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INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES

Química e Ciências dos Materiais


Aula: Pilhas
Autores: Prof.Francisco Eduardo de Carvalho Costa e Identificação: Aula 07 Folha: 1 de 7
Prof.Carlos Alberto C. Vasques
Nome: Data:

1 - Objetivos

Construção, determinação do potencial da Pilha de Daniel;


Algumas observações importantes e estimativa do tempo de vida útil.

2 – Introdução

A transferência de elétrons do agente redutor para o agente oxidante é a condição principal em


uma reação de oxi-redução. A tendência que possui um elemento para perder ou ganhar elétrons varia
de acordo com a sua posição na tabela periódica. O potencial normal de oxidação é uma medida
quantitativa desta tendência.
Na reação de oxi-redução ( ou redox ), tanto a oxidação quanto a redução ocorrem ao mesmo
tempo, e não é possível a existência de uma sem a outra. Quando um elemento sofre oxidação,
obrigatoriamente outro elemento deverá estar sofrendo redução, ou vice-versa. O número de elétrons
envolvidos na oxi-redução permanece inalterado, ou seja, os elétrons liberados na meia-reação de
oxidação são captados por outra espécie na meia-reação de redução
Como não é possível medir o potencial absoluto de um elemento, mede-se seu potencial
relativo tomando-se como padrão o elemento hidrogênio, ao qual foi atribuído, arbitrariamente, o
potencial E=0,000 volts.
A reação do eletrodo padrão de hidrogênio é:

½ H2(g) ↔ H+ (aq) + 1e- ( E0 = 0,000 volts )

Aos eletrodos que perdem elétrons mais facilmente que o hidrogênio, são atribuídos potenciais
positivos (+) e aqueles que ganham elétrons mais facilmente, potenciais negativos (-).
Uma tabela de potencial normal de oxidação é de grande valia para a previsão da
espontaneidade das reações de oxi-redução. Qualitativamente, pode-se afirmar que a forma reduzida de
qualquer elemento ou íon, no estado padrão, reduz qualquer forma oxidada colocada abaixo dela na
tabela.
O potencial de uma célula (pilha) pode ser calculado a partir dos potenciais das semi-células.
Este potencial será a soma algébrica dos potenciais das semi-células. Quando o valor do potencial da
célula for positivo, a reação ocorre espontaneamente. Caso a soma dos potenciais das semi-células for
um valor negativo, a reação não será espontânea.
Pode-se também, de posse deste valor, calcular a variação de energia livre (F) ocorrida:

[J] ou [Kcal/mol]

O sinal negativo da variação de energia livre indica que o processo é espontâneo, ou seja, a
pilha está produzindo trabalho e perdendo energia:

= GFINAL - GINICIAL sendo: GFINAL < GINICIAL


Onde:
n = número de moles de elétrons transferidos.
F = Faraday, que vale 96.500 coulomb.
Eº = potencial da pilha.
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3 - Tabela de potencial normal de oxidação

Reação E0 Volts
Li(s)  Li+(aq) + 1e- +3,05

K(s)  K+ (aq) + 1e- +2,92

Ba(s)  Ba+2(aq) + 2e- +2,90


Ca(s)  Ca+2 (aq) + 2e- +2,76
Na(s)  Na+(aq) + 1e- +2,71
Mg(s)  Mg+2(aq) + 2e- +2,38
Al(s)  Al+3 (aq) + 3e- +1,66
Mn(s)  Mn+2(aq) + 2e- +1,03
H2 + 2OH-  2H2O + 2e- +0,83

Zn(s)  Zn+2 (aq) + 2e- +0,76


Cr(s)  Cr+3(aq) + 3e- +0,74
Fe(s)  Fe+2 (aq) + 2e- +0,44

Pb + SO4-2  PbSO4 + 2 e- +0,36

Ni(s)  Ni+2 (aq) + 2e- +0,25


Sn(s)  Sn+2 (aq) + 2e- +0,14
Pb(s)  Pb+2 (aq) + 2e- +0,12

H2(g)
 H+ (aq) + 1e- 0,00
Ag + Cl-  AgCl 1e- -0,22
+
-0,27
2Hg + 2Cl-  Hg2Cl2 + 2e-

Cu(s) Cu+2 (aq) + 2e- -0,34

I-1(aq)  ½ I2 (s) + 1e- -0,54


2Hg (l)  2e-
Hg+2 (aq) + -0,78
 1e- -0,79
Ag(s) Ag+ (aq) +
2H2O(l)  O2 (g) + 4H+(aq) + 4e- -1,23

Cl-  Cl2(g) + 2e- -1,36

H2O2(g) + 2H+ -1,77


2H2O(l)  + 2e-

2F-1  F2 (g) + 2e- -2,87

Observação: Eº = EºANODO - EºCATODO (para a tabela de potenciais de oxidação)

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4 - Pilhas

Se uma lâmina de cobre é mergulhada em uma solução contendo íons de cobre, uma das
seguintes reações pode ocorrer:
Cu+2 + 2e-  Cu0
O potencial elétrico desenvolvido por essas reações impede, entretanto, que elas prossigam.
Estas reações são chamadas de semi-reações e só ocorrem quando associadas a outras semi-reações.
Analogamente, uma lâmina de zinco numa solução contendo íons de zinco, pode dar origem às
seguintes semi-reações:
Zn+2 + 2e-  Zn0
Estas semi-reações, entretanto, são proibidas de continuar devido ao potencial criado por elas.
Se as lâminas (eletrodos) de cobre e de zinco mergulhadas nas soluções dos respectivos íons
forem ligadas por um fio e, se as soluções forem conectadas através de uma membrana porosa ou por
uma ponte salina ( tubo em U contendo solução de eletrólito, geralmente NH4NO3 ou KCl ), veremos
que um fluxo de elétrons irá se deslocar através do fio metálico, do eletrodo de zinco (Zn0 +2 + 2e-
) para o eletrodo de cobre (Cu+2 + 2e- 0 ). O eletrodo de zinco começa a se dissolver e o
cobre metálico se deposita sobre o eletrodo de cobre. A solução de Zn+2 fica mais concentrada e a
solução de Cu+2 fica mais diluída.
Podemos, assim entender a finalidade da ponte salina. Uma vez que íons Zn+2 são formados e,
a medida que elétrons deixam o eletrodo de zinco, temos um processo que tende a produzir uma carga
efetiva positiva no recipiente que contém Zn+2. Da mesma forma, no recipiente onde há redução de
Cu+2 a Cu0, ocorre diminuição de cargas positivas e, consequentemente, há um acúmulo de carga
líquida negativa.
A ponte salina contendo solução concentrada de eletrólito ( por exemplo KCl ) evita que haja
este desequilíbrio de cargas, fornecendo íons K+ para o lado onde há o acúmulo de cargas negativas e
íons Cl- para o lado onde há o acúmulo de cargas positivas. Com isto, a passagem de corrente elétrica
pelo circuito externo não é impedida e a reação de oxi-redução se mantém.
A reação global desta pilha, denominada Pilha de Daniel, será:

Zn0 + Cu+2 → Zn+2 + Cu0


e pode ser representada da seguinte maneira :

Zn0 / Zn+2 // Cu+2 / Cu0


A barra simples representa a separação de fase onde a diferença de potencial é considerada e a
dupla barra representa a separação entre as duas fases líquidas ( através da membrana porosa ou ponte
salina ).
Normalmente a pilha é escrita segundo o mesmo sentido em que a reação se processa. Por
exemplo, a pilha X0 / X+ // Y+ / Y0 corresponderia à reação:

X0 + Y+ → X+ + Y0

e a pilha Y0 / Y+ // X+ / X0 corresponderia à seguinte reação :

Y0 + X+ → Y+ + X0

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5- Equação de Nernst

As experiências mostram que a voltagem gerada pelas pilhas depende das concentrações das
espécies envolvidas no seu funcionamento.
A equação que mostra como a voltagem de uma pilha depende das concentrações dos reagentes
é a chamada equação de NERNST.
Se a reação global de uma pilha é aA + bB = cC + dD , a equação de NERNST nos diz
que a voltagem da pilha será dada por :

0
O potencial E é o potencial padrão da pilha e n é o número de elétrons transferidos na reação.A
equação de NERNST nos sugere também que seria possível gerar uma voltagem numa pilha apenas por
uma diferença de concentração dos reagentes, mesmo que a natureza das duas pilhas sejam iguais e,
0
portanto, o  E seja zero. Explicando melhor, se tivermos uma pilha que consiste de dois eletrodos
de prata mergulhados em solução 1 Molar e 0,01 Molar, respectivamente, de íons de Ag+, teremos
uma voltagem de 0,12 volts que é devida somente a uma diferença de concentrações, pois os dois
eletrodos são iguais. Tal tipo de pilha é denominado de Pilha de Concentração.

6- Procedimento prático

6.1 - Lista de materiais

- 02 béquers de 140 ml - Sulfato de Zinco


- Bastão de vidro - Sulfato de Cobre
- Vidros de relógio - Cloreto de Potássio
- Tubo de vidro em U - Eletrodo de zinco
- Funil de Vidro - Eletrodo de cobre
- Proveta de 50 ml - 02 cabos BAN-JAC (1 vermelho, 1 preto )
- Balança - Voltímetro
- Pisseta ( água destilada ) - Espátula
- Algodão - Bombril

No procedimento prático desta experiência faremos a construção da Pilha de Daniel e


determinaremos a f.e.m. gerada pela mesma.

a) Prepare as duas soluções da pilha, são elas:


- Solução 0,05 M de ZnSO4, 100 ml (1,45 g de ZnSO4 )
- Solução 0,05 M de CuSO4, 100 ml (1,45g de CuSO4 )
Obs.: Note que estes dois sais são hidratados e portanto, o peso molecular utilizado nos
cálculos das respectivas massas a serem utilizadas deverá ser o indicado nos frascos do reagentes.

b) Limpe a barra de zinco e a lâmina de cobre com bombril e lave-as em água destilada.

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c) Monte uma ponte salina (ver no tópico 7 deste relatório)
d) Monte o esquema abaixo:

1 - Solução de CuSO4
2 - Solução de ZnSO
3 - Placa de Cobre
4 - Placa de Zinco
5 - Ponte salina
6 - Cabo ban-jac vermelho ( a ser ligado no terminal positivo do voltímetro ).
7 - Cabo ban-jac preto ( a ser ligado no terminal negativo do voltímetro ).
8 – Voltímetro
9- Potenciômetro (500 Ω)

e) Faça a leitura do voltímetro e anote o resultado.( volts).


f) Faça também a leitura da corrente que circula ( ampères).
g) Fazer no mínimo cinco medidas.

7 - Detalhes construtivos da ponte salina

A ponte salina é um meio que usamos para completar o circuito de uma pilha aquosa. Note que
se retirarmos a ponte salina a reação cessa.
Atente para o fato de que não existe fluxo de elétrons na ponte salina. O que existe é uma
equalização de cargas feitas por trocas iônicas entre as soluções
Em pilhas de diferentes concentrações, devido ao fato das soluções apresentarem pressões
osmóticas diferentes, a ponte salina pode transportar os íons de uma solução para outra. Este é um fato
observado nas pilhas de concentração.
A ponte salina é uma solução iônica geralmente constituída de KCl ou NH4NO3. Em nossa
experiência utilizaremos o KCl.
Existem outros meios de se “fechar” o circuito de uma pilha aquosa, como por exemplo a cuba
com parede porosa.

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Enfim, para se construir uma ponte salina, devemos proceder da seguinte maneira:

a) Prepare uma solução de 25 ml de KCl a 1 M;


b) Despeje esta solução no tubo em “U” (previamente limpo), completando-o totalmente;
c) Tampe o tubo já cheio com bolinhas de algodão previamente encharcadas com água;
d) Certifique-se de que não houve formação de bolhas no tubo em “U” e verifique se as mechas de
algodão ficaram bem firmes. Isto serve para “segurar” bem a solução no interior do tubo.
e) Sua ponte salina já está pronta. Agora é só colocá-la na pilha seguindo o esquema de montagem da
mesma apresentado no tópico 6 deste relatório.

8 - Questionário

1) Qual o elemento que funciona como ANODO ?


2) Qual o elemento que funciona como CATODO?
3) Escreva a reação de oxidação.

4) Escreva a reação de redução.

5) Escreva a reação total da pilha.

6) Qual o elemento oxidado?


7) Qual o elemento reduzido?
8) Qual o metal que diminui a massa?
9) Qual o sentido do fluxo de elétrons?
10) Qual o sentido convencional da corrente elétrica?

11) Qual o E0 da pilha?


12) Qual a variação de energia livre da pilha?
13) Cite um elemento para ocupar o lugar do cobre de modo que a pilha mude de polaridade.

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9 – Procedimento para se estimar a vida útil de uma pilha

Fig. Pilha montada: a primeira leitura do potencial poderá ocorrer a qualquer instante, porém há
necessidade de deixar conectado as lâminas (Cobre – Zinco), para haver consumo. A leitura é
feita rompendo a conexão entre as lâminas e interligando o voltímetro entre elas. Após a leitura
as lâminas são novamente conectadas.

NOTA: Resistores poderão ser utilizados para acelerar ou retardar o processo (velocidade).
Neste caso, deverá constar no projeto, o seu valor.

1) Coloque o sistema montado (visto acima) contendo as soluções (de sais de Zinco e Cobre), as
lâminas respectivas, a ponte salina, em um dos armarinho numerados, do laboratório;
2) Com cuidado, sem agitar as soluções e/ou tocar nas lâminas, faça a primeira leitura do potencial
e anote o valor,
3) A segunda, terceira, quarta e etc. leituras deverão ser feitas nos dias e horários em que o
professor e/ou monitor estejam presentes, se possível, acompanhando a leitura;
4) Após a terceira medida de potencial, deve-se esperar que o valor esteja diminuindo, mas
movimentações no sistema (soluções e/ou lâminas) podem provocar oscilação e acarretar
leituras indesejadas;
5) Com um número suficiente de leituras, pode-se, através da regressão linear, chegar a uma reta
capaz de melhor representar o que deverá ocorrer, ou seja, o potencial chegará ao valor ZERO
num tempo determinado pela equação da reta;
6) Com auxilio de uma planilha que será enviada – via Portal, as equipes poderão determinar essa
reta com os valores de potenciais encontrados e facilmente chegar ao tempo estimado de vida
útil;
7) Esse item deverá ser incluído no projeto Pilhas, sendo assim, fundamental seu registro.

10 - Referências

1- Cartledge, G. H., “ Studies in Corrosion”, Scientific American, 195, 35, 1956. Para o estudante que
deseja leitura suplementar.
2- Corrosion of Metals, Cleveland: American Society for Metals, 1946.
3- Corrosion in Action. New York: International Nickel, 1955. A melhor referência sobre corrosão
para o estudante que está começando. Escrito com simplicidade, excelentemente ilustrado, inclui
referências e experiências simples.
4- Guy. A. G., Physical Metallurgyfor Engineers. Reading, Mass.: Addison Wesley, 1962. O Cap. 11
discute a corrosão e a oxidação em um nível introdutório.

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