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ConJur - Algoritmos são alternativa para otimizar decisões da Justiça Criminal 14/09/2023 13:25

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FÓRUM DE LISBOA

Algoritmos são alternativa para otimizar


trabalho de dosimetria na Justiça Criminal
19 de julho de 2023, 8h49 Imprimir Enviar

A adoção de algoritmos é uma alternativa para otimizar o trabalho LEIA TAMBÉM


matemático da Justiça Criminal e criar obstáculos para o
hiperencarceramento, principalmente quando envolve a dosimetria de penas, FÓRUM DE LISBOA

na opinião do ministro Joel Ilan Paciornik, do Superior Tribunal de Justiça. IA no Judiciário é positiva, mas
demanda vigilância humana ativa

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Era digital traz novos desafios para a
interpretação de contratos

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Saúde precisa de parceria com setor
privado para atender às pessoas

FÓRUM DE LISBOA
Otimizar gestões é caminho para
O magistrado falou sobre o tema
alcançar responsabilidade social
durante a mesa "Impacto do mundo
digital no Direito Penal", que fez
parte do XI Fórum Jurídico de Facebook Twitter
Lisboa, evento que reuniu no fim de
junho vários dos mais importantes Linkedin RSS
nomes do Direito do Brasil e da Europa. O debate foi mediado pelo juiz
Atalá Correia, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJ-
DF) e professor do Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e
Pesquisa (IDP).

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Paciornik lembrou os desafios enfrentados pelos Estados Unidos décadas


atrás quando não viu sua população carcerária diminuir apesar de
investimentos robustos do Departamento de Justiça.

"Quando os americanos viram que esse investimento não reduziu a


criminalidade, nem diminuiu os níveis de incidência, começaram a pensar
em fórmulas matemáticas buscando a máxima eficiência para ver como se
poderia arrefecer o problema do hiperencarceramento."

Os algoritmos, lembra o ministro, são combinações de programas de


ferramentas por meio do uso de inteligência artificial e que forneceram
instrumentos de avaliação sobre, por exemplo, probabilidade ou não de
reincidência de réus.

"[São essas] Todas as circunstâncias que estão no nível de análise cognitiva


profunda do juiz criminal. Esses instrumentos foram crescendo. Criaram
alguns softwares nos Estados Unidos, e a utilização dessas ferramentas
promove uma nova realidade racional, permite uma padronização de critérios
decisórios e visa diminuir os níveis de encarceramento."

Conselheira do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (IBCCRIM),


Marina Coelho disse que o avanço digital tem "efeitos brutais" para as
estruturas democráticas. "O Direito Penal vai ter que se reinventar nessa
linha. Reinventar dentro de uma democracia."

Coelho se mostra preocupada com o avanço da digitalização sobre o direito


de defesa de réus. "A desigualdade no Brasil é aprofundada pelo sistema
penal. É uma máquina de moer pessoas. A digitalização potencializa isso
porque o direito de defesa fica totalmente junto com uma estrutura que não
tem efetividade nenhuma. Eu sou uma entusiasta da tecnologia, mas a gente
precisa pensar em critérios."

"Acredito que nós estamos diante de uma oportunidade de recolocação


histórica do nosso país. Temos que fazer, sim, essa reanálise histórica da
nossa sociedade. Não podemos mais deixar que o Direito Penal aprofunde o
racismo, a misoginia, a desigualdade social e econômica."

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Advogado e ex-procurador regional da República no Distrito Federal,


Eugênio Pacelli de Oliveira destacou que, pela perspectiva do processo
penal, o Supremo Tribunal Federal tem acentuado que a competência por
prerrogativa de função segue o raciocínio de que a relatoria nestes casos tem
justificativa racional.

"Nosso compromisso é tentar demonstrar o que é possível justificar


racionalmente. Não é por que estamos em um bom combate, enfrentando um
grande problema, que nós também devemos desprezar os nossos
comprometimentos mínimos com a essência civilizatória do processo penal."

Projeto
Juíza do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT) e juíza auxiliar da
Presidência do Supremo Tribunal Federal, Amini Haddad Campos levou ao
debate o programa "Spotlight", uma ferramenta que usa inteligência artificial
para auxiliar juízes que lidam com casos de feminicídios. O software foi
desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em parceria com o
Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O modelo
está em processo de implantação no Tribunal de Justiça do Ceará (TJ-CE).

"O 'Spotlight' vai auxiliar os magistrados no reconhecimento de ocorrências


de abusos no curso do processo. Recordamos o porquê da existência da Lei
Mariana Ferrer. É inconcebível que possamos lidar com situações dentro do
sistema de Justiça que sejam violadoras se é exatamente o Judiciário que
deve preservar esse núcleo de direitos fundamentais, na projeção dos direitos
humanos. Há um dever a ser alcançado."

Pedro Ivo Velloso, advogado e professor do IDP, destacou que, quando se


fala em impacto da tecnologia no Direito Penal, deve-se lembrar que o Brasil
aderiu à Convenção sobre o Crime Cibernético, firmada em Budapeste
(Hungria), apenas em 2021 — 20 anos após o tratado ser promulgado.

"Se fez com certo atraso. Depois a gente levou mais dois anos para poder
concluir esse processo de adesão. Hoje, a Convenção de Budapeste está
internalizada em nosso direito. Tem que ser discutido agora — e, de fato,
com urgência — como vamos internalizar isso no aspecto penal, no aspecto
processual. A gente conhece um pouco discussões e experiências do passado
em que os problemas não levaram a sério o cumprimento de convenções
internacionais."

Professor na Faculdade de Direito da Universidade Humboldt, Alaor


Leite abordou a proteção da honra em sociedades digitais. Ele destacou três
níveis de proteção de honra: instituições, grupos (principalmente os mais
vulneráveis) e a individual.

"A construção da proteção da honra no Código Penal brasileiro. sobretudo da

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honra de funcionários públicos, foi construída a partir de outra premissa, a


autoritária. Ela foi construída a partir de uma premissa de proteção da honra
individual de funcionários públicos enquanto proteção da autoridade, e não
da pessoa. Esse foi o caminho seguido pela Lei de Segurança Nacional que
protegia pessoas, não instituições."

O evento
Esta edição do Fórum Jurídico de Lisboa, que aconteceu entre 26 e 28 de
junho, teve como mote principal "Governança e Constitucionalismo Digital".
O evento foi organizado pelo IDP, pelo Instituto de Ciências Jurídico-
Políticas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa (ICJP) e pelo
Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da FGV
Conhecimento (CIAPJ/FGV)

Ao longo de três dias, a programação contou com 12 painéis e 22 mesas de


discussão sobre temas da maior relevância para os estudos atuais do Direito
— entre eles debates sobre mudanças climáticas, desafios da inteligência
artificial, eficácia da recuperação judicial no Brasil e meios alternativos de
resolução de conflitos.

Clique aqui para assistir a íntegra da mesa ou veja abaixo:

Mesa IX) Impacto do mundo digital no Direito Penal (XI Fór…

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Revista Consultor Jurídico, 19 de julho de 2023, 8h49

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COMENTÁRIOS DE LEITORES
2 comentários

UMA CONSIDERAÇÃO IMPORTANTE:


Rafael Calegari (Serventuário)
19 de julho de 2023, 18h44

Independentemente das técnicas adotadas no projeto desses instrumentos


computacionais a que o ministro Paciornik se refere, se for implementado o mesmo
algoritmo em todos os processos judiciais de certo rito ou de certa classe, então,
para todos os efeitos práticos, as regras deste algoritmo valem como regras
normativas sobre todos, e isso somente é possível se elas forem normas jurídicas
legitimamente instituídas. Do ponto de vista jurídico, meu posicionamento é de que
a implementação nacional em processos judiciais de um algoritmo de decisão sobre
o mérito ou questão incidental requer deliberação e aprovação do Poder
Legislativo, por lei. É apenas neste caso que se confere legitimidade ao conjunto de
normas jurídicas que as regras do algoritmo passarão a representar. Cada regra do
algoritmo deve ser conhecida, analisada e discutida quanto à sua
constitucionalidade e ao seu mérito. E devem ser instituídas garantias contra
decisões judiciais irracionais determinadas pelo algoritmo pré-determinado (um
risco sempre existente, dada a dificuldade prática de projetá-lo correta e
adequadamente).

ALGORITMO
Rafael Calegari (Serventuário)
19 de julho de 2023, 15h15

O ministro Paciornik confundiu os conceitos na hora de definir algoritmo. O


método ensinado nas escolas para somar números naturais é um algoritmo e não
tem nada de inteligência artificial. Todo método resolutivo de um problema de
Matemática solúvel é um algoritmo. Por definição, algoritmo é qualquer
procedimento de processamento de informação descritível por um conjunto finito
de regras. Um modelo geral de algoritmos, entre outros, são as máquinas de Turing,
por exemplo. Inteligência Artificial é outro conceito bem diferente, que pode ser
definido em função de certas classes de algoritmos.

Comentários encerrados em 27/07/2023.


A seção de comentários de cada texto é encerrada 7 dias após a data da sua publicação.

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