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Disciplina: Eletromagnetismo I: Campos Estáticos (TET 00281)

Professora: Paula Harboe


Período letivo: 2020.2

Plano de Estudo 3

Capítulo 3: Cálculo Vetorial


Neste capítulo, os seguintes operadores são apresentados, conceitualmente:
• Gradiente de um campo escalar
• Divergente de um campo vetorial; integral de superfície
• Rotacional de um campo vetorial; integral de linha
• Laplaciano de um campo escalar

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Nota de esclarecimento
A formulação matemática associada aos operadores gradiente, divergente e rotacional envolve a
integração e a diferenciação de vetores. Usualmente, em sala de aula presencial, todo o detalhamento
desta formulação matemática é apresentado, mas em sala de aula virtual, este detalhamento será
omitido, pelo grau de dificuldade e tempo exíguo.

Caso deseje se aprofundar no assunto, consulte a seguinte literatura complementar.


Sugestão: Comece pelo Capítulo 1: funções vetoriais (campos vetoriais).

Div, Grad, Curl And All That


An Informal Text on Vector Calculus
3rd ed. (1997)
Schey H.M.

https://people.unica.it/vincenzofiorentini/files/2012/04/Div-Grad-Curl-And-All-That-An-Informal-Text-
on-Vector-Calculus-3rd-ed-H.-Schey-Norton-1973-WW.pdf

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Definição:
CAMPO ESCALAR e CAMPO VETORIAL

Especificação da grandeza escalar (ou vetorial) em função das coordenadas espaciais.


Definição de região de interesse; região de observação.

Útil: mapeamento, representação gráfica do campo escalar (ou vetorial).

Veja como você tem familiaridade com este assunto!


Seja uma função escalar f(x,y,z); função vetorial A(x,y,z)
Considere uma região do espaço (ponto, linha, superfície ou volume)
Campo escalar: perfil altimétrico do relevo e suas curvas de nível

Curvas de nível são linhas imaginárias que


unem pontos de mesma altitude.

Observe que em uma superfície plana os


desníveis e a declividade topográfica são
representados.

Curvas de nível mais próximas indicam


variações rápidas do relevo.

Outro exemplo comum: perfil de temperatura e suas isotermas. Pesquise!

EXPLORANDO o conceito de CAMPO ESCALAR em Eletromagnetismo

Representação gráfica: superfícies e contornos equipotenciais mapeiam pontos de mesmo


potencial. Esse assunto será estudado mais adiante, no Capítulo 4.

O GRADIENTE DE UM CAMPO ESCALAR


Considere um campo escalar V e suas superfícies equipotenciais, à esquerda.
A coloração mais forte indica que o campo escalar V é mais intenso.
Visualize o gradiente do campo escalar V à direita.
É fácil perceber que quanto mais próximas as superfícies equipotenciais estão, mais
rapidamente o campo escalar V varia.

Propriedades do gradiente:
• O gradiente de um campo escalar V é um campo vetorial V;
• A magnitude do V é a máxima taxa de variação do campo escalar V;
• V aponta na direção de máxima taxa de variação do campo escalar V. O sentido do V
é o de acréscimo do campo escalar V;
• O gradiente, em qualquer ponto, é perpendicular à superfície de V constante
(equipotencial) que passa através desse ponto.

EXPLORANDO o conceito de CAMPO VETORIAL

Representação gráfica: linhas de campo vetorial


Características das linhas: são tangentes (direção) ao campo vetorial A, em cada ponto; são mais
densas (intensidade) em regiões do espaço onde o campo vetorial A é mais forte; o sentido é o
mesmo do campo vetorial A.

Dois exemplos “matemáticos”:

A (x,y) = x ax + y ay

Você percebe que a equação “fala pouco” enquanto o gráfico “fala muito”?
Observe o comportamento das linhas do campo vetorial A.
(−y 𝐚x + x 𝐚y)
A (x,y) =
√x2 +y2

Novamente: Percebe que a equação “fala pouco” enquanto o gráfico “fala muito”?
Aliás, o que o gráfico mostra?

Pense numa representação genérica para o campo vetorial A, e mais “elegante” (no sentido de
não estar associada a nenhum particular sistema de coordenadas).

A = An an + At at (n designa normal; t designa tangencial)


• (Re)pense no SCR. Visualize, por exemplo, a superfície z = 0 (plano xy)
• (Re)pense no SCC. Visualize, por exemplo, a superfície r = r0
• (Re)pense no SCE ... complete o raciocínio
Experimente outras superfícies (outras visualizações) para consolidar o aprendizado! Olha
como esse assunto se repete ... e se fortalece, se consolida!

Integral de superfície: ∬ 𝐀. 𝐝𝐒 ; componente normal de A


Superfície fechada → fluxo líquido do vetor A → DIVERGENTE

Integral de linha: ∫ 𝐀. 𝐝𝐥 ; componente tangencial de A


Contorno fechado → circulação do vetor A → ROTACIONAL

• O que você sabe/lembra sobre esses operadores?


• Alguma interpretação física ou apenas a “matemática”?
O DIVERGENTE DE UM CAMPO VETORIAL
Considere um campo vetorial A e seu fluxo através de uma superfície S (não necessariamente
fechada).

Campo vetorial A

Componente tangencial do campo vetorial A

Componente normal do campo vetorial A

O divergente pode ser interpretado como uma “medida” da diferença entre o número de linhas
de campo que sai e o número de linhas de campo que entra em dada superfície fechada. Fala-
se, portanto, do fluxo externo líquido do campo vetorial.

O divergente de um campo vetorial é um campo escalar que mede a “tendência/habilidade” do


campo vetorial de divergir a partir de um ponto ou convergir para este ponto.

Matematicamente, o fluxo externo líquido de um campo vetorial A e seu divergente são


calculados como:

 = ∯ 𝐀. 𝐝𝐒

∯ 𝐀.𝐝𝐒
div A = . A = lim
V→0 V
O ROTACIONAL DE UM CAMPO VETORIAL
Considere um campo vetorial A e seu rotacional /circulação, “capacidade de giro”, ao longo de
um percurso fechado C.

Sentido positivo do rotacional: aplicação da regra da mão direita; ou circulação do observador


tendo o contorno fechado à sua esquerda.

Matematicamente, a circulação líquida de um campo vetorial A e seu rotacional são calculados


como:

∮ 𝐀. 𝐝𝐥

∮ 𝐀.𝐝𝐥
rot A = x A = lim an
S→0 S

Aplicação clássica: Mecânica dos Fluidos

Imagine um campo vetorial que representa o


escoamento de fluido (água em uma pia). Direção,
sentido e intensidade do campo estão representados
pelas flechas. O campo vetorial, portanto, representa o
campo de velocidades do fluido.

Atenção: O campo vetorial em questão é a velocidade do fluido.

O rotacional deste campo vetorial está associado a sua capacidade de giro, de circulação.
Para visualizar o rotacional do campo vetorial (da velocidade do fluido), colocamos um disco no
fluido escoando.

1ª Situação:

O disco apenas acompanha o movimento circular do


fluido, sem mudar sua orientação original, mantendo
seu “norte”.
O disco não muda a sua posição em relação ao seu
próprio eixo.
Então, o campo de velocidades do fluido NÃO TEM
ROTACIONAL, é IRROTACIONAL.

2ª Situação:

O centro do disco começa a se movimentar e girar no


seu próprio eixo.
Ao longo do seu movimento, seu “norte" muda de
sentido e direção.
Então, o campo de velocidades do fluido tem
ROTACIONAL.

Um campo vetorial é univocamente caracterizado pelo seu divergente e seu rotacional.

APLICANDO o conceito de CAMPO VETORIAL em Eletromagnetismo

Linhas de campo elétrico: são direcionais (se originam em cargas positivas e terminam em
cargas negativas).

Monopolo Dipolo Duas cargas idênticas


Linhas de campo magnético: são fechadas, saem do polo norte e chegam (entram) no polo sul.

Barra imantada

Propriedades importantes: operadores diferenciais vetoriais de 2ª ordem

1) O rotacional do gradiente é nulo. O gradiente é irrotacional.

x (V) = 0

O gradiente sempre aponta no sentido de acréscimo do campo escalar V;


Se um campo vetorial tem rotacional, é porque ele circula, ou seja, suas linhas de campo são
fechadas.
Como uma função pode crescer em um percurso fechado?

2) O divergente do rotacional é nulo. O rotacional é um campo vetorial solenoidal.

. ( x A) = 0

Se um campo vetorial tem rotacional, é porque ele circula, ou seja, suas linhas de campo são
fechadas. Portanto, não há fluxo líquido (divergente).

3) O laplaciano de um campo escalar: divergente do gradiente


É um operador diferencial vetorial de segunda ordem (2)
2V = . (V)
O laplaciano aparece naturalmente em diversas equações diferenciais parciais que modelam
problemas físicos, tais como potencial elétrico e gravitacional, propagação de ondas etc. Este
operador será muito utilizado no Capítulo 6 (Problema de valor de fronteira aplicado à
eletrostática).
Matemática resumida: Operador Nabla

∂ 𝜕 ∂
SCR: ∇ = 𝐚𝐱 + 𝐚𝐲 + 𝐚𝐳
∂x 𝜕𝑦 ∂z

∂ 1 ∂ ∂
SCC: ∇ = 𝐚𝐫 + 𝐚𝛗 + 𝐚𝐳
∂r r ∂φ ∂z

∂ 1 ∂ 1 ∂
SCE: ∇ = 𝐚𝐫 + 𝐚𝛉 + 𝐚
∂r r ∂θ r senθ ∂φ 𝛗

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