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CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO

NAVEGAÇÃO
SUBAQUÁTICA

2013

COMITÉ TÉCNICO DO MERGULHO RECREATIVO


CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

ÍNDICE

MÓDULO NAV T1 - Aspetos relativos ao funcionamento do curso


MÓDULO NAV T2 – Planeamento do mergulho
MÓDULO NAV T3 – A bússola
MÓDULO NAV T4 – Utilização de referências naturais
MÓDULO NAV T5 – Navegação por padrões
MÓDULO NAV T6 – Avaliação das distâncias percorridas
MÓDULO NAV T7 – O Mergulho a dois na navegação por padrões;
Navegação por pilotagem
MÓDULO NAV T8 – Localização duma zona para mergulho
MÓDULO NAV T9 – Fatores a ter em conta na navegação subaquática

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PRÓLOGO

Desde que tiraste o teu curso de mergulho, durante os mergulhos que tens realizado,
certamente verificaste que, enquanto que à superfície, a maioria das vezes, a orientação
é baseada nos nossos sentidos, essencialmente a visão, podendo eventualmente ser
ajudada pela audição e olfato, infelizmente, debaixo de água, a orientação está
fundamentalmente baseada na visão e, eventualmente, no tato.

Acresce que à superfície a visibilidade permite-nos obter em simultâneo um elevado


número de pontos de referência que utilizamos para nos orientarmos, enquanto que
debaixo de água, onde a visibilidade não se compara com a da superfície, os pontos de
referência são escassos e por vezes difíceis de encontrar.

Para além disso, de início, a pouca familiarização com o novo ambiente aquático que não
nos permite uma fácil identificação dos elementos subaquáticos, ainda mais reduz o
número de pontos de referência.

Durante um mergulho, ainda que nos desloquemos em três dimensões (3D) os nossos
percursos são feitos na maioria das vezes junto ao fundo e, consequentemente, tal
como em terra, a orientação (navegação subaquática) é feita em apenas duas
dimensões (2D).

Navegar em 3D só se verifica, muito raramente, quando evoluímos numa situação em


que, afastados da superfície, não avistamos o fundo, dada a profundidade a que ele se
encontra ou à má visibilidade existente no local.

Esta situação leva-nos a utilizar métodos de orientação análogos aos que teríamos de
utilizar em terra em locais onde os pontos de referência sejam muito reduzidos (ex:
caminhar no deserto).

Se à superfície, uma bússola nos permite a orientação e o posicionamento


relativamente a referências marcadas num mapa, no mergulho, devido à diminuição da
visibilidade, ela apenas nos permite saber qual o rumo que estamos a seguir, pelo que é
necessário a utilização de referências naturais para sabermos qual o nosso
posicionamento.

Logicamente a adaptação do mergulhador ao ambiente subaquático, com a


familiarização com a fauna, flora e outros elementos e conhecimento progressivo dos
sítios de mergulho, contribui de forma decisiva para evoluirmos como se estivéssemos
na posse de vários pontos de referência.

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Encontrar com algum sucesso o caminho debaixo de água, está dependente, na maioria
das vezes, da observação de um indicador de posição. Contudo, com muito fraca
visibilidade pode não ser possível fazer uso destes indicadores visuais.

Apesar destes problemas, os mergulhadores experientes podem orientar-se debaixo de


água com relativa precisão se conhecerem e aplicarem algumas técnicas específicas de
navegação subaquática.

A finalidade deste curso é apresentar as diferentes técnicas de orientação que tornará o


mergulhador capaz de conhecer a sua posição debaixo de água, com referência ao
ponto de saída e ao ponto de chegada, quando evolui junto ao fundo.

Comité Técnico do Mergulho Recreativo

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INSTRUÇÕES PARA O ALUNO

1. Ler cada lição antes da sessão teórica correspondente

2. Separar o questionário da lição lida, escrever nele as respostas corretas e os dados


pessoais indicados.

3. Ao chegar à aula para assistir à lição teórica entregar ao instrutor o questionário


correspondente à lição que vai ser tratada, devidamente preenchido.

4. Participar no diálogo com o instrutor, pedindo esclarecimentos sobre quaisquer


dúvidas relacionadas com a matéria lecionada na sessão.

5. Realizar o teste que lhe for apresentado no final da sessão, devolvendo-o


devidamente preenchido ao instrutor.

O INSTRUTOR

O Instrutor é o guia para evoluir no mundo subaquático.


As suas indicações devem ser sempre seguidas, pois os
seus conhecimentos e prática são importantíssimos
para a segurança do aluno.

O aluno deve depositar nele a sua confiança e não ter


receio em fazer-lhe quantas perguntas forem
necessárias para aclarar qualquer dúvida sobre os
temas do programa ou sobre os exercícios que tem que
realizar na prática.

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MÓDULO NAV T1

ASPETOS RELATIVOS AO FUNCIONAMENTO DO CURSO

• Apresentação
• detalhes administrativos relativos ao horário, locais das aulas, documentação e
equipamento a ser fornecido ou que o aluno deverá trazer, manuais a utilizar, etc..
• objetivos do Curso e da organização Escola/Clube
• finalidade do programa de treino e a sua integração no Sistema Nacional de
Qualificação de Mergulhadores (Legislação Nacional).

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OBJETIVOS

No final deste módulo o aluno deve saber:

conhecer os vários aspetos relativos ao funcionamento do curso


conhecer os objetivos do curso
a organização da Escola e sua integração a nível nacional
qual o nível mínimo de mergulhador necessário para ingressar no curso de Navegação
Subaquática
quais os documentos que lhe são atribuídos no final do Curso
a necessidade desta qualificação para poder progredir na Carreira de Mergulhador

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APRESENTAÇÃO

A finalidade deste curso é ensinar ao mergulhador as práticas de orientação


subaquática.

Ao terminar este curso teremos mais um mergulhador treinado e competente para


poder evoluir com segurança acrescida debaixo de água, sabendo como se orientar
utilizando os meios naturais à sua disposição e com a ajuda de instrumentos de
orientação.

ORGANIZAÇÃO DESPORTIVA DO MERGULHO

A Escola que vais frequentar está devidamente reconhecida e legalizada pela CMAS
Portugal para poder ministrar os Cursos de Especialização CMAS, cumprindo os
conteúdos programáticos mínimos, definidos pela Comité Técnico do Mergulho
Recreativo.

Todas as Escolas que utilizam os programas de mergulho federativos são obrigadas a


filiar os seus alunos no início do curso para que estes fiquem abrangidos por um
seguro desportivo que cobre os riscos de acidentes pessoais quer durante o curso
quer, após a sua conclusão, durante a prática da atividade. A validade do seguro
desportivo é de um ano civil pelo que deverás fazer a tua revalidação de preferência
no início do ano.

O programa de treino a que vais ser submetido corresponde ao exigido para o Curso de
Especialização “Navegação Subaquática”, no qual podem ingressar todos os
mergulhadores CMAS P1 que, após a sua qualificação tenham efetuado e averbado na
sua Caderneta de Imersão no mínimo quinze mergulhos.

No final deste Curso ser-te-ão atribuídos o cartão e diploma CMAS da Especialidade


“Orientation Subaquatique”, sendo averbada na tua Caderneta de Qualificação a
respetiva qualificação.

Esta especialidade é fundamental para que possas ingressar nos cursos de


Especialização de “Mergulho Noturno” e de “Pesquisa e Recuperação” e do curso de
Mergulho CMAS P3.

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QUESTIONÁRIO

(Nas perguntas de resposta múltipla pode haver mais do que uma resposta certa;
envolva com um circunferência as respostas certas)

1º) Alguns dos requisitos para admissão ao Curso de Navegação Subaquática são:
a) possuir o Curso de mergulho CMAS P1
b) ter realizado 10 mergulhos após a certificação como mergulhador de CMAS P1
c) possuir o Curso de mergulho CMAS P2
d) nenhuma resposta está correta

2º) A validade do Seguro Desportivo que a FPAS proporciona aos seus filiados tem a
validade de:
a) um ano
b) um ano civil

3º) Ao concluíres o teu curso a FPAS atribuir-te-á a qualificação de especialista em


“Navegação Subaquática”
a) falso
b) verdadeiro

4º) A especialidade de “Navegação Subaquática” é um dos requisitos obrigatórios para


aceder aos Cursos de:
a) administração de Oxigénio
b) CMAS P2
c) mergulho noturno
d) CMAS P3

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MÓDULO NAV T2

PLANEAMENTO DO MERGULHO

• relação entre a navegação subaquática e o planeamento do mergulho


• relação entre a navegação em terra com a navegação subaquática
• tipos de orientação subaquática
• importância da navegação subaquática
• planeamento dum mergulho

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OBJETIVOS

No final deste módulo o aluno deve saber:

que um bom planeamento dum mergulho se traduz numa navegação subaquática mais
eficaz
relacionar a orientação terrestre com a navegação subaquática
conhecer os tipos de orientação subaquática de que dispõe
quais as razões pelas quais as técnicas de navegação subaquática são da maior
utilidade para o mergulhador
a importância dum bom planeamento dum mergulho

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PLANEAMENTO DO MERGULHO

A navegação subaquática e o planeamento do mergulho estão intimamente ligados

O planeamento do percurso ou a sua adaptação ao local do mergulho, tendo em conta


a utilização de pontos e linhas de referência, contribui da melhor forma para tirar o
máximo partido das referências disponíveis.

Enquanto que no primeiro caso a utilização de pontos de referência serve apenas para
nos orientarmos, no segundo caso, as linhas de referência, são usadas como linhas
que podemos seguir e pontos que nos permitem facilmente posicionar.

Comparando com a orientação em terra podemos exemplificar o primeiro caso


(pontos de referência) imaginando uma exploração no deserto à volta de um oásis ao
qual temos de regressar. Nesta situação apenas dispomos de uma bússola e de pontos
de referência como o sol e as estrelas. Acresce-se que temos que saber medir as
distâncias percorridas.
Já no segundo caso (linhas de referência) podemos imaginar a localização de Lisboa
seguindo as linhas de referência que são o rio Tejo, alinha férrea Lisboa-Cascais
associadas aos pontos de referência como o Cristo Rei e o cruzamento da linha férrea
com a Ponte 25 de Abril.

A navegação por pilotagem (utilização de pontos e linhas de referência) será pois o


método preferencial, não só pela sua simplicidade, mas também pela menor
concentração exigida ao mergulhador.
Situações há, que pelas dificuldades apresentadas pelo meio subaquático este tipo de
navegação não é possível, sendo talvez mais eficaz a utilização da navegação por
padrões.

Postas estas considerações é lógico que se pergunte;

Porque razão as técnicas de navegação subaquática são importantes para os


mergulhadores?

As respostas são simples:

• O seu conhecimento pode permitir aos mergulhadores evitar ter que nadar muito
tempo à superfície no final dos mergulhos.
• Permite que os companheiros de mergulho permaneçam juntos desde que sigam
um percurso comum, porquanto o mesmo foi combinado previamente.
• Torna mais fácil a busca em caso de separação dum companheiro, porquanto,
sendo o percurso conhecido por todos, durante o minuto convencionado para
procurar o

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companheiro, podem nadar ao encontro um do outro. Isto também se aplica no


caso da perda de um elemento de um grupo.
• Permite ajudar o mergulhador que conhece a sua posição a regressar ao ponto de
partida.
• Permite voltar aos sítios de mergulho mais interessantes, bem como explicar aos
outros como atingi-los, ajudando a evitar zonas perigosas.
• Diminui a necessidade do mergulhador vir à superfície para se posicionar.

e finalmente

• Dá uma grande satisfação ao mergulhador ser capaz de atingir com precisão os


locais pretendidos deslocando-se debaixo de água

Resumindo, os mergulhadores que sabem orientar-se bem evoluem com menos


esforço e os seus mergulhos são mais seguros e agradáveis que os efetuados de
forma aventureira e à toa sem saber onde estão e para onde vão.

CHAMA-SE A ATENÇÃO PARA O FACTO DE QUE SABER ORIENTAR-SE DEBAIXO DE ÁGUA É


FUNDAMENTAL PARA O TIPO DE MERGULHO EM QUE A SAÍDA É FEITA DE TERRA, SOBRETUDO
QUANDO AS CONDIÇÕES DO MAR NÃO PERMITEM UMA NATAÇÃO SEGURA E CONFORTÁVEL À
SUPERFÍCIE PARA VOLTAR AO PONTO DE SAÍDA, AO CONTRÁRIO DOS MERGULHOS FEITOS COM
SAÍDA DE UMA EMBARCAÇÃO QUE, EM PRINCÍPIO, DEVERÁ ESTAR PRONTA PARA O RECOLHER
NO LOCAL ONDE ELE EMERGE.

Há que ter sempre presente que

UM BOM PLANEAMENTO DEVE SER FEITO TENDO SEMPRE EM CONSIDERAÇÃO OS


ELEMENTOS PERTINENTES AO MERGULHO QUE NA REALIDADE PRETENDEMOS
EFETUAR

não valendo a pena a preocupação em aprofundar de detalhes que, à posteriori,


sabemos que são irrelevantes para esse mergulho.

Entre outros elementos a considerar é o tempo para efetuar o percurso que está
intimamente relacionado com a autonomia da garrafa, esta por sua vez dependente do
esforço que o mergulhador irá despender ao percorrê-lo.

Outros elementos não menos importantes serão a direção e força da corrente, os


locais de entrada e saída do mergulho, devendo ter-se sempre em conta a existência
de uma ou mais saídas alternativas.

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Ao efetuarmos um mergulho em que pretendemos regressar ao ponto de partida é


fundamental sabermos a altura em que devemos parar e voltar para trás, o chamado
“ponto de regresso”, que normalmente é ditado pela autonomia da garrafa, tendo em
conta a reserva de ar necessária para o mergulho.

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QUESTIONÁRIO

(Nas perguntas de resposta múltipla pode haver mais do que uma resposta certa;
envolva com um circunferência as respostas certas)

1) A navegação utilizando linhas e pontos de referência é o método mais simples e


que menos concentração exige ao mergulhador.
a) falso
b) verdadeiro

2) Escreva os seis motivos que tornam as técnicas de navegação subaquática tão


importantes para os mergulhadores.
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3) Os mergulhadores que sabem orientar-se bem debaixo de água


a) evoluem com menos esforço
b) mergulham com maior segurança
c) podem nadar mais depressa
d) todas as respostas estão corretas

4) Um bom planeamento dum mergulho deve ser feito tendo em conta os elementos
de navegação consentâneos com o local do mergulho que se pretende realizar.
a) falso
b) verdadeiro

5) O tempo para efetuar determinado percurso depende:


a) da autonomia da garrafa
b) do consumo de ar do mergulhador
c) do esforço físico despendido
d) da visibilidade da água
e) da direção e força da corrente existente
f) todas as respostas estão certas

6) Defina “ponto de regresso”


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MÓDULO NAV T3

A BÚSSOLA

• princípio de funcionamento
• utilização
• orientação com a bússola

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OBJETIVOS

No final deste módulo o aluno deve saber:

em que se baseia o funcionamento da bússola


como se relaciona a sua indicação com o Norte geográfico
quais as correções a fazer na leitura de uma bússola relativamente ao Norte geográfico
o que se entende por azimute e por rumo
alguns tipos e características de bússolas
como utilizar uma bússola
como se deve orientar com uma bússola

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A BÚSSOLA

1.1 - PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO

O princípio de funcionamento de uma bússola baseia-se na propriedade que uma peça


magnetizada (magnete ou íman) possui, de se orientar paralelamente às linhas de
força magnéticas da terra quando, suspensa ou apoiada sobre um eixo, pode girar
livremente.

1.1.1 - NORTE VERDADEIRO (NV)

Se imaginarmos a Terra como sendo uma esfera a rodar em torno de um eixo


imaginário, os pontos em que esse eixo corta a superfície da esfera chamam-se
“pólos”.

Existem, portanto, dois pólos geográficos ou verdadeiros, o polo Norte e no extremo


oposto o polo Sul.
Todos os círculos máximos que passam pelos pólos geográficos ou verdadeiros
denominam-se meridianos, sendo a sua contagem feita em graus a partir dum
meridiano de referência (meridiano de Greenwich), de 0º a 180º para Este (E) e para
Oeste (W).

1.1.2 - NORTE MAGNÉTICO (Nm) E DECLINAÇÃO MAGNÉTICA

Como é do conhecimento geral, a Terra comporta-se como um imã gigantesco cujas


linhas de força atuam segundo os meridianos magnéticos que analogamente aos
geográficos, passam pelos pólos magnéticos da Terra, o polo Norte magnético e o
polo Sul magnético.
Nas condições referidas as extremidades duma peça magnética que rode livremente
suspensa por um fio ou equilibrada sobre um eixo, apontam permanentemente para
os pólos magnéticos Norte e Sul da Terra.

Se uma dessas extremidades for convenientemente assinalada como a que aponta


para o Norte magnético da Terra, se o imã (agulha
magnética) apoiado num eixo, for colocado sobre um
quadrante graduado em graus e este devidamente
orientado em relação à direção em que nos deslocamos,
ela indicará qual o ângulo que essa direção faz com o
NORTE magnético. Este conjunto (agulha
magnética+quadrante) denomina-se “bússola”.

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A diferença angular entre o meridiano magnético e o meridiano geográfico ou


verdadeiro da terra denomina-se “declinação magnética (D)", sendo o seu valor
variável com o local e ao longo dos anos.

1.1.3 - DESVIO DA AGULHA

Para além da declinação magnética também existe o "desvio


da agulha (d)", que no mergulho não é considerado,
porquanto este é provocado pela ação do campo de forças
magnético originado por substâncias ferromagnéticas e/ou
circuitos elétricos das embarcações, sobre a agulha.
O "desvio (d)" é a diferença angular entre o meridiano
magnético e o meridiano da agulha.
Assim o Norte indicado por uma agulha chama-se NORTE da
agulha (Na)

QUAISQUER DESTES DESVIOS QUE SÃO DE EXTRAORDINÁRIA IMPORTÂNCIA EM PERCURSOS


NÁUTICOS ENTRE PONTOS SITUADOS A DISTÂNCIAS CONSIDERÁVEIS, NÃO TÊM
PRATICAMENTE QUALQUER SIGNIFICADO NA ORIENTAÇÃO SUBAQUÁTICA, DADO QUE OS
PERCURSOS SÃO NORMALMENTE CURTOS, PELO QUE NÃO ENTRAREMOS EM CONSIDERAÇÃO
COM OS MESMOS.

1.1.4 – AZIMUTE

Azimute é o ângulo entre a linha norte-sul e a linha que une o observador a um ponto
situado em Terra ou no mar quer à superfície quer debaixo de água. Mede-se em graus
(000º a 360º) a partir do Norte e sempre no sentido do movimento dos ponteiros do
relógio (sentido horário).
Da mesma forma que existe um norte verdadeiro, um norte magnético e um norte da
agulha, também existem um azimute verdadeiro, um azimute magnético e um
azimute da agulha.

Normalmente as bússolas subaquáticas têm na sua coroa móvel uma reentrância que
serve de mira, através da qual se pode visar um objeto e fazer simultaneamente a
leitura da direção/sentido para ele, obtendo-se assim o seu Azimute.

Como dissemos anteriormente, no mergulho não é necessário ter em conta quer a


declinação magnética quer o desvio da agulha, a não ser quando queremos transpor o
azimute obtido para uma carta geográfica ou vice-versa, quando queremos localizar
um local de mergulho relativamente a pontos de referência situados em terra. Nesse
caso dever-se-á ter em conta a declinação magnética existente no local (indicada na
carta náutica).

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Modernamente existem as agulhas digitais (algumas com correção do norte


magnético), que a través de um sistema eletrónico, permitem tirar Azimutes
sucessivos a uma série de pontos, registando-os numa memória que pode ser
consultada mais tarde quer quando se faz a sua transposição para a Carta Náutica ou
quando se quer seguir um rumo na direção do ponto referenciado.

1.1.5 – RUMO

Rumo é o ângulo horizontal entre a linha norte-sul e a linha definida pelo percurso que
seguimos em relação ao fundo. Mede-se em graus (000º a 360º), a partir do norte e
sempre no sentido dos ponteiros do relógio (sentido horário).
Diferencia-se do azimute pois o rumo refere-se ao percurso que estamos a seguir que
pode ser influenciado pela direção da corrente, caso exista.

Quando se planeia um mergulho convém referir a vantagem em registar “rumos de


emergência” que nos permitirão em situações de apuro (ex: mudanças no estado do
mar), termos a possibilidade de atingir o ponto de saída utilizando percursos e saídas
alternativas.

1.2 - TIPOS E CARACTERÍSTICAS DE BÚSSOLAS

Existem no mercado variadíssimos tipos de bússola, umas esféricas, outras planas,


umas para colocar no pulso, outras montadas em consolas fazendo conjunto com
profundímetros, manómetros, monitores de mergulho, etc., outras ainda montadas em
pranchas com indicador de distância e outra instrumentação destinadas
exclusivamente a provas de orientação subaquática.

Quanto às do tipo de quadrante solidário com um magnete (íman), umas têm apenas
indicados os pontos cardeais e suas subdivisões, noutras o quadrante está marcado no
sentido dos ponteiros do relógio, enquanto que noutras a marcação é no sentido
inverso, numas a graduação é feita na coroa móvel, noutras a graduação é feita na
parte fixa enquanto que a coroa móvel apenas possui traços de referência para se
poder efetuar a memorização dos rumos.

Quanto ao tipo de funcionamento podemos distinguir dois tipos de bússola:

Com agulha móvel


Quadrante graduado fixo
Graduação em graus no sentido anti-horário
Linha de fé coincidente com o zero
Com disco móvel
Quadrante graduado no disco ou calote esférica móveis

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Graduação em graus no sentido horário (nalgumas em sentido anti-


horário)
Linha de fé não coincidente com o zero
Pode permitir a leitura lateral

Qualquer que seja o modelo escolhido uma bússola deverá possuir, no mínimo, as
características seguintes:

1) A bússola deve estar cheia de líquido que servirá não só para resistir à
pressão, mas também para tornar os movimentos da agulha suaves
(amortecidos), de modo a que a sua leitura possa ser feita com segurança
e comodidade.
2) A agulha/disco, deve rodar livremente podendo ser lida com segurança
mesmo que a bússola não esteja perfeitamente nivelada (em relação à
horizontal).
Deve ter-se o maior cuidado em verificar se a inclinação que o aparelho
tem quando estamos a fazer uma leitura não trava o movimento da
agulha/disco, originando deste modo uma falsa leitura.
3) Deverá possuir uma "linha de fé" o mais comprida possível, melhor se
passando pelo eixo da agulha/disco, de modo a permitir que se possam
fazer as marcações dos pontos de referência ou se possa seguir
determinada direção, fácil e corretamente.
4) Deverá ter uma espessura reduzida para poder ser facilmente observada
pelo mergulhador de cima para baixo, com alguma inclinação, que é a
posição de observação do aparelho mais utilizada.
4) Deverá ter uma coroa rotativa, de preferência graduada em graus, com
mira e linha de marcação, esta última que servirá para memorizar uma
determinada direção que se pretende seguir.
5) A graduação do quadrante será de preferência marcada em graus
(000º/360º), em vez da indicação dos pontos cardeais e subdivisões.
Quanto maior for o número de divisões do quadrante mais precisa será a
leitura da bússola.
6) O quadrante deverá ser luminoso (pintura fluorescente) para o caso dos
mergulhos realizados com muito pouca luz ou à noite.

1.3 - CUIDADOS DE MANUTENÇÃO

Os cuidados de manutenção a ter com este instrumento não são complicados mas
devem ser cumpridos escrupulosamente para que possamos contar com a precisão
requerido.

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Assim:
a) Devem evitar-se as pancadas e quedas, dado que ele é muito sensível aos
choques.
b) Deverá evitar-se a exposição ao calor e aos raios solares para evitar que o
líquido se dilate no seu interior, podendo originar fugas.
c) Deverá evitar-se colocar a bússola junto de massas ferromagnéticas para
evitar que as suas condições magnéticas sejam alteradas, devendo
transportar-se. bem acondicionada dentro do saco de mergulho.
d) Após a sua utilização deve ser lavada com água doce e limpa de
partículas de areia, salitre etc. que se tenham depositado.
e) A parte móvel (coroa) deve ser lubrificado de modo a poder rodar
livremente mantendo no entanto uma certa resistência para se poder
fixar na posição pretendida.

2 - UTILIZAÇÃO

Como atrás foi dito, a agulha magnética apresenta uma extremidade devidamente
assinalada que por convenção, aponta sempre para o Norte magnético, enquanto que a
"linha de fé" indica a direção do movimento relativamente ao norte magnético.

Dessa forma, quando a "linha de fé" está


alinhada com a agulha da bússola o
mergulhador deslocar-se-á na direção
do Norte (N) ou (000º/360º).
Se o mergulhador se deslocar para
LESTE (E) a agulha continuará a apontar
para o NORTE (N) (a linha de fé coincide
com 090º).

No caso do disco móvel a linha de fé da bússola situa-se em frente da graduação


inscrita no disco que será 090º.

Quando a direção tomada é oposta à direção anterior diz-se que é uma


"direção recíproca".

Assim, a direção SUL (S) (180ª) é uma "direção recíproca" da direção NORTE
(N) (000º), bem como a direção OESTE (W) (270º) é uma "direção recíproca" da direção
LESTE (E) (90º).

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É
IMPORTANTE QUE O MERGULHADOR SAIBA A DIREÇÃO RELATIVA AO PONTO DE
PARTIDA DUM MERGULHO DE MODO A PERMITIR-LHE CONHECER A DIREÇÃO EM
RELAÇÃO A OUTROS PONTOS.

Com esta referência, as mudanças de direção serão feitas sempre em relação à


direção de origem podendo assim manter-se o conhecimento da nova posição desde
que tenhamos a noção das distâncias percorridas.

Exemplo:

2.1 - POSIÇÃO CORRETA DE LEITURA

A regra mais importante a seguir para se obter uma navegação segura e precisa é a de
alinhar a "linha de fé" da bússola com o eixo do corpo e a direção desejada.
Antes de ser efetuado este posicionamento não deve ser iniciada a progressão
subaquática mesmo que a direção indicada pela bússola esteja correta.

Consoante o tipo de bússola o método de leitura utilizado varia.

Assim, com uma bússola de pulso, dever-se-á colocar em extensão e inclinado para
baixo o braço oposto aquele onde a bússola está instalada. Este último será dobrado
em ângulo reto, segurando com a mão o primeiro ao nível do cotovelo.
Esta posição mantém a bússola alinhada com o corpo e com a direção a seguir,
situando-a um pouco abaixo do nível dos olhos do mergulhador.

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Para uma navegação mais precisa a bússola deve segurar-se com as duas mãos
mantendo-se os braços estendidos à frente do corpo e inclinados para baixo.
Esta posição coloca a bússola alinhada à frente do mergulhador permitindo ainda uma
melhor visão do instrumento.
O procedimento mais correto para ler a indicação da bússola é olha-la ligeiramente de
cima para baixo.

Quando a bússola está colocada numa consola, esta deve ser empunhada da melhor
maneira de modo a permitir o seu alinhamento correto em simultaneidade com a
melhor visão, podendo dizer-se que é uma solução de compromisso entre as duas
primeiras.

2.2 - A BÚSSOLA ELETRÓNICA

Como foi referido no Curso de Nível 1, Módulo 1T3 – “Equipamento de mergulho


diverso”, existem as bússolas eletrónicas, cujo funcionamento se baseia na tecnologia
por “microprocessador”.

Alguns destes equipamentos permitem ao mergulhador programar o seu percurso de


mergulho até um máximo de nove rumos (percursos) diferentes.

Todas as indicações são lidas num mostrador de cristais líquidos com a indicação dos
rumos e dos desvios verificados a cada momento, etc. o que permite uma correção
imediata caso haja desvio durante o percurso.

Tal como os computadores para ligarmos (ativarmos) este equipamento podemos


faze-lo manualmente, tocando com os dedos húmidos em dois contactos metálicos
nele existentes ou mergulhando-o na água ao iniciarmos o nosso mergulho.

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2.2.1 - FUNCIONAMENTO COMO UMA SIMPLES BÚSSOLA


Rumo
Depois de ativado podemos utilizar este instrumento no
modo “Percurso”, tal como foi descrito para a bússola
clássica, apontando a linha de fé para o objeto ou ponto
NV
para onde queremos dirigir-nos, ler a leitura no mostrador
e mantê-la durante o nosso percurso (Rumo=280º).

2.2.2 - FUNCIONAMENTO COM PROGRAMAÇÃO

PROGRAMAÇÃO

Se o mergulhador quer previamente programar um percurso (rumo) pode fazê-lo


estando no modo “Percurso” onde, após ter apontando a linha de fé para o objeto ou
ponto para onde quer dirigir-se, prime os contactos ou botões
adequados passando em seguida ao modo “Programa”.

Neste modo, confirma o rumo registado faz o seu registo na


memória premindo os contactos ou botões adequados passando
em seguida ao modo “Percurso”.

Após estas operações o rumo está registado na memória do


instrumento podendo ser consultado sempre que o mergulhador dele necessite.

UTILIZAÇÃO DO PROGRAMA REGISTADO

Quando o mergulhador quer iniciar o percurso pré Seta de


estabelecido (programado), seleciona-o, observando no correção
mostrador:

a) uma seta principal indicando o sentido para onde a


bússola está orientada
b) a indicação digital desse sentido (285º)
c) uma seta de correção apontando o sentido para onde
se deve virar para ir ao encontro do rumo correto
(esta seta representa uma diferença de 005º)
d) uma seta dentro do circulo interior indicando o rumo correto (Rumo=280º)

Nota: Se a correção a fazer fosse 15º apareceriam três setas de correção em vez duma.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

De forma idêntica podemos registar no modo “Programa” os vários rumos que


pretendemos para efetuar um determinado percurso e depois, no modo “Percurso”,
podemos chamá-los sucessivamente pelo acionamento dos contactos ou botões
adequados.

2.2.3 - AFERIÇÃO DO NORTE MAGNÉTICO

Estes tipos de instrumentos permitem ainda a correção do valor da Declinação no


local onde se está a mergulhar.

Esta correção é bastante útil quando se tiram enfiamentos, ou outros tipos de


marcação, de pontos conhecidos e se pretendem passar para uma carta os valores
obtidos ou vice-versa.

Essa aferição é feita no modo “Configuração” (set up) devendo a introdução do valor da
correção da declinação para o local, indicado na carta náutica, ser feito com o maior
cuidado

2.2.4 - CRONÓMETRO

Alguns destes instrumentos permitem ainda o registo te tempo, para o que têm um
cronómetro incorporado que permite ao mergulhador calcular o tempo que levou a
efetuar um determinado percurso e assim poder fazer qualquer cálculo que necessite.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

3 - ORIENTAÇÃO COM A BÚSSOLA

3.1 - ORIENTAÇÃO PELA COROA MÓVEL

Um dos métodos utilizado (e o mais aconselhado) é o da orientação pela coroa móvel

a) Primeiro orienta-se a "linha de fé" na direção (rumo) que se pretende


seguir.
b) Depois roda-se a “coroa móvel” de modo a colocar o Norte da agulha ou do
disco móvel frente à "marca de referência".

Linha de fé

Coroa 12 150 270


0 0 0
18 24 30
móvel
0

0
90

33
0

W
21

21
0
60

0
240

N
S

S
E 180
30

30
E
Marca de
0
27

15
0
30
0 60
0

referência 330 12
0 90

Direção pretendida Acerto da coroa móvel

ESTA MARCAÇÃO VAI SERVIR DE MEMÓRIA PARA O RUMO QUE SE PRETENDE SEGUIR
BASTANDO PARA O EFEITO MANTER O NORTE DA AGULHA OU DO DISCO MÓVEL SEMPRE
DENTRO DA “MARCA DE REFERÊNCIA”.

Algumas bússolas possuem uma janela vertical onde se


pode fazer a leitura do “azimute” (ver capítulo 11.2) do ponto
para o qual apontamos a “mira” da bússola que faz parte de
“coroa móvel” e que neste caso deverá estar alinhada com a
“linha de fé”.
Para que se possa obter a leitura
correta do azimute a graduação do
rebordo do disco móvel está feita no
sentido anti-horário, pelo que quando
visto por cima o disco apresenta frente à indicação do Norte a
gravação 180º isto é o valor recíproco de 0º.
Como é óbvio isto acontece com todas as outras gravações
relativamente aos restantes pontos cardeais (Sul – 0º, Este –
270º e Oeste – 90º) e valores intermédios.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

3.2 - ORIENTAÇÃO PELO QUADRANTE

No caso da bússola não possuir coroa móvel terá que se utilizar o método de
orientação pelo quadrante.

Neste caso, orienta-se a "linha de fé" na direção (rumo) que se pretende seguir e lê-se
no quadrante o número de graus indicado pela agulha magnética, valor esse que
deverá ser retido na memória ou, melhor ainda, escrito numa placa para evitar o seu
esquecimento mal comecem a surgir as maravilhas do mundo submarino.

Rumo = 50º Rumo = 50º+90º = 140º

Qualquer mudança de direção (rumo) deverá ser registada (lendo a nova posição da
agulha sobre o quadrante) para quando quisermos voltar a percurso inicial, sabermos
qual o novo rumo a seguir durante a mesma distância.

Rumo = 140º+180º = 320º Rumo = 320º+90º = 410º


410º-360º = 50º

Repare-se que no exemplo dado, a graduação do quadrante está gravada no sentido


inverso, o que nos permite ler diretamente o valor do ângulo que o rumo que estamos
a seguir faz com o NORTE magnético.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

3.3 - CREDIBILIDADE DAS INFORMAÇÕES

Como já foi dito a bússola é um instrumento de orientação de grande precisão para


um mergulhador experimentado e treinado nesta técnica.

Sabendo como a utilizar para seguir numa determinada direção, os mergulhadores


aumentarão substancialmente a sua segurança na água.

É ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO, QUANDO SE ESTABELECE UM RUMO BASEADO


NA INDICAÇÃO DA BÚSSOLA, QUE SE TENHA INTEIRA CONFIANÇA NA SUA
INDICAÇÃO.

Ainda que por vezes nos assalte a dúvida de que estamos a progredir na direção
errada em relação à indicada pela bússola esta deverá ser estritamente respeitada,
acabando por se verificar quando finalizamos o percurso a sua exatidão.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

QUESTIONÁRIO

(Nas perguntas de resposta múltipla pode haver mais do que uma resposta certa;
envolva com um circunferência as respostas certas)

1) Pólo geográfico ou verdadeiro é o ponto em que o eixo imaginário, em torno do


qual a terra roda, corta a superfície da esfera terrestre e por onde passam todos os
meridianos geográficos.
a) falso
b) verdadeiro

2) Pólo magnético é o ponto onde passam as linhas de força magnéticas ou


meridianos magnéticos
a) falso
b) verdadeiro

3) Declinação magnética é:
a) o ângulo formado pelo equador com o meridiano geográfico
b) o ângulo formado pelo meridiano magnético com o eixo da terra
c) o ângulo formado pelo meridiano geográfico com o meridiano magnético
d) todas as respostas estão incorretas

4) Azimute é o ângulo entre a linha norte-sul e a linha que une um observador a um


ponto situado em terra ou no mar.
a) falso
b) verdadeiro

5) O aparelho denominado bússola é essencialmente constituído por uma agulha


magnética que roda livremente sobre um eixo e por um quadrante graduado em
graus.
a) falso
b) verdadeiro

6) Quanto ao tipo de funcionamento podemos ter os tipos de bússola:


a) com agulha móvel
b) com agulha oscilante
c) com disco rígido
d) com disco móvel

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

7) Entre algumas das características de uma bússola destacam-se


a) ter o movimento amortecido
b) a agulha/disco deve rodar livremente
c) ser leve
d) possuir uma linha de fé o mais comprida possível
e) ter um dispositivo de mira e linha de marcação
f) todas as respostas estão corretas

8) Quando uma direção tem um valor de 180º diferente da anterior, diz que é uma:
a) direção invertida
b) direção alternativa
c) direção recíproca
d) todas as respostas estão incorretas

9) A orientação com a bússola pode ser feita:


a) pelo quadrante
b) pela coroa móvel
c) todas as respostas estão corretas

10) É fundamental, quando estamos a seguir um rumo baseado na indicação da


bússola, ter-se inteira confiança na sua indicação.
a) falso
b) verdadeiro

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

MÓDULO NAV T4

UTILIZAÇÃO DE REFERÊNCIAS NATURAIS

• referências de orientação/direção
• linhas de referência
• pontos de referência

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

OBJETIVOS

No final deste módulo o aluno deve saber:

reconhecer as referências de orientação/direção


utilizar as referências de orientação/direção
reconhecer as linhas de referência naturais
utilizar as linhas de referência naturais
reconhecer os pontos de referência naturais
utilizar os pontos de referência naturais

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

UTILIZAÇÃO DE REFERÊNCIAS NATURAIS

Quando se segue um percurso podemos orientarmo-nos debaixo de água com um


grau de precisão bastante razoável se forem utilizados pontos de referência
subaquáticos. Uma vez que se tome consciência que há numerosos meios naturais
para nos orientarmos debaixo de água, é mais fácil executar com sucesso um rumo
predefinido.

Antes de imergir, os mergulhadores devem estudar a zona de mergulho a partir de um


ponto bem localizado. O objetivo deste ação é ficar familiarizado com a zona ao
localizar vários pontos do relevo exterior que poderão servir de pontos de referência
durante o mergulho.

As paredes de uma enseada, os recifes ao largo, corais, boias flutuantes, afloramentos


rochosos à superfície onde as ondas vêm quebrar, eis algumas das numerosas ajudas
à orientação que permitem a um mergulhador determinar onde se encontra debaixo
de água, por muito pouco consciente que ele esteja da posição relativa dos seus
pontos de referência.

É muito importante se houver corrente, verificar a sua direção e estimar a sua força.
Em resumo, estude o local de mergulho suficientemente bem para o poder recriar
debaixo de água.

A quantidade de referências utilizáveis debaixo de água aumenta com o aumento dos


nossos conhecimentos do meio subaquático, conhecimentos estes que podem ser
adquiridos através de livros, revistas, filmes etc.

Damos a seguir alguns exemplos do género de referências que poderão ser tomadas
nos seus mergulho:

1 -Referências de orientação/direção

1) A luz e as sombras são referências úteis. Verifique a posição do sol ou da lua


e a direção seguida pelos raios luminosos filtrados na água.
2) As rugas (ripple marks) provocadas na areia pela ondulação orientam-se
paralelamente à costa com a inclinação mais suave virada para o mar, e
constituem um ponto de referência fiável. O movimento da água é mais forte
perto da costa que ao largo, sendo possível, com um pouco de prática,
determinar qual a direção da costa sem mais nada que não seja observando a
ondulação. Se a sua intensidade diminui, a água é mais profunda. A ondulação
pode ajudar a determinar a proximidade dos recifes, de rochas e outras zonas
pouco profundas.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

3) O movimento da água, quer seja ondas, marés ou vagas, podem ajudá-lo


desde que saiba a sua direção inicial. As algas e partículas soltas irão inclinar-
se ou arrastar-se na direção da corrente de maré. Se a direção desta for
conhecida, pode fornecer ao mergulhador uma pequena indicação da direção
do mergulho, mas é necessário verificar se a corrente marinha não muda
durante o mergulho. Comece, de preferência, o mergulho contra a corrente.
4) Procure familiarizar-se com a flora e fauna que podem fornecer pontos de
referência. Por exemplo, as gorgónias desenvolvem-se sempre formando
angulo reto com a corrente dominante. Algumas algas apenas se encontram
a algumas profundidades. Ao se familiarizar com o ambiente, encontrará
cada vez mais pontos de referência graças á flora e fauna.

2 -Linhas de referência

1) As linhas batimétricas são ótimos pontos de referência. Qual é o perfil do


terreno? Tem um declive suave ou abrupto ou é plano? Verifique a
profundidade. Em muitos locais pode-se seguir o perfil da linha de costa
seguindo uma profundidade constante. A profundidade pode também
permitir saber se estamos a avançar ou se nos estamos a afastar das
margens, dado que a profundidade tem tendência a aumentar quando nos
afastamos da costa
2) A fronteira areia/rocha é também uma linha de referência que pode ser
seguida durante um mergulho. Esta linha poderá não ser paralela à costa, no
entanto serve-nos perfeitamente para nos conduzir a um ponto qualquer no
qual esteja contida ou que esteja próximo.
3) As formações rochosas submersas são geralmente a continuação da linha da
costa, daí a razão para fixar os recifes que afloram à superfície. Se eles forem
estratificados, é possível que os que estão situados debaixo de água também
o sejam, e que os rochedos sejam normalmente paralelos á costa.
4) O relevo do fundo como canais e vales pronunciados, são também linhas de
referência que o mergulhador poderá utilizar na sua progressão.
5) As linhas de referência artificiais, estruturas que se desenvolvem numa
determinada direção, emissores, etc., são outras fontes que o mergulhador
deve aproveitar para saber para onde se dirige.

3 -Pontos de referência

1) As formações rochosas isoladas podem ser tomadas como pontos de


referência.
2) As grutas e cavernas existentes nas rochas, restos de naufrágios, redes,
amarrações permanentes, pilares, etc. são outros tantos pontos de referência
úteis para os mergulhadores.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

3) Por vezes o ruído do compressor no barco de mergulho ou o das ondas a


embater nas rochas podem constituir pontos de referência. Nalgumas
situações é possível aproximarmo-nos de um barco seguindo apenas a
intensidade do ruído produzido pelo compressor, enquanto que o barulho das
ondas a embater nas rochas significa que nos estamos a aproximar da costa
ou dum afloramento rochoso previamente referenciado à superfície.
4) O cruzamento de linhas batimétricas com formações rochosas ou
estratificadas podem resultar num ótimo ponto de referência ao longo do
percurso de mergulho

É importante ao iniciar um determinado percurso que o mergulhador saiba qual a sua


posição relativamente a terra ou a qualquer ponto de referência bem determinado. Isto
parece simples e evidente mas se um mergulhador se vira muitas vezes durante a
descida num meio que não lhe é familiar, arrisca-se, uma vez chegado ao fundo, a não
saber qual a direção que deverá seguir.

Uma vez feito este estudo do ambiente, o que não leva muito tempo, pode então iniciar
o percurso de mergulho com seu companheiro, seguindo a trajetória inicialmente
prevista.

É útil olhar sempre o mais para a frente possível durante a progressão, escolher um
objeto imóvel e nadar na sua direção. Repetindo esta operação uma vez e outra,
conserva-se melhor o rumo, não se é tão afetado pelo movimento da água e haverá
um ponto de referência no caso de ter que efetuar uma paragem ou de desviar a
atenção.

ESTAR ATENTO É A CHAVE PARA UTILIZAR AS REFERÊNCIAS DISPONÍVEIS


DEBAIXO DE ÁGUA

Quanto mais atentos estivermos debaixo de água, melhor nos saberemos orientar.
Preste atenção aos pontos particulares do relevo que podem ser facilmente
identificados mais tarde, quer durante o mergulho quer durante um mergulho
posterior. Isto poderá ajudar a desenhar um mapa grosseiro da zona de mergulho
numa placa de escrever. Estas informações podem ser transcritas para o caderno de
mergulho como referência futura.

Desenvolva as suas próprias técnicas como aquela que consiste em empilhar pedras
no ponto de partida do mergulho (referência artificial). Assim será mais fácil no final
do mergulho encontrar o ponto de regresso.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

QUESTIONÁRIO

(Nas perguntas de resposta múltipla pode haver mais do que uma resposta certa;
envolva com um circunferência as respostas certas)

1) São consideradas referências de direção:


a) os raios luminosos
b) o movimento da água
c) as rugas existentes na areia
d) um tronco a flutuar
e) a fauna e a flora no local
f) todas as respostas estão corretas

2) São consideradas linhas de referências:


a) as linhas batimétricas
b) a mudança areia/rocha
c) as formações rochosas
d) uma linha de covos
e) o relevo do fundo
f) estruturas submersas

3) São pontos de referência:


a) formações rochosas isoladas
b) grutas e cavernas
c) barulho do motor de um barco a navegar
d) barulho das ondas a bater nas rochas
e) todas as respostas estão corretas

4) É de fundamental importância que ao iniciar-se um mergulho se conheça a posição


em que nos encontramos relativamente a terra.
a) falso
b) verdadeiro

5) A atenção ao que nos rodeia quando mergulhados é fundamental para um


orientação perfeita.
a) falso
b) verdadeiro

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

MÓDULO NAV T5

NAVEGAÇÃO POR PADRÕES

• tipos de padrões mais utilizados


• escolha do padrão mais adequado
• indicações úteis
• manter um rumo estabelecido

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

OBJETIVOS

No final deste módulo o aluno deve saber:

em que condições se utiliza a navegação por padrões


quais os tipos de padrões mais utilizados
escolher o padrão mais adequado às condições do mergulho que vai realizar
escolher o padrão mais adequado em função dos objetivos do mergulho que vai
realizar
escolher o padrão mais adequado em função das condições do mergulho que vai
realizar
escolher o padrão mais adequado em função dos ângulos possíveis de executar que
vai realizar
manter um rumo pré estabelecido

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

NAVEGAÇÃO POR PADRÕES

A navegação por padrões é um conjunto de técnicas de navegação, que permitem a


um mergulhador explorar uma determinada área e retornar ao ponto de partida.

Quando um mergulhador parte à aventura sob a água, desloca-se sem referências


distintas para onde se dirigir e, ao mudar frequentemente de rumo, pode ter a certeza
que acabará por ter apenas uma pequena ideia da sua posição.

Pelo contrário, se o mergulhador seguir um percurso em linha reta desde o seu ponto
de imersão, mantendo-o durante metade do mergulho e retomando a mesma rota em
sentido contrário, na segunda metade do mergulho, ele estará sempre bem informado
acerca da sua posição relativa.

UM MERGULHO DESTE TIPO É MUITO RESTRITIVO E TAL DISCIPLINA PODE REDUZIR


O PRAZER QUE SE PROCURA OBTER COM O MERGULHO.
POR TAL MOTIVO A NAVEGAÇÃO POR PADRÕES SÓ DEVERÁ SER UTILIZADA SE
NÃO SE CONHECEM REFERÊNCIAS UTILIZÁVEIS OU SE SABEMOS, OU PENSAMOS,
QUE O FUNDO SEJA COMPLETAMENTE LISO (AREIA POR EXEMPLO).

É então necessária uma técnica que permita ao mergulhador uma exploração livre
mas que lhe permita também manter-se consciente da sua posição relativa.
O princípio é muito simples mas a sua aplicação eficiente necessita da prática. Tudo o
que um mergulhador tem que fazer é seguir dois ou mais rumos debaixo de água,
saber efetuar mudanças de direção (preferencialmente em ângulo reto) e recordar
onde se situa cada mudança de direção efetuada, relativamente ao ponto de chegada e
saber avaliar as distâncias percorridas em cada percurso efetuado.

1 -TIPOS DE PADRÕES MAIS UTILIZADOS

1.1 - IDA E VOLTA

A B

O modelo de mergulho mais simples seria evoluir de um ponto A até ao ponto B em


linha reta. O exemplo seguinte mais simples seria o movimento de ida-e-volta
ilustrado acima em que o mergulhador muda de direção 180º (rumo recíproco) ao
atingir o ponto B.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

Os mergulhadores têm o hábito de terminar os seus mergulhos onde começaram,


mas procuram sempre descobrir novas paisagens durante o mergulho. Desta forma é
necessário dar-lhe outros padrões de mergulho, menos restritivos e que lhe permitam
atingir esses objetivos.

1.2 - QUADRADO OU RETANGULAR

Os outros dois padrões empregados pelos mergulhadores são o quadrado e o


retangular. Ambos necessitam de mudanças de direção em ângulo reto (90º).
Visualizam-se facilmente e acabam sempre no mesmo sítio onde começaram.

A A B
B

D C D C

1.3 - TRIANGULAR

Outro padrão utilizado é o triângulo. Este tipo de mergulho não é muito recomendado
exceto se for utilizada uma bússola, pois implica em cada vértice mudar de direção
120º, o que é mais difícil de estimar do que uma mudança de direção em ângulo reto.
B

A C

1.4 - CIRCULAR

O modelo de padrão a evitar completamente é o círculo. É praticamente impossível


seguir corretamente, a nadar debaixo de água, o traçado de um circulo se não houver
pontos de referência. É igualmente impossível saber onde se está situado,
relativamente a outro ponto do circulo.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

2 –ESCOLHA DO PADRÃO ADEQUADO

2.1 – EM FUNÇÃO DOS OBJETIVOS PRETENDIDOS

A área que se pretende explorar tem um papel preponderante na escolha do padrão a


utilizar. Na realidade a exploração deverá cobrir uma determinada área com alguma
precisão, para que o mergulhador possa tirar algum proveito dessa exploração.
Por outro lado a localização dos vários pontos de interesse nessa área é de
extraordinária importância para que mais tarde possamos regressar aos locais e
saibamos transmitir a sua localização a outros mergulhadores.

Relativamente à distância a percorrer, dever-se-á ter em conta o tempo de fundo e o


consumo de ar (autonomia da garrafa) de acordo com o nível de experiência do
mergulhador.

2.2 – EM FUNÇÃO DAS CONDIÇÕES DO MERGULHO

Em função das condições em que o mergulho irá ser efetuado dever-se-á também ter
em conta o sentido e força da corrente, evitando os percursos em que se tenha de
nadar contra a corrente, iniciar o percurso numa zona mais funda passando
gradualmente para uma zona menos funda (e nunca o contrário) respeitando
escrupulosamente a velocidade de subida.

As zonas de perigo tais como zonas de turbulência, canais de navegação, cabos de


redes e redes de pesca, zonas de fortes correntes, entre outras deverão ser evitadas.

Finalmente dever-se-á ter especial atenção aos locais de entrada e de saída pois um
local de entrada poderá não ser o local ideal para sair quando se termina o mergulho
devido às condições do mar ou do acesso a terra. Neste caso dever-se-á considerar
várias saídas alternativas para que não sejamos apanhados desprevenidos perante
uma situação mais complicada.

2.3 – EM FUNÇÃO DOS ÂNGULOS POSSÍVEIS DE EXECUTAR

A cada mudança de direção corresponde a execução de um determinado ângulo.


Mesmo sem o auxílio duma bússola é possível mudar-se de direção utilizando
referências naturais como por exemplo as rugas (ondulações) na areia quer nadando
perpendicularmente a elas quer paralelamente (ângulo de 90º).
Neste caso estão os padrões quadrado e retangular ou ainda ida-e-volta.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

Mesmo sem o auxílio destas não é difícil executar determinados ângulos (90º e 180º)
com uma precisão aceitável, quer traçando-os previamente na areia, quer utilizando o
posicionamento do companheiro de mergulho como referência.

A utilização da bússola permite-nos a execução de qualquer ângulo com a precisão


que o instrumento nos oferecer.
Neste caso estão incluídos todos os padrões que queiramos utilizar.

3 – INDICAÇÕES ÚTEIS

Para complementar o que atrás se referiu, as indicações seguintes procuram contribuir


para a escolha de um padrão de forma a que o mergulho se torne mais agradáveis.

1. Discuta com o seu companheiro os diferentes padrões de mergulho e chegue


com ele a um acordo sobre a escolha do percurso antes de ir para dentro de
água.
2. Desenhe para si mesmo esse padrão e imagine-se nas diferentes fases do
mergulho, especialmente após cada mudança de direção. Reflita
antecipadamente na direção a seguir para ficar concordante com o seu
esquema de mergulho.
3. Comece por praticar percursos simples até estar completamente
familiarizado com eles. Não comece logo com distâncias muito grandes.
Evolua lentamente e aprecie os mais pequenos pormenores do mundo
subaquático. A sua reserva de ar durará mais tempo, descobrirá imensas
coisas fascinantes que lhe passavam despercebidas anteriormente e evitará
um percurso de natação mais longo admitindo que tenha feito um erro de
percurso.
4. Não é obrigatório seguir um rumo exato sem se permitir um ligeiro desvio.
Quando segue um determinado rumo, à sua direita ou esquerda podem surgir
coisas interessantes, suscetíveis de reter a sua atenção.
Neste caso deixe o seu rumo, afim de poder examinar essas coisas, mas não o
faça se não conhecer a sua posição relativamente à sua trajetória de partida e
sem que saiba como reencontrar esse rumo no momento de retomar a sua
progressão.
Procure ou arranje referências durante o seu percurso de modo que, se se
afastar, lhe permitam reencontrá-lo e continuar. No seu ponto de partida
procure olhar à sua frente e encontrar qualquer coisa que lhe permita
referenciar-se mais tarde, quando regressar. Um traçado teórico de mergulho
raramente coincide com o percurso real efetuado. Note que pequenas
mudanças de direção não são críticas desde que a direção permaneça
constante em cada fase do mergulho.

5. Num grupo um dos mergulhadores deve ser responsável pela orientação,


mas deve estar sempre em concordância com os seus companheiros antes
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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

de efetuar qualquer mudança de direção. Para tal, deverá parar, chamar a


atenção dos seus companheiros, indicar-lhes a mudança de direção e esperar
pelo seu acordo.
6. Quando começar a utilizar os padrões de mergulho, venha à superfície ao
iniciar a última fase do mergulho de forma assegurar-se de que está no bom
caminho. Isto permitirá efetuar as correções de trajetória necessárias e evitar,
caso tenha feito um erro de direção no decurso do trajeto, terminar o
mergulho longe do ponto inicialmente previsto.

Praticar os padrões de mergulho aconselhados, fazer um esforço para reconhecer a


posição relativa e fazer as mudanças de rumo corretas, são alguns aspetos que podem
trazer muitas vantagens ao mergulhador.

Será mais fácil para ficar ao pé dos seus companheiros, se terminar o mergulho no
local inicialmente previsto ou perto dele. Você terá grandes hipóteses de reencontrar
uma zona interessante se você souber donde partiu e a direção que seguiu.

4 –MANTER UM RUMO PRÉ ESTABELECIDO

Quando nadamos sem qualquer tipo de referência pela qual nos possamos guiar há
uma tendência natural para nos desviarmos para um dos lados (técnica de natação
deficiente), desvio este que pode ser aumentado com a existência de uma corrente
lateral.
A este desvio dá-se o nome de “desvio lateral”, que pode ser evitado desde que se
utilize uma técnica de natação correta ou qualquer uma das referências de orientação
descritas no Módulo 4, entre as quais destacamos o nadar paralelamente ou
perpendicularmente às ondulações na areia ou localizando pontos de referência que
estejam no alinhamento do nosso rumo.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

QUESTIONÁRIO

(Nas perguntas de resposta múltipla pode haver mais do que uma resposta certa;
envolva com um circunferência as respostas certas)

1) Em que condições se utiliza a navegação por padrões?


_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
___________________________________________________________

2) Na escolha do padrão em função das condições do mergulho devem ter-se em


conta:
a) o sentido e força da corrente
b) as zonas de turbulência
c) a existência de cabos e redes de pesca
d) os locais de saída alternativos
e) todas as respostas estão corretas

3) Para se familiarizar com os percursos padrão deve começar-se por percursos


simples evoluindo muito lentamente para nos apercebermos dos mais pequenos
pormenores.
a) falso
b) verdadeiro

4) Durante um mergulho o responsável pela navegação, ao mudar de rumo, deve:


a) chamar a atenção do grupo para o novo rumo e continuar
b) chamar a atenção do grupo para a mudança de direção e esperar pelo seu
acordo
c) iniciar o novo rumo sem se preocupar com os companheiros
d) nenhuma resposta está correta

5) O desvio lateral é devido:


a) a má técnica natatória
b) à existência de corrente forte em sentido contrário ao do deslocamento
c) à perda de orientação devido ao frio
d) à existência de corrente forte lateral
e) ao tipo inadequado de equipamento

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

6) Pretende fazer-se um percurso segundo um padrão quadrado em que cada lado


mede 30m. Se o rumo inicial for 032º, quais os rumos a tomar no fim de ter sido
percorrido cada lado do quadrado? (As viragens são feitas para o lado direito)
_________________ _____________________ __________________

7) Pretende fazer-se um percurso segundo um padrão triangular em que cada lado


mede 25,5m. Se o rumo inicial for 090º, quais os rumos a tomar no fim de ter sido
percorrido cada lado do triângulo?
_____________________ _____________________

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

MÓDULO NAV T6

AVALIAÇÃO DAS DISTÂNCIAS PERCORRIDAS

• pelos ciclos de barbatana


• pelo número de braçadas
• pelo tempo de progressão
• pelo manómetro
• considerações sobre a velocidade

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

OBJETIVOS

No final deste módulo o aluno deve saber:

como avaliar a distância percorrida em função dos ciclos das barbatanas


como avaliar a distância percorrida em função do número de braçada
como avaliar a distância percorrida em função do tempo de progressão
como avaliar a distância percorrida em função da leitura do manómetro
os cuidados a ter quanto à velocidade de progressão

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

1 -AVALIAÇÃO DA DISTÂNCIA PERCORRIDA

A avaliação de distâncias e a orientação constituem os elementos básicos da


navegação por padrões.

Quando um mergulhador segue uma trajetória debaixo de água, tem necessidade de


avaliar de uma ou de outra forma a distância percorrida em cada parte do trajeto
efetuado.

A capacidade de estimar as distâncias debaixo de água é igualmente útil para voltar a


localizar zonas de interesse, efetuar buscas e medir comprimentos e áreas debaixo de
água.

Há muitos métodos que permitem medir distâncias debaixo de água, das mais
aproximadas às mais precisas. A escolha do método depende das condições em que o
mergulho é feito e dos objetivos a atingir. As unidades inerentes à técnica utilizada
deverão ser convertidas em metros, de modo a facilitar a sua posterior aplicação.

Desta forma podemos confirmar a precisão da nossa avaliação simplesmente


comparando os resultados obtidos pelos vários métodos.

1.1 - PELOS CICLOS DE BARBATANAS (NÚMERO DE BATIMENTO)

Por ciclo de barbatanas entende-se cada vez que, durante a natação, a mesma perna
volta à sua posição de origem. Neste método em vez de contarmos cada vez que
damos às barbatanas, podemos contar cada vez que a perna esquerda (ou direita)
sobe o que se torna mais fácil.

Contanto estes ciclos é possível medir a distância. Dividindo a distância total pela
distância percorrida em cada ciclo, poder-se-á calcular o número de ciclos necessário
para percorrer a distância pretendida.

Quando se usa os ciclos de barbatana para medir as distâncias, é possível parar a


progressão para mais tarde a retomar sem que tal influencie muito a exatidão do
cálculo.

Este método tem as vantagens de ser simples e permitir uma natação normal tendo
como desvantagens o requerer alguma concentração podendo ser influenciado pela
corrente.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

1.2 - PELO NÚMERO DE BRAÇADAS (AFASTAMENTO DOS BRAÇOS)

Quando a visibilidade é limitada ou quando há necessidade de medidas exatas, pode-se


recorrer à amplitude dos braços, ou braçada.
A tomada de medidas com braçadas faz-se da seguinte forma:

1 esticar um braço para a frente e outro para trás


2 progredir, apoiando-se no braço da frente até que ele fique esticado para trás e
3 esticar o braço que ficou livre para a frente.

Repetindo este movimento, é possível calcular as distâncias de forma correta.

AO UTILIZAR ESTE MÉTODO O MERGULHADOR DEVERÁ TER O CUIDADO DE NÃO SE


ARRASTAR PELO FUNDO PARA EVITAR UMA NATAÇÃO DESTRUTIVA EM TERMOS
ECOLÓGICOS DEVENDO APOIAR NO FUNDO APENAS AS PONTAS DOS DEDOS.

1.3 - PELO TEMPO DE PROGRESSÃO

O tempo decorrido pode servir para estimar a distância.


Um mergulhador percorre em média 40 a 60 centímetros por segundo quando se
desloca em velocidade constante, completamente equipado.

DEVER-SE-Á DETERMINAR A NOSSA PRÓPRIA VELOCIDADE EM METROS POR


SEGUNDO MEDINDO O TEMPO QUE SE LEVA A PERCORRER UMA DISTÂNCIA PRÉ
DEFINIDA E DIVIDI-LA PELO TEMPO GASTO.

Podemos assim estimar as distâncias debaixo de água utilizando o tempo desde que a
velocidade seja constante e igual à que foi utilizada aquando da aferição. Um dos
inconvenientes deste método reside no facto de que, se por qualquer razão houver
uma paragem durante a progressão, a estimativa é falseada.

1.4 - PELO MANÓMETRO

Um dos métodos mais simples consiste em recorrer à ajuda do manómetro de


pressão de ar.
O método consiste em dividir a quantidade (pressão) de ar disponível na garrafa pelo
número de troços que irão compor o percurso e, posteriormente, efetuar as mudanças
de direção cada vez que o manómetro indicar a pressão previamente calculada.
Existem fatores que influenciam o consumo de como por exemplo o frio e o esforço
físico, pelo que este método não será um dos mais precisos.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

Há outros métodos para medir as distâncias debaixo de água, como por exemplo o
emprego de um cabo aferido, para além da utilização de dispositivos mecânicos e
eletrónicos.
Porém os métodos que foram apresentados, a contagem dos ciclos de barbatana, a
braçada, o tempo de progressão e o manómetro de pressão têm a vantagem de
poderem ser facilmente utilizados sem que haja necessidade de ter equipamento
específico.

2 - CONSIDERAÇÕES SOBRE A VELOCIDADE DE PROGRESSÃO

Eis algumas indicações a considerar sempre que tiver de medir distâncias em


mergulho:

1. Determinar a velocidade a que se está a deslocar debaixo de água. Nade


normalmente e sem se cansar, uma distância determinada. Leve o equipamento
habitual. Pegue na sua ardósia subaquática e inscreva nela, no próprio local
todas as informações importantes. Depois do mergulho pense em registar todas
estas informações no caderno de mergulho a fim de ficar com uma referência
permanente.
2. Quando mergulhamos a dois, um dos mergulhadores provavelmente não nada à
mesma velocidade que o outro. O ritmo deve ser então determinado pelo
mergulhador mais lento do grupo. Se for determinado pelo mais veloz, o outro
mergulhador esforçar-se-á para o conseguir acompanhar e acabará por ficar
esgotado.
3. Meça a sua velocidade debaixo de água e à superfície. Descobrirá que o avanço é
mais lento á superfície do que debaixo de água. Isto acontece porque o
movimento de barbatana é mais eficaz debaixo de água. As barbatanas impelem
melhor a água e podemos obter uma maior amplitude de movimentos.
4. As correntes, evidentemente, aumentam ou reduzem a velocidade conforme se
nade a favor ou contra elas. Pouco a pouco aprenderá a estimar o efeito da
corrente e a compensá-lo. Procure olhar ao longe para estimar as distâncias
quando nadar numa corrente de modo a não terminar o mergulho longe do
destino previsto.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

QUESTIONÁRIO

(Nas perguntas de resposta múltipla pode haver mais do que uma resposta certa;
envolva com um circunferência as respostas certas)

1) A avaliação das distâncias e a orientação constituem os elementos básicos da


navegação por padrões.
a) falso
b) verdadeiro

2) Os métodos mais utilizados para avaliação das distâncias são:


a) os ciclos de barbatanas
b) o número de braçadas
c) o tempo de progressão
d) todas as respostas estão corretas

3) Ao utilizar o método das braçadas para avaliar as distâncias o mergulhador deverá


ter em atenção a forma como o executa, para evitar a deterioração do meio
ambiente.
a) falso
b) verdadeiro

4) Para o mesmo esforço, a velocidade atingida debaixo de água é superior à


velocidade à superfície:
a) falso
b) verdadeiro

5) No caso de dois mergulhadores o ritmo da natação subaquática deve ser o ritmo do


mergulhador mais lento:
a) falso
b) verdadeiro

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

MÓDULO NAV T7

O MERGULHO A DOIS NA NAVEGAÇÃO POR PADRÕES; NAVEGAÇÃO POR PILOTAGEM

• o mergulho a dois
• fontes de informação para a navegação por pilotagem
• planeamento dum percurso
• linhas de ligação
• instrumentos utilizados para navegar

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

OBJETIVOS

No final deste módulo o aluno deve saber:

a importância do mergulho a dois na navegação subaquática


os cuidados que devem ser tomados na navegação a dois
as vantagens da navegação por pilotagem
a importância das informações para a navegação por pilotagem
efetuar o planeamento dum percurso submarino
a importância das linhas de ligação no planeamento dum percurso submarino
quais os instrumentos utilizados na navegação subaquática

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

1 –O MERGULHO A DOIS NA NAVEGAÇÃO POR PADRÕES

Todas as recomendações que foram feitas durante o Curso de nível 1 respeitantes ao


mergulho a dois (figura do Companheiro de Mergulho) são válidas quando se efetua
um percurso durante a navegação subaquática.

Convém no entanto chamar a tenção do mergulhador para algumas regras adicionais


que se revestem de especial importância na prática desta disciplina.

No plano de mergulho deverá constar todos os pormenores de navegação relativos ao


percurso que se vai realizar tais como as referências de orientação/direção, as linhas e
pontos de referência que vão ser utilizados, os pontos de mudança de direção, o perfil
e a extensão do percurso (atenção à autonomia da garrafa) e outros considerados de
importância.

Todos estes pormenores deverão ser conhecidos e aceites pelo “companheiro de


mergulho”, sendo definido nesse momento qual o responsável pela navegação.

Posto isto o companheiro de mergulho do “navegador” deve assumir o seguinte:

1. Manter-se em contacto com o navegador, posicionando-se de maneira a ser


visto por este.
2. Tomar atenção a qualquer situação de perigo que eventualmente surja e avisar
de imediato o “navegador”.
3. Monitorizar a profundidade, o tempo de mergulho e a pressão de ar de ambos.
4. Rebocar a boia de superfície.

enquanto que o “navegador” deve concentrar-se na navegação, posicionando o seu


manómetro de modo a que possa ser lido facilmente pelo seu companheiro.

UM BOM NAVEGADOR TERÁ QUE DESENVOLVER A CAPACIDADE DE VIZUALIZAR


EM QUALQUER MOMENTO O PADRÃO QUE ESTÁ A EFETUAR BEM COMO A SUA
POSIÇÃO E ORIENTAÇÃO NESSE PADRÃO.

2 –NAVEGAÇÃO POR PILOTAGEM

A navegação por pilotagem é o tipo ideal de navegação pois não depende da


medição de distâncias, não tem que seguir um rumo com grande rigor nem obriga a
uma concentração constante por parte do navegador.
Isto permite que este tome parte mais ativa no mergulho, permitindo-lhe que leve
consigo mergulhadores menos experientes, podendo navegar e tomar conta do
companheiro.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

Este tipo de navegação é o mais preciso, mas infelizmente só pode ser utilizado
quando as condições de visibilidade o permitem, quando conhecemos previamente
as referências utilizáveis na navegação (ver capítulo 4), quando temos a capacidade
de as reconhecer, quando é possível estabelecer um percurso subaquático que
contenha essas referências.

2.1 –FONTES DE INFORMAÇÃO

Pelo que atrás foi referido podemos inferir que todas as informações recolhidas
após um mergulho poderão ser aproveitadas em mergulhos posteriores, desde que
sejam registadas sob a forma de um mapa submarino onde elas estão
convenientemente referenciadas.

Outras fontes de informação não menos importante são:


1. as cartas náuticas, pois nelas vamos encontrar o tipo de fundo. a localização
de rochas, a existência de correntes marítimas e sua intensidade, a
profundidade relativa ao zero hidrográfico.
2. as tabelas de maré.
3. a observação das características da costa (declive, constituição, etc.), pois
através dela podemos imaginar como será o fundo pois normalmente existe
grande relação entre as duas partes.
4. as informações obtidas de pessoas relacionadas com o local ou outras
entidades.

2.2 –PLANEAMENTO DUM PERCURSO

Relativamente ao planeamento do percurso devem ser verificados entre outros, os


seguintes aspetos:
a) segurança
evitar zonas perigosas
prever saídas alternativas (no caso dos mergulhos feitos a partir de terra)
b) quantidade de ar de ar disponível
c) perfil do mergulho
d) pontos de interesse

2.3 –LINHAS DE LIGAÇÃO

Constata-se por vezes que num percurso que se pretende realizar as linhas e pontos
de referência não se encontram todos ligados havendo necessidade de estabelecer
percursos auxiliares, “linhas de ligação”, para os ligar entre si e assim permitir saltar
de uns para outros sem perder a sequência das referências.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

As linhas de ligação, obtidas com a ajuda duma bússola ou de referências naturais, se


por sorte existirem, são análogas a um percurso padrão e ao serem desenhadas
devemos ter o cuidado de o fazer para que não sejam necessárias, nem a avaliação
das distâncias nem uma grande precisão no rumo a seguir.

No caso de dificuldade em obtermos referências naturais podemos utilizar marcas


artificiais que, colocadas no local mais conveniente, servirão de pontos de referência.
Estas marcas que permitem uma maior liberdade no planeamento de um percurso
devem ser facilmente transportáveis e identificáveis, devendo preferencialmente ser
colocadas sobre linhas de referência para uma melhor utilização.

Deixa-se ao critério do leitor a preparação dessas marcas em função do fim que se


pretende atingir e das condições em que vão ser utilizadas.

3 –INSTRUMENTOS UTILIZADOS PARA NAVEGAR

Como é obvio a bússola será um dos instrumentos mais importantes na navegação


subaquática quando não temos conhecimento de referências que se possam utilizar na
navegação subaquática.

A utilização duma placa com a bússola incorporada permite termos uma “linha de fé”
de maior comprimento o que significa maior precisão, para além de nela podermos
marcar todas as referências importantes à navegação que se está realizar.

Quer o relógio quer o manómetro de pressão serão necessários para avaliar a


distância percorrida (ver capítulo 5).

O profundímetro é de grande utilidade para avaliar a profundidade e assim permitir


seguir a linha de referência batimétrica (ver capítulo 4).

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

QUESTIONÁRIO

(Nas perguntas de resposta múltipla pode haver mais do que uma resposta certa;
envolva com um circunferência as respostas certas)

1) São funções do companheiro de mergulho do navegador:


a) posicionar-se de forma a ser visto por este
b) estar atento a qualquer situação de perigo
c) monitorizar a profundidade, e o tempo do mergulho
d) monitorizar a pressão do ar em ambas as garrafas

2) O navegador deverá concentrar-se exclusivamente na navegação deixando o resto


para o seu companheiro de mergulho
a) falso
b) verdadeiro

3) A navegação por pilotagem depende:


a) da medição das distâncias
b) de se seguir um rumo com grande rigor
c) duma grande concentração do mergulhador
d) nenhuma resposta está correta

4) As fontes de informação importantes para o planeamento dum mergulho são:


a) as cartas náuticas
b) as tabelas de maré
c) a observação dos locais de mergulho
d) a observação das características da costa
e) as informações de pessoas ou entidades do local
f) todas as respostas estão corretas

5) No planeamento dum mergulho há que considerar entre outros os seguintes


aspetos:
a) a segurança
b) a quantidade de ar disponível
c) o perfil do mergulho
d) os pontos de interesses a observar
e) todas as respostas estão certas

6) Enuncie quais os instrumentos que mais frequentemente se utilizam para navegar.


_____________________________ _______________________________
_____________________________ _______________________________

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

MÓDULO NAV T8

LOCALIZAÇÃO DUMA ZONA PARA MERGULHO

• com a ajuda de enfiamentos


• com a ajuda da bússola - azimutes

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

OBJETIVOS

No final deste módulo o aluno deve saber:

quais as vantagens dos enfiamentos e dos azimutes para a localização do local do


mergulho
como tirar enfiamentos para a localização dum local de mergulho
como tirar azimutes para a localização dum local de mergulho

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

LOCALIZAÇÃO DUMA ZONA DE MERGULHO.

1 –COM AJUDA DE ENFIAMENTOS

Os mergulhadores têm o hábito de mergulhar em zonas pré determinadas como um


recife ou um naufrágio e têm necessidade de poder localizar esse local sem passar a
maior parte do mergulho à sua procura.
Depois de utilizar pontos de referência tomados sobre a linha da costa, é possível
nadar à superfície até um ponto situado imediatamente por cima da zona de interesse.
Chama-se a isto determinar uma posição utilizando enfiamentos. Mentalmente traça-
se uma linha reta que partindo da zona de mergulho termina na costa de forma que
dois objetos fixos fiquem sobre esta linha. Traça-se depois outra linha começando
sempre no ponto de mergulho e terminando noutros pontos da costa. No ponto de
interseção das duas retas ficará a zona de mergulho.

Quando se tiram enfiamentos sobre um local de mergulho, é necessário escolher


referências altas e conspícuas, imobilizadas. Os postes telefónicos, torres, campanários
de igreja, árvores, etc., são bons pontos de referência.

Escolha um dos pontos de referência situado junto à borda de água e o segundo,


situado diretamente sobre a mesma linha o mais distante possível do primeiro.
Quanto maior for a distância entre os dois pontos mais preciso será o enfiamento.
O ângulo entre as duas linhas retas deve também ser o maior possível pois tal
aumenta a precisão da localização.
É primordial apontar por escrito todas as direções e desenhar os pontos de referência
no momento de tirar os enfiamentos. A memória falha bastantes vezes e acabamos
por esquecer rapidamente as direções a seguir.
Transcreva as direções registadas na ardósia subaquática para o caderno de mergulho
antes que aquilo que escreveu na água fique apagado.

Tenha também em conta os seguintes aspetos:

1. É possível que haja desvio do local de mergulho de onde pretendia tirar os


enfiamentos, por isso preste muita atenção às correntes. Oriente-se
rapidamente e mantenha contacto visual com o local de mergulho, se
possível da superfície. A utilização de uma boia pode ser uma grande ajuda
até que acabe de tirar o enfiamento.
2. Se não poder escolher objetos altos e conspícuos como pontos de referência,
utilize arestas verticais de objetos tais como casas, janelas ou fábricas.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

3. Os enfiamentos devem ser tão precisos quanto possível. Procure objetos que
fiquem situados exatamente sobre uma linha reta. Se possível a linha reta
traçada poderá conter mais de dois pontos de referência.
4. Tire os enfiamentos quando estiver na orla do local de mergulho em vez de
os tirar no seu centro. Isto ajudá-lo-á a orientar-se posteriormente e você
saberá em que direção avançar para reencontrar a zona.
5. Anote a profundidade da zona de mergulho, o dia e hora da maré, a primeira
vez que lá mergulhar. Posteriormente, para voltar ao mesmo local, a
profundidade poderá ser um dado útil. Quando estiver disposto a voltar a um
dado local de mergulho, transcreva as informações correspondentes do seu
caderno de mergulho para a placa subaquática, de forma a poder orientar-se
debaixo de água. Estude a zona de mergulho a partir dum ponto propício
antes de emergir.

Verifique a direção e força da corrente, escolha de seguida o ponto de imersão e


aproxime-se do local de mergulho.

Nade em direção à zona de mergulho seguindo um das linhas que traçou


mentalmente.
Siga essa linha reta, verificando frequentemente os pontos de referência e continue a
nadar até localizar os pontos de referência da segunda linha previamente traçada que
assim corta a primeira.

Verifique se os pontos de referência que tomou correspondem aos que estão inscritos
na ardósia. Procure encontrar o local de mergulho, se possível da superfície. Antes de
descer verifique pela última vez os enfiamentos, para ficar mesmo seguro de que está
no caminho certo. Desça de pés, sem usar as barbatanas. Conserve a flutuabilidade
neutra ao longo da descida e evite movimentos de barbatana para não reduzir a
visibilidade junto ao fundo, ao provocar remoinhos.

Antes de mergulhar, discuta com o seu companheiro as técnicas que irão utilizar para
reencontrar a posição, caso não consigam orientar-se imediatamente.

Se fizer tudo corretamente, estará certamente no bom caminho para iniciar o


mergulho.

Se a visibilidade for reduzida, será possível fazer o ponto da mesma forma. Se não
conseguir localizar o local após ter descido, será melhor subir, verificar os enfiamentos
e voltar a descer.
Se o ensaio, mesmo assim, se revela infrutífero, desça até á profundidade pretendida e
inicie com o seu companheiro de mergulho uma busca lógica e progressiva a essa
profundidade.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

Experimente cruzar o lado mais comprido do objeto ou da zona. Após encontrar o


local, verifique, no fim do mergulho o que aconteceu de errado no modo como efetuou
a orientação de forma a minimizar esses problemas na próxima vez que mergulhar.

Ganha-se muito tempo e evita-se muito trabalho ao desenvolver a nossa capacidade


de tirar enfiamentos corretamente.

Lembre-se de registrar por escrito as informações úteis pois o mais pequeno dos lápis
é ainda melhor que a maior das memórias. Com a prática, ficará capaz de localizar até
as mais pequenas zonas debaixo de água.

2 –COM AJUDA DA BÚSSOLA - AZIMUTES

Se pretendermos localizar um local de


mergulho não existido em terra pontos
fixos (marcas) que permitam tirar
"enfiamentos", a utilização da bússola
permite fazer essa localização ainda
que o grau de precisão seja inferior ao
obtido com o método atrás referido.

Um dos métodos de localização com a


bússola consiste em medir os ângulos
formados pelas direções segundo as
quais, a partir do local do mergulho se
observam dois ou mais pontos fixos existentes no terreno, em relação ao Norte
magnético.

Tais ângulos (Azimutes) deverão ser registados para posteriormente serem utilizados
para a localização do lugar.

Se no entanto existirem dois pontos que permitam tirar um “enfiamento” estes


deverão ser aproveitados para se obter um maior grau de precisão.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

Outro método consiste em seguir


uma determinada direção/sentido
para um local relativamente
conhecido, por exemplo uma rocha
submersa e a partir dum ponto
bem determinado desta rocha
seguir outra direção bem definida
pela bússola, que nos conduza ao
local que na realidade
pretendemos atingir e do qual não
foi possível obter a localização
exata pelo método atrás
referenciado por ausência de
quaisquer pontos fixos em terra.

Se não tivermos a certeza de atingir o primeiro ponto seguindo o rumo direto em sua
direção podemos introduzir, à partida, um erro intencional que nos permitirá atingir o
lado direito ou esquerdo da rocha porque é mais fácil encontrar um alvo submerso
sabendo em que direção devemos começar uma pesquisa do que ter uma ideia precisa
onde deve estar o alvo pretendido.

No exemplo anterior se for planeado encontrar a rocha do lado esquerdo do percurso,


as probabilidades de a localizar serão maiores procurando para a esquerda do
percurso, do que tentar localizá-la seguindo um rumo direto.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

QUESTIONÁRIO

(Nas perguntas de resposta múltipla pode haver mais do que uma resposta certa;
envolva com um circunferência as respostas certas)

1) Um enfiamento é feito em relação a pontos fixos em terra que ficam sobre a


mesma linha de observação:
a) falso
b) verdadeiro

2) Os pontos fixos em terra devem ser referências altas e facilmente identificáveis.


a) falso
b) verdadeiro

3) Um enfiamento é feito em relação a pontos fixos em terra que ficam sobre a


mesma linha de observação devendo estar o mais afastados possível:
a) falso
b) verdadeiro

4) Na falta de pontos altos e conspícuos que outro tipo de referências pode utilizar?
_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
___________________________________________________________

5) O método que utiliza a medição com a bússola, dos ângulos formados pela direção
de vários objetos situados em terra, denomina-se o método dos:
a) dois ângulos
b) azimutes
c) ângulos diferenciais
d) ângulos cumulativos

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

MÓDULO NAV T9

FATORES A TER EM CONTA NA NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

• percurso com existência de correntes submarinas


• ultrapassagem de obstáculos
• percurso no azul
• utilização de cartas náuticas

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

OBJETIVOS

No final deste módulo o aluno deve saber:

a influência das correntes submarinas na navegação subaquática


quais os tipos de correntes submarinas com que se pode confrontar
como proceder para contrariar os desvios laterais provocados pelas corrente
submarinas
como deve proceder na ultrapassagem de obstáculos regressando ao rumo pré
estabelecido para atingir o ponto de chegada
quais os cuidados a tomar ao efetuar um percurso no azul
qual o cuidado a ter na transferência de dados obtidos durante a localização dum local
de mergulho para uma carta náutico e vice-versa.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

1- PERCURSO COM EXISTÊNCIA DE CORRENTES SUBMARINAS

Quando há correntes submarinas elas irão provocar o desvio dos percursos


previamente estabelecidos (caso das correntes transversais ao percurso) ou alterar
significativamente as distâncias percorridas (caso das correntes com a mesma direção
ou direção contrária do percurso).

Para uma navegação precisa há que utilizar técnicas mais ou menos complexas,
recorrendo-se a regras geométricas, o que não se enquadra perfeitamente no tipo de
atividade que se pratica como simples recreação.

No entanto, com a prática que se vai adquirindo ao longo do anos de mergulho, não é
muito difícil avaliar a sentido e força da corrente o que vai permitir escolher um
percurso adequado (que não aquele que se deveria percorrer para atingir determinado
ponto) para contrariar aquelas ações, ou ainda ter em conta a oposição ou ajuda
oferecida pela corrente consoante nadamos contra ou a favor.

Fundamentalmente podem aparecer três tipos de situações:


a) corrente a favor
b) corrente contra
c) corrente lateral

No primeiro caso a corrente a favor irá tornar o mergulho menos cansativo e


certamente irá reduzir o tempo do percurso a efetuar o que poderá confundir o
mergulhador que noutra ocasião tenha cronometrado o mesmo percurso, sem
existência de corrente ou com corrente contrária.

O segundo caso é precisamente o inverso do primeiro, o mergulhador levará mais


tempo a tingir o local de chegada pré estabelecido, pois a corrente dificultar-lhe-á a
progressão.

No terceiro caso a corrente irá empurrá-lo para o lado para onde corre o que ao fim de
algum tempo provocará um afastamento do percurso apreciável, nunca sendo
atingido o local de chegada se o mergulhador não introduzir a correção necessária
para corrigir o desvio provocado.

Este procedimento só deverá ser utilizado com correntes fracas ou moderadas e em


percursos não muito extensos para evitar que possam surgir desvios apreciáveis no
final do mergulho.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

2 - ULTRAPASSAGEM DE OBSTÁCULOS

Quando no percurso estabelecido surge um obstáculo duas soluções poderão adotar-


se.

A mais recomendável é manter-se a direção escolhida passando por cima do


obstáculo, isto se tal procedimento for possível.

Se assim não for, a solução é contornar o obstáculo o que pode fazer-se de duas maneiras:

a) se apenas se pretende manter na generalidade a direção do mergulho,


contorna-se o obstáculo (nadando à sua volta) e retoma-se a direção inicial.

b) se pretendemos retomar o caminho que nos conduz ao ponto de destino com


absoluta precisão o procedimento é o seguinte:

b1) deve tomar-se um rumo fazendo 90º com o inicial percorrendo uma
distância que deve ser registada.
b2) segue-se um novo rumo paralelo ao inicial percorrendo o espaço
necessário para ultrapassar o obstáculo.
b3) estabelece-se um novo rumo, fazendo 90º com o anterior e de sentido
contrário ao percorrido em b1), devendo ser percorrida a mesma distância

o que nos vai conduzir à linha que se estava a percorrer no percurso inicialmente
estabelecido, que deverá se retomado após uma nova mudança de direção de 90º.

Se a distância entre A e B foi previamente avaliada há que ter o cuidado de ir


adicionando a distância d0 e d2, para que após o último percurso se saiba qual a
distância d4 que ainda nos falta percorrer até ao ponto B.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

3 - PERCURSO NO AZUL

Se for necessário navegar em pleno azul sem termos quaisquer pontos de referência,
o que pode acontecer quando por uma economia de ar se nada a uma profundidade
relativamente baixa donde não se consegue ver o fundo, ou pela existência de
condições meteorológicas desfavoráveis à superfície, ou ainda em mergulhos
noturnos ou com pouca visibilidade, a navegação tem que ser feita exclusivamente
pela bússola, devendo nesse caso controlar-se a direção não só na horizontal mas
também na vertical, o que é um pouco difícil sendo feito apenas por um mergulhador.

Neste caso enquanto o navegador se preocupa em manter a direção (na horizontal)


consultando a bússola, o "companheiro de mergulho" colocado ao seu lado, procura
manter a direção na vertical (profundidade) consultando o profundímetro.

É evidente que este tipo de atuação requer uma planificação inicial e deverá ser
treinada frequentes vezes até se atingir o resultado ideal do trabalho em equipa.

4 -UTILIZAÇÃO DE CARTAS NÁUTICAS

A utilização das Cartas Náuticas para a localização pontos ou objetos submersos nela
indicados necessita um treino especial que talvez ultrapasse o objetivo do Mergulho
Amador.

Na realidade a leitura das Cartas Náuticas e o estabelecimento dum rumo a seguir


para atingir determinado local, obriga a conhecer o valor da declinação magnética no
local para se poder converter o rumo verdadeiro no rumo magnético que é aquele que
deverá ser lido na bússola.

O valor da declinação magnética para um determinado ano vem indicado nas cartas,
sendo também indicada a sua variação anual.
Já não falamos do desvio da agulha provocado pela aproximação de massas
magnéticas, porque então o problema revestir-se à de uma maior acuidade e que
efetivamente pode ser desprezado na orientação subaquática como foi afirmado em
capítulo atrás.

Podemos dizer que a melhor utilização da bússola para um mergulhador será para
referenciar uma direção relativa; isto é, a direção do mergulhador será relativa à
direção referenciada pela bússola não tendo pois em conta a declinação magnética e o
desvio da agulha.

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

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CMAS NAVEGAÇÃO SUBAQUÁTICA

QUESTIONÁRIO

(Nas perguntas de resposta múltipla pode haver mais do que uma resposta certa;
envolva com um circunferência as respostas certas)

1) A existência de correntes submarinas pode provocar:


a) um desvio lateral do percurso
b) um aumento da distância percorrida num determinado tempo
c) uma diminuição da distância percorrida num determinado tempo
d) todas as respostas estão corretas

2) A ultrapassagem dum obstáculo pode ser feita:


a) passando sobre ele
b) desviando-se do obstáculo e retomando o rumo após a sua passagem
c) todas as repostas estão corretas

3) Ao navegar-se “no azul” qual deve ser a função do companheiro de mergulho do


navegador?
_________________________________________________________________
_____________________________________________________________

4) Na passagem para a carta náutica dos azimutes de pontos referenciados em terra


temos de ter e atenção:
a) a escala das latitudes
b) a declinação magnética do lugar
c) a escala das longitudes
d) a altura da maré

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SESSÕES PRÁTICAS

Introdução

Esta secção descreve o conteúdo das duas sessões práticas de que se compõe o curso
de “Navegação Subaquática”.

É muito importante não esquecer a reunião antes do mergulho (briefing) e a reunião


após o mergulho (debriefing).

Como já foi mencionado em muitas ocasiões deve ser dado grande ênfase ao sistema
“companheiro de mergulho”, focando nomeadamente o papel de cada um dos
mergulhadores do par, durante o mergulho.

PAPEL DO NAVEGADOR
Concentra-se na navegação
Posiciona o manómetro de maneira a ser facilmente lido pelo companheiro

PAPEL DO COMPANHEIRO
Mantém contacto com o navegador
Posiciona-se de maneira a ser facilmente visto
Toma atenção aos perigos
Monitoriza a profundidade, o tempo de mergulho e a pressão de ar de ambos
Reboca a boia de superfície

1ª SESSÃO PRÁTICA:

Objetivos da sessão:

Esta sessão visa mostrar que a navegação subaquática não está dependente da
utilização da bússola, e que muito pode ser feito sem ela. É importante mostrar que o
facto de não utilizar a bússola não implica uma perda significativa de precisão, e que a
navegação subaquática pode ser uma atividade divertida. As técnicas de navegação
aqui utilizadas continuam a ser baseadas em padrões, mas prescindem da utilização
da bússola.

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No final desta sessão, os alunos deverão ser capazes de:

• Avaliar uma distância debaixo de água


• Seguir um rumo com ou sem a ajuda de referências naturais
• Utilizar os conhecimentos adquiridos (p.e. os seus parâmetros pessoais no
planeamento de mergulhos

Exercícios

1.1 - MEDIÇÃO DE PARÂMETROS PESSOAIS DE NAVEGAÇÃO (CABO NO FUNDO)

Este exercício é feito ao longo de um cabo estendido no fundo, com um comprimento


mínimo de 30m (a uma profundidade constante, nunca superior a 9m), e sinalizado à
superfície nas duas extremidades.
A primeira dupla de mergulho desce com o instrutor, e após ter estabelecido uma
flutuabilidade neutra, vai efetuar 5 percursos de ida e volta (l0 comprimentos do cabo)
ao longo do cabo. Durante 6 dos comprimentos, cada aluno vai registar o nº de cicios
de barbatanas e o tempo necessários para completar a referida distância.
Nos restantes 4 comprimentos, cada aluno registará o n.º de braçadas e novamente, o
tempo necessário para cada percurso.
O instrutor acompanha um percurso de ida e volta, (para verificar se tudo está bem e
para fazer eventuais correções) e sobe para a superfície para ir buscar a segunda
dupla e colocá-la a executar o exercício, como descrito anteriormente.
Quando a primeira dupla terminar o exercício subirá pelo cabo até à superfície.

Nota: quanto à avaliação do ar gasto por cada comprimento, e visto que os alunos não
possuem normalmente manómetros com uma precisão que permita detetar
mudanças significativas na pressão da garrafa num comprimento de apenas 3Om,
poderemos optar por um registo (por cada aluno) da hora de chegada ao fundo e da
pressão da garrafa. No final do exercício registar-se-á a pressão da garrafa e a hora de
subida. O consumo encontrado poderá ser relacionado com a totalidade dos percursos
efetuados (no mínimo 300m), com uma aproximação aceitável (apesar das pausas
entre cada comprimento).

Pontos adicionais para a reunião inicial:

• Subir e descer sempre pelo cabo


• Nadar à velocidade que normalmente nadam
• Estabelecer uma flutuabilidade neutra para que a natação seja de propulsão e
não de sustentação
• Anotar a informação nas placas no fim de cada comprimento

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Requisitos:

• Preparação prévia da placa de escrita


• Relógio com segundos (um por dupla de mergulho)

1.2. - PERCURSOS EM TERRA (IDA E VOLTA; RETÂNGULO)

Estes percursos são efetuados individualmente e poderão ser efetuados


simultaneamente por uma dupla de mergulho.
Deverá escolher-se na praia, um local que não seja facilmente referenciado, que será
marcado com uma bola de ténis (ou similar) semi enterrada, de modo a que não possa
ser utilizada como referência pelos alunos.
O instrutor deverá ter o cuidado de se afastar da bola (para que não possa também ele
ser usado como referência pelos alunos), sem no entanto a perder de vista.
Cada aluno efetuará um percurso de percurso de ida e volta (mínimo 100m - ida e
volta) e no final registar-se-á a distância entre o ponto de origem (sinalizado pela bola)
e a posição final do aluno.
Para que se possa considerar que um aluno efetuou o exercício com sucesso, a sua
posição final deverá situar-se num círculo centrado no ponto de origem e com um raio
não superior a 10% do comprimento total do percurso efetuado.
Cada aluno efetuará em seguida o mesmo exercício, mas com um percurso retangular.
O critério de avaliação será o mesmo que para o percurso de ida e volta.

Pontos adicionais para a reunião inicial:

• Andar de forma constante


• Pensar em evitar o desvio lateral
• Ter atenção à definição e contagem do número de passos para cada percurso
• Antes de rodar, pensar previamente no ângulo que se pretende descrever, para
que esta viragem seja feita da forma mais correta possível.

Requisitos:

• bola de ténis (ou similar, adequado ao local em que se realiza o exercício)

Nota: um bom truque será amarrar à bola um fio de nylon (ou qualquer outro
fio, facilmente dissimulável na areia) com um comprimento razoável, que permita
que o instrutor se afaste da bola, sem no entanto a perder.

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1.3.- ESTIMAR A DISTÂNCIA ENTRE DOIS PONTOS NO FUNDO

Este exercício será efetuado por cada dupla, e cada mergulhador registará os seus
valores individualmente.
Basicamente, este exercício consiste em efetuar um percurso entre dois pontos (p.e.
entre o cabo do exercício 1 e a costa), registando o tempo e o ar gasto, bem como o
número de ciclos de barbatanas.
Com os valores obtidos, cada aluno estimará em terra, a distancia entre os dois pontos
(baseado nos valores obtidos no exercício 1).

Pontos adicionais para a reunião inicial:

• Nadar a uma velocidade constante


• Pensar em evitar o desvio lateral
• Ter atenção ao registo da totalidade dos dados

Requisitos:

• Preparação prévia da placa de escrita


• Relógio com segundos (um por dupla de mergulho)

1.4.- PERCURSO NO FUNDO (SEM REFERÊNCIAS)- IDA E VOLTA; RETÂNGULO

Estes percursos são efetuados por cada dupla de mergulho, embora cada
mergulhador desempenhe alternadamente o papel de navegador e de companheiro.
Os percursos deverão ter como origem um ponto na praia, para que o instrutor possa
controlar a precisão do percurso sem que tal implique a sua permanência no fundo.
Cada dupla efetuará um percurso de percurso de ida e volta (mínimo 100m - ida e
volta) e no final registar-se-á a distância entre o ponto de origem e a posição de
chegada da dupla de mergulho.
Para que se possa considerar que um aluno efetuou o exercício com sucesso, a sua
posição final deverá situar-se num círculo centrado no ponto de origem e com um raio
não superior a 10% do comprimento total do percurso efetuado.
Cada aluno efetuará em seguida o mesmo exercício, mas com um percurso retangular.
O critério de avaliação será o mesmo que para o percurso de ida e volta.

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Pontos adicionais para a reunião inicial:

• Nadar forma constante


• Pensar em evitar o desvio lateral
• Ter atenção ao registo da totalidade dos dados

Requisitos:

• Preparação prévia da placa de escrita

2ª SESSÃO PRÁTICA

Objetivos da sessão:

Esta sessão destina-se a familiarizar os alunos com a utilização de uma bússola,


procurando evitar os erros mais frequentes.

No final desta sessão, os alunos deverão ser capazes de:

• Utilizar a bússola para tirar azimutes


• Seguir um rumo sem sofrer um desvio lateral significativo (<1m)
• Utilizar os conhecimentos adquiridos no planeamento de mergulhos

Exercícios

2.1. - DEFINIÇÃO DE 5 AZIMUTES A PARTIR DE UMA ESTACA

Cada aluno anotará na sua placa os azimutes de 5 pontos distintos, a partir de uma
estaca colocada na praia.

Pontos adicionais para o a reunião inicial:

• Correta utilização da bússola (posição, leitura etc.)


• Ter atenção ao registo da totalidade dos dados

Requisitos

Uma bússola por cada dupla de mergulho

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2.2. - PERCURSO COM BÚSSOLA, EM TERRA (IDA E VOLTA; RETÂNGULO OU


TRIÂNGULO)

Cada aluno efetuará em terra, um percurso de ida e volta usando a bússola.


Seguidamente efetuará um segundo percurso, tipo retângulo ou triângulo,
igualmente com o auxilio da bússola.
O grau de erro aceitável neste exercício define-se como descrito na sessão 1, mas
decresce neste caso para 5% da totalidade do comprimento do percurso (visto que
os alunos utilizam uma bússola.

Pontos adicionais para a reunião inicial:

• Andar de uma forma constante


• Pensar em evitar o desvio lateral
• Ter atenção ao registo da totalidade dos dados

Requisitos:

• Uma bússola por dupla de mergulho


• Preparação prévia da placa de escrita

2.3. - PERCURSO COM BÚSSOLA NO FUNDO (IDA E VOLTA; RETÂNGULO OU


TRIÂNGULO)

Cada dupla de mergulho efetuará no fundo, um percurso de ida e volta usando a


bússola.
Um dos mergulhadores ocupar-se-á da navegação enquanto o outro será o
companheiro. No final deste percurso, a dupla efetuará o mesmo percurso, com os
papéis invertidos. Seguidamente efetuará um segundo percurso, tipo retângulo ou
triângulo, igualmente com o auxílio da bússola, em que cada aluno desempenhará à
vez, as funções de navegador e de companheiro.
O grau de erro aceitável neste exercício define-se como descarto na sessão 1, mas
decresce neste caso para 5% da totalidade do comprimento do percurso (visto que os
alunos utilizam uma bússola.

Pontos adicionais para a reunião inicial:

• Nadar forma constante


• Pensar em evitar o desvio lateral
• Ter atenção ao registo da totalidade dos dados

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Requisitos:

• Preparação prévia da placa de escrita


• Uma bússola por cada dupla de mergulho

2.4. - UM EXEMPLO DE NAVEGAÇÃO POR PILOTAGEM (TODO PREPARADO PELOS


INSTRUTORES)

Este exercício implica um planeamento extra por parte dos instrutores.

Pontos adicionais para a reunião inicial

• Nadar forma constante


• Pensar em evitar o desvio lateral
• Ter atenção ao registo da totalidade dos dados

Requisitos:

Preparação prévia da placa de escrita

17 – BIBLIOGRAFIA

Curso de Navegação Subaquática FPAS- Manual do Instrutor, de Pedro Freitas


Cruz,1998

Curso de Navegação Subaquática FPAS- Work Book para o aluno de Pedro Freitas Cruz,
1998

Open Water Diver Manual da PADI, versão francesa de 1990

Avanced Diver Manual da PADI, versão francesa de 1985

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