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Folha de irmãos”
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Professor: Luiz Cláudio Disciplina: Sociologia | páginas 8-9 Turma: 2° ano EM

MAX WEBER: um dos “pais da sociologia”, foi responsável por institucionalizá-la na Alemanha, da mesma
forma como Durkheim havia feito na França pouco tempo antes. Weber, no entanto, se destaca dos seus
antecessores por buscar construir uma metodologia científica menos quantitativa e mais qualitativa.

 Análise quantitativa: é aquela que se utiliza de dados numéricos, como estatísticas, para investigar algo em uma
determinada sociedade. Nesse tipo de análise, o investigador pretende chegar a um determinado grau de
precisão.

 Análise qualitativa: o investigador não se preocupa com estatísticas e números, seu objetivo, neste caso, é
compreender determinados fatos em toda sua complexidade. Nela, o sociólogo procura obter uma grande
quantidade de informações para, assim, analisar mais seguramente os fatos.

Ao contrário de Durkheim, Weber acreditava que acontecimentos sociais têm origem nos indivíduos, logo seria
preciso compreender os indivíduos para entender os fenômenos sociais. Para Max Weber, a sociologia é uma
ciência interpretativa que busca a compreensão, diferentemente das ciências naturais, que buscam a explicação
através da descoberta de leis. Por esse motivo, a sociologia inaugurada por Weber é conhecida como “ sociologia
compreensiva”. A metodologia qualitativa aplicada por Weber, para compreensão dos indivíduos e
consequentemente dos fenômenos sociais, é o “tipo ideal”.

“Podemos representar e tornar compreensível pragmaticamente a natureza particular dessas relações mediante um tipo ideal.
[...] Não é pelo estabelecimento de uma média dos princípios econômicos que realmente existiram em todas as cidades
examinadas, mas igualmente pela construção de um tipo ideal que se forma o conceito de economia urbana”. (M. Weber)

Tipos ideais: são constructos que acentuam e generalizam alguns aspectos de uma sociedade para, assim, poder
compreendê-la. Ou seja, são generalizações de aspectos relevantes de uma sociedade.

Exemplo: ao analisar uma escola particular de uma cidade qualquer, pode ser percebido que a maioria dos
estudantes são de determinada classe social; vivem em bairros considerados seguros; possuem uma mesma religião;
são da mesma etnia e nacionalidade; se vestem igualmente de tal maneira... Essa análise possibilitaria a formulação
de um “tipo ideal” relacionado ao estudante dessa escola. O que não significa, segundo Weber, que todos os alunos
sejam iguais ou que o tipo ideal formado seja definitivo para interpretar aquela escola.

“A construção de tipos ideias não interessa como fim, mas única e exclusivamente como meio do conhecimento”. (M. Weber)

Os três tipos legítimos de dominação: um dos mais notórios tipos ideias construídos por Weber, se refere aos
tipos de dominação que qualquer sociedade está submetida. Para ele, existiam três tipos puros* de dominação:
dominação legal; dominação tradicional; e dominação carismática.

* O conceito de “tipos puros”, significa que eles são as bases de qualquer outro tipo de dominação.

Dominação Legal: é a dominação realizada através de estatutos, leis, e pela burocracia estatal e/ou corporativa de
uma empresa capitalista privada. Obedece-se não à pessoa, em virtude de seu próprio direito, mas à regra ou a lei,
que estabelece ao mesmo tempo a quem e em que medida se deve obedecer”. Ou seja, se obedece ao cargo e não ao
indivíduo.

“Seu tipo mais puro é a dominação burocrática. Sua ideia básica é: qualquer direito pode ser criado e modificado mediante
um estatuto sancionado corretamente quanto a forma. A associação dominante é eleita ou nomeada. [...] O quadro
administrativo consiste em funcionários nomeados pelo senhor, e os subordinados são membros da associação”. (M. Weber)
Segundo Weber, em geral, tantos os Estados quanto às empresas capitalistas operam sob a dominação legal. Em
ambos os casos, espera-se que os dominantes procedam sem influências sentimentais de espécie alguma, livre de
caprichos pessoais e, particularmente, sem considerações pessoais.

Dominação tradicional: ocorre quando as normas que regem as relações entre dominantes e dominados são
consideradas válidas para sempre, em virtude das qualidades positivas naturais do dominador.

“Obedece-se à pessoa em virtude de sua dignidade própria, santificada pela tradição: por fidelidade”. (M. Weber)

Como o “senhor” tem qualidades positivas naturais, cabe a ele definir a burocracia, que é aceita como a melhor
possível pelos dominados. Típico dos governos despóticos; teocracias; monarquias – sobretudo as absolutistas
hereditárias –; e instituições religiosas. Instituições onde o domínio é tratado como “direito” do senhor.

“O quadro administrativo [...]consta de dependentes pessoais do senhor (familiares ou funcionários domésticos) ou de


parentes, ou de amigos pessoais do senhor (favoritos), ou de pessoas que lhe estejam ligadas por vínculo de fidelidade
(vassalos, príncipes tributários). Falta aqui o conceito burocrático de ‘competência’ [...]”. (M. Weber)

Para Weber, o modelo de dominação tradicional mais puro é o patriarcal, aquela exercida pelo “pai da família”.
Os Estados-nação se fundaram sob essa lógica, e a institucionalizaram.

O patrimonialismo também seria outra característica da dominação tradicional, quando as relações domésticas,
particulares, se estendem e ampliam para o Estado. Assim, o Estado, a “coisa pública”, é administrada como uma
“coisa particular”.

“A ação do senhor ou do seu quadro administrativo tem que ser comprada ou conquistada por meio de relações pessoais”.
(Max Weber)

Uma sociedade patriarcal e patrimonialista, acaba por formar um estamento burocrático, uma camada social que
comanda a máquina política e administrativa do Estado para seu benefício próprio. Mesmo que grupos
ideologicamente distintos assumam o governo, ainda assim o poder permanece controlado pelo estamento
burocrático.

Dominação carismática: ocorre quando indivíduos se submetem ao domínio de outro por questões afetivas. Essa
submissão pode se dar pelo carisma do dominante; pelo seu poder intelectual ou de oratória; por supostas
faculdades mágicas ou de professar revelações; ou por algum heroísmo passado.

A autoridade carismática é uma das grandes forças revolucionárias da história, porém em sua forma totalmente
pura têm caráter eminentemente autoritário e dominador. Uma sociedade dominada pelo carisma tende a replicar
essa dominação, procurando um novo líder carismático após o desaparecimento do anterior. Ocorre uma conversão
para o tipo tradicional de dominação. A legislação é alterada para atender a manutenção da lógica carismática

“Seus tipos mais puros são a dominação do profeta, do herói guerreiro e do grande demagogo”. (M. Weber)

Weber alerta que nenhum modelo de dominação existe por si só, isoladamente, mas está imbricado em outras
formas de dominação.

A ética protestante e o espírito do capitalismo: Em sua obra mais importante, “A ética protestante e o espírito do
capitalismo”, Max Weber relacionou o avanço do capitalismo com o crescimento do protestantismo. Para Weber,
foi a ética do trabalho dos protestantes (teologia da prosperidade), que serviu de solo fértil para que o capitalismo
surgisse como força revolucionária. Os países majoritariamente protestantes avançaram mais no capitalismo,
enquanto os católicos avançaram mais lentamente. Assim, o Estado-nação burguês seria decorrência da
sectarização da burocracia estatal.

Referências bibliográficas:
CASTRO, Celso. Textos básicos de sociologia: de Karl Marx a Zygmunt Bauman. Rio de Janeiro: Zahar, 2016.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder - formação do patronato político brasileiro. São Paulo: Ed. Globo, 1998
HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
THORPE, Christopher (org.). O livro da sociologia. São Paulo: Globo Livros, 2016.
WEBER, Max. Economia e sociedade. São Paulo: Ática, 2006.
WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Cia. das Letras, 2004.

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