Você está na página 1de 23

Universidade Federal do Amazonas

Instituto de Ciências Exatas e


Tecnologia

ENGENHARIA DE SOFTWARE

GESTÃO DA QUALIDADE DE SOFTWARE

Lana Siqueira da Silva (lana.silva@ufam.edu.br)

Julho - 2023
Itacoatiara - AM
1
HISTÓRICO E CONCEITO DE QUALIDADE

INTRODUÇÃO

✓ Conforme Card (1990), a tecnologia da qualidade em manufatura pode ser


apresentada em três níveis históricos, apresentados na figura a seguir. Cada nível
tecnológico tem aumentado a qualidade e permitido que as empresas operem em
diferentes níveis de qualidade.

Figura 1 - Evolução da tecnologia da qualidade 2


HISTÓRICO E CONCEITO DE QUALIDADE

Ainda citando Card (1990), os níveis de tecnologia da qualidade podem


ser definidos como:

❖ Inspeção do produto: A inspeção do produto é um processo que examina os


produtos intermediários e o produto final na procura de defeitos. Esse processo é
aplicado nas linhas de montagem dos produtos e foi popularizado a partir da
década de 1920.

❖ Controle de qualidade: O controle de qualidade trabalha com o monitoramento


das taxas de defeitos, utilizando a estatística da qualidade, e tem como objetivo a
redução dos defeitos e dos custos para identificar os elementos defeituosos do
processo de produção.
O objetivo é identificar e corrigir esses elementos defeituosos por meio de taxas de
defeitos.

❖ Melhoria do processo: A proposta da melhoria do processo é a procura das


tarefas ou atividades que introduzem defeitos no processo de produção da
empresa. Melhorando-se os processos, minimizam-se os defeitos e os custos
envolvidos.
3
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

A dimensão produto

De acordo com Shiba (1997), citando a norma ISO/IEC 9126, devem-se considerar
alguns aspectos para obter a qualidade do produto, conforme apresentado no quadro
a seguir.
Quadro 2 - Aspectos da qualidade de produto

Adaptado de: Shiba (1997).


4
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

A dimensão processo

A figura a seguir mostra que há uma ligação clara entre a qualidade do processo e a
qualidade do produto na manufatura, porque o processo é relativamente fácil para
padronizar e monitorar. Quando o sistema de manufatura é calibrado, ele pode ser
executado várias vezes e gerar produtos de alta qualidade.

5
Figura 2 - Processo base da qualidade
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

A Qualidade total

O termo qualidade total ou Total Quality Management (TQM) representa a busca da


satisfação, não só do cliente, mas de todos os envolvidos em um processo produtivo
da empresa, além de buscar também a excelência organizacional. Dessa forma,
engloba os conceitos da qualidade do produto e da qualidade do processo.

A expressão qualidade total não traduz com correção o conceito que pretende
divulgar, pois induz inadvertidamente a uma confusão com qualidade absoluta ou
acabada. Qualidade não é um estado, algo estático, mas um processo ou busca
continuada (MEZOMO, 1994).

6
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

O Gerenciamento da Qualidade

A responsabilidade do gerenciamento da qualidade é garantir que o nível esperado


de qualidade do processo, produto ou serviço seja alcançado. O processo envolve a
definição de procedimentos e padrões apropriados e a verificação para que eles
sejam seguidos por todos na empresa.

O PDCA (Plan, Do, Check e Act), desenvolvido por Shewhart e divulgado por
Deming, foi proposto como um meio sistemático para a implementação de
mudanças corretivas ou evolutivas. Ele pode ser usado em todos os estágios do ciclo
de vida de um produto ou processo, para correção de problemas, melhoria e
manutenção do nível de desempenho de um processo (CÔRTES; CHIOSSI, 2001).

7
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

O Gerenciamento da Qualidade

A figura a seguir apresenta o ciclo PDCA, que hoje é a base de quase todos os
modelos de qualidade existentes.

Figura 1: Ciclo do PDCA 8


CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

O Gerenciamento da Qualidade

Os quatro elementos do ciclo PDCA


significam:
• P (planejamento): onde se estabelecem as
metas e o processo formado por métodos,
rotinas, documentos, normas, padrões, papéis
etc.
• D (execução): normalmente composta de
duas fases, o treinamento das novas práticas
planejadas e a implantação do processo.
• C (verificação): verificação dos resultados
do processo implantado com relação às metas
preestabelecidas.
Figura 1: Ciclo do PDCA • A (ações corretivas): ações para corrigir
eventuais desvios do processo.
9
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

O Gerenciamento da Qualidade

Além do PDCA, o TQM possui sete ferramentas da qualidade que possibilitam


atuar nas atividades do processo produtivo dos diversos segmentos: financeiro,
econômico, industrial, serviços etc.

De acordo com Shiba (1997), essas ferramentas contribuem para as pessoas


entenderem os assuntos da mesma forma, uma comunicação padrão no ato de
praticar o processo e construir os produtos.

10
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática

Destacam-se as denominadas ferramentas básicas da qualidade: Diagrama de


Pareto, diagrama de causa e efeito, lista de verificação, histograma, diagrama de
dispersão, gráfico linear e gráfico de controle. Neste item serão apresentadas as
principais e mais utilizadas na gestão da qualidade.

1. Diagrama de causa e efeito


Esta ferramenta permite identificar possíveis causas do problema envolvido com os
seis elementos (6 Ms) de um processo produtivo: materiais, métodos, máquinas,
mão de obra, medição e meio ambiente.

11
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática


Utilizando-se os 6 Ms (nem todos são necessários, depende do problema analisado),
aplica-se o diagrama de causa e efeito (diagrama de Ishikawa) ou diagrama espinha
de peixe, da seguinte forma:
• Desenhar uma seta apontando para o problema (efeito) que está sendo analisado;
• Escrever as causas primárias que afetam o efeito nas espinhas grandes;
• Escrever as causas secundárias que afetam as espinhas grandes, associando-as às
espinhas médias;
• Escrever as causas terciárias que afetam as espinhas médias, associando-as às
espinhas pequenas.

12
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática


A figura seguinte mostra a estrutura básica do diagrama de causa e efeito, sobre o
qual deve ser montado o problema a ser analisado.

6Ms: materiais,
métodos, máquinas,
Figura 2 - Diagrama básico de causa e efeito mão de obra,
medição e meio
ambiente.
13
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática


Primeiro, o problema é identificado e colocado como efeito no diagrama; depois, os
elementos macro (Ms) são identificados e relacionados nas espinhas grandes do
diagrama (causas primárias). Na sequência, identificam-se as causas possíveis do
problema que são colocadas nas espinhas médias (causas secundárias) e pequenas
(causa terciárias) do diagrama.

6Ms: materiais,
métodos, máquinas,
mão de obra,
medição e meio
ambiente.

Figura 2 - Diagrama básico de causa e efeito 14


CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática


De acordo com Lucena (2007), um diagrama de causa e efeito ajuda a entender as
causas que deram origem ao problema durante o processo de produção. É um
gráfico que induz a pensar e a definir quais são as causas dos problemas.

Ainda conforme Ramos (2008), deve-se ter cuidado na montagem do diagrama:


• Não criticar ideias dos colegas; deixar a cabeça livre, sem restrições;
• Participar ativamente, buscando dar o melhor de si e de seu conhecimento;
• Não tentar dominar a discussão, dar chance a todos de exporem suas ideias e
debatê-las;
• Registrar todas as ideias enquanto elas são geradas;
• Pedir esclarecimentos quando não entender.
15
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática

Entende-se aqui que o diagrama de Ishikawa é uma ferramenta poderosa para a


identificação dos direcionadores que potencialmente causam os efeitos indesejáveis.

Esses direcionadores, por sua vez, também podem ser originados por outras causas-
raízes. O diagrama apresenta como pontos fortes: ser uma boa ferramenta de
levantamento de direcionadores e comunicação, estabelecer a relação entre o efeito
e suas causas e possibilitar um detalhamento das causas.

No entanto, também exibe os seguintes pontos fracos: não apresentar os eventuais


relacionamentos entre as diferentes causas e não focalizar necessariamente as
causas que devem efetivamente ser atacadas.
16
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática

2. Lista de verificação
É uma forma de coleta de dados referente à quantidade de fatos ocorridos para uma
atividade ou um problema. Os fatos devem ser coletados num período de tempo
devidamente definido. A finalidade da coleta de dados é organizar os dados de
forma que proporcione uma interpretação de fácil entendimento (LUCENA, 2007).

Para registrar e ajudar na organização dos dados, pode-se empregar listas de


verificação ou tabelas. Estas costumam ser de uma das seguintes categorias:
• Tabela de frequências;
• Tabela de classificação;
• Tabela de simples listagem;
• Tabela de localização de defeitos;
• Tabela de verificação. 17
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática

Ramos (2008) apresenta dois exemplos gráficos com uma tabela de frequência e
uma tabela de classificação.

A tabela de frequência apresenta


duas colunas: na primeira, tem-se
os dias da contagem organizados
de 5 em 5 dias e na segunda, a
frequência para a observação que
foi efetuada nos dias.

Tabela 1 - Tabela de frequência 18


CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática

A tabela de classificação mostrada na figura seguinte ilustra uma contagem de erros


por tipo de erros. Na primeira coluna, é indicado o tipo de erro e na segunda, a
quantidade observada em um determinado período definido.

Tabela 2 - Tabela de classificação


19
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática

3. Histograma
Um histograma é um gráfico de barras que mostra a evolução de um cenário de um
processo de produção num intervalo de tempo e, dessa forma, possibilita analisar as
concentrações de comportamento de uma pesquisa. Para definir o intervalo das
faixas, estuda-se estaticamente a frequência adequada.

De acordo com Ramos (2008), o histograma mostra a “forma” dos dados obtidos.
Consiste na classificação dos dados em classes e na contagem da quantidade
(frequência) em cada uma delas; a altura dos retângulos é proporcional à frequência.
Recomenda-se uma amostra com no mínimo 30 dados, mas 50 dados ou mais são
preferíveis, como mostra a figura a seguir.
20
CONCEITOS DE QUALIDADE DE PRODUTO E PROCESSO

As Ferramentas da Qualidade mais Utilizadas na Prática

A divisão por faixas em grupos de valores


proporciona um gráfico mais condensado,
possibilitando uma visualização de forma
resumida. Nota-se no exemplo da figura anterior,
considerando desvios em peças de uma fábrica,
que a classe (faixa de valores) na qual as medidas
das peças vão de 74 a 74.01 apresenta uma maior
concentração, o que corresponde a uma
incidência de quase 50 vezes os desvios
Figura 3 - Exemplo de um histograma

anotados.
21
REFERENCIAS

BARTIÉ, A. Garantia de Qualidade de Software. Editora Elsevier, 2002


CARVALHO, M. M. Gestão da Qualidade. Editora Elsevier, 2012
KOSCIANSKI, A. e SOARES, M. Qualidade de Software: Aprenda as
Metodologias e Técnicas Mais Modernas para o Desenvolvimento de Software.
Editora Novatec, 2007

22
Universidade Federal do Amazonas
Instituto de Ciências Exatas e
Tecnologia

ENGENHARIA DE SOFTWARE

OBRIGADA!!

Lana Siqueira da Silva (lana.silva@ufam.edu.br)

Julho - 2023
Itacoatiara - AM
23

Você também pode gostar