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1 INTRODUÇÃO
Tema em voga no Brasil, nos últimos meses o transporte público tem sido
alvo de grandes discussões e manifestações ao redor do país. Entretanto, esta não
é uma questão recente. Trata-se de um problema instalado há muitos anos no dia a
dia do brasileiro que, na maioria das vezes, se queixa do fato de os veículos estarem
transitando com número de passageiros acima da capacidade estipulada e das
condições precárias em que se encontram grande parte da frota de veículos. Se esta
já era uma insatisfação da sociedade, os recentes aumentos tarifários foram o
estopim que culminou em uma série de protestos que mobilizaram toda a população
brasileira em um só objetivo: reivindicar não só seus direitos como clientes que vem
pagando, e muito, por serviços de baixa qualidade, mas também reivindicar seus
direitos como cidadãos.
Cabe aqui ressaltar que um dos direitos fundamentais do cidadão é o de ir e
vir. No entanto, o que vemos é que grande parte das capitais brasileiras não tem
conseguido viabilizar esse direito de forma satisfatória. Isso porque o transporte
coletivo no Brasil enfrenta, desde sempre, uma série de problemas na área de
investimentos.
No período compreendido entre 1930 a 1980, as metrópoles brasileiras
cresceram rapidamente reflexo de uma mudança intensa pela qual passou a
economia brasileira que, por sua vez, deixou de ser agrária-exportadora para ser
industrializada. Esse processo de industrialização tardia e acelerada das grandes
cidades, principalmente na região sudeste, contribuiu para um processo igualmente
acelerado de urbanização causado em grande parte pelo êxodo rural de pessoas
que migravam do campo para as cidades. Porém, estas pessoas não tinham
condições de habitar as grandes metrópoles brasileiras (devido ao elevado valor dos
terrenos) e passaram então a buscar moradias em zonas segregadas e afastadas
dos grandes centros urbanos onde se concentravam a maior parte das ofertas de
empregos, hospitais, escolas, etc. e, assim, configurou-se a ocupação espacial das
metrópoles brasileiras: as classes de menor poder aquisitivo acabam por se
concentrar nas periferias. Surge neste momento uma elevada demanda por
transportes que permitissem que estas pessoas se deslocassem até os centros
urbanos.
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2 PLANO REAL
Anexos:
1. Notas explicativas: descreve a metodologia de cálculos dos componentes
dos custos fixos e variáveis e como conseguiu a obtenção dos
coeficientes;
2. Fatores de utilização: metodologia de cálculo dos fatores de utilização de
motoristas e cobradores, além de determinar o número de despachantes;
3. Encargos sociais: encargos sociais geralmente considerados no cálculo
da tarifa; e
4. Exemplo de cálculo: situação hipotética utilizando da metodologia para o
cálculo.
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3.1.4 Frota
Frota operante:
Quantidade de veículos que estão operando.
10
Frota total:
Soma da frota operante mais a frota reserva (5 a 15% da frota operante)
com a quantidade de ônibus em cada faixa de tempo de uso.
3.1.8 Combustível
O cálculo do custo do combustível por quilômetro é feito pela multiplicação do
preço de um litro de combustível pelo coeficiente de consumo do combustível, que é
dado através da tabela a seguir.
3.1.10 Rodagem
O começo do cálculo da rodagem é feito multiplicando os preços unitários do
pneu, da recapagem, do protetor e da câmara de ar por seis. O número de
recapagens é definido na tabela 4, e no caso dos protetores e da câmara de ar deve
ser multiplicado por dois. Após isso é feito a soma dos resultados obtidos para se ter
o custo da rodagem total, e esse valor é divido pelo tempo de vida útil de cada tipo
de veículo encontrado na tabela 5 para se encontrar o custo da rodagem por
quilômetro. Com isso, se faz a multiplicação do custo da rodagem por quilômetro
pela frota total de cada tipo de veículo, e no fim faz a soma dos valores e divide-se
pela soma total da frota com todos os veículos, obtendo assim o custo ponderado da
rodagem por quilômetro. Vale ressaltar que, no caso de veículo especial deve ser
multiplicado por 10.
4.1.5 Salários
As despesas com pessoal são agrupadas em relação a três categorias de
funcionários:
Pessoal de Operação: motorista, cobrador, fiscal e despachante de
tráfego (específico da operação semiurbana);
Pessoal de Manutenção (efetivo geral da empresa); e
Pessoal de Administração e Vendas (efetivo geral da empresa).
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Tabela 1 – Evolução das tarifas das capitais brasileiras desde o Plano Real
Evolução das tarifas das capitais brasileiras desde o Plano Real (R$)
Capitais 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Aracaju 0,36 0,36 0,50 0,60 0,70 0,80 0,80 0,90 1,00 1,20 1,30 1,45 1,55
Belém 0,26 0,26 0,40 0,50 0,55 0,60 0,70 0,85 0,85 1,00 1,15 1,15 1,25
Belo Horizonte 0,35 0,35 0,55 0,65 0,65 0,75 0,90 1,00 1,15 1,30 1,45 1,65 1,85
Boa Vista 0,36 0,45 0,70 0,70 0,75 0,90 0,90 0,90 1,10 1,50 1,50 1,50 1,80
Brasília 0,80 0,80 0,95 1,10 1,25 1,20 1,50 1,50 1,50 1,60 1,60 1,60 2,00
Campo Grande 0,39 0,39 0,52 0,63 0,70 0,70 1,00 1,15 1,15 1,70 1,70 1,80 1,90
Cuiabá 0,35 0,35 0,47 0,60 0,60 0,80 0,80 1,00 1,20 1,20 1,60 1,60 1,60
Curitiba 0,40 0,45 0,55 0,65 0,75 0,75 1,00 1,10 1,35 1,70 1,65 1,90 1,80
Florianópolis 0,30 0,30 0,40 0,50 0,60 0,65 0,75 0,85 0,95 1,25 1,50 1,60 1,75
Fortaleza 0,40 0,40 0,54 0,70 0,70 0,80 0,90 1,00 1,00 1,40 1,50 1,60 1,60
Goiânia 0,38 0,38 0,46 0,53 0,70 0,70 0,80 1,00 1,00 1,25 1,50 1,50 1,80
João Pessoa 0,29 0,29 0,39 0,50 0,55 0,60 0,70 0,75 0,85 1,05 1,15 1,30 1,45
Macapá 0,31 0,31 0,40 0,60 0,85 0,85 1,00 1,00 1,20 1,25 1,25 1,35 1,50
Maceió 0,33 0,33 0,50 0,65 0,65 0,65 0,75 0,85 1,10 1,25 1,25 1,45 1,60
Manaus 0,40 0,40 0,55 0,55 0,80 0,80 1,00 1,10 1,20 1,20 1,80 1,50 1,80
Natal 0,32 0,32 0,43 0,50 0,60 0,60 0,70 0,80 0,95 1,10 1,10 1,30 1,45
Palmas 0,45 0,45 0,45 0,60 0,60 0,60 0,75 0,75 1,00 1,40 1,40 1,40 1,70
Porto Alegre 0,37 0,37 0,55 0,55 0,60 0,70 0,80 0,95 1,10 1,45 1,45 1,55 1,85
Porto Velho 0,30 0,30 0,40 0,60 0,75 0,75 0,90 1,00 1,20 1,50 1,50 1,50 1,80
Recife 0,33 0,33 0,33 0,55 0,65 0,65 0,75 0,80 0,90 1,05 1,30 1,50 1,65
Rio Branco 0,30 0,30 0,40 0,60 0,75 0,90 1,00 1,20 1,20 1,30 1,50 1,60 1,75
Rio de Janeiro 0,35 0,35 0,50 0,55 0,60 0,70 0,80 1,00 1,10 1,30 1,50 1,60 1,90
Salvador 0,35 0,35 0,35 0,60 0,60 0,60 0,80 0,80 1,00 1,30 1,50 1,50 1,70
São Luís 0,40 0,40 0,50 0,65 0,80 0,80 1,00 1,00 1,20 1,50 1,50 1,70 1,70
São Paulo 0,50 0,50 0,65 0,80 1,00 1,25 1,25 1,25 1,40 1,70 1,70 1,70 2,00
Teresina 0,29 0,29 0,35 0,50 0,50 0,60 0,75 0,85 1,00 1,10 1,35 1,35 1,50
Vitória 0,30 0,30 0,40 0,50 0,55 0,60 0,75 0,85 1,00 1,30 1,45 1,55 1,55
Capitais 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2013 2014 2015 Var.
Antes dos Após (12/94)
prostesto protesto
s s
Aracaju 1,65 1,65 1,95 2,10 2,25 2,25 2,45 2,35 2,70 2,75
663,89%
Belém 1,35 1,50 1,70 1,85 1,85 2,00 2,20 ** 2,40 2,70
938,46%
Belo 2,00 2,10 2,30 2,30 2,45 2,65 2,80 2,65 3,10 3,40* 871,43%
Horizonte
Boa Vista 1,80 1,80 1,80 2,00 2,00 2,00 2,25 ** 2,60 2,80
677,78%
Brasília 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00 2,00
150,00%
Campo 2,00 2,10 2,10 2,50 2,50 2,70 2,85 ** 3,00 3,00 669,23%
23
Grande
Cuiabá 1,60 2,05 2,05 2,30 2,50 2,70 2,95 2,85 2,95 3,10
785,71%
Curitiba 1,80 1,90 2,20 2,20 2,20 2,50 2,85 2,70 2,85 3,30
725,00%
Florianópolis 2,10 1,98 2,20 2,20 2,38 2,70 2,90 ** 2,90 3,10
933,33%
Fortaleza 1,60 1,60 1,60 1,80 1,80 2,00 2,20 ** 2,20 2,40
500,00%
Goiânia 1,80 1,80 2,00 2,25 2,25 2,70 3,00 2,70 3,00 3,30
768,42%
João Pessoa 1,60 1,70 1,80 1,90 1,90 2,20 2,30 2,20 2,35 2,45
744,83%
Macapá 1,50 1,75 1,95 1,95 2,10 2,30 2,30 ** 2,30 2,75*
787,10%
Maceió 1,70 1,70 2,00 2,00 2,10 2,30 2,30 ** 2,50 2,75
733,33%
Manaus 2,00 2,00 2,00 2,10 2,25 2,75 3,00 2,90 3,00 3,00
650,00%
Natal 1,60 1,75 1,85 2,00 2,20 2,20 2,40 2,30 2,40 2,65*
728,13%
Palmas 1,70 1,50 1,50 2,00 2,20 2,50 2,50 ** 2,50 2,50
455,56%
Porto Alegre 2,00 2,10 2,30 2,45 2,70 2,85 2,85 2,80 2,95 3,25
778,38%
Porto Velho 2,00 2,00 2,30 2,30 2,60 2,60 2,60 ** 2,60 2,60
766,67%
Recife 1,60 1,75 1,85 1,85 2,00 2,15 2,35 2,25 2,35 2,45
642,42%
Rio Branco 1,75 1,90 1,90 1,90 2,40 2,40 2,40 ** 2,90 2,90
866,67%
Rio de 2,00 2,10 2,20 2,35 2,35 2,75 2,90 2,75 3,00 3,40 871,43%
Janeiro
Salvador 2,00 2,00 2,20 2,30 2,50 2,50 2,80 ** 2,80 3,00
757,14%
São Luís 1,70 1,70 1,70 2,10 2,10 2,10 2,10 ** 2,40 2,60
550,00%
São Paulo 2,30 2,30 2,30 2,70 3,00 3,00 3,20 3,00 3,20 3,50
600,00%
Teresina 1,50 1,60 1,75 1,75 1,90 2,10 2,10 ** 2,10 2,50
762,07%
Vitória 1,70 1,75 1,85 2,00 2,20 2,35 2,45 2,40 2,45 2,40
700,00%
Dados de 1994 a 2012 obtidos na Revista Transporte em Números- Porto algre/RS- Nº 4/ 2011. Dados de 2013 a 2014 obtidos no portal
EBC- 06/2013 e 01/2015. Dados de 2015 obtidos em VIATROLEBUS- 06/2015.
Dados de 2013 após protestos obtidos no site G1.
* Belo Horizonte- Tarifa obtida no site do BHtrans. Vigência a partir de 25/10/2015. Macapá – Tarifa obtida no site G1. Vigência a partir de
05/09/2015. Natal - Tarifa obtida no site G1. Vigência a partir de 20/07/2015
** Dados não obtidos
No ano de 2013, houve redução de impostos, que fez com que as tarifas de
transporte diminuíssem em todo o Brasil. Para que as passagens de ônibus não
tivessem grandes elevações, o governo federal zerou os impostos. Entretanto, essa
medida não ocasionou o congelamento da tarifa, fazendo com que várias prefeituras
do país, mesmo com a redução dos impostos, aumentassem a passagem. Em São
Paulo, por exemplo, o preço da tarifa subiu de R$ 3,00 para 3,20. Após os aumentos
das passagens em diversas regiões do país, os jovens tomaram as ruas das cidades
brasileiras, reivindicando não só a redução do preço do ônibus onde houve aumento
da tarifa no meio do ano, mas também nas cidades em que a tarifa do transporte foi
elevada no início do ano de 2013. Essa onda de protestos por todo o Brasil,
juntamente com a redução de impostos do governo federal, fez com que a
passagem de ônibus fosse reduzida em diversas capitais do país.
A passagem de ônibus foi reduzida em julho de 2013, mas sem afetar o lucro
das empresas de ônibus, porque houve uma desoneração de impostos para as
empresas de transporte coletivo. A redução de impostos diminui inclusive as verbas
do governo que poderiam ser investidas em outras áreas fundamentais como saúde
e educação. Os governos não diminuíram a passagem afetando o lucro das
empresas de ônibus, o que foi uma das principais reivindicações dos diversos
movimentos sociais, além da implementação da Tarifa Zero para população usuária
do transporte coletivo (LEVANTE, apud Cabral e Garcia, 2015, p.65). Desta maneira,
é possível observar que as diminuições da passagem de ônibus aconteceram sem
conflito com os empresários do transporte, e as reinvindicações de milhões de
pessoas foram atendidas.
25
rotina. “É um absurdo. Vou ter que deixar de lanchar à tarde para pagar a diferença
no valor das passagens de ônibus”, afirma.
7 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
Uma Análise da economia brasileira nos 20anos do plano real. Disponível em:
http://jornalggn.com.br/noticia/uma-analise-da-economia-brasileira-nos-20-anos-do-
plano-real. Acesso em: 1 nov. 2015.
BRASIL. Ministério das cidades. Evolução das tarifas de ônibus urbanos: 1994 a
2001. Brasília, 2004.
31
LOBO, Renato. A mais cara e a mais barata tarifa de ônibus das capitais
Brasileiras. Disponível em: <http://viatrolebus.com.br/2015/06/a-mais-cara-e-a-
mais-barata-tarifa-de-onibus-das-capitais-brasileiras/>. Acesso em: 31 out. 2015.
ZAULI, Fernanda. Tarifa de ônibus municipal sobe para R$ 2,65 em Natal. Disponível em:
<http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/2015/07/tarifa-de-onibus-
municipal-sobre-para-r-265-em-natal.html>. Acesso em: 31 out. 2015.
PONTES, Felipe. Após protestos, Porto Alegre e Recife anunciam redução de tarifa de
ônibus. Disponível em: <http://g1.globo.com/politica/noticia/2013/06/apos-protestos-
porto-alegre-e-recife-anunciam-reducao-de-tarifa-de-onibus-1.html>. Acesso em: 31
out. 2015.
Prefeito de Belo Horizonte anuncia redução da passagem para R$ 2,65. Disponível em:
<http://g1.globo.com/minas-gerais/noticia/2013/07/prefeito-de-belo-horizonte-
anuncia-reducao-da-passagem-para-r-265.html>. Acesso em: 31 out. 2015.
São Paulo e Rio anunciam redução das tarifas do transporte público. Disponível em:
<http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/06/sao-paulo-e-rio-anunciam-reducao-das-
tarifas-do-transporte-publico.html>. Acesso em: 31 out. 2015.
CABRAL, Enver José Lopes; GARCIA, Maria Franco. Monopólio, tarifa elevada e
superlotação: análise da relação entre o transporte coletivo e a organização do
espaço urbano em João Pessoa- PB. Artigo publicado na Revista Pegada – vol.
16, n. especial, maio/2015.
wordpress.com/2015/08/24/inflacao-prejudica-o-transporte-publico-nas-grandes-
cidades/ > Acesso em: 31 out. 2015.