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Nome: Beatriz de Jesus Paiva Siqueira. Turma B, RA: 165582.

Referência bibliográfica: WEBER, Max. Política como vocação. In: Ciência e política: duas
vocações. São Paulo: Cultrix, 1968 [1919], pp. 55-64.

O texto de Max Weber, extraído do livro “A Política como Vocação", resumidamente,


trabalha com dois pontos centrais: o conceito de Estado, e atividade política como vocação, a
partir disso, algumas questões são levantadas e discutidas pelo autor, como, “o que é
política?" e “o que é Estado?”. Assim, elaborando alguns conceitos importantes como o “uso
da força física legitimada” a ideia de “dominação” e seus 3 tipos puros, e a diferença de viver
“para” a política e “da” política, Weber traça uma análise crítica sobre o exercício da política,
a formação do Estado e os meios de se deter o poder e exercer a dominação.
O texto se inicia com o questionamento do autor sobre o conceito de política, base das
reflexões que seguirão, e como o entendemos. Entretanto, já de início é reforçado que, mesmo
possuindo interpretação ampla, para Weber, terá um recorte e seguirá na seguinte ideia:
“Entenderemos por política apenas a direção do agrupamento político hoje denominado
“Estado” ou a influência que se exerce em tal sentido.” (WEBER 1968, p. 55)
Em seguida, também é colocado em discussão características próprias do Estado,
expondo o autor que só o podemos definir a partir de suas peculiaridades. Além disso, a
violência e a coação são necessárias para sua existência, a frase citada por Weber de Trotsky,
“Todo Estado se funda na força” ilustra perfeitamente esse pensamento e demonstra que esse
é um dos elementos que o definem. Torna-se claro que violência é um instrumento de poder
presente em nosso dia dia e existente nos mais variados ordenamentos políticos, porém,
Weber deixa evidente que dentro dos limites de determinado território (que também é um dos
elementos do Estado), existe “o monopólio do uso da violência física" (WEBER 1968, p. 55),
sendo o Estado detentor da “única fonte do “direito” à violência”(WEBER 1968, p. 56).
O texto se preocupa em determinar critérios para a existência do Estado, esse que só
existe “sob condição de que os homens dominados se submetam à autoridade continuamente
reivindicada pelos dominadores”(WEBER 1968, p. 56), e nesse ponto, Max Weber tenta
responder às questões: “em que condições se submetem eles e por quê? Em que justificações
internas e em que meios externos se apóia essa dominação?”(WEBER 1968, p. 56). Assim, o
autor cita três formas de domínio que justificam a legitimidade do Estado e a obediência dos
súditos, os quais ele chama de “puros”, sendo esses: o domínio “tradicional”, o “carismático”,
e o “legal” (WEBER 1968, p. 56-57). Porém, por se tratar de questões complexas, nesse texto
Weber foca suas reflexões em um desses meios de dominação, “o poder brotado da submissão
ao “carisma” puramente pessoal do “chefe”(WEBER 1968, p. 57).
A partir das reflexões do autor, torna-se evidente que um líder que possui o “carisma”,
possui vocação para a política naturalmente, “a ele se dá obediência não por costume ou
devido uma lei, mas porque neles se deposita fé” (WEBER 1968, p. 57), ou seja, ele é capaz
de ser reconhecido como chefe sem a necessidade de uma justificativa legal ou religiosa, é a
melhor ideia para se explicar a vocação para a política. Portanto, a partir da visão do autor, se
tal líder for comprometido com suas funções, é capaz de realizar grandes feitos, porém, ele
não tem o poder de definir o processo político por si só, é preciso atenção na natureza dos
meios de ação destes homens políticos.
Para Max Weber, a dominação depende dos meios materiais de gestão e de um
estado-maior administrativo, o qual garante que os feitos dos dominados estejam alinhados
com a vontade do dominador. Ademais, o estado maior administrativo obedecerá o líder
também a fim de satisfazer interesses pessoais, segundo o autor, a “retribuição material” e o
“prestígio social" (WEBER 1968, p. 58), e o que liga o estado-maior ao detentor do poder é o
receio de perder isso.
Nesse mesmo sentido, para que exista estabilidade na dominação, a administração
pode ser classificada em duas categorias:
“(I): O estado-maior, os funcionários ou outros magistrados, de cuja
obediência depende o detentor do poder são, eles próprios, os proprietários
dos instrumentos de gestão, instrumentos esses que podem ser recursos
financeiros, edifícios, material de guerra, parque de veículos, cavalos etc.
(WEBER 1968, p. 59)
(II): obedece a princípio oposto: o estado-maior é “privado” dos meios de
gestão, no mesmo sentido que, na época atual, o empregado e o proletário
são privados dos meios materiais de produção numa empresa capitalista.”
(WEBER 1968, p. 59)
Nessa lógica, Weber expõe que, no primeiro caso, o detentor do poder governa
somente se houver cooperação de uma “aristocracia independente” (WEBER 1968, p. 60), ou
seja, o poder não lhe é exclusivo.
Já no segundo, para que seja possível governar, o soberano terá que buscar apoio em
“camadas sociais desprovidas de fortuna e de honra social própria" (WEBER 1968, p. 60), ou
seja, dependentes do governante, e portanto, sem capacidade de se contrapor o detentor do
poder.
Sendo assim, segundo o autor, o Estado moderno deriva desse último, assim como
“todos os tipos de poder patriarcal e patrimonial, bem como o despotismo de um sultão e os
Estados de estrutura burocrática” (WEBER 1968, p. 60).
Seguidamente, traçando um paralelo com o desenvolvimento das empresas
capitalistas, é discutido como os meios políticos de gestão tendem a se concentrar em um só
domínio. Além disso, Weber expõe que o longo processo de monopólio executado pelo
Estado moderno fez nascer os “políticos profissionais” (WEBER 1968, p. 61).
Por fim, o autor aponta duas maneiras de tornar a política uma vocação: o viver “para”
a política, e viver “da” política (WEBER 1968, p. 61-62). Enquanto no primeiro caso, o
homem só poderia viver “para” a política, se esta não lhe fornecesse nenhuma renda, ou seja,
ele deve possuir renda suficiente para tal, no segundo caso, o viver “da” política seria o
oposto, o homem que vive “da” política seria um seria um funcionário com renda advinda da
política.

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