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MUSICAL
Meu nome é Lílian Sobreira Gonçalves. Sou licenciada em Educação Artística, com habilitação em
Música pela Universidade Federal do Paraná (1990). Fiz especialização em Educação Musical – Coral
(2001) e em Música – Regência Coral (2008), na Escola de Música e Belas Artes do Paraná (2008).
Dedico-me à pedagogia musical desde 1989 e atuo como regente de coral desde 1995. De 2006
a 2012, atuei como professora de Percepção Musical e Técnica Vocal dos cursos de Graduação da
Escola de Música e Belas Artes do Paraná. Como aluna do Programa de Pós-Graduação em Música da
Universidade Federal do Paraná, obtive o título de mestre em Música, na área de Educação Musical e
Cognição, sob orientação da Profª. Drª. Rosane Cardoso de Araújo.
E-mail: profelilian.claretiano@gmail.com
Lílian Sobreira Gonçalves
Batatais
Claretiano
2015
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio
(eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de
banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana.
780 G627p
ISBN: 978-85-8377-422-8
CDD 780
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Percepção, Notação e Linguagem Musical
Versão: dez./2015
Formato: 20x28 cm
Páginas: 80 páginas
SUMÁRIO
Conteúdo Introdutório
1. Introdução...................................................................................................................................................................9
2. Glossário de Conceitos............................................................................................................................................11
3. Esquema dos Conceitos-chave...............................................................................................................................13
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................................................................13
5. e-REFERÊNCIAS................................................................................................................................................................14
Conteúdo
Conhecimento dos elementos básicos da teoria e da Percepção Musical por meio de
atividades teóricas e práticas. Parâmetros do som. Notação musical e sua origem de escrita
ocidental. Pauta/Pentagrama: notas musicais. Claves. Figuras rítmicas e suas relações com o
pulso. Fórmula de compasso. Tom e semitom. Sinais de alteração e enarmonia. Leituras rítmicas
sem subdivisão de pulso. Solfejo melódico. Sinais diversos (apêndice).
Bibliografia Básica
BENNETT, R. Elementos básicos da música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
MED, B. Teoria da música. Brasília: Musimed, 1996.
RAMIRES, M.; FIGUEIREDO, S. L. F. Exercícios de teoria musical: uma abordagem prática. 6. ed. São Paulo: Edição dos Autores,
2004. v. 1.
Bibliografia Complementar
BENNETT, R. Forma e estrutura na música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
BENWARD, B.; KOLOSICK, J. T. Percepção Musical: prática auditiva para músicos. 7. ed. Campinas: Ed. Unicamp/São Paulo:
Edusp, 2009. v. 1.
HINDEMITH, P. Treinamento elementar para músicos. 4. ed. São Paulo: Ricordi, 1988.
POZZOLI, H. Guia teórico-prático para o ensino do ditado musical. São Paulo: Musicália S/A Cultura Musical, 1983.
RAMIRES, M. Harmonia: uma abordagem prática. 2. ed. São Paulo: Edição dos Autores, 2010. v. 1.
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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. Introdução
Prezado aluno, seja bem-vindo!
Iniciaremos o estudo de Percepção, Notação e Linguagem Musical, por meio do qual
você obterá as informações necessárias para a sua trajetória como aluno de Música, e que
continuarão a ser utilizadas em sua vida profissional. Os conteúdos aqui apresentados
servirão para você embasar todas as atividades desenvolvidas em música e em suas vertentes
(composição, regência, performance etc.).
Por trazer conhecimentos básicos em uma ordem crescente de dificuldade, o conteúdo
desta obra é acessível aos alunos que não tiveram nenhuma formação musical anterior, ao
mesmo tempo em que apresenta desafios para os alunos já familiarizados com a escrita e a
leitura musical.
Esta é a função primária da notação musical: preservar a música através dos tempos!
Esta obra irá se ocupar dessa "linguagem", e vamos juntos explorar o significado de cada
notação musical desde o princípio, de forma que, mesmo que você não tenha tido contato
com o estudo formal de música, irá compreender cada unidade. Dessa maneira, você poderá
construir o seu conhecimento musical com base sólida.
Treinamento auditivo
O treinamento é uma parte extremamente importante na formação de um músico.
Muitas vezes, o aluno sente-se desestimulado por acreditar que não é capaz de realizar
determinada tarefa em música. No entanto, o treinamento invariavelmente fará surgirem
diversas habilidades musicais. Para tocar um instrumento, por exemplo, há necessidade de
muitas horas de prática, a fim de que se forme um instrumentista habilidoso.
Sobre esse assunto, veja o trecho a seguir:
[...] Na literatura existe consenso sobre a necessidade de constância nas situações de prática para
melhorar o nível de especialização instrumental. ERICSSON, KRAMPE e TESCH-ROMER (1993)
demonstraram que mudanças fisiológicas em profissionais ocorrem com o acúmulo de horas de
prática. Segundo esses autores, necessita-se mais de 10.000 horas de estudo de repertório e prática
para um refinamento da técnica instrumental [...] (SANTOS; HENTSCHKE, 2009, p. 75).
Uma das grandes dificuldades enfrentadas pelo aluno de música é a falta de motivação
para o estudo e o treinamento. Essa falta de motivação surge, muitas vezes, da ideia de que o
aluno "não tem talento" ou "não tem ouvido musical". Dessa forma, alunos que não tiveram
contato com a educação musical formal sentem-se excluídos e desmotivados, acreditando
que, por mais que se esforcem, não obterão sucesso por causa de sua "falta de talento"
(GONÇALVES; LÜDERS, 2012).
Apesar dessas ideias, não podemos nos esquecer de que a maioria de nossas respostas
às músicas é aprendida, e de que todo indivíduo visando tornar-se um músico mais completo
precisará, necessariamente, passar pelo processo de treinamento (SLOBODA, 2008).
2. Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida e precisa das definições
conceituais, possibilitando um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área
de conhecimento dos temas tratados.
1) Acordes: são formados por uma combinação de três ou mais sons simultâneos. Se
forem combinados apenas dois sons, há um intervalo.
2) Canto gregoriano: canto religioso característico da Idade Média, idealizado pelo
papa Gregório I (540-604). Era executado com uma só melodia (monódico), com
ritmo determinado pelo texto (MARTINEZ, 2000).
3) Clave: “é um sinal colocado no início da pauta que dá seu nome à nota escrita em
sua linha” (MED, 1996, p. 16).
4) Educação musical formal: “pode ser considerada tanto aquela que acontece nos
espaços escolares e acadêmicos, envolvendo os processos de ensino e aprendizagem,
quanto aquela que acontece em espaços alternativos de música” (WILLE, 2005, p.
40).
5) Escala: “é uma sucessão ordenada de sons, compreendidos dentro do limite de uma
oitava” (MED, 1996, p. 86).
6) Harmonia: “conjunto de sons dispostos em ordem simultânea (concepção vertical
da música)” (MED, 1996, p. 11).
7) Intervalo: é a diferença de altura entre dois sons musicais, ou seja, a relação entre
duas alturas (MED, 1996).
8) Melodia: “conjunto de sons dispostos em ordem sucessiva (concepção horizontal da
música)” (MED, 1996, p. 11).
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FONTERRADA, M. T. O. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora da Unesp, 2008.
GONÇALVES, L. S. Um estudo sobre crenças de autoeficácia de alunos de Percepção Musical. 2013. Dissertação (Mestrado em
Música) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013.
HINDEMITH, P. Treinamento elementar para músicos. 4. ed. São Paulo: Ricordi, 1988.
JOURDAIN, R. Música, cérebro e êxtase. Trad. Sonia Coutinho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.
MARTINEZ, E. Regência coral: princípios básicos. Curitiba: Editora Dom Bosco, 2000.
MED, B. Teoria da música. Brasília: Musimed, 1996.
MIRANDA, C.; JUSTUS, L. Formação de plateia em música. Curitiba: Editora Gráfica Expoente, 2003.
OTUTUMI, C. H. V. Percepção musical: situação atual da disciplina nos cursos superiores de Música. 2008. Dissertação
(Mestrado em Música) – Instituto de Artes, Unicamp, Campinas, 2008.
PENNA, M. Música (s) e seu ensino. Porto Alegre: Editora Sulina, 2008.
SANTOS, R. A. T.; HENTSCHKE, L. A perspectiva pragmática nas pesquisas sobre prática instrumental. Per Musi, Belo Horizonte,
n. 19, p. 72-82, 2009.
SLOBODA, J. A. A mente musical. Trad. Beatriz Ilari e Rodolfo Ilari. Londrina: Eduel, 2008.
VIEIRA, E. Diccionario musical. 2. ed. Lisboa: Lambertini, 1899.
5. e-REFERÊNCIAS
AMATO, R. C. F.; AMATO NETO, J. A motivação no canto coral: perspectivas para a gestão de recursos humanos em música.
Revista da Abem, Porto Alegre, n. 22, p. 87-96, set. 2009. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.org.br/
Masters/revista22/revista22_artigo9.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.
BERNARDES, V. A percepção musical sob a ótica da linguagem. Revista da Abem, Porto Alegre, n. 6, p. 73-85, set. 2001.
Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.org.br/Masters/revista6/artigo_8.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.
GONÇALVES, L. S.; LÜDERS, V. Música: talento inato ou habilidade adquirida? In: CONGRESSO DA ANPPOM, 22., 2012,
João Pessoa. Anais... João Pessoa: UFPB, 2012. p. 1366-1373. Disponível em: <http://www.anppom.com.br/anais/
anaiscongresso_anppom_2012/Anais_ANPPOM_2012.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.
MAMMÌ, L. A notação gregoriana: gênese e significado. Revista Música, São Paulo: USP, v. 9-10, p. 21-50, 1998-1999. Disponível
em: <http://www.revistas.usp.br/revistamusica/article/view/61749/64619>. Acesso em: 21 jul. 2015.
WILLE, R. B. Educação musical formal, não formal ou informal: um estudo sobre processos de ensino e aprendizagem
musical de adolescentes. Revista da Abem, Porto Alegre, n. 13, p. 39-48, set. 2005. Disponível em: <http://www.
abemeducacaomusical.org.br/Masters/revista13/revista13_artigo4.pdf>. Acesso em: 21 jul. 2015.
Objetivos
• Compreender o processo de surgimento e evolução da escrita musical.
• Relacionar cada uma das propriedades do som com sua representação gráfica na
pauta.
Conteúdos
• Origem da escrita musical ocidental.
• Propriedades do som.
• Notação musical: pentagrama, notas e claves.
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© PERCEPÇÃO, NOTAÇÃO E LINGUAGEM MUSICAL
UNIDADE 1 – NOTAÇÃO MUSICAL
1. INTRODUÇÃO
Vamos iniciar nossa primeira unidade de estudo; você está preparado?
Nesta unidade, aprenderemos a respeito da origem da escrita musical ocidental e de
como se deu o seu desenvolvimento até os dias de hoje.
Entraremos no universo da notação musical e compreenderemos as propriedades do som
e a relação de cada uma dessas propriedades com a sua representação gráfica nas partituras.
É importante que você saiba o significado de todos os elementos da linguagem musical,
com o propósito de facilitar o seu estudo de Percepção, Notação e Linguagem Musical.
Desde os tempos mais antigos, a música, como arte de combinar os sons, vem sendo
cultivada e apreciada. A música não é simplesmente uma manifestação artística, mas
trata-se de uma ciência (MED, 1996). No entanto, apesar do caráter científico da música,
ela também preserva fortes vínculos com aspectos intuitivos e emocionais. Se hoje não
podemos imaginar um mundo onde não existam atividades musicais, podemos afirmar que
uma das razões é a forte influência da música em nosso emocional (SLOBODA, 2008).
Pense nas pessoas que você conhece. Quantas delas não apreciam nenhum tipo de
música? É muito raro encontrarmos alguém que não goste de nenhuma atividade musical.
Alguns gostam de música instrumental, outros de música vocal, música lenta, rápida, canções,
sinfonias... A música sensibiliza a alma humana! Quando encontramos alguém que não
tem nenhuma sensibilidade à música, essa pessoa sofre de amusia, que é exatamente essa
incapacidade de sensibilizar-se com a música, o que é um fenômeno bastante raro.
Sobre esse assunto, leia o seguinte trecho:
[...] O homem construiu em seu desenvolvimento histórico a música como uma linguagem artística,
estruturada e organizada. Como uma forma de arte – cuja especificidade é ter o som como material
básico – caracteriza-se como um meio de expressão e comunicação [...]. Sendo uma linguagem
artística, culturalmente construída, a música – juntamente com seus princípios de organização – é
um fenômeno histórico e social [...] (PENNA, 2008, p. 28).
[...] Os gregos construíram teorias musicais mais elaboradas que qualquer outro povo na
Antiguidade. Pitágoras, um filósofo e pensador grego que viveu no século VI antes de Cristo, dizia
que a música e a matemática eram as chaves para os segredos do mundo [...] (SESI, 2009, p. 24).
As notas eram representadas por letras do alfabeto. No início do século 11, d’Arezzo
"lembrou que para conservar de memória o som de qualquer nota era útil recordar um canto
conhecido em que esta nota tivesse lugar". Utilizou-se, então, de um hino latino, dirigido a
São João, que pertencia à liturgia da Igreja Católica da época. Na melodia desse hino, cada
frase começava em um tom acima, e d'Arezzo então nomeou os sons musicais com as sílabas
correspondentes às sílabas iniciais de cada frase do hino. A nota “Si” foi criada com a junção
das iniciais de Sancte Iohannes. Mais tarde, uma revisão do sistema acabou substituindo a
sílaba "ut" pela sílaba "Dó".
2.2. PENTAGRAMA
Assim como usamos linhas para escrever textos, em música usamos o pentagrama para
escrever as notas musicais, claves e outros sinais que veremos posteriormente. O pentagrama,
apesar de conhecido desde o século 11, somente foi adotado a partir do século 18. Ele também
pode ser chamado de pauta e é definido como um conjunto de cinco linhas que formam entre
si quatro espaços. Essas linhas são paralelas, horizontais e guardam entre si a mesma distância.
Este é o pentagrama:
Figura 1 Pentagrama.
Dessa forma, vemos que a primeira nota escrita no pentagrama está na 5ª linha; a
segunda nota no 3º espaço, e a terceira nota na 2ª linha (Figura 3).
A pauta, entretanto, não é suficiente para conter todos os sons musicais que o ouvido pode
apreciar. Por esse motivo, usam-se linhas chamadas suplementares, superiores ou inferiores.
As notas musicais também podem ser escritas nas linhas ou nos espaços suplementares. Essas
linhas ou espaços são numerados a partir do pentagrama, da seguinte forma:
Não é correto utilizar uma mesma linha suplementar para duas ou mais notas. As linhas
suplementares são individuais e independentes (Figura 6).
Devem ser escritas apenas as linhas suplementares estritamente necessárias, sem que
haja linhas excessivas acima ou abaixo das notas escritas (Figura 7).
Observe que as notas musicais têm a forma ovalada, e não são exatamente "bolinhas".
Não deixe a nota ocupar linha e espaço ao mesmo tempo; posicione-a exatamente na linha
ou no espaço correspondente. Veja, na Figura 9, que as notas marcadas em vermelho estão
escritas de modo incorreto. Não se pode determinar se a nota está no espaço ou na linha;
assim, a altura da nota fica indeterminada.
Que tal agora colocarmos em prática a escrita das notas no pentagrama? Utilize como
modelo a primeira e a segunda notas escritas na pauta anterior, e escreva o que se pede:
Exercício 1
No pentagrama a seguir, escreva as notas de acordo com o que for pedido:
1) Segundo espaço.
2) Quarta linha.
3) Primeira linha suplementar inferior.
4) Segunda linha suplementar superior.
5) Segundo espaço suplementar inferior.
Nossos ouvidos estão sempre captando os sons ao nosso redor. Podemos fechar os
nossos olhos se não quisermos ver determinada imagem, mas nossos ouvidos, ao contrário,
estão sempre vulneráveis aos sons das mais diversas naturezas e estes são captados das mais
diferentes direções (SCHAFER, 1986).
Sobre esse assunto, observe o seguinte trecho:
[...] Como músico prático, considero que uma pessoa só consiga aprender a respeito de som
produzindo som; a respeito de música, fazendo música. Todas as nossas investigações sonoras
devem ser testadas empiricamente, através dos sons produzidos por nós mesmos e do exame
desses resultados [...] (SCHAFER, 1986, p. 68).
Altura
A altura é determinada pela frequência das vibrações. A frequência é o número de
vibrações por unidade de tempo. Internacionalmente, o Hertz (Hz) é utilizado como unidade
de medida da frequência e quanto maior for o número de vibrações por segundo, mais agudo
será o som.
Quando o spalla, o primeiro violino de uma orquestra sinfônica, emite a nota Lá para
que toda a orquestra se afine por aquela nota, ele toca o Lá em 440 Hz, que significa que essa
onda sonora realiza 440 oscilações por segundo. Muitas orquestras hoje já afinam em 442 Hz,
sob o pretexto de deixar a afinação ligeiramente mais brilhante.
Resumidamente, podemos afirmar que a altura é a propriedade de o som ser mais
grave ou mais agudo. Med (1996) afirma que a característica mais importante do som é a
altura, e que até o século 11 a altura era a única propriedade do som grafada.
Para representar a altura dos sons na música ocidental, utilizamos sete notas musicais:
Dó – Ré – Mi – Fá – Sol – Lá – Si. A altura é representada pela posição da nota no pentagrama
e pela clave. Quanto mais “alta” estiver a nota no pentagrama, mais agudo será o som. Da
mesma forma, quanto mais "baixa" estiver a posição da nota no pentagrama, mais grave
será o som (Figura 10).
Intensidade
A intensidade de qualquer som é determinada pela amplitude da vibração. Se a amplitude
das vibrações for maior, o som será mais forte. Se a amplitude das vibrações for menor, o som
será mais suave (em música, chamamos mais piano).
A unidade de medida de intensidade é o decibel.
[...] Um decibel representa o som mais fraco que se pode captar. Um sussurro tem de 10 a 20
decibéis; uma britadeira equivale a 110 decibéis; qualquer som acima de 130 decibéis (por exemplo:
ruído de avião a jato) é prejudicial a saúde e pode causar até dor física [...] (MED, 1996, p. 213).
Duração
A duração diz respeito ao tempo de produção de determinado som. Quanto maior o
tempo de emissão das vibrações sonoras, mais longo será aquele som. Conforme Med (1996),
a combinação de notas de durações diferentes gera o ritmo da música.
Esse tempo de produção do som é representado em notação musical pela figura da nota
musical e pelo compasso. As figuras musicais utilizadas atualmente aparecem na Figura 13:
As figuras musicais, chamadas também de valores, possuem até três partes (Figura 14):
Existem notas musicais que possuem apenas a cabeça. Outras possuem cabeça e haste,
e outras, ainda, possuem cabeça, haste e um ou mais colchetes. Cada uma delas tem um nome
específico e um tempo de duração, conforme veremos detalhadamente mais adiante.
Timbre
Para definirmos o timbre de determinado som, imagine a seguinte situação: você está
andando na rua, e um amigo de longa data o reconhece, mesmo você estando de costas.
Ele chama seu nome! Imediatamente você reconhece o amigo que o chamou. Por quê?
Pelo timbre de sua voz. Não é algo relacionado à intensidade do chamado, se ele disse seu
nome de forma longa ou rápida; se usou um tom mais grave ou agudo na voz, mas há uma
característica específica em cada voz humana que depende da intensidade dos harmônicos
que a acompanham. Essa característica peculiar, o timbre, também está presente de modo
diferenciado em cada instrumento musical. O timbre é determinado "pela combinação de
vibrações determinadas pela espécie de agente que as produz" (MED, 1996, p. 12).
Podemos afirmar que o timbre de cada voz ou de cada instrumento é a "cor" que cada um
deles apresenta, que o caracteriza como único. Não existem duas vozes ou dois instrumentos
com timbres idênticos sob quaisquer parâmetros por que possamos avaliá-los. O timbre diz
respeito à qualidade do som produzido e percebido.
A notação musical representa o timbre com uma indicação, colocada no início da pauta,
do instrumento ou voz que deverá executar a música (Figura 15).
Você percebeu quantas propriedades um som musical pode conter? Imagine, então,
essas propriedades em suas infinitas variações e combinações! É isso que torna a música rica,
sendo uma fonte de possibilidades inesgotáveis!
Agora, vamos observar bem alguns trechos musicais, procurando perceber quais
parâmetros do som variam em cada exemplo.
Exemplo 1
Observe a imagem a seguir:
Quais variações podemos perceber entre o trecho "A" e o trecho "B"? Observe que
as figuras das notas são iguais nos dois exemplos. Não existe, também, uma indicação de
dinâmica que mostre maior ou menor intensidade, assim como não há indicação de timbre.
O parâmetro que se altera é a altura. Apesar de as notas não terem variação de duração (as
figuras são as mesmas), observamos que a posição das notas no pentagrama varia, sendo o
trecho "B" mais agudo do que o trecho "A", uma vez que as notas do trecho "B" encontram-se
em posição mais "alta" no pentagrama.
Exemplo 2
Observe a imagem a seguir:
Neste exemplo, que variações percebemos? As alturas das notas do trecho "A" são
exatamente as mesmas do trecho "B". A variação é mostrada nas figuras, ou seja, na duração
das notas.
2.4. CLAVES
• e a Clave de Fá na 4ª linha.
A clave colocada no início da pauta faz com que reconheçamos as notas musicais. Ela dá
nome às notas escritas e determina a sua altura. No trecho a seguir, por exemplo, não podemos
determinar as notas. Não há clave que "dê nome" às notas; assim, estas localizam-se num
pentagrama sem altura definida.
Contudo, se houver uma clave no início da pauta, estabelecemos com facilidade a altura
das notas. Se temos a nota Sol na segunda linha (determinada pela clave de Sol colocada no
início da pauta), a nossa primeira nota será o "Mi"; a segunda, o “Fá”; a terceira, o “Sol” (na
segunda linha), e a última, o “Lá”.
Na quarta linha, temos a nota "Fá", e as notas que estão escritas nesse trecho são "Sol",
"Lá", "Si" e "Dó" (observe que as notas se sucedem em linha-espaço-linha etc.).
Vemos que as notas na clave de Sol, com até duas linhas suplementares, são as que
aparecem na Figura 21:
A relação entre as notas da clave de Fá e da clave de Sol é a que aparece na Figura 23:
Exercício 2
Agora, vamos fazer o contrário? Dê nomes para as notas escritas em clave de Sol e de Fá
na quarta linha:
A)
B)
Letra B – clave de Fá
As respostas são:
1) Fá.
2) Lá.
3) Lá.
4) Dó.
5) Fá.
6) Dó.
7) Ré.
8) Ré.
9) Si.
10) Dó.
Desafio 1
E agora, que tal um desafio sobre esse tópico? Preste atenção: as notas estão escritas na
pauta, e já têm sua altura definida. O desafio é escrever a clave que dá nome à nota já escrita.
Você poderá usar a clave de Sol, a clave de Fá na 4ª linha e a clave de Dó na 3ª linha como um
desafio adicional!
Você está preparado? Então, vamos lá! Escreva as claves correspondentes às notas
escritas na pauta. As respostas encontram-se logo a seguir, mas não as veja sem que tenha
terminado de escrever todas as claves! Antes de vê-las, tente resolver este desafio!
Solução do desafio 1
em: <http://www.musica.ufmg.br/permusi/port/numeros/14/num14_cap_05.pdf>.
Acesso em: 13 jul. 2015.
• MEDEIROS, E. B. Introdução à teoria acústica. Belo Horizonte: UFMG, 2002. Disponível
em: <http://www.cpdee.ufmg.br/~semea/anais/artigos/EduardoBauzer.pdf>. Acesso
em: 13 jul. 2015.
• SILVA, D. C. M. Intensidade, altura e timbre. Disponível em: <http://www.
mundoeducacao.com/fisica/intensidade-altura-timbre.htm>. Acesso em: 13 jul.
2015.
Ao longo desta unidade, expusemos a importância das claves para a notação musical. A
clave colocada no início de cada pentagrama determina a altura exata da nota musical escrita
na pauta, o que é fundamental para a leitura e a execução musical. A seguir, apresentaremos
alguns materiais para que você possa aprimorar o seu conhecimento, acrescentando novos
elementos sobre o tema.
• BAZANO, R. Teoria musical (Aula 16) – Desenhando as claves. 2013. Disponível em:
<http://cordasemusica.com.br/teoria-musical-aula-16-desenhando-as-claves/>.
Acesso em: 13 jul. 2015.
• GUSMÃO, P. Teoria elementar da música. Santa Maria: Universidade Federal de Santa
Maria, 2012. Disponível em: <http://200.18.45.28/sites/musica/images/teoria_
elementar.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2015.
• RIBEIRO, A. Teoria musical. Disponível em: <https://alfredoribeiro.wordpress.com/
teoria-musical/>. Acesso em: 19 jun. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho.
Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Com respeito aos primórdios da escrita musical, assinale a alternativa que representa a única opção de
afirmativa incorreta:
a) Foram os egípcios que estabeleceram as bases para a música ocidental, criando um sistema de notação
musical.
b) De acordo com o Dicionário Grove de Música, de Stanley Sadie (1994), a história da notação musical
iniciou-se com os neumas.
c) O monge Guido d’Arezzo (995-1050) efetuou grandes avanços na escrita musical.
d) Os neumas não forneciam uma informação clara para quem não conhecesse a melodia previamente.
d) A intensidade de qualquer som é determinada pela amplitude da vibração. Se a amplitude das vibrações
for maior, o som será mais agudo.
4) Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) nas alternativas a seguir. Depois, escolha a alternativa que representa a
correta ordem de “V” e “F”.
( ) Entre os povos antigos, não havia a possibilidade de gravações e ainda não existia um sistema de
notação musical que permitisse alguma forma de registro. A música era, então, uma tradição oral.
( ) Atualmente, são usadas as claves de Sol na segunda e terceira linhas, clave de Fá na terceira e quarta
linhas e clave de Dó na primeira, segunda e terceira linhas.
( ) A clave colocada no início da pauta faz com que reconheçamos as notas musicais. Ela dá nome às notas
escritas e determina a sua altura.
a) V – F – V – V.
b) F – V – F – V.
c) V – V – F – F.
d) V – V – F – V.
5) Numere a segunda coluna de acordo com a primeira e assinale a alternativa que representa a correta ordem
de números da segunda coluna:
1. Tempo de produção do som. ( ) Hertz
2. Usada na terceira e quarta linhas. ( ) Duração
3. Som grave ou agudo. ( ) Guido D’Arezzo
4. Origem das notas musicais. ( ) Clave de Fá
5. Medida de frequência. ( ) Altura
a) 5 – 1 – 4 – 2 – 3.
b) 3 – 1 – 4 – 2 – 5.
c) 5 – 2 – 4 – 1 – 3.
d) 5 – 1 – 3 – 2 – 4.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) a.
2) c.
3) d.
4) d.
5) a.
5. considerações
Chegamos ao final da primeira unidade, na qual você teve a oportunidade de perceber a
importância do surgimento da notação musical para a preservação, o estudo e a compreensão
da música como um todo.
Além disso, foram apresentadas noções de acústica, por meio das propriedades
fundamentais do som, e os elementos básicos da escrita musical.
Lembre-se de que Conteúdo Digital Integrador ampliará seu conhecimento sobre
o assunto. Na próxima unidade, você aprenderá as relações entre as figuras rítmicas e os
compassos.
6. e-REFERÊNCIAS
ABEM – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL. Home page. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.
org.br>. Acesso em: 13 jul. 2015.
ANPPOM – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA. Home page. Disponível em: <http://www.
anppom.com.br/>. Acesso em 13 jul. 2015.
CARDOSO, B.; MASCARENHAS, M. Curso completo de teoria musical e solfejo. São Paulo: Irmãos Vitale, [19--]. Disponível em:
<https://books.google.com.br/books?isbn=8585188170>. Acesso em: 13 jul. 2015.
MAMMÌ, L. A notação gregoriana: gênese e significado. Revista Música, São Paulo: USP, v. 9-10, p. 21-50, 1998-1999. Disponível
em: <http://www.revistas.usp.br/revistamusica/article/view/61749/64619>. Acesso em: 8 jul. 2015.
MARTINS, R. Educação musical: uma síntese histórica como preâmbulo para uma ideia de educação musical no Brasil do
século XX. Revista da Abem, Porto Alegre, v. 1, n. 1, 1992. Disponível em: <http://abemeducacaomusical.com.br/revistas/
revistaabem/index.php/revistaabem/article/view/508/418>. Acesso em: 13 jul. 2015.
NOBRE, J. Apostila de teoria musical. Fortaleza: Secretaria da Cultura do estado do Ceará, 2008. p. 1-27. (Projeto Fortalecimento
Musical). Disponível em: <http://www2.secult.ce.gov.br/Recursos/PublicWebBanco/Partituraacervo/Apt000002.pdf>.
Acesso em: 13 jul. 2015.
REVISTA ACADÊMICA DE MÚSICA PER MUSI. Minas Gerais: UFMG. Disponível em: <http://www.musica.ufmg.br/permusi/
port/>. Acesso em: 13 jul. 2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BENNETT, R. Forma e estrutura na música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
______. Elementos básicos da música. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
BENWARD, B.; KOLOSICK, T. Percepção musical: prática auditiva para músicos. 7. ed. Campinas: Editora Unicamp/São Paulo:
Edusp, 2009. v. 1.
FONTERRADA, M. T. O. De tramas e fios: um ensaio sobre música e educação. São Paulo: Editora da Unesp, 2008.
GONÇALVES, L. S. Um estudo sobre crenças de autoeficácia de alunos de Percepção Musical. 2013. Dissertação (Mestrado em
Música) – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2013.
HINDEMITH, P. Treinamento elementar para músicos. 4. ed. São Paulo: Ricordi, 1988.
JOURDAIN, R. Música, cérebro e êxtase. Trad. Sonia Coutinho. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998.
MARTINEZ, E. Regência coral: princípios básicos. Curitiba: Editora Dom Bosco, 2000.
MED, B. Teoria da música. Brasília: Musimed, 1996.
MIRANDA, C.; JUSTUS, L. Formação de plateia em música. Curitiba: Editora Gráfica Expoente, 2003.
OTUTUMI, C. H. V. Percepção musical: situação atual da disciplina nos cursos superiores de Música. 2008. Dissertação
(Mestrado em Música) – Instituto de Artes, Unicamp, Campinas, 2008.
Objetivos
• Reconhecer figuras rítmicas (valores) e a proporcionalidade entre esses valores.
• Compreender a formação dos compassos simples e seus elementos fundamentais
(U.T. e U.C.).
• Realizar leituras rítmicas sem subdivisão de pulso.
Conteúdos
• Figuras de ritmo ou valores.
• Compassos. Unidade de tempo e unidade de compasso.
• Exercícios de leitura rítmica.
37
© PERCEPÇÃO, NOTAÇÃO E LINGUAGEM MUSICAL
UNIDADE 2 – FIGURAS RÍTMICAS E COMPASSOS
1. INTRODUÇÃO
Iniciaremos agora a nossa segunda unidade de estudo, dando continuidade ao que já
vimos na unidade anterior.
Nesta unidade, vamos conhecer aspectos rítmicos da música, reconhecendo figuras
musicais (valores positivos) e pausas (valores negativos), e sua relação proporcional.
Em seguida, vamos estudar como essas figuras se organizam em compassos e pulsos,
reconhecer o acento métrico dos compassos e compreender a relação entre unidade de tempo
(U.T.) e unidade de compasso (U.C.).
É importante que você compreenda o significado de todos os elementos da linguagem
musical, pois esse entendimento será fundamental ao longo de todo nosso estudo de
Percepção, Notação e Linguagem Musical.
2.1. RITMO
De acordo com Med (1996), o ritmo é uma relação que ocorre entre o tempo de produção
(duração) das notas executadas sucessivamente. Conforme o Dicionário de Português Michaelis
Uol (2015), do ponto de vista da música, o ritmo é a “combinação do valor (duração) das notas,
sob o ponto de vista do tempo e da intensidade”.
Pausas
A pausa é um silêncio na música, de duração variável. A correspondência entre as
figuras de som e as pausas está exposta na Figura 2:
1 mínima = 2 semínimas
= 4 colcheias
= 8 semicolcheias
= 16 fusas
= 32 semifusas
1 semínima = 2 colcheias
= 4 semicolcheias
= 8 fusas
= 16 semifusas
1 colcheia = 2 semicolcheias
= 4 fusas
= 8 semifusas
1 semicolcheia = 4 fusas
= 8 semifusas
1 fusa = 2 semifusas
É importante lembrar que, na quadro de valores, cada figura vale o dobro de sua
consequente (a figura que vem depois) e metade da sua antecedente (a figura que vem antes),
como ilustra a Figura 4:
Observe que cada uma das figuras apresentadas na Figura 4 poderá ser a figura que
assumirá o valor de 1 tempo, ou seja, o nosso pulso na música. Mesmo que vejamos com
mais frequência a semínima assumindo o valor de 1 tempo, isso não significa que não existam
outras configurações de tempo, conforme veremos adiante nesta unidade.
Veja alguns exemplos comentados, variando a figura que terá valor de 1 tempo, para que
esse ponto seja mais claramente entendido:
1) Se a colcheia for a figura que vale 1 tempo, teremos a proporção contida na Figura 5:
2) Se a mínima for a figura que vale 1 tempo, a proporção muda, ficando como está
representado na Figura 6:
3) E agora, tomando a semínima como figura que vale 1 tempo, o resultado é o que
aparece na Figura 7:
Figura 8 Ligadura.
Um ponto colocado à direita de uma nota musical serve para aumentar a metade do
tempo de duração dessa nota. É, por isso, chamado de ponto de aumento.
Dois ou mais pontos podem ser colocados à direita da nota, tendo cada qual, nesse caso,
a metade do valor do antecedente.
Assim como as notas musicais, as pausas também podem ser pontuadas com um ou
mais pontos (Figura 9).
Todas as notas ou pausas pontuadas podem ser substituídas por notas ou pausas ligadas,
mas nem todas as ligadas podem ser substituídas por pontuadas. Observe o exemplo na Figura
10, no qual as duas formas de escrever representam exatamente o mesmo valor de duração
das notas:
Se, ao contrário do exemplo anterior, tivermos uma nota ligada a outra que não seja igual
a sua metade, ela não poderá ser substituída por uma nota pontuada, pois o ponto aumenta
exatamente metade do valor da nota (ou do ponto) antecedente.
2.2. COMPASSOS
Para que as figuras musicais tenham uma duração determinada, é preciso conhecer
previamente qual será a figura que terá a duração de 1 tempo. O tempo é o que percebemos
na música com pulso ou pulsação.
Os tempos são agrupados de 2 em 2, de 3 em 3, ou de 4 em 4. Esses grupos constituem
unidades métricas chamadas compassos.
Veja a definição de compasso:
[...] Logo, o compasso não é senão o agrupamento ordenado de diversos momentos, sujeitos
naturalmente à lei do ritmo. Esses momentos em termos musicais denominam-se tempos. (...)
Cada tempo por sua vez é considerado como unidade de tempo [...] (POZZOLI, 1983, p. 87).
no princípio da pauta, logo depois da clave. Essa fração denomina-se fórmula de compasso.
Confira a Figura 12 para uma representação desses elementos:
Numerador
O numerador determina o número de tempos do compasso. Os algarismos que servem
como numerador nos compassos simples são 2, 3 e 4 (binário, ternário e quaternário,
respectivamente).
Denominador
O denominador indica a figura que vale 1 tempo (U.T.). Os denominadores nos compassos
simples aparecem no Quadro 2.
Vamos observar agora alguns exemplos que facilitarão o entendimento desse ponto.
Exemplo
Determine a U.T. (Unidade de Tempo = figura que vale 1 tempo) e a U.C. (Unidade de
Compasso) do compasso: 2/8.
Solução do exercício
Observe o numerador – ele representa o número de tempos do compasso. O numerador
2 indica que tenho um compasso de 2 tempos, ou seja, um compasso binário.
Observe o denominador (8): ele representa a figura que vale um tempo, ou seja, a nossa
unidade de tempo. Observemos nossa tabela de valores na Figura 13:
Como temos um compasso binário – um compasso formado por dois tempos –, vemos
que a nossa unidade de compasso será a semínima, porque é a figura que equivale ao valor de
duas colcheias.
A resposta para este exercício, então, é a seguinte:
• U.T. = colcheia.
• U.C. = semínima.
Exercício
Complete o quaro a seguir, determinando a unidade de tempo (U.T.) e a unidade de
compasso (U.C.) dos compassos indicados:
Acento métrico
Por meio do acento métrico, podemos reconhecer auditivamente um compasso binário,
ternário ou quaternário. O primeiro tempo do compasso é sempre acentuado, sendo também
chamado de "cabeça" do compasso. Nos compassos simples, o acento métrico é realizado da
seguinte forma:
1) Compasso binário:
• 1º tempo – Forte.
• 2º tempo – fraco.
2) Compasso ternário:
• 1º tempo – Forte.
• 2º e 3º tempos – fracos.
3) Compasso quaternário:
• 1º tempo – Forte.
• 2º, 3º e 4º tempos – fracos.
Pode ser utilizada a acentuação meio forte (mf) no 3º tempo dos compassos quaternários.
Essa acentuação requer muita atenção do ouvinte, pois pode ser confundida com a acentuação
do compasso binário.
A regência tem como objetivo indicar aos músicos os tempos dos compassos por meio
de movimentos manuais, como aparece na Figura 20:
Síncope
Quando uma nota é executada em tempo fraco ou parte fraca do tempo e é prolongada
(ligada ou, menos frequentemente, pontuada) ao tempo forte ou parte forte do tempo
seguinte, forma o que se chama de síncope. Esta produz um deslocamento das acentuações
naturais.
Quando a síncope é composta por notas que têm a mesma duração, é regular; quando
composta por notas de durações diferentes, é irregular.
Observe na Figura 21: a primeira síncope é regular, formada por notas de durações iguais
(semínimas). A segunda síncope é irregular, formada por notas de durações diferentes (mínima
e semínima), e a terceira síncope é novamente regular, formada por notas de durações iguais
(mínimas).
É preciso estar atento para algumas situações que não caracterizam síncope, como as
presentes na Figura 22:
Na primeira ligadura do exemplo, temos notas ligadas, do tempo fraco para o tempo forte,
mas de alturas diferentes (dó e ré); portanto, não é uma síncope, uma vez que a acentuação
natural do compasso não será deslocada. Na segunda ligadura, temos notas de alturas iguais
(mi), mas ambas estão em tempos fracos do compasso, o que também não caracteriza síncope.
Na terceira ligadura, mais uma vez, há notas de alturas diferentes (mi e ré), e também não
existe síncope.
Exercícios
E agora, que tal fazermos alguns exercícios para treinar o que você aprendeu?
1) Escreva um exemplo de síncope regular nos compassos 3/8 e 4/4:
Tenha em mente que existem diversas possibilidades de criação para esse exemplos –
no entanto, é indispensável, para que a síncope seja caracterizada, que exista uma nota em
tempo fraco de um compasso ligada a uma nota de mesma altura localizada no tempo forte
do compasso seguinte.
Veja, a seguir, uma das soluções do exercício anterior.
Exercício 1
Exercício 2
Contratempo
Quando os tempos fortes ou partes fortes do tempo são preenchidos por pausas,
estando as notas musicais nos tempos fracos ou partes fracas do tempo, há o que se chama
de contratempo (Figura 23). À semelhança da síncope, o contratempo, também, desloca a
acentuação natural.
Figura 23 Contratempo.
De acordo com Pozzoli (1983), cada pulso, ou cada unidade de tempo, pode ser dividido
em partes iguais, o que pode gerar combinações infinitas, mas todas serão subdivisões binárias
(compassos simples) ou ternárias (compassos compostos). Conforme Hindemith (1988, p. 3),
"a forma mais primitiva da manifestação rítmica é o uso de sons de duração distinta".
Quando estabelecemos que a semínima é igual a 60, significa que cada semínima terá o
valor exato de 1 segundo. Ou seja, em 1 minuto, teremos 60 pulsos, ou o valor de 60 semínimas.
Se você não tiver um metrônomo disponível, você poderá utilizar o ponteiro de segundos
ou a marcação digital de segundos de qualquer relógio, até mesmo de celular. Considerando
que cada segundo corresponde a um pulso, você terá a mesma pulsação do metrônomo dada
pela marcação de 1 segundo.
Agora vamos utilizar uma sílaba que represente o tempo de cada nota escrita (por
exemplo: “ta”).
Se tivermos notas com durações maiores do que a semínima, vamos prolongar a sílaba,
como aparece na Figura 26:
Da mesma forma, prolongamos as sílabas quando temos notas com durações maiores
do que 1 tempo:
3.1. COMPASSOS
Em cada compasso, podemos determinar duas importantes unidades rítmicas, que são
obtidas a partir da fórmula de compasso:
• a unidade de tempo, isto é, a pulsação da música, é a figura que vale 1 tempo musical;
• a unidade de compasso, que é uma única figura musical que, sozinha, representa um
compasso inteiro.
Para seu aprimoramento nesse tópico, acesse os seguintes links:
• BAZANO, R. Teoria musical – Unidade de tempo. 2013. Disponível em: <https://www.
youtube.com/watch?v=CcfxyplYgZI>. Acesso em: 15 jul. 2015.
• SILVA, J. A. G. Unidade de tempo e de compasso. 2012. Disponível em: <http://
livresaber.sead.ufscar.br:8080/jspui/bitstream/123456789/1030/1/UNIDADE%20
DE%20TEMPO%20E%20DE%20COMPASSO.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2015.
3.3. RÍTMICA
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho.
Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Nem todas as notas musicais têm a mesma duração. Para representarmos as diferentes durações dos sons
musicais, utilizamos símbolos que são chamados de:
a) durações.
b) alturas.
c) figuras ou valores.
d) ritmo.
4) Numere a segunda coluna de acordo com a primeira e assinale a correta sequência da segunda coluna nas
opções apresentadas.
a) D – B – A – C.
b) D – C – A – B.
c) A – B – D – C.
d) D – B – C – A.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.
2) c.
3) c.
4) a.
5. considerações
Chegamos ao final da segunda unidade! Por meio dela você conheceu as figuras musicais
e suas pausas correspondentes, podendo entender a relação de proporcionalidade entre elas.
Além disso, você aprendeu os conceitos de unidade de tempo e unidade de compasso,
acento métrico, síncope e contratempo. Para finalizar, foram apresentadas leituras rítmicas
sem subdivisão de pulso, nos compassos binário, ternário e quaternário.
Lembre-se de que o Conteúdo Digital Integrador ampliará seu conhecimento sobre o
assunto. A próxima unidade tratará dos aspectos melódicos da percepção musical. Veremos os
conceitos de tom, semitom e suas alterações, iniciando os primeiros solfejos melódicos.
6. e-REFERÊNCIAS
ABEM – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL. Home page. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.
org.br>. Acesso em: 15 jul. 2015.
ANPPOM – ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM MÚSICA. Home page. Disponível em: <http://www.
anppom.com.br/>. Acesso em 15 jul. 2015.
CARDOSO, B.; MASCARENHAS, M. Curso completo de teoria musical e solfejo. São Paulo: Irmãos Vitale, [19--]. Disponível
em: <https://books.google.com.br/books?id=_zQCnNWc3vMC&printsec=frontcover&dq=isbn:8585188170&hl=pt-
BR&sa=X&ei=l4OJVdCwAcyw-AHTyoHQBw&ved=0CB0Q6AEwAA#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 15 jul. 2015.
CAREGNATO, C. Estratégia métrica versus estratégia mnemônica: posições contrastantes ou complementares no ensino de
ritmo? Revista da Abem, Porto Alegre, v. 19, n. 25, p. 74-86, jan./jun. 2011. Disponível em: <http://www.abemeducacaomusical.
org.br/Masters/revista25/revista25_artigo7.pdf>. Acesso em: 15 jul. 2015.
DICIONÁRIO DE PORTUGUÊS MICHAELIS UOL. Significado de ritmo. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/moderno/
portugues/index.php?lingua=portugues-portugues&palavra=ritmo>. Acesso em: 14 jul. 2015.
LIVRE SABER. Repositório Digital de Materiais Didáticos – SeaD – UFSCar. <http://livresaber.sead.ufscar.br:8080/jspui/simple-
search?filterquery=Educa%C3%A7%C3%A3o+musical&filtername=subject&filtertype=equals>. Acesso em: 23 jun. 2015.
NOBRE, J. Apostila de teoria musical. Fortaleza: Secretaria da Cultura do estado do Ceará, 2008. p. 1-27. (Projeto Fortalecimento
Musical). Disponível em: <http://www2.secult.ce.gov.br/Recursos/PublicWebBanco/Partituraacervo/Apt000002.pdf>.
Acesso em: 15 jul. 2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÜNDCHEN, D. B. S. A relação ritmo-movimento no fazer musical criativo: uma abordagem construtivista na prática de canto
coral. 2005. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, 2005.
HINDEMITH, P. Treinamento elementar para músicos. 4. ed. São Paulo: Ricordi, 1988.
MED, B. Ritmo. 3. ed. Brasília: Musimed, 1984.
______. Teoria da música. Brasília: Musimed, 1996.
POZZOLI, H. Guia teórico-prático para o ensino do ditado musical. São Paulo: Musicália S/A Cultura Musical, 1983.
SCHAFER, R. M. O ouvido pensante. Trad. Marisa T. O. Fonterrada, Magda R. G. da Silva e Maria Lúcia Pascoal. São Paulo:
Editora da Unesp, 1991.
Objetivos
• Distinguir tons e semitons, cromáticos e diatônicos.
• Reconhecer e entoar alterações ascendentes, descendentes e notas enarmônicas.
Conteúdos
• Tom e semitom – escrita, reconhecimento auditivo e entoação.
• Alterações e enarmonia.
• Organização de tons e semitons na escala diatônica maior.
• Solfejos.
61
© PERCEPÇÃO, NOTAÇÃO E LINGUAGEM MUSICAL
UNIDADE 3 – TOM E SEMITOM
1. INTRODUÇÃO
Iniciaremos agora a nossa terceira unidade de estudo, dando continuidade ao que já
vimos nas unidades anteriores.
Nesta unidade, vamos conhecer aspectos melódicos da música, identificando tons
e semitons, tanto na sua forma escrita como em exercícios de reconhecimento auditivo e
entoação.
Em seguida, vamos estudar como esses elementos se organizam em uma escala diatônica
maior, reconhecendo essa escala pela sua formação e percepção auditiva.
É importante que você compreenda o significado de todos os elementos da linguagem
musical, pois esse entendimento será fundamental ao longo de todo nosso estudo de
Percepção, Notação e Linguagem Musical.
2.1. ALTERAções
Alterações ascendentes
Alterações ascendentes podem ser de dois tipos:
• Sustenido: eleva a altura da nota natural em um semitom (ou meio-tom).
• Dobrado sustenido: eleva a altura da nota natural em dois semitons (ou um tom).
Veja a Figura 1 a seguir.
Nota natural é aquela que não possui nenhum acidente, como sustenido, bemol etc.
Observe que o acidente é sempre grafado na pauta antes da nota que será alterada.
No entanto, ao mencionarmos a nota alterada, devemos dizer o nome da nota e a alteração
depois – por exemplo, “Fá sustenido”. A alteração é válida para todas as notas de mesmo
nome e altura que estejam dentro de um mesmo compasso (ALVES, 2005).
Alterações descendentes
As alterações descendentes podem ser de dois tipos:
• Bemol: abaixa a altura da nota natural em um semitom (ou meio-tom).
• Dobrado bemol: abaixa a altura da nota natural em dois semitons (ou um tom).
Veja agora a Figura 2.
Alteração variável
Uma alteração variável é chamada de bequadro: ele cancela o efeito dos acidentes
anteriores, tanto ascendentes como descendentes, tornando a nota natural. O bequadro pode
elevar ou abaixar a altura da nota, dependendo da alteração anterior (Figura 3):
Figura 3 Bequadro.
Na música ocidental, o menor intervalo adotado pelo nosso sistema musical é o intervalo
de semitom (ou meio-tom). No sistema natural, fundamentado em cálculos acústicos e
matemáticos, existem semitons maiores e menores. Já no sistema temperado, uma oitava é
dividida em 12 semitons iguais.
Segundo Med (1996, p. 30), "O sistema natural é mais afinado, mas é, por outro lado,
bastante complexo. O sistema temperado, por sua vez, é menos afinado, porém mais prático".
Ainda conforme o mesmo autor:
[...] O menor intervalo entre dois sons é, na verdade, a diferença de uma vibração (por exemplo
entre uma nota com setenta e outra com setenta e uma vibrações por segundo). O sistema musical
ocidental utiliza somente uma seleção semitonal dos sons existentes. Algumas culturas orientais
(japonesa, chinesa, árabe, hebraica, indiana, etc.) utilizam em seu sistema musical frações menores
do que um semitom (um quarto de tom, um oitavo de tom, etc.) (MED, 1996, p. 30).
Os semitons equivalem a duas teclas vizinhas num piano ou teclado, ou a trastes vizinhos
no violão. As teclas do piano ou trastes de um violão ou guitarra são separados uns dos outros
por intervalos de semitom (CHEDIAK, 1986; GUEST, 2006).
Muitas vezes, temos dificuldade para percebermos auditivamente ou para entoarmos um
intervalo de semitom. É preciso estar muito atento para que não haja nenhuma desafinação
nesse intervalo. Se dividirmos um tom em 9 partes, encontraremos nove comas (do grego
koma). Perceber ou entoar uma coma é uma missão quase impossível para nossos ouvidos
ocidentais, acostumados apenas com intervalos de semitons.
No sistema natural, os semitons possuem tamanhos diferentes, mas, no sistema temper-
ado, essa diferença foi abolida, igualando-se os semitons cromáticos aos diatônicos (4 comas
e meia para cada semitom).
Existem duas espécies de semitom: cromático e diatônico.
Cromático
Um semitom cromático é formado por duas notas de mesmo nome e entoação diferente,
como aparece na Figura 5:
Diatônico
Um semitom diatônico é formado por duas notas diferentes (sons sucessivos), conforme
está representado na Figura 6:
Os semitons Mi-Fá e Si-Dó, além de naturais, são vistos como semitons diatônicos, pois
formam-se de notas com nomes diferentes.
A mesma situação ocorre entre as notas Ré e Mi, Fá e Sol, Sol e Lá, e Lá e Si. Entre Mi e Fá,
no entanto, não encontramos uma tecla a mais. Então, entre essas notas, há o que chamamos
de semitom natural (Figura 9). O mesmo fato pode ser percebido entre as notas Si e Dó.
Mais tarde, veremos que essa ordem de tons e semitons é comum a todas as escalas
diatônicas maiores. Todas essas escalas irão obedecer à mesma sequência de tons e semitons,
de acordo com o modelo da escala de Dó maior.
2.4. ENARMONIA
Enarmonia é a substituição de uma nota por outra, que, apesar de ter nome e escrita
diferentes, representa o mesmo som, ou seja, as duas notas apresentam o mesmo resultado
auditivo.
A enarmonia surgiu como consequência do sistema temperado, que iguala os semitons
cromáticos e diatônicos.
Para cada nota, podem ser encontradas duas notas enarmônicas, com exceção de Sol
sustenido e Lá bemol, para as quais só existe essa enarmonia.
Observe a pauta a seguir (Figura 12): cada compasso apresenta três possibilidades de
escrita para a mesma nota – notas enarmônicas. No 9º compasso, há apenas duas possibilidades
(Sol sustenido e Lá bemol).
Exercícios
E agora, que tal praticar? Para cada nota dada a seguir, escreva duas opções de notas
enarmônicas, conforme o exemplo. Depois, confira suas respostas!
Respostas
As soluções para os exercícios anteriores são:
1) Ré dobrado sustenido; Mi; Fá bemol.
2) Mi sustenido; Fá; Sol dobrado bemol.
3) Lá dobrado bemol; Sol; Fá dobrado sustenido.
4) Ré bemol; Dó sustenido; Si dobrado sustenido.
5) Lá; Sol dobrado sustenido; Si dobrado bemol.
2.5. solfejo
Quando você perceber que está entoando essas notas com facilidade, insira o Fá 3 no
grupo de notas que estão sendo estudadas.
Observe que, até este momento, trabalhamos apenas com intervalos de tom. Agora,
vamos trabalhar, também, com intervalos de semitom, inserindo o Mi 3 e o Dó 4.
Quando entoamos a escala dessa forma, estamos cantando graus conjuntos, ou seja,
graus vizinhos.
Vamos treinar a entoação da escala utilizando graus disjuntos, começando com a
seguinte sequência de graus: I – III – V – III – I.
Entoemos uma nova sequência de graus disjuntos, utilizando os graus IV e VI, da seguinte
forma: I – IV – VI – I – VI – IV – I. Até esse momento, não há preocupação com o ritmo, estamos
nos concentrando apenas no aspecto melódico.
3.1. ALTERAÇÕES
Conforme vimos nesta unidade, as alterações (que também podem ser chamadas de
acidentes) são sinais que, ao serem colocados antes das notas musicais, modificam a sua
entoação natural. Essas alterações podem ser ascendentes ou descendentes, mudando a
entoação da nota em um semitom ou um tom (alterações dobradas).
Os textos indicados a seguir complementam o que já foi abordado nesta obra, mostrando
alguns aspectos importantes relacionados às alterações musicais.
• BACKES, E. Teoria musical. 2013. Disponível em: <http://www.evertonbackes.com/
resources/Apostila%20Teoria%20Musical.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2015.
• RIBEIRO, A. Teoria musical. Disponível em: <https://alfredoribeiro.wordpress.com/
teoria-musical/>. Acesso em: 17 jul. 2015.
Vimos que o semitom é o menor intervalo utilizado na música ocidental. Dois semitons
formam um tom e, no sistema temperado, todos os semitons têm o mesmo tamanho: 4,5
comas.
Para seu aprimoramento nesse tópico, acesse os seguintes links:
• ACADEMIA MUSICAL. Tons e semitons. Disponível em: <http://www.academiamusical.
com.pt/tutoriais/tons-e-semitons/>. Acesso em: 17 jul. 2015.
• ADAMS, R. Tom, semitom e alterações. 2005. Disponível em: <http://www.jazzbossa.
com/teoria/aulas/20.tomsemitom.html>. Acesso em: 17 jul. 2015.
3.3. ENARMONIA
Ao estudarmos o tópico sobre enarmonia, vimos que ela surge como consequência do
sistema temperado. Observamos que todas as notas musicais apresentam duas possibilidades
de enarmonização, com exceção de Sol sustenido e Lá bemol, para as quais não há uma
segunda possibilidade.
As leituras indicadas a seguir irão complementar o que foi apresentado nesse tópico.
• PORRES, A. T.; MANZOLLI, J. Sistemas de afinação: um apanhado histórico. In:
SEMINÁRIO DE MÚSICA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 2., 2005, Campinas. Anais...
Campinas: Unicamp, 2005. Disponível em: <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.
php?pid=MSC0000000102005000100016&script=sci_arttext>. Acesso em: 17 jul.
2015.
• SIMIONATO, A. L.; DIAS, M. P. M. A relação matemática e música. Disponível em:
<http://www.unifafibe.com.br/revistasonline/arquivos/revistafafibeonline/
sumario/9/18052011154859.pdf>. Acesso em: 17 jul. 2015.
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho.
Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Qual o menor intervalo adotado pelo sistema musical ocidental?
a) Tom.
b) Coma.
c) Semitom.
d) Sistema temperado.
3) Assinale a alternativa que apresenta uma possibilidade de enarmonia para as notas Si e Mi bemol:
a) Dó bemol e Fá dobrado bemol.
b) Dó sustenido e Ré sustenido.
c) Lá dobrado sustenido e Ré bemol.
d) Lá sustenido e Ré dobrado sustenido.
4) Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) nas alternativas a seguir. Depois, escolha a alternativa que representa a
correta ordem de “V” e “F”.
( ) Os semitons naturais também podem ser considerados cromáticos.
( ) Mi – Fá e Lá – Si são semitons naturais.
( ) Lá sustenido é enarmônico de Si bemol.
( ) A escala diatônica é formada por 5 tons e 2 semitons.
a) V – F – V – V.
b) F – F – V – V.
c) V – V – F – F.
d) V – V – F – V.
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões autoavaliativas propostas:
1) c.
2) d.
3) a.
4) b.
5. considerações
Chegamos ao final da terceira e última unidade, na qual você teve a oportunidade de
compreender a diferença entre semitons cromáticos e diatônicos, e tons, e como eles se
organizam no contexto de uma escala diatônica maior. Apresentamos, também, as alterações
ascendentes e descendentes, bem como o conceito de enarmonia.
Todas as unidades desta obra trabalharam com conceitos básicos de linguagem e
notação musical. É muito importante que esse conteúdo seja bem compreendido, uma vez
que ele servirá de base para todo o conteúdo sequencial de Percepção, Notação e Linguagem
Musical. No apêndice desta obra, você encontrará exemplos e definições de sinais diversos
que complementam a linguagem musical.
Lembre-se de que o Conteúdo Digital Integrador ampliará seu conhecimento sobre o
assunto.
Logo você iniciará os estudos de intervalos, escalas maiores e menores, e continuará
desenvolvendo os conteúdos relacionados a aspectos rítmicos e melódicos da música,
adquirindo mais habilidades específicas para qualquer atividade musical.
6. e-REFERÊNCIAS
CARDOSO, B.; MASCARENHAS, M. Curso completo de teoria musical e solfejo. São Paulo: Irmãos Vitale, [19--]. Disponível
em: <https://books.google.com.br/books?id=_zQCnNWc3vMC&printsec=frontcover&dq=isbn:8585188170&hl=pt-
BR&sa=X&ei=l4OJVdCwAcyw-AHTyoHQBw&ved=0CB0Q6AEwAA#v=onepage&q&f=false>. Acesso em: 17 jul. 2015.
LACERDA, O. Compêndio de teoria elementar da música. São Paulo: Ricordi Brasileira, 1987. Disponível em: <http://minhateca.
com.br/aw845992/1/comp*c3*aandio+de+teoria+elementar+da+m*c3*basica+-+osvaldo+lacerda,41371744.pdf>. Acesso
em: 23 jun. 2015.
NOBRE, J. Apostila de teoria musical. Fortaleza: Secretaria da Cultura do estado do Ceará, 2008. p. 1-27. (Projeto Fortalecimento
Musical). Disponível em: <http://www2.secult.ce.gov.br/Recursos/PublicWebBanco/Partituraacervo/Apt000002.pdf>.
Acesso em: 17 jul. 2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, L. Teoria musical: lições essenciais. São Paulo: Irmãos Vitale, 2005.
CHEDIAK, A. Harmonia e improvisação I: 70 músicas harmonizadas e analisadas. Rio de Janeiro: Lumiar, 1986.
GUEST, I. Harmonia: método prático. 4. ed. Rio de Janeiro: Lumiar, 2006.
LACERDA, O. Compêndio de teoria elementar da música. São Paulo: Ricordi, 1967.
MED, B. Teoria da música. Brasília: Musimed, 1996.
1. Introdução
Se observarmos atentamente uma partitura musical, veremos que ela contém muito
mais do que apenas notas, pausas e compassos. Existem sinais específicos para indicar
dinâmica, andamento e acentuação, além dos sinais que servem para evitarmos o excesso de
repetições na escrita musical, ou simplesmente sinais determinados para facilitar a leitura de
determinadas notas ou trecho musical.
Cada nova informação acrescentada à partitura dependerá de um sinal específico para
informar ao intérprete exatamente como deverá ser feita a execução musical.
Neste apêndice, veremos alguns dos sinais mais comuns em música e conheceremos o
significado e a utilização de cada um deles.
2. sinais de dinâmica
Conforme vimos na primeira unidade, a intensidade do som varia de acordo com a
amplitude da vibração. Quanto maiores forem as amplitudes das vibrações, mais forte será o
som. A graduação dessa intensidade do som em música chama-se dinâmica.
A dinâmica é indicada geralmente por abreviaturas de termos italianos, colocados sob
ou sobre a pauta. Normalmente, utilizam-se as abreviaturas representadas no Quadro 1 e na
Figura 1 a seguir:
p piano (suave)
f forte (forte)
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Apêndice – Sinais Musicais Diversos
Embora não seja comum, pode-se aumentar os símbolos de p ou f para indicar dinâmicas
extremas. Tchaikovsky, por exemplo, utilizou pppppp em sua sinfonia nº 6 (compasso 160).
Aos termos básicos podem ser acrescentadas as palavras: poco (um pouco); più (mais);
sempre (sempre); meno (menos); molto (muito) e subito (repentinamente).
Para aumentar ou diminuir gradativamente a intensidade do som, usam-se as palavras
ou abreviaturas: Crescendo (cresc.), Decrescendo (decresc.) ou Diminuendo (dim.).
3. SINAIS DE ACENTUAÇÃO
Além dos sinais de dinâmica, podem ser utilizados sinais de acentuação, que indicam
especificamente as notas que devem ser acentuadas. Veja alguns desses sinais a seguir:
1) Marcato: indica que a nota deve ser atacada com vigor e, em seguida, suavizada.
2) Tenuto: indica que a nota conserva a intensidade original rigorosamente até o fim
da figura.
3) Staccatto: indica que a nota é articulada de modo separado e seco.
4) Forte piano: indica que a nota deve ser atacada forte, e imediatamente prosseguir
em piano (sem decrescendo).
Linha de 8ª
Para evitar o excesso de linhas suplementares em regiões muito agudas ou muito graves,
pode-se utilizar a linha de oitava, indicando que a melodia deve ser executada uma oitava
acima (grafada acima da melodia), ou uma oitava abaixo (grafada em baixo da melodia), como
aparece na Figura 3.
4. sinais de repetição
Os sinais de repetição são os seguintes:
• Ritornello: sinal que indica a repetição de um trecho musical. O trecho entre os
sinais de ritornello deverá ser executado duas vezes (Figura 4).
Figura 4 Ritornello.
Se o trecho a ser repetido começa no início da peça, o sinal de repetição só precisa ser
colocado no final do trecho. Todo o trecho será repetido (Figura 5).
• Da Capo (D.C.): indica a repetição da música desde o seu início. A expressão "D.C. al
Fine" indica a repetição da música desde o seu início até onde está escrito Fine (Figura 7).
Figura 7 Da Capo.
• Dal Segno (D.S.): indica que a melodia deve ser repetida desde o sinal ( ), como
está representado na Figura 8.