênero poema.

(2) Texto: poema

2
BEHR, Nicolas. ―Receita‖. Disponível em <http://www.tanto.com.br/nicolasbehr-livrinhos.htm>. Acesso
em: 08 dezembro 2008.

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CARTA-POEMA
Um poeta já sexagenário,
Que não tem outra aspiração
Senão viver de seu salário

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Na sua limpa solidão,

Peça vistoria e visita


A este pátio para onde dá
O apartamento que ele habita
No Castelo há dois anos já

É um pátio, mas é via pública


E estando ainda por calçar,
Faz a vergonha da República
Junto à Avenida Beira-Mar!

Indiferentes ao capricho
Das posturas municipais,
A ele jogam todo o seu lixo
Os moradores sem quintais.

Que imundície! Tripas de peixe,


Cascas de fruta e ovo, papéis...
Não é natural que me queixe?
Meu Prefeito, vinde e vereis!

Quando chove, o chão vira lama:


São atoleiros, lodaçais,
Que disputam a palma à fama
Das velhas maremas letais!

A um distinto amigo europeu


Disse eu: — Não é no Paraguai
Que fica o Grande Chaco, este é o
Grande Chaco! Senão, olhai!

Excelentíssimo Prefeito
Hildebrando Araújo de Góis
A quem humilde rendo preito,
Por serdes vós, senhor, quem sois!

Mandai calçar a via pública


Que, sendo um vasto lagamar,
Faz a vergonha da República
Junto à Avenida Beira-Mar!3
Tem-se, assim, um poema assumindo a função de carta. É possível mencionar
ainda a ocorrência de interdomínios devido à fusão de dois gêneros: poema e carta.
Embora seja considerado, nesse texto, as propriedades comuns ao gênero poema,
há instabilidade ao que se refere à alteração de conteúdo temático, que não traz o
domínio de sentido de que se ocupa o gênero poema, mas o gênero carta.

3
Poema extraído do livro "Manuel Bandeira - Antologia Poética", Editora Nova Fronteira - Rio de Janeiro,
2001, pág. 221.

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No grupo B a intertextualidade entre os gêneros pode ser encontrada no
texto 3, justamente por constatar que é a competência metagenérica que orienta a
interação do pressuposto leitor com o texto.

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(3) Texto: crônica

Comportamento do turista
Recomendações

No afã de proteger seus hóspedes, os grandes hotéis entregam a eles, junto


com as chaves, uma lista de sugestões e recomendações para tomar menos
perigosas e mais agradáveis suas férias no Rio:
1. Não leve objetos de valor para a praia.
Deixe seus cartões de crédito, dólares e colares de brilhantes no hotel. Caso
você se considere uma pessoa de valor, recomenda-se o uso da piscina.
2. Evite entrar em grupos desconhecidos.
Não faça chacrinha em ponto de bicho. Não fique jogando porrinha na porta dos
bares. Caso você não resista em se aproximar de desconhecidos, peça antes
uma folha corrida e um atestado de bons antecedentes ao grupo.
3. Na praia, não abandone a barraca.
A barraca é um ponto de referência para os nossos seguranças. Não abandone
nunca. Quando for cair na água, leve a barraca junto.
4. Fique sempre de olho nos seus objetos na areia.
Não faça como os assaltantes, sempre de olho nos objetos dos outros. Não
desgrude os olhos dos seus objetos. Tente caminhar de costas pra dentro
d'água. Se ficar difícil, amarre uma cordinha nos objetos quando for cair na
água.
5. Evite sair com máquinas fotográficas.
Máquina fotográfica é um objeto que denuncia o turista. Procure sair com
liquidificadores, batedeiras, torradeiras.
6. Se estiver em dúvida sobre algum local da cidade, não procure um
desconhecido para esclarecer.
Certamente o desconhecido é um assaltante. Se tiver alguma dúvida, ligue para
sua casa em Frankfurt, Tóquio ou Buenos Aires. Os parentes são mais
confiáveis.
7. Evite sair a pé depois que escurecer.
Procure tomar um táxi. O motorista certamente também vai lhe assaltar, mas o
fará sem violência. Uma coisa é ficar sob a mira de um revólver; outra é ficar
sob a mira de um taxímetro.
8. Evite falar para que os desconhecidos não percebam que é estrangeiro.
Caso seja abordado na rua com alguma pergunta, resmungue ou gema fingindo
que está com dor de dente. Se preferir comece a gesticular, corno se fosse
mudo.
9. Não use roupas finas e caras.
Ao viajar para passar o verão no Rio, traga suas roupas mais rotas e velhas.
Saia às ruas todo andrajoso. Talvez até receba uma esmola dos assaltantes.
10. Evite pontos de concentração de turistas, como o Corcovado e o Pão de
Açúcar.
Lembre-se: onde estão os turistas, estão os assaltantes. Procure ir a locais onde
ninguém desconfie da sua condição de turista. Passeie pelas ruas Gomes Freire,
Frei Caneca, Riachuelo.
Dito isso, só podemos esperar que você, turista estrangeiro, tenha as melhores
férias de sua vida. 4

A referida competência metagenérica se faz necessária para a identificação da


mescla entre os gêneros crônica e lista, ou seja, é possível percebermos que
estamos diante de uma crônica devido ao seu modo de veiculação – livro de

4
NOVAES, Carlos Eduardo. A cadeira do dentista & outras crônicas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1989.
Para gostar de ler, v. 15.

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coletânea de crônicas – entretanto, sua constituição se apresenta sob a forma de
lista de sugestões.
Neste caso é preciso considerar o evento comunicativo para visualizar a

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relação intertextual entre conteúdo temático – cuidados que os turistas devem ter –
e forma estrutural – lista.
Também no texto 4 é fundamental a competência metagenérica para a
produção de sentido, uma vez que a crônica revela em sua constituição uma
receita.

(5)Texto: crônica

Receita para tirar cavalo da chuva


Ingredientes: um cavalo - uma chuva.
Modo de preparar: Pega-se um cavalo que esteja na chuva e usando persuasão ou
força, obriga-se o animal a se dirigir a um lugar seco, onde deverá ficar até que a
chuva passe.
Modo de usar: são inúmeras as vantagens de tirar um cavalo, qualquer cavalo, da
chuva, de qualquer chuva. Chuva e cavalo podem se misturar, mas há que tomar
cuidado para não prejudicar a natureza dos ingredientes, ficando o cavalo molhado
demais e a chuva, que deveria fecundar o solo fazendo nascer o trigo e as flores do
campo, ficar molhando inutilmente um cavalo que não produz flores nem trigo.
Outro mérito de se tirar o cavalo da chuva, sobretudo para quem não dispõe de um
cavalo, mas está sujeito a chuvas e trovoadas, é fazer o que deve ser feito, ou seja,
tirar o cavalo da chuva e, se possível, tirar-se a si mesmo da chuva, não
necessariamente em cima do cavalo, mas "ao lado", como quer o Zé Genoíno dos
funcionários da nação.
Recomenda-se tirar o cavalo da chuva em ocasiões especiais, como em votações no
Congresso, prorrogações de medidas provisórias, reescalonamento de dívidas públicas,
cargos e funções. É preferível tirar o cavalo da chuva, mantendo-o enxuto, do que
enxugá-lo depois de molhado. Mas convém não exagerar, e a pretexto de enxugar o
cavalo molhado pela chuva, enxugar os orçamentos da saúde, da educação, dos
transportes, da segurança.
Como servir: com o cavalo tirado da chuva, pode-se fazer muita coisa ou nada fazer.
Em ocasiões mais solenes, o melhor é montá-lo e partir em todas as direções. 5

A competência metagenérica permite a identificação de que o principal


aspecto da receita é aproveitado na crônica, ou seja, a estrutura composicional – os
subtítulos da receita: ingrediente, modo de preparar e modo de servir –, a qual é
incorporada ao texto, organizando sua produção.
A estratégia presente na construção desse texto é interessante, pois a escolha
do gênero a ser hibridizado permite que se observe sua pertinência em relação à
crítica construída na crônica: levar os políticos a desistirem de suas atitudes. Para
isso, o autor apresenta de forma irônica, a fim resgatar questões de conduta moral
e política, uma receita.
No grupo C os textos se caracterizam híbridos justamente por serem
publicitários. Nesse sentido, a apropriação de um gênero para a constituição da
propaganda é fundamental e típica da linguagem publicitária.

5
CONY, Carlos Heitor. Receita para tirar o cavalo da chuva. Folha On-Line, 09 set. 2003. Disponível em:
<http: //www.folha.uol.com.br/folha/pensata/Cony.shtm> Acesso em: 24 agost. 2003.

4111
No texto 5 a competência metagenérica permite que se verifique a utilização
do gênero anúncio sentimental para a realização da propaganda do cartão Visa.

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(5) Texto: publicitário
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Pressupondo que o leitor não conheça anúncios sentimentais, esse texto não
será significativo, pois sua intergenerecidade ocorre por meio da relação entre a
função da propaganda – persuadir seu consumidor – e do anúncio sentimental –
procurar um parceiro para relacionamento. O primeiro gênero se apropria do
segundo para evidenciar o produto.
Já no texto 6 o conhecimento sobre os gêneros publicitários também se faz
necessário, visto que a propaganda do condomínio Riviera se mescla ao gênero
carta. Nesse texto, é a carta destinada a um casal que possibilita ao
interlocutor/consumidor conhecer as vantagens de se morar nesse condomínio.

(6) Texto: publicitário


Anúncio publicitário condomínio Riviera

Luis Carlos e Regina,


Estas férias nós viemos para a Riviera. Nossa, isto é o paraíso na terra! Aqui tudo é
planejado e organizado.
Não falta água, o esgoto é todo tratado. Não tem poluição visual. Tudo funciona. Além
disso, tem uma ótima infra-estrutura, com supermercado, farmácia, shopping Center,
restaurantes, bares e boates. Tem tudo para todos.
Os empreendedores da Riviera cuidam de tudo com muito carinho.
Estamos amando.
Abraços,
Gugu e Malú7

Verifica-se que ao longo da carta é relatado, detalhadamente, aspectos sobre


a infra-estrutura, planejamento e organização do condomínio devido a linguagem
publicitária que apresenta uma estratégia - a utilização da carta -, levando o leitor
a interpretar com mais intensidade as vantagens oferecidas nesse condomínio.
O gênero propaganda é identificado, apesar de se constituir através de uma carta,
devido ao seu suporte, entendido como ―superfície física em formato específico, que
suporta, fixa e mostra um texto‖ (MARCUSCHI, 2008:174).

6
Esse texto foi retirado do livro Introdução ao Pensamento de Bakhtin, de José Luiz Fiorin, 2008, p.71.
7
Anúncio: Condomínio Riviera de São Lourenço. O Estado de S.Paulo, São Paulo, 01 fev. 2008.
Internacional, Caderno A, p. 15.

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Anais do VII Congresso Internacional da Abralin Curitiba 2011
Figura 1. Suporte textual: jornal

O conhecimento do leitor sobre o fato de os jornais apresentarem um espaço


reservado a anúncios e propagandas para que seja possível a circulação dos
gêneros publicitários é que possibilita a identificação da hibridização dos gêneros.
É importante ressaltar que o conhecimento sobre o suporte dos textos não
pode ser confundido com seu contexto, pois ele serve para apresentar o texto e
torná-lo acessível, porém, segundo Marcuschi (2008) não deixa de ser entendido
como um tipo de contexto devido sua seletividade.
A respeito dessa seletividade, torna-se necessário destacar que esse texto se
trata de uma propaganda, já que não é comum uma carta ser apresentada em um
jornal sobreposta a uma imagem. Nossa competência metagenérica nos possibilita
identificarmos a função da carta presente nessa propaganda.
São esses gêneros que possibilitam ao leitor identificar as características do
produto anunciado. Sendo assim, o produtor do texto se vale do gênero que melhor
lhe possibilita informar o leitor para convencê-lo da necessidade de consumo do
cartão Visa e do imóvel no Condomínio Riviera.
É importante que o professor leve o aluno a compreender que as propagandas
são práticas sociocomunicativas, portanto, são dinâmicas e sofrem variações em
sua constituição. Nesse sentido, a competência metagenérica possibilita estratégias
de leitura, levando o leitor à interpretar com eficiência o propósito comunicativo
delas.

Considerações finais
No trabalho desenvolvido procurou-se enfatizar a importância da competência
metagenérica, buscando uma forma de contribuir com o ensino de leitura através
de estudos e compreensão sobre as teorias para apresentar possíveis estratégias
no ensino de leitura.
A partir das considerações teóricas a respeito dos gêneros textuais entende-
se que a compreensão do texto depende da identificação de sua função sócio-
comunicativa e das relações de interação entre os leitores em busca de elementos
que lhe auxiliem na construção de sentidos, visto que a vivência cultural humana
está alicerçada na linguagem, e todos os textos situam-se nessas vivências

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solidificados em gêneros, isto é, na materialização de textos nas mais diversas
situações comunicativas.
Consequentemente, a compreensão do gênero exige do leitor competências

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textuais e discursivas, além do reconhecimento de que sofrem mudanças e
transformações de acordo com seus propósitos, funções, objetivos e outros fatores
situacionais. São essas competências e fatores que permitem que o leitor
compreenda que um gênero pode assumir a função de outro e que também podem
se hibridizar.
De acordo com os estudos realizados, observa-se que é através da
competência metagenérica que o texto híbrido pode ser entendido como uma
unidade capaz de estabelecer a interação com o leitor, permitindo a construção de
sentidos, processo para o qual concorrem os conhecimentos, dentre os quais
destacamos a intertextualidade.
Isto posto, o objetivo principal desse trabalho se constituiu em verificar como
ocorrem esses fenômenos linguísticos textuais e a intertextualidade intergenérica
na construção dos textos e também como propiciam a interação com o leitor, tendo
como pressuposto a necessidade de conhecimentos sobre a dinamicidade e
plasticidade dos gêneros que se configuram como estratégias facilitadoras da
construção de sentido na leitura. Em virtude disso, a pesquisa buscou analisar
esses fenômenos com a finalidade de ampliar os conhecimentos que respaldam a
prática docente.
A análise mostra que, de fato os gêneros textuais híbridos são formas de vida
que permitem que os sujeitos interajam em determinada esfera de atividade
humana de forma inteligível; observa-se que a competência metagenérica propicia
a interação entre leitor e texto e, consequentemente, contribui para o processo de
leitura e produção de sentidos.
Dessa forma, constata-se que a construção de sentidos se dá nos textos
apresentados à medida que o leitor, ativando os conhecimentos que possui sobre
os gêneros estocados em sua memória, consegue identificar a intertextualidade
presente neles em relação aos conteúdos temáticos, estilísticos e composicionais.
A partir dessas considerações, ressalta-se a necessidade de o professor, nas
aulas de leitura, auxiliar na identificação de pistas textuais deixadas pelo produtor,
fornecendo aos alunos informações que ampliem seus conhecimentos e garantam a
percepção da flexibilidade, dinamicidade e cruzamento dos gêneros textuais,
propiciando, enfim, situações de leitura em que os alunos possam desenvolver sua
competência metagenérica.
A intenção desse trabalho não foi a de propor uma metodologia de ensino de
leitura, muito menos de dar conta de todos os elementos envolvidos no processo de
leitura. Acredita-se que ao privilegiar o conhecimento dos gêneros e seus efeitos de
sentidos em relação à intertextualidade intergenérica foi possível contribuir para o
processo de ensino e de aprendizagem de leitura, deixando abertas perspectivas
para novos estudos acerca do trabalho de leitura de gêneros intertextuais.

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