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PRESSURIZAÇÃO DE ESCADAS
(ENGENHARIA/ARQUITETURA)
Carlos Cotta Rodrigues, engenheiro e coronel, coordenador da CE de Sistemas de controle do
Nunca é demais chamar atenção para o tema. E, nada melhor para mostrar a sua relevância
do que entregar a advertência a pioneiros do mercado. Assim, chamamos a colaborar com
a revista dois dos mais significativos profissionais da área: o engenheiro Duílio Terzi, que
desde a década de 1980 estuda a questão e colabora com as autoridades da Cidade de São
Paulo para melhor municia-las; e o engenheiro e Coronel do Corpo de Bombeiros de São
Paulo, Carlos Cotta, um dos batalhadores para a criação e implantação da Norma da
corporação paulista, exemplo para outras distribuídas pelo país.
O que deve ser observado ao se projetar sistemas de pressurização de escadas
O primeiro grande problema está relacionado com o profissional que elabora o projeto de
pressurização de escadas. O que mais tenho visto são profissionais, muitas vezes,
especialistas em ar condicionado, mas que não conhecem absolutamente os conceitos
atrelados à norma da ABNT NBR 14880 ou IT-13 do Corpo de Bombeiros de São Paulo
(copiada por outros corpos de bombeiros).
Aliado a isto, os pés-direitos desses subsolos, por serem baixos e cheios de vigas e demais
instalações, não facilitam em nada o posicionamento dos dutos de distribuição, que levam
o ar pressurizado dos ventiladores ao duto vertical no interior da escada pressurizada.
Para não dizer que isto não ocorre em grandes edificações, no mês de junho deste ano fui
procurado para realizar teste de desempenho de sistema de pressurização de escadas em
uma faculdade na região da Vila Mariana. Antes de preparar uma oferta para a realização
do trabalho solicitado, sempre faço uma visita técnica. Avaliando as escadas
supostamente pressurizadas verifiquei que os erros eram tantos que seria impossível
realizar medição de desempenho dos sistemas existentes. Existia comunicação entre a
escada pressurizada com o sistema de ar condicionado, da mesma forma havia alteração
no interior da escada que interrompia o funcionamento do dumper de sobrepressão. Não
vou me aprofundar nas outras questões, tais como sistema de detecção e alarme de
incêndio que não atendiam a ABNT NBR 17240, a qual trata do sistema de detecção de
incêndio.
Duto vertical de pressurização no interior da escada pressurizada (obstruída) e descumprindo os rigores da
ABNT 14880
Ventilador de pressurização de dupla aspiração com uma das captações colada na parede
Vale destacar a atual Lei assinada em março deste ano, pelo presidente da República,
denominada Lei Kiss (Lei nº 13425), que apresenta em seu texto algumas das importantes
características para diminuir o risco da propagação de um incêndio, bem como a
diminuição da possibilidade da emissão de fumaça tóxica. Como é conhecido, 80% das
mortes em qualquer incêndio é causada pela fumaça. Assim sendo, o controle dos
materiais de acabamento e revestimento são um dos principais atores na segurança contra
incêndio. Atualmente, as organizações de bombeiros estão aumentando os rigores com
relação a utilização de materiais de acabamento e revestimento incombustíveis ou com
classificação que garanta baixa velocidade de propagação e baixa emissão de fumaça. A
utilização de materiais sem tais classificações foi um dos motivos da evolução do incêndio
na Boate Kiss, resultando na emissão de fumaça altamente tóxica e ácida, os quais
vitimaram as mais de 240 pessoas.
Como são calculadas duas portas corta-fogo como abertas, o sistema de detecção e alarme
de incêndio é um dos principais dispositivos de proteção à vida, que deve garantir o
abandono da população de forma faseada, para não comprometer os conceitos retro
citados do sistema de pressurização de escadas.
Assim sendo, não é adequado qualquer sistema de extração de fumaça no interior das
escadas de segurança. Na Europa existe tal sistema, mas são utilizados, normalmente,
pelos corpos de bombeiros quando adentram na edificação, como forma de melhorar a
visualização. O conceito de extração de fumaça é utilizado para algumas edificações
como adaptações.
Obstruções nos dutos de pressurização vertical, são responsáveis …
Da mesma forma, o sistema de controle de fumaça é projetado para captar esta fumaça
do incêndio, removendo-a das áreas de risco para a população usuária, principalmente das
rotas de fuga, e levando para o exterior da edificação.
Para retardar a ação da fumaça e do incêndio nas rotas de fuga, alguns sistemas e
considerações devem existir. Primeiramente nas rotas de fuga não pode existir material
de acabamento e revestimento combustível, todos estes elementos devem garantir a não
propagação do incêndio e da fumaça. As rotas de fuga são ambientes que devem possuir
o conceito de compartimentação em relação às áreas de risco da edificação. Esta
resistência varia de acordo com o risco da edificação, podendo variar de 30 minutos a 120
minutos.