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A mediação de conflitos é uma função que tem ganhado cada vez mais

espaço no ambiente escolar. Na atualidade entende-se que a escola tem se


colocado como local de acolhimentos à pluralidade e diversidade. Nesse
contexto as relações interpessoais nem sempre são harmoniosas, surgindo
conflitos pelos mais variados motivos, o que torna necessário propostas de
intervenção. Assim, muitas vezes recai sobre a gestão escolar esse papel de
elaborar propostas para a mediação de conflitos, permitindo que a escola se
coloque como espaço de diálogo e busca por soluções de forma coletiva.

Tendo como base esta ideia, o presente estudo apresenta o caso de


uma gestora que se encontra diante de conflitos em sua unidade escolar.
Diante dessa situação a gestora busca mediar os conflitos, porém se depara
com um ambiente hostil, que dificulta o desenvolvimento de ações efetivas.
Nesse sentido, busca desenvolver uma proposta voltada para os professores e
outra proposta voltada para os estudantes, como forma de reduzir os conflitos
apresentados.

Nesse contexto o desenvolvimento de propostas focadas na cultura de


paz (DUSI et al., 2005), na comunicação não violenta (FERREIRA, 2019) e no
desenvolvimento da inteligência emocional (BRASIL, 2018) podem ser bastante
eficazes. Segundo Melman et al. (2009, p.68):

Conflitos entre pessoas, grupos e organizações são


inevitáveis. A diversidade é necessariamente geradora de conflitos.
Não devemos fugir deles. Os conflitos são essenciais para o
aprimoramento das relações entre os homens, e para a construção de
uma sociedade mais justa, igualitária, democrática e plural.

Nesse sentindo não cabe dizer que a escola deverá estimular os


conflitos, porém, é possível entender esses momentos como uma oportunidade
para o diálogo entre os atores que compões o processo educativo, identificar
os mecanismos que geram os conflitos a fim de resolvê-los, promovendo assim
um importante processo de aprendizagem socioemocional.

A Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2018) é bastante


inovadora nesse sentido. Como um documento que busca nortear o processo
educativo em todo o território nacional, a BNCC traz as competências
socioemocionais como aspectos centrais de sua proposta, estando alinhada
com a realidade que a escola apresenta na atualidade, porém sendo ainda
necessárias algumas adequações para que seja realmente efetivada
(CANETTIERI et al. 2021).

Dessa forma, no que tange ao trabalho com docentes e estudantes, a


gestora da unidade tem em mãos uma gama de referências que podem ser
utilizadas para nortear suas propostas. No trabalho com professores é possível
propor formações com especialistas nas áreas citadas e rodas de conversa
para abertura ao diálogo. A mediação nesse caso é imprescindível, uma vez
que o ambiente pode ser tornar mais hostil como apresentado antes, sendo
necessário que o diálogo se realizado de forma a buscar a resolução dos
conflitos de forma coletiva. Na perspectiva dos estudantes é importante que
estes sejam convidados ao protagonismo das ações e chamados ao diálogo
para exporem a sua visão sobre as situações ocorridas, assim como propor
soluções. Para tanto, é possível que a escola promova assembleias para que
os alunos tenham voz e sejam ouvidos entre si, pelos professores e pela
equipe gestora da escola. Muitas vezes problemas de indisciplina e conflitos
interpessoais são gerados pela falta de diálogo ou pela sensação de que
estudantes e equipe escolar se encontram em campos opostos. É preciso
construir a compreensão de que todos os indivíduos que fazem parte da
comunidade escolar têm um objetivo em comum, a aprendizagem, mesmo que
o papel de cada um nesse processo seja diferente.

Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília,
2018.
CANETTIERI, M. K. et al. Habilidades socioemocionais: da BNCC às salas
de aulas. Revista Educação e Formação, v. 6, n. 2, p. 1-21, 2021.
DUSI, M. L. H. M. et al. Cultura de paz e psicologia escolar no contexto da
instituição educativa. Revista Psicologia Escolar e Educacional, v. 9, n. 1, p.
135-145, 2005.
FERREIRA, L. L. O. O uso da comunicação não violenta como
possibilidade de intervenção nas relações interpessoais entre estudantes.
(Trabalho de Conclusão de Curso – Formação de Educadores para a Educação
Básica). Belo Horizonte, UFMG, 2019.
MELMAN, J. et al. Tecendo redes de paz. Revista Saúde e Sociedade, v. 18,
supl. 1, p. 66-72, 2009.

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