Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
corantes
Apresentação
Aromatizantes e corantes têm um ponto em comum que é o apelo
para os sentidos do consumidor: os aromas são essenciais para
agradar ao paladar dos alimentos e ao olfato dos produtos que utilizam aromatizantes, já os
corantes necessitam transmitir a energia das cores para os produtos têxteis, para as tintas, para os
alimentos e para outras aplicações. A complexidade das estruturas químicas e das reações para
obtenção tanto de aromatizantes quanto de corantes exige uma atenção quanto à questão da
síntese e do processo empregado para garantir a qualidade e as propriedades desejadas nesses
produtos.
Bons estudos.
b) segundo a legislação, os corantes sintéticos de cor vermelha permitidos pela Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (Anvisa) são, respectivamente: azorrubina (C20H12N2Na2O7S2); ponceau 4R
(C20H11N2Na3O10S3); e vermelho 40 (C18H14N2Na2O8S2). Conhecendo essas informações sobre
os corantes vermelhos, monte um esquema reacional básico da reação do corante e da sua fórmula
química. Qual
é o resultado obtido sobre o seu uso no produto desenvolvido?
Infográfico
Uma típica indústria têxtil não vai conseguir suprir as suas necessidades de corantes para
tingimento apenas com o uso de corantes naturais, que são menos agressivos ao meio ambiente, e,
por isso, será necessário usar os corantes sintéticos. No entanto, alguns problemas podem surgir
em virtude da variedade imensa de corantes disponíveis e que podem gerar resíduos especialmente
líquidos difíceis de serem tratados.
Boa leitura.
PROCESSOS
ORGÂNICOS
INDUSTRIAIS
Indústria de
aromatizantes
e corantes
Elton Simomukay
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os corantes e os aromatizantes são usados pela humanidade desde tempos
remotos e, hoje, estão presentes em muitos produtos que consumimos em nosso
dia a dia. As fragrâncias fazem parte da composição de, por exemplo, perfumes
e produtos de limpeza, despertando no consumidor a sensação de bem-estar. Já
a cor é importante para a caracterização visual de produtos têxteis, alimentos,
tintas, revestimentos, entre tantas outras aplicações.
Neste capítulo, você vai conhecer os principais tipos de aromatizantes e co-
rantes usados na indústria, compreendendo suas respectivas reações químicas,
bem como seus processos de obtenção.
2 Indústria de aromatizantes e corantes
CH3
O H+ H3C HC
+ CH2CH2 O
H2O
OH OH O C
CH3
H3C
Catalisador HO H-H OH
CH3
H3C
O
NaNO2
HCI
NH2 N+ OH N=N
N Cl-
I II III IV
O–H
Outros tipos de corantes orgânicos podem ser obtidos. Depois dos co-
rantes azo, que dominam cerca de 70% do mercado, os principais corantes
orgânicos industrialmente disponíveis são os corantes derivados de reações
da antraquinona, do índigo e de ftalocianinas, havendo um uso cada vez
menor de corantes antigos derivados do difenilmetano, do trifenilmetano,
dos nitrados e dos nitrosados (BERRADI et al., 2019).
O índigo, muito utilizado como corante têxtil de roupas jeans, foi origi-
nalmente desenvolvido por Baeyer por meio de uma reação de condensação
aldólica do o-nitrobenzaldeído com acetona, que sofrem ciclização e dimeri-
zação oxidativa para serem convertidos no corante índigo. Conforme Prasad
(2018), a rota industrial mais indicada para a produção do corante índigo é a
síntese de Pfleger (Figura 4), em que o precursor é a N-fenilglicina (I), tratada
com uma mistura fundente composta por hidróxido de sódio, hidróxido de
potássio e sodamida (em vermelho). A reação produz o indoxil (II), que, sendo
oxidado, forma o índigo (III).
Indústria de aromatizantes e corantes 9
OH
NaOH/KOH/NaNH2 O
N N
N NH
O
O
O
I II III
O-
O=N+ HO OH
H2SO4/HNO3 O O
O O
O O
I II III
Referências
ARAÚJO, M. E. M. Corantes naturais para têxteis: da antiguidade aos tempos modernos.
Conservar Património, n. 3-4, p. 39-51, dez. 2006.
BENKHAYA, S.; M’RABET, S.; EL HARFI, A. A review on classifications, recent synthesis
and applications of textile dyes. Inorganic Chemistry Communications, v. 115, p. 1-35,
May 2020.
BERRADI, M. et al. Textile finishing dyes and their impact on aquatic environs. Heliyon,
v. 5, n. 11, p. 1-11, Nov. 2019.
BIZZO, H. R.; HOVELL, A. M. C.; REZENDE, C. M. Óleos essenciais no Brasil: aspectos
gerais, desenvolvimento e perspectivas. Química Nova, v. 32, n. 3, p. 588-594, 2009.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Portaria n. 540,
de 27 de outubro de 1997. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 135, n. 208, seção 1,
p. 24338-24339, 28 out. 1997. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/
visualiza/index.jsp?data=28/10/1997&jornal=1&pagina=94&totalArquivos=168. Acesso
em: 21 set. 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução RDC
n. 2, de 15 de janeiro de 2007. Diário Oficial da União, Brasília, DF, ano 144, n. 12, seção 1,
p. 41-43, 17 jan. 2007. Disponível em: https://pesquisa.in.gov.br/imprensa/jsp/visualiza/
index.jsp?jornal=1&pagina=41&data=17/01/2007. Acesso em: 21 set. 2021.
CARATELLI, C. et al. Nature of active sites on UiO-66 and beneficial influence of water in
the catalysis of Fischer esterification. Journal of Catalysis, v. 352, p. 401-414, Aug. 2017.
CHATTOPADHYAY, D. P. Chemistry of dyeing. In: CLARK, M. (ed.). Handbook of textile
and industrial dyeing: principles, processes and types of dyes. Cambridge: Woodhead
Publishing, 2011. v. 1, p. 150-183.
Indústria de aromatizantes e corantes 13
CORTÉS, C. B. et al. One pot synthesis of menthol from (±)-citronellal on nickel sulfated
zirconia catalysts. Catalysis Today, v. 172, n. 1, p. 21-26, 2011.
DIAZ-MUÑOZ, G. et al. Anthraquinones: an overview. In: RAHMAN, A. U. (ed.). Studies in
natural products chemistry. [S. l.]: Elsevier, 2018. v. 58, p. 313-338.
DUFOSSÉ, L.; LATRASSE, A.; SPINNLER, H. E. Importance of lactones in food flavors:
structure, distribution, sensory properties and biosynthesis. Sciences des Aliments,
v. 14, p. 17-50, 1994.
FELIPE, L. O.; BICAS, J. L. Terpenos, aromas e a química dos compostos naturais. Química
Nova na Escola, v. 39, n. 2, p. 120-130, maio 2017.
GOMES, J. I. N. R. Química da cor e dos corantes. Braga: [s. n.], 2000.
GONÇALVES, B. et al. Aromas and flavours of fruits. In: VILELA, A. (ed.). Generation of
aromas and flavours. [S. l.]: IntechOpen, 2018. p. 9-31.
GUARATINI, C. C. I.; ZANONI, M. V. B. Corantes têxteis. Química nova, v. 23, n. 1, p. 71-78,
2000.
JACKSON, R. S. Chemical constituents of grapes and wine. In: JACKSON, R. S. Wine science.
3rd ed. [S. l.]: Academic Press, 2008. p. 270-331.
KÖNIG, J. Food colour additives of synthetic origin. In: SCOTTER, Michael J. (ed.). Colour
additives for foods and beverages. Cambridge: Woodhead Publishing, 2015. p. 35-60.
KRÖGER, J. et al. Exploring the organic–inorganic interface with a scanning tunneling
microscope. In: WANDELT, K. (ed.). Encyclopedia of interfacial chemistry: surface science
and electrochemistry. [S. l.]: Elsevier, 2018. p. 81-98.
LEE, J. et al. Production of Tyrian purple indigoid dye from tryptophan in Escherichia
coli. Nature Chemical Biology, v. 17, n. 1, p. 104-112, 2021.
LEYO. Copper phthalocyanine. Wikimedia, 2010. Disponível em: https://commons.
wikimedia.org/wiki/File:Copper_phthalocyanine.svg. Acesso em: 22 set. 2021.
MARTINS, M. S. Uso de corantes artificiais em alimentos: legislação brasileira. Aditivos
& Ingredientes, n. 122, p. 32-37, set. 2015. Disponível em: https://aditivosingredientes.
com/upload_arquivos/201604/2016040360969001461681111.pdf. Acesso em: 22 set. 2021.
MEGHA INTERNATIONAL. Corantes, pigmentos e corantes alimentícios. Produtos. [S.
l.]: Megha Internacional, c2018. Disponível em: http://meghainternational.com.br/
produtos.html. Acesso em: 21 set. 2021.
MEKSI, N.; KECHIDA, M.; MHENNI, F. Cotton dyeing by indigo with borohydride process:
effect of some experimental conditions on indigo reduction and dyeing quality. Chemical
Engineering Journal, v. 131, n. 1-3, p. 187-193, July 2007.
MOODY, V.; NEEDLES, H. L. Color, dyes, dyeing, and printing. In: MOODY, V.; NEEDLES, H.
L. (ed.). Tufted carpet: plastics design library. [S. l.]: William Andrew Publishing, 2004.
p. 155-175.
OLIVEIRA, A. R. M.; SZCZERBOWSKI, D. Quinina: 470 anos de história, controvérsias e
desenvolvimento. Química Nova, v. 32, n. 7, p. 1971-1974, 2009.
POORNIMA, K.; PREETHA, R. Biosynthesis of food flavours and fragrances: a review.
Asian Journal of Chemistry, v. 29, n. 11, p. 2345-2352, 2017.
PRADO, M. A.; GODOY, H. T. Corantes artificiais em alimentos. Alimentos e Nutrição, v.
14, n. 2, p. 237-250, 2003.
14 Indústria de aromatizantes e corantes
PRASAD, R. Indigo: the crop that created history and then itself became history. Indian
Journal of History of Science, v. 53, n. 3, p. 296-301, 2018.
SILVEIRA, J. C. et al. Levantamento e análise de métodos de extração de óleos essen-
ciais. Enciclopédia Biosfera, v. 8, n. 15, p. 2038-2052, 2012.
SK, S. et al. Review on extraction and application of natural dyes. Textile & Leather
Review, p. 1-16, June 2021.
STEPANYUK, A.; KIRSCHNING, A. Synthetic terpenoids in the world of fragrances: Iso
E Super® is the showcase. Beilstein Journal of Organic Chemistry, v. 15, p. 2590-2602,
Oct. 2019.
VANKAR, P. S. Chemistry of natural dyes. Resonance, v. 5, p. 73-80, Oct. 2000.
WALL, P. E. Chromatography: thin-layer (planar). In: WILSON, I. D. Encyclopedia of
Separation Science. [S. l.]: Academic Press, 2000. p. 204-205.
Leituras recomendadas
BELLUSSI, G. et al. (ed.) Ullmann's encyclopedia of industrial chemistry. 7th ed. Wei-
nheim: Wiley-VCH, 2011.
GRAYSON, M. (ed.). Kirk-Othmer concise encyclopedia of chemical technology. New
York: John Wiley, 1985.
SYMRISE. Symrise. Flavor & nutrition. [S. l.]: Symrise, c2021. Disponível em: https://
www.symrise.com/scent-and-care/aroma-molecules/ingredient-finder/. Acesso em:
22 set. 2021.
THE GOOD SCENTS COMPANY. TGSC Information System. [S. l.]: The Good Scents Company,
c2021. Disponível em: http://www.thegoodscentscompany.com/allodor.html. Acesso
em: 22 set. 2021.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Exercícios
1) A descoberta de Otto Witt, trazida por Travis (2019), foi ter chegado à conclusão de que a
cor de um corante ocorre devido à presença de grupos cromóforos, e os grupos chamados
de "auxócromos" acentuam ou realçam a cor. Pense, então, no corante A, sintetizado a partir
do 1,3-dinitronaftaleno, e no corante B, formado a partir do 2,4-dinitro-1-naftol.
B) O corante A apresenta uma cor mais intensa, devido à presença do grupo nitro.
C) O corante B apresenta uma cor mais intensa, devido à presença do grupo nitro.
D) O corante A apresenta uma cor mais intensa, devido à presença do grupo aromático.
E) O corante B apresenta uma cor mais intensa, devido à presença do grupo hidroxila.
2) O chamado "corante de cuba", como o índigo, é insolúvel em meio aquoso e, por isso,
necessita sofrer uma redução com um agente redutor, sendo a mais frequente uma solução
alcalina de hidrossulfito de sódio, transformando-o na forma leuco.
C) os aromatizantes idênticos aos naturais devem apresentar uma estrutura química idêntica às
substâncias presentes nas referidas matérias-primas naturais, sejam processadas ou não.
D) somente os aromatizantes naturais são utilizados para conferir o sabor a um alimento; por
esse motivo, apresentam a denominação em rótulos "idêntico ao natural".
5) Milhares de corantes sintéticos são produzidos especialmente para uso na indústria têxtil. Existem
diversas categorias de corantes e cada uma está associada especialmente à sua estrutura química.
Os corantes "azo" são os mais produzidos, seguidos das antraquinonas e do trifenilmetano.
Corantes metálicos têm aplicações especiais, e as antocianinas são os corantes naturais mais
conhecidos.
Considere a estrutura do corante na imagem a seguir. Quimicamente falando, ele será um:
A) "azo".
B) antraquinona.
C) pré-metalizados.
D) trifenilmetano.
E) antocianinas.
Na prática
Diversas indústrias fazem uso dos corantes orgânicos para dar cor e melhorar a estética dos seus
produtos. Na indústria de transformação de material plástico, isso não é diferente, mas a escolha do
corante mais adequado para o produto exige uma seleção adequada que engloba diversas variáveis
que merecem ser analisadas.
Acompanhe, neste Na Prática, algumas recomendações úteis para a escolha do corante ideal para
dar cor aos plásticos.
Aponte a câmera para o
código e acesse o link do
conteúdo ou clique no
código para acessar.
Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor:
Manual da Ifra
O uso de banco de dados on-line sobre os vários tipos existentes de aromatizantes é uma
ferramenta indispensável para profissionais que trabalham com esse tipo de produto, seja na
síntese ou no uso em formulações de produtos, como perfumes, produtos de limpeza, entre outros.
Podem ser consultados, no banco de dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos
Essenciais, Produtos Químicos Aromáticos, Fragrâncias, Aromas e Afins (Abifra), milhares de
compostos e substâncias aromatizantes usados nas mais diversas indústrias.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Bioaditivos e aditivos naturais em alimentos: corantes,
antioxidantes e aromatizantes
Confira os aditivos aromatizantes e corantes usando a química de produtos naturais. Os bioaditivos
têm crescido potencialmente, devido ao mercado ter uma aceitação muito grande em produtos
derivados da natureza, especialmente os corantes e aromas usados na formulação de produtos
alimentícios. Conheça neste artigo alguns dos principais bioaditivos e seus usos e métodos de
extração.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.
Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar.