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SOCIEDADE BENEFICENTE E HOSPITALAR SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE RIBEIRÃO PRETO

PROTOCOLO SUSPEITA DE MONKEYPOX (VARÍOLA DO MACACO)

Definição:Zoonose causada pelo vírus Monkeypox, pertencente ao gênero


Orthopoxvirus da família Poxviridae. Tem como hospedeiro, roedores e primatas não
humanos. Doença com quadro clínico semelhante a varíola, porém com menor
gravidade, detectada na população humana pela primeira vez na década de 70. Desde a
erradicação da varíola no mundo em 1980, é o Orthopoxvirus de maior importância à
saúde pública no mundo.

Transmissão: Contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões de pele
ou mucosas de pessoas e/ou animais infectados (abraço, beijo, massagem, relação
sexual etc). Além de contato com secreções respiratórias de pessoas contaminadas e de
objetos (roupa, roupa de cama e banho etc) e superfícies contaminadas.

Período de incubação: 6 a 13 dias e pode variar de 5 a 21 dias.

Quadro clínico:Pródromos: febre, mialgia, fadiga, cefaleia, astenia, linfadenopatia por


cerca de 1-5 dias. Após, o indivíduo apresenta erupção maculopapular, comumente
cefalocaudal, que se espalha rapidamente para outras partes do corpo (face, orofaringe –
úlceras, com fundo branco, aparentando purulento -, MMSS, região anogenitalsão
frequentemente acometidas). As lesões progridem, no geral dentro de 12 dias, do
estágio de máculas para pápulas, vesículas, pústulas e crostas e são extremamente
dolorosas.

Evolução lesões

Av. Saudade, 456 - Ribeirão Preto, SP CEP:14085-000 Fone:(16)3605-0606


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Diagnóstico diferencial: Varicela, Sarampo, Sífilis, infecções bacterianas de pele,


reações alérgicas.

Tempo de isolamento: enquanto houver lesões. Sair do isolamento quando crostas


desaparecerem, o que ocorre entre 2-4 semanas habitualmente.

Caso suspeito: Indivíduo de qualquer idade que apresente início súbito de lesão em
mucosas
E/OU
erupção cutânea aguda sugestiva de MPX, única ou múltipla, em qualquer parte do
corpo (incluindo região genital/perianal, oral)
E/OU
proctite (por exemplo, dor anorretal, sangramento),
E/OU
edema peniana, podendo estar associada a outros sinais e sintomas

Caso provável: Caso que atende à definição de caso suspeito, que apresenta um OU
mais dos seguintes critérios listados abaixo
a) Exposição próxima e prolongada, sem proteção respiratória, OU contato físico
direto, incluindo contato sexual, com parcerias múltiplas e/ou desconhecidas nos 21
dias anteriores ao início dos sinais e sintomas;
E/OU
b) Exposição próxima e prolongada, sem proteção respiratória, OU história de contato
íntimo, incluindo sexual, com caso provável ou confirmado de MPX nos 21 dias
anteriores ao início dos sinais e sintomas;
E/OU
c) Contato com materiais contaminados, como roupas de cama e banho ou utensílios
de uso comum, pertencentes a com caso provável ou confirmado de MPX nos 21
dias anteriores ao início dos sinais e sintomas;
E/OU
d) Trabalhadores de saúde sem uso adequado de equipamentos de proteção individual
(EPI)2 com história de contato com caso provável ou confirmado de MPX nos 21
dias anteriores ao início dos sinais e sintomas.

Caso confirmado: caso suspeito com resultado laboratorial "Positivo/Detectável"


para MPX por diagnóstico molecular (PCR em Tempo Real e/ou Sequenciamento).

Caso descartado: caso suspeito com resultado laboratorial "Negativo/Não


Detectável" para MPX por diagnóstico molecular (PCR em Tempo Real e/ou
Sequenciamento).

Investigação:
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Exame laboratorial: coleta e envio de amostras para o Instituto Adolfo Lutz (IAL) para
exame laboratorial de MPX (rt-PCR viral para MPX)

COLETA DE FLUIDO DAS LESÕES (SWAB):O ideal é a coleta na fase aguda ainda
com pústulas vesiculares (amostra ideal), de pelo menos 2 sítios diferentes

São indicados Swabs estéreis de nylon, poliester ou dacron.


Colocar o swab preferencialmente em tubo seco, SEM líquido preservante, uma
vez que os poxvírus mantêm-se estáveis na ausência de qualquer meio preservante.
Havendo lesões na cavidade bucal, pode-se recolher material das lesões com
swab.

Materiais necessários:
 Bisturis descartáveis com lâmina nº 10 ou 02 agulhas 13 x 0,45mm
 Tubos tipo Falcon de 15 ml ou criotubo, de 1,5 a 2ml
 Swab sintético estéril para coleta
Procedimento:
1. Desinfectar o local da lesão com álcool 70% e deixar secar
2. Utilizar o bisturi ou a agulha para remover a parte superior da lesão
(não enviar o bisturi ou a agulha)
3. Coletar o material pressionando a base da lesão com o swab
4. Inserir o swab no tubo de rosca e cortar a haste antes de tampar (usar
um Swab por tubo).

COLETA DE LESÃO SECA : Em casos de lesão seca, coletar aquelas em fase mais
inicial de cicatrização, pois a chance de detecção de genoma viral ou da partícula viral é
maior.
Materiais necessários:
• Agulhas 13 x 0,45mm
• Tubos estéris de tampa de rosca
Procedimento:
1. Desinfectar o local da lesão com álcool 70% e deixar secar.
2. Use a agulha para retirar pelo menos 4 crostas; duas crostas de cada
lesão (pelo menos 2 lesões)
3. Inserir as crostas de cada uma das lesões em tubos de rosca separados
(portanto 2 tubos).

ARMAZENAMENTO: 2°C a 8°C


TRANSPORTE: 2°C a 8°C
Enviar a amostra o mais rápido possível.

Coletar o maior número de amostras possíveis, de diferentes lesões, para gerar maior
quantidade de material coletado.

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A documentação que deve acompanhar as amostras ao serem encaminhadas ao IAL:


- Cópia da ficha de notificação preenchida no site:
https://cevesp.saude.sp.gov.br/notifica/monkeypox
- Requisição do GAL impressa, carimbada e assinada;
- 02 vias da guia de remessa do GAL.

ATENÇÂO: Não encaminhar os papéis em contato com as amostras laboratoriais para


não haver contaminação.

Cuidados domiciliares de casos suspeitos/confirmados:

1. Não sair de casa, exceto quando necessário para emergências ou cuidados médicos
de acompanhamento;
2. Contato com amigos, familiares somente em emergências;
3. Não praticar atividade sexual que envolva contato íntimo;
4. Não compartilhar itens potencialmente contaminados, como roupas de cama,
roupas, toalhas, panos de prato, copos ou talheres;
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5. Limpe e desinfete rotineiramente superfícies e itens comumente tocados, como


balcões ou interruptores de luz, usando desinfetante acordo com as instruções do
fabricante;
6. Use máscaras cirúrgicas bem ajustadas quando estiver em contato próximo com
outras pessoas em casa;
7. Higiene das mãos (ou seja, lavagem das mãos com água e sabão ou uso de
desinfetante para as mãos à base de álcool) deve ser realizada por pessoas
infectadas e contatos domiciliares após tocar no material da lesão, roupas, lençóis
ou superfícies ambientais que possam ter tido contato com o material da lesão.
8. Caso utilize lentes de contato evite nesse período para prevenir possíveis infecções
oculares;
9. Evite depilar áreas do corpo cobertas de erupções cutâneas, pois isso pode levar à
propagação do vírus;
10. Se possível, use um banheiro separado de outra pessoas que moram no mesmo
domicílio;
11. Tente evitar a contaminação de móveis estofados e outros materiais porosos que
não podem ser lavados colocando lençóis, capas de colchão impermeáveis,
cobertores ou lonas sobre essas superfícies;
12. A roupa suja não deve ser sacudida para evitar a dispersão de partículas infecciosas;
13. Cuidado ao manusear a roupa suja para evitar o contato direto com o material
contaminado;
14. Roupas de cama, toalhas e vestimentas devem ser lavadas separadamente;
15. Podem ser lavadas em uma máquina de lavar, se possível com água morna e com
detergente;
16. Pratos e outros talheres não devem ser compartilhados.

CONDUTAS NO PRONTO ATENDIMENTO

1. O Profissional deve se paramentar para precaução de contato (avental


descartável e luvas) e de gotículas (máscara cirúrgica);
2. Manter paciente em leito/quarto em isolamento assim que suspeitar;
3. Reforçar a higienização das mãos com água e sabão ou álcool 70% nos 5
momentos oportunos;
4. Importância de realizar limpeza das superfícies após o atendimento;
5. Entrar em contato com SCIH imediatamente informando sobre caso suspeito;
6. Enfermagem deverá coletar o material conforme descrição acima (deixar
armazenado no laboratório – temperatura entre 2º e 8ºC – SCIH enviará o mais
breve possível);
7. Enfermagem deverá realizar a notificação do caso, visto se tratar de doença de
notificação compulsória imediata
a. Utilizar ficha disponível nos PAs para coleta de dados;
b. Após preencher formulário de notificação no site:
https://cevesp.saude.sp.gov.br/notifica/monkeypox

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c. ANOTAR nº de protocolo que aparece após salvar o registro e imprimir


a notificação para entregar ao SCIH;
d. Após salvar o registro aparecerá outra tela, que permitirá o envio das
imagens das lesões;
e. Solicitar autorização para tirar fotos das lesões (assinar termo de
consentimento)
f. Enviar termo de consentimento para: dve@saude.pmrp.com.br
8. Identificar contatos e anotar no prontuário;
9. Orientar isolamento domiciliar até o desaparecimento das crostas (habitualmente
de 2-4 semanas do início dos sintomas) – fornecer 21 dias de atestado e orientar
retornar para mais dias, caso ainda mantenha lesões de pele;
10. Orientar cuidados domiciliares;
11. A depender do quadro clínico, considerar solicitar VDRL, sorologia para
varicela e sarampo (checar esquema vacinal);
12. Não há tratamento específico;
13. A vacina não é fornecida no Brasil;
14. Prescrever sintomáticos (lembrar, que a dor pode ser intensa, otimizar analgesia)
15. Casos suspeitos com lesões de pele no corpo, adenopatia e ulceras em
orofaringe, mesmo com aspecto purulento, falam contra amigdalite bacteriana,
portanto, sem indicação de ATB (pode prescrever algum anestésico tópico bucal
– ex: hexomedine).
16. Em caso de lesão com aspecto de infecção bacteriana secundária, iniciar ATB
(ex: amoxicilina)

MANEJO GESTANTES, PUÉRPERAS E LACTANTES

 Em gestantes em que há suspeita de exposição ao MPX, sem quadro clínico,


deve-se testar com qPCR para MPX em swab orofaríngeo. Deve-se considerar
teste em sangue, urina ou fluido vaginal.

 Em gestante assintomática pós-exposição:


o MPX negativo – suspende monitoração.
o MPX positivo – isolamento domiciliar por 21 dias, sem visitas.

 Em gestante com sinais ou sintomas suspeitos de MPX:


o MPX negativo – isolamento domiciliar por 21 dias, sem visitas, descartar
outras causas potenciais (sífilis, sarampo, varicela).
Retestar se os sintomas forem persistentes.
o MPX positivo – Levando em consideração maior risco indica-se
hospitalização nos casos moderados, graves e críticos
Escore de gravidade preconizado pela OMS:
 Leve (< 25 lesões de pele);
 Moderada (25-99 lesões de pele);
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 Grave (100-250 lesões de pele);


 Crítico (> 250 lesões de pele).

 Recomenda-se uso de máscara cirúrgica por toda gestante;


 Recomenda-se uso de preservativo em toda relação sexual, principalmente em
caso de lesões genitais;
 Via de parto deve ser avaliada caso a caso, considerando o local e intensidade
das lesões;
 Recomenda-se manter o clampeamento tardio da cordão umbilical conforme
protocolos da GO;
 Examinar RN, em caso de lesões de pele, realizar coleta de swab de lesões e
swab de orofaringe para enviar para análise;
 Desaconselhar contato pele a pele entre mãe e RN;
 Informar mulher sobre riscos de transmissão pelo contato direto e prolongado
com o RN;
 Desaconselhar amamentação durante o período de isolamento (avaliar caso a
caso, condições sócio-econômicas etc);
 Manter puérpera e RN em leitos separados (puérpera em leito de isolamento e
RN na SALA DE APOIO – aos cuidados da enfermagem)
 Na alta, orientar que mãe e RN devem manter-se, idealmente, separados (RN
ficar aos cuidados de outro familiar? Pai, avós, tios?) pelo período de isolamento
da mãe;
 Visar alta precoce (24h) para mãe e RN em casos possíveis, a depender do
quadro clínico de cada.
Caso não seja possível essa separação, orientar seguintes cuidados:
1. Durante contato mãe-filho;
a. Mãe com uso de máscara cirúrgica bem aderida à face;
b. Mãe deve usar luvas e avental, deixando coberta toda área de pele abaixo
do pescoço;
c. RN deve estar vestido ou envolto por um cobertor/manta;
d. Após cada contato, roupa e cobertor do RN devem ser imediatamente
substituídos.

Referências
1. https://egestorab.saude.gov.br/image/?file=20220801_O_SEIMS-0028381567-
NotaTecnicagraviadsmonkeypoxfinal_1567282545601784855.pdf
2. https://www.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/pdf/saude808202208.pdf
3. https://saude.sp.gov.br/wp-content/uploads/2022/07/Alerta-Epidemiolo%CC%81gico-
MONKEYPOX-MPX.pdf
4. https://www.daerp.ribeiraopreto.sp.gov.br/portal/pdf/saude838202208.pdf

SCIH Santa Casa de Ribeirão Preto


Ribeirão Preto, 10 de agosto de 2022

Av. Saudade, 456 - Ribeirão Preto, SP CEP:14085-000 Fone:(16)3605-0606

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