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CONSERVADORISMO

Por Constança Gens, nº7 do 12J; Érica Martins, nº8 do 12ºH; Francisca Flores, nº12 do
12ºJ; Luísa Canelas, nº21 do 12ºJ; e Pedro Nunes, nº21 do 12ºH.

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Índice
CONSERVADORISMO (o que é?) E O SEU CONTEXTO HISTÓRICO ...................... página 4

CONSERVADORES ...……………..……………………………………………………página 5

ARTE GOVERNATIVA ...…………………………………………………………..….. página 5

PRIMAZIA DO ESTÁVEL E CONHECIDO …….……………..……………....……… página 6

AUTORIDADE …………………………………………………………………..……... página 7

RELIGIÃO E FÉ ...….………………………………………………...…………………. página 7

TRADIÇÃO E PATRIMÓNIO ...………………………………………...…………...… página 8

ECONOMIA E MERCADO ……………………………...……………………….....… página 10

CASAMENTO …………...………………………………………………..…..………. página 11

DIREITO À VIDA ……………………………………………….……………..…….... página 13

ABORTO …………………………………………………...…………….…… página 13

EUTANÁSIA …………………………….………………...…………….…… página 15

AMBIENTE ………………………………………………………...………..………… página 17

DILEMAS DO CONSERVADORISMO ...……………………………………………. página 17

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AS PERSPECTIVAS EM COMPARAÇÃO ...………………………………………… página 18

CONCEITOS COM A PERSPECTIVA DO CONSERVADORISMO ……...………… página 19

NOTAS .………………………………………………………………………...……… página 22

FONTES .……………………...…………………………………………...…...……… página 22

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CONSERVADORISMO
Proveniente do verbo latino conservo, conservas, conservare, conservaviu, conservatum
(conservar, preservar), o conservadorismo teve a sua origem na Revolução Francesa, enquanto
oposição à ideologia liberal que na época se instaurou.
O caráter conservador pode ser mais complexo de explicar do que por meio de uma fórmula
sucinta. Advém do progresso que por meio da História se desenvolveu, podendo assim ser
analisado de forma pontual, ou enquanto um todo multifacetado. Consequentemente, formaram-
se, a partir da sua génese, inúmeras ramificações, entre as quais o conservadorismo cristão
(defendido por Roger Scruton) e o conservadorismo liberal (defendido por Oakeshott). No
entanto, e pensando, mais uma vez, no conservadorismo enquanto um todo, os seus principais
guias centram-se na Lei, Família e Propriedade, sem as quais qualquer sociedade colapsaria. A
visão conservadora não se pauta pela recusa de progresso / inovação, demarca-se pela procura de
preservação das instituições / orgãos já existentes - não defendendo uma revolução, mas sim uma
evolução, atendendo às características humanas, e à própria História. Para os defensores desta
corrente, a ordem social assenta numa hierarquia social forte, de instituições estabelecidas e
estatutos concretos. “Essas relações cooperativas são baseadas quer na reciprocidade, quer no
altruísmo. O que significa, desde logo, que as escolhas humanas não podem ser explicadas em
termos de benefícios individuais e egoístas. Os homens também são movidos por outras
racionalidades, baseadas na amizade, na compaixão, no respeito ou simplesmente na vontade de
fazer obra comum” (Aníbal Cavaco Silva, discurso de sua excelência o Presidente da República
na Conferência Internacional organizada pela Fundação Calouste Gulbenkian, 2015).

- Constança

“O conservadorismo tem origem num sentimento que todo indivíduo com maturidade pode
partilhar sem demora: o sentimento de que as coisas virtuosas são facilmente destruídas, mas não
facilmente criadas. Isto é especialmente verdadeiro para as coisas virtuosas que nos chegam como
bens coletivos: paz, liberdade, lei, civilidade, espírito público, a segurança da propriedade e da
vida em família, tudo aquilo em que dependemos da cooperação dos outros, não tendo mais de o
obter sozinhos. A respeito de tais coisas o trabalho da distribuição é rápido, fácil e entusiasmante;
o trabalho da criação é lento, lamurioso e monótono. Esta é também uma razão pela qual os
conservadores sofrem de tamanha desvantagem junto da opinião pública. A sua posição é
verdadeira mas enfadonha, a dos seus opositores excitante mas falsa.” – Roger Scruton em “Como
ser um Conservador”

Esta ideologia política não tem como objetivo corrigir a natureza humana ou moldá-la de acordo
com uma concepção de um decisor racional ideal, mas sim trata de compreender a maneira das
sociedades funcionarem e visa o funcionamento destas de modo a que tenham sucesso.

Para alcançar este fim o ponto de partida a ser tomado tem de ser a psicologia. Hegel mostra que
a autoconsciência e a liberdade surgem pelo aventurar do eu em direção ao outro, como os
conflitos e as divergências são ultrapassadas através do reconhecimento de direitos e deveres
mútuo, e que no decorrer deste procedimento não se alcança apenas a liberdade de ação mas
também o sentido do seu próprio valor e do valor dos outros.

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Nós seres humanos, ao vivermos em comunidade temos a condição de sermos responsáveis
uns pelos os outros, e sentimo-nos concretizados ao vivermos em família, e como civis numa
sociedade. Não devemos ser egoístas e satisfazer apenas os nossos próprios caprichos e
prazeres. Somos seres racionais que devem querer e saber viver em sociedade, construtores
de lares, e contribuidores na procura de valores intrínsecos morais.

“A ação conservadora não visa apenas a preservação dos bens preciosos e irrepetíveis transmitidos
em legado do passado, mas igualmente e sobretudo dos bens a gerar no futuro. Assim, e rejeitando
a unidimensionalidade liberal (o homem é, ou pode ser, considerado apenas um sujeito de direitos)
e a unidimensionalidade socialista (o homem é, ou pode ser, considerado apenas como o agente
socioeconomicamente situado), o conservadorismo pode finalmente abraçar o seu realismo
integral e conciliá-lo como seu desejo de futuro: o homem é um ser económico e jurídico, um
animal simbólico, em suma, na grande síntese aristotélica, um ser político incrustado num
universo complexo de conteúdos morais e culturais.” - Miguel Morgado em Linhas de Direita,
“Os dois ismos - Conservadorismo”

- Luísa

CONSERVADORES
Irei agora apresentar diversos conservadores autores do conservadorismo pensadores. O
liberalismo foi definido por John Stuart Mill, o socialismo foi definido por Marx e o
conservadorismo foi fundado por Edmund Burke. O conservadorismo de Burke é uma reação
contra o liberalismo, ainda assim, é o mais liberal. O pensamento conservador surge pela primeira
vez estruturado, através da obra Reflexões sobre a Revolução em França em a primeira crítica
que faz é como é que eles estão a tratar os outros como não querem que tratem a eles, ou seja,
como é que deixaram de sentir as “compungidas visitas da natureza” (remorsos), de a Revolução
permitir que se matassem uns aos outros sem terem um peso na consciência e só para concretizar
um plano político. Os métodos violentos, não tradicionais e desenraizados da revolução
superaram e corromperam seus ideais de libertação. Michael Oakeshott maior filosofo
conservador do século XX. Na prática política aquilo que nos guia é a tradição, Oakeshott recusa
uma ideia de lei natural, natureza humana Joseph de Maistre de 1753 a 1821, filosofo e diplomata
francês. Samuel Huntington de 1927 a 2008, foi um cientista político norte-americano que foi
influente pelo seu ensaio Conservatism as an Ideology em 1957 (publicado um ano depois de
Oakeshott).

- Érica

ARTE GOVERNATIVA

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“Todos somos conservadores. Pelo menos, em relação ao que estimamos. Família, amores,
amigos. Lugares, livros, memórias até. Conservadorismo e desfrutar são dois verbos caros aos
homens que ainda estimam alguma coisa. E em alguns espíritos, esses verbos são declinados com
maior intensidade e frequência, a ponto de se transformarem na sua gramática essencial.” (1) “Ser
conservador significa uma inclinação a pensar e a comportar-se de determinada forma; é preferir
certas formas de conduta e certas inclinações das circunstâncias humanas a outras; é dispor-se a
tomar determinadas decisões.”(2). É a forma de ser e agir que leva o conservador a “usar e
desfrutar aquilo que está disponível em vez de desejar ou procurar outra coisa.” “...é em primeiro
lugar conservar princípios ou instituições que se consideram importantes para uma comunidade
estabelecida,”(3).

(1) João Pereira Coutinho, Conservadorismo, p.33


(2) Oakeshott, Ser Conservador, p.4
(3) João Pereira Coutinho, Conservadorismo, p.132

- Érica

A “Grande Sociedade” (conceito de Hayek) designa / edifica regras, dentro do possível, regras
abstratas, a fim de criar uma sociedade livre nas suas escolhas, em que não surja a possibilidade
de imposição, quer de crenças, quer desejos, quer projetos.
Com base na obra Ser Conservador (Oakeshott), o conservadorismo parte de uma atitude de
aproveitamento e regozijo assente na presente situação, em contraposição ao desejo de uma idílica
realidade. Por conseguinte, dá-se primazia do estável e conhecido, ao entender a mudança com o
desconhecido e instável.
O conservadorismo não procura estagnar no tempo, e como anteriormente referido, não conduz à
imobilização social. Não se trata de um apelo à permanência, mas sim de um apelo ao princípio
da prudência racional. Parte de pequenas “inovações”, planeadas e exequíveis . Estas alterações
em pequena escala pautar-se-ão pela estabilidade e força. A base da mudança provém do contexto
em que a dita se encontra, a instabilidade do ambiente desestabilizador, subsequentemente,
perturba o sujeito em questão.
A atitude de governar pode ser encarada, mutatis mutandis, como um árbitro que procura suavizar
o jogo, impondo as regras gerais que ali existem. A arte de governar não é passiva, como seria de
esperar de um coordenador que somente observa o desenrolar de uma partida, mas sim uma
tentativa de gerir a paz dentro das diferenças da sociedade - gerência de conflitos (em última
instância).

- Constança

PRIMAZIA DO ESTÁVEL E CONHECIDO


A “mudança” enquanto algo desconhecido / “inovação” enquanto planeável e exequível,
consequentemente, as pequenas alterações e progressos provam-se mais inteligentes e plausíveis;

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- O sentido de identidade – a meu ver, ligado ao sentido de segurança (um subterfúgio
dentro da nossa imensidão) – é de extrema relevância, uma vez que constitui a nossa essência que
sentir-se-á ameaçada pela mudança radical e extremista. Estas últimas faces da mudança deverão
ser tidas em consideração, devido às suas consequências.

- A inovação não procura estagnar, mas sim constituir parte integrante de uma alteração
muito maior que a planeada,. Nenhum objetivo é absoluto – não obstante os riscos que daí podem
provir, os mesmos serão atenuados pela leveza com que são efetuadas alterações. A inovação
procura a certeza de que o positivo advém da mudança. Essa mudança surge então de um
desequilíbrio específico, no grande plano de melhoramento das circunstâncias humanas.

- O “estado natural” assim o justifica, pretere-se a familiaridade que possuímos com aquilo
que conhecemos e nos rodeia, ao aventureiro sem chão.

- Pedro

AUTORIDADE
A autoridade exerce-se exclusivamente sobre tudo o que é publico – paz, segurança, ordem e
propriedade. A autoridade do Estado não se aplica a problemas e necessidades da esfera privada.
Os poderes do governo diminuem á medida que se desce do Estado à província, da província à
paróquia, da paróquia à casa particular. Burke defende políticas de descentralização: o Estado
deve evitar intrometer-se nos assuntos económicos, sociais e morais; o Estado deve fazer de tudo
o que é possível para fortalecer e alargar as funções da família, dos vizinhos e das instituições.

- Érica

RELIGIÃO E FÉ
A nível religioso, esta corrente ideológica tende a divergir dentro de si própria. Na visão de
Oakeshott, o conservadorismo político não poderá guiar as crenças morais ou religiosas do
cidadão, uma vez que se provam diretrizes divergentes, ligadas à própria individualidade, e à
liberdade inerente à mesma.

“E, para demonstrar brevemente o meu ponto de vista diria, antes de o desenvolver, que o que faz
com que uma atitude conservadora em política seja inteligível não é nem a Lei natural nem uma
ordem providencial: não tem nada a ver com a moral ou com a religião, é a observação da nossa
atual forma de vida combinada com a crença (...), segundo a qual a arte de governar é limitada e
específica, ou seja, que consiste no fornecimento e proteção de regras gerais de conduta”.

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“Em síntese, os segredos do bom governo provém do protocolo, não da religião ou da filosofia;
no gozo de um comportamento ordeiro e pacífico, não na busca da verdade ou perfeição”.

- Constança

Os conservadores acreditam que para se alcançar uma sociedade ideal é preciso que haja uma
fé em comum e não tem necessariamente de ser religiosa. A população pode ter como
paradigma um ou mais valores, tais como a justiça, a vida, a liberdade, etc. Isto serve para que
haja desde já uma verdade intrínseca moral, e que de certa maneira se consiga unir o povo.
Exemplos: na revolução francesa “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, Estado Novo: “Deus,
Pátria e Família”, etc.

- Luísa

TRADIÇÃO E PATRIMÓNIO
A tradição, vista pelos olhos do conservadorismo, consiste em conhecimento que se propagou ao
longo de décadas, senão séculos. Trata-se da “experimentação” de diversas tradições que nos
antecedem, e que posteriormente, nos sucederão. Por conseguinte, devem ter o nosso devido
respeito, não se trata de sintomas da imobilização social, mas sim conhecimento que deriva do
nosso passado. Atendendo ao caráter desconstrutor da filosofia de Nietzsche, a própria
sobrevivência dos valores parte do peso que detêm na sociedade e das consequências que deles
advêm, sendo estas mais nefastas que propícias extinguem-se. Caso contrário, impulsionam-se e
tornam-se símbolos da sociedade, quais três pilares bases do conservadorismo: lei, família e a
propriedade.

- Constança

É através do património que existe uma valorização da pátria, e isso não pode deixar de existir.

Os descobrimentos passaram-se há cerca de 500 anos, e já foi admitido que a escravatura foi uma
exploração humana e moralmente errada.

A verdade é que Portugal foi um Império do qual nos devemos vangloriar, a nossa língua é uma
das mais faladas no mundo, a nossa cultura era conhecida por todo os países e ainda fomos uma
das maiores potências do mundo, é um motivo de orgulho. Não vamos destruir monumentos feitos
em honra dos que tornaram Portugal global. Tornaram o nosso país uma grande nação e relevante.

“Quanto à escravatura, não há que a esconder, mas conhecê-la na sua realidade. Não tem
nada de brilhante, mas tudo de detestável e hediondo. Neste domínio, infelizmente não
fomos melhores que os outros. Mas também não fomos piores. A escravatura era praticada
em África quando lá chegámos. Juntámos esse comércio humano a outros que fazíamos.

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Fazíamo-lo em conjunto com poderosos africanos, sobretudo da costa ocidental, que já
praticavam ancestralmente a escravatura e seu comércio – e também para longas distâncias,
através de mercadores árabes, desde há muitos séculos antes. Esse nosso tráfico transatlântico
foi feito com ingleses, franceses, holandeses e espanhóis, servindo o propósito da colonização das
Américas. Acabou, em definitivo, no século XIX, com primeiros actos de limitação ou proibição
nos finais do século XVIII. O abolicionismo português foi longo, demorando cerca de um século
a concretizar-se por inteiro: começou com o Marquês de Pombal no fim do século XVIII e só
acabou no final do século XIX pelo último impulso do Marquês de Sá da Bandeira. Teria sido
mais rápido se a voz e a inspiração de Sá da Bandeira, notável estadista, tivessem sido seguidas
por inteiro mais cedo.

Por mim, valem sobretudo estes pontos: primeiro, a escravatura é hedionda; segundo, é um facto
deplorável da História; terceiro, foi abolida em geral há 150 anos, pelo menos; quarto, é tarde
para a abolir (já está!), mas é sempre tempo de combater que possa ressurgir, como sucede
nalguns lugares e nalguns tráficos específicos (de mulheres e crianças, nos mais abjectos);
quinto, o Ocidente também sujou as mãos na escravatura, mas foi o facto de a escravatura se
cruzar e chocar com os valores morais do Ocidente que conduziu, finalmente, à emergência da
consciência abolicionista e levou à sua abolição, pela primeira vez em toda a História da
Humanidade. É o que temos de assegurar e celebrar. Nunca mais!

Não se pode misturar os Descobrimentos com comércios reprováveis ou actos políticos


cometidos, com os quais não se concorda. É o mesmo que condenar uma auto-estrada
porque por ali entraram e saíram os autores de um acto terrorista, demolir uma ponte
porque por ali fugiram raptores de crianças, encerrar um aeródromo porque ali escaparam
os assaltantes de um banco.

Se nos lembrarmos de que, nos séculos XV e XVI, em que se concentrou o essencial desse esforço,
nós, Portugueses, éramos apenas um milhão, parece irreal que tenhamos estado por todo o lado,
em todo o mundo, navegando naquelas pequenas naus, entrando por “mares nunca dantes
navegados” e enfrentando perigos enormes. Grande honra, admiração e agradecimento merecem
os Portugueses desse tempo e desses feitos. Ninguém, com seriedade, o pode negar.”

Os monumentos são construídos não em honra da escravatura, mas sim pelos grandes feitos e pela
coragem que estes navegadores tiveram.

José Ribeiro e Castro no observador


https://12ft.io/proxy?q=https%3A%2F%2Fobservador.pt%2Fopiniao%2Fo-vandalismo-no-
padrao-e-tudo-o-resto%2F

- Luísa

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ECONOMIA E MERCADO
Economia vem do grego οικονομία (de οἶκος, translit. oikos, 'casa' + νόμος , translit. nomos,
'gerir, administrar': daí "regras da casa" ou "administração doméstica"). O conceito de οἶκος para
Aristóteles significava casa, o saber viver em comunidade. Quem fazia parte do οἶκος não eram
só os familiares, mas também os escravos que lá trabalhavam, ou seja, não se restringia apenas a
laços consanguíneos, mas também os que contribuíam de alguma forma para o bem-estar e
desenvolvimento da casa. Estes eram considerados família. Inicialmente a economia vinha com
as suas virtudes: parcimónia (1) e abnegação, o hábito de respeitar e ser respeitado, o sentido de
responsabilidade Para os liberais a economia perdeu o seu sentido. Não há qualquer tipo de
valores ou respeito entre eles, pois aprenderam a não viver em sociedade, mas sim
individualmente.

(1) Acto de poupar, de economizar, de despender moderadamente. = ECONOMIA,


SOBRIEDADE

- Luísa

No âmbito do trabalho, a mecanização de colmatar o círculo da oferta e da procura não tem em


conta a relação criada - familiaridade e um certo carinho contraído pelo costume. Dar grande
ênfase à familiaridade, à procura do prazer - visto que não inibe o prazer ( não é no entanto uma
visão utilitarista da vida, sim equilibrada). Há sempre uma visão de desequilíbrio, existe sempre
a dicotomia: ganhar e perder, não obstante a procura ser contida dentro de uma esfera de
segurança.

- Constança

Não somos capitalistas, nem socialistas. Temos que dar oportunidade e apoiar as médias e
pequenas empresas, e não desencorajar nenhuma. Defendemos que deve haver um sistema
judicial que condene, sem apelo nem agravo, aqueles que brincam e falsificam com as regras de
mercado - VALOR DA SERIEDADE, RETIDÃO. A especulação é moralmente incorrecta.
Enganar o povo é moralmente certo? Porque é que deve ser aceitável? Os liberais não têm
valores.

- Luísa

Noutra vertente, a riqueza que uma empresa gera deve ser distribuída pelo dono da empresa, e
seguidamente, de forma proporcional ao trabalho que cada operário efetua ( o rendimento
corresponde ao trabalho produzido ).

- Constança

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Se a função de um governo é a de respeitar a natureza humana, torna-se importante respeitar uma
das propriedades fundamentais dessa mesma natureza: o facto de existir nos homens uma
propensão para «negociar, permutar ou trocar uma coisa pela outra» de forma a que os indivíduos
possam «melhorar a sua condição» (1). O conservadorismo respeita a natureza humana dos
homens, ou seja, respeita a vontade destes participarem num sistema onde são feitas as escolhas
naturais e livres dos indivíduos. Não deve ser uma imposição autoritária de um padrão único de
preferências ou comportamentos, que devem ser soberanas (2). “A vida comercial exige, por
exemplo, que os indivíduos corram riscos prudentes, confiem nos outros e sejam diligentes,
industriosos e confiáveis. Por outras palavras, viver numa economia de mercado encoraja certas
formas de comportamento virtuoso”(3). Exemplo de João Pereira Coutinho passado por Adam
Smith: um talhante, um cervejeiro, um padeiro, têm coisas para vender e haverá alguém que
desejara comprar. Mas não se limitam a satisfazer o interesse de terceiros pela prossecução dos
próprios interesses. É aconselhável que exibam certas virtudes que o mercado tende a reconhecer
e a premiar; um talhante indisciplinado, um cervejeiro desonesto ou um padeiro sem interesse por
se levantar de madrugada não terão perspetivas de sobrevivência. A disciplina/autodisciplina, a
confiança, a honestidade, fazem parte dos interesses de um talhante, cervejeiro, padeiro para não
perderem clientes e perderem os seus negócios.

(1) João Pereira Coutinho, Conservadorismo, p. 133-134


(2) João Pereira Coutinho, Conservadorismo, p. 134
(3) Gregg, Markets, Morality and Civil Society, em Arguing Conservatism, p 443

- Érica

CASAMENTO
“O casamento é visto hoje em dia como um contrato reescrito entre partes e foi perdendo assim o
seu verdadeiro significado: compromisso. Ao longo dos anos, o casamento sofreu várias
alterações, tornando assim a opção de divórcio facilitada e favorável e negligenciando cada vez
mais ostensivamente em relação às crianças. Tendo em conta isto, é verificável que o Estado está
a destruir o verdadeiro conceito de casamento e tenha superintendido o desfazer gradual do voto
de casamento, a ponto de a defesa do casamento homossexual parecer não apenas uma
consequência lógica de tudo o que precedeu, mas também uma oferta evidente de uma “igualdade
de tratamento” a uma minoria anteriormente marginalizada.

O laço entre marido e mulher, tal como o de pai e filho, tem uma natureza moral que não deve ser
resumida num livre acordo. Tal como o nome latino – matrimonium – evidencia, o acordo não
cuidava do amor sexual, mas de maternidade. Marido e mulher não estavam apenas a
comprometer-se com uma vida em comum: estavam a embarcar numa transição existencial, de
um estado de ser a outro, no qual os futuros filhos seriam o elemento mais importante. Esta ideia
definiu o estatuto social da instituição, independentemente do facto de poder haver casamentos
estéreis e casamentos entre pessoas que já não estão na idade de ter filhos.

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Isto não significa que só as pessoas férteis devam casar, ou que não possa haver casamentos que
terminem em divórcio. Significa que o casamento é construído à volta de uma norma que é
invocada, ainda que à distância, em todas as variações exigidas pela nossa natureza e fragilidade.
Removendo esta norma e instituição desagregar-se-á como uma tenda a que é retirado o mastro
central. Deixará de ser um vínculo entre gerações cujo objetivo é criar filhos, passando a ser
um contrato de coabitação, tão temporário e anulável como qualquer outro negócio.” (1)

- Roger Scruton

O bando progressista não respeita a liberdade de expressão e crença, pois querem promover a
imposição da aceitação do modelo de família deles como único válido, e adaptá-lo ao meu estilo
de vida. Em outros tempos o respeito era suficiente, e a possibilidade de considerar algo errado
ou imoral, era protegido. Hoje estamos na era da nova tolerância, onde todas as visões devem ser
consideradas profícuas, menos a visão tradicional de família. Aqui encontra-se um dos debates
mais importantes no conservadorismo vs liberalismo: liberdade vs igualdade.

Porque é que os homossexuais querem casar? Para eles não é mais que um papel que tem
declarado a sua união matrimonial, para que é que eles precisam dessa validação? Já vivem na
mesma casa se quiserem, já têm relações sexuais se quiserem, qual é a vantagem de alcançar o
casamento? O casamento não é um obstáculo para viverem a sua vida.

- Luísa

No que concerne ao movimento LGBT, o conservadorismo, atendendo ao primado da prudência


racional e aos valores, nomeadamente à dimensão do significado da família, toma uma posição
progressista - não obstante a recusa por parte de certas correntes conservadoras - de aceitar a
comunidade e incluí-la igualmente na sua esfera política, por meio da criação do movimento
conservador LGBT (fundado no século XX).

Neste sentido, o conservadorismo, e correlacionando esta temática com o principal foco de um


conservador, a arte governativa, procura defender a separação entre a orientação sexual e a atitude
conservadora.

Embora a ligação entre estas duas dimensões possa ser entendida por muitos como inegável e
impossível de não interligar obrigatoriamente, denota-se na corrente em questão a necessidade de
distinguir os domínios e de afirmar a orientação sexual enquanto uma parte de um todo que
constitui o Ser Humano.

A afirmação da identidade sexual do cidadão tornou-se, no decorrer da História, parte crucial no


modus vivendi em sociedade. Porém, o puro conservadorismo LGBT almeja defender uma
diferente hierarquia social dentro das suas prioridades, em que os principais pilares da sua
constituição consistem na Justiça, na Lealdade, na Autoridade, na Propriedade, e não como
anteriormente referido, uma priorização do ímpeto sexual de determinada entidade.

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Neste sentido, e procurando explanar igualmente as limitações dentro da própria ideologia, o
matrimónio perde a sua expressão e valor fidedignos, uma vez que é entendido como uma união,
acima de tudo, com fins em prol da sobrevivência (perpetuação da espécie). Dada a
impossibilidade de conciliar as duas vertentes, embora aceite a comunidade, adota uma atitude
reservada e discreta.

Por conseguinte, a incompatibilidade entre estas duas corrente prova-se falsa, como várias vezes
surge enquanto crítica ao conservadorismo, a imobilização social não é compatível com a visão
conservadora, e também esta comunidade aceita, dentro da sua perspetiva, a mudança dos tempos.

- Constança

DIREITO À VIDA
Ao se tornar o aborto e a eutanásia legal está se acometer um crime contra a humanidade e
a natureza humana. É grave que as leis civis se afastem da moralidade, dos princípios da lei
natural.

ABORTO

A criança não pode ser vista com desprezo mas sim com felicidade, não com repugnância e como
uma carga, mas sim com amor e como uma benção. não se pode exterminar a vida de uma criança
pelo capricho de uma mãe, ou pela comodidade de uma família. Não pode ser permitido que haja
um “feticídio”, visto que na ordem moral não passa apenas de que uma matança de micróbios -
também corpos estranhos e não desejados - por meio de uma injeção de penicilina. Para os “pro-
choice”, os fetos são vistos como coisas e não como pessoas, logo não têm direitos, no entanto,
sabem perfeitamente que se for dada a oportunidade pode sim, chegar a ter direitos. O que esta
visão nos oferece é, por assim dizer, um aborto com um passo prévio metafísico: o passo de
suprimir o caráter ou identidade humana do ser vivente que há no útero. E, depois desta
intervenção metafísica - operação verdadeiramente sem dor (aplicando uma “anestesia” à
consciência) - já não há especial dificuldade, quer pela intervenção cirúrgica ou farmacológica,
em suprimir o que fica no útero, que privado da sua condição humana já não é um “eu”, não é
mais que uma coisa.

É importante recordar que as Nações Unidas, em sessão plenária em Novembro de 1959,


aprovaram unanimemente uma declaração de direitos da criança nos seguintes termos
(preâmbulo): “Considerando que a criança, por motivo da sua falta de maturidade física e
intelectual, tem necessidade uma proteção e cuidados especiais, nomeadamente de proteção

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jurídica adequada, tanto antes como depois do nascimento;”. Depois também temos no documento
“Convenção sobre os Direitos da Criança” adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas em
20 de Novembro de 1989 e ratificada por Portugal em 21 de Setembro de 1990, o artigo 6, nª2; o
artigo 8; o artigo 19; o artigo 23; o artigo 24; o artigo 27, nº3; e o artigo 37.

https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/declaracaodtoscrianca.pdf - terceiro parágrafo


no preâmbulo

https://www.unicef.pt/media/2766/unicef_convenc-a-o_dos_direitos_da_crianca.pdf - último
parágrafo da página 6

Um argumento utilizado pelos abortistas é que o caráter de “pessoa” da criança não nascida não
depende de fatores biológicos, nem de fatores temporais (viabilidade, nascimento), mas sim do
fator psicológico. Baralhando conceitos da psicologia moderna - conceitos que realçam a
importância das relações intersubjetivas no processo de “personalização” - alguns abortistas
perguntam se a criança não nascida, antes de ter sido aceite pelos pais, pode ser considerada como
pessoa; dizem que se falta essa aceitação não pode ser considerada como pessoas nem possuir os
direitos da pessoa humana. É evidente que é antes e não depois de gerar um filho que os pais
têm de decidir se o querem ou não.

Pode- se afirmar que o que hoje nasce é humano e o que ontem estava no útero não o era? E se
uma questão é uma questão de viabilidade, poder-se-á dizer que uma criança recém-nascida é
significativamente mais viável do que uma criança ainda no útero?

Não deve haver o pensamento de: “Esta vida não vale a pena ser vivida. É uma vida com a
capacidade de ser tão defeituosa que é melhor que acabe já. Esta vida que, se não for tirada, se
converterá numa vida humana, indigna de ser vivida. Portanto matêmo-la”. A base essencial,
sobre a qual podemos manter os chamados direitos democráticos, é que todo o ser humano é um
valor inviolável; e que ninguém, nenhum Estado, nenhuma autoridade, nenhuma pessoa, pode
julgar que a vida de outro é uma vida inútil, sem valor, eliminável. O que não se pode fazer em
nome do humanitarismo, é o juízo de que uma pessoa não é digna de viver mesmo que tenha que
viver em condições indignas. Esse juízo não é um juízo humanitário, mas um juízo totalitário.
Quando se faz esse juízo acabou-se o humanitarismo.

É importante notar que o aborto pode causar um risco maior à vida da gestante. O aborto,
por ser um procedimento contra a natureza, poderá acarretar danos irreversíveis para a
mulher.

Também é importante ressaltar que os abortos por violação representaram em 2008 apenas
0,2% de todos os abortos.

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É um assunto delicado em que devido à violência e ao trauma por que passou a vítima, pode fazer
sentido o Estado dar a opção da mulher ter ou não o filho. Mas ressalvamos que o bebé que quer
nascer não tem culpa dos crimes do progenitor biológico, pelo que devem ser dadas todas
as condições e incentivos para a mulher ter o filho, tais como apoio psicológico e económico.

Mas consideramos que os restantes 97% de abortos (que não abrangem violações, perigo de vida
da mãe ou mal formação grave do feto) são uma grave injustiça.

Os defensores do aborto alegam, com razão, que muitas vezes as mulheres optam por não ter os
filhos por falta de condições. Nós, como conservadores, defendemos que o Estado deve garantir
a todas as mulheres as condições para levar a gravidez adiante. As mulheres não se podem
sentir abandonadas e sim apoiadas.

Em 2007, quando o aborto foi aprovado, as pessoas estavam muito menos informadas acerca da
própria sexualidade e dos métodos contraceptivos. Hoje, 16 anos depois, todas as pessoas têm
acesso à internet e, por isso, toda a informação possível e inimaginável sobre saúde e
contracepção. Hoje todos os jovens têm educação sexual nas escolas, onde são ensinados sobre o
que fazer se não querem ter filhos.

A discussão sobre quando começa a vida humana está em aberto na medicina. Não há qualquer
consenso científico. Muitos dizem que a vida humana começa na fecundação com a criação do
ovo, outros dizem que começa quando o embrião se implanta no útero tornando-se viável. Outros
dizem que começa com as primeiras ondas cerebrais do feto ou com os primeiros batimentos
cardíacos. O que é certo é que não há consenso no começo da vida humana. Não havendo
consenso, é justificável que se arrisque estar a matar uma vida humana através do aborto? Uma
vez que enquanto sociedade não sabemos ao certo quando a vida humana começa não deveríamos
ter a prudência de não arriscar estar a matar alguém?

Em Portugal o aborto é permitido até às 10 semanas, considerando-se que depois começa a


vida humana, sendo por isso crime abortar. Faz sentido que seja absolutamente legal e
moral abortar às 10 semanas de gravidez mas que às 10 semanas e 1 dia já seja considerado
um crime e um atentado à vida humana? Qual é a biologia mágica que de um dia para o
outro transforma um "amontoado de células" em vida humana protegida pela lei?

EUTANÁSIA

Os que clamam pelo direito a uma morte assistida, uma morte digna, como muitos a
preferem apelidar, são os mesmos que ignoram convenientemente as dificuldades
enfrentadas ao nível do serviço nacional de saúde para garantir o acompanhamento médico
nos períodos terminais de doença, o que evidencia afinal, a hipocrisia que enerva o debate.

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Os novos direitos não servem para proteger as pessoas do Estado, mas para “libertar as
pessoas a fim de lhes expandir os poderes”: direito a dispor do corpo, direito a morrer
voluntariamente, direito a abortar, direito a eutanasiar terceiros, direito à liberdade sexual, direito
à procriação medicamente assistida, direito à maternidade de substituição, direito a
homoparentalidade. Trata-se, portanto, de direitos que na expressão de Puppinck
“proporcionam ao indivíduo a liberdade de negar a natureza, a vida, o corpo, a família, a
religião, a moral, e as tradições”, direitos “niilistas”, “narcísicos” e “violentos”.

É importante referir que a Associação Médica Mundial se posicionou contra a eutanásia,


após profunda análise. Por cá, não só a Ordem dos Médicos se posicionou contra (incluindo
o actual bastonário e todos os antigos bastonários vivos) como também a Ordem dos
Enfermeiros, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e a Associação Nacional
de Cuidados Paliativos deram o seu parecer negativo.

“Mas se a eutanásia for aplicada, seria apenas em casos específicos!”. Na Holanda, de 2002 a
2017, o número de mortes por eutanásia quadruplicou, passando de 1,2% do total de mortes para
4,2%. O que equivale a 20 mortes por dia. A drástica subida destes números deve-se a uma
verdadeira “rampa deslizante”. A experiência demonstra que não é possível restringir a eutanásia
a situações raras e excepcionais. De ano para ano, de mês para mês, vão-se abrindo precedentes
num país onde até já se discute a disponibilização de um comprimido suicida para maiores de 70
anos “cansados de viver”. Para além disto, estima-se que na Holanda morram 1 000 pessoas por
ano sem terem dado o seu consentimento prévio, explícito, livre e voluntário. Choca-nos o caso
da idosa holandesa de 74 anos com demência, cujo médico ao tentar aplicar-lhe a injeção letal, se
viu obrigado a pedir à família da idosa que a agarrasse, pois esta “lutava desesperadamente” para
não ser morta. Acontece que a idosa previamente teria manifestado o desejo de morrer “quando
chegasse a altura”. Para uma lei “muito bem legislada” que apenas abrangeria casos específicos
e pontuais e que não permitira abusos, não me parece estar a sair-se lá muito bem.

Estes casos passaram-se em países mais desenvolvidos que o nosso, onde os hospitais públicos
têm mais e melhores meios de fiscalização e onde o Estado em geral funciona bastante melhor.
Em Portugal, um país com o SNS falido, onde mesmo antes da Covid-19 morriam doentes com
regularidade nas urgências, uma lei deste género só nos pode levar a temer o pior. Será desastrosa.

Não é razoável nem legítimo discutir-se a eutanásia em Portugal quando (em 2018) mais de
70 mil doentes, em Portugal, que necessitam de cuidados paliativos, continuam sem ter
acesso aos mesmos, entre 69% a 82% dos doentes que morrem todos os anos precisavam
deste tipo de cuidados, são mais de 80% as pessoas que não chegam a tê-los. E em 2021 mais
de 80 mil doentes precisaram de Cuidados Paliativos, no entanto apenas 24 mil receberam esta
assistência. Esta "liberdade de escolha” não passa de uma mentira quando as opções oferecidas
pelo Estado a um doente em sofrimento intolerável, sejam ficar meses à espera de vaga numa
unidade de Cuidados Paliativos ou ser morto naquela mesma tarde. Todos os países que
legalizaram a eutanásia pararam de investir em cuidados paliativos. No país onde as obras da ala
oncológica pediátrica do hospital de São João demoram dez anos a ser concluídas, o destino não
será diferente.

A eutanásia não acaba com o sofrimento, acaba com a pessoa.

- Luísa

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AMBIENTE
Podemos voltar a falar do termo oikophilia - amor pela casa. Entendendo assim, o planeta terra
como casa, temos que cuidar deste pois sentimos uma paixão inigualável por este.

De facto, ao contrário dos outros grupos pertencentes à ideologia ambientalista, que têm uma
visão globalista sobre os temas que o caracterizam, o conservador centra a sua atenção, de forma
prioritária, na preservação dos ambientes, paisagens, comunidades e práticas locais. No último
aspecto, a afinidade do conservadorismo verde com o conservadorismo nacional é evidente.

Muitas das vezes são mortas as árvores que têm uma importância histórica, que já estiveram ao
pé de personagens históricas de uma importância incalculável, para assim favorecer as
construções dos que não se preocupam. A flora dá nos oxigénio, é das poucas coisas que o homem
não consegue controlar (na medida em que não decidimos quantas folhas tem nem quantos ramos
etc.), é um património virtuoso que herdamos da terra e que tem necessidade do nosso
empenhamento para as manter. O ambiente não pode ser destruído de acordo com os caprichos
dos interesses poderosos.

Existem vários tratados em prol das mudanças climáticas, um tema que causa muito pânico entre
a população, complicado de resolver. Este leva-nos a ignorar problemas que podiam ser resolvidos
- tais como a pesca em excesso, a destruição da biodiversidade pelos pesticidas e a utilização
tresloucada de embalagens, uma peste residente no oceano.

Mas quais são as soluções?

Não podemos assumir um espírito vingativo, mas sim um espírito fiduciário; não tratados não
executórios, mas exemplos, concretos de administração bem-sucedida; não o ataque aos
mercados, mas o uso destes para restaurar o equilíbrio.

- Luísa

DILEMAS DO CONSERVADORISMO
(Fawcett, Edmund, Conservadorismo, a luta por uma tradição, edições 70, 2021, Lisboa)

- continuidade - coerência: visto tratar-se sempre de um ajuste aos tempos (poderá resolver-se
com o apelo da primazia da moderação e equilíbrio - sapiência e sabedoria)

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- Ideais de unidade social / autoridades e propriedade vieram a alterar-se no decorrer dos tempos

- Capitalismo vê-se também destruído pelas ideias conservadoras - perde-se aquilo que os
conservadores tanto procuram manter - a familiaridade; a propriedade perdeu o seu jeito, o seu
significado, não existe então uma classe de proprietários, não existe em consideração o caráter
humano, intrinsecamente conectado ao mundo económico, este perdeu-se.

- A ambiguidade do conceito e o fator da circunstancialidade

- Constança

AS PERSPECTIVAS EM COMPARAÇÃO
John Rawls estabeleceu uma teoria com base numa abstração, teoria da justiça que parte de uma
situação hipotética, em que os indivíduos de uma sociedade nada sabem sobre si, encontram-se
protegidos por um véu de ignorância. Onde existe esta sociedade? É impossível, porque nós
conhecemos os nossos professores, vizinhos, vivemos em comunidade. A reflexão política deve
começar pela comunidade. Deve garantir as “teias” de relacionamento social e comunitário, a
sociedade é feita de indivíduos, ligações entre comunidades, tradições, associações, etc.

- Érica

Aquando do nascimento da ala liberal, uma das suas principais críticas - centrada no seu objetivo
principal - consistia na conceção de um novo Mundo, a crença na possibilidade de edificar
novamente uma realidade, sem para ela levar algo do passado. Transposta para a época
contemporânea, constituiria pilares com saída sem custos, intemporalidade e uso instrumental
(Scruton).

Surge, no entanto, uma outra resenha paralela: hiperbolização do desejo de autonomia das
pessoas, a necessidade pela falta de uma autoridade. A nova era, reestruturada sob a alçada liberal,
invoca o pessimismo, invoca a insatisfação perante aquilo que o cidadão/indivíduo já possui – a
presente situação.

A Revolução Francesa ocorria simultaneamente com a revolução da ciência - o progresso do


conhecimento. Contudo, o progresso científico conduziu à progressão moral? Ao enriquecimento
ético e moral do Mundo?

O progresso que os liberais efetuaram é diretamente proporcional aos pensamentos pessimistas


de Schopenhauer, Nietzsche e Kierkegaard. Devemos então ter o mundo em consideração como
sendo absurdo, e por conseguinte, sendo o nosso ideal meramente uma quimera inatingível,
desconsiderado como um todo? A Insatisfação gera insatisfação. Viver é então sofrer com
pequenos episódios felizes? A futilidade dessa realidade.

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Tendo em consideração o desenrolar da História, denota-se uma inconsistência, visto que, após
revolução se observa um período de total caos e anarquia, em que aqueles que tanto apelaram à
liberdade e a igualdade foram os mesmos que originaram a sociedade em que hoje vivemos. O
advento da Idade Moderna trouxe consigo também uma nova conceção da sociedade - e observa
se assim outra das falácias do liberalismo - não é possível almejar edificar uma sociedade, qual
fénix renascida (e não procuro interligar tal pensamento com a história da Alemanha - fénix
duplamente renascida ) , em que devemos dizimar o que de trás vem. Como seria possível
construir um Mundo assim? Obrigar os cidadãos a subtraírem-se deste país, iniciar um processo
de tabula rasa, recusando o passado e desejando o futuro.

- Constança

CONCEITOS COM A PERSPECTIVA CONSERVADORA

JUSTIÇA/LEI - A responsabilização não é algo que devamos evitar, é algo que precisamos de
aprender. sem ela, nunca poderemos adquirir a capacidade de amar nem a virtude da justiça.
Apenas animais irracionais não se responsabilizam. as outras pessoas continuarão a ser para nós
meros mecanismos complexos, a negociar da mesma maneira em que negociamos com animais,
em nosso próprio benefício e sem abrir a possibilidade do julgamento mútuo. A justiça é a
capacidade de ver o outro como alguém que espera alguma coisa de nós , como um sujeito livre
que tal como nós solicita a nossa responsabilização.

- Luísa

FAMÍLIA - Numa família estruturada, o marido ama unilateralmente sua esposa (e vice-versa) e
mostra esse amor respeitoso, intenso e belo na frente de sua prole. Uma família assim constituída
tem uma menor probabilidade de formar homens parvos que mais tarde tratarão as mulheres com
escárnio ou como se fossem meras tralhas. Afinal, se o exemplo que o pai oferece aos filhos é o
esmero e o cuidado respeitoso que ele próprio oferece à mãe, não há motivo de caráter familiar
para que essas crianças posteriormente venham tratar as mulheres que se encontrem na sua vida
de maneira indigna. Nenhuma criança tratará a amiga ou irmã com inferioridade, ao ver em casa
o pai tratar a mãe respeitosamente.

Por isso, a família tem um papel ímpar e irrevogável na sociedade: a família é a primeira escola,
a primeira Igreja, o primeiro purgatório e o primeiro céu. A família é anterior ao Estado e, como
tal, será esta que ditará como o indivíduo se portará na sociedade, e com que mentalidade que
mais tarde será gerido o Estado; por uma mentalidade materialista e utilitarista, ou por uma de
valores éticos e respeito a limites.

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- Luísa

RELIGIÃO - Não é necessário um obediência à religião para cumprir a cidadania, pois em


qualquer conflito são os deveres e direitos do cidadão que prevalecem, não os do crente, pois
todos temos o direito à liberdade. É preciso conceder a todos o direito de serem diferentes.

- Luísa

PROPRIEDADE - A propriedade privada é a origem da elevação da humanidade, das suas


virtudes, da cultura e da responsabilidade. Desta forma, o conservador é mais liberal do que
muitos que se autodenominam assim. O que os políticos conservadores têm em comum é o que
vêm a afirmar há décadas: não há eliminação da pobreza sem criação de riqueza. Ao respeitar a
propriedade do indivíduo há uma valorização da dignidade do Homem.

- Luísa

IGUALDADE - A igualdade para um conservador tem que ser garantida na dignidade entre todos
os Homens, e a igualdade de dignidade pressupõe o reconhecimento de que todos os Homens são
diferentes entre si, e que não há igualdade sem liberdade.

- Luísa

DIREITO - Meio pelo qual o estado tem de manter a ordem e a defesa dos direitos naturais. Deve
respeitar as tradições e costumes que não interfiram com o Direito Natural.

- Luísa

PÓLIS - “O cidadão é amigo do estado que retribui a sua amizade.” - esta frase é dita por
Aristóteles mas apenas uma pólis virtuosa é que pode tornar este tipo de amizade real, sendo uma
pólis virtuosa aquela que promove e encoraja a virtude nos seus cidadãos. “A visão da pólis
apresentada por Aristóteles é a de uma sociedade organizada por e para o propósito de uma
amizade, em que se encoraja a amizade nobre por virtude, não apenas entre indivíduos mas entre
os indivíduos e o Estado”(1). Hoje em dia a pólis virtuosa é inexistente em Portugal, existindo
assim apenas uma amizade por interesse. O Estado oferece um contrato ao cidadão, onde não
exige nada para além do respeito pelos termos do negócio, se os benefícios não forem do agrado
do indivíduo, este procurará pelo mundo fora por um melhor acordo. O contrato consta apenas de
uma necessidade comum mas temporária, de lucro. Sendo assim ignoradas quaisquer paixões pela
pátria e o vínculo afetuoso é cuidadosamente evitado. Quando Philip Bobbitt fala de “Estado
mercado” refere-se a esta situação, aquele em que as antigas noções de lealdade nacional e dever
patriótico são substituídas pela fidelidade condicional em contrapartida de benefícios materiais.

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- Luísa

LIBERALISMO - Qualquer homem são, há de reconhecer que a liberdade ilimitada é anarquia,


ou melhor, não é nada. A ideia cívica de liberdade é dar ao cidadão uma província em que ele é
livre, um território circunscrito em que ele é rei.

- Luísa

CIRCUNSTÂNCIAS HUMANAS - As circunstâncias também determinam o tipo de resposta a


ser imposto para com a ameaça. Burke, «as circunstâncias dão a cada princípio político a sua cor
distinta e efeito discriminatório». São elas que apontam para a desejabilidade de determinados
cursos de ação.

- Érica

TRADIÇÃO - Não resultam ou resultaram de um ato consciente de criação humana, são mais
profundas porque foram naturalmente sobrevivendo pelas gerações que nelas encontrarão
vantagens que aconselharam a sua manutenção. São o ponto de partida para uma atitude
reformista.

- Érica

PRECONCEITO - “praejudicium”, um precedente ou julgamento baseado em decisões ou


experiências passadas que, pela sua validade comprovada, informam decisões ou experiências
presentes e futuras: o tempo trouxe até ele princípios ou instituições que sobreviveram aos «testes
de tempo»; essa sobrevivência cria uma razão favorável à mudança e conservação de tais
princípios ou instituições.”

- Érica

LIBERDADE versus IGUALDADE - A liberdade e igualdade são incompatíveis para Burke: São
valores contrários: “A finalidade permanente da liberdade é a proteção do individuo e da
propriedade da família – palavra usada no seu sentido mais lato, incluindo tanto imaterial como
material. O objetivo inerente da igualdade, por outro lado, é a redistribuição ou nivelamento dos
valores imateriais ou materiais duma comunidade, designadamente distributivos. Além disto,
sendo o vigor individual do espírito e do corpo diferente nos indivíduos desde o nascimento, todos
os esforços para compensar esta diversidade de formas por meio da lei e do governo só podem
prejudicar as liberdades dos interessados; especialmente dos mais fortes e mais brilhantes.”
(Robert Nisbet, O Conservadorismo, pp.83-84)

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- Érica

NOTAS:
- Cada aluno vai enviar o seu trabalho individual e este.

- Encurtámos o trabalho o mais que possível, no entanto, pedimos desculpa pelo tamanho.

- naturalmente que não tivemos espaço para pôr tudo o que queríamos e alguns textos não estão
completos, daí deixarmos a nossa assinatura no final de cada excerto, e os nossos trabalhos
disponíveis para que, se assim a professora o entender, consultá-los.

- Eis os vídeos que a Francisca utilizou para se preparar para o debate:

https://youtu.be/mmNfy0jB9yw
https://youtu.be/NCRKfS2en90
https://youtu.be/AHbcVPXeIuM
https://youtu.be/Hy7clwYGrxg

- E mais uma vez pedimos desculpa pelo comprimento do trabalho.

FONTES

https://leiturasdi.versas.wordpress.com/2017/06/04/a-historia-da-familia-g-k-chesterton/

Diogo Araújo Dantas no artigo “Ser conservador: afinal era tudo mentira” no Observador -
https://observador.pt/opiniao/ser-conservador-afinal-era-tudo-mentira/

COMO SER UM CONSERVADOR de Roger Scruton

Professor Manuel Monteiro sobre Mercado e Economia na Aula aberta de Filosofia -


https://www.youtube.com/watch?v=Hy7clwYGrxg

https://gddc.ministeriopublico.pt/sites/default/files/declaracaodtoscrianca.pdf

https://www.unicef.pt/media/2766/unicef_convenc-a-o_dos_direitos_da_crianca.pdf

“O ABORTO” do Sacerdote Cormac Burke

“EUTANÁSIA Morte da pessoa e do direito” de Mafalda Miranda Barbosa na 1º edição


da revista “CRÍTICA XXI”

https://www.rtp.pt/noticias/pais/mais-de-56-mil-doentes-sem-cuidados-paliativos_v1354594

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https://www.dn.pt/portugal/cuidados-paliativos-nao-chegam-a-mais-de-80-dos-doentes-
9364757.html

António Maria Saldanha no artigo “Entre caos e mortes, ‘bora lá falar de Eutanásia” no
Observador - https://observador.pt/opiniao/entre-caos-e-mortes-bora-la-falar-de-eutanasia/

Pedro Henriques Alves no Burke Instituto Conservador -


https://www.burkeinstituto.com/blog/atualidades/familia-manjedoura-da-humanidade/

Thiago Rafael Vieira no artigo “Sou conservador – Escolho a família tradicional” em Voltemos
ao Envagelho - https://voltemosaoevangelho.com/blog/2020/02/sou-conservador-escolho-a-
familia-tradicional/

https://www.dn.pt/arquivo/2008/amp/so-3-dos-abortos-sao-feitos-por-razoes-medicas-
993750.html

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