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3.

MEDIDAS DE POSIÇÃO - SEPARATRIZES

Muitas vezes torna-se necessário conhecermos outras medidas, além das de Tendência
Central. Assim, nesta Unidade estaremos estudando medidas de posição chamadas Separatrizes:
Mediana, quartis, decis e percentis.
Mediana é uma medida de posição que é simultaneamente, medida de tendência central e medida
separatriz. Por esse motivo a mediana foi estudada na aula anterior, assim passaremos ao estudo dos
quartis, posteriormente dos decis e percentis.
Já estudamos que a mediana separa a distribuição em duas partes iguais, e que cada parte contém o
mesmo número de elementos. Contudo, uma mesma distribuição pode ser dividida em duas ou mais
partes que contenham a mesma quantidade de elementos. O nome da medida de posição separatriz
será de acordo com a quantidade de partes em que é dividida a distribuição.

 Mediana: divide a distribuição em duas partes iguais (Xmd);


 Quartis: divide a distribuição em quatro partes iguais (Q1, Q2, Q3);
 Decis: divide a distribuição em 10 partes iguais (D1, D2, D3, D4, D5, D6, D7, D8, D9);
 Percentis: divide a distribuição em 100 partes iguais (P1, P2, P3, ..., P99).

3.1 Quartis (QK)

Nos quartis, a distribuição é dividida em quatro partes iguais. Os elementos separatrizes da


distribuição são Q1, Q2, e Q3.

25% 50% 75%

Q1 Q2 Q3

Q1: é o primeiro quartil, corresponde à separação dos primeiros 25% de elementos da


distribuição.
Q2: é o segundo quartil, coincide com a mediana (Q2 = Md).
Q3: é o terceiro quartil, corresponde à separação dos últimos 25% de elementos da
distribuição, ou seja, os 75% dos elementos da distribuição.

Para o cálculo dos quartis utilizam-se técnicas semelhantes àquelas do cálculo da mediana.
Consequentemente, podem-se utilizar as mesmas fórmulas do calculo da mediana, levando em
conta que onde houver a expressão  f i será substituída por K  f i , sendo K o número da ordem
2 4
do quartil, em que K =1 corresponde ao primeiro quartil; K = 2 corresponde ao segundo quartil e K
= 3 ao terceiro quartil.

3.1.1 Cálculo do quartil para o rol

1° Passo: Determina-se a posição do Quartil.


Kn
PQK  (onde K  1,2ou3)
4
2° Passo: Identifica-se a posição mais próxima do rol.
3° Passo: Verifica-se quem está naquela posição.

1
Exemplo: Calcule Q1, Q2 e Q3 para o seguinte conjunto de valores:
A4,1,8,0,11,10,7,8,6,2,9,12
Inicialmente precisamos colocar os valores em ordem (rol)
A0,1,2,4,6,7,8,8,9,10,11,12
a) Vamos utilizar os passos para o cálculo do 1° quartil:
1° Passo: Determina-se a posição do 1° quartil:
1  12
PQ1   3  posição do 1 quartil
4
2° Passo: Identificar a posição 3
3° Passo: Procura-se no rol o valor do número que está na posição identificada.
x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8 x9 x10 x11 x12
0 1 2 4 6 7 8 8 9 10 11 12

O número que corresponde a 25% do rol é o valor 2

b) Vamos utilizar os passos para o cálculo do 2° quartil:


1° Passo: Determina-se a posição do 2° quartil:
2  12
PQ 2   6  posição do 2 quartil
4
2° Passo: Identificar a posição 6
3° Passo: Procura-se no rol o valor do número que está na posição identificada.

O número que corresponde a 50% do rol é o valor 7

c) Vamos utilizar os passos para o cálculo do 3° quartil:


1° Passo: Determina-se a posição do 3° quartil:
3  12
PQ 3   9  posição do 3 quartil
4
2° Passo: Identificar a posição 9
3° Passo: Procura-se no rol o valor do número que está na posição identificada.

O número que corresponde a 75% do rol é o valor 9

3.1.2 Cálculo do quartil para a tabela sem intervalo de classe

1° Passo: Calcula-se a posição do quartil.

K  fi
PQK  (onde K  1,2ou3)
4

2° Passo: É necessário inserir a coluna das frequências acumuladas, e nela procurar o valor da
posição do quartil.
3° Passo: O Valor do quartil será o valor da variável que corresponde àquela classe.

2
Exemplo: Calcular os valores do Q1, Q2 e Q3 da tabela seguinte:

Tabela 3.1 – Números de acidentes /mês no Cruzamento X em Maputo


N° de acidentes / f F
mês
0 4 4
1 6 10
2 9 19
3 5 24
4 4 28
f  28

a) Vamos calcular inicialmente Q1


1° Passo: Determinar a posição do 1° quartil (25%)
1  28
PQ1   7  posição do 1 quartil
4
2° Passo: Procurar na coluna da F a posição do 7° elemento
3° Passo: A variável que corresponde à posição do 7° elemento é 1 (na segunda classe).
25% da pesquisa mostrou que este cruzamento teve 1 acidente / mês.

b) Vamos calcular o Q2
1° Passo: Determinar a posição do 2° quartil (50%)
2  28
PQ 2   14  posição do 2 quartil
4
2° Passo: Procurar na coluna da F a posição do 14° elemento
3° Passo: A variável que corresponde à posição do 14° elemento é 2 (na terceira classe).
50% da pesquisa mostrou que este cruzamento teve 2 acidentes / mês.

c) Vamos calcular o Q3
1° Passo: Determinar a posição do 3° quartil (50%)
3  28
PQ 3   21  posição do 3 quartil
4
2° Passo: Procurar na coluna da F a posição do 21° elemento
3° Passo: A variável que corresponde à posição do 21° elemento é 3 (na quarta classe).
75% da pesquisa mostrou que este cruzamento teve 3 acidentes / mês.

3.1.3 Cálculo do quartil em tabelas com intervalo de classe

Determina-se, inicialmente, a classe que contém o valor quartil a ser calculado. A identificação da
classe é feita por meio do termo da ordem calculada pela expressão:

K  fi
PQK  (onde K  1,2ou3)
4

Essa expressão determina a posição do referente quartil ou classe que contém o quartil. Assim,
temos:
3
 K   fi 
  Fant 
Qk  l qk   4   aQk
 f QK 
 
Sendo:

lQk = limite inferior da classe do quartil considerado.


Fant = frequência acumulada da classe anterior à classe do quartil considerado.
aQK = amplitude do intervalo de classe do quartil considerado.
fQK = frequência simples da classe do quartil considerado.

Exemplo:
Calcular os valores do Q1, Q2 e Q3 da tabela seguinte:

Tabela 3.4 – Pontos obtidos em teste de atenção por candidatos a um emprego.


Frequência
i Pontos) Frequência (fi)
acumulada (Fa)
1 0 ├ 40 3 3
2 40 ├ 80 8 11
3 80 ├ 120 18 29
4 120 ├ 160 15 44
5 160 ├ 200 10 54
  54
a) Vamos calcular a classe a que pertence o quartil Q1 (k=1), ou seja, a posição:

1  f i 54
P Q1 =   13,5
4 4

Observando a coluna de frequência acumulada, verificamos que o 13,5º termo pertence à terceira
classe (a frequência acumulada da teceria classe abrange do 12º termo ao 29º termo). Sabendo que a
classe do primeiro quartil é a terceira classe, podemos verificar qual o valor numérico do primeiro
quartil utilizando a expressão:

 1 f 1 
  Fant  13,5  11
= 80    40  85,555555  Q1  85,56
 18 
Q1  l Q1  4   aQ1
 f Q1 
 
 
25% dos candidatos fizeram no máximo 85,56 pontos.

Cálculos para os quartis Q2 e Q3 processamos da mesma forma do cálculo do primeiro quartil.

2 f i 2  54
2° quartil    27 (o segundo quartil pertence à terceira classe).
4 4
 2 f i 
  Fant 
27  11
Q2  l Q2  4   a Q  80  
     40  115,55555  Q2  115,56
fQ 2  18 
2

 
 
4
50% dos candidatos fizeram no máximo 115,56 pontos.

3 f i 3  54
3° quartil    40,5 (o terceiro quartil pertence à quarta classe)
4 4
 3 f i 
  Fant 
40,5  29 
Q3  l Q3  4   a Q  120  
     40  150,66666  Q3  150,67
fQ3  15 
3

 
 
75% dos candidatos fizeram no máximo 150,67 pontos.

Assim temos: Q1 = 85,56 pontos Q2 = 115,56 pontos e Q3 = 150,67

1) Determinação dos quartis para o conjunto:


B10,15,18,13,19,25,27,16,15,21,22,29,14,18,20,24
Colocando os valores em ordem (rol), temos
B10,13,14,15,15,16,18,18,19,20,21,22,24,25,27,29

x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8 x 9 x10 x11 x12 x13 x14 x15 x16


10 13 14 15 15 16 18 18 19 20 21 22 24 25 27 29
a) Vamos utilizar os passos para o cálculo
do 1° quartil:
1° Passo: Determina-se a posição do 1° quartil:
1  16
PQ1   4  posição do 1 quartil
4
2° Passo: Identificar a posição 4
3° Passo: Procura-se no rol o valor do número que está na posição identificada.

O número que corresponde a 25% do rol é o valor 15

b) Vamos utilizar os passos para o cálculo do 2° quartil:


1° Passo: Determina-se a posição do 2° quartil:
2  16
PQ 2   8  posição do 2 quartil
4
2° Passo: Identificar a posição 8
3° Passo: Procura-se no rol o valor do número que está na posição identificada.

x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8
10 13 14 15 15 16 18 18

x9 x10 x11 x12 x13 x14 x15 x16


19 20 21 22 24 25 27 29

O número que corresponde a 50% do rol é o valor 18

c) Vamos utilizar os passos para o cálculo do 3° quartil:


5
1° Passo: Determina-se a posição do 3° quartil:
3  16
PQ 3   12  posição do 3 quartil
4
2° Passo: Identificar a posição 12
3° Passo: Procura-se no rol o valor do número que está na posição identificada.

x1 x2 x3 x4 x5 x6 x7 x8
10 13 14 15 15 16 18 18

x9 x10 x11 x12 x13 x14 x15 x16


19 20 21 22 24 25 27 29

O número que corresponde a 75% do rol é o valor 22

2) Calcular os valores do Q1, Q2 e Q3 da tabela seguinte:

Tabela 3.3 – Números de faltas de académicos do primeiro semestre.


N° de faltas f F
1 6 8
3 8 14
4 13 27
6 7 34
7 4 38
 f  38
a) Vamos calcular inicialmente Q1
!° Passo: Determinar a posição do 1° quartil (25%)
1  38
PQ1   9,5  posição do 1 quartil
4
2° Passo: Procurar na coluna da F a posição do 9,5° elemento
3° Passo: A variável que corresponde à posição do 9,5° elemento é 3 (na segunda classe).
25% dos académicos tiveram 3 faltas

b) Vamos calcular o Q2
!° Passo: Determinar a posição do 2° quartil (50%)
2  38
PQ 2   19  posição do 2 quartil
4
2° Passo: Procurar na coluna da F a posição do 19° elemento
3° Passo: A variável que corresponde à posição do 19° elemento é 4 (na terceira classe).
50% dos académicos tiveram 4 faltas.

c) Vamos calcular o Q3
!° Passo: Determinar a posição do 3° quartil (50%)
3  38
PQ 3   28,5  posição do 3 quartil
4
2° Passo: Procurar na coluna da F a posição do 28,5° elemento
3° Passo: A variável que corresponde à posição do 28,5° elemento é 6 (na quarta classe).
75% dos académicos tiveram 6 faltas.

6
3.2 Decis (DK)

Nos decis, a distribuição é dividida em 10 partes iguais (D1, D2, D3, ...D9).

10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%

D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9

D1: é o primeiro decil, corresponde à separação dos primeiros 10 % de elementos da


distribuição.
D5: é o quinto decil, coincide com a mediana (D5 = Md).
D9: é o nono decil, corresponde à separação dos últimos 10% dos elementos da distribuição.

3.2.1 Cálculo do Decil para o rol

Os passos são os mesmos para o cálculo do quartil para o rol


Exemplo: Calcular D1 e D8 do conjunto dado: A7,12,15,20,2,4,6,18,10,24

Inicialmente vamos colocar o conjunto em ordem crescente:

X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10
2 4 6 7 10 12 15 18 20 24

a) Calcular D1
1° Passo: determina-se a posição do primeiro Decil.
1  n 1  10
PD1    1 ( posição )
10 10
2° Passo: Procura-se no rol o valor do primeiro elemento;
3° passo: O valor do D1=2 que corresponde a 10% do rol

b) Calculo do D8
1° Passo: determina-se a posição do oitavo Decil.
8  n 8  10
PD 8    8 ( posição )
10 10
2° Passo: Procura-se no rol o valor do oitavo elemento;
3° passo: O valor do D8=18 que corresponde a 80% do rol

7
3.2.2 Cálculo do Decil para tabela sem Intervalo de Classe.

Os procedimentos são os mesmos utilizados para o cálculo dos quartis.


Exemplos: Calcular D3 e D7 usando a seguinte tabela:

Tabela 3.5 Quantidade de filhos dos funcionários de uma pequena empresa.


filhos f F
0 18 18
1 35 53
2 46 99
3 28 127
4 25 152
5 10 162
6 5 167
7 3 170
f 170

a) Cálculo do D3
1° Passo: Calcula-se a posição do D3
3 f 3  170
D3    51 (posição)
10 10
2° passo: Procura-se a posição do D3 pela coluna da frequência acumulada, o D3 está na 2°
classe (F 53)
3° Passo: O valor da variável na segunda classe é 1 filho, que corresponde a 30% da
pesquisa.

b) Cálculo do D8
1° Passo: Calcula-se a posição do D8
8 f 8  170
D8    144 (posição)
10 10
2° passo: Procura-se a posição do D8 pela coluna da frequência acumulada, o D8 está na 5°
classe (F 152)
3° Passo: O valor da variável na segunda classe é 4 filhos, que corresponde a 80% da
pesquisa.

3.2.3 Cálculo do decil para tabela com intervalo de classe

Primeiramente, determina-se a classe que contém o valor do decil a ser calculado pela expressão:

K  fi
(para K  1,2,3,...,9)
10

Esse termo está localizado numa classe que recebe o nome de classe decil. Para o cálculo dos decis,
utilizamos técnicas semelhantes às do cálculo dos quartis. Isto é, utilizamos a fórmula:

8
 k   fi 
  Fant 
D K  l DK   10   aD K
 f DK 
 
 
Sendo:
l DK = limite inferior da classe de decil considerado
Fant = frequência acumulada da classe anterior à classe de decil considerado
aDK = amplitude do intervalo de classe do decil considerado
fDK = frequência simples da classe do decil considerado

Exemplo : O cálculo dos decis será exemplificado com os dados da Tabela 3.6 que organiza as
estaturas de adolescentes, colhidas durante o período em que participaram de um acampamento,
durante as férias.

Tabela 3.6 - Estaturas dos participantes de um acampamento infantil/Bilene/Julho/06.


i Estaturas Frequência Frequência acumulada
(cm) (fi) (Fi)
1 120 ├ 128 6 6
2 128 ├ 136 12 18
3 136 ├ 144 16 34
4 144 ├ 152 13 47
5 152 ├ 160 7 54
  54
Calculam-se os decis D1, D2, ...D7, ..., de forma semelhante ao cálculo dos quartis.
Primeiro decil (K=1): 1 f i  54  5,4 (o primeiro decil pertence à primeira classe).
10 10

 1   fi 
  Fant 
 5,4  0 
D1  lD1   10   aD1  120     8  127,5 cm  D1  127,5 cm
 F D1   6 
 

Segundo decil (K=2): 2 f i 


2  54
 10,8 (o segundo decil pertence à segunda classe).
10 10

 2   fi 
  Fant 
10,8  6 
D2  lD2   10   aD2  128     8  131,2 cm  D 2  131,2 cm
 FD2   12 
 

Dessa forma, podemos calcular os outros decis. Por exemplo, cálculo do sétimo decil (K=7):

7   fi 7  54 (o sétimo decil pertence à quarta classe)


  37,8
10 10

 7   fi 
  Fant 
 37,8  34 
D7  lD7   10   aD7  144     8  146,3 cm  D7  146,3 cm
 FD7   13 
 

9
3.3 Percentis (Pk)

Nos percentis, a distribuição é divida em 100 partes iguais (P1, P2, P3, ... P99).
P1: é o primeiro percentil, corresponde à separação do primeiro 1% de elementos da
distribuição.
P50: é o quinquagésimo percentil, coincide com a mediana (P50 = D5 = Q2 = Md).

Para o cálculo dos percentis, utilizamos técnicas semelhantes às do cálculo dos quartis e
decis. Inicialmente, determina-se a classe que contém o valor percentil a ser calculado pela
expressão:
K   fi
(K = 1; 2; 3;...; 98; 99)
100

3.3.1 Cálculo de Percentil para rol

Verificamos que o raciocínio é o mesmo utilizado para o cálculo do Quartil e Decil. Consideremos
o exemplo abaixo:
1) Calcular o P28 e P82 do conjunto B15,2,4,6,10,12,13,7,21,18,20
Devemos inicialmente ordenar os valores:
X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 X11
2 4 6 7 10 12 13 15 18 20 21

a) Cálculo do P28
1° Passo: Determinar a posição do P28 28  n 28  11
P28    3,08
100 100
2° Passo: procura-se no rol o valor da posição do 3° elemento;
3° Passo: A variável que corresponde à posição desejada é o número 6

b) Cálculo do P82
1° Passo: Determinar a posição do P82 82  n 28 11
P82    9,02
100 100
2° Passo: procura-se no rol o valor da posição do 9° elemento;
3° Passo: A variável que corresponde à posição desejada é o número 18

3.3.2 Cálculo do Percentil para Tabela sem Intervalo de Classe

O cálculo do Percentil para a tabela sem intervalo de classe é o mesmo que para os cálculos dos
Quartis e Decís. Estudemos esses cálculos através do exemplo a seguir:

Exemplo: Calcular P45 e P93 da tabela


Tabela 3.7. Número de quartos/chalés em Bilene

10
Número de f F
quartos/chalés
1 15 15
2 30 45
3 20 65
4 12 77
5 10 87
6 8 95
 f i  95

a) Calcular P45
1° Passo: Determinar a posição do P45 P  45  n  45  95  42,75
45
100 100
2° Passo: Procurar a posição do 43 elemento pela coluna da frequência acumulada, podemos
observar que o elemento de posição 43 está na segunda classe;
3° Passo O valor da variável que corresponde a 45% da pesquisa revelou que os pesquisados
preferem até dois quartos por chalé.

b) Calcular P93
1° Passo: Determinar a posição do P93 P  93  n  93  95  88,35
93
100 100
2° Passo: Procurar a posição do 88° elemento pela coluna da frequência acumulada, podemos
observar que o elemento de posição 88 está na sexta classe;
3° Passo O valor da variável que corresponde a 93% da pesquisa revelou que os pesquisados
preferem até seis quartos por chalé.

3.3.3 Cálculo de Percentil em Tabelas com Intervalo de Classe

Para o cálculo dos percentís, utilizamos técnicas semelhantes ás do cálculo dos quartis e decís.
Inicialmente, determina-se a classe que contém o valor percentil a ser calculado pela expressão:

K   fi
(K  1,2,3,4,...,98,99)
100
Para obtenção do percentil, utilizamos a fórmula:

 K   fi 
  Fant 
PK  lPK  100   aPK
 f PK 
 
Sendo:
l PK  limite inferior da classe do percentil considerado
Fant = frequência acumulada da classe anterior do percentil considerado
aPK  amplitude do intervalo de classe do percentil considerado
f PK = frequência simples da classe do percentil considerado

11
Exemplo: Na tabela 3.6 vamos calcular o 46º percentil (K=36) e o 76° percentil (K=76):

Tabela 3.6 - Estaturas dos participantes de um acampamento infantil/Bilene/Julho/06.


i Estaturas (cm) Frequência (fi) Frequência acumulada
(Fi)
1 120 ├ 128 6 6
2 128 ├ 136 12 18
3 136 ├ 144 16 34
4 144 ├ 152 13 47
5 152 ├ 160 7 54
  54

a) Cálculo do P46

46   f i 46  54 (o quadragésimo sexto percentil pertence à terceira classe)


  24,84
100 100

 46   f i 
 100  Fant 
 24,84  18 
P46  l P    a  136     8  139,42cm
 f   16 
46
P 46

 

b) Cálculo do P76

76   f i 76  54 (o percentil 76 pertence à quarta classe)


  41,04
100 100

 76   f i 
 100  Fant 
 41,04  34 
P76  l P    a  144     8  148,33cm
 f P 46   13 
46


 

3.4. Medidas de dispersão absoluta:


- Amplitude total, Amplitude interquartil, variância e desvio padrão.

Não há razão de se calcular a média de um conjunto de dados onde não haja variação desses
elementos. Ocorre, todavia, que se a variabilidade dos dados for muito grande, sua média terá um
grau de confiabilidade tão pequeno que será inútil calculá-la.

A análise completa de dados requer não apenas sua apresentação, através de gráficos e tabelas, ou o
cálculo de médias ou outras medidas de posição. Caracterizar um conjunto de dados apenas através
de uma média, por exemplo, é descreve-lo inadequadamente, uma vez que os dados diferem entre

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si, em maior ou em menor grau. Assim, suponhamos que se deseja comparar a performance de
empregados, com base na seguinte produção diária de determinada peça:

Tabela 1 – Produção diária de peças de dois operários ( A e B )


Média
Empregado A 70 71 69 70 70 70
Empregado B 60 80 70 62 83 71

De acordo com os resultados dos cinco testes, verificamos que a performance média do empregado
A é de 70 peças produzidas diariamente, enquanto que a do empregado B é de 71 peças. Por
conseguinte, baseados nestes únicos resultados, diríamos que a performance de B é melhor do que a
de A. Se nos fixarmos melhor nos dados, entretanto, perceberemos que a produção de A varia
apenas de 69 a 71 peças, ao passo que a de B varia de 60 a 83 peças, o que revela que a
performance de A é bem mais uniforme do que a de B. Ocorre, por outro lado, que um alto grau de
uniformidade ou pequena variação costuma ser considerada como algo de qualidade desejável em
um processo produtivo. Qualquer produção em série seria antieconómica se houvesse muita
variabilidade nos materiais ou peças fabricadas.

Para avaliar o grau de variabilidade ou dispersão dos valores de um conjunto de números, deve-se
apoiar as estatísticas denominadas medidas de dispersão. Essas nos proporcionam um conhecimento
mais completo do fenómeno a ser analisado, permitindo estabelecer comparações entre fenómenos
da mesma natureza e mostrando ate que ponto os valores se distribuem acima ou abaixo da média.

Amplitude total
É a mais simples medida de variabilidade. Representada pelo símbolo At, é dada pela diferença entre
os valores extremos de um conjunto de números. Para a tabela 1, a amplitude total para o empregado A é de
2 ( 71 – 69 ) e para o empregado B é de 23 ( 80 - 60 ).

Se os dados vierem dispostos em uma tabela de frequências, com os valores agrupados em classe,
há duas formas de se definir a amplitude total:
Primeiro método: At = Ponto médio da última classe – ponto médio da primeira classe.
Segundo método: At = Limite superior da ultima classe – limite inferior da primeira classe.

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Restrições ao uso da Amplitude Total
Embora a amplitude total seja a mais simples das medidas de dispersão, há uma forte restrição ao
seu uso em virtude de sua instabilidade, uma vez que ela leva em conta apenas os valores extremos
da série. Além da insensibilidade aos valores extremos, a amplitude total é sensível ao tamanho da
amostra. Aumentando essa última, a amplitude total tende a aumentar, ainda que não
proporcionalmente. Finalmente, a amplitude total apresenta muita variação de uma amostra para
outra, mesmo que ambas sejam extraídas da mesma população.

Apesar dos inconvenientes dessa medida, os quais não justificam, na maioria das vezes, seu uso, há
situações especiais em que ela resulta satisfatória. É o caso, por exemplo, da amplitude da
temperatura em um dia ou no ano.

Amplitude interquartil
É a diferença entre o terceiro quartil e o primeiro quartil. Corresponde ao intervalo que engloba
50% das observações centrais.
IQ  Q3  Q1
Esta medida deve ser utilizada para distribuições assimétricas uma vez que não é afectada por
valores extremos.

Variância
A variância é a medida de variabilidade que utiliza todos os dados. A variância é baseada na
diferença entre o valor de cada observação (xi) e a média. A diferença entre cada valor de xi e a
média, é chamada de diferença em redor da média.

Dados não classificados Dados classificados

x    x   
 
2 2
fi
População  2 i
 2 i

N N
2 2
 
  

  xi  x    xi  x  f i
s2    s2   
Amostra
n 1 n 1

A variância só assume valores não negativos e quanto maior o tanto maior será a dispersão.
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Desvio padrão
Uma vez que a variância é expressa em unidades ao quadrado o que torna difícil a sua interpretação,
recorre-se ao desvio padrão que é definido como sendo a raiz quadrara positiva da variância.
Usando a notação adoptada para uma variância de amostra e uma variância da população, usa-se s
para o desvio padrão da amostra e σ para o desvio padrão da população.

Desvio padrão da Amostra = s  s 2

Desvio padrão da População =    2

3.4.1. Medidas de dispersão relativa


- Coeficiente de dispersão, coeficiente de variação

Coeficiente de dispersão
Notado por CD, mede o grau de concentração de valores em torno da média. É dado por:
s
CD  
x
Coeficiente de Variação
Também conhecido como coeficiente de variação de Pearson. É uma medida relativa de dispersão
que mede o grau de concentração de valores em torno da média, em valor percentual.
s
C.V   100
x

Eis algumas regras empíricas para a interpretação do coeficiente de variação:


Se: CV  15 % tem-se baixa dispersão
Se: 15%  CV  30% tem-se média dispersão
Se: CV  30% tem-se elevada dispersão

1) Numa Empresa, o salário médio dos homens é de 4.000 MZM, com desvio-padrão de 1.500
MZM, e o das mulheres é em média de 3.000 MZM com desvio – padrão de 1.200 MZM. Então:
Solução:

1500
Para os homens: C.V  100  37.5%
4000

15
3000
Para as mulheres: C.V  100  40%
1200
Logo podemos concluir que os salários das mulheres apresentam maior dispersão relativa que os
dos homens.

3.5. Medidas de assimetria


Denomina-se assimetria o grau de afastamento, de uma distribuição, da unidade de simetria. Em
uma distribuição simétrica, tem-se igualdade dos valores da media, mediana e moda.

assimétrica positiva simétrica assimétrica negativa


Existem várias formulas para o calculo do coeficiente de assimetria, dentre elas são úteis:
x  Mo
1º Coeficiente de Pearson AS 
s
Q1  Q3  2M d
2º Coeficiente de Pearson AS 
Q3  Q1
Se: AS = 0, diz-se que a distribuição é simétrica
AS > 0, diz-se que a distribuição é assimétrica positiva
AS < 0, diz-se que a distribuição é assimétrica negativa

3.7. Medidas de achatamento ou de kurtosis


Entende-se por kurtosis o grau de achatamento de uma distribuição. Estas medidas dão uma
indicação da intensidade das frequências na vizinhança dos valores centrais. Como referência ao
grau de achatamento podemos ter: distribuição leptocúrtica, mesocúrtica e platicúrtica.
Para medir o grau de kurtosis pode ser utilizada a seguinte medida:
Q3  Q1
K Se:
2P90  P10 
K = 0.263 a distribuição de frequência é mesocúrtica;
K > 0.263 a distribuição de frequência é platicúrtica
K < 0.263 a distribuição de frequência é leptocúrtica

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3.8. Caixa de bigodes

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Exercícios

1. 100 famílias do país A e 150 do país B foram classificadas segundo o número de filhos,
tendo-se obtido os seguintes valores:
n. de filhos 0 1 2 3 4 5 6 7 8
n. de famílias do país A 11 13 20 25 14 10 4 2 1
n. de famílias do país B 20 32 31 30 10 10 9 8 0

a) Defina e classifique as variáveis em estudo.


b) No país A, as famílias têm em média quantos filhos?
c) Complete as seguintes frases:
i. “ 10% das famílias do país A têm no mínimo …. filhos."
ii. “ 10% das famílias do país A têm no máximo …. filhos."
d) Determine o coeficiente de variação para o país A e interprete-o.
e) Com base nas medidas de localização de tendência central pode-se considerar que as
famílias do país A têm mais filhos do que as do país B?
f) O que pode dizer quanto à assimetria da distribuição do número de filhos por família no
país B. Interprete o resultado obtido.

2. Um fabricante de caixas de cartolina fabrica três tipos de caixas. Testa-se a resistência de


cada caixa, tomando-se uma amostra de 100 caixas e determinando-se a pressão necessária
para romper cada caixa. São os seguintes os resultados dos testes:

Tipos de caixas A B C
Pressão média de ruptura (bária) 150 200 300
Desvio padrão das pressões (bária) 40 50 60

a) Que tipo de caixa apresenta a maior variação absoluta na pressão de ruptura?


b) Que tipo de caixa apresenta a maior variação relativa na pressão de ruptura?

3. Com base numa amostra constituída por rendimentos anuais colectáveis, em unidades
monetárias (u.m), de 100 famílias residentes numa determinada cidade, obteve-se a seguinte
distribuição de frequências:

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Rendimentos Colectáveis (u.m) Frequências Absolutas
[ 0 – 01500 [ 006
[ 1500 – 03000 [ 102
[ 3000 – 04500 [ 134
[ 4500 – 06000 [ 293
[ 6000 – 07500 [ 364
[ 7500 – 09000 [ 101

a) Calcule a média, mediana, moda, o primeiro e o segundo quartil, o quinto decil e o


percentil 90.
b) Calcule o desvio padrão e o coeficiente de variação.
c) Comente a proposição “Mais de metade das famílias têm rendimentos colectáveis
superior à media”.
d) Complete as seguintes informações:
i. “90% das famílias têm um rendimento colectável inferior a … u.m”
ii. “…% das famílias tem um rendimento colectável inferior a 4541 u.m”

4. A tabela a seguir representa os tempos que 100 utentes de um serviço de urgência demoram
a ser atendidos:
Tempo (em min) 5a9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 34 35 a 39
Frequências 1 10 37 36 13 2 1

a) Calcule a média, a moda e a mediana. Compare os valores obtidos.


b) Diga, sem efectuar os cálculos, qual o valor do segundo quartil e interprete o valor
obtido.
c) Calcule o desvio padrão e a variância.
d) Determine o grau de assimetria da distribuição.
e) Determine o grau de achatamento da distribuição.

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