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História da Radiologia

Aula 2 – A Revolução da descoberta do Raio X

Neuseli Nardeli
Bióloga e Técnica em Radiologia
Os Primeiros Raios-X

Em 22 de dezembro de 1895, o físico


Wilhelm Roentgen fez esse primeiro
raio-X, da mão de sua esposa Anna
Bertha. Essa imagem fantasmagórica
de uma mão usando um anel de
casamento chocou e fascinou o
público. Essa “foto” foi o primeiro
raio-X do mundo e, desde então, o
método mudou o mundo da medicina.

Curiosidade: No final do século 19,nos EUA, era moda que mulheres recém-
casadas fizessem um raio-x de sua mão com a aliança para mandar para a
família como atestado de que eram definitivamente comprometidas.
A Revolução dos Raios-X

Os raios X mudaram o diagnóstico médico. Já na Primeira


Guerra Mundial, a tecnologia era usada regularmente – não
somente para lesões ósseas, mas também para o reconhecimento
de doenças bacterianas, como a tuberculose.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”
Rádio, o elemento químico
foi descoberto pelo casal Pierre e
Marie Curie no final do século 19.
Devido à ignorância e a crendices
sem sentido, foram atribuídas
propriedades quase milagrosas ao
elemento e deixou no mundo a
sensação de que uma nova era
havia chegado.
Ainda com pouca pesquisa,
o mundo foi tomado por uma série Radithor foi fabricado entre 1918 e 1928
de produtos, cosméticos, tônicos, pelo Bailey Radium Laboratories. Foi
chás, sais de banho e até chocolates anunciado como “A luz do Sol perpétua” e
dizia-se que curava câncer de estômago,
radioativos. Todos alardeados pelas doenças mentais e ajudava a restaurar a
suas propriedades curativas. energia sexual e a vitalidade.
O elemento químico Rádio e os
O
“milagres radioativos”
milionário, atleta e industrial
americano, Eben Byers era graduado
em Yale, e presidente da Girard Iron
Company, após uma contusão no braço
no jogo anual de futebol Harvard-Yale,
em 1927, tornou-se um ávido
consumidor de Radithor, tomando três
frascos ao dia por cerca de um ano e
meio. Morreu em 31/03/1931 com
uma dor torturante de um câncer na
mandíbula, seus ossos faciais haviam
se desintegrado, traumatizando a
sociedade norte-americana, abalando
a crença na “terapia suave do rádio”
nos Estados Unidos e iniciando a sua
proibição.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”
Compressa radioativa “Cosmos
Radioactive Pad” (1928). Nos anos 1920, foram
muito comuns propagandas destas compressas e
almofadas radioativas destinadas ao tratamento
de artrite, neurite, asma, bronquite, insônia…
Produtos que tinham a característica de permitir
“que as propriedades curativas do rádio
estivessem ao alcance de todos” dado ao seu
baixo preço. Alguns fabricantes recomendavam
que o produto fosse exposto ao sol por alguns
minutos para “ativar suas propriedades
terapêuticas”.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”
Cosméticos – No início da década de
30, na França, a indústria cosmética
lançou a marca de cosméticos Tho-
Radia. O creme composto por uma
base tório e rádio foi um grande
sucesso em Paris, prometendo
propriedades curativas e
embelezadoras. A radioatividade de
Tho-Radia era fornecida por 0,5g de
cloreto de tório e 0,25mg de brometo
de rádio para cada 100g de creme e
era anunciado como uma criação
do Dr. Alfred Curie, que nada tinha a
ver com o casal Curie e que
provavelmente nunca existiu.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”
Água radioativa – Jarras de cerâmica
radioativas também eram comuns na época.
Deixar a água para “radiar” de um dia para o
outro era prática corriqueira (adicionar
radônio à água potável). O mais bem
sucedido dos sistemas para radiar água foi o
“Revigator”, fabricado nos Estados Unidos. O
folheto dizia: “Os resultados superam as
dúvidas.” “Os milhões de raios penetram a
água para formar esse saudável elemento
que é a radioatividade. No dia seguinte, toda
a família dispõe de 6 litros da autêntica e
saudável água radioativa”. Um produtor de
água mineral radioativa de Nova York
afirmava ter 150 mil clientes.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”
Creme dental – “Doramad”
foi produzido durante a Segunda
Guerra Mundial pela,
Auergesellschaft de Berlim. Na parte
de trás do tubo lia-se: “A
radioatividade aumenta as defesas
dos dentes e gengivas. As células são
carregadas com nova energia vital e
os efeitos destrutivos das bactérias
são impedidos. Ele lustra
cuidadosamente, o esmalte dos seus
dentes que são polidos e tornam-se
brancos e brilhantes”.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”

O “Radioencrinator” foi desenvolvido para ser colocado sobre as


glândulas endócrinas e aproveitar os seus benefícios. Num
exemplo de uso, os homens eram informados assim: “colocar o
aparato abaixo do escroto”.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”

Chocolate – comercializado na Alemanha entre 1931 e


1936. O “Radium” Chocolate era fabricado pela Burk &
Braun e divulgado pelos seus “poderes rejuvenescedores”.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”
Supositórios – Produzido por uma
companhia de Denver, no Colorado
(EUA) este supositório garantia aos
“homens fracos e debilitados” uma
melhora rápida e eficaz, graças aos
efeitos do Rádio. “Para garantir a
privacidade de seus clientes o
fabricante comprometia-se em enviá-
lo em embalagem discreta”. ”Prove e
sinta os resultados”, diziam os
anúncios.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”

Preservativos – para revigorar sua vida sexual com


preservativos “radioativos”.
O elemento químico Rádio e os
“milagres radioativos”

Por outro lado, o termo “Radium” foi incorporado às marcas de um


grande número de produtos, mesmo que estes produtos não
tivessem realmente o rádio. Vendiam-se muitos produtos falsos,
aproveitando a “febre” do rádio. Os efeitos mutagênicos da radiação,
em particular o risco de câncer, foram descobertos em 1927 por
Hermann Joseph Muller (1890-1967) e as autoridades da época
proibiram o uso e a venda desses produtos, pelo consumo
desenfreado ocasionando sérios riscos à saúde.
Exageros verificados na época
Além do enorme interesse despertado na comunidade
científica, é interessante avaliar o interesse despertado na
comunidade leiga, que muito contribuiu para a criação de um
folclore em torno do fenômeno.

“Não é necessário abrir as cartas Cartaz de uma peça de teatro da época


para lê-las.” com o tema dos raios “roentgen”.
Fluoroscópio de sapataria
Na década de 1930, existia um aparelho denominado
fluoroscópio de sapataria, no qual a pessoa colocava o pé para ver se
o seu calçado (que era feito sob medida) estava de acordo, Assim, o
equipamento apresentava aberturas onde se colocava o pé calçado, e
através de um visor (com tela fluorescente – letra A, figura abaixo)
observava-se “o trabalho realizado”,
Primeiros exames de Raio X
Primeiros efeitos da radiação
Primeiros efeitos da radiação
“Radium Girls”
"A primeira coisa que perguntamos foi: 'Isso faz mal?'",
lembrou mais tarde Mae Cubberley, que ensinou a técnica a
Grace. "Obviamente, você não quer colocar na boca algo que
faça mal. O Sr. Savoy [o gerente] disse que não era perigoso,
que não precisávamos ter medo."
Primeiros efeitos da radiação
“Radium Girls”
A luminosidade do elemento
rádio também fazia parte do fascínio, e
as pintoras de mostradores logo
ficaram conhecidas como as "meninas-
fantasma" -- quando seus turnos
terminavam, elas estavam brilhando
no escuro. Elas aproveitavam esse
"privilégio", usando vestidos de festa
durante o trabalho para que eles
brilhassem à noite, nos salões de baile.
As meninas chegavam a pintar os
dentes com rádio, para ficar com um
sorriso capaz de nocautear seus
pretendentes.
Primeiros efeitos da radiação
Mihran Krikor Kassabian era um radiologista armênio-
americano e um dos primeiros pesquisadores nos usos médicos de
raios-X .Ele morreu de câncer de pele relacionado à sua exposição
repetida a altas doses de radiação.
História da Radioproteção
O efeito nocivo dos raios X só foi
reconhecido muito depois da sua
descoberta. Até lá, muitas pessoas
morreram devido à excessiva exposição à
radiação e gradualmente iniciou-se a
proteção contra esses raios.

As lesões, em geral, assumia forma


de danos à pele, perda de cabelo e
anemia.

Em 1910, essas lesões começaram


a ser controladas como efeitos biológicosTécnico em Radiologia na Primeira
dos Raios X e foram cientificamente Guerra Mundial (1918)
investigadas e relatadas.

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