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Escola, Família e

Comunidade
Material teórico
Escola, Família e Comunidade: conceitos e relações

Responsável pelo Conteúdo:


Profª. Me. Janaina Pinheiro Vece

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Revisão Textual:
Profª. Esp. Vera Lidia de Sa Cicaroni
Escola, Família e Comunidade:
conceitos e relações

O objetivo desta unidade é que você compreenda as relações


sociais e interpessoais que ocorrem quando a família está
inserida num ambiente escolar democrático. Esclarecendo
teoricamente os conceitos de educação, de gestão
democrática e de cidadania, os materiais disponibilizados
apresentam vários exemplos de que a aproximação entre
família, comunidade e ambiente escolar é possível.

Atenção

Para um bom aproveitamento do curso, leia o material teórico atentamente antes de realizar
as atividades. É importante também respeitar os prazos estabelecidos no cronograma.
Contextualização

Uma escola sem muros e sem violência no coração de uma das maiores favelas no Brasil.
Você consegue imaginar?!

Uma série especial sobre educação, exibida por uma emissora de televisão brasileira, mostra o
exemplo de uma comunidade que transformou as relações pessoais e interpessoais na escola,
usando um econômico e interessante caminho: o poder da palavra.

Para darmos início à unidade III, assista à reportagem “Escola transforma relação em diálogo”,
que mostra como a instituição escolar pode se constituir num espaço harmonioso e amistoso a
partir das relações estabelecidas com a comunidade.
Material Teórico

O assunto principal desta unidade aborda as relações sociais que se formam no


processo de integração entre Escola, Família e Comunidade. No entanto, para
compreendermos o seu desenvolvimento, os conceitos de educação, de gestão
democrática e de cidadania, que constituem a base desse relacionamento,
serão analisados a partir de fundamentos teóricos e legais. Posteriormente,
veremos como a relação entre escola e comunidade pode ser reconstruída no
âmbito escolar.

Durante a leitura, aproveite para registrar os aspectos que achar mais importantes e as dúvidas
que surgirem.

Boa leitura!

Introdução
Atualmente, as escolas têm se mobilizado para construir, num ambiente democrático e
participativo, a sua verdadeira identidade e autonomia. Essa preocupação pode ser
considerada como um reflexo do desenvolvimento da educação no Brasil, marcado, na
década de 1990, pela democratização do ensino.

Ao democratizar o acesso à Educação Básica, o governo federal revelou o


compromisso de oportunizar e garantir a todo o cidadão brasileiro, independente da sua
classe social, econômica, cultural ou religiosa, o direito à instrução fundamental.

Nesse processo de democratização, a escola ocupou um papel de destaque em resposta


às demandas históricas e locais e foi necessário rever alguns conceitos e as relações
estabelecidas com o seu público, em especial com a comunidade. Um exemplo é a adoção da
política de direitos humanos na relação entre escola e comunidade, prevendo a garantia do
bem-estar e o desenvolvimento de todos os alunos, com base nos pressupostos de respeito à
dignidade e aos direitos básicos dos cidadãos.

O contexto apresentado é bem convidativo para revermos os significados atribuídos a


educação, gestão democrática e cidadania e também para compreendermos como as relações
entre Escola, Família e Comunidade se constituem nesse novo ambiente escolar.
Revendo conceitos e reconstruindo significados: educação, gestão
democrática e cidadania

Estudos revelam que, nas últimas décadas, o Brasil alcançou um aumento significativo
de matrículas em todos os níveis de ensino da Educação Básica. Nesse cenário, o Ensino
Fundamental apresenta-se como uma conquista histórica em resposta aos amplos movimentos
e investimentos realizados em favor da democratização do acesso à educação.

Os resultados dos últimos 50 anos indicam que, em 1960, apenas 9,1% dos alunos
ingressantes no Ensino Fundamental concluíam a oitava série, e que, em 2001, houve um
crescimento que elevou esse número para 62%. Na luta pela democratização da educação
pública brasileira, os números apontam que os avanços foram significativos.

Os avanços, perceptíveis no acesso à Educação Básica, não são os mesmos quando se


avalia a qualidade de ensino. A qualidade da educação brasileira tem se constituído, em
especial neste momento histórico, como um dos grandes desafios para a educação em geral.

Para Veiga (2003, p. 17):

A escola de qualidade tem obrigação de evitar, de todas as maneiras possíveis,


a repetência e evasão. Tem que garantir a meta qualitativa do desempenho
satisfatório de todos. Qualidade para todos, portanto, vai além da meta
quantitativa de acesso global, no sentido de que as crianças, em idade escolar,
entrem na escola. É preciso garantir a permanência dos que nela ingressam.

Mediante as demandas e os desafios postos pela busca da qualidade de ensino e pela


própria sociedade contemporânea, as funções historicamente definidas para a escola
transformaram-se e exigem, atualmente, novos caminhos para fazer educação, o que implica
rever conceitos e assumir posturas mais articuladas e dialógicas entre a escola e os sujeitos que
dela usufruem, ou seja, a própria comunidade.

A necessidade de reconstruir o espaço da escola, somada às novas demandas legais


voltadas para os direitos humanos, contribui para a discussão da relação Escola, Família e
Comunidade com uma postura mais crítica e coerente com a realidade vivida hoje.

Falar sobre essas relações implica a revisão de conceitos e concepções acerca de


educação, gestão e cidadania, que, de certa forma, estruturam sua base.

Paulo Freire (2002, p.25), ao dizer que “ensinar não é transferir conhecimento, mas
criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção”, revela a educação como um
processo de desenvolvimento humano e mostra, ainda, que a compreensão de educação
exige a consciência do inacabamento.
Para Cortella (1998), não nascemos prontos e, como seres inconclusos, transformamo-
nos pelo processo de educação, ao qual somos submetidos ao longo da nossa trajetória de
vida.

Compartilhando da mesma concepção de educação, Gadotti (2009, p.31) afirma que:


“Como nos educamos ao longo da vida, não podemos separar um tempo em que nos
educamos e um tempo em que não estamos nos educando”.

São posicionamentos semelhantes que assumem que aprendemos o tempo todo,


dentro e fora da escola, por isso a escola de hoje não pode se posicionar como o único e
exclusivo espaço em que se oferece a educação. É por esse e outros motivos que as palavras
de Freire são tão presentes e atuais quando o autor se refere à relação entre professor e aluno.

Não há docência sem discência, as duas explicam seus sujeitos, apesar das
diferenças que os conotam, não se reduzem à condição de objetivo, um do
outro. Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender
(FREIRE, 2002, p.25).

Se a educação ocorre em todos os lugares, na comunidade, nas famílias, nas igrejas,


nas praças, na ida à padaria ou ao mercado, torna-se extremamente necessária a oferta de
uma educação escolar que contribua para formar as capacidades humanas, para que possam
ser empregadas fora e dentro da escola, tendo sempre em mente que elas não são inerentes
ao sujeito, mas sim apreendidas e construídas ao longo do tempo.

Acerca do assunto, Veiga (2003) destaca que:

A escola é o lugar de concepção, realização e avaliação de seu projeto


educativo, uma vez que necessita organizar o seu trabalho pedagógico com
base em seus alunos. Nesta perspectiva é fundamental que ela assuma suas
responsabilidades, sem esperar que as esferas administrativas superiores
tomem essa iniciativa, mas que lhe deem as condições necessárias para levá-la
adiante. Para tanto, é importante que se fortaleçam as relações entre escola e
sistema de ensino(VEIGA, 2003, p.12).

Ao construir o seu projeto pedagógico com base na realidade de seus alunos e assumir
responsabilidades administrativas, a autora aponta-nos um conceito presente nas escolas de
hoje, a gestão democrática.
De acordo com Veiga (2003), a gestão democrática pode ser definida como:

Um princípio consagrado pela Constituição vigente, que abrange as dimensões


pedagógica, administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histórica na
prática administrativa da escola, com o enfrentamento das questões de
exclusão e reprovação e da não-permanência do aluno na sala de aula, o que
vem provocando a marginalização das classes populares. Esse compromisso
implica a construção coletiva de um projeto político-pedagógico ligado à
educação das classes populares (VEIGA, 2003, p.17-18).

Veiga (2003) refere-se à Constituição Federal de 1988, que, ao reconhecer os direitos


de todos os cidadãos brasileiros, deu início ao processo de democratização do Ensino
Fundamental no Brasil, universalizando e abrindo os portões da escola às classes populares,
que, até então, não tinham privilégio de acesso.

De modo geral, o pensamento pedagógico brasileiro, instituído pela Lei de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional, LDB nº 9.394/96, tem adotado a perspectiva crítica e
emancipadora de Paulo Freire, com a proposta de que as escolas adotem e incorporem, em
sua organização, a gestão democrática.

É o que apontam os incisos I, II e VI do Artigo 12 da LDB nº 9.394/96:

Art. 12º Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas


comuns e as dos seus sistemas de ensino, terão a incumbência
de:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e
financeiros;
VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando
processos de integração da sociedade com a escola (...).

No Artigo 14 da LDB nº 9.394/96, a proposta de gestão democrática está mais explícita


ao estabelecer que:

Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão


democrática do ensino público na educação básica, de acordo
com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do
projeto pedagógico da escola;
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes.
Em ambos os artigos, a participação das comunidades escolar e local e o seu
envolvimento nos processos de integração com a escola são apontados como princípios da
gestão democrática. Os esforços para a participação efetiva da comunidade no ambiente
escolar visam ao atendimento dos direitos humanos fundamentais, pois o espaço democrático
só pode ser consolidado por meio do respeito à diversidade e à pluralidade e por intermédio
do diálogo para a construção de um ambiente compartilhado coletivamente.

Tendo por base tais dispositivos legais e constitucionais, podemos afirmar que é
impossível falar sobre a função e a dinâmica da escola, sem, ao menos, compreendermos o
que de fato é a gestão democrática.

Para Veiga (2003), a gestão democrática implica, principalmente, o repensar das


relações de poder da escola, tendo em vista, acima de tudo, a sua socialização. A socialização
do poder propicia a prática da participação coletiva, que atenua o individualismo; da
reciprocidade, que elimina a exploração; da solidariedade, que supera a opressão; da
autonomia, que anula a dependência de órgãos intermediários que elaboram políticas
educacionais das quais a escola é mera executora.

Os autores Apple e Beane (1997) apresentam uma visão que transcende a gestão
democrática para uma comunidade democrática na escola:

As escolas democráticas, como a própria democracia, não surgem por acaso.


Resultam de tentativas explícitas de professores(as) colocarem em prática os
acordos e oportunidades que darão vida à democracia (...). Esses acordos e
oportunidades envolvem duas linhas de trabalho. Uma é criar estruturas e
processos democráticos por meio dos quais a vida escolar se realize. A outra é
criar um currículo que ofereça experiências democráticas aos jovens (APPLE,
BEANE, 1997, p.20).

A escola, ao delinear sua própria identidade, induz a sua reconstrução como um


espaço público, lugar de debate, de diálogo, fundado na reflexão coletiva. Nesse sentido, a
escola democrática carece de alicerces e pressupostos críticos que considerem a prática social,
que estejam compromissados em solucionar os problemas da educação e do ensino da sua
escola e, principalmente, articulados aos interesses da maioria da população.
Sendo assim, acerca da gestão democrática, conclui-se que, no interior da escola, esse
não é um processo fácil de ser consolidado, pois não se trata apenas da gestão em si, mas de
uma educação democrática que envolve todos os representantes dos diferentes segmentos da
escola, necessariamente, em decisões e ações administrativas e pedagógicas que, no espaço,
se desenvolvem.
Aprenda um pouco mais sobre a Gestão Democrática, acessando o
link:

https://www.youtube.com/watch?v=f0J4eVJ2uTA

De acordo com Freire (2002), tornar-se contemporâneo de seu tempo é uma das
principais contribuições que a educação pode oferecer aos seus alunos. Por isso, de nada
adianta posicionar-se com saudosismo frente à educação do passado, postura que pouco
contribui e dialoga com as urgências e demandas do tempo histórico em que estamos
inseridos.
Formar para a cidadania compreende uma reunião de conhecimentos, sistematizados e
articulados às práticas, costumes, crenças e valores que estão na base da vida cotidiana e que,
articulados ao saber escolar, podem e devem constituir o currículo da escola.
De acordo com Gadotti (2009), o movimento da educação cidadã foi paralelo ao
processo de democratização do ensino que ocorreu em meados de 1980 e na década de
1990. Seu início é decorrente da gestão democrática, sendo incorporadas outras
preocupações geradas pelas próprias relações sociais fadadas à violência e à deterioração dos
direitos humanos. Para o autor, cidadania é, essencialmente, a consciência de direitos e
deveres e o exercício da democracia. Afinal, não há cidadania sem democracia.
Segundo Gadotti (2009), a cidadania compreende a participação e o pertencimento.
Essa apropriação só é possível se a própria escola criar mecanismos, como Gestão
Participativa, Reunião de Colegiados, Grêmios, entre outros, que possam ser estruturados e
decididos pela comunidade escolar. O intuito desses movimentos é levar para dentro da
escola os interesses e as necessidades da população.
Dessa forma, a educação para os direitos humanos e a cidadania democrática surge,
inicialmente, na educação não formal, como prática de educação popular, constituindo-se
como estratégia de mobilização, organização e formação de uma cultura cidadã na construção
de sujeitos históricos em processos de lutas pelas conquistas dos seus direitos civis, políticos,
econômicos, sociais e culturais.
Nesse sentido, é possível afirmar que a educação em direitos humanos foi substituindo
o que, nas décadas de 70 e 80, era chamado de “educação popular” ou “educação
libertadora”, tendo como idealizador Paulo Freire.

Confira, na prática, o exemplo de uma escola cidadã.

https://www.youtube.com/watch?v=pG1DGaMfpTw
É indiscutível o legado deixado por Freire, parte do qual se refere à educação
popular. A teoria de Paulo Freire destaca-se por comprometer-se com a dimensão social e
política e, principalmente, por seus ideais pedagógicos terem um forte componente ético
derespeito ao aluno.

Para Freire (2002, p.66):

O respeito à autonomia e à dignidade de cada um é um imperativo ético e


não um favor que podemos ou não conceber uns aos outros. (...) O professor
que desrespeita a curiosidade do educando, o seu gosto estético, a sua
inquietude, a sua linguagem, mais precisamente, a sua sintaxe e a sua
prosódia; o professor que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que
“ele se ponha em seu lugar” (...) transgride os princípios fundamentais éticos
de nossa experiência enquanto educador.

É por essa e por outras contribuições que Paulo Freire tem sido mencionado como o
Pai da Pedagogia no Brasil e reconhecido, mundialmente, por seu trabalho ético e
comprometido com a educação para e pela cidadania, conceitos esses indispensáveis para
que a escola reconstrua o seu papel social.

A partir do conteúdo apresentado, conclui-se que buscar uma nova organização para a
escola, pautada na gestão democrática e cidadã, é uma ousadia e um tremendo desafio para
gestores, educadores, pais, alunos, funcionários e a comunidade em geral. No entanto, não
podemos dizer que esse processo de readequação do papel da escola às necessidades de uma
nova educação seja uma tarefa impossível, se, de fato, acreditamos na função da escola de
hoje.
Sintetizando:

Princípios:
ESCOLA GESTÃO
Desenvolvimento DEMOCRÁTICA
Humano

Direitos Humanos

Projeto Pedagógico

Participação

Pertencimento

Integração Escola,
Família e Comunidade.

CIDADANIA

Figura 1 – Esquema elaborado pela autora

Escola, Família e Comunidade: uma relação possível?

Em busca da melhoria da qualidade de ensino e da adequação curricular às novas


demandas da sociedade, a relação entre escola e comunidade tem sido objeto de estudos de
professores, pesquisadores e instituições educacionais.
Pesquisas mostram que, para a aproximação dessas instâncias, há a necessidade de
repensar a organização do trabalho pedagógico, superando os conflitos, eliminando as
relações competitivas, corporativas e autoritárias que permeiam o interior da escola. Para isso,
as relações de poder devem ser revistas e reconstruídas.
De acordo com Veiga (2003, p. 15):

O ponto que nos interessa reforçar é que a escola não tem mais possibilidade
de ser dirigida de cima para baixo na ótica do poder centralizador que dita as
normas e exerce o controle técnico burocrático. A luta da escola é para a
descentralização em busca de sua autonomia e qualidade.

É preciso ter consciência de que, por muito tempo, a dominação no interior da escola
efetivou-se a partir das relações de poder expressas nas práticas autoritárias e conservadoras
dos diferentes profissionais bem como por meio das formas de controle existentes na
organização escolar.

Quando se busca uma nova dinâmica para a escola, é preciso analisar, primeiramente,
como as relações acontecem dentro dela. Sendo a escola uma instituição social que reflete, no
seu interior, as determinações e contradições da sociedade, atitudes violentas,
preconceituosas, intolerantes à diversidade cultural são exemplos dos reflexos sociais que
adentram os muros da escola. Isso mostra que repensar as relações de poder implica pensar as
relações legítimas dessa mesma sociedade.

Para garantir a relação amistosa entre escola e família, é preciso considerar que o
processo educativo, em si, compreende, principalmente, a relação da aprendizagem dos
alunos com a sua vida e com a sua comunidade local. Por isso é importante que, nas práticas
cotidianas da escola, sejam considerados e tolerados os costumes, as crenças e os valores que
estão na base diária.

A superação de posicionamentos hierárquicos e autoritários permite que todos os


envolvidos, diretor, professores, alunos, pais e comunidade, possam se reconhecer como
sujeitos do processo e não como meros coadjuvantes. Desvela-se, na prática, que o diálogo,
num embate respeitoso, acolhedor às diferenças e aos direitos humanos, é um caminho
promissor para uma relação saudável entre as instituições.

Veja, na prática, através da experiência da Escola Municipal


Professor Daniel Alvarenga, de Belo Horizonte (MG), como é
possível a transformação e integração entre escola e comunidade:

https://www.youtube.com/watch?v=-XFGLzT7R1Y
A perspectiva dialógica de Freire (2002) sustenta que o direito da palavra não é de um
ou de outro, mas sim é direito de todos os homens. Reconhecida a instituição escolar como
gestora da sua própria prática educativa, é importante que a escola se firme como um corpo
que se desenvolve a partir de um movimento dialógico que convida a todos para participar e
transformar o mundo vivido e compartilhado.

Essa dimensão dialógica inerente à escola desafia os membros de cada segmento


escolar - pais, funcionários, alunos, professores e gestores - a potencializarem a construção de
uma vivência escolar plural e democrática que valorize a trajetória de vida de cada sujeito e
reconheça o espaço escolar como uma oportunidade de todos, juntos, tornarem-se pessoas
melhores.

Esse movimento de integração entre a escola e a comunidade contribui para


potencializar e estabelecer uma ampla rede de relações e parcerias, o que não significa
descaracterizar a função social elementar da escola de ensinar, mas sim reconhecer que a
escola só pode efetivar o seu papel assumindo compromissos com a realidade de seus alunos.

É comum o entendimento errôneo e limitado de que a presença das famílias na escola


se resume a festividades e reuniões pedagógicas. É preciso assumir que essa presença é muito
mais necessária; o segmento familiar é um parceiro essencial na efetivação da proposta
pedagógica da escola, por isso a necessidade de se criar outros espaços de participação.

A respeito da participação da família na escola, Paro (1983, p.34) sugere:

(...) a instalação de processos eletivos de escolha de dirigentes, colegiados com


representação de alunos, pais, associação de pais e professores, grêmio
estudantil, processos coletivos de avaliação continuada dos serviços escolares
etc.

Se, por um lado, a escola precisa criar mecanismos para que a comunidade, de fato,
pertença à instituição, por outro, as famílias também precisam compreender e reconhecer a
sua função nessa relação, que é muito mais do que estar presente; acima de tudo, é participar
efetivamente da construção da escola a que pertence.
Sintetizando

ESCOLA FAMÍLIA
Rever relações de
poder

Diálogo

Cidadania

Realidade local

Participação

COMUNIDAD
E

Figura 2 – Esquema elaborado pela autora


Material Complementar

Neste espaço, você terá acesso a conteúdos complementares ao material da unidade III.
Aproveite para aprofundar e sistematizar os conhecimentos acerca da gestão democrática e
educação cidadã.
Bom estudo e até a próxima unidade!

Escola do Rio transforma sala de aula num lugar mais interessante para
reduzir abandono.
Disponível em: https://goo.gl/ZlQXAP

Caro aluno, no Google, o maior site de pesquisa mundial, também é


disponibilizado o conteúdo parcial ou total de livros que autorizam a sua
publicação digital. Veja o conteúdo (parcial) do livro Gestão Democrática
na Escola, de Dinair Leal da Hora, disponível no site:
http://books.google.com.br/books?id=L2j_hh8hisYC&printsec=frontcover&
dq=gest%C3%A3o+democr%C3%A1tica&hl=pt-PT&cd=2
Referências

APPLE, M. BEANE, J. Escolas democráticas. São Paulo: Cortez, 1997.

BRASIL. Constituição Federal da República Federativa do Brasil. Promulgada em 5


de outubro de 1988.

______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n.º 9.394, dedezembro de


1996. Brasília, DF.

CORTELLA, M. S. A escola e o conhecimento: fundamentosepistemológicos e


políticos. São Paulo: Cortez/IPF, 1998.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à práticaeducativa. Edição 27ª.


São Paulo: Paz e Terra, 2002.

GADOTTI, M. Educação Integral no Brasil. São Paulo: Editora e LivrariaInstitutoPaulo


Freire, 2009.

PARO, V. H. Situações e perspectivas da administração da educação brasileira:uma


contribuição. In: Revista Brasileira de Administração da Educação. Brasília,
Anpae,1983.

VEIGA, I. P. A. Projeto Político Pedagógico da Escola: uma construção possível. 16ª


Edição. Campinas, Sp. Editora: Papirus, 2003.
Anotações

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