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O colapso econômico e a Nova Política Econômica (NEP)

Ao final da Guerra Civil Russa, Lênin se deparou com um cenário desolador;

O país, que já havia sido prejudicado pelos governos czaristas, estava


arrasado em virtude de sua participação na Primeira Guerra e na Guerra Civil.

Da forma em que se encontrava a Rússia, haveria grandes chances de os


bolchevistas fracassarem na construção de um Estado Socialista, já que eles
acreditavam que o Estado deveria controlar a produção para garantir a divisão
igualitária dos bens produzidos.

Um governo que sequer tinha condições razoáveis de produzir alimentos e de


gerir as suas indústrias não seria capaz de produzir bens a serem divididos.

Dessa forma, restava encontrar uma solução para alavancar a economia


russa.

Após muitas discussões junto às lideranças bolchevistas, Lênin apresentou


aos russos a NOVA POLÍTICA ECONÔMICA (NEP)...
 Mesclava aspectos capitalistas e socialistas, situação que pode ser
comprovada a seguir por meio das principais realizações da NEP:
 Abertura da Rússia ao capital estrangeiro;
 Atuação legalizada de indústrias e investidores;
 Liberdade para a circulação de moedas;
 Permissão para a existência de diferenças salariais;
 Permissão para a existência de um comércio interno.

Como se pode perceber, as reformas da NEP voltaram a abrir a Rússia ao


capital internacional, muito embora alguns países capitalistas tenham feito
boicote à economia russa em virtude da sua orientação socialista.

Outra novidade: a permissão para a existência de diferenças salariais entre


os trabalhadores, afinal, a desigualdade que seria gerada entre os russos era
um fenômeno típico de países capitalistas.

A própria possibilidade de os camponeses venderem parte da sua produção


em um mercado interno acabou contrariando, mais uma vez, a lógica
igualitária defendida pelos socialistas.
Ao anunciar a NEP para a população russa, Lênin sofreu muitas críticas,
inclusive por parte de alguns bolchevistas mais exaltados, que não
acreditavam na coexistência entre princípios capitalistas e socialistas.

O líder russo, por sua vez, justificou as novas ações alegando que era
necessário, naquele momento, “dar um passo atrás”, resgatando princípios
capitalistas.

Ainda de acordo com Lênin, essa seria a única maneira viável para
modernizar as estruturas russas para que, posteriormente, o país pudesse
prosseguir a sua caminhada dando “dois passos à frente”, considerando,
enfim, a montagem do estado socialista idealizado por Karl Marx.

Outra estratégia desenvolvida por Lênin para recuperar a economia russa foi
a expansão da proposta revolucionária para povos do Leste Europeu,
apresentando as vantagens sociais de um governo comandado pelos
sovietes.

Confiando na proposta dos bolchevistas, as repúblicas da Ucrânia, da


Bielorrússia e da Transcaucásia (Armênia, Azerbaijão e Geórgia) se uniram à
Rússia, firmando, em 1922, um acordo que selou a formação da União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS).
Para que a união fosse firmada, essas repúblicas tiveram a garantia da
autodeterminação dos povos, ou seja, independentemente da união política,
as identidades culturais deveriam ser respeitadas pelo governo soviético, algo
que não aconteceu após a morte de Lênin.

A morte de Lênin e a disputa pelo poder


1924: quando a Rússia começava a ser beneficiada pela formação da URSS,
Lênin, já fragilizado por uma série de problemas de saúde, morreu.

As causas da sua morte continuam sendo investigadas até os dias atuais.

A economia apresentava sinais de melhora e a sucessão de Lênin foi vista


como decisiva para o futuro soviético.

Um dos homens mais bem cotados para substituí-lo no governo soviético foi
Leon Trotsky, que havia consolidado seu nome por ter comandado o Exército
Vermelho durante a Guerra Civil Russa e por coordenar as relações
exteriores da URSS.

Um dos seus ideais era a chamada “revolução permanente”, ou seja, defendia


a difusão imediata da revolução socialista no mundo, cumprindo com a
proposta de Karl Marx, que, ainda no século XIX, alertava para a necessidade
da expansão das revoluções proletárias.

Trotsky, entretanto, sofria a concorrência de Joseph Stálin, que, no ano da


morte de Lênin, já era influente por ocupar o cargo de secretário-geral do
Partido Bolchevique (chamado de Partido Comunista da União Soviética
desde a Revolução de Outubro).

Dessa forma, Stálin usou sua influência para manipular os bolchevistas, que o
nomearam como o novo chefe de Estado da URSS.

Ao contrário de Trotsky, o novo líder soviético defendia o chamado


“socialismo num só país”, isto é, tinha como objetivo estruturar primeiramente
o socialismo na URSS, para apenas posteriormente internacionalizar a
revolução.

Trotsky foi inicialmente expulso do Partido Comunista e, em seguida, do país.

A expulsão do maior opositor de Stálin sinalizou uma mudança na política


soviética, cada vez mais centralizada em sua figura e no projeto de
desenvolvimento da URSS.

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