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INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA

ESCOLA SUPERIOR DE TURISMO E TECNOLOGIA DO MAR

CURSO BIOTECNOLOGIA
UC DE DIVERSIDADE BIOLÓGICA
2º SEMESTRE - ANO LETIVO 2018/2019

TRABALHOS PRÁTICOS

Teresa Mouga
e-mail: mougat@ipleiria.pt
Gabinete: 31

Avaliação da componente de Botânica

20% Relatório botânica


10% questionários online - botânica
5% Avaliação de desempenho

CUIDADOS A TER NO LABORATÓRIO

1. A aula tem início à hora marcada no horário. O aluno tem uma tolerância de 10 minutos,
finda a qual a aula prática tem início.
2. As aulas práticas são obrigatórias; o aluno que falte injustificadamente a mais de 25% das
aulas práticas terá que se submeter a exame prático obrigatório.
3. É obrigatório trazer para a aula o caderno de aulas práticas; É MARCADA FALTA AO ALUNO
QUE NÃO DISPONHA DESTE MATERIAL.
4. O uso de bata é obrigatório. É MARCADA FALTA AO ALUNO QUE NÃO DISPONHA DESTE
MATERIAL (pois encontra-se impedido de realizar o trabalho prático).
5. Leia todo o trabalho prático, antes de iniciar o trabalho, para ficar claro o que vai ser
realizado.
6. Separe todo o material/equipamento necessário antes de começar o trabalho.
7. Responda às questões que lhe são colocadas ao longo ou no final do protocolo.
8. Coloque todo o material sujo no lavatório para limpeza.
9. Deixe o laboratório e as bancadas completamente arrumados e limpos.

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CURSO BIOTECNOLOGIA
UC DE DIVERSIDADE BIOLÓGICA
2º SEMESTRE - ANO LETIVO 2018/2019

1º trabalho prático – Formas de organização dos organismos fotossintéticos Atividade prática

Objetivos

1. Reconhecer organelos característicos dos organismos fotossintéticos.


2. Observação e identificação de diferentes níveis de organização.
3. Distinguir organismos fotossintéticos simples e complexos.

Introdução

Características gerais dos organismos fotossintéticos:

I. FORMAS DE ORGANIZAÇÃO
A grande maioria das algas apresenta grupos representativos dos unicelulares e dos organismos
pluricelulares. De facto, mesmo as algas mais complexas exibem, durante alguns estádios do seu ciclo
de vida, formas de vida unicelulares.
Podem observar-se, assim, diferentes tipos de organização, incluindo organismos unicelulares,
coloniais e verdadeiramente multicelulares.

1. Organismos Unicelulares
1.1. Forma rizopodial - Células sem de parede celular, sem forma fixa devido à formação de
pseudópodes.
1.2. Forma cocóide - Com parede celular que lhes confere forma fixa; na fase vegetativa são formas
imóveis e fixas, desprovidos de flagelos.
1.3. Forma flagelada - Formas que exibem movimentos natatórios, livre e flageladas.

2. Organismos Coloniais
As formas coloniais distinguem-se das verdadeiramente multicelulares, pela coesão entre as células,
menor nas coloniais do que nas multicelulares. Estas formas estão, frequentemente, rodeadas por
uma matriz gelatinosa ou bainha gelatinosa que impede a dessecação e confere resistência
mecânica.
2.1. Forma tetrasporal - Sem uma forma ou número definido de células.
2.2. Forma cenóbial (cenóbio) – Forma colonial com forma e número de células característico da
espécie.

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As células estão fortemente unidas entre si, topo a topo, com filamentos simples ou ramificados.
3.1. Organização sifonal - Talo em forma de uma única célula, plurinucleada, esférica, visível
macroscopicamente. Ou seja, o talo apresenta muitos núcleos, mas não exibe divisão do citoplasma.
Muitas algas verdes sifonais exibem intercruzamento de numerosos filamentos.
3.2. Organização sifonocladal - O talo é composto por células individualizadas, providas de paredes
transversais, mas as células são ainda plurinucleadas.
3.3. Organização filamentosa - O talo é composto por células individualizadas, uninucleadas. A forma
de organização mais simples corresponde aos filamentos simples, que corresponde ao
encadeamento, topo a topo, de células unicelulares. Quando o talo filamentoso produz divisões
transversais formam-se filamentos ramificados.
Os filamentos podem ser unisseriados, se o filamento central for constituído por uma única fiada de
células ou plurisseriados se são formados a partir de divisões verticais, nas quais as células formam
uma estrutura central compacta.
3.4. Organização pseudoparenquimatosa - O talo apresenta uma complexa divisão, mas carecem de
verdadeiros tecidos. Os filamentos celulares crescem de modo apical; ramificam-se tanto
subapicalmente, com a formação de um conjunto de filamentos laterais, como apicalmente, com a
formação de talos planos. Todos estes filamentos mantêm-se agregados numa matriz comum, dando
origem a um protalo de grandes dimensões.
3.5. Organização parenquimatosa - O grau mais elevado de diferenciação é alcançado nalgumas algas
castanhas. Têm órgão de fixação, estipe, semelhante a um talo, e lâminas, exibindo já verdadeiros
tecidos. Estes tecidos diferenciam-se a partir de divisões celulares em várias direções, produzindo
paredes tangenciais, radiais e horizontais.
A secção transversal do caule das Laminariales mostra uma forte diferenciação: de fora para dentro
podemos observar uma meristoderme (tecido dérmico). As camadas mais profundas desta camada
permitem o crescimento em largura da alga. Segue-se um tecido cortical, cujas células são tanto
maiores quanto mais para o interior.
No interior encontramos uma medula, que tem função fundamentalmente de armazenamento e
condução de substâncias; nalgumas espécies surge já um tecido condutor semelhante aos tubos
crivosos das Tracheophyta.

II. COR
Os organismos fotossintéticos exibem cor diversa, atendendo aos pigmentos acessórios que exibem.
Assim, além da clorofila a, que todos possuem e que tem cor verde, os organismos fotossintéticos
podem ser vermelhos, dourados, azulados, etc.
• Ficocianina: ficobilina, predomina nas Cianobactéria e Glaucophyta – verde-azulado
• Ficoeritrina: ficobilina, predomina nas Rhodophyta – vermelho
• Clorofila b: predomina nas Chlorophyta – verde
• Fucoxantina: carotenoide (xantofila), predomina nas Phaeophyceae – castanho – e
Baccilariophyceae – dourado
• -caroteno: carotenoide, surge em todos os grupos de organismos fotossintéticos, dá cor
laranja.
• Astaxantina: carotenoide (xantofila), Haematococcus, vermelho.
• Outras xantofilas: por exemplo nas Cryptophyta, juntamente com a ficoeritrina, dão cor
avermelhada. As xantofilas podem ser também amarelas, laranja, etc.

III. RAMIFICAÇÃO – talos com vários planos de divisão mitótica, os quais originam ramificações
diversas, características da espécie:

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• Ausente – o talo é constituído por uma alterna dicotómica
lâmina contínua, não ramificada.
• Basal – todas as ramificações se formam
na base do talo.
• Dicotómica – cada talo se divide de
forma simétrica, originando uma
ramificação com dois eixos do mesmo ausente oposta
tamanho.
• Pectinada – em pente – ramificações verticilada
formam-se todas do mesmo lado do
eixo anterior.
• Oposta – com duas ramificações laterais
a partir do mesmo ponto;
• Alterna – com ramificações ora de um
lado ora do outro do eixo principal.
irregular pectinada
• Verticilada – numerosas ramificações a
sair do mesmo eixo.

IV. PLASTÍDEOS
Os organismos eucariota fotossintéticos apresentam um ou mais plastídeos. Estes apresentam
formatos muito diversos e cores distintas.
Alguns plastídeos exibem pirenoides, que são formas densas, frequentemente no interior do
cloroplasto ou formando uma saliência. São atravessados pelos tilacoides e, por vezes, estão
rodeados por grãos de amido.
Quanto à localização:
• Axial – dispõem-se no centro da célula;
• Parietal - encontrarem-se junto à membrana.
Quanto ao formato:
• Discoide – em forma de disco, habitualmente muito abundantes.
• Estrelado – em forma de estrela (sempre axial), habitualmente com um pirenoide no centro;
• Anelado – em forma de anel, aberto ou fechado (sempre parietal);
• Em taça – parietal, habitualmente apenas um, revestindo uma parte da célula, junto à
membrana.
• Reticulado – habitualmente axial, forma uma estrutura perfurada, como uma rede.

a) Plasto axial estrelado b) plasto axial reticulado c) plasto parietal anelado aberto

d) plastos helicoidais, em fita parietal e) plastos discoides f) Plasto parietal em taça

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V. REVESTIMENTO
• Parede celular - celulose ou, nas cianobactérias, peptidoglicano; camada mais ou menos
espessa e rígida, que confere um formato fixo à célula. Surge em muitos grupos de
fotossintéticos, como as Chlorophyra, Rhodophyta, Phaeophyceae, …
• Película - bandas proteicas, flexíveis, que permitem o movimento ameboide,
característica das Euglenozoa;
• Teca – invólucro rígido e muito ornamentado, frequentemente com aspeto de couraça,
formado por material celulósico; característico dos Dinoflagellata.
• Periplasto – placas retangulares ou poligonais de natureza proteica, características das
Cryptophyta.
• Frústula – material rígido, de sílica, que forma duas valvas transparentes, característica
das Bacillariophyceae;
• Cocólitos – escamas de carbonato de cálcio, características de algumas Haptophyta
(cocolitoforídeos);
• Escamas calcárias - Revestimento calcário, extracelular característico de Chlorophyta e
Rhodophyta.

VI. OUTRAS ESTRUTURAS CELULARES:


• Flagelos
Os flagelos têm várias finalidades, para além de permitirem o movimento.
Em quase todos os grupos de algas encontramos células flageladas. Distinguem-se
fundamentalmente dois tipos de flagelos: os lisos e os pleuronemáticos que exibem
mastigonemas (estruturas flagelares rígidas, que se inserem ao longo da membrana do flagelo
dando-lhe um aspeto franjado). Assim, os flagelos podem ser:
• Unicônticos – um único flagelo;
• Isocônticos – flagelos todos iguais;
• Heterocônticos – flagelos distintos; habitualmente dois: um liso e outro
pleuronemático;
• Anisocôntico – dois flagelos distintos, mas ou dois lisos, ou dois pleuronemáticos.

• Estigma
Estrutura de cor laranja, habitualmente existente dentro do plastídeo de alguns flagelados.
Formada por gotas lipídicas permite a perceção da luz por parte destes organismos (fototaxia).

• Células de resistência
Os cistos (quistos, hipnozigotos, hipnosporos ou, nas cianobactérias, acinetos) são células de
resistência. Habitualmente maiores, de parede mais espessa e com conteúdo mais abundante.
Nas cianobactérias são células reprodutoras imóveis do tamanho de células vegetativas ou
maiores, providas de uma parede muito espessa e de muitas substâncias de reserva.

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VII. CLASSIFICAÇÃO:

I. DOMÍNIO EUBACTERIA
1. Filo Cyanobacteria

2. DOMÍNIO EUKARIA
A. Reino Excavata
Divisão Euglenozoa (Classe Euglenoidea)

B. Supergrupo SAR
A. Reino Stramenopila, flagelos heterocônticos, quando fotossintéticos os plastídeos têm clorofila c
e são provenientes de endossimbiose secundária.
a. Filo Ochrophyta
b. Filo Oomycota
c. Filo Labyrinthulomycetes

B. Reino Alveolata
a. Filo Dinoflagellata

C. Reino Rhizaria, organismos com pseudópodes, ciliados ou ameboides.


a. Filo Cercozoa (Classe Chloraracniophyta e Paulinella cromatophora)

C. Reino Hacrobia, organismos fotossintéticos, derivados de endossimbiose secundária com Rhodophyta.


Filogenia ainda incerta.
b. Filo Haptophyta
c. Filo Cryptophyta

D. Reino Archaeplastida, organismos exclusivamente fotossintéticos, com plastos provenientes de


endossimbiose primária
a. Sub-reino Biliphyta: filo Rhodophyta e filo Glaucophyta
b. Sub-reino Viridiplantae: filos Chlorophyta, Bryophyta e Tracheophyta.

Atividade prática

Material:
M.O. Preparações definitivas: Material vivo:
Bisturis Volvox sp. Ulva intestinalis
Lâminas, Lamelas Chlamydomonas sp. Ceramium sp.
Agulhas dissecação Pediastrum sp.
Mougeotia sp.

1. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Chlamydomonas sp.


Chlorophyta, com clorofila b. Organismo unicelular biflagelado, com flagelos apicais isocônticos e
com parede celular celulósica, estigma e plasto parietal em taça, com um pirenóide. Nas espécies
de água doce, é possível observar o vacúolo contrátil.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 400x, uma preparação extemporânea de
Chlamydomonas sp. e responda às questões colocadas na ficha.

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2. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Pediastrum sp.
Chlorophyta, com clorofila b, imóvel de água doce. Organismo colonial cenobial, com parede
celular celulósica. As células são poligonais, e as externas são providas de apófises. Os plastos são
axiais laminares e possuem um pirenóide.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 100x (400X), uma preparação definitiva de
Pediastrum e responda às questões colocadas na ficha.

3. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA da clorófita Volvox sp.:


Chlorophyta, com clorofila b. Colónia cenobial, de forma esférica, móvel por dois flagelos isocontos
(por célula), com numerosas células de forma irregular muito semelhantes ao Chlamydomonas,
distribuídas à superfície - uma única camada de células, afastadas, possuindo por vezes
prolongamentos citoplasmáticos entre elas e uma bainha gelatinosa. Plasto parietal em taça. As
células têm estigma ou mancha ocular, de modo a orientar o movimento da colónia.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 100x, uma preparação definitiva de Volvox sp. e
responda às questões colocadas na ficha.

4. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA da cianobactéria Mougeotia sp.:


Chlorophyta, com clorofila b. Organismo filamentoso simples, cilíndrico, até 30 mm de diâmetro,
com parede celular celulósica e bainha e mucilagem. com um plasto axial em forma de fita larga,
por vezes torcido no meio, com diversos pirenoides axiais.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 400x, uma preparação definitiva de Mougeotia sp.
e responda às questões colocadas na ficha.

5. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA da Ulva intestinalis:


Chlorophyta, com clorofila b. Organismo filamentoso. Pequena alga filamentosa plurisseriada, por
vezes ramificada na base.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 100x, uma preparação extemporânea de uma
porção de Ulva intestinalis e responda às questões colocadas na ficha.

6. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA da Rhodophyta Ceramium sp.:


Rhodophyta, com predimínio da ficoeritrina. Talo filamentoso, erecto, com ramificação dicotómica.
Eixos corticados, ou com corticação incompleta (nos nós). Diferenciação de 4 ou mais células axiais
(centrais) grandes e transparentes e células pseudoaxiais menores, entre as anteriores. Corticação
formada por células vermelhas, muito menores.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 100x, uma preparação extemporânea de uma
porção de Ceramium sp. e responda às questões colocadas na ficha.

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QUESTIONÁRIO

1. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Chlamydomonas sp.


a. Forma de organização: _____________________________________________________________
1
b. Cor: _____________________________________________________________________________
2
c. Pigmento dominante: _______________________________________________________________
d. Formato do plasto: ________________________________________________________________
e. Tipo de flagelos: ___________________________________________________________________
f. Faça a legenda da figura:
__________________________________________________________
__________________________________________________________ 4 3
__________________________________________________________
5
__________________________________________________________ 6
__________________________________________________________

2. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE PREPARAÇÃO DEFINITIVA DE Pediastrum sp.


a. Forma de organização: _____________________________________________________________
b. Formato do plasto: ________________________________________________________________
c. Cor: _______________________________ pigmento dominante:____________________________
d. Efetue um esboço do que observou,
na ampliação de 100X.
Legenda: ______________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

3. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE PREPARAÇÃO DEFINITIVA DE Volvox sp.


a. Forma de organização: _____________________________________________________________
b. Cor: _______________________________ pigmento dominante:____________________________
c. Formato do plasto: ________________________________________________________________
d. Tipo de flagelos: ___________________________________________________________________

4. OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Mougeotia sp.:


a. Forma de organização: _____________________________________________________________
b. Ramificação. _____________________________________________________________________
c. Formato do plasto: ________________________________________________________________
d. Cor: _______________________________ pigmento dominante:____________________________
e. Efetue um esboço do que observou,
na ampliação de 100X (400X).
Legenda: ______________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

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5. OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Ulva intestinalis sp.:
f. Forma de organização: _____________________________________________________________
g. Ramificação. _____________________________________________________________________
h. Cor: _______________________________ pigmento dominante:____________________________

6. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Ceramium sp.


a. Forma de organização: _____________________________________________________________
b. Ramificação. _____________________________________________________________________
c. Cor: _______________________________ pigmento dominante:____________________________

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2º trabalho prático - organismos fotossintéticos simples (Rhodophyta)

As algas macroscópicas incluem-se em 3 grandes grupos, todos eles marinhos:


1. Reino Stramenopila, Divisão Ochrophyta, classe Phaeophyceae – algas castanhas. Exibem
organização mais complexa (filamentosa a parenquimatosa), podem ter tamanho muito grande
(os kelps podem ter até 100m); plastos de cor acastanhada fruto do predomínio da fucoxantina
(xantofila). Algumas espécies produzem mucilagem na forma de alginatos.
2. Reino Viridiplantae, Divisão Rhodophyta – algas vermelhas. Organização sobretudo
pseudoparenquimatosa, mas existem espécies algumas unicelulares e muitas filamentosas. A cor
dominante deve-se ao predomínio da ficobilina ficoeritrina. Produzem mucilagem na forma de
ficocolóides, como o agar e as carragenanas.
3. Reino Viridiplantae, Divisão Chlorophyta – algas verdes. Organização menos complexa, desde
organismos unicelulares até sifonais, sifonocladais e filamentosos, a formar lâminas (frondes).
Cor verde dominante fruto do predomínio das clorofilas a e b.

Muitas destas algas são cultivadas, desde há milénios, pelas suas propriedades nutricionais.
Além da utilização como alimento, são amplamente usadas para a produção de ficocolóides, usados
na indústria alimentar como espessante, gelificante, emulsionante, etc.
Atualmente reconhecem-se, ainda, propriedades medicinais importantes, com antioxidante,
antitumoral e antimicrobiano.

Atividade prática – macroalgas vermelhas


Material:
M.O. Material vivo:
Lamelas Ceramium ciliatum Corallina elongata
Lâminas Porphyra intestinalis Asparagopsis armata
Bisturis Plocamium cartilagineum
Agulhas dissecação

1) OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Porphyra umbilicalis:


Alga vermelha filamentosa achatada, com talos até 20 cm, constituídos por uma única camada de
células. As frondes são membranas extensas e finas, normalmente presas por rizoides; quando
molhadas são de cor vermelho-púrpura ou arroxeadas, quando seca ao ar fica negra. Coloniza rochas
nas zonas rochosas litorais. Microscopicamente pode observar-se células uninucleadas, com um
único cloroplasto estrelado, central, com um pirenoide.

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O ciclo de vida é haplo-diplonte heteromórfico com o gametófito haploide filamentoso. Observe
macroscopicamente um espécime de Porphyra umbilicalis.
Vulgarmente conhecida por nori, é cultivada no oriente para alimentação humana.
a) Observe ao microscópio ótico, a 400X, uma pequena porção do talo.
b) Responda às questões que lhe são colocadas.

2) OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Ceramium ciliatum.:


Algas pequenas, vermelhas, filamentosas, com ramificação irregular ou dicotómica. Talo formado por
um eixo central de células grandes e pouco coradas, rodeadas por células mais pequenas e mais
coradas, providas de numerosos plastídeos, formando um córtex (ou corticação). Esta corticação
pode ser contínua ou descontínua, neste caso existindo apenas nos nós, ou na base do talo.
Coloniza rochas nas zonas rochosas litorais.
a) Observe macroscopicamente um espécime de Ceramium ciliatum.
b) Observe o talo ao microscópio, na ampliação de 400X.
c) Responda às questões que lhe são colocadas.

3) OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Plocamium cartilagineum:


Alga vermelha pseudo-parenquimatosa, com talo flexível ramificado, com ramificações regulares,
pectinadas. Talo constituído por um cilindro central, formado por tubos aderentes, constituídos por
células grandes alinhadas topo a topo, rodeado por células menores bem coradas, formando um
córtex.
a) Observe macroscopicamente, e à lupa, uma porção do talo de Plocamium cartilagineum.
b) Efetue um corte fino do talo e observe ao M.O., na ampliação de 100X.
c) Responda às questões que lhe são colocadas.

4) OBSERVAÇÃO À LUPA BINOCULAR UM TALO DE Corallina elongata:


A Corallina é uma alga marinha, de cor rosada que atinge até 8 cm de comprimento. Surge sobre
rochas, no interior de poças de maré. Não tolera a dessecação e suporta bem a ação das ondas uma
vez que as paredes celulares estão impregnadas por carbonato de cálcio.
Os talos são ramificados, ramificação lateral, produzindo um filamento central e filamentos
secundários, terciários,... O ciclo de vida é haplo-diplonte isomórfico.
a) Observe à lupa binocular um talo de Corallina elongata e responde às questões colocadas.

5) OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Asparagopsis armata:


Alga vermelha invasora, filamentosa, com duas fases morfológicas muito diferentes (a fase esporófita
designa-se Falkenbergia rufolanosa). Fase gametófita maior, com talo ramificados e alguns
modificados em forma de anzol, o que lhes confere grande caracter invasor, dado que se prendem
facilmente ao substrato. Fase esporófita filamentosa, menor, em forma de “pompom”.
a) Observe à lupa binocular um espécime de Asparagopsis armata.
b) Responda às questões que lhe são colocadas.

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QUESTIONÁRIO

1. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Porphyra umbilicalis


a) Identifique o nível de organização. __________________________________________________
b) Identifique o Reino e Divisão. ______________________________________________________
_______________________________________________________________________________
c) Identifique a cor e os pigmentos dominantes. _________________________________________
d) Identifique o nome vulgar da espécie e as aplicações. __________________________________
________________________________________________________________________________

2. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Ceramium ciliatum


a) Identifique o nível de organização. __________________________________________________
b) Ramificação. ____________________________________________________________________
c) Diga o que entende por corticação. _________________________________________________
__________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________
d) Faça um esboço legendado do que observou, a 400X.
Legenda:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

3. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Plocamium cartilagineum


a) Identifique o nível de organização. __________________________________________________
b) Ramificação. ____________________________________________________________________
c) Faça um esboço legendado do que observou, a 400X.
Legenda:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

4. OBSERVAÇÃO DE Corallina elongata


a) Ramificação. ____________________________________________________________________
b) A que se deve a rigidez do talo? ____________________________________________________
______________________________________________________________________________
c) Qual a importância desta característica? _____________________________________________
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________

5. OBSERVAÇÃO DE Asparagopsis armata


a) Identifique o nível de organização. __________________________________________________
b) A que se deve o carácter invasor da espécie ? _________________________________________
_______________________________________________________________________________

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3º trabalho prático - organismos fotossintéticos simples (Phaeophyceae)

Atividade prática – macroalgas castanhas


Material: Material vivo:
Agulhas dissecação Halopteris filicina Sargassum vulgare
Lamelas Fucus spiralis Cystoseira bacata
Lâminas
1. OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Halopteris filicina:
Organismos filamentoso ramificado, plurisseriado, castanho, com ramificação oposta. Células todas
idênticas umas às outras, marcadamente castanhas, fruto do predomínio da fucoxantina.
Esporângios elípticos, castanho-escuros, na extremidade das ramificações.
a) Observe macroscopicamente, e à lupa, uma porção do talo de Halopteris filicina.
b) Responda às questões que lhe são colocadas.

2. OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Sargassum muticum:


Organismos parenquimatoso ramificado, castanho, muito ramificado, com lâminas semelhantes a
“folhas”, com nervura central bem evidente, serradas. Estruturas reprodutoras ramificadas; câmaras
de gás (aerocistos) presentes, pequenos, ovoides, em recetáculos axilares, independentes das
ramificações vegetativas. Presença de 3 tecidos bem evidentes: meristoderme, a formar um
revestimento escuro e denso, superficial, córtex e medula.
a) Observe macroscopicamente, e à lupa binocular, uma porção do talo de Sargassum muticum
b) Faça um corte transversal do estipe e observe os 3 tecidos ao microscópio.
c) Responda às questões que lhe são colocadas.

3. OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Fucus spiralis:


A alga Fucus fixa-se ao substrato através de uma estrutura especializada designada disco de fixação.
Lâminas dicotomicamente divididas, elevadas a partir de um estipe, semelhante a um caule.
Presença de nervura mediana evidente. A superfície externa da alga encontra-se coberta por uma
mucilagem (alginato). Nas extremidades das lâminas podem observar-se recetáculos que podem
exibir invaginações – concetáculos - onde se encontram as estruturas reprodutivas. Algumas espécies
podem exibir, também, aerocistos que lhes permitem a flutuação na coluna de água.
a) Observe macroscopicamente, e à lupa binocular, uma porção do talo de Fucus spiralis.
b) Responda às questões que lhe são colocadas.

4. OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA DE Cystoseira baccata:


Organismos parenquimatosos robustos, de talos cilíndricos, muito ramificado, castanho escuro,
diferenciado em estipe, órgão de fixação e lâminas, estas foliáceas e desprendem-se da base do
caulóide, deixando um aspeto de zig-zag característico.
a) Observe à lupa uma porção do talo de Cystoseira baccata e responda às questões.

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QUESTIONÁRIO

1. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Halopteris filicina sp.


a) Identifique o Reino, a Divisão (Filo) e a Classe. ________________________________________
__________________________________________________________________________________
b) Forma de organização: ___________________________________________________________
c) Ramificação. ___________________________________________________________________
d) Cor: _______________________________ pigmento dominante: _________________________
Efetue um esboço do que observou,
na ampliação de 400X.
Legenda: ______________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

2. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Sargassum muticum


a) Identifique a forma de organização. _________________________________________________
b) Ramificação. ____________________________________________________________________
c) Faça um esboço legendado do corte transversal do estipe, a 100X
Legenda:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

3. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Fucus spiralis


a) Identifique o tipo de ramificação ____________________________
b) Identifique a forma de organização. __________________________
c) Efetue a legenda da figura ao lado:
• 1 – órgão de fixação;
• 2 – estipe;
• 3 –lâmina;
• 4 – nervura central;
• 5 – recetáculo;
• 6 – vesícula gasosa.

4. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Cystoseira baccata


a) Identifique a forma de organização. _________________________________________________
b) Identifique o 3 órgãos existentes neste género. _______________________________________
________________________________________________________________________________

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INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA

ESCOLA SUPERIOR DE TURISMO E TECNOLOGIA DO MAR

CURSO BIOTECNOLOGIA
UC DE DIVERSIDADE BIOLÓGICA
2º SEMESTRE - ANO LETIVO 2018/2019

4º trabalho prático - organismos fotossintéticos simples (Chlorophyta)

Atividade prática – Chlorophyta

Material: Material vivo: Preparações definitivas:


Agulhas dissecação Ulva lactuca Spirogyra sp.
Lamelas Codium tomentosum Acetabularia sp.
Lâminas Pediastrum sp.

1) OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE PREPARAÇÃO DEFINITIVA DE Spirogyra sp.


Alga vulgar em água doce, sobretudo em águas mais frias. Quando tem reprodução sexuada exibe
isogâmetas não flagelados. Filamentosa simples, com plasto helicoidal parietal.
a) Observe ao M.O., numa ampliação de 400X, a preparação definitiva de Spirogyra sp.
b) Efetue um esboço legendado e responda às questões.

2) OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Acetabularia sp.


Alga verde, unicelular, gigante e complexa (0,5 – 10 cm), com um núcleo gigante na base. Forma
muito característica, constituída por rizoides, talo comprido e, na porção superior, uma estrutura em
forma de chapéu de chuva (umbrela).
a) Observe uma preparação definitiva de Acetabularia, nas ampliações de 40X e 100X.
b) Responda às questões que lhe são colocadas.

3) OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Pediastrum sp.


Chlorophyta, com clorofila b, imóvel de água doce. Organismo colonial cenobial, com parede
celular celulósica. As células são poligonais, e as externas são providas de apófises. Os plastos são
axiais laminares e possuem um pirenóide.
i) Examine ao microscópio, na ampliação de 100x (400X), uma preparação definitiva de
Pediastrum e responda às questões colocadas na ficha.

4) OBSERVAÇÃO MACROSCÓPICA E MICROSCÓPICA DE Ulva lactuca:


Alga verde filamentosa, com lâmina extensa (fronde); surge nas zonas litorais fixa às rochas por um
disco de fixação. Fronde formada por duas camadas de células bem comprimidas. Cada célula é
uninucleada e tem um único cloroplasto em taça, parietal, onde se observa um ou vários pirenoides.
a) Observe ao microscópio uma pequena porção de talo marginal.
b) Responda às questões.

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5) OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Codium tomentosum:
Espécie cenocítica (organização sifonal – não há divisão celular). Surgem apenas alguns septos a
dividir o citoplasma. Planta ramificada com talo cilíndrico, constituído por uma massa densa de tubos
que se interpenetram. Nas extremidades os sifões encontram-se dilatados em compartimentos
cúbicos (utrículos), que formam uma paliçada à periferia do talo. Estes utrículos apresentam
numerosos cloroplastos. Os gametângios surgem à superfície, como evaginações dos utrículos.
a) Observe macroscopicamente uma porção de talo de Codium tomentosum.
b) Corte uma fina secção transversal do talo;
c) Observe ao microscópio e procure observar utrículos, na ampliação de 100X.
d) Coloque uma gota de azul-de-metileno, para corar os núcleos.
e) Faça um esboço legendado do que observou.
f)

QUESTIONÁRIO

1. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Spirogyra sp.


a) Identifique o Reino e a Divisão (Filo). ________________________________________________
b) Forma de organização: ___________________________________________________________
Efetue um esboço do que observou,
na ampliação de 400X.
Legenda: ______________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

1) OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE PREPARAÇÃO DEFINITIVA DE Acetabularia.


a) Forma de organização. ___________________________________________________________
b) Caracterize o talo. ______________________________________________________________
_____________________________________________________________________________

2. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE PREPARAÇÃO DEFINITIVA DE Pediastrum sp.


a) Forma de organização: ___________________________________________________________
b) Formato do plasto: ______________________________________________________________
c) Cor: _______________________________ pigmento dominante: _________________________
d) Efetue um esboço do que observou, na ampliação de 100X.
Legenda: ______________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

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1. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Ulva lactuca.
a) Forma de organização: ___________________________________________________________
b) Tipo de talo: ___________________________________________________________________

2. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Codium tomentosum:

e) Forma de organização. ___________________________________________________________


f) Onde se encontra a maior densidade de cloroplastos? __________________________________
g) Porquê? ______________________________________________________________________

h) Efetue um esboço do que observou, na ampliação de 400X.


Legenda: ____________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________
_____________________________________________________

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ESCOLA SUPERIOR DE TURISMO E TECNOLOGIA DO MAR

CURSO BIOTECNOLOGIA
UC DE DIVERSIDADE BIOLÓGICA
2º SEMESTRE - ANO LETIVO 2018/2019

5 e 6ª aula - Saída de campo: Zonação da Costa Rochosa

Objecivos

1. Caracterizar, do ponto de vista abiótico, as características gerais da zona entre-marés.


2. Reconhecer a presença de diferentes grupos de macroalgas.
3. Reconhecer e descrever as características adaptativas das espécies de macroalgas das
zonas litorais.
4. Colheita de macroalgas nos diferentes andares do litoral rochoso.
5. Identificação de macroalgas usando chaves dicotómicas.

Introdução

As macroalgas são muito sensíveis ao substrato, não porque lhes forneça elementos nutritivos que
elas recolhem da água, mas porque a sua textura intervém na fixação das macroalgas. Assim, na
maioria dos casos, as macroalgas vivem fixas ao substrato rochoso; são raros os exemplos de
espécies que se encontram em substrato vasoso ou arenoso.
A temperatura joga um papel importante na distribuição das macroalgas. O gradiente de
temperatura determina a diversidade de espécies e o número de indivíduos, sendo estes muito mais
abundante nas zonas setentrionais que nas zonas meridionais.
Além da latitude a temperatura exibe variações locais, por vezes muito importantes que resultam em
correntes frias ou quentes. Estas podem ter repercussões importantes na composição da flora litoral.
A luz é o fator mais importante, uma vez que as macroalgas necessitam de luz para a fotossíntese.
Assim, as macroalgas desenvolvem-se apenas em zonas onde a radiação é suficiente para ser
absorvida pelos pigmentos fotossintéticos. Este fator condiciona, portanto, a distribuição das
macroalgas em profundidade, uma vez que a radiação vai sendo absorvida pela água do mar. Esta
distribuição depende da transparência da água.
Os fatores químicos, tais como o pH, a salinidade, o conteúdo em substâncias dissolvidas, são
importantes também, nas zonas litorais (estuários, lagunas) e nos mares de menor tamanho, como o
Mar Negro, o Mar Báltico, etc. Nestes podem observar-se alterações significativas dos fatores
químicos que condicionam o desenvolvimento das comunidades de macroalgas. Nestas zonas a flora
é bastante diferente das zonas onde os fatores químicos são semelhantes aos do mar aberto.
A ação das ondas é também importante na distribuição das macroalgas. Há espécies que preferem
zonas batidas, outras zonas calmas. A fisionomia das espécies é diferente consoante o local e a
hidrodinâmica.
Outro fator fundamental é a emersão periódica. Existem espécies resistentes a emersões
prolongadas; outras são intolerantes. De facto, consoante a distância à linha média da maré, as
espécies exibem resistência e adaptações variáveis á emersão. Assim, uma alga que se encontre um
pouco abaixo do nível máximo da maré alta estará emersa por longos períodos cada 12 horas. Se

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uma alga se encontrar próxima do nível ligeiramente superior à baixa-mar, esta alga estará emersa
por períodos curtos a cada 12 horas.
Naturalmente as 2 espécies estarão expostas a diferentes períodos de dissecação, temperatura
elevada, insolação, concentração de substâncias dissolvidas, …
A existência destes fatores abióticos provoca uma zonação da zona litoral, isto é, determina uma
certa disposição dos organismos em zonas sensivelmente paralelas ao nível do mar e a alturas
determinadas. Cada zona possui conjuntos de organismos específicos, que se adaptaram às
condições ecológicas dessa mesma zona e que permitem a sua fácil identificação. A tolerância dos
organismos aos extremos ambientais, por exemplo, à dessecação, delimita a distribuição superior,
enquanto os efeitos de competição determinam os limites inferiores.
Os povoamentos existentes sobre a plataforma continental agrupam-se em quatro andares
diferentes:
a. Andar supralitoral – os primeiros povoamentos marinhos que se encontram logo a seguir
ao domínio terrestre, sendo raramente coberto pela água do mar, exceto nas marés vivas
associadas a forte agitação marítima (hidrodinamismo). De maneira geral está sujeito
apenas à aspersão por gotículas de água provenientes das vagas. A extensão vertical deste
andar, assim como o do mediolitoral, varia em função da exposição da costa à intensidade
hidrodinâmica e da amplitude da maré. Ambos estão compreendidos na “zona das
marés”, bem como a parte superior do andar infralitoral. Os primeiros organismos que
surgem são as cianobactérias, de cor azul-esverdeada endolíticas e lhes conferem cor
acinzentada. No limite inferior podemos observar a clorófita Ulva compressa e na zona
intermédia a Rodophyta Porphyra umbilicalis.
b. Andar mediolitoral – Totalmente compreendido na “zona das marés”, varia também em
função da exposição da costa, da amplitude da maré e do hidrodinamismo. A espécie
característica é a alga Lythophyllum lichnenoides (delimita inferiormente o andar). Em
locais de maior hidrodinamismo, perto do limite inferior do andar encontra-se a alga
Fucus spiralis.
Na extensão vertical do andar mediolitoral poderemos encontrar numerosas poças
permanentes – poças de maré - repletas de água onde as condições são equivalentes às
observadas no andar infralitoral. Aqui abundam as algas calcárias (Lithophyllum
incrustans), as espécies de clorófita Ulva lactuca, Codium tomentosum, as rodófitas
Corallina elongata, Asparagopsis armata, Gelidium sp., e a feofícea Bifurcaria bifurcata.
c. Andar infralitoral – Estende-se desde o limite inferior do andar mediolitoral até à
profundidade compatível com a existência de algas fotófilas (algas que exigem bastante
iluminação) ou das plantas superiores marinhas (Zostera spp.), que, na costa portuguesa,
se situa a cerca de 20-24 m de profundidade. Apenas a parte superior deste andar
descobre na baixa-mar; existem numerosas espécies de algas vermelhas e castanhas,
nomeadamente laminárias, variando a espécie em profundidade.
d. Andar circalitoral – Também denominada zona sublitoral, estende-se desde o andar
infralitoral até ao limite da plataforma continental, isto é, até cerca dos 200 metros. A
partir deste andar a fracção dominante dos povoamentos marinhos é constituída por
animais. Assim, dominam as esponjas, alcionários, gorgónias e briozoários. Surgem
também algumas espécies de algas, pouco exigentes no que concerne à luz (algas ciáfilas).
O limite inferior deste andar estabelece-se pelo desaparecimento das algas ciáfilas e
depende, tal como para o andar infralitoral, da transparência da água que condiciona a
penetração da luz. Esta transparência depende, por seu lado de factores como o
substrato, a proximidade de rios e a agitação marítima.

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Esta zonação corresponde apenas aos povoamentos existentes sobre a plataforma continental e que
formam o sistema litoral ou fital (porque apresentam organismos fotossintéticos).

ACTIVIDADE PRÁTICA

RECOLHA DE DADOS QUALITATIVOS

1) Na altura em que a maré estiver mais baixa desloque-se para a zona entre-marés.
2) Observe minuciosamente os diferentes andares supralitoral, mediolitoral, poças de maré e início
do infralitoral.
3) Para cada andar caracterize as condições abióticas.
4) Selecione zonas com elevada biodiversidade.
5) Com a ajuda do quadrado e do formão, recolha três amostras, em três zonas distintas:
a) Infralitoral
b) Mediolitoral
c) Supralitoral
6) Remova cada espécimen com o órgão de fixação intacto.
7) Coloque as amostras num saco devidamente identificado.
8) Transporte rapidamente o material para o laboratório.
9) Procure fazer a identificação dos espécimes nas 48 horas seguintes à recolha.

Tabela 1 – Tabela para recolha de dados no campo, por grupo:

Local: Data: / / ; Hora da maré: ;

Dimensão dos Quadrados:

Quadrados Supralitoral Mediolitoral Infralitoral


Referência:
Nº total de espécies

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Tabela 2 – Identificação das espécies de macroalgas presentes na saída de campo:

Para cada espécie que recolheu, procure classificá-la recorrendo à chave dicotómica.
Escreva sempre os números que necessitou percorrer para fazem a identificação.

Andar Espécie biotecnologia Invasora

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CURSO BIOTECNOLOGIA
UC DE DIVERSIDADE BIOLÓGICA
2º SEMESTRE - ANO LETIVO 2018/2019

7º trabalho prático – organismos fotossintéticos simples (microalgas)

Objetivos

4. Reconhecer espécies de microalgas importantes para a biotecnologia.


5. Observação e identificação de diferentes níveis de organização.
6. Distinguir organismos fotossintéticos procariotas e eucariotas.

Atividade prática
Material:
M.O. Preparações definitivas: Material vivo:
Bisturis Pinnularia viridis Tetraselmis chuii
Lâminas Arthrospira sp.
Lamelas Rhodomonas sp.
Agulhas dissecação Phaeodactylum tricornutum
Chlorella sp.

1. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Chlorella sp.


Chlorophyta. Células de pequena dimensão, 2-10 m, sem flagelos, esféricas. Parede celular
presente. Um plastídeo verde, com clorofila a e b, em taça, parietal. Muito característico o
pirenoide intraplastideal, rodeado por grãos de amido. Cultivo muito comum, já que a sua célula
é formada por cerca de 60% de proteína incluindo 8 aminoácidos essenciais, constituindo um
importante suplemento proteico alimentar.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 400x, uma preparação extemporânea de Chlorella
sp.
b) Amplie para 1000 X se entender necessário, usando óleo de imersão.
NO FINAL DA OBSERVAÇÃO NÃO SE ESQUEÇA DE LIMPAR A OBJETIVA.
c) Responda às questões que lhe são colocadas no questionário.

2. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Tetraselmis chuii.


Chlorophyta. Planctónica, Células elípticas de dimensão média, 10-14 m, móvel por 4 flagelos
idênticos. Um plasto parietal em taça, com clorofila a e b, com um pirenoide intraplastideal
rodeado por grãos de amido. Estigma alaranjado intraplastideal presente. Revestimento formado

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por placas de natureza orgânica. Em épocas de stress pode perder os flagelos e formar uma teca
polissacarídica, sedimentando. Produzida em aquacultura, dado o elevado conteúdo em lípidos.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 400x, uma preparação extemporânea de
Tetraselmis shuii.
b) Coloque uma gota de Soluto de Lugol e volte a observar.
c) Amplie para 1000 X se entender necessário, usando óleo de imersão.
NO FINAL DA OBSERVAÇÃO NÃO SE ESQUEÇA DE LIMPAR A OBJETIVA.
d) Responda às questões que lhe são colocadas no questionário.

3. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA da cianobactéria Rhodomonas sp.:


Cryptophyta. Unicelular, discoide, 16-30 m comprimento; com dois flagelos anisocônticos.
Plastídeo avermelhado, fruto dos pigmentos fotossintéticos, sobretudo a ficoeritrina e as
xantofilas; dois plastos parietais discoides. Revestimento de placas de natureza proteica
(periplasto). Espécies ecologicamente importantes porque constituem uma fonte de ácidos
gordos polinsaturados.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 400x, uma preparação extemporânea de
Ochromonas sp.
b) Amplie para 1000 X se entender necessário, usando óleo de imersão.
NO FINAL DA OBSERVAÇÃO NÃO SE ESQUEÇA DE LIMPAR A OBJETIVA.
c) Responda às questões que lhe são colocadas no questionário.

4. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de preparação definitiva de Pinnularia viridis.


Heterokontophyta; Bacillariophyceae. Vulgarmente designadas diatomáceas, são algas unicelulares,
imóveis, contendo clorofila a e c, e xantofilas (fucoxantina) que lhes conferem uma cor dourada. A
célula encontra-se encerrada numa frústula, estrutura rígida, perfurada, constituída por sílica,
formada por duas valvas que encaixam uma na outra. Uma das partes é ligeiramente maior – epiteca,
e a outra é menor – hipoteca. As valvas são ornamentadas com padrões característicos da espécie.
De acordo com a simetria, a classe divide-se em duas ordens: a Centrales que tem simetria radial, e a
Pennales que tem simetria bilateral. Nestas, as valvas apresentam uma fenda ao longo do seu eixo
maior, designada rafe. No centro o rafe é interrompido por um espessamento (nódulo central)
existindo espessamento idênticos nas extremidades (nódulos polares).

a) Na ampliação de 100 X (400X) observe uma preparação definitiva de Pinnularia viridis e


localize uma semi-válvula.
b) Observe a ornamentação da frústula e faça um esboço legendado.
c) Responda às questões que lhe são colocadas no questionário.

5. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Phaeodactylum tricornutum.


Heterokontophyta; Bacillariophyceae. Frústula com simetrial bilateral. 10 m comprimento. Dois
plastos discóides, dourados. Cultivado em aquacultura pelo elevado conteúdo em ómega-3.

a) Na ampliação de 100 X (400X) efetue uma preparação extemporânea de Phaeodactylum


tricornutum e localize os organismos.
b) Responda às questões que lhe são colocadas no questionário.

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6. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA da cianobactéria Arthrospira sp.:
Cyanobacteria; filamentosa simples, com forma espiralada muito característica. Células verde-
azuladas, ricas em ficocianina. Heterocistos e acinetos ausentes. Cultivada pela elevadíssima
concentração de proteína, que pode ultrapassar os 60% o peso seco.
a) Examine ao microscópio, na ampliação de 400x, uma preparação extemporânea de
Arthrospira sp.
b) Amplie para 1000 X se entender necessário, usando óleo de imersão.
NO FINAL DA OBSERVAÇÃO NÃO SE ESQUEÇA DE LIMPAR A OBJETIVA.
c) Faça um esboço legendado do que observou, a 400X.
d) Responda às questões que lhe são colocadas no questionário.

QUESTIONÁRIO

1. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Chlorella sp.


a) Identifique a forma de organização. _________________________________________________
b) Identifique a cor e os pigmentos dominantes. _________________________________________
c) Identifique o revestimento, os organelos e as estruturas observáveis. _____________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

2. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Tetraselmis sp.


a) Identifique a forma de organização. _________________________________________________
b) Identifique o tipo de flagelos. ______________________________________________________
c) Identifique a cor e os pigmentos dominantes. _________________________________________
d) Identifique o revestimento, os organelos e as estruturas observáveis. _____________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________
e) Faça um esboço legendado do que observou, a 400X.
Legenda:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

3. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Rhodomonas sp.


a) Identifique a forma de organização. _________________________________________________
b) Identifique o tipo de flagelos, se presentes. __________________________________________
c) Identifique a cor e os pigmentos dominantes. _________________________________________

d) Identifique o revestimento, os organelos e as estruturas observáveis. _____________________


________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

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4. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Pinnularia viridis
a) Identifique a forma de organização. _________________________________________________
b) Identifique o revestimento. _______________________________________________________
c) Faça um esboço legendado do que observou, a 400X.
Legenda:
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

5. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA de Phaeodactylum tricornutum


a) Identifique o nível de organização. __________________________________________________
b) Identifique a cor e os pigmentos dominantes. _________________________________________
c) Identifique o revestimento, os organelos e as estruturas observáveis. _____________________
________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________

6. OBSERVAÇÃO MICROSCÓPICA DE Arthrospira.


a) Identifique o nível de organização. __________________________________________________
b) Identifique a cor e os pigmentos dominantes. _________________________________________
c) Identifique o revestimento, os organelos e as estruturas observáveis. ______________________
d) Faça um esboço legendado do que observou, na ampliação de 400X.
Legenda: ______________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________
______________________________________________

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