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O Dalai Lama sempre diz que a compaixão é sua melhor amiga. Ela o ajuda
quando ele está assoberbado de tristeza e pesar. A compaixão faz com
que ele não mais veja seu próprio sofrimento como o mais absoluto e
terrível sofrimento que alguém já teve e amplia sua consciência do
sofrimento alheio, até mesmo dos causadores de sua miséria e de todos
os seres vivos. Na verdade, o sofrimento é tão imenso que o seu próprio
se torna cada vez menos importante. E ele passa da preocupação consigo
para a preocupação com os outros. Isso imediatamente o anima, e sua
coragem o estimula a agir. Dessa forma, ele usa seu próprio sofrimento
para ampliar seu círculo de compaixão. Pode-se dizer que ele e Einstein
têm isso em comum.
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Ele então disse: "Estou cansado disso. Ninguém está realmente vivendo a
doutrina. Fala-se de amor e compaixão e sabedoria e esclarecimento, mas
as ações são egoístas e patéticas. Os ensinamentos de Buda perderam seu
ímpeto. Eu sei que o próximo Buda virá daqui a mil anos, mas ele já existe
num certo paraíso, e se chama Maitreya. Então vou fazer um retiro, vou
meditar e rezar para que o Buda Maitreya se revele a mim, e passa-me um
ensinamento ou qualquer outra coisa que faça reviver a prática da
compaixão no mundo de hoje."
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Então ele foi para o retiro. Ele meditou por três anos mas não viu o futuro
Buda Maitreya. De lá saiu desgostoso. Quando estava saindo, viu um
homem -- um homenzinho engraçado -- sentado no meio da montanha. E
ele tinha um pedaço de ferro. Estava esfregando esse ferro com um pano.
Então ele se interessou por aquilo. Ele perguntou: "O que você está
fazendo?" E o homem respondeu: "Estou fazendo uma agulha." Ele disse:
"Isso é ridículo! Não há como fazer uma agulha esfregando um pedaço de
ferro com um pano." O homem disse, "Mesmo?" E mostrou um pote cheio
de agulhas. Então ele falou: "Ok, agora entendi." Ele voltou para sua
caverna e meditou novamente.
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Outros três anos, nenhuma visão. Ele saiu de novo. Dessa vez, desceu toda
a montanha. Enquanto descia, viu um pássaro fazendo um ninho num
rochedo. E quando ele pousa para trazer os gravetos, suas penas roçam a
pedra, e já haviam moldado a pedra, alguns centímetros, de 15 a 20
centímetros, havia uma fenda na pedra devido ao roçar das penas de
várias gerações de pássaros. E ele disse, "Tudo bem. Agora entendi." E
retornou.
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Mais três anos. E ainda nenhuma visão de Maitreya em nove anos. E, mais
uma vez ele sai, dessa vez com água pingando, fazendo um pequeno lago
na pedra e formando um córrego. E ele retorna uma vez mais. Em 12 anos
ainda não há nenhuma visão. Ele está irritado. Nem olha para os lados
para evitar visões encorajadoras.
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Ele o leva para perto da água e quando ele vai limpar presta atenção aos
vermes. Ele olha para os vermes, que parecem até engraçadinhos. Todos
empilhados na traseira do cão. "Bem, se eu limpar o cão, matarei os
vermes. Como pode ser? É isso. Sou um imprestável e não há Buda, ou
Maitreya, e não há esperança para nada. E eu ainda vou matar os
vermes?"
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Ele então teve uma ideia brilhante Ele pegou algo pontiagudo e cortou um
pedaço de sua coxa e colocou no chão. Ele não estava pensando na
Sociedade Protetora de Animais. Ele estava muito envolvido na situação.
Então pensou: "Vou pegar os vermes e colocar nesse pedaço de carne, aí
limpo as feridas do cão, e então depois penso no que fazer com os
vermes."
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E ele começa. Mas não consegue pegar os vermes. Eles se mexem muito.
Eles são difíceis de pegar, esses vermes. Ele então diz: "Vou colocar a
língua na carne do cão. Aí os vermes vão pular em minha língua, mais
quente. O cão já está muito abatido. Depois cuspo todos eles na carne." E
ele assim o fez, esticando a língua assim. Ele teve que fechar os olhos,
porque era muito nojento, o cheiro e tudo.
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Então se ergue e diz: "Meu Deus, estou tão feliz em vê-Lo, mas onde
esteve nos últimos 12 anos? Por que isso?"
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E Maitreya diz: "Estive sempre com você. Quem você acha que fazia
agulhas e ninhos e fazia pingar em rochedos para você, senhor bronco?"
(Risos) "Procurando por Buda em pessoa," disse ele. E ele disse: "Até esse
momento, você não demonstrou compaixão real. E até ter compaixão
real, não pode reconhecer o amor." Maitreya significa amor, o ser amado,
em Sânscrito.
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E Asanga ainda tinha dúvidas. E ele disse: "Se não acredita em mim, leve-
me com você." Então ele levou Maitreya -- que se transformou numa bola
-- levando-o em seu ombro. Ele correu para o mercado da cidade gritando:
"Regozijem. O futuro Buda chegou antes do previsto. Aqui está ele." Logo
começaram a jogar pedras nele -- Não era Chautauqua. Era uma outra
cidade -- porque eles viam um homem demente, magricela como um yogi,
como um hippie, com uma perna sangrando e um cão decadente no
ombro, gritando que o futuro Buda havia chegado.
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E os Budistas pensam, claro, como já tivemos infinitas vidas passadas, os
Budistas pensam que todos já foram aparentados, e todos, inclusive todos
vocês, na visão Budista, em alguma vida passada, apesar de você não
lembrar e nem eu, podem ter sido minha mãe, então eu já peço desculpas
por todos os transtornos. E ainda, eu também já fui a mãe de vocês. Já fui
mulher, já fui a mãe de cada um de vocês numa vida passada, no modo de
pensar Budista. Minha mãe nessa vida é ótima. Mas todos vocês, de certa
forma, são parte da mãe eterna. Vocês criaram essa expressão, mamãe
eterna. É incrível. Esse então é o modo Budista. Um teísta, um cristão,
pensam em todos os seres, até os inimigos, como filhos de Deus. Assim
pensando, somos aparentados.
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Esse é o caminho. Você pega qualquer ser que seja estranho a você, e
tenta ver como eles podem lhe ser familiares. Você continua fazendo isso
até realmente sentir isso. Sentir a familiaridade em todos os seres.
Ninguém parece estranho. Eles não são "outros". Você reduz o sentimento
de estranheza das pessoas. Depois você começa a lembrar da doçura das
mães em geral, se puder lembrar da doçura de sua própria mãe, se puder
lembrar da doçura de sua esposa, ou, se você for mãe, de como age com
seus filhos. E você fica muito emotivo, e deve cultivar essa emoção
intensamente. Você pode talvez até chorar, de gratidão e doçura. E
conecta isso com o sentimento de que todos têm essa possibilidade
maternal. Todos os seres, até os mais perversos, podem ser maternais.
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E claro que é lógico querer isso -- achamos que Jesus não é realista
quando pede que amemos nosso inimigo. Ele diz isso, e pensamos que
não é realista mas sim espiritual e etéreo, "Legal Ele dizer isso, mas eu não
consigo." Na verdade, é bem prático. Se você amar seu inimigo, você vai
querer que ele seja feliz. Se seu inimigo estiver feliz, por que ele iria
querer ser seu inimigo? Ia ser chato ficar perseguindo você. Eles estariam
relaxando e se divertindo em algum lugar. Então faz sentido querer que
seu inimigo seja feliz pois assim eles não serão mais inimigos, daria muito
trabalho.
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Muito obrigado.