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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE DIREITO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

EMILY ANGELA OLIVEIRA DE JESUS

REGIME JURÍDICO RESERVADO AO INFLUENCIADOR


DIGITAL NO BRASIL.

SALVADOR

2022.1
1

EMILY ANGELA OLIVEIRA DE JESUS

REGIME JURÍDICO RESERVADO AO INFLUENCIADOR


DIGITAL NO BRASIL.

Trabalho de conclusão de Curso de graduação em


Direito, Faculdade de Direito, Universidade
Federal da Bahia, como requisito para a obtenção
do grau de Bacharel em Direito.

Orientador: Eugenio Kruschewsky

SALVADOR

2022.1
2

EMILY ANGELA OLIVEIRA DE JESUS

REGIME JURÍDICO RESERVADO AO INFLUENCIADOR DIGITAL NO BRASIL.

Trabalho de conclusão de Curso de graduação em


Direito, Faculdade de Direito, Universidade Federal da
Bahia, como requisito para a obtenção do grau de
Bacharel em Direito.

Orientador: Eugenio Kruschewsky

Aprovado em ______de _____________de 2022.1.

Eugenio de Souza Kruschewsky – Orientador ______________________________


Mestre em Direito pela Universidade Federal da Bahia
Universidade Federal da Bahia

Iran Furtado de Souza Filho_____________________________________________


Mestre em Direito pela Universidade Federal da Bahia
Universidade Federal da Bahia

Walber Araújo Carneiro________________________________________________


Pós-Doutor em Direito pelas Universidades de Brasília UNB, Goethe-Frankfurt e
UNISINOS
Doutor em Direito pela UNISINOS/COIMBRA
Mestre em Direito pela Universidade Federal da Bahia
Universidade Federal da Bahia

SALVADOR

2022.1
3

“Não fui eu que ordenei a você? Seja forte e


corajoso! Não se apavore nem desanime, pois o
Senhor, o seu Deus, estará com você por onde
você andar.”
Josué 1:9
4

AGRADECIMENTOS

Finais precedem grandes começos, mas antes do fim de uma etapa é necessário
observar as pessoas que realmente te apoiaram até esse momento e assim quero
agradecer primeiramente a Deus que me sustentou por todo esse caminho acadêmico e
pela vida, não seria nada e nem conseguiria nada sem ele.
Agradeço aos meus pais Silvana Oliveira e Sandoval de Jesus, por terem
empenhado todos os esforços possíveis para que eu tivesse a oportunidade de estudar
nessa universidade. A minha avó, Matilde de Jesus, por sempre ter sido uma mulher
inspiradora e forte.
Obrigada aos meus amigos que sempre me incentivaram e me apoiaram em
momentos de angustia. Hellen, um presente que Deus me enviou e que me entende
como ninguém. Lilian, Luana e Lorena por sempre me animar e encorajar.
Ao meu namorado, Paulo Roberto, por me incentivar e me apoiar todos os dias a
escrever essa pesquisa. A Amorinha, minha fiel companheira de todos os dias nessa
saga.
As minhas companheiras da FDUFBA, Nivea, Fernanda e Ana que tornavam
sempre a minha jornada mais leve e me ajudavam a encarar o ambiente acadêmico de
uma maneira melhor. À gestão flores da resistência do Carb, da qual fiz parte, fui
apoiada e acolhida. A seu Fernando e Tici, que me faziam sorrir todas as manhãs.
Aos meus seguidores e amigas influenciadoras, do mundo que gosto tanto de
fazer parte e que foi a minha grande influencia para o tema dessa pesquisa.
E especialmente ao meu orientador, Eugenio Kruschewsky, que mesmo estando
em licença para o seu doutorado, encontrou tempo para me orientar e teve tamanha
paciência comigo.

A todos, meus sinceros agradecimentos e gratidão de coração.


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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

MCI – Marco Civil da Internet

ABRADI – Associação Brasileira dos Agentes Digitais

CONAR – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária

CBO – Classificação Brasileira de Ocupação

SINDINFLUENCERS/BR – Sindicato Nacional Dos Influenciadores E Agentes Digitais,

Prestadores De Serviços De Comunicação, Individual E Coletiva, Privado Em

Tecnologia De Comunicação, Mídia Social Em Rede Do Brasil.

SINDIGITAL – Sindicato de Influenciadores Digitais


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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Gráfico de pesquisa realizada pela Spark em parceria com o Instituto

Qualibest.

Figura 2 – Reportagem sobre contrato milionário entre a influenciadora Camilla de

Lucas e as Lojas Americanas

Figura 3 – Capa do Código de Conduta Para Agencias Digitais na Contratação de

Influenciadores da ABRADI

Figura 4 – Capa do Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais do CONAR

Figura 5 e 6 – Tabelas com expressões de identificação publicitária (Guia do CONAR)

Figura 7 – Manual jurídico influenciador digital (Baptista Luz Advogados)

Figura 8 – Registro do CBO da profissão de Influenciador digital

Figura 9 – Influenciadores e Ministro do Trabalho pousando para foto após reunião

sobre o Sindigital

Figura 10 – Cláusulas recomendáveis ao contrato de marketing de influência


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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 – PESQUISA: Costuma fazer parcerias com assinatura de contrato?

GRÁFICO 2 – PESQUISA: Já foi enganado por alguma marca? quantos seguidores

tinha na época?

GRÁFICO 3 – PESQUISA: Já se sentiu explorada por alguma marca?

GRÁFICO 4 – PESQUISA: O dinheiro que você ganha com parcerias dá para seu

sustento?

GRÁFICO 5 – PESQUISA: Você consegue ganhar dinheiro com parcerias

comissionadas? (Aquelas que te dão percentagem em cima da venda quando usam

seu link na compra)

GRÁFICO 6 – PESQUISA: Alguma equipe de mídia de marca parceira já te auxiliou

em trabalho de divulgação, ou recomendou algo?

GRÁFICO 7 – PESQUISA: Já precisou pagar algum imposto por trabalhar como

influenciador?
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Oliveira, Emily Angela. REGIME JURÍDICO RESERVADO AO INFLUENCIADOR


DIGITAL NO BRASIL. Monografia (Bacharelado em Direito) – Programa de
Graduação em Direito da Faculdade de Direito. Universidade Federal da Bahia,
Salvador, 2022.

RESUMO

Esse trabalho tem o objetivo de analisar as relações jurídicas privadas na internet,


com ênfase nos influenciadores digitais, o propósito é mostrar o que foi positivado até
a presente data para esses profissionais no Brasil. Foram utilizadas as pesquisas
quantitativa, porém principalmente a qualitativa, por se tratar de um assunto com
bastante subjetividade, além de pesquisa bibliográfica, documental e empírica para
desenvolve-lo. Os resultados obtidos pela pesquisa deixam perceptível a
predominância de regras que favorecem o mercado publicitário e as marcas que
contratam esse tipo de trabalho, na área jurídica encontramos bases como o Marco
Civil da Internet, A garantia do direito à liberdade de expressão pela Constituição
Federal, o envolvimento do código de consumidor no que tange às publicidades e
pouco se fala sobre direito contratual, trabalhista e tributário por exemplo. Assim
pode-se constatar a necessidade de uma regulamentação própria para esses
profissionais, principalmente para os menores, ou melhor, os que possuem um menor
número de seguidores nas suas redes sociais, para que assim sejam alcançados
todos os direitos a eles pertencentes e que possam trabalhar de forma mais digna.

Palavras-chave: Influenciadores digitais; influencers; Relações jurídicas


privadas; mercado publicitário; marcas, marketing de influência; publicidade.
9

Oliveira, Emily Angela. LEGAL REGIME RESERVED TO THE DIGITAL


INFLUENCIER IN BRAZIL. Monografia (Bacharelado em Direito) – Programa de
Graduação em Direito da Faculdade de Direito. Universidade Federal da Bahia,
Salvador, 2022.

ABSTRACT

This paper aims to analyze the private legal relationships on the internet, focusing on
digital influencers, the purpose is to show what has been positively implemented to
date for these professionals in Brazil. Quantitative research was used, but mainly
qualitative, because it is a subject with a lot of subjectivity, besides bibliographic,
documental and empirical research to develop it. The results obtained by the research
leave perceptible the predominance of rules that favor the advertising market and the
brands that hire this type of work, in the legal area we find bases such as the Marco
Civil da Internet, the guarantee of the right to freedom of expression by the Federal
Constitution, the involvement of the consumer code regarding advertisements and little
is said about contractual and labor law, for example. Thus, one can see the need for a
regulation for these professionals, especially for the smaller ones, or rather, those who
have a smaller number of followers on their social networks. So that all the rights
pertaining to them are achieved and they can work in a more dignified way.

Key-words: Digital influencers; influencers; private legal relationships;


advertising market; brands, influencer marketing; advertising.
10

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................11
2. INFLUENCIADORES DIGITAIS .......................................................................14
2.1 BREVE HISTÓRICO ....................................................................................14
2.2 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO .................................................................16
2.3 NATUREZA JURÍDICA ................................................................................21
2.4 MARKETING DE INFLUÊNCIA E PUBLICIDADE .......................................23
2.5 VISÃO DO PROFISSIONAL SOBRE PARCERIAS .....................................28
3. REGULAMENTAÇÕES EXISTENTES ............................................................35
3.1 OBRIGAÇÕES E MELHORES PRATICAS SEGUNDO AO MERCADO
PUBLICITÁRIO ..................................................................................................35
3.1.1 CÓDIGO DE CONDUTA PARA AGENCIAS DIGITAIS NA
CONTRATAÇÃO DE INFLUENCIADORES - ABRADI ...................................36
3.1.2 GUIA DE PUBLICIDADE POR INFLUENCIADORES DIGITAIS -
CONAR ...........................................................................................................41
3.2 MANUAL JURÍDICO: INFLUENCIADORES DIGITAIS – BAPTISTA LUZ ..45
3.3 PROJETOS DE LEI......................................................................................50
3.4 SINDICALIZAÇÃO .......................................................................................63
4. ASPECTOS CONTRATUAIS ...........................................................................66
4.1 CLÁUSULAS IMPORTANTES .....................................................................68
4.2 ANÁLISE DE PEÇA CONTRATUAL ............................................................70
5. ASPECTOS TRABALHISTAS .........................................................................73
6. ASPECTOS TRIBUTÁRIOS ............................................................................75
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................77
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................80
9. ANEXOS ..........................................................................................................83
9.1 ANEXO A – PESQUISA SOBRE A VIDA DO INFLUENCIADOR DIGITAL .83
9.2 ANEXO B – INSTRUMENTO PARTICULAR DE PATROCÍNIO E OUTRAS
AVENÇAS ..........................................................................................................96
10. GLOSSÁRIO ................................................................................................ 103
11

1 INTRODUÇÃO

“Todos os grandes avanços da ciência nasceram de


uma nova audácia da imaginação”.
(Dewey, John. 1938)

O presente trabalho foi pensado a partir de uma ausência de regulamentação


que favoreça os influenciadores e não só as necessidades do ramo da publicidade,
das marcas e das agências. Ao ser vivenciado e acompanhado de perto os prejuízos,
desvalorizações e injustiças ocorridas nesta área profissional, principalmente para
digitais influencers com menor número de seguidores, observando situações como
ausência de contratos específicos, exploração, desvios de funções que foram antes
estabelecidas, mesmo que de forma não tão formal, acordadas apenas em
comunicação verbal, por aplicativos de mensagem ou redes sociais. Assim, foi
escolhido o tema “Analisar como as relações jurídicas privadas entre influenciadores
digitais e seus parceiros (marcas), tem acontecido e as regras atuantes nesse
mercado.”.

O objetivo de pesquisa da presente monografia apresenta um caráter


Interdisciplinar, visto que, além de está inserida na área jurídica, também dialoga com
as áreas de Comunicação, Publicidade e Marketing.

A pesquisa se propõe a entender algumas realidades ocultas do trabalho como


influenciador digital, explorando principalmente os pequenos profissionais, aqueles
que não fazem contratos milionários e que muito menos são alvos da mídia ou tem
seus nomes vinculados a grandes notícias em sites e páginas da internet.
12

O estudo foi organizado em seis capítulos, sob os seguintes títulos: Introdução,


Influenciadores Digitais, Regulamentações Existentes, Aspectos Contratuais,
Aspectos Trabalhistas e Aspectos Tributários.

No primeiro momento introduz a pesquisa, sintetizando o caminho que será


percorrido ao longo do estudo.

No segundo capítulo se busca estudar a figura do profissional digital no Brasil. A


sua origem remonta um passado de dependência aos veículos de comunicação mais
primitivos, como televisão e rádio. O que se modificou nos anos 90, com a origem dos
blogs e logo após com a criação do Youtube e das variadas redes sociais, criando os
atuais influenciadores digitais.

Ainda nesse capítulo foi explorada a conceituação e classificação desse


profissional, aqui foi estudado o que é um influenciador, como trabalha, como e de
qual maneira é principalmente distinguido e classificado nesse ramo. A natureza
jurídica do seu labor, a sua importância para o mundo publicitário e para o marketing
de influência, bem como a visão dos profissionais a cerca das marcas parceiras.

Para explorar esses temas, foi realizada uma busca bibliográfica a partir de
livros, códigos, guias, manuais e reportagens sobre o assunto, além de uma
entrevista feita com alguns profissionais da área. Foram selecionados artigos
publicados em periódicos científicos nacionais, bem como, teses e dissertações
elaboradas nas universidades de maior distinção do país, sempre cuidando para
selecionar as pesquisas mais relevantes e que melhor tratassem do assunto.

No terceiro capítulo, a pesquisa estuda as regulamentações existentes, dando


ênfase primeiramente as obrigações e melhores práticas para influenciadores de
acordo com o mercado publicitário, analisando de forma ordenada documentos que
ditaram regras nessa seara. Logo em seguida são apresentados um manual jurídico
sobre o tema e projetos de lei, que embora rasos em seus conteúdos, já desenham o
13

direito e o objetivo de regulamentação profissional e por fim as tentativas de


sindicalização.

O quarto capítulo destrincha as dificuldades contratuais bem como as possíveis


cláusulas de solução a serem anexadas aos acordos feitos com influenciadores. O
capítulo seguinte examina os aspectos trabalhistas, mostrando quantas legislações
são movimentadas para gerar o mínimo de segurança jurídica aos profissionais
justamente pela ausência de regras específicas e também sinaliza a sua relação com
o vínculo empregatício.

No último capítulo do trabalho fala-se sobre tributação, que apesar de não ter
reconhecimento formal, tal profissão já possui impostos a serem recolhidos no
momento da sua prestação de serviço e quando sua renda é auferida, salientando
que tal realidade se restringe apenas a algumas capitais e também ao tamanho do
influenciador digital.

Finalizando o estudo, são explanadas as Considerações finais da pesquisa,


sistematizando os resultados que a investigação permitiu obter.
14

2 INFLUENCIADORES DIGITAIS

2.1 BREVE HISTÓRICO

“Não se conhece completamente uma ciência


enquanto não se souber da sua história.”
(Comté, Auguste. 1830)

A presença de figuras intermediárias entre público/consumidor e as marcas é


uma coisa antiga, é possível mencionar nesse caso, o merchandising de rádio e
televisão, no entanto as figuras desse mercado se diferem das atuais, antes
podíamos ver atores, apresentadores de TV e radialistas fazendo divulgação de
produtos e serviços, com a existência de uma equipe para produção de conteúdo,
desde a redação, direção e produção do comercial. O agente neste caso era
contratado apenas para comunicar a mensagem da marca ao público, sem precisar
criar, dirigir ou produzir algum material, dessa forma eram ligados à propaganda
apenas a exposição da sua imagem e a reprodução do que seria exigido na
publicidade pelos diretores.

Desde então, os influenciadores digitais, outrora blogueiros e vlogueiros,


trouxeram uma evolução gigantesca para o mundo publicitário, alterando totalmente a
forma de se fazer propaganda. Na cadeia de desenvolvimento desses profissionais
digitais houve história e nomenclaturas atribuídas a estes de acordo com o avanço
das redes sociais e da tecnologia. No inicio existiam blogs, que foram comandados
principalmente pelas comentaristas de moda, vindo desse histórico o nome
“blogueira”, sites esses, que também falavam sobre outros assuntos, já nesse tipo de
comunicação, as marcas procuravam se vincular as figuras que tivessem audiência e
autoridade nas suas páginas, para atrair aquele público específico. Observa-se a
seguir:
15

“Na primeira parte da década de 2010, era comum fazer referências aos
blogueiros e blogueiras que, em vários ramos de atividade, começavam
a se profissionalizar e cobrar pela exposição de marcas e produtos em
seus blogs. Nessa fase, talvez a principal característica fosse que a
atividade publicitária era realizada primordialmente dentro de uma
plataforma (blog) em que havia relativo controle do seu detentor em
outras palavras, os blogueiros também era publishers.” (RAMOS, 2021,
p.145)

Com a criação do Youtube, plataforma exclusiva para carregamento de vídeos, já


que os blogs eram escritos e não apresentavam tecnologia compatível a este tipo de
arquivo, surgiram os vlogueiros, que em seus canais produziam vídeos sobre os mais
variados assuntos, a nomenclatura notoriamente advinda do termo blogueiro, foi
substituída anos mais tarde por Youtubers por conta da rede social na qual estes
profissionais atuam. Vejamos:

“No Brasil, os primeiros vloggers começam a publicar no início de 2010.


À época, ainda não há nenhuma alusão ao termo “influenciador digital”.
[...] o termo vlogger/vlogueiro deriva de blogger/blogueiro. Enquanto os
primeiros compartilham textos escritos, os recém-chegados
transformam seus textos em vídeos. Mais recentemente, o termo
vlogger ou vlogueiro foi substituído por youtuber, uma referência direta à
plataforma na qual esses influenciadores consolidaram sua profissão.”
(KARHAWI, 2017, p.51)

Com o surgimento de novas redes sociais que proporcionavam o mesmo tipo de


produção para estes profissionais, a atuação deles não ficou mais restrita apenas ao
16

Youtube e aos blogs, sendo assim: “O termo influenciador digital (e antes dele, sua
versão em língua inglesa; digital influencer) passou a ser usado mais comumente, no
Brasil, a partir de 2015.” (KARHAWI, 2017, p.53) e atualmente é quase incomum que eles
operem em apenas uma plataforma, por diversos motivos e isso inclui a possibilidade
de levar seus seguidores consigo e de não depender de apenas um aplicativo para
executar seu trabalho.

2.2 CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO

O influenciador digital é um profissional no campo de comunicação, publicidade e


propaganda, além de inspirar, conduzir, influenciar seus seguidores. “Influenciadores
digitais são usuários de redes sociais que conseguiram estabelecer, perante seu
público, credibilidade em uma indústria específica através de suas atividades em
mídias sociais.” (ANDRADE, 2020, P. 35)

Para a economia influenciam no processo de decisão de compra das pessoas na


atualidade, de forma social, podem levantar pautas sobre situações em evidência e até
mesmo assuntos relacionados ao que trata em suas redes sociais com autoridade
constituída pelo seu próprio trabalho, bem como pelos seus seguidores. Além de
influenciar em questões comuns do dia a dia dessas pessoas que os acompanham. “O
discurso circulante sustenta que os influenciadores são aqueles que têm algum poder
no processo de decisão de compra de um sujeito; poder de colocar discussões em
circulação; poder de influenciar em decisões em relação ao estilo de vida, gostos e
bens culturais daqueles que estão em sua rede.” (KARHAWI, 2017, p.48).

“Influenciador digital dá nome a uma prática profissional que está atrelada a


relações com marcas, empresas e pessoas convertidas em ganhos monetários.”
(RAMOS, 2021, p.145). Há ainda esse conceito, econômico e publicitário a cerca da
profissão, no entanto, nem sempre essas relações são convertidas em ganhos
17

monetários, visto que ainda existem muitos profissionais dessa área que trabalham
através de permuta, trocando serviços e/ou produtos por divulgação e produção de
conteúdo.

Lembrando que a produção de conteúdo é também uma forma de identificação


para esse meio profissional, além de apresentar vários formatos são publicadas em
qualquer rede social, vejamos:

“No escopo dos influenciadores digitais, assume-se que há sempre


produção de conteúdo. Trata-se de uma condição sine qua non para ser
considerado um influenciador, neste cenário. Aqui, uma ressalva:
quando falamos de produção de conteúdo, não há uma análise
valorativa. Esse conteúdo pode ser desde fotos bem clicadas para o
Instagram, posts em blogs, montagens divertidas no Facebook, até
vídeos com edição profissional, textos especializados, etc.”
(KARHAWI, 2017, p.54)

Classificando os influenciadores por tamanho e influência, existem os mega


influenciadores, que podem ser considerados como uma “marca de si próprio”,
possuem níveis de alcance e relevância altíssimos, elevado risco reputacional e um
público de seguidores mais disperso e com menos engajamento (quantitativamente
dados de popularidade e interação do público com tal figura), nessa linha quanto maior
o número de seguidores, menor será a taxa de engajamento, possuem estruturas
altamente profissionalizadas e independentes.

Este tipo de profissional é geralmente escolhido pelo mercado publicitário com


propósito de aumentar a visibilidade das marcas para um público mais amplo. São
celebridades, atores, apresentadores, músicos, youtubers, entre outros, pessoas que já
estão muito expostas na mídia ou na internet. Tomam-se como exemplos as
18

influenciadoras Virginia Fonseca1 e Juliette Freire2, que são verificadas em suas


páginas e possuem milhões de seguidores nas suas redes sociais e apresentam tais
características acima descritas.

Macro influenciadores, alta relevância e alcance, a diferença apresentada em


relação à última classificação, é que o público alvo é mais definido, menos disperso,
esses influenciadores possuem risco reputacional médio, porém é alto em relação à
comunidade de seguidores dele, que certamente o acompanham por um assunto em
comum, como por exemplo maquiagem. Algumas vezes possuem estruturas
profissionais independentes, mas também podem trabalhar com agências que
assessoram outros profissionais.

São na maioria das vezes escolhidos para atingir grandes audiências, porém com
interesse mais comum entre o público. São considerados autoridades por ter muito
conhecimento técnico em uma área específica, como por exemplo a influenciadora
Livia Brasil (@liviabrasilc)3, que é reconhecida por tratar sobre o nicho de imagem e
influência para outros profissionais da área e possui uma média de milhões de
seguidores nas suas redes sociais.

Micro influenciadores, número restrito de seguidores, porém com alta taxa de


engajamento e retorno, mantém um relacionamento mais próximo com seus
seguidores. Geralmente não possuem estrutura profissional, trabalhando algumas
vezes com assessoria coletiva de agências.

Utilizados para aumentar o engajamento em campanhas que tenham um público


alvo mais definido, ou quando a estratégia for usar muitos influenciadores em uma
campanha. Pode-se tomar como exemplo a Aninha (@aninha_pt)4, influenciadora
baiana, que tem como foco do seu perfil os temas viagens e inspiração fotográfica,

1
Instagram da Virginia Fonseca, disponível em: https://instagram.com/virginia?igshid=NmZiMzY2Mjc=
2
Instagram da Juliette Freire, disponível em: https://instagram.com/juliette?igshid=NmZiMzY2Mjc=
3
Instagram da Lívia Brasil, disponível em: https://instagram.com/liviabrasilc?igshid=NmZiMzY2Mjc=
4
Instagram da Aninha, disponível em: https://instagram.com/aninha_pt?igshid=NmZiMzY2Mjc=
19

possui um pouco mais de meio milhão de seguidores interessados nesses assuntos em


suas redes sociais.

Nano influenciador, número baixo de seguidores, mas alta taxa de engajamento


e retorno em uma pequena comunidade, por causa da credibilidade que possui perante
esse grupo, são amadores e poucas vezes se conectam a algum tipo de agência para
organização profissional do seu trabalho. Tomam-se como exemplo, influenciadores
locais.

Essa é uma classificação puramente mercadológica, notoriamente as


contratações são feitas com base nessa distinção, justamente para que a marca possa
atingir o objetivo da campanha. Entretanto também é um divisor de águas no que
tange às condições justas de trabalho para esses profissionais, a partir dos micros
muitos deles sequer assinaram algum contrato ao fechar parceria, e até já foram
enganados por empresas, o que denota grande insegurança jurídica para esses tipos
de profissionais.

Em pesquisa própria realizada na plataforma Google Forms, sobre questões da


vida dos influenciadores, focando nos micro e nano, ou seja, que apresentam
aproximadamente de mil a cento e cinquenta mil seguidores nas suas redes sociais e
respondida por 30 influenciadores, encontrada em anexo ao final desse trabalho,
identificada como: “ANEXO A – PESQUISA SOBRE A VIDA DO INFLUENCIADOR
DIGITAL”. Em ato continuo, as afirmações sobre assinatura de contrato e empresas
que enganam influenciadores podem ser amparadas pelos resultados deste
questionário citado, vejamos:

Ao serem perguntados: “Costuma fazer parcerias com assinatura de contrato?”


Cerca de 46,7% dos influenciadores responderam que nunca assinaram um contrato
ao fazer uma parceria e 50% responderam que assinaram algumas vezes, a menor
parcela, 3,3%, respondeu que sempre assina contrato ao fazer parcerias,
20

comprovando assim que os que possuem menos seguidores sofrem de forma


recorrente com a informalidade nessas relações jurídicas. Vejamos:

GRÁFICO 1 – PESQUISA: Costuma fazer parcerias com assinatura de contrato?

Perguntados: “Já foi enganado(a) por alguma marca? Quantos seguidores tinha
na época?”, 60% dos influenciadores respondeu que já foram enganados por alguma
marca, pelo menos uma vez, desses, cerca de 23,3% responderam: “sim, muitas
vezes, tinha menos que 10K na época”, demonstrando que é mais comum do que
imaginamos, 20% votou que “aconteceu apenas uma vez, tinha mais que 10K”, 16,7%
optou pela alternativa “aconteceu apenas uma vez, tinha mais que 10K” e a menor
parcela 40% votou que “nunca aconteceu”. Vejamos:
21

GRÁFICO 2 – PESQUISA: Já foi enganado por alguma marca? Quantos


seguidores tinha na época?

É possível perceber que o número de seguidores está ligado a esse tipo de


comportamento antijurídico e danoso por parte das marcas. Tal estatística ficará mais
clara ao longo da exposição deste trabalho.

2.3 NATUREZA JURÍDICA


22

O profissional digital assume sozinho, diversas atividades, que anteriormente


estariam sujeitas a muitos profissionais, ator, divulgador, equipe de produção, direção e
redação, pode-se exemplificar com a produção de um comercial, que certamente usaria
diversos profissionais desde a idealização até a sua finalização. De forma que ao se
falar do exercício profissional do influenciador digital, pode-se ligar tal desempenho à
exploração de seus direitos pessoais para realização do seu labor, desenhando uma
natureza jurídica que necessita urgentemente de amparo legislativo.

É possível constatar que o uso da imagem perante os seguidores e a serviço das


parcerias, é uma habilidade exclusiva da utilização do direito de imagem do
influenciador, que é uma garantia fundamental, asseverada na Constituição Federal de
1988, o que por si só demonstra a seriedade dessa concessão do profissional para as
marcas.

Assim ele licencia a sua imagem tornando-se uma marca por si só, “[...] sua
imagem, nome e voz podem ser relacionados com uma série de atributos e
qualidades.” (RAMOS, 2021, p.146). De forma que para as empresas se torna
proveitoso estarem vinculadas ao influenciador, transferindo seus atributos de
popularidade e público para elas. No entanto, para o influenciador apesar de ser
remunerado, ou beneficiado de alguma forma, é aberta uma concessão para utilização
da sua imagem, da sua garantia fundamental. Nesta seara, deve-se considerar também
os direitos de personalidade defesos tanto na Constituição Federal quanto no Código
Civil.

Ao Prestar serviço de criação de conteúdo para marcas, afeta diretamente os


direitos contidos na lei de direitos autorais, visto que desde a idealização até a
produção, a criação é total e exclusivamente da mente do profissional digital. “[...] cria
conteúdo. Seja por meio de fotos, vídeos ou textos, o influenciador forma opiniões. As
pessoas são inspiradas pelos conteúdos que são produzidos, mesmo quando esse
conteúdo é meramente um entretenimento;” (RAMOS, 2021, p.146).
23

Outro direito utilizado nesse trabalho envolve os termos de uso da rede social do
próprio influenciador, que abre mão de utilizar uma rede social como privada, para
passar a expor sua vida e trabalho através de sua própria página. “A hiper exposição
da vida pessoal a partir das redes sociais também permite que as pessoas
acompanhem o cotidiano, as ações e reações de influenciadores a diversos fatos do
mundo, e suas condutas podem motivar ações de outras pessoas.” (RAMOS, 2021,
p.146). Consentindo assim, que seu direito à privacidade seja mitigado ao efetuar este
tipo de trabalho. Não só pela exposição da persona em si, mas por compartilhar algo
atrelado às marcas e empresas, com o seu público através da sua página pessoal.

Notoriamente a natureza jurídica desse trabalho, envolve concessão de direitos


intrínsecos à imagem, privacidade e propriedade intelectual, assim como os lutadores
de MMA se responsabilizam pela sua integridade física ao consentir sobre agressão
física sofrida durante as lutas, o influenciador digital permite que seus direitos sejam
mitigados em prol da sua atividade.

2.4 MARKETING DE INFLUÊNCIA E PUBLICIDADE

“O marketing de influência se mostra como uma estratégia de comunicação


publicitária cujo objetivo é a divulgação de produtos, serviços, marcas, ideias, etc.”
(ANDRADE, 2020, P. 39) e o principal agente percursor deste ramo publicitário é o
influenciador, por ser líder de opinião. Sendo assim, é uma forma de comunicação
utilizada pelas marcas nas redes sociais para atingir públicos específicos ou mais
espaçados a depender do objetivo da campanha.

Antes, a divulgação de produtos era feita por famosos, ou experts da indústria, a


marca buscava essas personalidades e os pagava para que falassem bem do seu
produto, alcançando o conhecimento dos consumidores através deles. Com o avanço
do mundo online, especialistas em marketing de influência, enxergaram esse potencial
24

nos influenciadores e hoje é possível dizer que o alcance de consumidores é muito


maior do que naquela época.

Segundo a uma manchete de 2016, da Forbes5, 92% dos consumidores


confiavam mais nos influenciadores do que em campanhas de celebridades
tradicionais. Notoriamente um investimento mais vantajoso e mais barato, visto que o
influenciador realiza vários papéis em seu trabalho, sem a necessidade de uma equipe,
diferente dos famosos e especialistas.

Pesquisas comprovam que os influenciadores digitais possuem credibilidade no


país e que as pessoas preferem confiar na experiência de compra das figuras
acessíveis ao seu contato. Além disso, em 2019, cerca de 76% das pessoas já
consumiam produtos indicados por eles, como demonstrado na figura abaixo, que
apresenta gráficos de pesquisa realizada pela empresa de marketing de influência
Spark em parceria com o Instituto Qualibest, de pesquisas on-line6.

Figura 1 – Gráfico de pesquisa realizada pela Spark em parceria com o Instituto


Qualibest.

5
Pesquisa realizada pela Forbes disponível em:https://www.forbes.com/sites/deeppatel/2017/04/21/how-
to-measure-the-roi-of-aninfluencer-marketing-campaign/?sh=1000e9406348
6
Nota publicada na Edição 1149 da revista Dinheiro, sobre pesquisa realizada pela empresa de
marketing de influência Spark em parceria com o Instituto Qualibest, de pesquisas on-line,
disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/os-brasileiros-e-os-influenciadores-digitais/amp/
25

(figura encontrada no site Isto é)

Tais resultados indicam que atualmente o maior meio de comunicação onde se


pode praticar a publicidade de forma efetiva e até mesmo com menor custo, está na
internet, através dos influenciadores digitais.

Uma das principais vantagens para as marcas é o fato de poderem atingir muito
mais rápido um público alvo, e entregar para esses possíveis consumidores, um
produto ou serviço que tenha a ver com seus os gostos e preferências, fazendo
estabelecer assim, um vínculo com a marca, produto ou serviço. Geralmente este
mesmo público sente mais confiança em adquirir algo conectado ao influenciador.
“Pesquisas mostram que o consumidor que vem até o produto através do marketing de
influenciadores é mais leal, pois foi mais bem educado pelo próprio influenciador e
confia em seu gosto.” (TEIXEIRA e SILVA, 2017, p. 47).
26

“O marketing de influência produz clientes mais engajados. É a digitalização do


"boca a boca". Assim, indicações fortes podem até levar consumidores a virarem
defensores da marca e segui-las nas redes sociais, compartilhando sua experiência
nas redes sociais, o que gera mais buzz ainda.” (TEIXEIRA e SILVA, 2017, p. 47). Ou
seja, além de captar novos clientes de forma mais fácil e concentrada, estes são ainda
mais fervorosos e atentos à marca, graças à indicação do influenciador em quem
confiam, esse movimento revolucionou a publicidade e a forma de conseguir
consumidores para as marcas.

O engajamento das campanhas feitas por influenciadores é muito maior do que


publicidade paga em meios de comunicação, e o motivo disso é que falando de pessoa
para pessoa, o produto ou serviço se torna mais atrativo, posto que o emissor da
mensagem é um agente mais acessível, assim, pessoas conseguem se enxergar em
outras pessoas, além de se sentirem mais próximos a essas figuras, podendo
perguntar e obter resposta sobre os produtos ou serviços de forma quase que imediata.
O “gente da gente” nunca fez tanto sentido como nesse caso, é possível conversar
diretamente com o influenciador, para saber as vantagens e as desvantagens da
marca.

Muitos seguidores adquirem produtos baseados em campanhas antigas dos


influenciadores, então mesmo que aquela campanha tenha anos, a divulgação
permanece na plataforma, e esta é outra grande vantagem para as marcas.

“Em relação ao alcance no tempo, campanhas feitas através de


influenciadores continuam perpetuando nas redes sociais dos mesmos,
gerando tráfego adicional, visualizações e cliques nos próximos anos
mesmo depois de chegarem ao fim, ou seja, o efeito de marketing pode
ser muito estendido e afetar pessoas muito tempo depois do
lançamento da campanha, sendo para apenas criar brand awareness ou
27

até para levar o consumidor ao seu produto, mesmo que muito tempo
depois.” (TEIXEIRA e SILVA, 2017, p. 48)

“[...] muitas pessoas, incomodadas com o constante bombardeio de anúncios,


passaram a usar ad-blocks, que impedem que esses anúncios cheguem ao
consumidor, limitando o poder de divulgação das marcas.” (TEIXEIRA e SILVA, 2017,
p. 48). Porém este tipo de bloqueador não interfere nas campanhas dos
influenciadores, visto que os seguidores os acompanham para ver e saber sobre eles,
ou seja, eles se interessam, principalmente sobre os assuntos expostos pelos
influencers, assim os profissionais digitais são um caminho direto entre consumidores e
marcas.

Outro ponto vantajoso para as marcas é o preço cobrado pelos influenciadores,


os mega e macro influencers, raramente farão parcerias em troca de produtos, a
chamada permuta, sempre existirá algum valor envolvido, que certamente não será
pequeno e ainda sim esse preço não se compara aos investimentos que se faziam nos
comerciais de televisão, por exemplo, que pagavam a celebridade, o tempo de exibição
no meio de comunicação e as equipes de produção e direção, a divulgação com o
marketing de influência ficou bem mais barata, visto que só se paga um agente que é o
profissional digital.

É preciso falar dos micros e nanos influenciadores, que não são tão valorizados
monetariamente em contraponto aos maiores, esses são extremamente desvalorizados
pelas empresas, raras vezes seus trabalhos são remunerados, na maioria das vezes só
acontecem permutas, e certamente trabalham mais do que os influenciadores maiores,
visto que muitos não possuem equipes de auxílio. Por isso falar em utilização de dados
para tabelar preços de divulgações é um pouco injusto, deve-se incluir ainda a
informação de que as plataformas em que atuam nem sempre entregam seus
conteúdos de forma justa, mas mesmo assim o trabalho é realizado.
28

Por outro lado, há casos em que os influenciadores aceitam apenas o


modelo de trocas para postarem algum conteúdo. Eles podem, por
exemplo, aceitar uma refeição grátis para fazer a propaganda de um
restaurante. Dessa forma, o restaurante ganha visibilidade e o
influenciador ganha escala, reconhecimento e uma experiência.
(TEIXEIRA e SILVA, 2017, p. 51)

“Do ponto de vista da marca, é importante que se utilizem dados para chegar ao
preço. O custo por clique ou custo por engajamento para chegar ao modelo de
pagamento e ligá-lo às vendas reais pode ser bem vantajoso, pois liga o retorno da
campanha diretamente ao preço.”(TEIXEIRA e SILVA, 2017, p. 50) esse tipo de
pensamento deve ser extinto, visto que pequenos influenciadores movimentam o
mercado e devem ser remunerados por seus trabalhos, não só com base em dados
das redes sociais, os quais são bem instáveis.

Os resultados indicam que do ponto de vista do mundo publicitário e do marketing


de influência, a melhor aposta para desenvolvimento das marcas são os
influenciadores, visto que, cobram ótimos valores para construir um conteúdo que seria
feito por mais de uma pessoa, além de alcançar o público de forma estratégica e em
escalas maiores.

2.5 VISÃO DO PROFISSIONAL SOBRE PARCERIAS

Mega e macro influenciadores, como visto anteriormente, são mais bem pagos e
valorizados pelas marcas, fechando parcerias de alto valor, tendo equipes de trabalho,
de assessoria, advogados para auxiliar na revisão de contratos. Favorecimento, esse,
que é de conhecimento geral, tanto que é possível encontrar diversas notícias sobre
29

contratos milionários entre influenciadores e grandes marcas. Como podemos observar


na figura a seguir:

Figura 2 – Reportagem sobre contrato milionário entre a influenciadora Camilla de


Lucas e as Lojas Americanas

(Fotografia encontrada no site Metrópoles)

“Camilla de Lucas segue Juliette e assina contrato milionário: A


influenciadora com mais de 11 milhões de seguidores no Instagram
participará de diversas ativações da Americanas nos próximos meses.
30

Com mais de 11 milhões de seguidores no Instagram, a influenciadora


será mais um rosto representando a Americanas para reforçar o
principal objetivo da marca.” (Site Metrópoles, colunista: Carla
Bittencourt, 17/06/2021, 11:58)7

Esse trecho de reportagem ilustra o favorecimento que esses grandes


influenciadores têm no mercado, sendo bem pagos, pelo seu trabalho e pela sua
influência, mesmo esse tipo de campanha que atinge um público diverso, com uma
garantia de retorno que pode ser ou não alcançada, porque o que na verdade está
sendo pago nessa relação não é o alcance por si só, mas também o trabalho do
influenciador.

Outrora em relação aos influenciadores menores, que também movimentam o


mercado em grande proporção, visto que possuem um público alvo bem mais
específico do que os profissionais maiores, com interesse em comum bem definido,
não são tão valorizados, além de sofrerem exploração por parte de lojistas e empresas
e não receberem boa remuneração.

Ao serem perguntados, se já se sentiram explorados por alguma marca, apenas


10% votou: “Isso ainda não aconteceu comigo”, 40% respondeu: “Algumas vezes” e a
maioria, 50% optou pela alternativa “Bastante, fiz permuta e me foi exigido diversos
conteúdos”, observa-se a seguir:

GRÁFICO 3 – PESQUISA: Já se sentiu explorada por alguma marca?

7
Texto de Carla Bittencuort, 17/06/2021, para o site metrópoles: Camilla de Lucas segue Juliette e assina
contrato milionário. Reportagem sobre contrato milionário entre a influenciadora Camilla de Lucas e as
Lojas Americanas, Disponível em: https://www.metropoles.com/colunas/o-melhor-da-tv/camilla-de-lucas-
segue-juliette-e-assina-contrato-milionario?amp
31

Perguntados: “O dinheiro que você ganha com parcerias dá para seu sustento?”,
80% votou “Não, porque nem sempre aparecem parcerias remuneradas”, 16,7%
disseram que depende do mês, algumas vezes complementa a renda” e apenas 3,3%
votaram que se sustentam com essa renda, observa-se a seguir:

GRÁFICO 4 – PESQUISA: O dinheiro que você ganha com parcerias dá para seu

sustento?
32

Assim, vivem a maioria dos influenciadores que não são conhecidos na mídia,
que não conquistam bons trabalhos e não são valorizados da forma que devem,
parcerias que são fechadas sem uma assinatura de contrato, prestando serviços
complexos que consomem seu intelecto, realizando muito mais que o acordado,
precisando exercer o trabalho de vários profissionais para conseguir um pequeno
espaço nesse mundo online.

Fica notória a necessidade de uma regulamentação pró-influenciadores, para que


possuam mais dignidade em seu trabalho, se faz necessário ressaltar os aspectos de
sua importância para a economia brasileira, na verdade mundial. O que se vê é um
aproveitamento da indústria publicitária e das marcas sob o potencial de trabalho
desses profissionais, visto que até mesmo a regulamentação existente assiste às
necessidades desses entes, não dos influenciadores. A grande diferença é que os
33

maiores possuem estrutura para lidar da melhor forma com o outro lado, enquanto os
menores sofrem com o desrespeito ao seu esforço laboral.

Uma das grandes dificuldades nesse meio é fazer empresas e marcas menores
entenderem que o trabalho dessas figuras não pode ser confundida com a de um
vendedor, não desmerecendo tal classe, mas o trabalho do influenciador é totalmente
diferente, visto que o alvo nesse caso é inserir o produto, serviço ou marca naquele
determinado público, levando destaque para o que antes não estava em conexão com
aquelas pessoas, diferente do vendedor que precisa apresentar resultados e de fato
vender o produto, por isso também não se pode falar em retorno por si só.

Sobre essa questão do retorno, é só fazer um paralelo com propagandas antes da


existência dos influenciadores. Os atores, jornalistas ou especialistas, as equipes
envolvidas não eram pagas de acordo com o retorno daquela produção, daquela
publicidade, mas sim por estarem prestando algum tipo de serviço para a marca. Dessa
forma se a propaganda não fosse bem recebida pelo público e o produto não fizesse
sucesso, todas pessoas que estivessem envolvidas desde a idealização até a
finalização do processo, não deixariam de receber seu montante.

Outro problema apontado por influenciadores de pequeno porte são as parcerias


comissionadas, nas quais o influenciador só ganha dinheiro quando um seguidor
compra algum produto ou serviço através do seu link ou cupom, essas compras
ocorrem sim, mas quem mais consegue obter renda através desse tipo de parceria são
os influenciadores maiores, onde estão acumuladas a maioria das pessoas em um
público disperso, sendo também que a oportunidade chega primeiro para eles, para
depois chegar nos menores e nessa hora as pessoas já adquiriram aquele produto ou
serviço, e o lucro do influenciador menor chega a ser quase nulo. No entanto para a
marca é só mais vantajoso, pois ganha espaço, autoridade e visão no mercado, fica
mais conhecida pelos consumidores.
34

Ao serem Perguntados: “Você consegue ganhar dinheiro com parcerias


comissionadas? (Aquelas que te dão percentagem em cima da venda quando usam
seu link na compra)”, apenas 3,3% votaram que “Sim, já ganhei muito dinheiro com
esse tipo de parceria”, a maioria 60%, votou que “Até ganhou, mas foi pouco” e
36,7% “Nunca ganharam um centavo”. Vejamos:

GRÁFICO 5 – PESQUISA: Você consegue ganhar dinheiro com parcerias


comissionadas? (Aquelas que te dão percentagem em cima da venda quando usam
seu link na compra)

É de clareza solar a necessidade de uma regulamentação nesse sentido, visto


que uma vez o trabalho feito, os profissionais precisam ser remunerados de acordo
35

com seu labor, além de que se existe a demanda, é porque existe a necessidade
desses profissionais no mercado, e devem ser valorizados como tais.

3 REGULAMENTAÇÕES EXISTENTES

3.1 OBRIGAÇÕES E MELHORES PRÁTICAS PARA INFLUENCIADORES SEGUNDO


AO MERCADO PUBLICITÁRIO

O marco civil da internet (MCI), lei que ao ser criada estabeleceu princípios,
garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil, tem como principal
fundamento a liberdade de expressão descrita no seu art. 2º “A disciplina do uso da
internet no Brasil tem como fundamento o respeito à liberdade de expressão” 8, que
inclui liberdade de informação e de comunicação garantidas pela Constituição Federal
descrito no art 5º, inciso IX “é livre a expressão da atividade intelectual, artística,
científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.”9, e o
influenciador tem uma relação intrínseca a toda essa legislação, visto que é através
disso que o seu trabalho pode ser livremente realizado, bem como o acesso de todos
os outros usuários da internet brasileira e de todos os outros negócios promovidos na
rede.

Outrora a constituição não permite a liberalização ampla, total e irrestrita dessa


garantia, é livre a manifestação de pensamento, mas que seja usada de forma
responsável, assim ao causar dano a outrem, segue-se o direito de resposta e a
indenização. Visto que existem situações nas quais personalidades da internet
respondem por ultrapassarem o limite desta garantia constitucional, protagonizando
grandes ações jurídicas.

8
Lei do Marco Civil da Internet, disponível: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l12965.htm
9
Constituição Federal do Brasil de 1988, disponível:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm
36

É necessário lembrar que “[...] no escopo de sua atuação como promotor de


produtos e serviços, a liberdade de expressão passa a ser sopesada com a defesa do
consumidor, sendo este lado mais pesado dentro do contexto publicitário.” (RAMOS,
2021, p.148), nesse caso, os influenciadores se adequam as regras da publicidade
brasileira à luz do Código do consumidor Brasileiro (CDC). Abrindo um parêntese, tal
situação é exclusivamente voltada para o mercado publicitário e para os consumidores,
acredita-se que o motivo seja o fato de não haver uma regulamentação para esses
profissionais digitais.

É possível encontrar nas fontes de conhecimento sob o assunto, hipóteses


voltadas para danos causados apenas pelos influenciadores à comunidade publicitária
e aos consumidores, mas nem tanto sobre situações nas quais o influenciador pode ser
prejudicado.

Na Obra, DIREITO E MÍDIA DIGITAL: Melhores praticas, o Autor, Pedro


Henrique Ramos, afirma que: “[...]é importante refletir sobre que situações uma
publicidade feita por um influenciador pode configurar uma hipótese de publicidade
abusiva ou enganosa” (p.148) em seguida ele dá dois exemplos descritos no CDC, a
publicidade enganosa, citando após explicar, que qualquer afirmação que o
influenciador fizer de forma técnica ou sobre a qualidade do produto deve ser real e
possível de ser provada; e a publicidade abusiva, da qual entende-se diversas
situações, como gerar medo, sensação de inferioridade se o produto ou serviço não for
adquirido, por exemplo.

Assim a maioria do conteúdo encontrado nesse sentido versa sobre situações


prejudiciais a publicidade e como os agentes desse lado devem se prevenir, em
detrimento aos influenciadores, a seguir pode-se perceber de forma mais ilustrada tal
fato. Ao serem analisadas regras organizadas pelo mundo publicitário.
37

3.1.1 CÓDIGO DE CONDUTA PARA AGENCIAS DIGITAIS NA CONTRATAÇÃO DE


INFLUENCIADORES – ABRADI

Trazendo um breve histórico sobre as regulamentações publicitárias para o


trabalho do influenciador digital, uma das primeiras iniciativas foi o Código de Conduta
Para Agencias Digitais na Contratação de Influenciadores, lançado em 2017 pela
Associação Brasileira dos Agentes Digitais – ABRADI10, tendo como objetivo orientar a
comunicação digital brasileira sobre questões que envolvessem ética e comportamento
empresarial em campanhas publicitárias digitais com influenciadores.

Figura 3 – Capa do Código de Conduta Para Agencias Digitais na Contratação de


Influenciadores da ABRADI

(extraído do site de endereço eletrônico do código da ABRADI)

10
Código de Conduta Para Agencias Digitais na Contratação de Influenciadores – ABRADI, Disponível
em: https://abradi.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Abradi-Influenciadores.pdf
38

O documento é descrito como pioneiro no país no próprio corpo do texto, e


declara ter como fonte as práticas e códigos de conduta de países como Inglaterra,
Austrália e Nova Zelândia. Se preconiza também como um guia de melhores práticas
em mídias sociais para a comunicação brasileira e elege os fundamentos da
associação, bem como faz ressalvas ao marco civil da internet e a constituição.

Em suas recomendações pode-se encontrar, transparência na identificação de


uma publicidade feita por um influenciador, na qual ele foi pago ou beneficiado de
alguma forma para promover a marca, a menção das palavras “promo”, “publi”, "ad",
"brinde", "convite" ou das hashtags "#promo", "#publi", "#ad", "#brinde", "#convite".

Faz alusão ao fato de que a empresa observe necessariamente se os valores


sociais do influenciador estão alinhados com os da mesma. Até então só necessidades
das marcas foram ressaltadas, no entanto o documento surpreende ao trazer como
necessidade a feitura de um contrato específico, que seja devidamente feito e que
nenhum outro documento pode o substituir, obeserva-se nas recomendações 4 e 5,
destacados a seguir:

“4. Manter como prática permanente o cumprimento da legislação na


contratação de influenciadores para campanhas publicitárias digitais,
mediante contrato específico, conferindo profissionalismo e legitimidade
aos acordos. Tratativas verbais, troca de e-mails e/ou de mensagens
instantâneas podem não ser considerados caso ocorra um eventual
conflito jurídico.”
“5. Considerar que a contratação de um influenciador não se restringe a
uma operação de compra de espaço de mídia, tampouco a uma
autorização de uso de imagem. As práticas internas de agências como
a emissão de PI (Pedido de Inserção) ou de PP (Pedido de Produção)
não substituem o contrato.” (Código De Conduta Para Agencias
Digitais Na Contratação De Influenciadores – ABRADI, p. 4 e 5)
39

Importante salientar que no documento mais novo, que será citado no próximo
subcapitulo dessa pesquisa, há ausência dessa recomendação extremamente
importante e necessária, que é a feitura de um contrato específico para essa relação
jurídica privada.

Dando sequência as recomendações do documento, é sugerido que as equipes


de mídia das empresas trabalhem em conjunto com o profissional digital, que mesmo
quando a parceria não seja paga, que tais cuidados descritos no código de conduta
sejam seguidos. Na pesquisa respondida por influenciadores digitais, é possível
perceber que as equipes de mídia dessas empresas não fazem esse trabalho em
conjunto com eles, visto que ao serem perguntados: “Alguma equipe de mídia de
marca parceira já te auxiliou em trabalho de divulgação, ou recomendou algo?” só
10% votaram que: “Sim, na maioria das vezes é assim que acontece”, 43,3% votaram
“algumas vezes, mas não é algo rotineiro” e a maioria, cerca de 46,7% votaram que
isso não aconteceu “Nenhuma vez”, vejamos:

GRÁFICO 6 – PESQUISA: Alguma equipe de mídia de marca parceira já te


auxiliou em trabalho de divulgação, ou recomendou algo?
40

Equipes essas que também não recomendam a necessidade de deixar claro que
tal situação é uma publicidade, mais uma vez é notória a necessidade de uma
regulamentação eficaz para essas relações de trabalho, visto que a identificação
publicitária no marketing de influência é um desafio, como preconiza RAMOS, Pedro:

“[...] o estudo do Baptista Luz Advogados aponta que esta é a principal


causa de reclamações sobre influenciadores junto ao CONAR. Essa
regra vem do próprio CDC172, e o Código do CONAR também traz
disposições específicas para garantir que os consumidores sempre
possam facilmente identificar o que é e o que não é uma publicidade.”
(2021, p. 151)
41

Em continuidade o documento procede recomendando se assegurar que os


dados fornecidos sejam certificados pelas redes sociais, conferindo credibilidade a
eles. Fazer uma análise equilibrada, objetiva e subjetiva sobre o influenciador a ser
contratado, controle e guarda das informações utilizadas nessas publicidades.

No início do código, nas palavras do presidente da ABRADI, Marcelo Sousa, à


época, é declarado que esta não é entidade regulatória para assuntos digitais no país e
que as recomendações não possuem a intenção de interpretar leis, no entanto, são
recomendações que notoriamente deveriam se tornar regulamentações, não só pela
necessidade delas, mas também por serem tão específicas.

Por fim, o código descreve os participantes na feitura dessas recomendações tão


precisas, foram eles: agências digitais, de publicidade, de relações públicas, agentes
de influenciadores, veículos de comunicação, entidades setoriais e os próprios
influenciadores. Diante disso, conclui-se que a junção dessas figuras deveria ser
utilizada para feitura de um documento de regulamentação para influenciadores digitais
o mais urgente possível.

3.1.2 GUIA DE PUBLICIDADE POR INFLUENCIADORES DIGITAIS - CONAR

Em 2021, foi lançado o Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais, pelo


Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária – CONAR11, é uma base para
aplicação das regras descrita no Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária,
trazendo orientações e definições para regular o conteúdo comercial nas redes sociais,
gerados pelos influenciadores digitais.

Figura 4 – Capa do Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais do CONAR


11
Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais do CONAR, disponível em:
http://conar.org.br/pdf/CONAR_Guia-de-Publicidade-Influenciadores_2021-03-11.pdf
42

(extraído do site de endereço eletrônico do Guia da CONAR)

Começa definindo o que é publicidade feita por influenciador digital como:


“mensagem de terceiro, destinada a estimular o consumo de bens e/ou serviços,
realizada pelos chamados Influenciadores Digitais a partir de contratação pelo
Anunciante e/ou Agência.” (Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais – CONAR,
p. 3), porém são necessários três elementos cumulados para caracteriza-la, primeiro,
que o influenciador divulgue serviço, produto ou alguma situação relacionada à marca,
segundo, pagamento ou permuta de produto, seja acordado com a marca ou com
agência intermediária, e terceiro e último, uma orientação editorial concedida pela
marca ou agencia para que seja feita nesses moldes a divulgação.

Depois são feitas algumas considerações sobre identificação publicitária trazendo


novas expressões diferentes das referidas no código da ABRADI de 2017, como:
43

“publicidade”, “publipost”, “publi”, e uma tabela com diversas outras expressões que
podem ser usadas e as que não deixam a intenção tão clara. E, enfatiza que se isto
não estiver evidente no contexto, se faz necessária uma menção destacada, em
qualquer área dos posts, como por exemplo, na legenda dessas palavras ou de outras
que são anexadas na parte final do mesmo documento em comento.

Figuras 5 e 6 – Tabelas com expressões de identificação publicitária (Guia do


CONAR)

(extraídas do site de endereço eletrônico do Guia da CONAR)


44

É salientada também que se tome o cuidado das postagens serem de fácil


identificação publicitária para crianças e adolescentes. Encontra-se de forma expressa
no texto, a necessidade do influenciador ser orientado, pelas agências ou marcas, bem
como de que este observe tais ressalvas e faça o seu trabalho de forma genuína e real.

Depois, pode-se observar o destrinchar do conceito de “recebidos” ou como


denomina o texto do guia: “mensagem ativada”, que são produtos, serviços ou causas
oferecidos e enviados para os profissionais digitais, pelas marcas sem nenhuma
relação de remuneração e sem linha editorial, os chamados mimos não são
considerados anúncios de publicidade, desta forma não carregam a obrigação de
serem identificadas como tal, no entanto a relação deve ser descrita pelo influenciador
ao falar sobre tais benefícios.

A motivação para a criação do guia se baseia na publicidade responsável, na


transparência da relação do influenciador com o seguidor na hora de divulgar uma
publicidade, a necessidade de que sejam seguidas as regras do código brasileiro de
autorregulamentação publicitária12, nesse ínterim fica perceptível que a maior
preocupação do guia é com o mercado publicitário, não com o profissional digital, o
código da ABRADI, por exemplo, trouxe no corpo de seu texto recomendações no
sentido da necessidade do contrato e o que ele deveria abordar sua especificidade.
Fica claro que, a maior preocupação dessas regras, estão nas relações dos
influenciadores referente à publicidade e a como ela atinge o público alvo.

Ao final do guia é descrito que tais disposições são complementares ao Código


Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária e às Lei n° 8.078/90 (Código de Defesa
do Consumidor); Lei n° 9.294/96 (Lei Murad) c/c Lei n° 10.167/00; Lei n° 10.406/02

12
Código Brasileiro de Autorregulamentação Publicitária, disponível em:
http://www.conar.org.br/codigo/codigo.php
45

(Código Civil); Lei n° 12.906/14 (Marco Civil da Internet); Lei n° 13.709/18 (Lei Geral de
Proteção de Dados); Lei n° 5.768/71 e posteriores alterações consolidadas, Decreto n°
70.951/72 e regulamentação pela autoridade federal (Legislação sobre a distribuição
gratuita de prêmios, mediante sorteio, vale-brinde ou concurso, a título de propaganda);
Decreto n° 7.962/13 e Decreto n° 10.271/20 (proteção do consumidor no comércio
eletrônico).

3.2 MANUAL JURÍDICO: INFLUENCIADORES DIGITAIS - BAPTISTA LUZ

Em janeiro de 2021, a Baptista Luz advogados, lançou o Manual Jurídico


Influenciadores Digitais13, em sua 3ª edição revisada e atualizada, de forma clara, um
documento com uma visão mais voltada para o influenciador digital e não só para o
mercado publicitário. Abordando além de obrigações e melhores práticas, a relação
desse profissional com mercado de capitais, contratação, aspectos tributários e
trabalhistas. “[...] o presente manual se propõe a apontar e a esclarecer as principais
questões jurídicas envolvendo a contratação desses profissionais, dividindo-se em
regulatórias e autorregulatórias, trabalhistas, contratuais, tributárias e relativas ao
mercado de capitais.” (Manual Jurídico Influenciadores Digitais – BAPTISTA LUZ, p. 6)

Figura 7 – Manual jurídico influenciador digital (Baptista Luz Advogados)

13
Manual Jurídico: Influenciadores Digitais - Baptista Luz advogados, disponível em:
https://baptistaluz.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Bluz_manual-influenciadores-digitais.pdf
46

(extraído do site de endereço eletrônico do Manual Jurídico da Baptista luz)

O manual analisa tal mecanismo social e digital, do ponto de vista jurídico, o que
acaba sendo bem mais abrangente, ressalta ainda a importância da reflexão jurídica
nesse sentido para que sejam garantidos direitos e deveres não só dos influenciadores,
mas também das agências e das marcas, garantindo assim um retorno real desse
investimento mercadológico. No que tange a esse retorno é necessária visão do
influenciador aplicada a essa situação de forma real, visto que as redes sociais é um
ambiente instável no sentido da distribuição de conteúdo, como delineado nos capítulos
anteriores.

Inicialmente introduz alguns dados importantes, que ressaltam o crescimento de


postagens patrocinadas nas redes, do aumento de seguidores, de que as pessoas
gostam mais do formato de publicidade feito por esses profissionais, que a maioria
delas já compraram algum produto ou serviço indicados por eles e que atualmente são
realizadas campanhas de divulgação com esses profissionais de forma muito
frequente, vejamos tais dados:
47

“Segundo pesquisa da Qualibest em parceria com a Spark, realizada


em 2019 com internautas brasileiros, 68% dos respondentes seguem
algum influenciador digital nas redes sociais. Deste percentual, 56%
seguem tais influenciadores pelas opiniões, recomendações de
produtos e serviços que eles dão. 63% responderam também que
gostam que influenciadores digitais recomendem produtos, 55%
acreditam que esse formato de publicidade é menos invasivo do que
anúncios de internet e TV, 50% costumam buscar a opinião de
influenciadores antes de comprar produtos e serviços e 76% já
compraram algo indicado por influenciador digital.” (Manual Juridico
Influenciadores Digitais – BAPTISTA LUZ , 2021, p. 5)

Após isso compara que se para o marketing de influência é importante escolher


um bom profissional digital, a aplicação e análise do direito correspondente a essa área
é imprescindível e que foi justamente por tal motivo que o manual foi criado.

Ao tratar sobre obrigações e melhores práticas do ponto de vista publicitário, traz


como corpo de texto o guia do CONAR, explanado outrora por tal trabalho.

Inicia a parte essencialmente jurídica do manual, ao tratar sobre aspectos


contratuais. Reconhece que os influenciadores são “velhos conhecidos” do mercado
publicitário, mas que, no entanto, estão em constante mudança e que por isso a forma
de contratação ainda apresenta irregularidades por estar em desenvolvimento.

É um mercado em ascensão profissional e por isso as contratações na maioria


das vezes são feitas de forma informal, o que é um tanto perigoso, visto que fechar um
trabalho com influenciador, envolve diversas decisões sobre como será efetuado o
serviço e qual tipo de especialidade profissional será explorada pela marca, se
tornando uma tarefa complexa, além de que do ponto de vista jurídico, um contrato
48

bem resolvido não gera futuros ônus, muito menos insegurança jurídica para as partes,
o que não ocorre quando é feito de forma informal.

Sabe-se que quando não há formalidade na contratação, é possível que ocorra


futuras complicações no momento de se cobrar o cumprimento da obrigação, o que
quase sempre ocorre nesse ramo, como asseveram os advogados da Baptista Luz:

“Com base em nossa experiência, notamos que anunciantes ou


agências de publicidade, por exemplo, costumam negociar com o
influenciador digital a prestação de serviços em uma conversa pessoal
ou por telefone, e-mail ou redes sociais, sem a posterior assinatura de
um contrato estabelecendo as condições e obrigações aplicáveis.”
(Manual Juridico Influenciadores Digitais – BAPTISTA LUZ , 2021, p.
24)

Posteriormente a essas considerações, o manual continua seu desenvolvimento


tratando sobre aspectos contratuais, agentes e formas de contratação, citando e
denominando as cláusulas consideradas mais importantes. Faz também considerações
a cerca dos aspectos negociais, visto que cada contratação feita nesta área é
específica, mostrando como elaborar um contrato de marketing de influência que seja
eficaz e satisfaça as obrigações negociadas.

São feitas considerações sobre o mercado de capitais e a possibilidade do


influenciador ultrapassar a linha tênue entre um conteúdo educacional e um de opinião,
que influencie e motive as pessoas na compra ou não de valores mobiliários, visto que
isso é atividade privativa de profissional credenciado, segundo a Comissão de Valores
Mobiliários (CVM).
49

Em seguida, fala-se sobre os aspectos trabalhistas que envolvem esse novo


profissional que exerce atividade comercial publicitária, mas que, no entanto, não tem
regulamentação específica no país, além de pouca doutrina que trate sobre o assunto.
É transcrito no manual que por escassez de legislação específica é possível aplicar,
“[...] as regras de prestação de serviços previstas no Código Civil, a Lei de Direitos
Autorais, Código de Defesa do Consumidor, normas do Conselho Nacional de
Autorregulamentação Publicitária ou do Marco Civil da Internet, bem como outras que
possam incidir no caso concreto.” (Manual Juridico Influenciadores Digitais –
BAPTISTA LUZ , 2021, p. 43)

Porém ainda sim é perceptível que o costume de aplicar diversas regras e


ausência de lei específica, causa insegurança jurídica, principalmente por ser uma
profissão que tem crescido a cada dia, que não vai parar de evoluir tão cedo, e que
gera ao seu redor diversas relações com grande movimento econômico e social.

No capítulo sobre aspectos tributários, o manual dá destaque ao fato de que o


trabalho prestado por influenciador, pode ter caráter diverso e que por isso os impostos
que merecem atenção a serem analisados nesta área são: o Imposto Sobre Serviços
de Qualquer Natureza (ISS) e o Imposto Sobre a Renda de Qualquer Natureza (IR) sob
a ótica de influenciador prestar serviços como pessoa jurídica ou física.

Ao falar sobre políticas de publicidade e termo de uso, o manual faz um


compilado de documentos oferecidos de forma online pelas plataformas mais utilizadas
pelos influenciadores digitais. Explicando que sempre é necessário aos agentes
incluídos nesse interesse, que revejam tais documentos em cada plataforma, pela
constante atualização desses documentos.

Assim, por fim, anexa o Guia da CONAR, outrora analisado nesse trabalho. Que
possui como assunto central publicidade feita por influenciadores digitais. Conclui-se
que o manual é uma visão jurídica sobre as relações jurídicas privadas entre
influenciadores e marcas.
50

3.3. PROJETOS DE LEI

Cronologicamente, é necessário citar que serão analisados os projetos de lei, que


por algum motivo foram interrompidos, o mais antigo sobre o assunto foi PL
4.289/201614, de autoria do Deputado JHC, que dispunha apenas sobre a necessidade
de denominar blogueiros e vlogueiros como profissionais, vejamos:

“Art. 1º Para fins de disposição desta Lei, considera-se:


I – Blogueiro: profissional que faz uso de plataforma telemática para
divulgação de informações e opiniões; e
II – Vlogueiro: profissional que faz uso de plataforma telemática para
divulgação, em vídeo, de informações e opiniões.
Art. 2º Reconhece-se no território nacional as profissões de que trata o
artigo antecedente, seu valor cultural e econômico.” (PL 4.289/2016 –
Deputado JHC)

Justificando que é cada vez maior a utilização de meios de comunicação tendo


como fim este tipo de trabalho, e que à época algumas famílias possuíam resistência
sobre isso, nesse sentido, dado ao grande número de leis, ao sistema jurídico do país,
que norteia as situações fáticas a serem positivadas e também com objetivo de não
fomentar um comportamento social negativo ao deixar tal espeço legal vago.
Certamente um pensamento progressivo, visto que em 8 (oito) anos a quantidade de

14
PROJETO DE LEI Nº 4.289/2016
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=C1BF04DDB8A52655C1C24
27B20DFB3C0.proposicoesWebExterno1?codteor=1433239&filename=Avulso+-PL+4289/2016
51

influencers, que antes eram blogueiros e vlogueiros só aumentou em uma escala


gigantesca.

Em 2017, o PL 856915, deste mesmo ano, apresentada pelo Deputado Lindomar


Garçom, Foi apensada à PL 4.289/2016, dispondo acerca da regulamentação da
profissão de blogueiro, com um texto um pouco mais especificado, porém confundindo
a profissão com jornalismo, além disso, colocando parâmetros educacionais para tal
função profissional, no entanto sabe-se que isso está fora da realidade, visto que
muitas pessoas que alcançam o status de influenciador, não possui sequer o ensino
médio completo, além disso, impediria crianças com esta habilidade social de serem
reconhecidas também de forma profissional. Observa-se o texto a seguir:

Art. 1º. Esta lei regula o exercício da profissão de Blogueiro em todo


território nacional.
Art. 2°. Para fins de disposição desta Lei, considera-se:
I – Blogueiro: O profissional que faz uso de plataforma tecnológica, da
blogosfera, com endereço fixo na rede mundial de computadores, para
a publicação de material jornalístico e compartilhamento de informações
de forma habitual.
Art. 3º. As atividades da profissão de Blogueiro serão exercidas:
I – Pelo portador de diploma de Ensino Médio, proveniente de instituição
de ensino reconhecida pelo MEC, ou diploma similar, devidamente
homologado pelo Ministério da Educação.
II – Publicar em sítio próprio ou de pessoa jurídica na rede mundial de
computadores com endereço fixo na mesma.
III – O Blogueiro que, de forma habitual, atua na divulgação de notícias,
escreve colunas e artigos para jornais, revistas e internet ou ainda

15
PROJETO DE LEI Nº 8569/2017
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node0egsejbwrov81izcjk66x
9i8n11880534.node0?codteor=1597050&filename=Tramitacao-PL+8569/2017
52

realiza entrevistas, poderá requerer o registro profissional de sua


categoria na condição de (jornalista).
Art. 4º. Reconhece-se no território nacional o valor cultural e econômico
da profissão de que trata esta lei respeitadas as garantias e deveres
previstos no Art. 3º da Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 – Marco
Civil da Internet. (PL 8569/2017 – Deputado Lindomar Garçom)

Os Projetos tramitaram em conjunto na Câmara dos Deputados, até o ano de


2019, quando foram arquivados pelo art. 105 do Regimento interno16.

Cerca de um ano mais tarde, foi apresentado à Câmara dos Deputados 17, PL
10.987/201818 apresentado pelo Deputado Eduardo da Fonte, que versava sobre a
regulamentação do ofício de influenciador Digital profissional, também foi apensado ao
PL 4.289/2016, analisado acima. É um texto que reconhece os influencers como
profissionais de natureza social, cita sobre como é feita atividade, mesmo que de forma
genérica, abre um espaço para futuras evoluções na área, proíbe a divulgação de
conteúdos impróprios, criminosos e danosos à sociedade, descreve os direitos a serem
respeitados por eles no desenvolvimento do seu trabalho. Vejamos:

Art. 1º. O exercício do ofício de Influenciador Digital Profissional ou


Digital Influencer Profissional é considerado como atividade de natureza
social, regulado pela presente Lei.

16
Tramitação do Projeto Lei 4.289/2016, apensado ao PL8569/2017.
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2151337
17
Tramitação do Projeto Lei 10.987/2018, apensado ao 4.289/2016.
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2185136
18
PROJETO DE LEI Nº 10.987/2018
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1689532&filename=Tramitaca
o-PL+10937/2018
53

Art. 2º. Para os fins desta Lei, entende-se como Influenciador Digital o
obreiro que cria e publica conteúdo na Internet, em redes sociais, blogs
e sites, na forma de vídeos, imagens ou textos, capaz de influenciar
opiniões, comportamentos e manifestações de seus seguidores e afins,
além de informar a população sobre temas que julga relevantes.
Art. 3º. As novas denominações e descrições das funções em que se
desdobram as atividades do Influenciador Digital Profissional constarão
do Regulamento desta Lei.
Art. 4º. É vedado ao Influenciador Digital Profissional a divulgação de
conteúdo visando a prática de perseguição ou discriminação por
motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, de gênero, raciais, de
orientação sexual, condição física ou mental, ou de qualquer outra
natureza.
Art. 5º. É dever do Influenciador Digital Profissional respeitar:
I - o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem das
pessoas;
II - o direito autoral e intelectual em todas as suas formas;
III - os direitos das crianças, dos adolescentes, das mulheres, dos
idosos, dos negros e das minorias. (PL 10.987/2018 – Deputado
Eduardo da Fonte)

Menos de um mês depois o próprio autor, o Deputado Eduardo da fonte, requereu


a retirada de proposição de iniciativa individual, de n. 9297/2018 19, alegando que iria
fazer correção de erro material, porque ainda não havia deliberação da proposição.
Porém até os dias atuais tal erro não foi corrigido e o projeto de lei não voltou a tramitar
na Câmara dos deputados.

19
Requerimento de retirada de proposição de iniciativa individual, de n. 9297/2018
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1695431&filename=Tramitaca
o-PL+10937/2018
54

No dia 5 de maio de 2022, o Deputado Eduardo Gomes apresentou pelo


Senado20 a proposta do Projeto de Lei nº 1138/202221, declarando na justificativa ter se
inspirado no arquivado PL 10.937/2018.

Apresentando algumas distinções em relação ao texto no qual se inspirou, como o


fato de deixar estabelecido que jornalistas não se enquadram na categoria profissional
de influenciador e ao invés de usar a palavra minorias, fez uma especificação aos
“povos indígenas e demais grupos étnicos e raciais, bem como dos demais grupos
sociais”. Vejamos:

Art. 1º É livre o exercício da profissão de influenciador social digital em


todo o território nacional, observado o disposto na presente Lei.
§ 1º Para os fins desta Lei, considera-se influenciador social digital
profissional o trabalhador que, independentemente da designação que
adota para a sua atividade, cria, edita e publica conteúdo autoral pela
internet - na forma de meios audiovisuais, imagens ou textos - capaz de
influenciar opiniões, comportamentos, manifestações e hábitos de
consumo de sua audiência, além de se manifestar, com intuito
informativo ou opinativo, sobre temas que julga relevantes e que busque
auferir rendimento desta atividade.
§ 2º Não se incluem na categoria de influenciador social digital aqueles
que criem, editem e publicam conteúdo autoral no âmbito ou sob
responsabilidade de empresa jornalística, definida nos termos do art. 3º
do Decreto-Lei nº 972, de 17 de outubro de 1969, ainda que divulgada
exclusivamente pela internet.

20
Tramitação do Projeto Lei 1138/2022, inspirado no PL 10.987/2018.
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/152960/pdf
21
PROJETO DE LEI Nº 1138/2022, disponível em: https://legis.senado.leg.br/sdleg-
getter/documento?dm=9139631&ts=1653002641930&disposition=inline
55

Art. 2º É vedada ao influenciador social digital a divulgação de conteúdo


que vise ou configure a perseguição ou discriminação de pessoas ou
grupos por motivos sociais, econômicos, políticos, religiosos, raciais ou
étnicos, de gênero, de orientação sexual, de situação familiar, de
condição física ou mental, ou de qualquer outra natureza.
Art. 3º É dever do influenciador social digital respeitar, sob as penas da
Lei:
I - o direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem das
pessoas;
II - o direito autoral e intelectual e de imagem em todas as suas formas;
III - os direitos das crianças, dos adolescentes, das mulheres, dos
idosos, dos negros, povos indígenas e demais grupos étnicos e raciais,
bem como dos demais grupos sociais, nos termos do art. 2°. (PL
1138/2022 – Deputado Eduardo Gomes)

Justificou a proposta também afirmando que com a evolução da internet novas


profissões surgiram, incluindo a de influenciador digital, é que nesse caso se fazia
necessária, a regulamentação, para ressaltar suas obrigações sociais, sem censurar o
início oficial do seu exercício profissional. No entanto dois dias após apresentar a
proposta, o autor aplicou o requerimento nº 325/202222, que se referia a retirada em
caráter definitivo do projeto, nos termos do art. 256 do Regimento Interno do Senado
Federal, sem declarar um motivo. Visto que tal artigo se refere apenas à possibilidade
de retirar o projeto apresentado ao Senado pela vontade do autor, sendo ele o único ou
o primeiro.

Assim, desta forma, os projetos de lei citados, possuíam matéria rasa, sendo até
considerados como inconsistentes, porém não pela ausência de profundidade dessa
nova profissão, mas certamente por falta de aprofundamento à matéria, que apresenta

22
Requerimento de retirada da matéria de n. 325/2022
https://legis.senado.leg.br/sdleg-getter/documento?dm=9154174&ts=1653002642017&disposition=inline
56

escassez de literatura nacional, todavia o estado de direito, prevê a criação de novas


leis quando da sua necessidade, o poder legislativo, precisa se ater aos
desdobramentos que ocorrem no país, afim, de criar regras para que o vácuo destas
não gere comportamentos negativos pela sociedade.

Os deputados que apresentaram os projetos de leis documentados acima,


demostraram com finco a urgência de criação dessa regulamentação específica,
certamente carregam consigo o dogma de que o direito se modifica com a mudança
dos costumes e da cultura da sociedade, visto que a justificativa de todos eles
desaguam em primeiro momento no fato de que existe uma evolução constante no
mercado digital brasileiro, e que por isso há carência de criação de legislações que
regulem a profissão de influenciador, essa que claramente já existe a certo tempo no
Brasil.

Não se entende o congelamento desses projetos, diante da demanda que é


visível aos olhos de todos, é possível perceber um retrocesso legislativo neste caso,
quando se observa o lapso de tempo no qual estas propostas começaram a ser
apresentadas, até os dias atuais.

Por sua vez, pode-se documentar mais de um projeto de lei que segue em
tramitação na Câmara de Deputados, em prima facie o PL 929/2020 23, apresentado
pelo Deputado Wladimir Garotinho, tendo como ementa o exercício da profissão de
Blogueiro e Vlogueiro e outras providências, traz uma abordagem que pende para a
profissão de jornalista, descrevendo em seu texto que para ser influenciador o agente
precisaria possuir diploma de graduação em jornalismo ou comunicação social com
habilitação de jornalismo reconhecida. Observa-se a seguir:

23
PROJETO DE LEI Nº 929/2020
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1870172&filename=Tramitaca
o-PL+929/2020
57

Art. 1º Esta Lei regulamenta o exercício das profissões de Blogueiro e


Vlogueiro, respeitados os princípios, as garantias, os direitos e deveres
para o uso da Internet no Brasil previstos na Lei nº 12.965, de 23 de
abril de 2014 (Marco Civil da Internet).
Art. 2º Considera-se:
I – Blogueiro: o profissional que faz uso de plataforma telemática para a
publicação de material jornalístico e compartilhamento de informações e
opiniões de forma habitual; e
II – Vlogueiro: o profissional que faz uso de plataforma telemática para
publicação, em vídeo, de material jornalístico e compartilhamento de
informações de forma habitual.
Art. 3º O exercício das profissões que se referem os incisos I e I do
artigo anterior, é privativo de brasileiros diplomados em instituições de
ensino superior de graduação em jornalismo ou Comunicação Social
com habilitação em jornalismo, reconhecida.
§ 1º É garantido o direito do exercício das profissões, que se referem os
incisos I e II do artigo anterior, aos brasileiros não diplomados que
tenham ocupação principal, permanente e remunerada e ininterrupta de
10 (dez), devidamente comprovada no Ministério da Economia, até a
entrada em vigor desta Lei. (PL 929/2020 – Deputado Wladimir
Garotinho)

Como observado, estando efetivamente em trâmite24, o projeto não alcança a


realidade dessa classe de trabalhadores, visto que nem todos eles trabalham
diretamente com jornalismo, existem algumas páginas que tratam exclusivamente
sobre notícias, mas não são a maioria nesse mercado. Além disso, esse ramo possui
pessoas com idades variadas, desde crianças a idosos. No que tange a ressalva do
inciso 1º, que garante o exercício de não diplomados, há uma certa inconsistência,
principalmente porque muitos micro e nano influenciadores ainda não conseguem se

24
Tramitação do Projeto Lei 929/2020
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2241845&ord=1
58

sustentar apenas com esse dinheiro, no entanto continuam realizando esse trabalho,
as vezes em troca de produtos ou serviços.

A justificativa do deputado para apresentar tal proposta, se resumiu em apontar


que as pessoas têm consumido mais conteúdos online do que revistas e jornais, e que
as empresas que trabalhavam com isso reduziram muito por conta do avanço da
internet, concluindo ainda, que tais medidas fariam reduzir os processos envolvendo
influenciadores. Apesar de apresentar dados para a sua justificativa, se faz perceptível
ausência de conhecimento do mesmo sobre a classe dos influencers.

De acordo com o portal da Câmara dos Deputados, a proposta descrita acima foi
apensada25 ao PL 3130/202126, proposto pelo Deputado Damião Feliciano, o qual
versa sobre reconhecimento profissional do blogueiro no Brasil e apenas isso.
Vejamos:

Art. 1º. Esta lei busca reconhecer, em todo território nacional, a


profissão de blogueiro(a).
Art. 2º. Para fins desta Lei, considera-se blogueiro(a) o profissional que
faz uso de plataforma para divulgar informações, opiniões, bem como
outras publicações de forma habitual.
Art. 3º. A profissão de blogueiro(a) fica reconhecida em todo território
nacional. (PL 3130/2021 – Deputado Damião Feliciano)

25
Apensamento do PL 929/2020 ao PL 3130/2021
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2116948&filename=Tra
mitacao-PL+3130/2021
26
PROJETO DE LEI Nº 3130/2021
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2072442&filename=Tra
mitacao-PL+3130/2021
59

É possível observar que a lei proposta é desprovida de aprofundamento sobre o


assunto, contendo apenas conceituação da profissão e a sentença de que está deve
ser reconhecida como tal, apesar disso segue em trâmite27. Em justificativa, o autor
afirma que com a inclusão digital, é preciso reconhecer os profissionais que atuam na
internet, porque embora não sejam vistos como profissionais pela sociedade e por seus
familiares, “[...]o trabalho dessas pessoas exige especialização, esforço e
profissionalismo e, por esta razão, merece o reconhecimento.” (trecho de justificação
do PL 1282/2022), desta forma, para que o ordenamento jurídico seja modernizado e a
visão da sociedade modificada.

O Projeto de Lei Nº 1282/202228, que também teve o PL 929/2020 apensado29 a


ele, foi apresentado a Câmara pelo Deputado Mário Negromonte Jr., dispondo também
sobre regulamentação desses profissionais, observa-se a seguir:

Art. 1º Esta Lei regulamenta o exercício da profissão de influenciador


digital, estabelece as suas competências e os deveres a serem
observados.
Art. 2º Influenciador digital é o profissional criador ou gerador de
conteúdos digitais a serem disponibilizados em redes ou mídias sociais
Art. 3º São atribuições do influenciador digital:
I – gestão de redes sociais;
II - monitoramento de mídias sociais;
III – administração de atividades de relacionamento com público ou
seguidores;
IV – elaboração de planejamento estratégico de marketing digital;
V – desenvolvimento e produção de conteúdos digitais; e

27
Tramitação do Projeto Lei 3130/2021, disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2298456
28
PROJETO DE LEI Nº 1282/2022
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2171583&filename=Tramitaca
o-PL+1282/2022
29
Apensamento do PL 929/2020 ao PL 1282/2022
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2172062&filename=Tramitaca
o-PL+1282/2022
60

VI – gerenciamento de marketing de influência e resultados de


avaliação de desempenho.
Art. 4º São deveres do influenciador digital:
I – pautar-se com ética no exercício da profissão;
II – não divulgar conteúdos falsos;
III – respeitar o direito autoral de terceiros;
IV – respeitar a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem de
terceiros; e
V – assegurar o direito de resposta de terceiros, além da indenização
por dano material, moral ou à imagem, em caso de violação da
intimidade, da vida privada, da honra ou da imagem de terceiros. (PL
1282/2022 – Deputado Mario Negromonte Jr.)

A proposta se mantém tramitando na Câmara 30. Notoriamente define quem são os


influenciadores digitais, o que eles fazem, suas atribuições e deveres, uma lei um
pouco mais elaborada, certamente um bom progresso diante dos outros projetos vistos
na pesquisa em comento. Mas que, limita as atribuições destes profissionais, pois
ultrapassam as descritas.

Além disso, são atribuídas a eles tarefas que são de outro ramo profissional, que
é o caso do “social media”, novo trabalho advindo também da evolução digital, e que
tem como tarefa a gestão de redes sociais, monitoramento de mídias e as outras
atribuições especificadas no art. 3 da proposta acima. A diferença desse profissional
para o digital influencer é que o primeiro faz essas atividades nas redes sociais de
terceiros, enquanto o influenciador realiza nas dele, e como nesse trecho do texto não
fica definido se as tarefas serão feitas nas suas redes ou na de terceiros acaba que por
gerar uma confusão de profissional.

30
Tramitação do Projeto Lei 1282/2021, disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2323549&ord=1
61

Ao justificar, o autor, assim como os anteriores, atribuiu tal necessidade à


evolução digital, fez um breve resumo de como surgem os influenciadores, e por fim
citou um importante dado, a respeito da Classificação Brasileira de Ocupação, que já
dá reconhecimento ao exercício da profissão de influenciador digital 31. Vejamos:

Figura 8 – Registro do CBO da profissão de Influenciador digital

(extraído do site do CBO)

Em maio do presente ano, o Deputado Alexandre Frota, apresentou a Câmara o


PL 1335/202232, com uma ementa semelhante às outras descritas nesse capitulo,

31
Classificação Brasileira de Ocupação, disponível em:
http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.jsf
32
PROJETO DE LEI Nº 1335/2022
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2174197&filename=Tramitaca
o-PL+1335/2022
62

tratando sobre regulamentação dos influencers e sugerindo outras providências, sendo


apensado ao PL 1282/202233, observa-se o texto da proposta, a seguir:

Artigo 1º - Esta Lei regulamenta a atividade profissional de Influenciador


(a) Digital, conforme os parâmetros estabelecidos.
Artigo 2º - Considera-se Influenciador (a) Digital toda aquela pessoa que
se utiliza das redes sociais para produzir, apresentar e divulgar vídeos
por qualquer plataforma digital.
Artigo 3º - São atividades profissionais de que trata esta lei é
assegurada:
I – Produção de vídeos e conteúdos para inserção nas redes sociais via
internet;
II – Divulgação de vídeos próprios em plataformas digitais para maior
alcance de sua atividade;
III. Poderão ser divulgados vídeos de autopromoção, divulgação de
mercadorias e para entretenimento ou diversão do público que seja
consumidor dos vídeos;
IV. Serão considerados Influenciadores Digitais aquelas pessoas que,
inclusive produzam vídeos de entrevistas, de informações jornalísticas e
de opiniões pessoais ou alheias.
Art. 4º -Para a divulgação de informações jornalísticas, entrevistas e
opiniões é necessária a contratação de jornalista devidamente
credenciado e com curso superior na área.
Artigo 5º - O Poder Executivo regulamentará a presente Lei, no em até
60 (sessenta) dias, sendo que os profissionais mencionados no artigo
primeiro deverão elaborar e fundar uma entidade que os represente e
determine as normas de boa conduta da profissão. (PL 1335/2022 –
Deputado Alexandre Frota)

33
Apensamento do PL 1282/2022 ao PL 1335/2022
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2174670&filename=Tramitaca
o-PL+1335/2022
63

O texto também limita a atividade dos influenciadores à produção, apresentação e


divulgação de vídeos, no entanto o trabalho também envolve outro tipo de mídia, que é
o caso das fotos e textos. No que tange a determinação do artigo 5º, existe em curso
uma proposta de sindicalização, no entanto precisa ser aceita pelos órgãos
competentes, já que uma proposta anterior a essa foi indeferida. Além de que o poder
legislativo é totalmente capaz, no sentido de criar normas de regulamentação para tal
profissão, mesmo que para isso seja necessária ajuda de especialistas deste ramo.

Na justificação o autor reconhece a autoridade dos influenciadores no mercado


digital, e define que por esse motivo a profissão precisa ser vista como tal. A proposta
segue em trâmite34.

Como observado, as justificações dos deputados para apresentação dos projetos


de leis analisados, é de necessidade urgente eleger influenciadores digitais como
profissionais, pelo motivo central de que na realidade cotidiana do país, eles já são
vistos como tais, e o que proporcionou isso foi a evolução do mundo digital. Embora
tenham razão, é preciso que tais agentes revejam as propostas, e se aprofundem mais
afim, de incluir assuntos que são básicos e recorrentes à área, como contratação,
direitos trabalhistas, tributação, direito de imagem, autoral, de produção intelectual,
entre outros, fazendo o trabalho que a sociedade brasileira espera de um representante
competente.

3.4 SINDICALIZAÇÃO

34
Tramitação do Projeto Lei 1335/2022, disponível em:
https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2324211
64

O órgão competente para registro sindical do ministério do trabalho recebeu


demanda de criação de um sindicato para influenciadores, o “Sindinfluencers/BR –
Sindicato Nacional Dos Influenciadores E Agentes Digitais, Prestadores De Serviços
De Comunicação, Individual E Coletiva, Privado Em Tecnologia De Comunicação,
Mídia Social Em Rede Do Brasil”35, tendo como presidente da entidade Luiz Carlos
Laplagane Araújo, empresário e sócio de algumas empresas.

Foram criados estatutos, pela entidade, com o propósito de defender os direitos


dos influenciadores que se filiarem e ofertar benefícios como cuidados médicos e
odontológicos. No entanto, no dia 5 de maio de 2022, o coordenador geral de registro
sindical, indeferiu o pedido alegando irregularidades documentais e a não
caracterização de categoria. E mais uma vez os influenciadores foram invalidados
como profissionais.

Faz-se necessário citar que na data de 4 de maio deste mesmo ano, foi
apresentado pessoalmente ao Ministro do Trabalho, Sr. José Carlos Oliveira, um outro
sindicato, o “Sindigital”, curiosamente tendo como presidente Luiz Carlos Laplagne, ele
e um grupo de influenciadores participaram a proposta de profissionalização da
atividade, além de levantarem pauta sobre lei de regulamentação. Após isso, foi
conseguido um horário para falar com o Presidente da Republica, tendo tal reunião o
mesmo objetivo.

Figura 9 – Influenciadores e Ministro do Trabalho pousam para foto após reunião sobre
o Sindigital

35
Extraído do Texto de Marcio Ehrlich, para o site Janela Publicitária: “Influenciador quer virar profissão
e já criar sindicato.” https://www.janela.com.br/2022/05/09/influenciador-quer-virar-profissao-e-ja-criar-
sindicato/
65

(foto: Marcella Lasneaux)

Em matéria para o Correio Brasiliense o presidente da Sindigital afirmou o


seguinte: “Falamos a respeito do sindicato, que somos empresários e temos interesse
em participar da criação do projeto de lei, de falar sobre as pautas e levar a proposta
adiante.”36, O registro do sindicato ainda está em trâmite, mas já é possível encontrar
endereço eletrônico do instagram (@sindigitalbr)37 e do site38.

Notoriamente o fato de não existir uma regulamentação expressa sobre a


profissionalização dos influenciadores, dificulta que seja criado um sindicato, visto que
este possui apelo laboral, de forma que se não existe profissão, porque deveria haver
um sindicato que regule a sua existência e lute por direitos em comum destes. No

36
Extraído do texto de Tainá Andrade, 22/05/2022, para o site correio brasiliense: influência dores fazem
impressão para regulamentação da profissão disponível em:
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/05/amp/5009711-influenciadores-fazem-pressao-pela-
regulamentacao-da-profissao.html
37
Pagina de instagram do sindigital, disponivel: https://instagram.com/sindigitalbr?igshid=NmZiMzY2Mjc=
38
Site do sindigital, disponível em: http://www.sindigitalbr.com.br/
66

entanto, a comunhão dos influencers em prol desta causa poderia gerar um resultado
positivo no poder legislativo, ocasionando no fim esperado.

4 ASPECTOS CONTRATUAIS

O acordo de negócios feito com influenciador digital representa uma figura


contratual complexa e atípica, encontrando na prática diversas dificuldades para sua
plena aplicação no mercado. Em síntese três aspectos ganham espaço, a prestação de
serviços de criação de conteúdo, no qual o profissional investe seu intelecto na
produção de vídeos, fotos e textos, a licença de uso da imagem, uma vez que o
influenciador utiliza sua própria rede para divulgar tais conteúdos em prol da marca e
própria divulgação em si. Um tripé que certamente não se encontra presente em todos
os contratos com influencers.

O instrumento de contratação também encontra nesse caso algumas dificuldades,


a primeira delas é a informalidade, além da maioria das negociações serem feitas
através de conversas pessoais, por telefone, email, redes sociais, sem que haja
assinatura de um contrato, “[...] boa parte dos influenciadores digitais de pequeno e
médio porte não possuem empresas próprias, não emitem notas fiscais e muito menos
possuem uma rede de suporte jurídico para ajudá-lo a negociar contratos com grandes
marcas.” (RAMOS, 2021, p.156). Existem agências que fazem o trabalho de
intermediar esses tratos, no entanto alcançam em sua maioria os mega e macro
influenciadores.

Entretanto, devido à complexidade do acordo, é imprescindível essa formalização


para que haja segurança jurídica para ambas as partes, visando o cumprimento das
obrigações pactuadas, posto que ainda, principalmente, muitos empresários não
enxergam esses trabalhadores como profissionais.
67

Outra objeção nesse caso é o fato de as contratações serem breves, tanto que as
negociações não podem se prolongar por dias, bem como ter adição de diversas
figuras nesse sentido, como advogados, agentes, especialistas, profissionais da marca
parceira, porque assim demoraria ainda mais. Muitas vezes a campanha precisa ser
célere para alcançar um público de acordo com a tendência do momento ou com o
engajamento do influenciador, entre outros motivos, é como se existisse um timing
certo para ser concretizado aquele pacto, prova disso é que muitas campanhas são
rápidas, com poucos posts, stories ou vídeos curtos, que é a tendência atual de
conteúdo, por exemplo.

Deve-se ressaltar também o outro aspecto que tem a ver com a reputação da
marca em detrimento ao profissional, visto que a divulgação parte da rede particular do
influenciador, existindo uma exposição da marca através da figura de quem a professa.
Dessa forma é possível que o comportamento do profissional em algum momento da
sua vida particular seja incompatível aos princípios da empresa parceira e isso foge ao
controle.

Caso bem conhecido que ilustra essa hipótese, foi o da influenciadora Gabriela
Pugliese, que em meio à pandemia e ao isolamento social deu uma festa em sua casa,
além de ser duramente criticada em toda internet, perdeu diversas parcerias com
grandes marcas como a BAW Cloting, Liv-up, Desinchá, Rappi e Hope, segundo ao site
O globo39. Questiona-se, será que havia uma cláusula que garantisse a saída dessas
marcas em caso de incompatibilidade de princípios? Ou as marcas pagaram multas
após reincidir os contratos? Infelizmente não há mais informações sobre o
desdobramento jurídico do caso. Entretanto, fica visível e comprovada uma das
dificuldades contratuais citadas.

39
Matéria: Gabriela Pugliese ignora isolamento social e faz festinha em casa, disponível em:
https://oglobo.globo.com/ela/gente/gabriela-pugliesi-perde-patrocinios-depois-de-festa-na-pandemia-
deboche-nas-redes-24395695?versao=amp
68

As partes desse tipo de contratação vão além do influenciador e da marca,


também podem ser agências de influenciadores e de publicidade, que podem se
relacionar de formas diferentes dentro desses acordos, em diversas combinações entre
elas, com diferentes arranjos, dependendo de suas necessidades.

4.1 CLÁUSULAS IMPORTANTES

Inicialmente ressalta-se que algumas cláusulas são imprescindíveis para os


contratos de marketing de influência, algumas dessas a seguir não podem estar
ausentes em conjuntura nenhuma desses acordos.

É necessário que o instrumento contenha instruções referentes às políticas e


práticas de compliance da marca, para que sejam cumpridas e crie comprometimento
por parte do contratado. Em ato contínuo, é importante prezar pela confidencialidade
das informações descritas no contrato, bem como de possíveis dados que estejam
disponíveis, mesmo que não sejam usados na divulgação.

Fala-se também, sobre conteúdo adicional, em caso do influenciador associar


uma informação errada ou conflitante com a política da empresa parceira, que seja
possível requerer a retirada de tal explanação da rede social. Bem como que ao
influenciador seja garantida a possibilidade de uso da marca em seus conteúdos. Em
caso de conteúdo indesejado, quando o comportamento da parte divulgadora for
vexatória mesmo no que tange a sua vida pessoal e com isso incidir na imagem da
empresa, que seja possível a esta se desvincular sem arcar com multas. Situação
descrita semelhante à ilustração da Influenciadora Gabriela Pugliese citado
anteriormente.
69

Em caso de lives e eventos, faz-se necessário que anteriormente seja


compartilhado com o influencer um repertório a ser seguido, para que não haja
desavenças futuras sobre o comportamento do mesmo durante as situações descritas.

Os direitos da personalidade também precisam estar presentes nas cláusulas.


Sabe-se que são direitos defesos na Constituição Federal e no Código Civil Brasileiro,
que não podem ser cedidos, só autorizado o seu uso por terceiros, por um período
estabelecido, visto que são intransmissíveis e irrenunciáveis. Assim, caso tal uso não
esteja previsto e discriminado especificamente como e por quanto tempo ocorrerá, a
marca não poderá fazer utilização da imagem, voz ou nome do influenciador, sob pena
de ter que indeniza-lo.

Outro elemento importante são os direitos autorais aplicados sobre os conteúdos


produzidos pelo influenciador, protegidos pela Constituição Federal e na Lei de Direitos
Autorais, nesse caso o autor possui a garantia desde que cria seus conteúdos, além de
ter direitos morais e patrimoniais sobre eles. Sabe-se desta forma que o direito
patrimonial do influenciador sobre os conteúdos produzidos pode ser cedido às marcas
parceiras. E que o mesmo não se confundi com os direitos da personalidade.

O manual da Baptista luz também prevê, algumas outras cláusulas importantes a


serem anexadas nesses tipos de contratos, vejamos na figura a seguir:

Figura 10 – Cláusulas recomendáveis ao contrato de marketing de influência


70

(extraído do site de endereço eletrônico do Manual Jurídico da Baptista luz)

Pode-se considerar a grande necessidade em se especificar os contratos desse


tipo, bem como as suas negociações por apresentarem tamanha riqueza de detalhes,
certamente um acordo de marketing de influência necessita de um profissional célere,
bem informado e atento aos detalhes desse tipo de serviço. É possível encontrar ao
pesquisar em sites de buscas, diversos modelos de contratos sobre o tema, no entanto,
a maioria deles fogem as especificidades apresentadas nesse trabalho em comento.

4.2 ANÁLISE DE PEÇA CONTRATUAL

A título de tornar tal tipo de contrato mais ilustrado nesta pesquisa, observa-se a
seguir, alguns trechos de um acordo entre um influenciador e uma marca, sem o
detalhamento de dados particulares, tendo sido o documento cedido, devidamente por
ambas as partes, é necessário ressaltar que a peça contratual pode ser encontrada em
sua totalidade, anexada ao fim do texto, após as referências, descrito como “ANEXO B
- INSTRUMENTO PARTICULAR DE PATROCÍNIO E OUTRAS AVENÇAS”.
71

Inicialmente as observações a serem feitas sobre o contrato se baseiam no fato


de ser descrito como um acordo de patrocínio com contraprestação, não um contrato
de prestação de serviço, com o produto como pagamento, o que é denominado como
permuta pelos influenciadores. Como se pode observar na cláusula 3ª:

“Cláusula 3ª – Como contraprestação, a PATROCINADA fará a


exposição da marca da PATROCINADORA no seu perfil do Instagram,
divulgando a marca da PATROCINADORA, nas legendas de fotos,
stories incluindo o tag @XXXXXXX, que direcione o visitante para a
página da PATROCINADORA (...) ” (Trecho do ANEXO B - Instrumento
Particular de Patrocínio e Outras Avenças)

No documento em análise joias de prata são o pagamento da influenciadora


digital, o seu trabalho é fazer a divulgação das peças nos trâmites oferecidos pela
marca, no entanto os conteúdos produzidos para essa divulgação também serão
produzidas por ela, salientando mais uma vez a necessidade de descrever a relação
jurídica como prestação de serviço, não como patrocínio. A cláusula 8ª caracteriza
como se dará a contraprestação: “A PATROCINADA é responsável pelas fotos e pelo
trâmite de publicação e divulgação da marca da PATROCINADORA.” (Trecho do
ANEXO B - Instrumento Particular de Patrocínio e Outras Avenças)

O documento garante a autonomia do influencer ao produzir e divulgar os


conteúdos exigidos pela marca, tal descrição possui grande importância, visto que não
gera subordinação, que é um elemento essencial para o reconhecimento de vínculo
empregatício, como descrito na cláusula 10, inciso I, que é direito da patrocinada
“Possuir autonomia na gestão do seu perfil no Instagram e na divulgação de suas fotos
e imagens”. (Trechos do ANEXO B - Instrumento Particular de Patrocínio e Outras
Avenças). Após tal observação, na cláusula 19 é possível encontrar mais um reforço
72

em relação ao reconhecimento de vínculo de emprego, descrevendo que em hipótese


nenhuma a relação configurará como tal, pela natureza jurídica que possui.

Pode-se considerar que as ressalvas trabalhistas são cláusulas que necessitam


de grande notoriedade nesse tipo de acordo, tais especificidades serão devidamente
exploradas no próximo capítulo dessa pesquisa.

O pacto também salienta sobre o comportamento do influenciador ao manusear o


nome da empresa durante a divulgação e em seu conteúdo na cláusula 12, inciso III
“Garantir que suas fotos e imagens não representem qualquer ato hostil, violento,
humilhante ou vexatório contra terceiros, eximindo, desde já, a PATROCINADORA, por
qualquer evento danoso a terceiros, respondendo pessoalmente por eventuais danos
causados.” (Trechos do ANEXO B - Instrumento Particular de Patrocínio e Outras
Avenças).

Ato contínuo assevera sobre rescisão contratual em caso de situações que


ocorram na vida pessoal do influenciador, como no exemplo deliberado outrora nesse
trabalho, com o caso da Gabriela Pugliese. No contrato em análise tal situação
encontra-se expressamente descrita na cláusula 16, “A PATROCINADORA poderá
rescindir unilateralmente o presente instrumento, sem qualquer indenização financeira,
caso a PATROCINADA seja condenada pela prática de qualquer crime ou por qualquer
atitude que desabone sua imagem.” (Trechos do ANEXO B - Instrumento Particular de
Patrocínio e Outras Avenças).

No quesito sigilo, a única ressalva feita é sobre ceder o instrumento analisado


sem prévio consentimento das partes, na cláusula 23. Deveriam ser acrescentados os
dados que podem vir a surgir ou a serem usados nessa relação jurídica, bem como
qualquer outro fato que não necessite ser de conhecimento público, ou precise ser
usado no momento da divulgação.
73

Situação que será deliberada nos próximos capítulos desta pesquisa é o direito
tributário que incide sobre os influenciadores, e sobre isso a cláusula 18 do documento
assevera que “Todos os impostos, taxas e contribuições que incidam ou venham a
incidir sobre o objeto deste contrato, serão de responsabilidade exclusiva daquele que
possuir a obrigação legal de efetuar seu recolhimento.” (Trechos do ANEXO B -
Instrumento Particular de Patrocínio e Outras Avenças). Visto que, a obrigação é do
influenciador, mas também pode ser realizada pela marca parceira.

O instrumento em tela necessita de algumas adições de cláusulas, como as que


foram descritas no subcapítulo anterior, comete algumas falhas, como não deixar claro
que tal relação é uma prestação de serviço e não um simples patrocínio, no entanto
traz em seu corpo textual, ressalvas intrínsecas a esse tipo de relação jurídica. O
objetivo da análise cumpre-se ao ser demonstrada a precariedade contratual apontada.

5 ASPECTOS TRABALHISTA

Como observado, a profissão é considerada recente no mercado, mesmo


apresentando um histórico de trabalhos anteriores em blogs e vlogs, como explanado
nesta pesquisa anteriormente. Além disso, não possui regulamentação específica,
ostenta diversos projetos de lei fracassados e os que ainda tramitam denotam em sua
maioria inconsistência e ausência de aprofundamento sobre a matéria, visto que tal
assunto possui escassez de literatura jurídica brasileira.

Por sua vez, essa carência legislativa pode ser suprida com regras do
ordenamento jurídico brasileiro, são elas: a Garantia Constitucional de Liberdade de
Expressão, Direitos da Personalidade, entre outras regras da Constituição Federal
Brasileira que incidirem no caso concreto, o Marco Civil da Internet, regras sobre
prestação de serviço e outras também contidas no Código Civil, Lei de Direitos
Autorais, Código de Defesa do Consumidor, normas de Autorregulamentação
74

Publicitária, Politicas de Publicidade e Termos de Uso das Plataformas Digitais, e


outras também que se adequem e sejam necessárias às situações.

Uma grande preocupação no sentido dos contratos desse tipo de trabalho é evitar
que os requisitos legais que caracterizam o vínculo empregatício (pessoalidade,
onerosidade, subordinação e habitualidade) sejam aplicados à situação, dada à
velocidade que esses acordos começam e se findam, visto que muitas parcerias
comerciais entre influenciadores e marcas não se perduram no tempo, além dessas
empresas não serem exclusivamente as únicas parcerias desses agentes, mesmo que
tal cláusula esteja discriminada no pacto, de forma que na maioria das vezes essa
prestação de serviço calcada nos termos acima, não apresenta também os outros
requisitos descritos, salvo algumas exceções.

Entretanto, no caso dos embaixadores da marca, que é quando o influenciador é


contratado para representar a empresa por um longo tempo, ser exclusivo e cumprir
obrigações mais complexas e até periódicas. Há mesmo assim uma ressalva no que
tange ao vinculo empregatício, visto que geralmente o influencer continua possuindo
autonomia, independência e escolhendo como dirigir as suas produções de conteúdo
no que tange à forma e ao tempo, não seguindo tais termos pode-se interpretar nesse
caso que há a existência de subordinação, dessa forma se o contratante quiser
extinguir tal autonomia do contratado, essa relação poderá ser reconhecida como
relação empregatícia.

É possível analisar que mesmo que a marca aja da forma sinalizada à cima no
contrato, porém na prática faça de outra forma, eliminando, por exemplo, a autonomia
do influenciador e que isso seja constatado, o vínculo empregatício será reconhecido.
Visto que esse tipo de trabalho se baseia justamente na espontaneidade de produção
do agente, e quando isso é de alguma forma cortado, se extingue o sentido do
trabalho. A maioria dos influenciadores possui liberdade no seu trabalho e a marca já
contrata sabendo sobre isso, é algo totalmente comum ao mercado publicitário atual.
75

Por fim, a característica do trabalho do influenciador digital é na maioria das vezes


a celeridade de acordos para prestação de serviços, autonomia, ausência de vinculo
empregatício e a compra de um serviço artístico, do qual a marca possui clareza da
forma que ocorrerá, não podendo cercear a liberdade do prestador de serviço, sob
pena de ter o vinculo de emprego reconhecido, sendo que este também não é o
objetivo do influenciador, por não trabalhar sempre com exclusividade e isso nem
sempre ser vantajoso, visto que pode atrapalhar futuros trabalhos que sejam mais
interessantes em vários aspectos, justamente por não existirem tabelas e cada um
apresentar seu preço de acordo com critérios próprios.

6 ASPECTOS TRIBUTÁRIOS

O fato dos influenciadores digitais prestarem uma diversidade de serviços, faz


com que os impostos aplicados a essas atividades sejam de “qualquer natureza”, que
são eles: o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e o Imposto Sobre a
Renda de Qualquer Natureza (IR).

Embora haja distinção entre pessoa jurídica e pessoa física, é perceptível, pelo
nível de informalidade que circunda esses profissionais e como descrito na
classificação outrora exposta nesta pesquisa, que a maioria dos influenciadores que
trabalham com esse tipo de formalidade são os mega e macro, se utilizando de
agências e assessores que são cadastrados como pessoa jurídica, enquanto os
menores influencers trabalham como pessoa física.

O Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) é exigido quando há


prestação de serviços descritos na Lei Complementar 116/200340, alterada pela LC

40
Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp157.htm
76

157/201641, que integrou a lista de serviços que podem ser tributados, porém possui
competência municipal, assim cada município precisa criar sua lei sobre o imposto.
“Várias capitais, tais como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre já incluíram em
suas leis municipais serviços equivalentes àqueles prestados por influenciadores
digitais.” (Manual Jurídico Influenciadores Digitais – BAPTISTA LUZ, p. 46). Via de
regra, o contribuinte é o próprio influenciador digital, no entanto os municípios podem
dispor que a marca parceira que recolha o tributo.

Já o Imposto Sobre a Renda de Qualquer Natureza (IR), é exigido quando há


renda, ganho de capital ou provento de qualquer natureza e para que seja cobrado,
basta apenas serem auferidos tais bônus monetários descritos. Assim como o anterior,
ambas as partes podem ser responsáveis pelo recolhimento, tanto o influenciador
quanto a empresa é preciso que estejam atentos a tal necessidade.

Pode-se considerar que tais hipóteses de tributo claramente, só ocorrem no caso


dos grandes influenciadores. Como pode ser ilustrado na pesquisa descrita a seguir.
Ao serem perguntados: “Já precisou pagar algum imposto por trabalhar como
influenciador?”. Apenas 3,3% votaram que sim e os 96,7% votaram que nunca
pagaram impostos por exercer tal atividade. Observa-se a seguir:

GRÁFICO 7 – PESQUISA: Já precisou pagar algum imposto por trabalhar como


influenciador?

41
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp157.htm
77

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

“É melhor ter trabalho de pesquisa imperfeito a não


ter trabalho nenhum.”
(RICHARDSON, Roberto Jarry. 2015)

A realidade do influenciador digital brasileiro envolve uma profissão que ainda não
foi reconhecida como tal, e que principalmente quando longe dos holofotes de milhões
de seguidores, sofrem mais ainda com desvalorização e exploração laboral. Em vista
da evolução do mundo digital durante as décadas passadas e toda a repercussão que
essas figuras geram e geraram durante esse tempo, o reconhecimento jurídico já
ultrapassa a sua hora, em não apresentar legislação cabível sob o caso. O direito
78

apresenta uma fonte forte de ação e mudança, que são os costumes, de forma que se
a sociedade se transforma o mundo jurídico acompanha. No entanto após anos e
projetos de leis fracassados a regulamentação para influenciadores brasileiros não
existe.

O estudo se propôs a descrever o cenário real do influencer no país, que vai


muito além dos nomes grandes que são manchetes diárias na internet. Incluindo
durante algumas partes do texto uma pesquisa orgânica feita pela autora, tendo como
alvo, influenciadores, que possuem no máximo 100 (cem) mil seguidores, o objetivo era
demonstrar a tese de que os micro e nano influencers, são mais prejudicados pela
ausência de regulamentação do que os maiores, que possuem assistência em todos as
áreas necessárias de trabalho.

Os resultados confirmaram categoricamente que influenciadores menores, são


explorados pelas marcas, muitas vezes não possuem reconhecimento em relação ao
seu trabalho, são vítimas de informalidade contratual, além de não possuírem suporte
das empresas parceiras, não recebem remuneração suficiente para o seu sustento, e
no meio de todas essas mazelas, fortalecem a cada dia mais o mercado publicitário
brasileiro.

Pode-se considerar que as regras de autorregulamentação publicitária, foram


feitas com objetivo de preservar o mundo publicitário diante de possíveis prejuízos
causados pela divulgação do influenciador, a argumentação dessas regras se baseia
no Código de Consumidor, visto que durante o crescimento dessa classe profissional,
muitos clientes fizeram reclamações oficiais sobre propaganda enganosa. No entanto o
Código da ABRADI, diferente do Guia do CONAR, fez menção à necessidade das
relações jurídicas entre marcas e influenciadores serem formalizadas através de um
instrumento de contrato.

Ainda sobre considerações de regras e sugestões, a obra que se aproxima mais


da urgente necessidade apresentada nessa pesquisa foi o Manual Jurídico da Baptista
79

Luz, que delineou os pontos mais importantes a serem discutidos e analisados neste
caso, apresentando uma experiência sobre as relações jurídicas dos influenciadores
com as marcas e com o público. O que não foi possível encontrar nos projetos de leis
analisados nesse trabalho, a maioria dos que não foram retirados pelos autores
demonstram uma ausência de conteúdo e aprofundamento do caso grotesco. A
experiência legislativa sobre o caso se ateve a maioria do tempo ao reconhecimento
dos influenciadores como profissionais, a descrição pura do que seria a atividade
realizada por eles, em alguns casos foram confundidos com jornalistas, algumas vezes
sendo exigida graduação para tal, descaracterizando a atividade, visto que existem
influenciadores de todas idades, níveis escolares, pessoas que se sustentam graças a
essa habilidade.

A ineficiência legislativa fez surgir sindicatos que também estão em estágio


tramitação, mas que possuem o objetivo de movimentar os influenciadores no sentido
do progresso, ou seja, de induzir a feitura de uma regulamentação eficaz e condizente
com a realidade desses agentes.

Houve também nesse trabalho análise passando pelas óticas contratual,


trabalhista e tributária, demonstrando ainda mais a seriedade da figura do influenciador,
que pela ausência de regras próprias, precisa utilizar diversas outras leis do
ordenamento, para garantir um pouco de segurança jurídica nas relações e que ainda
sim, muitas vezes não se encaixam perfeitamente à sua necessidade.

Diante do exposto, pode-se considerar, que a vivência dessa profissão é bem


mais complexa do que aparenta, se desdobrar entre, criador de conteúdo, marqueteiro,
produtor, maquiador, fotógrafo, filmaker, social media, divulgador e mais alguns outros
papéis e ainda precisar cuidar das relações negociais e contratuais sozinho, ou seja,
executar diversos trabalhos, que a pouco tempo eram executados por mais de uma
equipe, é algo desgastante, oneroso e demanda um gasto de tempo que não se pode
mensurar, por envolver processo criativo. De forma que um serviço como esse, merece
uma base de regras sólidas para oferecer segurança jurídica e dignidade ao
80

trabalhador que o executa, o que infelizmente ainda não existe no Brasil, espera-se que
após tantas movimentações nesse sentido, seja criada em pouco tempo, uma
regulamentação completa e feita com ajuda de especialistas e trabalhadores desta
área.

8 REFERÊNCIAS

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Editora Dialética, 2021. Capítulo: Influenciadores digitais.

KARHAWI, Issaaf. Influenciadores Digitais: Conceitos e Práticas em Discussão.


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páginas 46 à 61. https://www.researchgate.net/profile/Issaaf-Karhawi-
2/publication/341983923_Influenciadores_digitais_conceitos_e_praticas_em_discussao
/links/5edc396245851529453facb9/Influenciadores-digitais-conceitos-e-praticas-em-
discussao.pdf

ANDRADE, Andressa Bizutti. O Marketing de Influência na Comunicação


Publicitária e Suas Implicações Jurídicas. Revista Internetlab, Internet & Sociedade,
Volume 1, número 2, dez 2020, paginas 31 à 53. https://revista.internetlab.org.br/wp-
content/uploads/2020/12/O-marketing-de-influe%CC%82ncia.pdf

Pesquisa realizada pela Forbes, disponível em:


https://www.forbes.com/sites/deeppatel/2017/04/21/how-to-measure-the-roi-of-
aninfluencer-marketing-campaign/?sh=1000e9406348

Nota publicada na Edição 1149 da revista Dinheiro, sobre pesquisa realizada pela
empresa de marketing de influência Spark em parceria com o Instituto Qualibest, de
81

pesquisas on-line, disponível em: https://www.istoedinheiro.com.br/os-brasileiros-e-os-


influenciadores-digitais/amp/

TEIXEIRA, Diogo Valpassos Knust e SILVA, Phelipe de Oliveira da Silva, Marketing


Digital: Marcas e Influenciadores, Rio de Janeiro: Projeto de Graduação apresentado
ao Curso de Engenharia de Produção - UFRJ/ Escola Politécnica, 2017.
http://repositorio.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10021452.pdf

Texto de Carla Bittencuort, 17/06/2021, para o site metrópoles: Camilla de Lucas segue
Juliette e assina contrato milionário. Reportagem sobre contrato milionário entre a
influenciadora Camilla de Lucas e as Lojas Americanas, Disponível em:
https://www.metropoles.com/colunas/o-melhor-da-tv/camilla-de-lucas-segue-juliette-e-
assina-contrato-milionario?amp

Lei do Marco Civil da Internet, disponível:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-


2014/2014/lei/l12965.htm

Constituição Federal do Brasil de 1988, disponível:


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

Código de Conduta Para Agencias Digitais na Contratação de Influenciadores ABRADI,


2017, Disponível em: https://abradi.com.br/wp-content/uploads/2017/07/Abradi-
Influenciadores.pdf

Guia de Publicidade por Influenciadores Digitais - CONAR, 2021 disponível em:


http://conar.org.br/pdf/CONAR_Guia-de-Publicidade-Influenciadores_2021-03-11.pdf

Manual Jurídico: Influenciadores Digitais - Baptista Luz advogados, 2021, disponível


em:https://baptistaluz.com.br/wp-content/uploads/2021/08/Bluz_manual-
influenciadores-digitais.pdf
82

PROJETO DE LEI Nº 4.289/2016, disponível em:


https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=C1BF04DD
B8A52655C1C2427B20DFB3C0.proposicoesWebExterno1?codteor=1433239&filenam
e=Avulso+-PL+4289/2016

PROJETO DE LEI Nº 8569/2017, disponível em:


https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=node0egse
jbwrov81izcjk66x9i8n11880534.node0?codteor=1597050&filename=Tramitacao-
PL+8569/2017

PROJETO DE LEI Nº 10.987/2018, disponível em:


https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1689532&file
name=Tramitacao-PL+10937/2018

PROJETO DE LEI Nº 1138/2022, disponível em: https://legis.senado.leg.br/sdleg-


getter/documento?dm=9139631&ts=1653002641930&disposition=inline

PROJETO DE LEI Nº 929/2020, disponível em:


https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=1870172&file
name=Tramitacao-PL+929/2020

PROJETO DE LEI Nº 3130/2021, disponível em:


https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2072442&file
name=Tramitacao-PL+3130/2021

PROJETO DE LEI Nº 1282/2022, disponível em:


https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2171583&file
name=Tramitacao-PL+1282/2022

PROJETO DE LEI Nº 1335/2022, disponível em:


83

https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra?codteor=2174197&file
name=Tramitacao-PL+1335/2022

Texto de Marcio Ehrlich, para o site Janela Publicitária: “Influenciador quer virar
profissão e já criar sindicato.” https://www.janela.com.br/2022/05/09/influenciador-quer-
virar-profissao-e-ja-criar-sindicato/

Texto de Tainá Andrade, 22/05/2022, para o site correio brasiliense: influência dores
fazem impressão para regulamentação da profissão
https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2022/05/amp/5009711-influenciadores-
fazem-pressao-pela-regulamentacao-da-profissao.html

Matéria do site o globo 27/04/2020: Gabriela Pugliese ignora isolamento social e faz
festinha em casa, disponível em: https://oglobo.globo.com/ela/gente/gabriela-pugliesi-
perde-patrocinios-depois-de-festa-na-pandemia-deboche-nas-redes-
24395695?versao=amp

OLIVEIRA, Emily Angela, graduanda em direito pela Universidade Federal da Bahia,


Pesquisa feita para o Trabalho de Conclusão de Curso, Sobre A Vida Do Influenciador
Digital Pesquisa Sobre A Vida Do Influenciador Digital, junho de 2022.
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9. ANEXOS

9.1 ANEXO A – PESQUISA SOBRE A VIDA DO INFLUENCIADOR DIGITAL


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9.2 ANEXO B – INSTRUMENTO PARTICULAR DE PATROCÍNIO E OUTRAS


AVENÇAS

DAS PARTES De um lado, xxxxxxxxxxxx, pessoa jurídica de direito privado,


devidamente inscrita no CNPJ sob no. xxxxxxxxxx, com sede na xxxxxxxx, neste ato
representada por sua sócia proprietária xxxxxxxxxxxxxxxx, portadora da cédula de
identidade RG no. xxxxxxxxxxxxx, devidamente inscrita no CPF sob no. xxxxxxxxxx,
doravante denominada PATROCINADORA, e, de outro lado, xxxxxxxxxxxxxxxx,
brasileira, solteira, estudante, portador da cédula de identidade RG no. xxxxxxxxxx,
devidamente inscrita no CPF sob no. xxxxxxxxxxxx, residente e domiciliada
xxxxxxxxxxxxxxxx, na cidade de Salvador, CEP 40.450-205, doravante denominada
como PATROCINADA,

(i) CONSIDERANDO que o presente instrumento define as questões gerais da


relação de patrocínio entre as partes;
(ii) CONSIDERANDO que a PATROCINADORA enviará joias de prata à
PATROCINADA, que fará exposição da marca da PATROCINADORA como
contraprestação;
(iii) CONSIDERANDO que as remessas de joias serão feitas periodicamente;
(iv) CONSIDERANDO que o valor das joias enviadas como patrocínio definirá a forma
de exposição da marca da PATROCINADORA como contraprestação pela
PATROCINADA;
(v) CONSIDERANDO que as questões particulares de cada envio de joias e sua
respectiva contraprestação em exposição da marca serão definidas em
instrumentos anexos ao presente e por correspondência eletrônica (e-mail);

Pelo presente Instrumento Particular de Patrocínio e Outras Avenças que firmam


entre si, pactuam o patrocínio para modelo, mediante os termos estabelecidos nas
cláusulas seguintes:
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DA LEGISLAÇÃO APLICÁVEL

Cláusula 1ª – O presente Instrumento Particular de Patrocínio e Outras Avenças é


celebrado com fulcro na Lei n° 10.406 de 10 de janeiro de 2002.

DO OBJETO

Cláusula 2ª – O presente instrumento particular tem como objeto o patrocínio da


PATROCINADORA à PATROCINADA, pelo qual a PATROCINADORA dará joias de
prata de sua marca à PATROCINADA, nas condições previstas nos Anexos e nos
emails.

Cláusula 3ª – Como contraprestação, a PATROCINADA fará a exposição da marca da


PATROCINADORA no seu perfil do Instagram, divulgando a marca da
PATROCINADORA, Aroeira Pratas, nas legendas de fotos, stories incluindo o tag
@XXXXXXX, que direcione o visitante para a página da PATROCINADORA, ou pela
exposição de seu logo, nos termos dos Anexos e dos e-mails, sendo vedada qualquer
alteração no logo, nome ou tag, sem prévia e expressa autorização da
PATROCINADORA.

§ 1º - Para cada remessa de joias à PATROCINADA, a PATROCINADORA terá o


direito a uma quantia predeterminada de fotos a serem publicadas, nos termos dos
Anexos e dos e-mails.

§ 2º - As características das fotos das joias enviadas pela PATROCINADORA a serem


publicadas nas páginas da PATROCINADA serão definidas nos Anexos e nos e-mails,
sempre vinculando a marca da PATROCINADORA, por meio do tag @XXXXXX.

DA FORMA DE ENVIO DE PRODUTOS DE PATROCÍNIO


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Cláusula 4ª – A PATROCINADORA fará uma seleção prévia de algumas joias e


enviará as fotos das peças com seus respectivos valores para a PATROCINADA por
meio eletrônico (whatsapp), que terá o prazo definido no Anexo ou no e-mail para fazer
a escolha das peças.

Cláusula 5ª – Após a escolha feita pela PATROCINADA, esta comunicará, a


PATROCINADORA, que formalizará, via e-mail, as joias que serão enviadas, seus
respectivos valores e as obrigações de contraprestação de divulgação da marca da
PATROCINADA, tornando-se o e-mail parte integrante deste instrumento.

Cláusula 6ª – A PATROCINADORA enviará as joias selecionadas, via Sedex, no prazo


definido no Anexo ou no e-mail, após a concordância da PATROCINADA.

Cláusula 7ª – A PATROCINADORA repetirá as etapas para envio de um novo lote de


joias, dentro do prazo de antecedência do final do prazo de divulgação das fotos do lote
de joias enviadas definido por e-mail.

Cláusula 8ª – A PATROCINADA é responsável pelas fotos e pelo trâmite de publicação


e divulgação da marca da PATROCINADORA, devendo sempre seguir os moldes de
divulgação da marca.

DOS DIREITOS

Cláusula 9ª – São direitos da PATROCINADORA:

I – Ter sua marca exposta e vinculada à imagem da PATROCINADA, nos termos dos
Anexos, de acordo com o lote de joias enviadas;
II – Divulgar, da forma como lhe convier, o patrocínio existente vinculado à
PATROCINADA;
III – Receber via comunicação eletrônica, quaisquer comentários feitos diretamente à
PATROCINADA que digam respeito as sua joias.
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Cláusula 10 – São direitos da PATROCINADA:


I – Possuir autonomia na gestão do seu perfil no Instagram e na divulgação de suas
fotos e imagens, buscando a manutenção de seu padrão de qualidade, respeitando as
regras de divulgação da marca;
II – Receber o lote de joias escolhidas como forma de patrocínio na data acordada;

DAS OBRIGAÇÕES

Cláusula 11 – São obrigações da PATROCINADORA, além das demais previstas neste


instrumento.
I – Fornecer à PATROCINADA todos os materiais e logos necessários, com a
antecedência exigida, para a produção dos materiais publicitários e de comunicação;
II – Enviar os lotes de joias com pontualidade;
III – Submeter à aprovação da PATROCINADA as joias que serão enviadas, seus
valores e a forma da contraprestação;
Parágrafo único – Caso a PATROCINADORA descumpra as obrigações ora previstas,
a PATROCINADA fica desobrigada à exposição de sua marca em suas fotos e
imagens no Instagram.

Cláusula 12 – São obrigações da PATROCINADA, além das demais previstas neste


instrumento.
I – Garantir a divulgação da marca da PATROCINADORA, nos termos previamente
acordados e expostos no presente instrumento;
II – Garantir a legalidade das fotos e imagens divulgadas para que não contrariem a
moral e os bons costumes, sob pena de responder por eventuais perdas e danos a
terceiros.
III – Garantir que suas fotos e imagens não representem qualquer ato hostil, violento,
humilhante ou vexatório contra terceiros, eximindo, desde já, a PATROCINADORA, por
qualquer evento danoso a terceiros, respondendo pessoalmente por eventuais danos
causados.
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Parágrafo único – Caso a PATROCINADA descumpra as obrigações ora previstas, a


PATROCINADORA fica desobrigada a enviar as joias de sua marca.

DO PRAZO DE DURAÇÃO CONTRATUAL

Cláusula 13 - O presente contrato de patrocínio terá prazo de duração de 06 (seis)


meses a partir da data de sua assinatura, podendo ser renovado por igual período
mediante manifestação expressa de vontade das partes.

DA RESCISÃO E PENALIDADES

Cláusula 14 – No caso de desistência do patrocínio por qualquer das partes, a parte


que der causa deverá comunicar a outra por escrito, devendo as partes cumprirem as
obrigações decorrentes das joias enviadas até o momento da comunicação.

Cláusula 15 – Caso a PATROCINADA não cumpra as obrigações decorrentes do lote


de joias que receber da PATROCINADORA, esta deverá efetuar a imediata devolução
de todas as peças recebidas, que serão listadas no respectivo Anexo.

Cláusula 16 – A PATROCINADORA poderá rescindir unilateralmente o presente


instrumento, sem qualquer indenização financeira, caso a PATROCINADA seja
condenada pela prática de qualquer crime ou por qualquer atitude que desabone sua
imagem.

DO CASO FORTUITO E DA FORÇA MAIOR

Cláusula 17 – Em decorrência de casos fortuitos ou por motivos de força maior, o não


cumprimento ou não observância dos termos aqui contidos, por qualquer uma das
Partes, obsta qualquer reclamação da outra parte, não sendo o fato considerado como
uma violação do presente contrato ou dos seus termos aditivos.
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Parágrafo Único – Desde que a parte tenha sido diligente no cumprimento de suas
obrigações contratuais, o fato prejudicial que se der por caso fortuito ou por motivo de
força maior, não responsabilizará nenhuma das partes perante a outra por quaisquer
custos diretos ou indiretos incorridos durante o período ou como resultado disto.

DAS OBRIGAÇÕES TRIBUTÁRIAS E TRABALHISTAS

Cláusula 18 – Todos os impostos, taxas e contribuições que incidam ou venham a


incidir sobre o objeto deste contrato, serão de responsabilidade exclusiva daquele que
possuir a obrigação legal de efetuar seu recolhimento.
Cláusula 19 – Pela natureza jurídica da relação entre as partes prevista neste
instrumento, não haverá, sob qualquer hipótese, a configuração de vínculo trabalhista
entre PATROCINADA e PATROCINADORA.

DAS DISPOSIÇÕES GERAIS

Cláusula 20 – Este contrato passará a viger no momento de sua assinatura, ficando as


partes vinculadas a tudo que está estipulado nas cláusulas acima expostas.

Cláusula 21 – As partes reconhecem e acordam que as condições constantes neste


Contrato refletem as suas pretensões e interesses comerciais.

Cláusula 22 – Todas as comunicações referentes ao presente Contrato deverão ser


efetuadas por escrito, ou por correspondência eletrônica (e-mail), servindo estes como
provas, diretamente junto à outra parte, nos endereços constantes no Preâmbulo do
presente Contrato, ou pelos seguintes endereços eletrônicos:

PATROCINADA – email
PATROCINADORA – email
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Parágrafo único – Declaram as partes que os endereços informados são pessoais,


protegidos por senhas pessoais e regularmente acessados, garantindo a eficácia e
legitimidade do meio de comunicação de condições referentes ao presente
instrumento.

Cláusula 23 – Por força do escopo deste contrato, as partes reconhecem e aceitam que
não poderão ceder a terceiros, parcial ou totalmente, o presente Contrato, sem o
consentimento prévio e por escrito da outra parte.

Cláusula 24 – A tolerância por qualquer das partes em relação a eventuais violações do


presente contrato ou sua omissão no exercício de qualquer direito outorgado pelo
mesmo, não será considerada como novação ou renúncia em relação a possíveis
violações futuras, de mesma natureza ou não, ou ao exercício por de qualquer direito
futuro conferido por este instrumento.

DO FORO

Cláusula 25 - Fica eleito o Foro da Comarca de Campinas/SP., para dirimir quaisquer


disputas ou controvérsias oriundas deste contrato, renunciando a qualquer outro, por
mais privilegiado que seja. Por estarem justos e contratados, assinam o presente
instrumento em 02 (duas) vias de igual teor e forma, para um só fim, juntamente com
02 (duas) testemunhas, a tudo presentes e cientes, vinculando não só as partes
contratantes mas também seus eventuais sucessores legais, para o cabal e fiel
cumprimento do ora avençado.

Campinas, 28 de Março de 2022.

ASSINATURA DA PATROCINADORA
ASSINATURA DA PATROCINADA
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10. GLOSSÁRIO

ENGAJAMENTO – é a forma de medir o nível de interação dos seguidores com o


conteúdo de um perfil, avaliando o interesse que a conta desperta no público.

VLOG – Nada mais é que um blog. Porém, em vez de usarem textos para expressar as
suas opiniões, os autores contam com o apoio dos vídeos para compartilhar ideias
sobre diversos assuntos.

BLOG – É uma espécie de diário online que aborda um assunto específico escolhido
pelo seu autor. É apresentado em texto, mas pode conter imagens, fotos, vídeos ou
outras mídias que o autor considere importante para o assunto.

PERMUTA – Quando a empresa oferece produtos ou serviços em troca da criação de


conteúdo do influencer.

PARCERIA – Uma espécie de acordo entre um influenciador digital e uma empresa


que deseja divulgar sua marca de alguma forma. Ou, até mesmo, entre duas marcas.

RECEBIDOS – É o ato de mostrar, principalmente nos stories do instagram, os


produtos que as marcas enviam como presentes, ou mimos.

“K” – Equivalente a mil seguidores.

SOCIAL MEDIA – Profissional que fica responsável pela gestão dos perfis de redes
sociais, lidando com a atualização e geração de conteúdo para atrair seguidores em
páginas de empresas, marcas ou personalidades.

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