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Análise Espacial

A cada dia se torna mais difícil imaginarmos o mundo como ele é atualmente sem as
aplicações de análise espacial. Os conceitos e operações entre vetores, equação
vetorial da reta e do plano estão presentes nas mais diversas áreas. Em um projeto
aerodinâmico, por exemplo, representamos a partir de vetores as forças que estão
atuando em um avião ou veículo espacial; informações sobre o comportamento do
fluxo de ar em diferentes partes das aeronaves são descritas por um campo de
vetores e suas operações. Outro exemplo ocorre na criação de jogos, em que os
movimentos e ações dos personagens são programados com base em conceitos e
operações entre vetores e equação vetorial da reta. Os conhecimentos adquiridos
nesta disciplina irão proporcionar aos futuros engenheiros uma bagagem necessária
para desenvolver projetos de excelência para diversas áreas de atuação.

Objetivos

Ao final desta disciplina, você deverá ser capaz de:

• Empregar os conceitos e a representação de vetores na


resolução de problemas aplicados.
• Usar as operações vetoriais de soma de vetores e multiplicação
por um escalar do ponto de vista algébrico e geométrico em
aplicações em física e engenharias.
• Calcular algebricamente vetores no plano e no espaço em
situações-problema.
• Usar o produto escalar, vetorial e misto para verificação da
ortogonalidade e o paralelismo entre vetores em problemas
aplicados em física e engenharias.
• Calcular o produto escalar, vetorial e misto em aplicações em
física e engenharias.
• Apresentar a representação geométrica do produto escalar,
vetorial e misto para a solução de problemas físicos e
geométricos.
• Utilizar diferentes formas da equação vetorial da reta para
resolução de problemas físicos e geométricos.
• Calcular a equação vetorial da reta em problemas de
movimento retilíneo e uniforme com aplicações em
engenharias.
• Solucionar problemas envolvendo interseções de retas em
diferentes áreas.
• Solucionar, por meio das equações vetoriais do plano,
problemas matemáticos de física e engenharias.
• Usar a equação vetorial do plano para resolução de situações-
problema aplicadas em engenharias.
• Solucionar problemas envolvendo interseções entre planos e
retas em diferentes áreas.

Conteúdo Programático

Esta disciplina está organizada de acordo com as seguintes


unidades:

• Unidade 1 – Vetores no plano e no espaço.


• Unidade 2 – Produtos: escalar, vetorial e misto.
• Unidade 3 – Retas.
• Unidade 4 – Planos.

Autoria

Eduardo Lenho Coelho

Doutorado em Ciências Físicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj,


bacharel e licenciado em Física pela Uerj, professor auxiliar do Ciclo Básico das
Engenharias da Universidade Veiga de Almeida – UVA desde 2015. Professor
orientador do grupo de foguetes Elysium Rocket UVA.
Vetor

A compreensão dos conceitos e das operações algébricas e geométricas de adição de


vetores, bem como da multiplicação de um número real por um vetor, nos permite
resolver os mais diversos problemas físicos. Entre as questões que podem ser
resolvidas com esse aprendizado podemos citar a determinação do módulo, a direção
e o sentido do vetor resultante, assim como sua representação geométrica no plano e
no espaço nas mais variadas situações, como o movimento de um personagem em
um jogo ou manter o rumo de um avião na presença de vento e equilíbrio de uma
estrutura.

Objetivo
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:

• Empregar os conceitos e a representação de vetores na


resolução de problemas aplicados.
• Usar as operações vetoriais de soma de vetores e multiplicação
por um escalar do ponto de vista algébrico e geométrico em
aplicações em física e engenharias.
• Calcular algebricamente vetores no plano e no espaço em
situações-problema.

Conteúdo Programático
Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas:

• Tema 1 - Conceitos de vetores e representação gráfica.


• Tema 2 - Operações básicas do ponto de vista algébrico e
geométrico no plano e no espaço.
• Tema 3 - Aplicações em engenharias (cálculos de reação de
apoio, interações eletromagnéticas, entre outras).

O projeto de um avião possui


alguma relação com vetores?

Tem sim, e muita! Tanto o projeto


da aeronave quanto o planejamento
de um voo devem levar em conta
diversos fatores, tais como
desempenho, segurança e impactos
ambientais. Tudo isso é medido e
previsto a partir de cálculos com vetores. Fatores climáticos como o vento e sua
intensidade devem ser considerados, conforme podemos ver no texto Efeitos do vento
sobre a aeronave”.
Tema 1
Conceitos de vetores e representação gráfica

Rajadas de vento na lateral de um avião tornam a hora


do pouso desafiadora. Sabendo disso, como o piloto
consegue manter o avião no centro da pista em
momentos como esses para pousar em segurança?

Muitas aplicações importantes em física e engenharias necessitam do emprego de


vetores para sua melhor compreensão. Por exemplo, na Figura 1 descrevemos a força
com o auxílio do vetor 𝐹, de intensidade de 5000 N, que está sendo aplicada pelo
reboque para erguer o veículo.

Figura 1.

Quais as grandezas físicas que são descritas por vetores? Grandezas físicas como
massa, densidade e volume são completamente definidas por um valor numérico
(acompanhado de uma unidade de medida), sendo chamadas grandezas escalares.

Por outro lado, grandezas físicas tais como força, velocidade e aceleração são
completamente caracterizadas por um valor numérico (chamado módulo) e por sua
direção e sentido. Grandezas desse tipo são chamadas grandezas vetoriais e são
representadas por vetores.

Afinal, o que é um vetor e quais são as informações fornecidas por ele?


Figura 2.
Vetor é um segmento de reta orientado com
uma seta em uma de suas extremidades,
conforme ilustra a Figura 2. Chamamos o vetor
da figura de 𝑃𝑄, com as letras P e Q indicando a
origem e a extremidade do vetor,
respectivamente. Também podemos nomear o
vetor com uma seta acima de uma letra, como o
vetor 𝑢, também mostrado na Figura 2.

O comprimento do vetor é chamado módulo, simbolizado por |𝑢| ou 𝑢, e representa


a magnitude do vetor. Por exemplo, na Figura 1, o módulo é a intensidade da força
aplicada pelo reboque no veículo, ou seja, |𝐹| = 5000 N.

A direção do vetor é indicada pela direção do segmento de reta. Podemos ver, na


Figura 2, que o sentido do vetor 𝑢 = 𝑃𝑄 é de P para Q e esta informação é indicada
pela seta na extremidade do vetor. Voltando ao nosso exemplo da Figura 1,
observamos que a direção e sentido de 𝐹 é indicada pelo ângulo de 60° que o vetor
forma com a horizontal. Neste exemplo vemos que a direção e o sentido do vetor são
fornecidas pelo ângulo. Cabe destacar que direção não significa sentido de um
vetor! Vamos entender a diferença a partir dos próximos exemplos.

A Figura 3 ilustra um jogo cujo objetivo é que o guerreiro conquiste o maior número de
tesouros em sua jornada. Podemos mover o guerreiro em duas direções (vertical ou
horizontal) e cada direção tem dois sentidos possíveis. Neste exemplo, o vetor 𝑣 = 𝐴𝐵
descreve o movimento na direção horizontal (ou do eixo 𝑥) e no sentido de A para B
(ou da esquerda para a direita) e o seu módulo (|𝑣| = 2m) indica o quanto o guerreiro
se deslocou. Para ir do ponto A ao tesouro 4 (vetor 𝐴𝐸), a direção é horizontal e o
sentido é de A para E (ou da direita para a esquerda).

Figura 3.
Ângulo entre dois vetores
Figura 4.
Em muitas situações práticas precisamos saber o ângulo entre
dois vetores para calcular, por exemplo, a direção e o sentido
do vetor velocidade resultante. A Figura 4 mostra dois vetores
formando um ângulo 𝜃 entre si. Destaca-se que o ângulo 𝜃
entre dois vetores pode assumir valores entre 0 e 180°.

A seguir veremos exemplos referente aos ângulos de 0 graus,


180 graus e 90 graus (vetores paralelos e ortogonais, que
estudaremos adiante) que são casos mais simples, porém
muito importantes:

Dois vetores na mesma direção e sentido.

Figura 5.
Na Figura 5, o avião, com
velocidade descrita pelo vetor 𝑣,
encontra um vento indicado pelo
vetor 𝑣!"#$% , que aponta na
mesma direção e sentido de 𝑣,
formando um ângulo 𝜃 = 0.
Destaca-se que estes vetores são
paralelos.

Dois vetores na mesma direção, mas sentidos opostos.

Figura 6.

Já na Figura 6, vemos que os


vetores (paralelos) estão na
mesma direção e sentidos
contrários, portanto 𝜃 = 180°
neste caso.
Dois vetores formam 90° entre si.

Figura 7.

Para a terceira situação


mostrada na figura 7, os vetores
(ortogonais) formam 90° entre si.

Soma de vetores paralelos

Na mesma direção e sentido do movimento do avião, o vento, chamado vento de


través, aumenta a velocidade do avião, possibilitando menor consumo de combustível.
Apontando na mesma direção, mas em sentido contrário, o vento, chamado vento de
proa, é importante para aumentar o contato do ar com as asas e, consequentemente,
a força de sustentação que impulsiona o avião para cima, favorecendo a decolagem
das aeronaves. O que essas situações têm em comum?

Essas duas situações mostram vetores que estão na mesma direção e são chamados
vetores paralelos. Vejamos agora como somar dois vetores (𝑢 e 𝑣 ) que estão na
mesma direção.

a) Vetores 𝑢 e 𝑣 na mesma direção e sentido.

Figura 8.

Vamos somar agora os vetores referentes à Figura 8, onde temos, do lado direito, que
os dois vetores 𝑢 e 𝑣 juntos (somados) formam um único vetor, chamado vetor soma
(𝑠) ou vetor resultante. O módulo do vetor soma é igual a soma dos módulos de cada
vetor: 𝑠 = 𝑢 + 𝑣 .
b) vetores 𝑢 e 𝑣 na mesma direção e em sentidos contrários.

Figura 9.

A Figura 9 ilustra o caso de dois vetores 𝑢 e 𝑣 na mesma direção, mas em sentidos


contrários. Calculamos o módulo do vetor resultante subtraindo o módulo do maior
vetor pelo módulo do menor. Como o maior vetor é o vetor 𝑢, neste caso temos:

𝑠 = 𝑢 − 𝑣.

O vetor soma 𝒔 tem a mesma direção e sentido do vetor de maior módulo,


conforme ilustra o lado direito da Figura 9.

Para contextualizar, vamos ver dois exemplos de soma de vetores paralelos:

O avião, na Figura 10, tem velocidade descrita pelo vetor 𝑣, de módulo igual
a 300 km/h, encontra um vento do oeste para o leste indicado pelo vetor
𝑣!"#$% , de módulo igual a 100 km/h. Vamos representar geometricamente o
vetor resultante e calcular o seu módulo.

Na parte inferior da Figura 10 vemos que, ao unirmos os dois vetores,


representamos geometricamente o vetor resultante na mesma direção e
sentido dos vetores, sendo o módulo do vetor resultante:

𝑣! = 𝑣!"#$% + 𝑣 = 400 km/h.

Figura 10.
A Figura 11 mostra outro exemplo de vento apontando do leste para o oeste.
Os vetores estão na mesma direção e sentidos contrários. Dessa forma,
calculamos o módulo do vetor resultante subtraindo o módulo do maior vetor
pelo módulo do menor vetor:

|𝑣! | = 𝑣 − 𝑣!"#$% = 200 km/h.

O vetor resultante tem a mesma direção e sentido do vetor de maior


módulo, conforme ilustra a parte inferior da Figura 11.

Figura 11.

Soma de vetores (regra da soma poligonal)

Na seção anterior estudamos o caso da soma de vetores que estão na mesma


direção. Como somar vetores que estão em direções diferentes? Para isso, podemos
usar a regra chamada soma poligonal para obter o vetor resultante. Veremos como
aplicar esta regra para o seguinte exemplo:

Sejam os vetores 𝑢, 𝑣 e 𝑤 mostrados na Figura 12. Vamos representar


geometricamente o vetor soma 𝑠 = 𝑢 + 𝑣 + 𝑤.

Figura 12.
Aplicamos a regra da soma poligonal em duas etapas:

Ligamos os vetores posicionando a extremidade de um vetor com a origem de outro vetor (figura
13).

Traçamos o vetor deslocamento resultante com a sua origem no ponto inicial e extremidade no
ponto final (figura 14).

Agora que entendemos a estruturação, vamos para a aplicação da regra da soma


poligonal. Sejam os vetores 𝐴𝐵 e 𝐵𝐶 que descrevem o deslocamento de um avião no
trecho Rio-Goiânia e Goiânia-Salvador, respectivamente (Figura 15). Vamos
representar geometricamente a soma de vetores e traçar o vetor deslocamento
resultante. Os vetores 𝐴𝐵 e 𝐵𝐶, que representam cada trecho da viagem no mapa, são
mostrados no lado direito da Figura 15.
Figura 15.

Posicionamos, no mapa do lado esquerdo da Figura 16, a extremidade do vetor 𝐴𝐵 na


origem do vetor 𝐵𝐶. Traçamos o vetor deslocamento resultante com origem no ponto
de partida A e extremidade no ponto de chegada C, conforme mostra o lado direito da
Figura 16.

Dessa forma, a soma vetorial que descreve o deslocamento é 𝐴𝐶 = 𝐴𝐵 + 𝐵𝐶, sendo o


vetor 𝐴𝐶 o vetor deslocamento resultante, representando o voo direto (Rio de Janeiro
a Salvador). Já a soma dos vetores 𝐴𝐵 e 𝐵𝐶 representa o voo com escala entre Rio
de Janeiro e Salvador.

Figura 16.

Regra do paralelogramo

Outra forma de somarmos dois vetores que estão em direção diferentes é a partir da
regra do paralelogramo. Vamos usar essa regra para somar os vetores 𝑢 e 𝑣
mostrados na Figura 17.

Figura 17.
Aplicamos a regra do paralelogramo em três etapas:

1ª 2ª 3ª

Observamos, na figura 20,


que o vetor soma é o vetor
Projetamos os vetores em
que começa na origem dos
Juntamos as origens dos cada um dos lados para
vetores e termina na outra
vetores (Figura 18). fecharmos o paralelogramo
extremidade do
(Figura 19).
paralelogramo (diagonal do
paralelogramo).

Figura 18. Figura 19. Figura 20.

Vamos contextualizar? Como exemplo, a Figura 21 mostra um avião com velocidade


descrita pelo vetor 𝑣 que encontra um vento apontando do oeste para o leste.

Figura 21.
Aplicaremos agora a regra do paralelogramo para obter o vetor velocidade resultante.
Observe as etapas a seguir:

1ª 2ª 3ª

Para finalizar, representamos


Em seguida, projetamos os
Primeiro, reunimos as origens geometricamente o vetor
vetores em cada um dos
dos vetores, conforme mostra velocidade resultante (𝑣! ) na
lados do paralelogramo
a Figura 22. diagonal do paralelogramo
(Figura 23).
(Figura 24).

Figura 22. Figura 23. Figura 24.

A trajetória do avião é ilustrada na Figura 25, com o ângulo 𝜃 indicando a direção e o


sentido do vetor resultante com relação ao norte.

Figura 25.
Tema 2
Operações básicas do ponto de vista algébrico e
geométrico no plano e no espaço

Considerando a possibilidade da aplicação do


conhecimento sobre vetores em diversas áreas, como
é possível representar os movimentos de um
personagem na tela de um jogo?

Multiplicação de número real por vetor

Muitas vezes nos vemos diante de situações nas quais estamos interessados em
aumentar ou diminuir o tamanho de um vetor, ou até mesmo mudar o seu sentido.

Por exemplo, o drone de sensoriamento remoto mostrado na Figura 26 está voando na


direção horizontal com velocidade descrita pelo vetor 𝑣, de módulo igual a 100 km/h.
Caso o drone continue se movendo nessa mesma direção, mas com uma velocidade
três vezes maior (Figura 27), isso significa que o seu vetor velocidade, nessa nova
situação, é igual a 3𝑣, ou seja, tem a mesma direção e sentido de 𝑣 e o seu módulo é
300 km/h.

1ª 2ª

Figura 26. Figura 27.

De maneira geral, ao multiplicamos um vetor 𝒗 por um número real 𝒌 (com 𝒌 ≠ 𝟎),


o resultado é um outro vetor, que vamos chamar de 𝑢, que tem a mesma direção de
𝑣. Representamos o produto de um número real por um vetor pela expressão 𝑢 = 𝑘𝑣.
O sentido do vetor 𝑢 depende do sinal da constante 𝑘 que está multiplicando o vetor,
ou seja, para 𝑘 > 0, 𝑢 e 𝑣 estão no mesmo sentido (Figura 28) e para 𝑘 < 0, os
vetores 𝑢 e 𝑣 estão em sentidos contrários (Figura 29). Observem que, no exemplo
acima do drone, os vetores 𝑣 e 3𝑣 (o vetor 𝑢) são paralelos e como 𝑘 = 3 (𝑘 > 0), os
vetores 𝑣 e 3𝑣 estão na mesma direção e sentido.

Figura 28. Figura 29.

Para compreendermos melhor a multiplicação de um número real por um vetor, vamos


voltar ao exemplo do jogo, mostrado na Figura 3 do início da unidade, mas agora com
algumas novidades. Na programação desse jogo, o movimento do guerreiro até os
tesouros é definido pelos vetores 𝑣 e 𝑠 , indicados na Figura 30.

Note que a distância entre dois pontos vizinhos é igual a 2m e tem o mesmo valor do
módulo de 𝑣 e 𝑠, com exceção da distância entre os pontos C e D, que é igual à
metade do tamanho do vetor 𝑠.

Figura 30.
Nesta situação, o vetor, que vamos chamar de 𝑢, descreve o deslocamento entre os
pontos A e C e é igual a duas vezes o vetor 𝑣, ou seja, 𝑢 = 2𝑣, conforme ilustra a
Figura 31. Comparando com a Figura 28, notem que, neste exemplo 𝑘 = 2 (𝑘 > 0),
logo os vetores 𝑢 e 𝑣 estão na mesma direção e sentido.

Figura 31.

Figura 32.
Uma outra situação é mostrada na Figura 32. Para movermos o
guerreiro do ponto A ao ponto G, o deslocamento é oposto ao
vetor 𝑣, ou seja, é descrito pelo vetor 𝑢 = −𝑣. Neste exemplo,
𝑘 = −1 e os vetores 𝑢 e 𝑣 estão na mesma direção e em
sentidos contrários.

Vetores opostos são vetores de mesmo módulo e direção, mas


apontam para sentidos contrários. O vetor 𝑢 = −𝑣 é o vetor
oposto de 𝑣.

Para finalizar, como exemplo vamos descrever o movimento do guerreiro entre os


pontos A e D mostrados na Figura 33. Notem que o vetor deslocamento entre os
pontos C e D é igual à metade do vetor 𝑠 e, ao somarmos com o vetor 2𝑣 pela regra
da soma poligonal, representamos geometricamente o vetor deslocamento resultante
!
𝑆!" = 2𝑣 + 𝑠.
!

Figura 33.
Figura 34. !
Reparem que o vetor 𝑠 tem módulo unitário, pois a distância
!
entre os pontos C e D é igual a um. Um vetor com módulo igual
(unitário) é chamado de vetor unitário, que por sua vez tem o
papel importante de indicar a direção de um vetor. O vetor
unitário que tem a mesma direção e sentido de um vetor 𝑢 é
chamado de versor de 𝑢. Vemos, na Figura 34, o vetor 𝑢 e o seu
versor, simbolizado por 𝑢. Notem que enquanto o vetor unitário
indica a direção de um vetor, um versor vai mais além e aponta
na mesma direção e o sentido de um vetor.

!
Como exemplo, na figura 35 vemos lado a lado o vetor 𝑠 e o seu versor 𝑠 = 𝑠.
!

Figura 35.

!
Calculamos o versor de um vetor dividindo o vetor pelo seu módulo, ou seja, 𝑢 = .
|!|

Figura 36.
No exemplo mostrado na Figura 33, observamos que o vetor
!
𝑆!" = 2𝑣 + 𝑠 é igual à soma de dois vetores que estão em
!
direções diferentes, ou seja, estamos representando um vetor
!
no plano, o vetor 𝑆!" , como uma soma dois vetores 2𝑣 e 𝑠 .
!
Na Figura 36 também vemos dois vetores que estão em
direções diferentes, em que 𝑣! e 𝑣! são dois vetores não
paralelos, multiplicados pelos números reais 𝑎 e 𝑏,
respectivamente.

Figura 37.

Ao somarmos esses vetores pela regra


do paralelogramo, obtemos o vetor soma
𝑉= 𝑎𝑣! + 𝑏𝑣! , conforme mostra a Figura
37.

Vemos nessa figura o vetor 𝑉, que é um vetor qualquer do plano. Dizemos que o
vetor 𝑉 é uma combinação linear dos vetores 𝑣! e 𝑣! .
Vamos abrir um parêntese aqui para destacar os papéis das constantes e dos vetores
mostrados na Figura 37. O conjunto formado pelos vetores 𝑣! e 𝑣! é chamado de base
de vetores do plano e os números 𝑎 e 𝑏 são as coordenadas do vetor nesse plano. A
base de vetores formada por vetores unitários e ortogonais é chamada base
ortonormal. Por exemplo, a base ortonormal do plano que define o sistema de
coordenada cartesiano, chamada de base canônica, é constituída pelos vetores 𝚤 e 𝚥
nas direções dos eixos 𝑥 e 𝑦, respectivamente, conforme mostra a Figura 38.

O vetor 𝑣 = 𝑥𝚤 + 𝑦𝚥 é um vetor do plano cartesiano. Podemos representar apenas as


componentes do vetor, omitindo os vetores de base, conforme mostra a Figura 39.

Figura 38. Figura 39.

Representação de um vetor no sistema de coordenadas


cartesianas

Vamos descrever na Figura 40 a posição de um personagem na tela de um jogo com


auxílio do vetor 𝑢, chamado vetor posição, com origem no ponto O(0,0) e extremidade
no ponto P(𝑥, 𝑦) em um sistema de coordenadas cartesiano. Como podemos
determinar o módulo, direção e sentido e as componentes de um vetor?

Figura 40.
Vemos na Figura 41 que as coordenadas 𝑥 e 𝑦 do vetor são os lados do triângulo
retângulo. Para sabemos o módulo do vetor, aplicamos o teorema Pitágoras ao
triângulo retângulo:

Figura 41.

|𝑢|! = 𝑥 ! + 𝑦 ! ∴ 𝑢 = 𝑥! + 𝑦!

Calculando a tangente do ângulo 𝜃 e, com auxílio da calculadora, obtemos a direção e


o sentido do vetor 𝑢 (ângulo 𝜃):

cateto oposto 𝑦
tg 𝜃 = ∴ tg 𝜃 =
cateto adjacente 𝑥

Usando relações trigonométricas do seno e do cosseno do ângulo, encontramos as


componentes 𝑥 e 𝑦 do vetor:

Componente 𝒙 Componente 𝒚

!"#$#% !"#!$%&'% !
cos 𝜃 = ⇒ cos 𝜃 = ∴ cateto oposto 𝑦
!"#$%&'()* ! sen 𝜃 = ⇒ sen 𝜃 =
hipotenusa 𝑢
𝑥 = 𝑢 cos 𝜃
∴ 𝑦 = 𝑢 sen 𝜃

Como exemplo, vamos calcular o módulo, direção e Figura 42.


sentido do vetor velocidade resultante do avião para a
situação mostrada na Figura 42. Estão indicados na
figura o vetor velocidade do avião, de módulo de 200
km/h, ao encontrar o vento apontando do oeste para o
leste de módulo igual a 100 km/h.

Representamos geometricamente o vetor velocidade


resultante na Figura 43, aplicando a regra do
paralelogramo.
Figura 43. Para o cálculo do módulo, sabemos que 𝑢 = 𝑥 ! + 𝑦!.
Logo:

|𝑣! |! = |200|! + |100|! ∴ 𝑣! = 223, 6 km/h.

Usando a relação trigonométrica da tangente, calculamos a


direção e o sentido do vetor velocidade resultante:

!""
tan 𝜃 = = 2 ∴ 𝜃 = arc tag (2). Com auxílio de uma calculadora, encontramos
!""
𝜃 = 63,4°.

Vídeo

Para saber mais sobre vetores no espaço assista ao vídeo Vetor


Definido por Dois Pontos: Vetores no Espaço, publicado na unidade
da disciplina no Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Tema 3
Aplicações em Engenharias (cálculos de reação
de apoio, interações eletromagnéticas, entre
outras)

Como um engenheiro consegue saber se as forças que


sustentam uma estrutura estão em equilíbrio?

Equilíbrio de forças

Nos tópicos anteriores estudamos como calcular os componentes de um vetor e a


resultante das forças. Agora, vamos aplicar esses conceitos para resolvemos alguns
problemas que ilustram a situação de equilíbrio de forças. Sabemos que dois vetores
que têm o mesmo módulo e direção, mas apontam para sentidos contrários, são
vetores opostos. O que acontece quando somamos dois vetores opostos?

Na Figura 44, vemos o vetor 𝐵𝐶 sendo somado com o Figura 44.

seu vetor oposto (−𝐵𝐶). Ao somarmos um vetor e seu


oposto eles se anulam, pois 𝐵𝐶 + −𝐵𝐶 = 0. O vetor 0
é chamado de vetor nulo (o ponto acima do vetor 0
mostrado na Figura 44).

Em um sistema em equilíbrio (translacional), o vetor força resultante deve ser igual a


zero, ou seja, a soma vetorial das forças deve ser igual a zero. Sabemos como
calcular a força resultante para vetores que estão na mesma direção (vetores
paralelos) e para vetores em direções diferentes (aplicando a regra da soma poligonal
ou do paralelogramo). Podemos também decompor os vetores em duas direções e
calcular a força resultante em cada uma dessas direções. Veremos um exemplo como
esse mais adiante. Primeiro, vamos ver um exemplo que ilustra a situação de
equilíbrio em uma direção.

Ao somarmos as forças 𝐹! e 𝐹! , mostradas na Figura 45, que estão sendo aplicadas


ao bloco, a força resultante é nula, pois os dois vetores são opostos. Sabemos da
primeira lei de Newton, que determina: se a força resultante é nula, o bloco está em
repouso ou em movimento retilíneo uniforme (o vetor velocidade não muda o seu
módulo, direção e sentido).
Figura 45.

A seguir, veremos dois exemplos que ilustram a situação de equilíbrio de forças em


diferentes direções.

A Figura 46 mostra, esquematicamente, quatro forças básicas atuando em um avião


com velocidade constante, em um voo em equilíbrio na direção horizontal.

Figura 46.

As seguintes forças são indicadas:

• A força de tração (propulsão) dos motores (𝑇).


• O peso (𝑃) é a força devido à gravidade.
• A força de arrasto (𝐴) é a força de atrito aerodinâmico do avião com o ar.
• A força de sustentação aerodinâmica (𝑆), provocada pela diferença de pressão
durante a passagem do fluxo de ar acima e abaixo da asa.

Observamos que, no equilíbrio, as forças em cada direção se equiparam, ou seja, para


manter altitude constante (direção vertical) a força de sustentação se equilibra com o
peso e, para manter o módulo da velocidade constante (direção horizontal), a força de
tração (propulsão) se equilibra com a força de arrasto.

Agora vamos ver um exemplo que mostra como podemos decompor um vetor em suas
componentes para encontrar a resultante de forças.

Um motor, para ser inspecionado, é suspenso por cabos de aço conforme ilustra a
Figura 47. Sabendo que |𝑇! | = 1127 N, vamos calcular os módulos das trações 𝑇! e
𝑇! que sustentam o motor na situação de equilíbrio mostrada na figura. Dados: cos
50° = 0,64 e sen 50° = 0,76.
Figura 47.

Agora, iremos decompor as componentes do vetor 𝑇! nas direções vertical (𝑦) e


horizontal (𝑥), conforme ilustra a Figura 48. Para haver equilíbrio das forças em cada
direção, as componentes da força de tração 𝑇! devem se equilibrar com as forças 𝑇! e
𝑇! .

Figura 48. Figura 48.

Para o equilíbrio na direção vertical, temos: |𝑇!! | = |𝑇! | = 1127 N. Destacamos, na


Figura 49, o triângulo retângulo tirado da Figura 48. Aplicando a relações
trigonométricas do seno e do cosseno do ângulo, temos:

|𝑇!! | = |𝑇! | sen 50 (1)

|𝑇!! | = |𝑇! | cos 50 (2)


Isolando o módulo de |𝑇! | na equação (1), encontramos:

|!!! |
|𝑇! | = = 1482,9N
!"# !"

Para o equilíbrio na direção horizontal: |𝑇!! | = |𝑇! |. Calculamos |𝑇!! | com a equação
(2), portanto |𝑇! | = 721,3 N.

Um outro exemplo que ilustra uma situação de equilíbrio é o cálculo da reação de


apoio para a ponte mostrada na Figura 50. Observe que a base da ponte está apoiada
nos pontos de apoio, que são as colunas nas extremidades.

Figura 50. A reação de apoio (𝑁) é a força


perpendicular à superfície (força normal) que
cada apoio (cinza) exerce na base da ponte
(azul) em resposta a força exercida pela
base. Devido à simetria da estrutura da
ponte, a reação de apoio das colunas é
igual. A força peso (𝑃) na base da ponte é
indicada na figura.

Vamos calcular a força de reação de apoio. Notem que as duas forças normais se
!
equilibram com o peso, ou seja 2|𝑁| = |𝑃| ∴ |𝑁| = = 6. Dessa forma, cada coluna
!
sustenta a força de 6N.

Neste tópico estudamos alguns exemplos de aplicação envolvendo equilíbrio de forças


e tivemos oportunidade de calcular a resultante das forças em diferentes aplicações.
Encerramento

Rajadas de vento na lateral de um avião tornam a hora


do pouso desafiadora. Sabendo disso, como o piloto
consegue manter o avião no centro da pista em
momentos como esses para pousar em segurança?

Estudamos as regras da soma poligonal e do paralelogramo para representar


geometricamente o vetor velocidade resultante. Podemos, então, somar o vetor
velocidade do avião com o vetor velocidade do vento para obter o vetor resultante,
conforme ilustra a figura a seguir.

Sabemos, então, em que direção o avião é desviado pelo vento (desviado por um
ângulo θ) e o piloto ou computador de voo poderá corrigir a trajetória girando o bico do
avião (o seu vetor velocidade) para o outro lado com o mesmo ângulo, conforme
ilustra a figura a seguir.
Considerando a possibilidade da aplicação do
conhecimento sobre vetores em diversas áreas, como
é possível representar os movimentos de um
personagem na tela de um jogo?

Podemos representar a posição de cada personagem na tela por um vetor posição e o


movimento de um personagem é descrito pelo vetor deslocamento, conforme ilustra a
figura a seguir.

A soma de vetores descreve o deslocamento da guerreira até o morcego. Como


exemplo, vamos representar o movimento da guerreira de duas maneiras:

O movimento pode ser ao longo do vetor 𝐴𝐵 (caminho mais rápido), conforme ilustra a
figura a seguir:
Outra possibilidade é o movimento ser na direção dos vetores unitários na
representação 𝐴𝐵 = 𝑥! − 𝑥! 𝚤 + (𝑦! − 𝑦! )𝚥, conforme ilustra a próxima figura:

Como um engenheiro consegue saber se as forças que


sustentam uma estrutura estão em equilíbrio?

Grandes obras de engenharia, como pontes e edifícios, devem manter sua integridade
e resistir a esforços mecânicos devido às vibrações em sua estrutura e a todo o peso
que elas são capazes de sustentar.

Para haver equilíbrio das forças que sustentam uma estrutura, sua soma vetorial deve
ser igual a zero. Para verificar se a soma vetorial das forças é igual a zero, é preciso
calcular a resultante das forças que estão em uma mesma direção (vetores paralelos)
ou em direções diferentes (regra do paralelogramo e da soma poligonal). Podemos
também decompor as componentes do vetor em duas direções e verificar se os
vetores estão em equilíbrio em cada uma dessas direções.

Resumo da Unidade

Nesta unidade representamos geometricamente a soma de vetores por meio de


diferentes regras, para obter o vetor resultante em problemas aplicados como o
movimento de um avião na presença de vento. Observamos também que, na
condição de equilíbrio, as componentes das forças em um avião ou uma estrutura,
em cada uma das direções dos eixos cartesianos, se anulam. Além disso, tivemos
a oportunidade de usar a representação de componentes e de vetores unitários
para resolver problemas envolvendo uma possível aplicação na programação de
um jogo e no mapeamento tridimensional de um edifício usando vetores no plano e
no espaço, respectivamente.

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