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Grupo de Música Atual (GruMa): performance e criação da música atual

Proponente: Prof. Dr. Ricardo de Figueiredo Bologna


nusp: 3380891

Resumo: O objetivo deste projeto é a constituição anual de um grupo voltado à prática da


música contemporânea, com ênfase sobretudo na música compostas depois dos anos 1970.
Tal repertório é hoje a base para a performance contemporânea. Há muito temos claro que o
repertório contemporâneo traz elementos para a performance do repertório de épocas
diferentes da história da música, sobretudo do romantismo aos dias de hoje. A prática
instrumental da música contemporânea intensificou desde os anos 1970 a ampliação do
âmbito da técnica instrumental. O contato com a música de outras culturas, as possibilidades
abertas pelas novas tecnologias de gravação, difusão e transformação de áudio, e a tecnologia
de construção dos instrumentos vem permitindo e exigindo novas abordagens do instrumento
musical e de sua prática, aspecto que caracteriza fortemente a música composta desde os anos
de 1970, e que nos dias de hoje põe lado a lado práticas musicais eletrônicas, digitais e
mecânicas, expressos nas chamadas extended techniques e no live-electronics e na
redefinição de aspectos temporais da performance com o que foi denominado de escrita
espacial. Adentrar este domínio permite ao aluno do curso de música um maior trânsito
nacional e internacional, desfazendo os limites entre o popular, o erudito, o eletrônico e o
mecânico e envolvendo aspectos relevantes como o da performance em tempo diferido e do
live-electronics.
Lado a lado com esta mudança de paradigmas na prática instrumental está a nova prática
composicional. Neste sentido este projeto tem também por objetivo o estudo da nova música,
e de suas especificidades, a partir de trabalhos de cooperação entre estudantes da área de
criação musical (composição) com aqueles da área de instrumento, regência, canto e
licenciatura. Desde modo, o projeto visa propiciar um espaço de experimentação para alunos
instrumentistas e compositores, no incentivando a prática colaborativa que tem sido temática
central na prática musical contemporânea.
Em suas quatro primeiras versões (2017-2018-2019-2020-2021) o GruMA recebeu
anualmente aproximadamente 9 bolsas, concedidas a estudantes que em suas atuações: (1)
constituíram um grupo musical para experimentações de escritas de estudantes de graduação
e pós-graduação, (2) tiveram formação complementar em repertório contemporâneo
orientado pelos professores associados ao projeto, (3) tiveram importante experiência atuando
na difusão cultural de composições (realizadas no âmbito dos cursos do CMU) em espaços
culturais da própria universidade (Auditório do CMU-USP, Espaço das Artes-USP,
Biblioteca Mindlin) bem como em espaços externos à Universidade (Instituto de Artes da
UNESP, PUC-Chile) e Auditório do Ibirapuera e (4) na recente situação de confinamento
imposta pela pandemia da Covid-19, as atividades do GruMa passaram a incorporar
atividades de performance em tempo diferido e em live-streaming com o estudo de ambientes
que permitem performance musical à distância e participar de eventos também à distância
como duas ocasiões no Encuentro de Compositores de Chile e nos concertos on-line do
MAC-USP.

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Introdução
Este projeto dá continuidade a projetos anteriores no sentido de oferecer aos alunos de
instrumento e composição do CMU USP um espaço de colaboração e de performance de
música de produção recente. Em suas versões anteriores o GruMa realizou diversas estreias,
19 dentre elas de jovens compositores alunos do CMU, trabalhou intensamente em
colaboração com o compositor Sérgio Kafejian (pós-doutorando Fapesp), na realização de
obras de Karlheinz Stockhausen e obras do próprio Kafejian especialmente escritas para o
grupo; colaboração com o compositor Gustavo Bonin (doutorando na USP) também na
criação de uma obra multi-mídia (que ainda está sendo realizada); realizou diversos concertos
em espaços internos e externos à USP; trabalhou projeto de performance de obras de
compositores como Dieter Schnebel e Georges Aperghis, sob coordenação de Ledice
Fernandez (pós doutoranda Fapesp) e mais recentemente com o jovem compositor Guilherme
Ribeiro, aluno do curso de Mestrado do CMU em estágio de pesquisa na Universidade Nova
de Lisboa e o compositor e doutorando Luzilei Aliel (PPGMUS-USP).
O projeto do GruMa prevê uma formação instrumental, de um lado tendo por referência os
ensembles heterogêneos formados no início do século XX, de outro a prática intermediada
por instrumentos digitais (computador, interfaces áudio-vídeo, live-electronics, live-
streaming) e que tem fundamento nas novas propostas temporais advindas da música
experimental dos anos 1950, como a notação livre e espacial e que tem em vista as restrições
que a prática musical sofreu durante o período de Pandemia Covid-19.
Formado por flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano, o Ensemble Pierrot, proposto do
Arnold Schoenberg na composição de seu Pierrot Lunaire, em 1913, reúne os instrumentos
que, no momento, o compositor alemão observava como os de maior versatilidade e presença
ao longo da história da música. A versatilidade se dá face a âmbito de tessitura, rapidez e
repertório solista e heterogeneidade de timbre. Ao longo do século XX, o Ensemble Pierrot
foi ampliado com o Ensemble História de um Soldado, com a formação instrumental
proposta por Igor Stravinsky (1882-1971). Formado por clarinete, fagote, trombone,
trompete, percussão violino e contrabaixo, o grupo proposto por Stravinsky veio
complementar o Ensemble Pierrot com a presença de dois instrumentos de metal e percussão,
além do contrabaixo, cujo repertório de tradição era totalmente distinto daquele clássico-
romântico proposto por Schoenberg.
Tais grupos abriram espaço para, a partir de formações heterogêneas, um novo enfoque no
equilíbrio dinâmico e possibilidades combinatórias de timbre extremamente distintos, o que
constitui atualmente um espaço aberto de experimentação de performance e criação musical.
É com base nestes modelos heterogêneos – os quais podem sempre ser expandidos, com a
presença da voz ou de instrumentos dedilhados como o violão, - e que estão na base de outras
duas obras chave do século XX, Le marteau sans maître (1954) de Pierre Boulez e Études
transcendantales (1982-85) de Brian Ferneyhough.
Importante observar que a presença de tais formações heterogêneas inspiraram ensembles
especializados em repertório de música atual como Ensemble InterContemporain (IRCAM-
Paris), Ensemble Modern (Freiburg), Musik Fabric (Köln), Ictus (Liège), L’itineraire (Paris),
Grupo Música Nova (UFRJ), Oficina Música Nova (UFMG), Camerata Aberta (Emesp-SP),
com espaço crescente de atuação nas mais importantes salas e séries de concertos no cenário
internacional.

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Tal experiência surge agora como base para um quarto momento de atividades relacionadas
ao projeto para o qual prevemos justamente ter o GruMa como espaço para repensar a
questão da situação de concerto, com realização e difusão da música contemporânea live-
streaming, com o novo desafio da prática musical coletiva em tempo e espaços remotos em
tempo diferido ou frente à latência dos sistemas de comunicação online.
É neste sentido que incorporamos para este novo projeto do grupo a prática mediada e
assistida por computador. Tal prática herdada do live-electronics dos anos 1990, também
implica na prática experimental de músicas com notações espaciais do tempo (notação não
medida) e notações abertas com proposições de improvisações. Tal aspecto tem sido
trabalhado tanto na versão do grupo em 2020 e 2021, face às imposições de distanciamento
devido à pandemia do Covid-19, como também na sua formação atual
Face a latência presente nas transmissões via streaming de dados, a ainda inadequação de
plataformas de webinars para atividades musicais, o tempo passa a ser um elemento
importante a ser trabalhado. Vale lembrar que a prática musical tradicional, de tempo estriado
(conforme definição de Pierre Boulez) implica na sincronicidade, o que torna a realização
musical em tempo real por streaming de dados impossível. No entanto, ao considerarmos o
chamado tempo liso, trabalhando com texturas sonoras contínuas e não medidas, voltamos a
poder contar com a prática em tempo real, visto o tratamento por texturas trabalhar com
aproximações as quais comportam o delay resultante de latência na transmissão de dados.
Durante o ano de 2020 e 21foi possível encontrar plataformas mais adequadas para a prática
musical remota, com o que temos trabalhado com maior constância com as plataformas
Sagora (desenvolvida pela Universidade Nacional de Quilmes, Argentina -
https://www.sagora.org/index-en.html) e Sonobus (https://sonobus.net/). Ambos são
aplicativos de áudio ponto-a-ponto que permitem prática musical e possuem dispositivos de
sincronia a partir de cálculo de latência, módulo de reverb e filtros para correção do sinal
recebido e permitem assim prática musical razoável com pequena latência mas em tempo
real.
Nesta nova proposta, as atividades do GruMa estarão em grande parte associadas às da
disciplina Laboratório de Criação e Performance Contemporânea (disciplina oferecida às
segundas-feiras, das 17h às 19h), com apresentações musicais dos resultados de estudo
realizadas em novembro de 2020 e junho e novembro de 2021, assim como novas
apresentações previstas para junho e novembro de 2022; bem como outras mostras ao longo
do semestre, mas sempre tendo objetivo formativo aos alunos, seja na experiência de trabalho
com novo repertório (e questões de técnicas implicadas nesta prática), seja na experiência de
difusão deste repertório em situações de concerto bastante distintas daquelas das práticas
tradicionais da música (concertos em espaços expositivos, uso de dispositivos eletroacústicos
de transformação e difusão de áudio, etc).
Mesmo em uma situação de mais controle da pandemia de Covid-19 que vivemos atualmente
o Gruma ainda reteve algumas práticas de atividades on-line e a utilização de certos
programas para manipulação sonora, pois nos parece que essas práticas vieram para ficar,
espacialmente se considerarmos o tipo de atividade que o Gruma desenvolve que é a pesquisa
de novas formas de execução e difusão da música de concerto.
A difusão de tais trabalhos acontece atualmente também em canal do Gruma e do Laboratório
de Criação e Performance Contemporânea no YouTube:

https://www.youtube.com/channel/UCBXaFLFgbJY-qKBSHykKlnA

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2. Finalidade e relevância, com bibliografia fundamental

A base do projeto é a constituição anual de grupo voltado à música contemporânea, música


dos pós-guerras, com ênfase naquela surgida após os anos 1970. Tal repertório e a abertura a
formações heterogêneas, visa trazer aos alunos do CMU formação complementar que não é
contemplada na formação clássico-romântica exigida pelo mercado tradicional, que permita a
nossos alunos um maior trânsito nacional e internacional visto o desenvolvimento técnico
instrumental que a nova música trouxe para a prática musical. Também incorpora a prática
via streaming de dados e live-electronics de modo a introduzir estes alunos ao ambiente da
prática musical assistida, cada vez mais presente nas atividades profissionais do músicos mas
ainda incipientes no ensino universitário.
Os docentes proponentes desse projeto, Prof. Ricardo de Figueiredo Bologna, Profa. Dra.
Eliane Tokeshi e Prof. Dr. Luiz Eugênio Afonso e Silvio Ferraz Mello Filho, tem trabalhado
fundamentados na inserção da prática performance da música atual, assimilação das novas
técnicas instrumentais e intercâmbio de ideias com novos compositores como estratégia para
expandir o universo interpretativo e compreensão artística do estudante de instrumento.
Tal prática traz resultados positivos não apenas na prática da música contemporânea com
fortes reflexos na prática da música tradicional, com renovações substanciais da técnica
instrumental e compreensão do material musical. E realçamos o fato de ter também trazido
importantes resultados de pesquisa apresentados em congressos nacionais e internacionais.
Embora a bibliografia com foco em música atual e live-eletronics seja extensa e crescente
apresentando estudos, pesquisas e repertório, a abordagem de tópicos da performance da
música contemporânea para alguns instrumentos ainda é escassa e pouco valorizada.
Lembrando que no ensino de instrumento musical raramente se trabalham atividades de
técnicas estendidas de performance instrumental, seja na consideração de recursos sonoros
seja nas extensões tecnológicas presentes nas performances assistidas por computador. As
atividades do GruMa têm assim o objetivo de valorizar a pesquisa nessa área e a expansão
das técnicas de performance, além de incentivar a inserção desse repertório nos programas de
ensino do curso.

Bibliografia como a citada abaixo darão suporte para as atividades do GruMa, pois oferecem
resultados de pesquisas sobre obras contemporâneas, estudos sobre técnica estendida e
compilação de obras bem como os novos paradigmas de realização e compreensão da prática
musical na atualidade.

3. Resultados anteriores

Dentre os principais resultados das versões anteriores do projeto, destacamos a realização de


projetos de pesquisa associados com grande número de estréias, a realização de concertos e a
atuação do grupo em colaboração com estudantes participantes da disciplina Laboratório de
Criação e Performance Contemporânea (aberta a alunos da graduação e pós-graduação).
De uma série de projetos de iniciação científica, pós graduação e pós doutoramentos que
temos orientado e supervisionado e que tem por tema a prática instrumental: suas extensões
técnicas, seu aspecto gestual, as relações entre performance e espaço de performance,
destacamos:

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Fapesp 2015/20579-9 PD Ledice Fernandes A permeabilidade entre três disciplinas artísticas
e a questão do gesto instrumental enquanto movimento coreográfico e signo teatral.
Fapesp 2015/20236-4 PD Sérgio Kafejian As técnicas estendidas e os novos paradigmas de
agenciamento do material sonoro
Fapesp 2019/03051-1 MS José Pereira Neto : A voz como pensamento maquínico na
composição musical.
Fapesp 2018/14790-7 MS Pedro Yugo Sano Mani A notação musical como representação de
solfejos

Fapesp 2020/02326-4 DR Gustavo Bonin Música e outras linguagens: por uma enunciação
musical tensiva e seus modos de contato.
Fapesp 2016/01610-5 IC Guilherme Ribeiro A técnica estendida enquanto matéria-prima da
criação musical.

Fapesp 2019/21881-1 Lucia Nogueira Esteves Instrumentação como novidade: Análises das
obras It's Gonna Rain e 2x5 do compositor Steve Reich.
Capes. Dr. Luzilei Aliel Sonoridade efêmera – um olhar crítico-artístico sobre a ontologia dos
materiais imprevistos e emergentes.
No último período, mesmo sob as imposições da Covid-19, foram realizadas obras de jovens
compositores do CMU, de compositores brasileiros e compositores referência para a música
pós 1970. O Gruma participou de forma remota e por envio de vídeo de diversos eventos
nacionais e internacionais com projetos colaborativos destacando-se:
1. trabalho aprovado para os congressos anuais da ANPPOM 2022,

Desde o segundo semestre de 2021 o compositor Gustavo Bonin vem realizando um trabalho
de criação coletiva com os bolsistas do GruMA na elaboração de uma obra que envolva a
interação com outras formas artísticas.
No que diz respeito ao estudo de repertório estão sendo trabalhados desde o segundo
semestre de 2021 as seguintes obras:
Les Moutons de Panurge de Fredrik Rzewski; Arteira de José Neto; Noctu de Kaija
Saariaho; Impro Livre de Geroge Ferreira; Suite em Mi menor de J. S. Bach em versão
para marimba, entre outras.

Objetivo pedagógico e formativo

Dentre os principais objetivos deste projeto destacamos aqui:


1. favorecer contato dos alunos com um repertório musical de escritura mais radical no
que diz respeito a aspectos técnico-instrumentais;
2. estimular a prática de repertório mais recente visando ampliar o universo de atuação
do aluno;

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3. colocar o aluno em contato com novos paradigmas de criação e escuta musical, com
novas propostas nos domínios harmônicos, rítmicos e texturais;
4. colocar o aluno instrumentista em contato com novas técnicas de performance
assistida por dispositivos eletrônicos e digitais (a prática do live-electronics e live-
streaming) tanto através de proposições práticas quanto do estudo conceitual relativo
ao tema;
5. preparar os alunos para novas situações de performance que prevejam a apresentação
em espaços alternativos, implicando uso da espacialidade de difusão instrumental e
tempo livre não medido (escrita e pensamento espacial do tempo musical);
6. oferecer aos alunos a possibilidade de trabalho colaborativo com compositores já
formados e que estejam desenvolvendo projetos de Pós-doutoramento, Pesquisador
Colaborador ou que esteja cursando o PPG-Música da USP;
7. abrir campo de trabalho e diálogo que permita ao aluno trânsito internacional
sobretudo em instituições conveniadas em projetos atuais ou futuros e que são
referências na prática musical contemporânea;
8. colocar o aluno em contato com as novas técnicas instrumentais, compreendidas no
que tem sido denominado como “extended techniques” e “expanded sonorities”
através de experiência com transformação de áudio em tempo real;
9. apresentar aos estudantes bases teóricas e conceituais necessárias à prática da nova
música;
10. colocar os alunos em contato com as mais variadas práticas instrumentais e práticas
históricas, com convite a instrumentistas com prática em música de culturas
tradicionais e historicamente fundadas.
O projeto visa assim a dar continuidade aos resultados obtidos pelo “Laboratório de Música
Contemporânea: Performance e Criação” e na disciplina “Performance e Criação
Contemporânea” ora oferecida no CMU-USP, de modo intensivo compreendendo atividades
de:
1. dois ensaios semanais (um deles em concomitância com as atividades da disciplina
Laboratório de Criação de Performance Contemporânea, segundas feiras das 17h às
20h e o outro em horários a serem definidos conforme formações de subgrupos)
compreendendo a volta das atividades presenciais.
2. encontros mensais de tutoria e orientação (presencial ou à distância conforme
determinações futuras da OMS),
3. encontro com instrumentistas brasileiros atuantes no domínio da chamada música
contemporânea ou música atual (em palestras virtuais ou presenciais);
4. estudos analíticos relativo a repertório contemporâneo, técnicas instrumentais, novos
aspectos da performance musical, tendo por base as características da Iniciação
Científica;
5. estímulo a projetos de mobilidade nacional e internacional.

Tendo em vista não apenas registro de resultados e processos, o projeto visa também
atividade de gravação com ensaios a serem realizados no âmbito de estúdio de gravação,
utilizando expertise e suporte atualmente disponíveis no CMU através do LAMI (Laboratório
de Música e Informática). Importante salientar que a experiência de estúdio é totalmente
diversa daquela de sala de concerto, visto aspectos como: (a) heterogeneidade da difusão
compreendida em cada instrumento musical, (b) situação de registro em que o microfone
opera destacado e transformando aspectos de sonoridade que não são facilmente notáveis em

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situação de sala de concerto, (c) especificidades de captação quando trabalhando com
técnicas instrumentais estendidas e novas sonoridades e live-streaming, (d) aspectos próprios
da gravação de material de obras realizadas em live-electronics com transformação de áudio
em tempo real (aspectos de captação/microfonação que compreendem problemas de
realimentação e de retorno).
O projeto será aberto à participação de alunos do curso de graduação em música da ECA-
USP bem como a colaboração de alunos e pesquisadores atuantes no Programa de Pós-
Graduação, compreendendo-se limitações impostas pelas políticas de bolsas de pesquisa das
agências de fomento (quando se tratar de participante já bolsista).
Objetivos artísticos e de difusão
Embora com ênfase principal em seus objetivos pedagógicos e formativos, o projeto também
tem importante foco na difusão musical da produção artística do CMU-USP e de
compositores brasileiros contemporâneos cujos trabalhos impliquem questões práticas de
inovação na prática musical e seus modos de difusão.
O espaço de concerto não é o único espaço atual de performance e difusão musical.
Experiências como as de ensaios abertos, ensaios guiados, oficinas com público leigo e
jovens, são internacionalmente divulgados e constituem novos modos de apresentação de
resultados de pesquisa no domínio da criação e performance. Neste sentido, destacamos que o
conteúdo de tais atividades implicam:
1. apresentação das novas técnicas instrumentais;
2. apresentação de obras musicais multiplataformas, presencial e digital;
3. oficinas abertas de criação e performance;
4. ensaios abertos em espaços de exposição e bibliotecas (que contemplem a
possibilidade de atividades musicais);
5. participação em eventos nacionais e internacionais voltados à música contemporânea
(bienais, festivais e outros eventos);
6. divulgação de resultados de trabalhos em eventos acadêmicos, como o congresso
anual da Anppom, com ênfase em participação no Grupo de trabalho Colaboração
Criação-Performance.

Objetivos acadêmicos e de inovação


Compreendendo a prática musical presente na música contemporânea e atual, o projeto tem
caráter primordialmente de inovação. Ele deverá abrir-se não apenas ao desenvolvimento
técnico, mas também conceitual dos alunos envolvidos, que permitirá um maior elo com
áreas de pesquisa em música de grande trânsito nacional e internacional como: análise
musical, inovação de performance, novos repertórios, colaboração compositor-intérprete,
sonologia, produção, pré-produção musical e live-electronics em performance por data-
streaming de tempo-real.

O GruMa deverá servir tanto ao desenvolvimento dos alunos bolsistas diretamente


implicados, como constituir-se importante suporte e laboratório à produção de criação dos
alunos dos cursos de composição, com trabalhos selecionados pelos coordenadores do projeto
em parceria com os professores da área de composição.

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Serão estimuladas neste caso as atividades colaborativas compositor-intérprete como
importante aspecto de formação e inovação.
Suporte técnico administrativo e orçamento:

O projeto visa assim contemplar alunos do curso de Graduação que possam desempenhar as
funções de:
• 10 instrumentistas bolsistas (compreendendo-se as possibilidades combinatórias do
Ensemble Pierrot, História de um Soldado e Marteau sans maitre). Obs: Embora tenhamos
chegado a resultados com apenas 8 bolsistas, em 2019, salientamos que o número não é
suficiente, pois os trabalhos que acabamos realizando contaram também com a colaboração
de outros estudantes não bolsistas.
• 1 técnico estagiário em registro áudio visual, edição digital e manutenção de página/blog
internet.
(As bolsas visam a permanência dos alunos no curso compreendidas as atividades de ensaio,
workshops/concertos, estudos individuais e desenvolvimento de projeto relativo a repertório)
Carga horária
estagiários músicos
(1) dois ensaios semanais de duas horas cada (sendo um deles em horário específico
relacionado à disciplina Laboratório de Criação Musical Contemporânea);
(2) uma hora semanal de estudo programado (conceitual e prático) orientado;
(3) duas horas semanais de estudo individual do repertório;
(4) dezesseis horas mensais para apresentações (concertos, workshops) e/ou gravações;
(5) uma hora semanal de orientação de projeto individual de pesquisa relativo a obra
específica do repertório contemporâneo.
total de 10 horas semanais

estagiários técnicos
(1) pesquisa em bibliotecas e outros arquivos para partituras e material bibliográfico;
(2) trabalho de produção: agendamento de concertos e atividades de extensão;
(3) edição de partituras;
(4) edição de material áudio visual em estúdio do LAMI;
(5) agendamento de salas para ensaios no CMU e espaços externos.

Total de 10 horas semanais


Instalações necessárias
Para suas atividades de ensaio o Grupo de Música Atual (GruMa) deverá utilizar espaços do
CMU devidamente equipados com as seguintes especificações mínimas:
1. sala ou auditório de no mínimo 40m2 com piano, e cadeiras próprias para ensaio
musical (conforme possibilidade futura de realizações presenciais);
2. contiguidade com sala de percussão do CMU tendo em vista transporte de
instrumentos de percussão;
3. sistema de captação e difusão eletroacústico (para live-electronics);

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4. sistema de captação e conversão analógico-digital para transmissão em live-
streaming.
5. espaço para edição de áudio, imagens, manutenção de página/blog e uploads;
6. disponibilidade de espaço no LAMI-CMU para atividades de ensaios orientados à
gravações e gravações;
7. o projeto também conta com suporte de equipamentos adquiridos em diversos
projetos Fapesp de bolsistas compositores e instrumentistas que tem atuado junto com
o grupo bem como pelo projeto Fapesp 2016/08036-2 coordenador pelo Prof. Silvio
Ferraz: 1 piano disklavier, equipamento de difusão e captação de áudio, computador
IMac, softwares de tratamento e difusão de áudio em tempo real (Max/Msp e Hoa),
conjunto de percussão de gongos chineses e tailandeses, conversor de sinal de áudio
analógico-digital.

Ações e detalhamento das atividades a serem desenvolvidas pelo(s) bolsista(s)


As atividades a serem desenvolvidas compreendem:
1. Reuniões mensais para escolha de repertório e diretrizes de ensaio ;
2. Ensaios com orientação de professores e pesquisadores associados ao CMU;
3. Ensaios dos grupos;
4. Estudo individual diário;
5. Encontros com professores para orientação de pesquisas;
6. Performances e ensaios abertos em espaços da USP e externos ;
7. Gravações em estúdio e participação em processos de edição.

7. Resultados esperados e indicadores de acompanhamento:

O principal resultado esperado é o vínculo do bolsista com a prática musical contemporânea,


seja ela de música experimental ou de música dos repertórios tradicionais, em que a
performance esteja ampliada por aspectos da sonoridade instrumental advindos das extensões
técnicas e instrumentais do final do séc.XX e recentes.

Constituirão indicadores de acompanhamento: (1) o envolvimento dos bolsistas nas séries de


atividades de extensão como: ensaios abertos e palestras para a comunidade USP e externas
com ou sem recursos de transmissão à distância, conforme contingências determinadas pela
atual pandemia de Covid-19; (2) Interação Participação em encontros com compositores
como as palestras EMA (Encontros da Música Atual – encontros organizados periodicamente
com compositores atuantes no cenário nacional e internacional); (3) participação na
preparação e realização de concertos do grupo em espaços presenciais ou virtuais (conforme
limites de distanciamento social que estiverem em vigência); (4) envolvimento em gravações
e edições de partituras de alunos de composição dos cursos de Graduação e Pós-graduação ;

Bibliografia relacionada à técnicas estendidas para instrumentos musicais e live-


electronics
ARTAUD, P.-Y.. Present day flutes. Paris: Billaudot. 1995.

BOCK, H.. New techniques for bass clarinet. Rotterdam: H.Bock. 1989.

BRINDLE, R.S.. Contemporary percussion. Oxford: Oxford Univ Press. 1970.

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GHESTEM, J. et al. Approche de la Musique Contemporaine au Violon. Paris : G. Billaudot, 1992.

CHERRY, Amy. Extended techniques in trumpet performance and pedagogy. Cincinat: Univ. Cincinati. Tese
Doutorado. 2009.

DEMPSTER, Stuart. The modern trombone. Bloomington: Indiana Univ. press.1994.

DOLAK, F.. Contemporary techniques for the clarinet. NY: Studio. 1980.

HILL, D.. Extended tecchniques for the horn. NY: Warner Music. 1983.

LEVINE, Carin. The techniques of flute playing. Kassel: Bärenreiter Verlag. 2003.

MILLER, F. et all. Extended technique. Mauritius: Alphascritpt Publishing. 2010.

OZIM, I. (ed.). PROMUSICA NOVA. Wiesbaden: Breitkopf & Haertel, 1986.

PADOVANI, J.H. e FERRAZ, S.. “Proto-história, evolução e situação atual das técnicas estendidas na criação
de na performance”, Musica Hodie, vol.11, nº 2. Goiânia:UFGo. 2011

PENAZZI, S.. Metodo per fagotto. Milão: Suvini Zerboni. 1989.

READ, Gardner. Compendium of modern instrumental techniques.london: Greenwood presss. 1993.

ROADS, C. (1996). The Computer Music Tutorial. Cambridge, MA, The MIT Press.

ROADS, C. (2001). Microsound. Cambridge, Massachusetts, The MIT Press.

ROBERT, J.-P.. Modes de jeu de la contrebasse. Paris: Musica Guild. 1994.

ROWE, R. (1993). Interactive Music Systems. Cambridge, MA, The MIT Press.

SCHLOIFER, Eckart. Pro musica nova: viola. Wiesbaden: Breitkopf&Härtel. 1991.

SOLOMON, S.Z.. How to write for percussion. NY: SZSolomon. 2002.

STRANGE, P. e STRANGE, A... The contemporary violin: extended performance techniques. Berkeley: Univ.
California Press. 2001.

VEALE, Peter et al. The techniques of oboe playing. Kassel: Bärenreiter Verlag. 1994.

WIEDECKER, J.. Le violoncello Contemporain. Sainte Genevieve des Bois: l’Oiseau d’Or. 1993.

Bibliografia específica relacionada à performance e criação da música contemporânea:

ARCHBOLD, Paul. Performing complexity: a pedagogical resource tracing the Arditti Quartet’s preparation
for the première of Brian Ferneyhough Sixth String Quartet. Londres: Kingston Univ. 2011.

BARRIÈRE, J.-B..(org). Le timbre metaphore pour la composition. Paris: Christian Bourgeois. 1991.

DAUDË, Sylvain. Histoire de la synthèse sonore par modèles physiques. DEA ATIAM. Paris. 2001.

LACHENMANN, H.. Écrits et entretiens. Genève: Contrechamps, 2009.

SLAWSON, Wayne. Sound-Color Dynamics. Perspectives of New Music, Vol. 25, No. 1/2, 1987.


SOLOMOS, Makis. De la musique au son. Renes : Presses Univ. de Rennes. 2013.

SPELKE, Elisabeth S. “The development of intermodal perception”. In: L.B. Cohen e P.. Sapatek. Handbook of

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infant perception, vol. 2. NY: Academic Press. 1987.

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http://support.ircam.fr/docs/Modalys/3.4.0/co/Introduction.html
https://cycling74.com/2012/10/09/physical-modeling-synthesis-for-max-users-a-primer/#.VwFIQRMrIo8 e
http://www.soundonsound.com/sos/1997_articles/jun97/physicalmodel.html
https://meet.jit.si/

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