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Daniel Munduruku

Daniel Munduruku nasceu em 28 de fevereiro de 1964, em Belém,


Pará. Pertencente ao povo indígena Manduruku. É graduado em Filosofia,
História e Psicologia pela UNISAL de Lorena. Mestrado e Doutorado em
Educação pela USP. E pós-doutorado em Linguística, pela UFSCar.

Fundador do Instituto Indígena Brasileiro para Propriedade Intelectual


(INBRAPI).

Suas obras literárias são sobretudo dirigidas aos públicos infantil e juvenil,
tendo como tema principal a diversidade cultural indígena, atuando
fortemente para promover a Literatura Indígena e a conscientização sobre a
importância das culturas indígenas do Brasil.

Atualmente, atua na novela das 9 da Rede Globo, “Terra e Paixão”,


interpretando o Pajé Jurecê, remanescente da etnia Guató. Jurecê é um
homem de sabedoria, um xamã. Além disso, comanda um podcast
disponibilizado pela Globoplay, chamado “Nós – Uma Antologia de
Histórias Indígenas”, no qual relata contos da cultura indígena dedicado ao
público infanto-juvenil.

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Contar como o Movimento Indígena nasceu e quais as ideias que
circulavam naquele momento que foram determinantes para o surgimento
dessa ação.

Um dos principais fatores que possibilitaram o surgimento desse


movimento foi a retomada do uso político do termo índio, que passou a ser
utilizado para expressar uma nova categoria de relações políticas.

Até a década de 1950 o termo índio era desprezado pelos povos


indígenas brasileiros. E esse desprezo era provocado pela visão distorcida
que a sociedade brasileira tinha a respeito do “índio”, que repercutiam as
ideias eurocêntricas de que os povos originários eram um peso para o
desenvolvimento do país.

Com o passar do tempo, os primeiros líderes perceberam que a


apropriação de códigos impostos era fundamental para construir o
movimento, a luta, sem focar somente em um único povo indígena, mas
englobar todos os povos indígenas brasileiros. Portanto, usou-se o termo
índio como uma forma de luta, como uma forma de identificação daqueles
que eram parceiros, então essa palavra ainda é usada e se é usada por uma
liderança dessa, é nesse sentido. Quando essa palavra é usada pela
sociedade brasileira, com o significado que o branco europeu deu, é no
sentido do apelido, do estereótipo, no sentido da ideologia (iguais,
preguiçosos, primitivos).

Nessa época, cada comunidade ou cada povo procurava defender


apenas seus interesses, não se dando conta de que outros povos e
comunidades viviam situações semelhantes. E é a partir de 1970 ganha
força uma visão pan-indígena, que considera fundamental a apropriação
desses códigos impostos para afirmar a diferença e lutar pelos interesses,
não mais de um único povo, mas de todos os povos indígenas brasileiros. E
essa apropriação permitiu que as lideranças da época conseguissem fazer
aliança com outros atores da sociedade civil organizada. E ai quando esse
movimento começou a crescer, principalmente pelo envolvimento de novas
lideranças, constituiu-se, um sentimento de fraternidade indígena.

A eclosão do movimento deu origem a uma nova onda de reflexões e


reivindicações sobre o poder constituído, foi se incorporando um esquema
conceitual para se pensar a realidade do movimento, que foi elaborada pelo
antropólogo Gilberto Velho, chamada tríade conceitual, que o Daniel
aborda ao longo do capítulo.

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