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Palavras-chave:
RESUMO EXPANDIDO
Para o planejamento dos encontros toma-se como norte o objetivo do projeto, ou seja, a
promoção do conhecimento de repertório parauara por meio de leituras musicais em primeira vista.
Vigente desde 2015, o projeto tem como público-alvo a comunidade musical que frequenta os
encontros, em sua maioria alunos e professores dos cursos técnicos da EMUFPA, além de
músicos convidados e voluntários.1
1 Sobre as ações do projeto, ver Contente e Gomes, 2017 e Contente et al, 2018.
ou apresentações musicais, quando as mesmas são repetidas em estudos e ensaios até a
apresentação.
Nos encontros é comum fazer-se a adaptação das obras para a leitura, a fim de se
promover a participação de todos os presentes. Uma obra escrita originalmente para canto e piano,
por exemplo, poderá ser adaptada do canto para um outro instrumento melódico e do piano para
outro instrumento harmônico, como o violão, e vice-versa. Para isso são observados os limites de
cada instrumento e as possibilidades dessa adaptação, em geral, apontadas pelos próprios
participantes no ato da leitura. Nesse sentido, assim como o compositor e o editor, o leitor não é
passivo diante das partituras, mas tem a possibilidade de agir sobre o texto, “modificando-o em sua
prática” (Vieira, 2012). De acordo com essa autora, “esse raciocínio parece ser anunciado pela
dupla identificação do leitor como ‘intérprete’ e ‘ouvinte’. O intérprete é o leitor que executa o texto
musical, com uma margem para que ele acrescente à obra o seu ponto de vista” (VIEIRA, 2012, p.
145). Em algumas situações, quando há grupos de participantes maiores, com instrumentos
diversos, em configurações similares às bandas de música ou orquestras, as obras são
encaminhadas a arranjadores, para a devida adaptação e execução.
O trabalho de leitura e releitura nos encontros aparece nos registros feitos nas cópias
das partituras, nas quais os participantes fazem intervenções ou marcações a lápis ou caneta,
antecedendo a primeira leitura ou após ela. Essas marcações são frequentes nas obras lidas pelos
instrumentistas de cordas friccionadas (inserção de dedilhados e arcadas) e dos tecladistas e
violonistas (dedilhados e cifras); além disso, são frequentes as marcações de dinâmica e fraseado,
que envolvem a execução de todos os músicos participantes, instrumentistas ou cantores. As
indicações dos músicos mais experientes, como professores ou alunos mais adiantados, são
recorrentes e, após verificada sua pertinência, são geralmente acatadas pelo grupo, que passa a
utilizá-las nas próximas execuções.
Figura 1: Encontro do mês de outubro de 2019, com leitura de obra de
Waldemar Henrique e arranjos feitos para o grupo, contando com a presença
do arranjador (Foto: Acervo Sarauparauara).
Referências
VIEIRA, L. B. Nas rotinas do cotidiano: educação musical em Belém do Pará na primeira metade
do século XX. Revista da Abem, Londrina, v. 20, n. 29, p. 143-158, jul/dez 2012.