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Ementa e Acórdão

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27/03/2020 PLENÁRIO

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.868 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
INTDO.(A/S) : CAMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
AM. CURIAE. : ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECAO DO
DISTRITO FEDERAL
ADV.(A/S) : JULIANO RICARDO DE VASCONCELLOS COSTA
COUTO

Ação direta de inconstitucionalidade. 2. Lei Distrital 3361/2004.


Sistema de cotas para ingresso nas Universidades e faculdades públicas
do Distrito Federal. 3. Reserva de 40% das vagas para alunos que
comprovem ter cursado integralmente os ensinos fundamental e médio
em escolas públicas do Distrito Federal. 4. Discriminação em razão da
origem. Critério espacial que não se justifica em razão da política de ação
afirmativa que busca garantir igualdade de oportunidade aos oriundos
da escola pública. 5. Ação direta de inconstitucionalidade julgada
procedente para declarar a inconstitucionalidade da expressão “do
Distrito Federal”, constante do artigo 1º da Lei Distrital 3.361/2004.
Modulação de efeitos.
AC ÓRDÃ O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do
Supremo Tribunal Federal, em Sessão Plenária, sob a presidência do
Senhor Ministro Dias Toffoli, na conformidade da ata de julgamento e das
notas taquigráficas, por maioria de votos, julgar procedente o pedido
formulado na ação direta para declarar inconstitucional a expressão “do
Distrito Federal”, constante do artigo 1º da Lei Distrital 3.361/2004, e
aplicou o artigo 27 da Lei 9.868/99, a fim de consignar que o presente
juízo de inconstitucionalidade somente surtirá efeitos para os processos
seletivos que forem posteriores ao trânsito em julgado da presente
decisão, nos termos do voto do Relator.
Brasília, Sessão Virtual de 20 a 26 de março de 2020.

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ADI 4868 / DF

Ministro GILMAR MENDES


Relator
Documento assinado digitalmente

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.868 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
INTDO.(A/S) : CAMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
AM. CURIAE. : ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECAO DO
DISTRITO FEDERAL
ADV.(A/S) : JULIANO RICARDO DE VASCONCELLOS COSTA
COUTO

RE LAT Ó RI O

O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES (RELATOR): Trata-se de ação


direta de inconstitucionalidade, proposta pelo Procurador-Geral da
República contra a expressão “do Distrito Federal”, constante do art. 1º da
Lei Distrital 3.361, de 15 de junho de 2004.
A referida lei instituiu, no âmbito do Distrito Federal, sistema de
cotas para ingresso nas universidades e faculdades públicas deste ente
federado, na proporção mínima de 40% (quarenta por cento) por curso e
por turno, tão somente para alunos oriundos de escolas públicas do
próprio Distrito Federal.
O dispositivo impugnado possui a seguinte redação:

“Art. 1º As universidades e faculdades públicas do Distrito


Federal ficam obrigadas a reservar, em seus processos seletivos,
no mínimo, 40% (quarenta por cento) das vagas por curso e por
turno, para os alunos que comprovem ter cursado
integralmente os ensinos fundamental e médio em escolas
públicas do Distrito Federal”.

O requerente alega que a aludida disposição “criou uma discriminação


de ordem regional, vedada pelo art. 3º, IV, da Constituição da República. Isso

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porque excetuou da reserva de vagas estudantes também oriundos do ensino


público - portanto, na mesma situação de exclusão social em que se encontra o
público beneficiado pela norma – mas originários de instituições de ensino de
outras unidades da Federação”. (eDOC 0, p. 3)
Assevera, ainda, “que, ao contrário do critério condição social, o local de
origem de uma pessoa não constitui fator legítimo de disparidade de tratamento,
sobretudo em se tratando de acesso à educação, direito constitucional que se
pauta no princípio da universalidade (art. 6º e 205 da CR)”. (eDOC 0, p. 3)
Aduz, também, que a expressão “do Distrito Federal”, constante do
dispositivo em exame, macula o preceito, uma vez que instaura padrão
discriminatório arbitrário e desarrazoado, bem como malfere o princípio
federativo da unidade de nacionalidade dos brasileiros.
Requer, liminarmente, seja suspensa a eficácia do dispositivo, e, no
mérito, seja declarada a inconstitucionalidade da expressão “do Distrito
Federal” inserta no art. 1º da Lei Distrital 3.361/2004.
Diante da relevância da matéria, adotei o rito do art. 12 da Lei 9.868,
de 10 de novembro de 1999.
Em atendimento a despacho (eDOC 5), foram prestadas informações
pela Mesa Diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal (eDOC 11)
e pelo Governador do Distrito Federal (eDOC 13).
Em informações, a Mesa Diretora da Câmara Distrital afirma que “a
lei impugnada de forma alguma veda o acesso às Faculdades e Universidades
mantidas pelo Distrito Federal aos alunos de outras unidades da Federal. Apenas
destaca parte das vagas – e nisso é mais modesta que sua homóloga federal, a Lei
12.711/2012, que destaca um mínimo de 50% das vagas disponíveis – para
aqueles candidatos provenientes da rede pública distrital”. (eDOC 11, p. 4).
Além disso, destaca que a referida lei não visa a estabelecer padrão
discriminatório ou privilégio, mas sim “busca garantir a existência, no
Distrito Federal, de profissionais habilitados a exercer sua profissão notadamente
junto às classes mais baixas aqui residentes”. (eDOC 11, p. 4)
Ademais, sustenta que “as políticas inclusivas não podem ser
examinadas apenas sob o enfoque de sua compatibilidade com determinados
preceitos constitucionais, isoladamente considerados, ou a partir da eventual

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vantagem de certos critérios sobre outros”. (eDOC 11, p. 6)


O Governador do Distrito Federal, por sua vez, afirma que a
instituição da reserva de vagas objeto da presente ação direta de
inconstitucionalidade constitui-se peculiaridade local, de modo que o
Distrito Federal detém “relativa liberdade para definir as condições de acesso
às suas universidades, sobretudo porque são custeadas com recursos seus”.
(eDOC 13, p. 2)
Aduz, ainda, a inexistência de parâmetro único para o
estabelecimento de ações afirmativas no âmbito dos entes federados.
Sustenta, também, que a instituição da referida reserva de vagas é
escolha política, cuja aferição da razoabilidade não permite que a vontade
do julgador se sobreponha à legislativa, devendo-se a experiência,
somente, revelar a correção ou incorreção dessa escolha.
Assim, o Governador do Distrito Federal pugna pelo julgamento
improcedente da ação direta inconstitucionalidade ora em exame e, no
caso de procedência, sejam atribuídos efeitos meramente prospectivos à
decisão, com o propósito de se resguardar os efeitos anteriores da norma,
à luz do princípio da segurança jurídica e do interesse público
excepcional.
O Advogado-Geral da União (eDOC 16) e o Procurador-Geral da
República (eDOC 18) manifestaram-se pela procedência da presente ação.
É o relatório.

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VOTO

O SENHOR MINISTRO GILMAR MENDES (RELATOR): Não é nova,


nesta Corte, a discussão acerca da legitimidade do estabelecimento de
políticas públicas compensatórias que visem a igualar desiguais por meio
do signo “ação afirmativa”.
A ação afirmativa, enquanto política pública, manifesta-se como
forma de demarcação de critérios próprios de atribuição de posições
jurídicas distintas, estranhas à ideia de igualdade formal, porém
consentâneas da materialização do princípio geral da igualdade no
âmbito de uma sociedade complexa e contingente.
Em exercício retrospectivo, é recente a experiência deste Supremo
Tribunal Federal com a matéria “ação afirmativa”.
Ao apreciar a ADI 3.330 (o “caso PROUNI”) e a ADPF 186, esta Corte
deteve-se, especialmente, a resguardar a legitimidade das ações
afirmativas junto a ordem constitucional, considerado, especialmente, o
princípio da igualdade.
Nestes casos, fundamentalmente, sobressaiu-se a controvérsia acerca
da constitucionalidade do estabelecimento de política pública de cotas
com cunho eminentemente racial, em que pese, também, tenha se
examinado a legitimidade do critério socioeconômico do PROUNI.
O caso ora em testilha refere-se a discussão de constitucionalidade
de dispositivo que, a despeito de promover política de inclusão social
por meio do estabelecimento de cotas sociais lastreadas em um perfil
socioeconômico predeterminado – estudantes oriundos de escolas
públicas – , atrela a referida política a outro critério restritivo, qual seja:
somente serão abrangidos pela indigitada política de inclusão aqueles
que tiverem cursado o ensino fundamental e o ensino médio
exclusivamente em escolas públicas do Distrito Federal.
Nunca é demasiado enfatizar a delicadeza da tarefa confiada ao

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legislador. A generalidade, a abstração e o efeito vinculante que


caracterizam a lei revelam não só a grandeza, mas também a
problemática que marcam a atividade legislativa. A despeito dos
cuidados tomados na feitura da lei (os estudos minudentes, os
prognósticos realizados com base em levantamentos cuidados, etc.), não
há como deixar de caracterizar o seu afazer com uma experiência. Trata-se,
porém, da mais difícil das experiências, a “experiência com o destino
humano”.
O âmbito de proteção do princípio geral da igualdade é um dos
pontos fulcrais para o Estado Democrático de Direito, o qual reivindica
da atividade legislativa a intensificação do risco de sua atuação em face
da necessidade de respostas efetivas às demandas sociais materializadas
em direitos fundamentais.
Conforme já expus em voto proferido no julgamento da ADI 3330
(caso PROUNI) e na ADPF 186, a lógica modelo do concurso universal
demanda uma rediscussão. Há uma grande ironia no nosso modelo: de
regra, aqueles que eventualmente passaram por todas as escolas privadas
é que lograrão, depois, acesso via vestibular e poderão, então, chegar ao
ensino público superior, dotado de conceito de excelência. Como é
sabido, o Ensino Superior no Brasil sempre se caracterizou como
destinado aos jovens oriundos de classes econômicas superiores e médias
bem estabelecidas.
Em trabalho apresentado no X Colóquio Internacional sobre Gestión
Universitária em América del Sur, realizado em Mar del Plata em
dezembro de 2010 são feitas as seguintes considerações que retratam com
precisão as distorções aqui apontadas:

“A expansão universitária promovida pelo REUNI


[Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das
Universidades Federais] deve continuar, pois as universidades
públicas brasileiras têm sido desde sempre o padrão de
qualidade pelo qual se pautam as instituições privadas, em
maioria de menor envergadura e qualidade.
Entretanto, em outra distorção típica do Brasil, é nas

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faculdades privadas e pagas que a população jovem brasileira


de baixa renda encontra o caminho da educação superior. Tal se
deve à limitada oferta de vagas nas IES públicas, que são
levadas a escolher seus alunos por meio de concorridos
concursos vestibulares, nos quais só são aprovadas minorias de
bem-nascidos (com honrosas exceções e, recentemente, as
proporcionadas pelo sistema de cotas), que tiveram a
oportunidade de estudar em boas escolas fundamentais e
médias privadas. Uma vez aprovados, são agraciados com as
vagas no setor público de Ensino Superior, gratuito e de
excelência.
“Este paradoxo leva a um sistema perverso, no qual os
estudantes que almejam subir a escala social através do estudo
precisam fazê-lo, em sua maioria, na rede privada e, portanto,
programas como o PROUNI, que oferece bolsas universitárias
de até 100% a alunos matriculados na rede de Ensino Superior
privada e o FIES, que garante o financiamento das matrículas
subsidiado àqueles não agraciados por bolsas totais, bem como
programas de cotas sociais (não raciais) são o caminho para
possibilitar um Ensino Superior brasileiro inclusivo, onde o
jovem brasileiro tem a oportunidade de buscar melhores
perspectivas para seu futuro.”(ACESSO À EDUCAÇÃO
SUPERIOR NO BRASIL: O DESAFIO DA INCLUSÃO DOS
JOVENS BRASILEIROS SEGUNDO O PNE FLÁVIO
AUGUSTO SERRA KAULING, RAFAEL PEREIRA OCAMPO
MORÉ, ALEXANDRE MARINO COSTA, DENISE APARECIDA
BUNN, MÉRCIA PEREIRA e PAOLA AZEVEDO).

É sintomática, pois, a realidade excludente da universidade pública


brasileira. Estreme de dúvidas, há muito a percorrer para que se possa
alcançar, a partir desse modelo universal, um grau mínimo de inclusão.
As estatísticas demonstram que, em 2010, apenas 30 % dos jovens de
18 a 24 anos de idade declararam que estudar e, desse número, somente
14,4% encontravam-se matriculados no Ensino Superior (dados da
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios-PNAD/IBGE, retirado do
Programa de Expansão, Excelência e Internacionalização das

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Universidades Federais, ANDIFES, abril de 2012). Quando o assunto é o


acesso ao Ensino Superior, os números colocam o Brasil em um patamar
muito inferior aos demais países da América Latina.
Diante dessas considerações, e com base no que foi julgado na ADI
3330 e na ADPF 186, não vejo vício de inconstitucionalidade a macular a
política pública (ação) afirmativa que vislumbre a inclusão social, com
base em parâmetros socioeconômicos previamente definidos e motivados.
Não há no preceito impugnado, conforme se depreende, explicitação
de critério de renda, tratando-se, pois, de modo peculiar de presunção de
hipossuficiência econômica e de exclusão social dos estudantes oriundos
de escolas públicas.
No entanto, esclareça-se, o presente caso cuida de hipótese em que
um critério restritivo – localidade – se sobrepõe a outro – inclusão social.
A importância da discussão reside em saber se é constitucional
atrelar o critério diferenciador “inclusão social de estudantes oriundos de
escola pública” a outro critério delimitador do primeiro (“exercício da
política pública somente por aqueles que tenham cursado o ensino
fundamental e médio em escolas públicas do Distrito Federal”) que, a
pretexto de restringir, cria fator de desigualação entre nacionais.
Em suma, o destinatário precípuo da ação afirmativa será o âmbito
de proteção da política de inclusão ou, por outro lado, tão somente aquele
que resida no Distrito Federal e, por conseguinte, possua um perfil
socioeconômico predeterminado?
Em outras palavras, assim questiona Celso Antônio Bandeira de
Mello sobre a problemática do conteúdo jurídico do princípio da
igualdade:

“(...) o que permite radicalizar alguns sob a rubrica de


iguais e outros sob a rubrica de desiguais? Em suma: qual o
critério legitimamente manipulável – sem agravos à isonomia –
que autoriza distinguir pessoas e situações em grupos
apartados para fins de tratamentos jurídicos diversos? Afinal,
que espécie de igualdade veja e que tipo de desigualdade
faculta a discriminação de situações e de pessoas, sem quebra e

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agressão aos objetivos transfundidos no princípio constitucional


da isonomia?
(…)
Quando é vedado à lei estabelecer discriminações? Ou
seja: quais os limites que adversam este exercício normal,
inerente à função legal de discriminar?” (MELLO, Celso
Antônio Bandeira de. O conteúdo jurídico do princípio da
igualdade. São Paulo, Editora Malheiros, 3ª edição, 2006, p.
11/13)

Acerca da compatibilidade do estabelecimento de critérios


discriminatórios com o princípio da igualdade, preleciona Celso Antônio
que:

“as discriminações são recebidas como compatíveis com a


cláusula igualitária apenas e tão-somente quando existe um vínculo
de correlação lógica entre a peculiaridade diferencial acolhida por
residente no objeto, e a desigualdade de tratamento em função
dela conferida, desde que tal correlação não seja incompatível com
interesses prestigiados na Constituição”. (p. 17)

Assim, não há incompatibilidade entre discriminação e igualdade


quando o critério for supedâneo de uma realidade cujo fator de
desigualação seja verificável e, com base nesse critério, seja possível
exprimir correlação lógica e abstrata (justificativa racional) para acolher,
no ordenamento jurídico essa desigualação. E mais, é imprescindível a
adequação, in concreto, do critério de diferenciação ao texto constitucional.
Para Celso Antônio, ofende o princípio constitucional da isonomia a
norma cujo critério discriminador cuide de elementos não residentes nos
fatos, situações ou pessoas desequiparadas. É pois:

“(...) inadmissível, perante a isonomia, discriminar pessoas ou


situações ou coisas (o que resulta, em última instância, na
discriminação de pessoas) mediante traço diferencial que não esteja
nelas mesmas residentes. Por isso, são incabíveis regimes diferentes

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determinados em vista de fator alheio a elas; quer-se dizer: que não


seja extraído delas mesmas;
Em outras palavras: um fator neutro em relação às situações,
coisas ou pessoas diferençadas é inidôneo para distingui-las. Então,
não pode ser deferido aos magistrados ou aos advogados ou aos
médicos que habitem em determinada região do País – só por isto – um
tratamento mais favorável ou mais desfavorável juridicamente. Em
suma, discriminação alguma pode ser feita entre eles, simplesmente
em razão da área espacial em que estejam sediados.
Poderão, isto sim – o que é coisa bastante diversa – existir nestes
vários locais, situações e circunstâncias, as quais sejam, elas mesmas,
distintas entre si, gerando, então, por condições próprias suas,
elementos diferenciais pertinentes. Em tal caso, não será demarcação
espacial, mas o que nelas exista, a razão eventualmente substante
para justificar discrímen entre os que se assujeitam – por sua presença
contínua ali – àquelas condições e as demais pessoas que não
enfrentam idênticas circunstâncias”. (p. 29-30)

No caso em exame, o fator discriminatório deflagrado pela expressão


“do Distrito Federal” enseja, por si só, a sua ilegitimidade, pois atribuir a
um certo alguém um tratamento jurídico diferenciado, favorável ou
desfavorável, não prescinde dos reais elementos diferenciadores que
justifiquem a concessão do referido discrímen.
Também não há correlação lógica, racionalmente justificável, para
consagrar a limitação de ordem espacial para um política pública cuja
legitimidade ampara-se não em um critério espacial, mas sim em uma
intenção pública intangível de igualação de oportunidades.
O referido padrão discriminatório, ao deferir critério que não
diferencia o objeto de sua proteção – cotas sociais – consoante critério
inerente a ele próprio, abusa do direito de distinguir, destoando, de forma
inequívoca, dos interesses constitucionais pertinentes à igualdade.
Não é preciso leitura muito apurada do texto constitucional para
perceber que, dentre os valores nele reforçados, não está o
estabelecimento de peculiaridade distintiva calcada em localismo
geográfico do cidadão. Há previsão expressa na Constituição Federal de

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vedação a preconceito decorrente de critério de origem no inciso IV do


art. 3º.
Portanto, o art. 1º da Lei Distrital 3.361, de 15 de junho de 2004, é
manifestamente inconstitucional, por afronta aos artigos 3º, inciso IV e 19,
inciso III, ambos da Constituição Federal, porque veicula distinção-
restrição injustificável entre brasileiros ao conferir tão somente aos
residentes no Distrito Federal a faculdade de ingressar em instituições de
ensino superior distritais por meio de ação afirmativa, cujo objetivo
fundamental é a política de inclusão social.
Embora sob enfoque diverso, porém na mesma perspectiva, assim
decidiu esta Corte no julgamento da ADI 3.070, Rel. Min. Eros Grau,
Plenário, DJe 19.12.2007, e da ADI 3.583, Rel. Min. Cezar Peluso, Plenário,
DJe 14.3.2008, cujas ementas transcrevo a seguir:

“AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE.


ARTIGO 11, § 4º, DA CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DO RIO
GRANDE DO NORTE. LICITAÇÃO. ANÁLISE DE PROPOSTA
MAIS VANTAJOSA. CONSIDERAÇÃO DOS VALORES
RELATIVOS AOS IMPOSTOS PAGOS À FAZENDA PÚBLICA
DAQUELE ESTADO. DISCRIMINAÇÃO ARBITRÁRIA.
LICITAÇÃO. ISONOMIA, PRINCÍPIO DA IGUALDADE.
DISTINÇÃO ENTRE BRASILEIROS. AFRONTA AO DISPOSTO
NOS ARTIGOS 5º, CAPUT; 19, INCISO III; 37, INCISO XXI, E
175, DA CONSTITUIÇÃO DO BRASIL.
1. É inconstitucional o preceito, segundo o qual, na análise
de licitações, serão considerados, para averiguação da proposta
mais vantajosa, entre outros itens os valores relativos aos
impostos pagos à Fazenda Pública daquele Estado-membro.
Afronta ao princípio da isonomia, igualdade entre todos
quantos pretendam acesso às contratações da Administração.
2. A Constituição do Brasil proíbe a distinção entre
brasileiros. A concessão de vantagem ao licitante que suporta
maior carga tributária no âmbito estadual é incoerente com o
preceito constitucional desse inciso III do artigo 19.
3. A licitação é um procedimento que visa à satisfação do

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interesse público , pautando-se pelo princípio da isonomia . Está


voltada a um duplo objetivo: o de proporcionar à
Administração a possibilidade de realizar o negócio mais
vantajoso --- o melhor negócio --- e o de assegurar aos
administrados a oportunidade de concorrerem, em igualdade
de condições, à contratação pretendida pela Administração.
Imposição do interesse público , seu pressuposto é a competição .
Procedimento que visa à satisfação do interesse público ,
pautando-se pelo princípio da isonomia , a função da licitação é
a de viabilizar, através da mais ampla disputa, envolvendo o
maior número possível de agentes econômicos capacitados, a
satisfação do interesse público. A competição visada pela
licitação, a instrumentar a seleção da proposta mais vantajosa
para a Administração, impõe-se seja desenrolada de modo que
reste assegurada a igualdade (isonomia) de todos quantos
pretendam acesso às contratações da Administração.
4. A lei pode, sem violação do princípio da igualdade,
distinguir situações, a fim de conferir a uma tratamento diverso
do que atribui a outra. Para que possa fazê-lo, contudo, sem que
tal violação se manifeste, é necessário que a discriminação
guarde compatibilidade com o conteúdo do princípio.
5. A Constituição do Brasil exclui quaisquer exigências de
qualificação técnica e econômica que não sejam indispensáveis
à garantia do cumprimento das obrigações. A discriminação, no
julgamento da concorrência, que exceda essa limitação é
inadmissível.
6. Ação direta julgada procedente para declarar
inconstitucional o § 4º do artigo 111 da Constituição do Estado
do Rio Grande do Norte”.

“LICITAÇÃO PÚBLICA. Concorrência. Aquisição de bens.


Veículos para uso oficial. Exigência de que sejam produzidos no
Estado-membro. Condição compulsória de acesso. Art. 1º da Lei
nº 12.204/98, do Estado do Paraná, com a redação da Lei nº
13.571/2002. Discriminação arbitrária. Violação ao princípio da
isonomia ou da igualdade. Ofensa ao art. 19, II, da vigente

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Voto - MIN. GILMAR MENDES

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ADI 4868 / DF

Constituição da República. Inconstitucionalidade declarada.


Ação direta julgada, em parte, procedente. Precedentes do
Supremo . É inconstitucional a lei estadual que estabeleça como
condição de acesso a licitação pública, para aquisição de bens
ou serviços, que a empresa licitante tenha a fábrica ou sede no
Estado-membro”.

Assim sendo, manifesto-me pela procedência do pedido de


declaração de inconstitucionalidade.
No entanto, entendo que o caso exige a modulação dos efeitos (art.
27 da Lei 9.869/99), para não causar uma situação de insegurança jurídica
para aqueles que forem oriundos do sistema de seleção de cotas da Lei
Distrital 3.361/2004.
A lei está vigente desde 2004. Muitos estudantes já obtiveram
diplomas sob a égide da referida lei. Outros tantos, advindos do referido
sistema, ainda frequentam os cursos de graduação nas instituições
distritais de ensino superior. Os estudantes que ingressaram nas referidas
instituições com lastro neste sistema não poderão ter suas situações
jurídicas alteradas, sob pena de, a pretexto do resguardo da isonomia,
suprimirmos avanço insofismável em suas condições, qual seja: o
aperfeiçoamento profissional e o incremento da possibilidade de
igualação de oportunidades.
Dessa forma, há que ser declarada a inconstitucionalidade do
preceito com efeitos meramente prospectivos. Diante da peculiaridade do
caso, dotar a presente decisão de eficácia ex nunc é medida que se impõe,
em virtude de razões de segurança jurídica e, também, de excepcional
interesse social.
Ante o exposto, julgo procedente a presente ação direta de
inconstitucionalidade, para declarar inconstitucional a expressão “do
Distrito Federal”, constante do artigo 1º da Lei Distrital 3.361/2004, e aplico
o artigo 27 da Lei 9.868/99, a fim de consignar que o presente juízo de
inconstitucionalidade somente surtirá efeitos para os processos seletivos
que forem posteriores ao trânsito em julgado da presente decisão.
É como voto.

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Voto - MIN. GILMAR MENDES

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Voto Vogal

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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.868 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. GILMAR MENDES


REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
INTDO.(A/S) : CAMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
AM. CURIAE. : ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECAO DO
DISTRITO FEDERAL
ADV.(A/S) : JULIANO RICARDO DE VASCONCELLOS COSTA
COUTO

VOTO

O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Atentem para a


organicidade do Direito, em especial dos procedimentos relativos ao
itinerário processual das demandas trazidas à apreciação do Supremo.
Nada obstante a iniciativa em prol da racionalidade no regular
andamento dos trabalhos do Pleno, cuja atividade judicante está
sobremaneira dificultada pela invencível avalanche de processos, tem-se
por premissa inafastável, levando em conta a formalização de ação direta
de inconstitucionalidade, a impropriedade de pronunciar-se, não em
ambiente presencial, mas no dito Plenário Virtual, quando há o prejuízo
do devido processo legal, afastada a troca de ideias e a sustentação da
tribuna.
Faço a observação reiterando, por dever de coerência, ser o
Colegiado – órgão democrático por excelência – somatório de forças
distintas, pressupondo colaboração, cooperação mútua entre os
integrantes, quadro de todo incompatível com a deliberação em âmbito
eletrônico.
Quanto à análise do pedido formulado nesta ação, divirjo
parcialmente do Relator, apenas quanto à modulação dos efeitos da
decisão.
Eis a denominada inconstitucionalidade útil. Praticamente aposta-se
na morosidade da Justiça. Proclamado o conflito da norma com a
Constituição Federal, mitiga-se esta sob o ângulo da higidez, como se não
estivesse em vigor até então, e assenta-se, como termo inicial do

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Voto Vogal

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ADI 4868 / DF

surgimento de efeitos da constatação do conflito, a data do trânsito em


julgado da decisão.

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Extrato de Ata - 27/03/2020

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PLENÁRIO
EXTRATO DE ATA

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 4.868


PROCED. : DISTRITO FEDERAL
RELATOR : MIN. GILMAR MENDES
REQTE.(S) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
INTDO.(A/S) : GOVERNADOR DO DISTRITO FEDERAL
INTDO.(A/S) : CAMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL
AM. CURIAE. : ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SECAO DO DISTRITO
FEDERAL
ADV.(A/S) : JULIANO RICARDO DE VASCONCELLOS COSTA COUTO (13802/DF)

Decisão: O Tribunal, por maioria, julgou procedente o pedido


formulado na ação direta para declarar inconstitucional a
expressão “do Distrito Federal”, constante do artigo 1º da Lei
Distrital 3.361/2004, e aplicou o artigo 27 da Lei 9.868/99, a fim
de consignar que o presente juízo de inconstitucionalidade somente
surtirá efeitos para os processos seletivos que forem posteriores
ao trânsito em julgado da presente decisão, nos termos do voto do
Relator, vencido o Ministro Marco Aurélio tão somente na questão
da modulação de efeitos. Não participou deste julgamento, por
motivo de licença médica, o Ministro Celso de Mello. Plenário,
Sessão Virtual de 20.3.2020 a 26.3.2020.

Composição: Ministros Dias Toffoli (Presidente), Celso de


Mello, Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski, Cármen
Lúcia, Luiz Fux, Rosa Weber, Roberto Barroso, Edson Fachin e
Alexandre de Moraes.

Carmen Lilian Oliveira de Souza


Assessora-Chefe do Plenário

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