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Durante os anos 1970, se popularizou uma teoria que previa o resfriamento do

planeta até a ocorrência de uma era glacial eminente. Esta teoria se baseava em
anomalias registradas na temperatura atmosférica global causada pela intensa
liberação de aerossóis que causava queda de temperatura em algumas regiões do
planeta. Contudo, ao longo dos anos, diversos grupos de pesquisa foram
desmistificando essa teoria e demonstrando através de dados e modelos robustos que
a real preocupação climática está no aquecimento global.

Embora a maior parte dos artigos científicos publicados internacionalmente em 1975


discutissem os perigos dos gases do efeito estufa e do aquecimento do planeta, uma
parte dos cientistas da época (cerca de 10%) acreditavam que os dados de medição
térmica acumulados ao longo dos anos revelavam uma tendência de resfriamento
global. Apesar dessa grande diferença, o público em geral rapidamente passou a
discutir a possibilidade de uma nova era glacial, induzido pela mídia e por
corporações interessadas em desviar a atenção das suas emissões poluidoras.

Resfriamento global causaria uma nova era do gelo? Ilustração: Allexxandar /


Shutterstock.com

Segundo os modelos de resfriamento, o clima global seria intensamente afetado por


aerossóis contendo sulfatos que reduziriam a radiação solar que chega até a
superfície do planeta, o que causaria a diminuição das temperaturas médias globais.
Esses aerossóis específicos são liberados por combustão incompleta de combustíveis
e pelo uso direto de certos compostos. Com o passar do tempo e o estabelecimento de
regulamentações ambientais, os processos de combustão em veículos e industrias tem
se tornado cada vez mais eficiente. Além disso, diversos aerossóis considerados
danosos para o meio ambiente foram proibidos de serem utilizados no mundo todo.
Assim, os principais efeitos causadores do suposto resfriamento global deixaram de
existir na equação climática, revelando o real perigo das ações humanas como
principais contribuintes das mudanças do clima mundial.

Embora durante toda a década de 1970 e início de 1980 o resfriamento global tenha
sido assunto de debates científicos, ressurgindo pontualmente na atualidade, esta
teoria pode ser considerada como refutada. Porém, para parte da mídia e dos líderes
políticos, essa discussão entre pesquisadores e a aparente incerteza entre
resfriamento ou aquecimento global, produziu uma impressão de insegurança nos
resultados das pesquisas. Isto foi usado por muitos anos como álibi para inocentar
grandes empresários e governos na sua omissão em tomar decisões efetivas contra o
aumento das concentrações de CO2 e outros gases na atmosfera. Adicionalmente,
muitos grupos de cientistas sérios entenderam que parte do que era visto como
resfriamento na verdade representava efeitos regionais do escurecimento global,
outro fenômeno relacionado a poluição de origem humana na atmosfera.

Um dos últimos e mais recentes argumentos apresentados sobre o resfriamento global


diz respeito a um efeito direto do aquecimento global. Com o aumento da temperatura
e a intensificação do processo de degelo tanto das calotas polares quanto do gelo
continental, o governo dos Estados Unidos financiou um estudo para avaliar se o
acréscimo de toneladas de água de origem polar seria capaz de afetar o equilíbrio
da termohalina das correntes oceânicas profundas do oceano atlântico norte. A
preocupação era que a modificação térmica das águas do oceano pudesse afetar os
ciclos térmicos atmosféricos, induzindo a formação de intensas massas de ar frio. A
conclusão deste estudo foi que este efeito poderia vir a acontecer, mas somente
daqui a mais de 8 mil anos, quando geologicamente estaríamos saindo de um período
interglacial. É curioso ressaltar que este estudo foi a inspiração para o filme “Um
dia depois de amanhã”, de 2004, enquanto os efeitos do aquecimento global nunca
foram propriamente representados em uma grande produção de Hollywood.

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